compra coletiva: estudo sobre o impacto nas empresas de serviÇos que utilizam o comÉrcio...

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0 COMPRA COLETIVA: ESTUDO SOBRE O IMPACTO NAS EMPRESAS DE SERVIÇOS QUE UTILIZAM O COMÉRCIO ELETRÔNICO EM TERESINA-PI 1 Natália Alves Macário (1); Prof. Esp. Milton José Cardoso Filho (2) RESUMO O crescimento do comércio eletrônico, o e-commerce, vem se diversificando de uma maneira rápida e tem oferecido às micro e pequenas empresas uma chance de aumentar seu poder de competitividade dentro de um mercado onde as grandes empresas tendem a monopolizar o comércio de produtos e serviços. Entre essas modalidades destaca-se a compra coletiva, que permite a divulgação com baixo investimento se for comparado aos métodos tradicionais de publicidade na TV, jornais, etc. No presente artigo foi pesquisado se esse tipo de comércio é apenas uma ação de marketing ou e se os gestores podem tirar proveito da nova modalidade de comércio eletrônico para aumentar seus lucros e o poder de competitividade no mercado. Através de um estudo qualitativo, e com emprego de entrevistas, foi realizada uma pesquisa para identificar as vantagens e desvantagens para as empresas do Piauí que buscam esta modalidade de comércio eletrônico na divulgação de seus produtos e serviços. O estudo revelou que as empresas que mais utilizam canal de vendas na internet são as de serviços beleza e estética, seguindo uma tendência nacional de aderir ao comércio on line. A conclusão é que as empresas pesquisadas em Teresina aderiram a essa forma de comércio por sua rapidez na divulgação das marcas, aumento da clientela a um curto prazo e pela economia no investimento em propaganda, mesmo com o risco de que esses consumidores não procurem os serviços quando cesse a oferta dos preços baixos. Palavras-chave: e-commerce. Compras Coletivas. Vantagens. Desvantagens. Abstract he growth of e-commerce, e-commerce, has been diversifying for a quick and has offered to micro and small businesses a chance to increase their competitive power in a market where large companies tend to monopolize trade in products and services. These arrangements highlight the collective buying, which permits disclosure if a low investment compared to traditional methods of advertising on TV, newspapers, etc.. In the present article was researched whether such trading is just a marketing or and managers can take advantage of the new mode of e-commerce to increase their profits and competitive power market. Through a qualitative study, and job interviews, a survey was conducted to identify the advantages and disadvantages for companies of Piaui seeking this type of commerce in marketing their products and services. The study revealed that companies that employ more sales channel on the Internet are the beauty and aesthetic services, following a national trend to adhere to trade online. The conclusion is that companies surveyed in Teresina adhered to this form of trade for its speed in spreading the brands, increased clientele a short-term investment in the economy and in advertising, even with the risk that these consumers do not seek services ceases when the supply of low prices. Keywords: e-commerce. Collective purchases. Advantages. Disadvantages. 1 Estudante de especialização do curso de Gestão Empresarial, e-mail: [email protected]; 2 Prof. Espec. em Gestão Empresarial do IFPI, e-mail: [email protected]

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COMPRA COLETIVA: ESTUDO SOBRE O IMPACTO NAS EMPRESAS DE

SERVIÇOS QUE UTILIZAM O COMÉRCIO ELETRÔNICO EM TERESINA-PI

1Natália Alves Macário (1); Prof. Esp. Milton José Cardoso Filho (2)

RESUMO O crescimento do comércio eletrônico, o e-commerce, vem se diversificando de uma maneira rápida e tem oferecido às micro e pequenas empresas uma chance de aumentar seu poder de competitividade dentro de um mercado onde as grandes empresas tendem a monopolizar o comércio de produtos e serviços. Entre essas modalidades destaca-se a compra coletiva, que permite a divulgação com baixo investimento se for comparado aos métodos tradicionais de publicidade na TV, jornais, etc. No presente artigo foi pesquisado se esse tipo de comércio é apenas uma ação de marketing ou e se os gestores podem tirar proveito da nova modalidade de comércio eletrônico para aumentar seus lucros e o poder de competitividade no mercado. Através de um estudo qualitativo, e com emprego de entrevistas, foi realizada uma pesquisa para identificar as vantagens e desvantagens para as empresas do Piauí que buscam esta modalidade de comércio eletrônico na divulgação de seus produtos e serviços. O estudo revelou que as empresas que mais utilizam canal de vendas na internet são as de serviços beleza e estética, seguindo uma tendência nacional de aderir ao comércio on line. A conclusão é que as empresas pesquisadas em Teresina aderiram a essa forma de comércio por sua rapidez na divulgação das marcas, aumento da clientela a um curto prazo e pela economia no investimento em propaganda, mesmo com o risco de que esses consumidores não procurem os serviços quando cesse a oferta dos preços baixos.

Palavras-chave: e-commerce. Compras Coletivas. Vantagens. Desvantagens.

Abstract

he growth of e-commerce, e-commerce, has been diversifying for a quick and has offered to micro and small businesses a chance to increase their competitive power in a market where large companies tend to monopolize trade in products and services. These arrangements highlight the collective buying, which permits disclosure if a low investment compared to traditional methods of advertising on TV, newspapers, etc.. In the present article was researched whether such trading is just a marketing or and managers can take advantage of the new mode of e-commerce to increase their profits and competitive power market. Through a qualitative study, and job interviews, a survey was conducted to identify the advantages and disadvantages for companies of Piaui seeking this type of commerce in marketing their products and services. The study revealed that companies that employ more sales channel on the Internet are the beauty and aesthetic services, following a national trend to adhere to trade online. The conclusion is that companies surveyed in Teresina adhered to this form of trade for its speed in spreading the brands, increased clientele a short-term investment in the economy and in advertising, even with the risk that these consumers do not seek services ceases when the supply of low prices. Keywords: e-commerce. Collective purchases. Advantages. Disadvantages.

1 Estudante de especialização do curso de Gestão Empresarial, e-mail: [email protected]; 2 Prof. Espec. em Gestão Empresarial do IFPI, e-mail: [email protected]

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INTRODUÇÃO

A pouco mais de uma década, o rápido desenvolvimento do comércio

eletrônico no Brasil trouxe novas oportunidades de negócio e mudou o perfil dos

mercados e dos consumidores tradicionais. Hoje, não se pode mais pensar em uma

empresa competitiva, em qualquer setor, que não possua uma estrutura de troca de

informações ou um canal de vendas no ambiente on line.

O crescimento do e-commerce também trouxe a necessidade de adaptação

das tecnologias para diversas plataformas. Essa adaptação estimulou a criação de

novas tendências de comércio que facilitam ainda mais o acesso e a interatividade

com o usuário. Entre essas tendências vem se destacando a modalidade de compra

coletiva, que já conta com dezenas de sites especializados neste tipo de serviço.

Mas seria esta tendência um tipo de comércio que veio pra ficar ou seria um

modismo passageiro? A compra coletiva seria apenas mais uma ação de marketing?

E como os gestores das empresas podem tirar proveito das compras para aumentar

seu lucro e poder de competitividade no mercado?

A partir do sucesso do comércio eletrônico na modalidade de Compra

Coletiva no Brasil, o estudo procura identificar as vantagens e desvantagens para as

empresas do Piauí que buscam esta modalidade de comércio eletrônico na

divulgação de seus produtos e serviços. Para atingir esse objetivo foi necessário

conhecer os sites de Compra Coletiva que atuam no Piauí, identificar os tipos de

ofertas com maior volume de vendas, e analisar os resultados obtidos por empresas

locais que já utilizaram esse canal de vendas.

O estudo da ‘compra coletiva’ se justifica pela necessidade da gestão

empresarial acompanhar o desempenho do comércio on line e seus impactos em um

mercado cada vez mais competitivo. Conhecer os principais ramos de comércio que

se utilizam desse tipo de ferramenta, como também acompanhar os resultados “em

tempo real” das empresas que adotaram a compra coletiva nos últimos anos,

permite subsidiar os empresários que desejem iniciar o oferecimento de seus

produtos e serviços na internet.

1 O COMÉRCIO ELETRÔNICO - CE

Os conceitos de comércio eletrônico vão muito além das ações de compra e

venda pela internet, abrangendo as etapas dos processos comerciais e/ou troca de

informações entre empresas e consumidores em um ambiente digital. O CE interage

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com seus interessados por meio de uma rede de computadores, buscando maior

automação e rapidez no fluxo de dados e de transações comercias.

Bloch et al., apresenta o conceito de CE:

CE é o suporte para qualquer tipo de transações de negócio que utilize uma infraestrutura digital, o que coincide com o uso mais abrangente que algumas empresas fazem do CE, tais como utilizam a Word Wide Web (www) para fornecer informações a seus clientes, como uma ferramenta de marketing, como um canal de vendas, e uma linha de suporte; e alguns bancos que utilizam a Internet para as transações de troca de dados financeiros. (Citado por ALBERTIN, 2010, p. 4)

A Internet é a ferramenta de apoio ao CE mais conhecida. O mercado mundial

está absorvendo este canal de vendas de maneira bastante significativa. A internet

elimina várias barreiras de comunicação entre os envolvidos em uma relação

comercial. Os clientes deixaram de ser passivos e se tornaram participantes ativos

na negociação, interagindo com as empresas de qualquer lugar do mundo em sua

própria casa.

Atualmente, o CE não é mais feito com ações isoladas, e sim de ações

integradas. A velocidade de informações em tempo real está aliada à conectividade

entre empresas e consumidores, em qualquer lugar do mundo, e com uma gestão

cada vez mais personalizada para promover uma maior tangibilidade dos serviços

ao cliente.

Enfim, o e-commerce cresce a cada ano e já é uma realidade, transformando e criando modelos de negócio, já é sabido que as técnicas tradicionais de vendas não funcionam nesse novo mercado digital. Centenas de startups surgem a cada ano propondo novos modelos de negócios para essa nova era digital que revolucionou o varejo global. (GONÇALVES, 2011).

A era digital abre novas oportunidades de negócios para as empresas de

qualquer porte e setor. Novos conceitos surgem para criar novos ambientes de

mercados. E conceitos tradicionais são renovados para e viabilizar novas

tecnologias para o aproveitamento de seus recursos no ambiente on line e melhorar

a capacidade competitiva.

1.1 Comércio eletrônico no Brasil

O Comércio eletrônico nacional tem pouco mais de 14 anos, de acordo com a

Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico – CBCE. Apesar de ser considerado um

canal em formação, faturou cerca de 8,4 bilhões de reais só no primeiro semestre de

2011 (CBCE, 2011).

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Mesmo que ainda seja liderada pelas classes ‘A’ e ‘B’, a classe ‘C’ tem uma

grande representação em volume em compras on line, com um tíquete médio muito

maior do que praticado há algum tempo atrás. Essa parcela da população compra

predominantemente produtos eletrodomésticos e eletrônicos, preferencialmente em

pagamentos parcelados.

O novo perfil de classe media brasileira é o principal impulsionador do CE.

Estima-se que as famílias com renda até três mil reais formarão um mercado de

possíveis compradores on line de 30 milhões de pessoas em 2012.

Segundo Mattos (2011):

Com este cenário, estamos prestes a observar nova fase virtuosa do comércio eletrônico no Brasil caracterizado pela eminente entrada de grandes players globais ainda ausentes no mercado, na melhoria do nível de serviço pela adoção de novas tecnologias tanto de marketing como de meios de pagamento, na inclusão do mobile como parte integrante da experiência de compra on-line, do uso efetivo das plataformas multi-canais de operação lojista, entre outras inovações ou novidades positivas aos negócios e mercado.

Este cenário está atraindo empresas internacionais e nacionais a investirem

nesse setor, pois estão encontrando um grande mercado a ser explorado, com

consumidores ansiosos para obter experiências de compras através da internet,

devido à sua comodidade (ZMOGNSKI, 2011).

O quadro abaixo representa o a evolução do faturamento do CE no Brasil nos

últimos anos:

Quadro 1 – Evolução do faturamento – 1º semestres (em bilhões)

Fonte: e-bit (www.evitempresa.com.br)

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Ainda segundo a pesquisa feita pelo WebShoppers (2011), os produtos mais

vendidos pela internet atualmente são respectivamente: eletrodomésticos,

informática, saúde e beleza, livros, revistas e jornais, e eletrônicos.

Os empreendedores que desejam ingressar no CE, já perceberam a força da

evolução de um mercado que cresce até 40% ano. Esse crescimento também traz

novas características aos consumidores: eles são mais imediatistas, atualizados, e

exigentes, já que no ambiente virtual existe inúmeras possiblidades de compras.

Ganha a preferência quem conseguir oferecer mais ao seu cliente.

1.2 Tendências do comércio eletrônico

O surgimento cada vez mais rápido de novas tecnologias tem obrigado as

empresas a criarem adaptações de suas empresas digitais para diversos tipos de

plataformas, e assim conseguir se aproximar cada vez mais dos consumidores e

permanecer competitivas.

Entre as tendências desse novo tipo de comércio temos (OSÓRIO, 2011): M-

Commerce (Mobile Commerce); S-Commerce (Social Commerce); T-Commerce

(Television Commerce); Produtos Virtuais; e Compras Coletivas.

2 O FENÔMENO DAS COMPRAS COLETIVAS

A ideia de um sistema que oferece produtos e serviços com um desconto bem

atrativo para um número “x” de compradores parece bem simples. Mas graças à

internet esse sistema é feito de modo muito rápido e atrativo. São centenas de sites

com ofertas para milhares de clientes todos os dias.

Felipini (2011, p. 21) afirma que “o modelo de compra coletiva associa um

produto atrativo a um desconto expressivo e a uma oportunidade com prazo certo

para se extinguir”.

Para que o comerciante feche um acordo com um site, é necessário acertar

alguns pontos comuns a qualquer empresa como: qual produto a ser ofertado, o

desconto a ser oferecido, o número mínimo de compradores, prazo de duração da

oferta e sua validade, e o percentual sob a venda a ser repassado ao site.

Depois dos pontos acertados é a vez do site de compra fazer o papel de

intermediador do anúncio, da efetivação da compra e fazer o devido repasse ao

anunciante. É muito importante que esse prestador de serviço monte um esquema

atrativo de divulgação das ofertas para atrair o maior número de compradores.

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Após a conclusão de compra no site, o comprador aguarda o recebimento de

seu cupom para trocar por produtos e serviços conforme os critérios que foram

anunciados no site. Tanto os anunciantes como os responsáveis pelos sites

esperam agradar os clientes e assim conseguir com que ele volte outras vezes

independente desse tipo de promoção.

Quadro 2 - Etapas do ciclo de Compras Coletivas

Fonte: Felipini, 2011.

De uma maneira geral, todos os envolvidos saem ganhando: o comprador

consegue adquirir produtos e serviços por descontos significativos, podendo até

usufruir de novas experiências que até então não seria viável, a empresa que está

ofertando pode atrair um bom volume de compradores, e o sites de compras

coletivas que funcionam como provedores podem ficar com até 50% da receita sob

as vendas.

O primeiro site de Compras Coletiva no Brasil começou a funcionar em 2010

(FELIPINI, 2011). Em menos de um ano, mais de 200 sites passaram a oferecer

esse tipo de serviço. Hoje, esse número já passou de mil. E o país é o quinto maior

faturamento da GroupOn, a empresa pioneira no sistema de compras coletivas no

mundo.

No país, o sucesso das compras coletivas pode estar associado à

propagação do comércio eletrônico, e na atratividade que os sites de compras

coletivas exercem sobre os clientes. Os ramos de negócios que mais estão se

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interessando em anunciar nesses sites são: pontos de alimentação e prestadores de

serviços de beleza e estética.

Ainda segundo o site e-bit (2011), as compras coletivas atingiram mais de

60% dos internautas brasileiros, e que 80% dos compradores pretendem repetir a

experiência. Esses resultados mostram o tamanho da força que essa modalidade de

comércio eletrônico representa para o mercado.

De acordo com a pesquisa do e-bit, mesmo o comércio eletrônico oferecendo

um grande espaço para entrada de novos sites do tipo, independente de tamanho,

os maiores vendedores de cupons eletrônicos ainda estão concentrados em menos

de 10 empresas em todo país.

De acordo com Felipini:

Este quadro não deve servir de desestímulo para o pequeno empreendedor, apenas um alerta no sentido de que a competição tende a se acentuar e para consolidar nesse segmento será preciso realmente agregar valor aos compradores de cupons e aos parceiros anunciantes, além de uma consistente estratégia de crescimento. (FELIPINI, 2011, p.107).

O caminho então para enfrentar a concorrência das grandes empresas, em

um mercado que ainda está se consolidando, seria a busca pela melhoria da

competitividade dos empreendedores, investindo em sites de compras coletivas

especializados por tipos de produtos ou serviços e por região (FUNADA, 2012).

2.1 Serviços como destaque nos sites de compras coletivas

As ofertas em serviços são as que mais trazem retornos positivos para o

número de vendas em sites de compras coletivas. A razão principal desse sucesso é

o fato de que uma empresa prestadora de serviço tem o poder de oferecer maior

desconto (por conta dos custos fixos) do que uma empresa que oferece bens de

consumo (FELIPINI, 2011).

Segundo o InfoSaveMe (2011), só no primeiro mês de 2012, 68% dos cupons

vendidos do país foram de ofertas de restaurantes, saúde e beleza, e

entretenimento. Nesses setores há grande possibilidade de retorno de clientes em

um curto espaço de tempo e de estimular o consumo de produtos complementares.

2.2 Os prós e contras de anunciar em sites de compras coletivas

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As empresas que anunciam em sites de compra coletiva esperam aproveitar

essa ferramenta de marketing para expandir sua marca e atrair novos clientes. Mas

é preciso avaliar se esse modelo de comércio eletrônico vai funcionar

satisfatoriamente para seu negócio.

Além de oferecer um desconto “imperdível”, as empresas precisam ter

cuidado em escolher em qual empresa vão anunciar; procurar manter serviços de

qualidade, independente de ser promocional ou não, e ter um bom pós- venda. Sem

esses cuidados primordiais, os cupons vendidos podem se tornar uma grande dor de

cabeça para os empresários (RIBEIRO, 2011).

As principais vantagens de anunciar em site de compra coletiva são:

• O comerciante recebe o valor dos cupons vendidos independente de

sua utilização, o que pode até reduzir os seus custos;

• Atrair um número expressivo de novos clientes de maneira rápida, e

poder planejar o atendimento à demanda.

• Oportunidade de fazer mercadoria circular e de ter clientes em

períodos de baixa procura;

• Facilitar a experiência de novos clientes e assim ter a oportunidade de

criar novas necessidades de consumo destes.

• Grande exposição da marca, que será visualizada não só por

compradores, mas por visitantes dos sites. Os interessados naturalmente vão

procurar mais informações sobre a empresa e divulgar espontaneamente

para outras pessoas;

• Ao contrário do que acontece geralmente quando se investe em ações

de marketing, a empresa vai receber primeiramente o valor das vendas em

um curto prazo e depois vai aos poucos desembolsar dinheiro para cobrir os

custos de seus produtos/serviços.

Entre as principais desvantagens de anunciar em site de compra coletiva

estão: a desvalorização do produto ou serviço ofertado e a desvalorização da marca;

o cliente habitual pode se sentir lesado ao pagar preços tabelados e o mesmo

serviço estar pela metade do preço e ainda disputar ‘espaço’ como novos clientes;

atrair clientes que só vão aproveitar as promoções e não irão voltar para consumir

produtos/serviços pelo preço normal e que não tem interesse em adquirir os

complementares; a empresa pode não conseguir atender de maneira satisfatória os

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clientes, além de oferecer descontos, ela terá que investir em recursos materiais e

humanos para dar conta da demanda; e o risco de receber cupons fraudulentos

(OSCAR, 2012).

Para Ribeiro (2011), “não é porque virou febre que a empresa precisa fazer.

Como já disse, há duas coisas muito valiosas em jogo: dinheiro e clientes”. Essa

afirmação se baseia no princípio de que se não for bom para o caixa da empresa,

nem para sua clientela, não há motivo para se aderir ao e-commerce.

3 Metodologia

A metodologia de pesquisa utilizada na montagem deste arquivo teve um

caráter qualitativo e descritivo, contando com um prévio levantamento bibliográfico e

uma pesquisa de campo, onde os dados analisados foram retirados de entrevistas

individuais com empresários e gestores de sites de Compras Coletivas que atuam

no Piauí.

De acordo com uma consulta prévia sobre o tipo de empresa que mais utiliza

a compra coletiva dentro do site Os Mosqueteiros, as entrevistas tiveram a

participação de três (3) gestores de empresas que trabalham com serviços de

estética, e que participam das compras coletivas em Teresina-PI. Houve uma

pequena resistência por parte destes, pois acreditavam que a pesquisa poderia

servir informações privilegiadas para a concorrência.

Os pesquisados foram entrevistados de forma individual e em datas

diferentes.

A entrevista contou com 12 perguntas, seguindo o modelo abaixo:

1. Sua empresa utiliza ou já utilizou alguma ação de marketing para

divulgação da marca, promoções e fidelização de clientes? Quais?

2. O que motivou a sua empresa anunciar em site de Compras Coletivas?

3. Quantas vezes já utilizou esse recurso de marketing? Utiliza sempre o

mesmo ou já experimentou outros sites de Compras Coletivas?

4. Quais fatores (serviços menos procurados, divulgação de novos

serviços, competição com a concorrência e etc.) são levados em consideração na

escolha dos serviços a serem ofertados?

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5. Os clientes advindos desses sites são o público esperado pela

empresa?

6. Os novos clientes procuram pelos demais serviços que sua empresa

oferece?

7. Os clientes que já frequentavam a empresa se sentem prejudicados de

alguma forma depois que sua empresa anunciou em sites de Compras Coletivas?

8. Sua empresa consegue cadastrar os novos clientes, identificar perfil,

interesses e preferências e utilizar essas dados para criar novas estratégias de

vendas?

9. Sua empresa está preparada (estrutura física, pessoas, produtos,

estacionamento, climatização etc.) para atender grande demanda, de forma a

oferecer produtos e serviços com grande qualidade, superando as expectativas do

consumidor?

10. Quais as dificuldades que sua empresa encontra para atender a

demanda vinda das promoções de sites de Compras Coletivas?

11. Sua empresa possui algum tipo de monitoramento de avaliação da

eficiência do anúncio?

12. Já ouve algum desconforto entre sua empresa e a empresa de site de

Compra Coletiva? Qual?

Os dados coletados permitiram uma análise das práticas gestoras relativas à

utilização desse modelo e-commerce e dos principais resultados das empresas que

adotaram as compras coletivas como diferencial competitivo de mercado.

4 Discussão e análise dos resultados

No segundo semestre de 2010, surgiram os primeiro sites de compras

coletivas piauienses (Registros de Domínios para Internet no Brasil). Até o fim de

2011, já estavam operando cerca de vinte e cinco. Mas alguns não chegaram a

sobreviver por mais de seis meses. Entre os que permaneceram no mercado,

continuam competindo com grandes sites como Groupon e Peixe Urbano.

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‘Os Mosqueteiros’ foi o primeiro site piauiense a operar, de fato, com essa

modalidade de comércio. Somente em 2011, foram vendidos mais de 87.000 cupons

para Teresina e Imperatriz – MA. E o site prevê a expansão para mais 13 capitais

em 2012.

Segundo os responsáveis pelo site, os anúncios de serviços são os mais

procurados pelos comerciantes e consumidores, representando mais de 80% das

ofertas somente de Teresina. A maioria dos anunciantes utilizou o site mais de uma

vez para divulgar ofertas, mostrando que eles incorporaram essa modalidade de

comércio eletrônico com bastante rapidez.

O gráfico abaixo demonstra quais os tipos de serviços mais anunciados no

site:

Quadro 3 – Tipos de serviços

Fonte: http://www.osmosqueteiros.com.br, 2012.

Podemos perceber que os percentuais maiores seguem os resultados

pesquisados em sites nacionais, ou seja, a prestação de serviços nos ramos de

alimentação (bares, restaurantes e padarias) e de estética (clínicas e salões), sendo

as mais anunciadas e as que têm maior número de cupons vendidos por oferta.

Segundo a gestora do site ‘Os Mosqueteiros’:

As ofertas de estética desde o início do modelo são as mais procuradas inclusive pela curiosidade de realizar procedimentos, que em sua maioria são caros, por um preço bem abaixo da tabela.

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Os consumidores de serviços de beleza e estética aumentaram após o

fenômeno das Compras Coletivas (OS COLETIVOS, 2012), principalmente

impulsionada pela classe “C” que está deixando de consumir apenas produtos

básicos de higiene e beleza e agora desejam incluir estes serviços em sua rotina.

Esse resultado se repete com os demais sites de grande representação no

Piauí, e também apontam sua expansão para outras capitais. Atualmente, seguindo

uma tendência nacional, observa-se o aumento, diversidade e a venda de produtos

eletro/eletrônicos.

4.1 Os serviços de estética e a utilização dos sites de compra coletiva em Teresina-

PI

Nas entrevistas realizadas com os gestores das empresas de serviço de

estética, foi possível ver que a maioria nunca utilizou outros veículos (TV, rádio,

internet) como forma de divulgação de sua empresa ou outra forma de investimento

direto em publicidade. A empresa viu no fenômeno das Compras Coletivas a

oportunidade, com relativo baixo custo, para atrair novos clientes e divulgar sua

empresa.

Os entrevistados já anunciaram mais de uma vez neste tipo de site, inclusive

variando de sites. A motivação maior para a utilização destes mecanismos é o boom

compras coletivas entre os consumidores piauienses. Além da busca de novos

clientes, a curto prazo, em um mercado altamente competitivo da capital piauiense.

As empresas elaboram suas ofertas considerando basicamente quatro

fatores: tipos de serviços que são mais procurados pelos clientes; serviços com

custo viável para a empresa; os tipos de serviços que as empresas concorrentes

oferecem; e o período de baixa rotatividade de clientes.

O sucesso na venda dos cupons surpreendeu os empresários. Algumas

ofertas tiveram que ser encerradas antes do previsto para não extrapolar a

capacidade de atendimento. Foi necessário a contratação de funcionários

temporários e esticar o horário de atendimento para dar conta da demanda tentando

evitar transtornos, mesmo que algumas vezes tenham sido inevitáveis por conta da

lotação.

A grande dificuldade para a fidelização dos clientes apontada pelas empresas

foi fazê-los voltar e pagar pelo preço normal do serviço ou adquirir outros

complementares aos da oferta. Por se tratar de serviços com um alto custo, muitos

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clientes não teriam como pagar o preço normal. Também foi possível notar que um

número expressivo de clientes só tem interesse em aproveitar o desconto e

terminam não tendo preferência por uma determinada empresa.

A pesquisa também demonstrou que o sistema de monitoramento dos clientes

por parte das empresas ainda não são direcionados para elaborar uma estratégia de

marketing para dar continuidade à divulgação da marca. Existe apenas o uso de

fichas com os dados dos clientes para cadastro. Essa deficiência pode ser por falta

de funcionários adequados, ou mesmo pela falta de interesse do proprietário em

investir em ações periodicamente.

A forma de avaliação do sucesso do anúncio é basicamente o número de

cupons vendidos. Raramente é feito um trabalho de pós-venda, o que ajudaria a

atrair o cliente para o consumo de outros serviços. As empresas demonstram não ter

receio do desgaste da marca, mas algumas estão procurando dar um espaço de

tempo entre um anúncio e outro, ou até mesmo fazendo suas próprias promoções

com um percentual de desconto menor e divulgando através de cartazes no próprio

estabelecimento e envio de e-mails para os clientes e uso de redes sociais.

As empresas têm um bom relacionamento com os envolvidos no site de

compra coletiva. A única reclamação que coincide entre as entrevistadas é valor das

comissões do site, que é considerado alto. Mesmo sabendo que esse tipo de venda

é um investimento para divulgação, os gestores esperam lucrar mais do que

realmente é possível.

5 CONCLUSÃO

As empresas estão buscando se tornar mais competitiva aderindo às diversas

modalidades e plataformas do comércio on line. E seguindo tendências nacionais, a

modalidade de Compras Coletivas caiu no gosto dos empresários e consumidores

piauienses.

Apesar de existirem sites de Compras Coletivas nacionais com ofertas para o

Piauí, os sites locais conquistaram a confiança do mercado e estão começando a

expandir o negócio por todas as cidades do estado e estados vizinhos.

Muitas empresas do Piauí aderiram rapidamente ao fenômeno das Compras

Coletivas porque perceberam que esta modalidade é uma forma rápida e prática de

divulgar sua marca e receber novos clientes, com um custo acessível, funcionando

como um investimento em propaganda.

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As ofertas relacionadas aos serviços, principalmente os pontos de

alimentação e estética, são os anúncios mais ofertados e procurados pelos clientes.

Essas empresas estão utilizando esses sites com frequência com a intenção de

atrair cada vez mais clientes, mesmo que esses não retornem para consumir

serviços complementares ou outros com preço normal da casa.

A fidelização do cliente ainda é um ponto importante que precisa ser

trabalhado melhor pelos empresários, ainda não há um acompanhamento sobre o

perfil dos clientes e nem de pós venda. Com um banco de dados bem trabalhado

seria possível criar novas ações para tornar novos clientes em frequentadores

assíduos, mesmo sem dar um desconto tão alto quanto aos dos sites de Compras

Coletivas.

Para continuar conquistando novos clientes, e não sofrer desvalorização da

marca, essas empresas devem buscar uma consultoria de marketing para aproveitar

melhor todas as ferramentas do e-commerce e manter um bom fluxo de clientes,

sem comprometer a qualidade e sem ter prejuízo com o excesso de descontos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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