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Câmara de Comércio Suíço-Brasileira - SWISSCAM - São Paulo, Brasil - 26 de abril de 2013 COMPENSAÇÃO DE JORNADA DE TRABALHO

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Câmara de Comércio Suíço-Brasileira - SWISSCAM - São Paulo, Brasil - 26 de abril de 2013

COMPENSAÇÃO DE JORNADA DE TRABALHO

CONCEITO

“A compensação da jornada de trabalho ocorre quando o empregado trabalha mais horas em determinado dia para prestar serviços em um número menor de horas em outro dia, ou não prestá-las em certo dia da semana.”

(Sérgio Pinto Martins – desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 2ªRegião e professor titular da Faculdade de Direito da USP)

PREVISÃO LEGAL

Constituição Federal de 1988:

Artigo 7º - “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

Inciso XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

Inciso XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;”

TIPOS DE COMPENSAÇÃO

•Semanal

•Semana “espanhola”

•Jornada 12 x 36

•Anual (ou “Banco de Horas”)

COMPENSAÇÃO SEMANAL

Compreende a realização da(s) hora(s) extraordinária(s) e sua respectiva compensação na mesma semana.

Exemplos mais comuns: eliminação do expediente aos sábados com alocação das quatro horas nos demais dias da semana; jornada de 7 horas e 20 minutos durante 6 dias por semana ou jornada de 8 horas e 48 minutos durante 5 dias da semana.

Requisito: acordo escrito entre o empregado e o empregador, exceto se houver norma coletiva de trabalho em sentido contrário (Súmula 85, I e II, do Tribunal Superior do Trabalho).

SEMANA “ESPANHOLA”

Alternância de trabalho durante 48 horas em uma semana e 40 horas na semana seguinte.

Validade reconhecida pela OJ nº 323 da SDI - 1 do TST:

“Acordo de compensação de jornada. “Semana espanhola”. Validade. Éválido o sistema de compensação de horário quando a jornada adotada é a denominada “semana espanhola”, que alterna a prestação de 48 horas em uma semana e 40 horas em outra, não violando os arts. 59, §2º, da CLT e 7º, XIII, da CF/1988 o seu ajuste mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.”

Requisito : ajuste mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho que exige a intervenção do sindicato da categoria profissional.

JORNADA 12 X 36

12 horas de trabalho seguido por folga 36 horas.

Jornada muito utilizada no ramo de vigilância e saúde.

Validade reconhecida pela Súmula nº 444 do TST:

“Jornada de trabalho. Norma coletiva. Lei. Escala de 12 por 36. Validade. É válida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas.”

Polêmica! Pontos favoráveis: a) revezamento semanal da carga de trabalho (36 horas de trabalho em uma semana por 48 horas de trabalho na semana seguinte); b) jornada exercida sempre em um mesmo turno; c) intervalo entre as jornadas superior a 1 dia de descanso. Ponto desfavorável: a) violação do disposto no art. 59 da CLT.

Requisito: ajuste mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho que exige a intervenção do sindicato da categoria profissional.

COMPENSAÇÃO ANUAL (“BANCO DE HORAS”)

Inserida no § 2º do art. 59 da CLT pela Lei 9.601/98, alterada pela Medida Provisória 1.709/98, com a redação atuação mantida por sucessivas medidas provisórias até a de nº 2.164-41/01 que teve sua vigência indeterminada pela Emenda Constitucional nº 32/01.

CLT, art. 59 – “A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de 2 (duas) , mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho. (...) §2º - Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de hor as em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de 1 (um) ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas , nem seja ultrapassado o limite máximo de 10 (dez) horas diárias .”

Requisito: ajuste mediante convenção ou acordo coletivo de trabalho que exige a intervenção do sindicato da categoria profissional.

CUIDADO!

Ao longo do período de compensação, o empregador só pode exigir 2 horas extraordinárias de trabalho por dia.

Ao final do período de compensação, o banco de horas tem que apresentar a média exata de 44 horas semanais de trabalho.

Caso não preencha as características acima, o banco de horas fica descaracterizado!

O banco de horas de horas NÃO é autorização para trabalho extraordinário excessivo.

JURISPRUDÊNCIA

SÚMULA Nº 85 DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

COMPENSAÇÃO DE JORNADA

I. A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva. (ex-Súmula nº 85 - primeira parte - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

II. O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver norma coletiva em sentido contrário. (ex-OJ nº 182 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)

III. O mero não atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando encetada mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada normal diária, se não dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional. (ex-Súmula nº 85 - segunda parte - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

IV. A prestação de horas extras habituais descaracteriz a o acordo de compensação de jornada . Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornad a semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário . (ex-OJ nº 220 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

V. As disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao regime compensatório na modalidade “banco de horas”, que somente pode ser instituído por negociação coletiva.

JURISPRUDÊNCIA

“Jornada de trabalho. Compensação. Banco de horas. A realização de trabalho além do limite de tolerância de dez horas diárias imposto pelo caput e § 2º do art. 59 da Consolidação das Leis do Trabalho torna nulo o sistema de compensação de horários den ominado “banco de horas ”. Recurso da reclamada conhecido e desprovido.” (TRT 9ª Região – Processo 21449-2008-013-09-00-0 – 3ª Turma – Relator Desembargador Altino Pedrozo dos Santos – DJPR 25.09.09)

“Banco de horas. Trabalho por mais de dez horas diárias. Invalidade. Estando demonstrado nos autos que o autor trabalhav a em vários dias por mais de dez horas, impõe-se a invalidação do regime de banco de horas adotado, diante do flagrante desresp eito ao disposto no art. 59, § 2º, da CLT, bem como à própria norma co letiva que instituiu o sistema de compensação .” (TRT 12ª Região – 1ª Turma -DOESC 28.9.10).

MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO (M.T.E.)

• Fiscalização, autuação e imposição de multa por irregularidade (CLT, art. 75, e Portaria nº 290/97 do M.T.E.)

• Multa administrativa de valor variável (natureza da infração, intenção do infrator em praticar a infração, meios ao alcance do infrator para cumprir a lei, poder econômico do infrator, extensão da infração e quantidade de empregados envolvidos na infração), dobrada na reincidência, oposição ou embaraço.

• Valor atual: de R$ 40,25 a R$ 4.025,33 (fonte: www.mte.gov.br).

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO (MPT)

* Termo de ajustamento de conduta (TAC)

* Ação Civil Pública – Lei nº 7.347/85 (dano moral coletivo por descumprimento das regras legais sobre limitação da jornada de trabalho)

Exemplos:

•“Juíza condena Xerox a pagar R$ 100 mil de dano mor al coletivo” (Consultor Jurídico – 14 de janeiro de 2012)

•“Banco Santander é condenado a pagar R$ 500 mil por dano moral coletivo” (Notícias do TST – 17 de junho de 2010)

•“Carrefour é condenado a indenização milionária por extrapolar jornada de trabalho.”(Última Instância – 30 de março de 2012)

•Justiça do Trabalho condena Portobello por fraude n o cartão de ponto e banco de horas (Notícias do MPT – SC – 09 de maio de 2012)

PONTO DE VISTA DOS TRIBUNAIS

•Compensação como figura predominantemente favorável ao trabalhador – ampliação da sua disponibilidade pessoal de tempo sem elevação da quantidade efetiva de horas trabalhadas em um lapso de tempo -Interpretação do art. 7º, caput, da Constituição Federal de 1988 –previsão de direitos que visem à melhoria da condição social do trabalhador;

•CLT, art. 2º: o empregador assume o risco da atividade econômica / não pode transferi-lo ao empregado;

•A extenuação do trabalhador por longos e contínuos períodos de trabalho extraordinário no transcorrer de vários meses compromete qualquer estratégia de aperfeiçoamento das relações de trabalho e causa danos à saúde e segurança laborais.

COMPENSAÇÃO DE JORNADA EM ATIVIDADE INSALUBRE

Consolidação das Leis do TrabalhoArt. 60 – “Nas atividades insalubres , assim consideradas as constantes dos quadros mencionados no capítulo "Da Segurança e da Medicina do Trabalho", ou que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas medi ante licença prévia das autoridades competentes em matér ia de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão ao s necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de tr abalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades san itárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entend imento para tal fim .”

Súmula nº 349 do Tribunal Superior do Trabalho:“ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO EM ATIVIDADE INSALUBRE, CELEBRADO POR ACORDO COLETIVO. VALIDADE. (cancelada) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011. A validade de acordo coletivo ou convenção coletiva de compensação de jornada de trabalho em atividade insalubre prescinde da inspeção prévia da autoridade competente em matéria de higiene do trabalho (art. 7º, XIII, da CF/1988; art. 60 da CLT).”

Obrigado !

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