compreender e ensinar iii terezinha azeredo rios

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Dimensões da Competência “ A educação será tão mais plena quanto mais esteja sendo um ato de conhecimento, um ato político, um compromisso ético e uma experiência estética.” Paulo Freire De acordo com Rios competência apresenta-se como uma totalidade que abriga em seu interior uma pluralidade de propriedades, um conjunto de qualidades de caráter positivo, fundadas no bem comum, na realização dos direitos do coletivo de uma sociedade. De acordo com a autora a competência não é algo que se adquire de uma vez por todas, ou seja, o docente vai se construindo a partir de sua práxis.

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Resumo da obra dos dois autores.

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Page 1: Compreender e Ensinar III Terezinha Azeredo Rios

Dimensões da Competência

“ A educação será tão mais plena quanto mais esteja sendo um ato de conhecimento, um ato político, um compromisso ético e uma experiência estética.”

Paulo Freire• De acordo com Rios competência apresenta-se como uma

totalidade que abriga em seu interior uma pluralidade de propriedades, um conjunto de qualidades de caráter positivo, fundadas no bem comum, na realização dos direitos do coletivo de uma sociedade.

• De acordo com a autora a competência não é algo que se adquire de uma vez por todas, ou seja, o docente vai se construindo a partir de sua práxis.

• Rios trabalha neste capítulo cada uma das dimensões (técnica, política, ética e estética) que caracterizam a prática docente, procurando promover a relação entre elas.

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• Técnica: Domínio de saberes e habilidades de diversas naturezas que permitem a intervenção prática na realidade. Devemos tomar cuidado para não termos uma visão tecnicista, onde supervaloriza a técnica ignorando sua inserção num contexto social e político, atribuindo-lhe um caráter de neutralidade.

• Política: Visão crítica do alcance das ações e o compromisso com as necessidades concretas do conteúdo social. Vida política é a vida dos seres humanos. A condição humana é configurada pelos homens e mulheres no processo histórico, por isso é que o ser humano é, por natureza, um ser político.

• Segundo Rios é no espaço político que transita o poder, que se configuram acordos, que se estabelecem hierarquias que se assumem compromissos. Daí sua articulação com a moral e a necessidade de sua articulação com a ética.

Page 3: Compreender e Ensinar III Terezinha Azeredo Rios

• Ética: • Segundo a autora devemos antes distinguir ética de

moral. • Ética é a maneira de agir e de pensar que constitui a

marca de um grupo, de um povo, de uma sociedade(criação de valores). A moral é, portanto, o conjunto de normas, regras e leis destinadas a orientar a ação e a relação social e revela-se no comportamento prático dos indivíduos.

• Elemento de mediação entre a técnica e a política, garantindo o caráter dialético da relação. Nela se problematiza o que é bom ou mal, se aponta como horizonte o bem comum.

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• Estética: Presença da criatividade e da sensibilidade no ofício docente.

• De acordo com Rios a estética vai além do sensorial, diz respeito a uma apreensão consciente da realidade, ligada estreitamente à intelectualidade.

• A docência competente mescla técnica e sensibilidade orientadas por determinados princípios éticos e políticos.

Page 5: Compreender e Ensinar III Terezinha Azeredo Rios

• Simplificando Rios afirma que “O trabalho docente competente é um trabalho que faz bem”, e que as dimensões:

• Técnica: Diz respeito à capacidade de lidar com os conteúdos.

• Estética: Diz respeito à presença da sensibilidade e sua orientação numa perspectiva criadora;

• Política: Diz respeito à participação na construção coletiva da sociedade e ao exercício de direitos e deveres;

• Ética: Diz respeito à orientação da ação, fundada no princípio do respeito e da solidariedade, na direção da realização de um bem coletivo.

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Felicidadania• Rios utiliza essa junção de palavras criada por

Betinho (Felicidade + Cidadania)para esclarecer que o exercício da cidadania é possibilitador da experiência da felicidade, sendo a felicidade a construção histórica do bem comum, que é coletivo e público.

• Neste capítulo Rios faz uma articulação entre cidadania, democracia e felicidade refletindo sobre a presença desses elementos na instituição escolar e no trabalho docente.

• Segundo Rios, Felicidadania é o que se coloca no horizonte de uma prática profissional que se quer competente.

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FelicidadaniaFelicidadania para nós

A participação responsável dos gestores favorece a construção da cidadania plena na escola - Terezinha Azerêdo Rios – Revista Nova Escola

O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) nos desafia nos versos de seu poema Receita de Ano Novo: "Para ganhar um Ano Novo/que mereça este nome,/ você, meu caro, (...)/ tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,/ mas tente, experimente, consciente". Pois é justamente para desejar um feliz período que se inicia que cumprimentamos uns aos outros todo começo de ano. E, se desejamos que, além de novo, o ano seja feliz, temos de fazê-lo ser assim na família, entre amigos e no trabalho.

Na escola, proporcionar um ano feliz é um desafio para a equipe gestora e deve fazer parte de suas atribuições. Realizar seu trabalho de maneira competente é uma forma de procurar garantir o bem a si próprio e aos outros. Implica colaborar na construção do que o sociólogo Herbert José de Souza, o Betinho (1935-1997), chamou de "felicidadania": cidadania plena, vida feliz. Mas o que isso significa no dia a dia da escola? A noção de felicidade é bastante complexa e são muitas as definições que encontramos. O que faz você feliz? Se a felicidade tivesse um cheiro, qual seria? Quer ganhar a felicidade sem gastar muito? Essas e outras perguntas são usadas em anúncios de empresas e de produtos.

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Ainda bem que não vamos atrás das respostas porque, se nos dispuséssemos a buscá-las, constataríamos que elas variam de acordo com as pessoas que respondem. Há, porém, uma afirmação com a qual todos parecem concordar: a felicidade é algo sempre procurado pelos seres humanos e, segundo Aristóteles, no livro Ética a Nicômaco, é o fim último da vida das pessoas em sociedade. Do ponto de vista ético, felicidade significa vida plena em companhia dos outros. Ela é o outro nome para o bem comum, que é o horizonte da ética. Tem a ver, portanto, como nos aponta Betinho, com a ideia de cidadania, que é a possibilidade de exercer direitos, de ser reconhecido pelos outros e de participar da organização da sociedade e da cultura.

Se a escola se propõe a colaborar na construção da cidadania e do bem comum, os gestores devem estar preocupados em criar condições para que isso se efetive no contexto escolar, no trabalho dos professores e na relação com a comunidade. Isso pode ser feito, por exemplo, ao deixar claros quais são os objetivos da escola, que métodos são adotados e que formas de avaliação são propostas, levando em conta as necessidades concretas do contexto social. Assim, não é exagero afirmar que a felicidade deve estar incluída no currículo e no projeto político-pedagógico.

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Do ponto de vista ético, felicidade significa vida plena em companhia dos outros. Ela é o outro nome para o bem comum, que é o horizonte da ética. Tem a ver, portanto, como nos aponta Betinho, com a ideia de cidadania, que é a possibilidade de exercer direitos, de ser reconhecido pelos outros e de participar da organização da sociedade e da cultura. Se a escola se propõe a colaborar na construção da cidadania e do bem comum, os gestores devem estar preocupados em criar condições para que isso se efetive no contexto escolar, no trabalho dos professores e na relação com a comunidade. Isso pode ser feito, por exemplo, ao deixar claros quais são os objetivos da escola, que métodos são adotados e que formas de avaliação são propostas, levando em conta as necessidades concretas do contexto social. Assim, não é exagero afirmar que a felicidade deve estar incluída no currículo e no projeto político-pedagógico.

A felicidade não deve ser vista como algo romântico ou ligado a uma concepção utilitária e consumista, tão distante que jamais conseguiremos alcançar. Ela pode emergir se os educadores realizarem um trabalho de boa qualidade em todas as dimensões que o constituem - técnica, estética, política e ética.

Aos gestores, cabe preocupar-se com seu envolvimento e sua participação responsável para que isso ocorra ao longo de todo o ano letivo. Porque a felicidade, assim como a competência, não é algo estático nem se encontra solitariamente. Ela pressupõe um caminhar e uma convivência - uma vivência em companhia. E não é fácil, como afirma Drummond. Mas vale fazer como ele sugere: tentemos, experimentemos, conscientes. E todos podemos ser beneficiados!

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• De acordo com Rios o trabalho na escola deve ser feito promovendo a colaboração na construção da cidadania democrática, da felicidadania.

• Construir a felicidadania, na ação docente, é reconhecer o outro. Nesse sentido, é necessário:

1. Para o professor, reconhecer o outro no aluno é considerá-lo na perspectiva da igualdade na diferença, tendo-se o respeito como corolário;

2. Tomar como referência o bem coletivo. Os princípios que norteiam a ação do professor devem sempre visar o bem coletivo;

3. Envolver-se na elaboração e desenvolvimento de um projeto coletivo de trabalho.

4. Instalar na escola e na aula uma instância de comunicação criativa. A forma que se reveste a comunicação pode favorecer ou afastar a possibilidade de uma aprendizagem realmente significativa, calcada no diálogo; que se faz na diferença e na diversidade;

5. Criar espaço, no cotidiano da relação pedagógica, para a afetividade e a alegria;

6. Lutar pela criação e pelo aperfeiçoamento constante das condições viabilizadoras de um trabalho de boa qualidade.

Page 11: Compreender e Ensinar III Terezinha Azeredo Rios

“ Se alguém disser o nome definitivo das coisas acaba a conversa. Quem deu o nome último, final, unívoco das coisas, esse mata a discursividade, a linguagem; mata a alma, a cultura, a literatura, a poesia, a filosofia, a sociologia, a política e toda a conversa dos mortais.”

José Américo Pessanha