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Projeto de Pesquisa COMPARATIVO DA RESISTÊNCIA A CORROSÃO POR PITE DE LIGAS DE ALTO CROMO Proponente: Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco [email protected] Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica Área de concentração: Materiais e Processos Centro Universitário FEI Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros Candidata a bolsa: Ivy Frazão [email protected] 14 de fevereiro de 2017

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Projeto de Pesquisa

COMPARATIVO DA RESISTÊNCIA A CORROSÃO POR

PITE DE LIGAS DE ALTO CROMO

Proponente: Prof. Dr. Rodrigo Magnabosco

[email protected]

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

Área de concentração: Materiais e Processos

Centro Universitário FEI

Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros

Candidata a bolsa: Ivy Frazão [email protected]

14 de fevereiro de 2017

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RESUMO

Dentre os diversos mecanismos de corrosão, a corrosão por pite é uma

das formas que mais causa falha em equipamentos. A temperatura é um dos

principais fatores que influenciam a corrosão por pite, sabendo disso Brigham e

Tozer desenvolveram o critério de temperatura crítica de pite (CPT do inglês

“critical pitting temperature”), ou seja, a temperatura a partir da qual poderia

haver corrosão por pite no material. As técnicas utilizadas hoje para

determinação de CPT apresentam parâmetros diferentes para ligas com maior

resistência a corrosão, não existindo muita informação com relação a ensaios

pelos quais seja possível comparar ligas dúplex, superausteníticas e ligas a

base de Níquel. O presente projeto tem por objetivo comparar a resistência à

corrosão por pite de aços inoxidáveis dúplex, super-dúplex, hiper-dúplex,

superaustenícos, e ligas de níquel, todos com teor de Cr superior a 20%,

através do desenvolvimento de ensaios para determinação potenciostática da

temperatura crítica de pite.

Palavras-chave: corrosão por pite, CPT, potenciometria, aços inoxidáveis com alto teor de cromo, aços inoxidáveis dúplex, aço inoxidável superaustenítico, ligas de Níquel.

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COMPARATIVE OF THE PITING CORROSION RESISTENCE IN HIGH

CROMIUM MATERIAIS

Among the various corrosion mechanisms, pitting corrosion is one of the

biggest cause of equipment failure. Temperature is one of the main factors

influencing pitting corrosion. Knowing that, Brigham and Tozer developed the

critical pitting temperature (CPT) criterion, meaning the minimal temperature at

which pitting corrosion can occur in the material at certain condition. The

techniques used today to determine CPT have different parameters for alloys

with higher corrosion resistance and there is not much information regarding

tests that compare duplex alloys, superaustenitic alloys and nickel based alloys.

The present project aims to compare the corrosion resistance of nickel alloys,

duplex, super-duplex, hyper-duplex and superaustenics stainless steels, all with

a Cr content bigger than 20%, through the development of potentiostatic

determination tests of the critical pitting temperature.

Keywords: pitting corrosion, CPT, high Cromium content stainless steels, duplex stainless steel, superaustenitic stainless steel, nickel based alloys.

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1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA, COM SÍNTESE DA BIBLIOGRAFIA

FUNDAMENTAL

No seu estado natural a maioria dos metais encontra-se na forma de

minérios constituídos de compostos químicos como óxidos, hidróxidos e

sulfetos. Estes compostos representam, portanto, o estado de menor energia

livre de cada metal, ou seja, sua forma mais estável.1

A produção dos metais é feita por meio de processos químicos de redução e

pelo fornecimento de energia na forma de calor ao minério, de forma que o

metal acabado passa a possuir um nível maior de energia livre do que possuía

anteriormente no estado de minério. Todo material tem uma tendência inerente

de retornar ao seu estado de menor energia livre. No caso dos metais, esse

estado é a de minério e esse processo ocorre através de um fenômeno

superficial entre o metal e o meio ao qual foi exposto, chamado de corrosão. A

velocidade com que essa reação irá ocorrer depende de diversos fatores,

dentre eles a agressividade do meio e o metal utilizado.2

A corrosão é uma das principais causas de falhas em equipamentos

metálicos e gera um alto custo para a indústria todos os anos. Uma das formas

de minimizar a corrosão é a seleção de materiais que possuam uma maior

resistência à corrosão ao meio em que será aplicado. Essa resistência dos

materiais a corrosão está intimamente ligada a composição química de cada

liga. Os aços inoxidáveis e as ligas de níquel, por exemplo, são materiais muito

utilizados em ambientes corrosivos.1

As ligas a base de Níquel tem pelo menos 50% de Níquel em sua

composição, além de demais elementos de liga como Cromo e Molibdênio. São

materiais com alta resistência à corrosão e muito utilizados para ambientes

com temperaturas elevadas. Quando comparadas com os aços inoxidáveis

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dúplex, as ligas de Níquel tem baixa resistência mecânica.3

Algumas das ligas de Níquel mais utilizadas na indústria são o Monel (liga a

base de Níquel e Cobre), as ligas Alloy B (ligas Ni-Mo-Fe muito resistentes a

corrosão em ácido clorídrico), Alloy 600 ou Inconel (liga Ni-Cr-Fe com

excelente resistência a corrosão sob tensão), Alloy 625 (uma derivação do

Inconel com adição de Cromo e Molibdênio, muito utilizada para corrosão em

ambientes marítimos) e as ligas Alloy C (desenvolvidas a partir dos Alloy B

porém com menor teor de Cromo e adição de Molibdênio, melhorando a

resistência a corrosão em condições oxidantes.3

Os aços inoxidáveis são ligas a base de Ferro, com baixo teor de Carbono e

pelo menos 12% de Cromo. Essa composição química permite com que, ao

reagir com o oxigênio, seja formada uma camada de óxido de cromo na

superfície do material, chamada de película passiva, que é fina, aderente,

impermeável e auto-regenerativa. Ela age como uma barreira física entre o

metal e o meio corrosivo, impedindo a corrosão do material. Uma vez que a

barreira física seja quebrada, vários mecanismos de corrosão podem ocorrer

dependendo do fator determinante para a desestabilização da camada de

óxidos.1

Existem diversos tipos de aços inoxidáveis de acordo com a composição

química e microestrutura de cada material. Neste trabalho serão estudados os

aços inoxidáveis austeníticos e os dúplex.

Os aços inoxidáveis austeníticos têm geralmente em sua composição um

aumento no teor de Níquel, que é igual ou superior a 8%, o que garante a

estrutura completamente austenítica.2

Os austeníticos são o tipo de aço inoxidável mais utilizado na indústria e

produzido em maior escala. Possuem tenacidade superior aos demais aços

inoxidáveis, especialmente em temperaturas baixas. Por outro lado, seu limite

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de escoamento é baixo quando comparado aos outros aços inoxidáveis.

Possuem, em geral, resistência a corrosão superior aos aços inoxidáveis

ferríticos.2

Os aços inoxidáveis mais comuns são as ligas AISI 304 e AISI 316. A

medida que se aumentam os teores de elementos de liga como Cromo, Níquel,

Molibdênio podem ser obtidos aços inoxidáveis austeníticos com uma ampla e

variada gama de propriedades.2 Na tabela 1 pode-se observar a composição

química nominal de alguns aços inoxidáveis austeníticos.

Tabela 1 - Composição química nominal de aços inoxidáveis austeníticos 4,5,6

Material C Cr Ni Mo N Cu

AISI 304 ≤0,03 18,5 10 - - -

AISI 316 ≤0,03 17 11,5 2,1 - -

UNS S31254 ≤0,02 20 18 6,1 0,2 0,7

Os aços inoxidáveis dúplex, por sua vez, são ligas Fe-Cr-Ni-Mo-N, com

microestrutura composta por uma matriz ferrítica e ilhas de austenita. O

balanceamento entre as fases austenita e ferrita é cerca de 50%. Essa

microestrutura bifásica confere ao material uma resistência mecânica superior

aos aços inoxidáveis austeníticos e alta resistência à corrosão, principalmente

à corrosão causada por íons halogênios.3 A tabela 2 mostra os aços inoxidáveis

dúplex típicos bem como suas composições químicas nominais.

Tabela 2- Composição química nominal de aços inoxidáveis duplex 7,8,9

Material C Cr Ni Mo N

UNS S32205 ≤0,03 22 5 3,2 0,18

UNS S32750 ≤0,03 25 7 4 0,3

UNS S32707 ≤0,02 27 6,5 4,8 0,4

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Os aços inoxidáveis dúplex tem como fator limitante para sua utilização a

temperatura, que deve ser inferior a 315°C de acordo com a American Society

of Mechanical Engineers (ASME). Em temperaturas superiores ocorre a

precipitação de fases intermetálicas, como a fase sigma, que fragilizam o

material. 3

Os aços inoxidáveis podem ser classificados quanto a sua resistência a

corrosão por pite através do número de resistência equivalente a pite (PRE, do

inglês “pitting resistance equivalence”), através da relação PRE = %Cr +

3,3.%Mo + 16.%N, de forma que quanto maior o valor de PRE, maior a

resistência à corrosão por pite. Os aços inoxidáveis com PRE entre 40 e 50 têm

adicionados a sua classificação o prefixo super e para valores de PRE

superiores a 48 tem-se adicionado o sufixo hiper, como pode ser visto na

tabela 3.

Tabela 3 – Classe de resistência a corrosão por pite

Material PRE Classificação

AISI 316 24 Austenítico

UNS S31254 43 Superaustenítico

UNS S32205 35 Duplex

UNS S32750 42,5 Super duplex

UNS S32707 49 Hiper duplex

Dentre os diversos mecanismos de corrosão, a corrosão por pite é uma das

formas mais temidas, pois nem sempre sua identificação pode ser efetuada por

inspeção visual. Ela é caracterizada por um ataque corrosivo localizado e

inicia-se pela quebra da película passiva, principalmente através de soluções

contendo íons halogênio, que devido a sua alta eletronegatividade, atraem os

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cátions do filme passivo, rompendo-o e formando cátions metálicos. Dentre os

halogênios o cloreto é notadamente a causa mais comum de corrosão por pite.

Para balancear as cargas elétricas envolvidas, uma vez que houve a

formação de cátions metálicos, ânions cloreto migram para a região interna do

pite, onde novamente atacam a camada passiva. O aumento da concentração

local de cloretos também leva à hidrólise da água, resultando na formação de

ácido clorídrico e diminuindo o pH local, fatores que aumentam a taxa de

corrosão levando a aumento da concentração de cloretos, fazendo da corrosão

por pite um processo autocatalítico. Na figura 1 pode ser observado um

desenho esquemático da corrosão por pite.

Figura 1 – Desenho esquemático de corrosão por pite 10

Uma forma de se medir a resistência a nucleação de pites, é através da

determinação do potencial de pite (Ep), usualmente determinado em ensaios

de polarização potenciodinâmica a temperatura ambiente em solução 0,6 M

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NaCl. Nesse ensaio o aumento brusco da densidade de corrente, que no trecho

passivo apresenta valores da ordem de 10-6 A/cm², é determinado como sendo

o potencial de quebra da camada passiva (Epb), ou seja, o potencial

necessário para a nucleação e crescimento de pite na superfície do eletrodo de

trabalho. Nestas condições assume-se que Epb é o potencial de pite do

material.

A temperatura é notadamente11 um dos fatores que influenciam a corrosão

por pite, de forma de quanto maior a temperatura menor é a estabilidade da

película passiva dos aços inoxidáveis. Sabendo disso Brigham e Tozer 12

desenvolveram nos anos 1970s o critério de temperatura crítica de pite (CPT

do inglês “critical pitting temperature”), ou seja, a temperatura a partir da qual

poderia haver corrosão por pite no material.

A norma ASTM G4813 apresenta dois métodos distintos para a determinação

de CPT de acordo com o material, sendo o método E utilizado para aços

inoxidável e o método C para ligas a base de Níquel. O método E indica que as

amostras devem ser imersas em solução de cloreto férrico por um período de

24 h, e caso pites não sejam observados, um novo teste deve ser conduzido

em temperatura 5 °C superior ao teste anterior, até que se observe corrosão

por pite, sendo a CPT então determinada. O método C é similar ao método E,

porém os testes tem duração de 72h. As técnicas descritas na ASTM G48 são

simples de serem executadas, porém têm como principais desvantagens um

longo tempo de ensaio e a necessidade de diversos experimentos em paralelo.

A empresa Sandvik Materials Technology utiliza a ASTM G48 em seu

método A modificado 8,9 para a obtenção da CTP de aços inoxidáveis e

algumas ligas de Níquel. Para elaboração dos testes as amostras do material

devem ser imersas em solução de 6% cloreto férrico por 24 h, quando são

observados pites e uma perda de massa significativa (superior a 5 mg) o teste

é interrompido. Caso contrário um novo teste deve ser conduzido em

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temperatura 5 °C superior ao teste anterior utilizando a mesma amostra, até

que se observe corrosão por pite, sendo a CPT então determinada. A figura 2

mostra valores de CTP obtidos a partir dessa técnica. A ASTM G48 é de fácil

execução, mas demanda um grande tempo de ensaio para a determinação de

CPT.

Figura 2 – CPT determinada a partir da ASTM G48 prática A modificada. Figura adaptada da literatura. 8,9

Em um trabalho do grupo de pesquisa do proponente14, foi proposta uma

metodologia para determinação de CPT a partir de valores de Epb obtidos em

diferentes temperaturas. A curva obtida para os valores de Epb em função da

temperatura tem formato sigmoidal e no ponto de inflexão da curva deve ser

determinado a CPT, como pode ser observado na figura 3. Essa técnica

potenciodinâmica é trabalhosa e tem como desvantagem a necessidade de

inúmeros ensaios válidos para a obtenção da CPT.

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Figura 3 - Epb em solução 0,6 M NaCl de amostra de aço UNS S31803 solubilizada em função da temperatura da solução, indicando que CPT, é 49 °C. 14

Outra técnica de determinação da CPT é através de polarização

potenciostática, descrita na norma ASTM G150. Os ensaios devem ser

realizados a 700 mVECS em solução 1 M NaCl, variando a temperatura da

solução de 0 a 100 °C a uma taxa de 1 °C/min. Nesta técnica, é feita a medição

da densidade de corrente durante a polarização potenciostática em função da

temperatura, e a CPT é determinada a densidade de corrente apresenta um

aumento com valores superiores a 100 μA/cm², assim como pode ser visto na

figura 4. 15

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Figura 4 - Determinação de CPT usando a técnica potenciostática seguindo a ASTM G150. 15

Nessa técnica a temperatura é continuamente alterada durante o ensaio,

tornando o processo mais ágil e flexível quando comparado com os ensaios de

imersão realizados de acordo com a ASTM G48. Dessa forma, essa técnica

permite caracterizar diferenças mais sutis de CPT com melhor acurácia.

A ASTM G150 é restrita para q medição de CPT em materiais como os aços

hiper dúplex, aços inoxidáveis superausteníticos e ligas de Níquel devido a alta

resistência a corrosão por pite desses materiais. Para determinar a CPT

desses materiais é necessário uma temperatura de teste acima da temperatura

de ebulição da solução de NaCl (100°C), solução aquosa utilizada segundo a

ASTM G150, pois os mesmos possuem CPT acima ou muito próximas de

100°C. 11

Utilizando uma solução de MgCl2 para as medições de CPT, uma

temperatura maior de ebulição pode ser alcançada e, portanto, pode ser feita a

determinação de CPT para ligas com maior resistência a corrosão. No entanto,

não é possível correlacionar medidas de CPT feitas pelos dois diferentes

meios, portanto para comparar diferentes materiais os ensaios devem ser

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realizados nas mesmas condições. 11

São poucos são os trabalhos11,16 encontrados na literatura que seguem

estritamente a norma ASTM G15015, não existindo definição sobre os

parâmetros utilizados na determinação de CPT por técnicas potenciostáticas

para diferentes materiais e, portanto, não permitindo concluir se diferenças nos

valores encontrados de CPT se devem a diferenças entre os materiais em

estudo, ou se são devidas a diferenças dos métodos de ensaios.

Baseado nas informações anteriores, observa-se uma lacuna de

conhecimento no que se refere a comparação de materiais com alto teor de Cr

com relação a resistência a pite, visto que não há um mesmo ensaio que seja

aplicado a todos os materiais mencionados. Tal tema é de grande relevância

científica e tecnológica, visto que é uma necessidade da indústria, podendo

auxiliar na seleção do material mais adequado para cada condição.

2. OBJETIVO

O presente projeto tem por objetivo comparar a resistência à corrosão por

pite de aços inoxidáveis dúplex, super-dúplex, hiper-dúplex, superaustenícos, e

ligas de níquel, todos com teor de Cr superior a 20%, através do

desenvolvimento de ensaios para determinação potenciostática da temperatura

crítica de pite.

3. METODOLOGIA

Para a realização desse trabalho serão utilizadas amostra de produtos

tubulares nas ligas UNS S32205, UNS S32750, UNS S32207, UNS S31254 e

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UNS N06625 cedidos pela empresa Sandvik Materials Technology. Na tabela 4

pode ser vista a composição química no material UNS N06625, a composição

dos demais materiais são apresentadas nas tabelas 1 e 2. A pesquisa será

conduzida segundo as 5 frentes principais descritas a seguir.

Tabela 4 – Composição química nominal da liga UNS N06625. 17

Material C Cr Ni Mo Fe Nb

UNS N06625 0,025 21,5 61 8,7 4 3,5

A. Revisão da literatura: revisão crítica da literatura se faz necessária para a

compreensão do fenômeno de corrosão por pite, especialmente em aços

inoxidáveis super austeníticos, dúplex, super dúplex, hiper dúplex e ligas de

Níquel, para contextualização de valores de CPT para estes aços. Também se

faz necessário estudo aprofundado da técnica de polarização potenciostática, e

do resultado esperado frente ao fenômeno de corrosão por pite.

B. Preparação de amostras e caracterização microestrutural: amostras dos

materiais em estudo na condição de fornecimento deverão ser cortadas e

embutidas em resina termofixa de cura a quente para obtenção de corpos de

prova onde a seção de trabalho corresponda a seção longitudinal de tubos,

com relação ao sentido de laminação, com área exposta de aproximadamente

0,5 cm². Quando estes estiverem com acabamento superficial propiciado por

lixamento em granulometria #600, serão utilizados como eletrodos de trabalho

nos ensaios eletroquímicos que serão descritos no próximo item. Para a

caracterização microestrutural, corpos de prova semelhantes, polidos com

acabamento propiciado por diamante de 1 μm de granulometria, serão

utilizados para caracterização por microscopia óptica após ataque

metalográfico e microscopia eletrônica de varredura (MEV) com elétrons

secundários e/ou retroespalhados de superfícies polidas para completa

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caracterização microestrutural, permitindo a comparação dos dados aqui

obtidos com trabalhos futuros.

C. Ensaios Eletroquímicos: Os eletrodos de trabalho descritos no item

anterior passarão por ensaios de polarização potenciodinâmica e

potenciostática. Os eletrólitos serão constituídos por soluções de cloreto de

magnésio. Será utilizado um potenciostato Autolab 20, controlado pelo software

NOVA 1.1 para controle do potencial aplicado e registro de densidade de

corrente. A célula eletroquímica tem dupla parede, para que banho termostático

possa controlar a temperatura dos ensaios. Na célula eletroquímica, o contra

eletrodo será um fio de platina enrolado em espiral, com área pelo menos 10

vezes superior ao do eletrodo de trabalho, e o eletrodo de referência será o

prata-cloreto de prata (Ag/AgCl). Curvas de polarização potenciodinâmica

serão obtidas para cada material em estudo, a temperatura ambiente (23 °C),

partindo do potencial de circuito aberto estabelecido após 5 min de imersão,

em varredura ascendente de potencial a taxa de 1 mV/s, até que a densidade

de corrente atinja 1 mA/cm², permitindo definir a faixa de potencial do trecho

passivo de cada material. Pelo menos 5 curvas por material serão levantadas.

A seguir, em cada material, serão conduzidos ensaios de polarização

potenciostática variando-se a temperatura entre 23°C e 130°C a taxa de 1

°C/min, nos potenciais das regiões passivas determinados nas curvas de

polarização anteriormente descritas. A polarização potenciostática iniciará 5

minutos após a imersão, para se ter a mesma condição da película passiva que

se tinha nas curvas potenciodinâmicas, e para permitir a estabilização da

temperatura inicial. Será registrada durante o ensaio potenciostático a variação

da densidade de corrente em função da temperatura, sendo a CPT

determinada quando a densidade de corrente atingir o mínimo de 100 μA/cm².

Após os ensaios eletroquímicos, as superfícies dos eletrodos de trabalho serão

examinadas por microscopia eletrônica e MEV para avaliação da extensão da

corrosão por pite, e para assegurar a inexistência de corrosão em fresta nas

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bordas do eletrodo de trabalho, o que poderia alterar os resultados obtidos.

D. Obtenção de créditos: a candidata deverá obter os créditos em disciplinas

do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica do Centro

Universitário FEI (PPGEM-FEI), podendo inclusive obter 1/3 dos créditos

necessários em instituições congêneres no país, conforme regulamento do

PPGEM-FEI. As disciplinas trarão o embasamento teórico, e trabalharão o

espírito crítico e a aplicação da metodologia científica na resolução de

problemas, fundamentais à condução do projeto de pesquisa aqui proposto e à

elaboração da dissertação de mestrado.

E. Elaboração de dissertação: concomitantemente às atividades descritas

anteriormente, a candidata elaborará, sob a orientação do proponente desta

proposta, sua dissertação de mestrado, gerando revisão crítica da literatura

aplicada ao tema e objetivos aqui propostos, análise e discussão dos

resultados, e produção dos textos referentes ao exame de qualificação

(previsto para o período indicado por # no cronograma da tabela 5) e

dissertação final, cuja defesa deve ocorrer no período indicado por § no

cronograma da Tabela 4. Além disso, prevê a elaboração de pelo menos um

artigo em periódico científico renomado, a ser concluído no mesmo período de

apresentação final da dissertação.

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Tabela 5 - Cronograma de atividades do projeto

4. FOMENTO SOLICITADO

Nesta proposta, solicita-se bolsa de mestrado para a aluna recém aceita no

PPGEM-FEI Ivy Frazão, orientada pelo proponente deste projeto, Prof. Dr.

Rodrigo Magnabosco, pelo período de 24 meses.

REFERÊNCIAS

1. ZEEMANN, G. Corrosão em aços inoxidáveis. Rio de Janeiro, Brasil:

TECMETAL Soluções Tecnológicas em Materiais, 2016. 70 p.

2. TOMASELLI, A.C. Corrosão por via úmida – seleção de aços

inoxidáveis. São Paulo, Brasil: Sandvik do Brasil. 28 p.

3. DILLON, C.P. Materila Selection for the Chemical Process Industries.

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COMPARATIVO DA RESISTÊNCIA A CORROSÃO POR PITE DE LIGAS DE ALTO CROMO Proponente: Rodrigo Magnabosco

Candidata: Ivy Frazão 14 de fevereiro de 2017

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USA: Materials Technology Institute, 2004. 326 p.

4. SANDVIK 3R12: Tube and pipe, seamless - datasheet. Disponível em:

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5. SANDVIK 3R65: Tube and pipe, seamless - datasheet. Disponível em:

<http://smt.sandvik.com/en/materials-center/material-datasheets/tube-and-

pipe-seamless/sandvik-3r65/ > Acesso em: 04.fev. 2017

6. SANDVIK 254SMO: Tube and pipe, seamless - datasheet. Disponível em:

<http://smt.sandvik.com/en/materials-center/material-datasheets/tube-and-

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7. SANDVIK SAF 2205: Tube and pipe, seamless - datasheet. Disponível em:

<http://smt.sandvik.com/en/materials-center/material-datasheets/tube-and-

pipe-seamless/sandvik-saf-2205/ > Acesso em: 04.fev. 2017

8. SANDVIK SAF 2507: Tube and pipe, seamless - datasheet. Disponível em:

<http://smt.sandvik.com/en/materials-center/material-datasheets/tube-and-

pipe-seamless/sandvik-saf-2507/ > Acesso em: 04.fev. 2017.

9. SANDVIK SAF 2707: Tube and pipe, seamless - datasheet. Disponível em:

<http://smt.sandvik.com/en/materials-center/material-datasheets/tube-and-

pipe-seamless/sandvik-saf-2707/ > Acesso em: 04.fev. 2017.

10. PEREA, Eduardo, Extended heat exchanger lifecycle with hyper-duplex

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11. LUND, Kristina, DELBLANC, Anna, IVERSEN, Anna, Comparing critical

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12. BRIGHAM, R.J., TOZER, E.W. Corrosion 29, 1 (1973), p 33.

13. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. G48: Standard

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14. D. C. SANTOS, D. A. ANDRADE, R. Magnabosco. Critical Pitting

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15. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. G150:

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16. J.C. DE LACERDA et al. Corrosion behavior of UNS S31803 steel with

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17. SANDVIK SANICR0 60: Tube and pipe seamless – datasheet.

Disponível em: < http://smt.sandvik.com/en/materials-center/material-

datasheets/tube-and-pipe-seamless/sanicro-60/ > Acesso em: 04 fev.2017