comparação de juntas soldas de aço inoxidavel aisi 304 para aplicação em baixa temperatura...
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7/23/2019 Comparao de Juntas Soldas de Ao Inoxidavel AISI 304 Para Aplicao Em Baixa Temperatura Utilizando-se a Soldagem Por SAW
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RAFAEL EIJI TOMA
Comparao de juntas soldadas de aoinoxidvel AISI 304 para aplicao em
baixa temperatura utilizando-se a
soldagem por arco submerso
Dissertao apresentada Escola
Politcnica da Universidade de So
Paulo para obteno do ttulo de Mestreem Engenharia
So Paulo, 2012
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RAFAEL EIJI TOMA
Comparao de juntas soldadas de aoinoxidvel AISI 304 para aplicao em
baixa temperatura utilizando-se a
soldagem por arco submerso
Dissertao apresentada Escola
Politcnica da Universidade de So Paulo
para obteno do ttulo de Mestre emEngenharia
rea de concentrao: Engenharia
Metalrgica e de Materiais
Orientador: Prof. Dr. Srgio Duarte Brandi
So Paulo, 2012
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Agradecimentos
Ao professor Srgio Duarte Brandi, pela orientao e por compartilhar parte deseus conhecimentos, sem os quais a elaborao deste trabalho no seria possvel.
Lincoln Electric do Brasil, pelo fornecimento dos corpos de prova, realizao
das soldagens e por terem providenciado os ensaios mecnicos, especialmente ao
Antonio Cordeiro Souza e Zorailde Morais.
A Leandro Justino de Paula (Laboratrio de Fenmenos de Superfcie), Raquel
Camponucci Proiete (Instituto de Pesquisas Tecnolgicas), Antnio Lvio da SilvaNunes (Departamento de Engenharia Metalrgica e de Materiais) e Flvio Gil Alves
Paiva pela prontido em auxiliar na preparao dos corpos de prova.
Aos meus pais, Roberto e Luiza, pelo apoio nos momentos difceis e por me
incentivarem na vida acadmica.
Promon Engenharia, pelo patrocnio atravs de horas para estudo, e ao
Oswaldo Boro pela flexibilidade de horrio para execuo deste trabalho.
A todos que colaboraram direta ou indiretamente na realizao deste trabalho.
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Resumo
Aos inoxidveis austenticos so indicados para aplicaes a baixas
temperaturas por praticamente no apresentarem temperatura de transio
dctil/frgil. Quando estes aos so soldados h a formao de ferrita na zona
fundida que, dependendo da morfologia e da quantidade, pode induzir uma
temperatura de transio dctil/frgil. Este trabalho busca estudar as propriedades
mecnicas e microestruturais a baixas temperaturas (-100o C) na zona fundida do
cordo de solda. Chapas de ao inoxidvel AISI 304 com 25,4 mm de espessura
foram soldadas pelo processo de soldagem a arco submerso, empregando-se um
arame ER 308L, e dois tipos de fluxos distintos: um neutro e um auto-compensante
em cromo. Os procedimentos de soldagem foram realizados utilizando-se corrente
contnua em polaridade reversa e corrente alternada de onda quadrada. Esta
apresentou melhores resultados de tenacidade que a soldagem em corrente
contnua para os dois fluxos estudados. Os corpos de prova soldados com fluxo
neutro apresentaram maior tenacidade que os soldados com fluxo auto-
compensante em cromo, comparando-se o mesmo tipo de corrente na soldagem.
Palavras-chave: soldagem por arco submerso, ao inoxidvel AISI 304, baixa
temperatura.
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Abstract
Austenitic stainless steels are recommended for low temperature applications due
to a very low ductile/brittle transition. When this stainless steel type is welded, there
is formation of delta ferrite in the fusion zone which, depending on its morphology
and distribution may increase ductile/brittle temperature transition to higher values
compared with base metal. This work aims at studying the mechanical properties and
microstructure at low temperatures (-100o C) on the weld bead fusion zone using AISI
304 plates 1 inch thick which were welded with submerged arc welding process using
ER308L and two different fluxes types: a neutral and a chromium auto-compensating
one. The welding procedures were made using reverse polarity continuous current
and square wave alternate current. The latter presented better toughness results
than the continuous current for both fluxes types. The neutral flux led to greater
toughness than the chromium auto-compensating flux, comparing the same current
type output.
Keywords: submerged arc welding, AISI 304 stainless steel, low temperature.
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Figura 2.14: Microscopia eletrnica de varredura e EDS dos metais de base e de
solda em corpos de prova de CTOD a -162C: metal de base LT (a), metal de base
TL (b), eletrodo revestido (c), TIG (d), EDS de (c) (e) e EDS de (d) (f) [36]. ............. 25
Figura 2.15: Teor de oxignio no metal de solda em funo do ndice de basicidade
na soldagem por arco submerso de ao carbono [39]. ............................................. 27
Figura 2.16: Energia de impacto Charpy-V a -196 C para metal de solda 308L a
arco submerso e soldagens em 316LN realizadas com eletrodos com revestimento
bsico e de rutilo. [37] ............................................................................................... 28
Figura 2.17: Efeito do teor de Nitrognio no ensaio Charpy para material soldado por
eletrodo revestido com e sem tratamento trmico de solubilizao. [43] .................. 29
Figura 2.18: Diagrama de Schaeffler [45], atravs do qual se pode prever amicroestrutura da solda. ............................................................................................ 34
Figura 2.19: Diagrama de Schaeffler dividido em diferentes regies problemticas
durante a soldagem de aos inoxidveis: formao de trincas de solidificao ou por
perda de ductilidade acima de 1250C (1), fragilizao por formao de fases
intermetlicas aps aquecimento entre cerca de 450C e 900C (2), fragilizao por
crescimento de gro (3), fragilizao e fissurao por formao de martensita (4).
[23] ............................................................................................................................ 35Figura 2.20: Modelo de reao de duas fases na poa de fuso. [40] ...................... 37
Figura 2.21: Eletrodeposio de metais em reaes catdicas (eletrodo positivo).
Adaptado de [49]. ...................................................................................................... 40
Figura 2.22: Reaes durante a desoxidao do metal de solda. O grfico direita
indica o teor de oxignio para as diferentes faixas de temperaturas ao longo do
centro do arco de soldagem. [47] .............................................................................. 42
Figura 2.23: Soldagem por arco submerso. [52] ....................................................... 44Figura 2.24: Esquema dos componentes bsicos do equipamento de soldagem por
arco submerso. [52] ................................................................................................... 46
Figura 2.25: Cordo de solda para diferentes polaridades do eletrodo (positiva e
negativa). [52] ............................................................................................................ 49
Figura 2.26: Efeito da velocidade de soldagem na velocidade de solidificao
(prximo linha de centro das soldas) e no formato da poa de fuso na soldagem
TIG em CCPD (-). [56] ............................................................................................... 51
Figura 2.27: Regies criadas pelos ciclos trmicos na soldagem: Zona de ligao,
zona fundida e zona afetada pelo calor no metal de base adaptado de [57]. ........ 53
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Figura 2.28: Energia livre por unidade de volume (GV) em funo da temperatura (T)
para um metal puro adaptado de [52]. ................................................................... 54
Figura 2.29: Regies do diagrama ternrio Cr-Ni-Fe para 70% Fe (a) e 60% Fe (b)
(Schafmeister e Ergang, 1939). [61] .......................................................................... 55
Figura 2.30: Morfologias de solidificao da aos inoxidveis austenticos: austenita
primria com ferrita interdendrtica (a); reao perittica (b) e transformao de
ferrita primria a austenita + ferrita abaixo da temperatura solidus (c). [37] .............. 56
Figura 2.31: Morfologia da ferrita em funo da frao volumtrica da mesma. [63] 57
Figura 2.32: Efeito da composio qumica na morfologia da ferrita e da austenita no
diagrama pseudo-binrio Fe-Cr-Ni. [30] .................................................................... 58
Figura 2.33: Microestrutura de solidificao em funo da relao (Cr/Ni)equiv. [65,66] ............................................................................................................................. 60
Figura 2.34: Regio de ao inoxidvel austentico com microestrutura do tipo A -
(Cr/Ni)eq< 1,48: Apresenta predominncia de austenita. A ferrita presente apresenta
morfologia euttica. [65] ............................................................................................ 61
Figura 2.35: Microestrutura de ao inoxidvel austentico do tipo C - (Cr/Ni)eq > 1,95:
Apresenta alto teor de ferrita de morfologia acicular. [65] ......................................... 62
Figura 2.36: Microestrutura de ao inoxidvel austentico do tipo B - 1,48
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Figura 3.7: Direes observadas nas microscopias ptica e eletrnica de varredura
nos corpos de prova charpy. ..................................................................................... 74
Figura 3.8: Representao do metal de base fundido (A) e do metal de adio (B) no
cordo de solda, para clculo da diluio. ................................................................ 75
Figura 3.9: Representao do ensaio de dobramento transversal, no qual o corpo de
prova submetido a uma carga aplicada por um cutelo em sua regio central (no
caso, a zona fundida) e apoiado sobre dois roletes prximos s extremidades [69]. 76
Figura 3.10: Regies utilizadas nos corpos de prova dos ensaios Charpy para
obteno das expanses laterais: Regio deformada (A) e no deformada (B). ...... 77
Figura 4.1: Teores de cromo e de nquel no metal de base e nos metais depositados
nos corpos de prova 1 a 4. ........................................................................................ 80
Figura 4.2: Variao nas concentraes de cromo, nquel, silcio, molibdnio e
mangans no metal de solda para cada parmetro de soldagem em relao ao metal
de base. .................................................................................................................... 83
Figura 4.3: Diluio dos cordes de solda para as diferentes condies de soldagem
estudadas. ................................................................................................................. 84
Figura 4.4: Teores mdios de nitrognio e oxignio no metal de base e na zona
fundida dos corpos de prova. .................................................................................... 86Figura 4.5: Comparao dos teores de enxofre, fsforo e carbono para o metal de
base e as quatro condies de soldagem estudadas. ............................................... 88
Figura 4.6: Variao nas concentraes de carbono, enxofre, fsforo, oxignio e
nitrognio no metal de solda para cada parmetro de soldagem em relao ao metal
de base. .................................................................................................................... 89
Figura 4.7: Macrografias dos corpos de prova 1 (a), 2 (b), 3 (c) e 4 (d). ................... 93
Figura 4.8: Pontos de medio das fraes volumtricas de ferrita. ......................... 94Figura 4.9: Comparao da frao volumtrica de ferrita em diversas regies das
juntas soldadas dos corpos de prova de 1 a 4. ......................................................... 96
Figura 4.10: Frao volumtrica mdia de ferrita nas juntas soldadas dos corpos de
prova de 1 a 4. .......................................................................................................... 97
Figura 4.11: Fractografia de um corpo de prova Charpy V a -100 C mostrando a
clivagem da ferrita e a fratura dctil da austenita. So apresentadas tambm as
composies qumicas das duas regies. MEV, eltrons secundrios. .................... 98
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Figura 4.25: Superfcie de fratura do corpo de prova 2 (CC/N). A superfcie de fratura
irregular, novamente indicando mudanas de direo durante a propagao da
trinca que requerem maior energia para o material fraturar. Microscpio eletrnico
de varredura, eltrons secundrios. ........................................................................ 120
Figura 4.26: Superfcie de fratura do corpo de prova 3 (CC/L) (raiz). A superfcie
apresenta grandes regies planas, indicando menor quantidade de mudanas de
direo e, consequentemente, absorvendo menos energia durante a propagao da
trinca. Microscpio eletrnico de varredura, eltrons secundrios. ......................... 121
Figura 4.27: Superfcie de fratura do corpo de prova 3 (CC/L) (face). A superfcie
fraturada apresenta grandes regies planas. Microscpio eletrnico de varredura,
eltrons secundrios. .............................................................................................. 122
Figura 4.28: Superfcie de fratura do corpo de prova 2 (CC/N). As regies
austenticas possuem alvolos dcteis em sua microestrutura, e regies que
ferrticas apresentam fratura por clivagem em um plano distinto. Microscpio
eletrnico de varredura, eltrons secundrios......................................................... 123
Figura 4.29: Incluses no corpo de prova 3 (CC/L). Microscpio eletrnico de
varredura. ................................................................................................................ 124
Figura B.1: Expanso lateral em funo da energia absorvida nas regies dospasses de solda da face e da raiz para o corpo de prova 1 (CA/N). ....................... 139
Figura B.2: Expanso lateral em funo da energia absorvida nas regies dos
passes de solda da face e da raiz para o corpo de prova 2 (CC/N). ....................... 140
Figura B.3: Expanso lateral em funo da energia absorvida nas regies dos
passes de solda da face e da raiz para o corpo de prova 3 (CC/L). ........................ 140
Figura B.4: Expanso lateral em funo da energia absorvida nas regies dos
passes de solda da face e da raiz para o corpo de prova 4 (CA/L). ........................ 141Figura B.5: Expanso lateral em funo da energia absorvida para os quatro corpos
de prova nas regies dos passes de solda da raiz. ................................................. 141
Figura B.6: Expanso lateral em funo da energia absorvida para os quatro corpos
de prova nas regies dos passes de solda da face. ................................................ 142
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ndice de Tabelas
Tabela 2.1: Pontos de ebulio de diferentes gases atmosfricos na temperaturaabsoluta e em graus Celsius presso de 1 atm. Adaptado de [1]. ........................... 2
Tabela 2.2: Efeitos do aumento da temperatura em aos inoxidveis austenticos. . 24
Tabela 2.3: Efeitos de diferentes elementos de liga nas propriedades mecnicas de
aos inoxidveis austenticos a baixas temperaturas. ............................................... 30
Tabela 2.4: Vantagens e desvantagens da presena de ferrita durante a soldagem
de aos inoxidveis austenticos para utilizao a baixas temperaturas. .................. 33
Tabela 2.5: Modos de solidificao em diferentes velocidades na soldagem TIG.Adaptado de [56]. ...................................................................................................... 52
Tabela 3.1: Composio qumica da chapa de ao AISI 304 utilizado na soldagem.65
Tabela 3.2: Composio qumica do arame ER 308L utilizado na soldagem. .......... 66
Tabela 3.3: Composio qumica do fluxo neutro ME. .............................................. 66
Tabela 3.4: Parmetros de soldagem do corpo de prova 1. ...................................... 67
Tabela 3.5: Parmetros de soldagem do corpo de prova 2. ...................................... 68
Tabela 3.6: Parmetros de soldagem do corpo de prova 3. ...................................... 69Tabela 3.7: Parmetros de soldagem do corpo de prova 4. ...................................... 70
Tabela 4.1: Teores de diversos elementos nos metais depositados dos corpos de
prova 1, 2, 3 e 4. ....................................................................................................... 79
Tabela 4.2: Concentrao de diversos elementos no corpo de prova 1 (CA/N). ....... 81
Tabela 4.3: Concentrao de diversos elementos no corpo de prova 2 (CC/N). ...... 81
Tabela 4.4: Concentrao de diversos elementos no corpo de prova 3 (CC/L). ....... 82
Tabela 4.5: Concentrao de diversos elementos no corpo de prova 4 (CA/L). ....... 82
Tabela 4.6: Teores de oxignio nos corpos de prova 1 a 4 e do metal de base. ...... 85
Tabela 4.7: Teores de nitrognio nos corpos de prova 1 a 4 e do metal de base. .... 86
Tabela 4.8: Teores de Nieq e Creq para os corpos de prova 1, 2, 3 e 4 atravs do
clculo usual do metal de base, da zona fundida e do metal de adio (arame); e
atravs do clculo proposto por Hammar e Svenson apenas da zona fundida. ........ 91
Tabela 4.9: Valores de Creq, Nieqe Creq/Nieqpara os metais depositados nos corpos
de prova de 1 a 4. ..................................................................................................... 92
Tabela 4.10: Frao volumtrica de ferrita nas juntas dos corpos de prova 1, 2, 3 e 4.
.................................................................................................................................. 94
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Face da trinca
V Velocidade mdia de ascenso de partculas
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Sumrio
Ficha Catalogrfica ............................................................................................... 3
Dedicatria ............................................................................................................ 4
Agradecimentos .................................................................................................... 5
Resumo ................................................................................................................. 6
Abstract ................................................................................................................. 7
ndice de Figuras .................................................................................................. 8
ndice de Tabelas ................................................................................................ 14
Lista de Smbolos ............................................................................................... 16
Sumrio ............................................................................................................... 18
Objetivos ............................................................................................................... 1
Reviso bibliogrfica ............................................................................................. 2
2.1 Definio de criogenia .................................................................................... 2
2.2 Mecnica da fratura ........................................................................................ 4
2.2.1 Conceito de tenacidade .............................................................................. 4
2.2.2 Ensaio de impacto Charpy ......................................................................... 4
2.2.3 Tenacidade fratura na deformao plana ................................................ 7
2.2.4 CTOD ......................................................................................................... 8
2.2.5 Integral J ................................................................................................... 10
2.3 Diagramas de fases Fe-Cr-Ni ....................................................................... 13
2.4 Aos inoxidveis ........................................................................................... 16
2.4.1 Aos Inoxidveis martensticos ................................................................ 17
2.4.2 Aos Inoxidveis ferrticos ........................................................................ 17
2.4.3 Aos Inoxidveis duplex ........................................................................... 18
2.4.4 Aos Inoxidveis endurecidos por precipitao (envelhecidos) ............... 18
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2.4.5 Aos Inoxidveis austenticos .................................................................. 19
2.4.6 Microestrutura e propriedades mecnicas ................................................ 20
2.4.7 Soldagem de aos inoxidveis austenticos ............................................. 30
2.4.8 Reaes qumicas durante a soldagem ................................................... 35
2.5 Soldagem por arco submerso ....................................................................... 42
2.5.1 Histrico ................................................................................................... 42
2.5.2 Processo .................................................................................................. 43
2.5.3 Equipamentos........................................................................................... 45
2.5.4 Parmetros do processo .......................................................................... 48
2.5.5 Solidificao da poa de fuso ................................................................. 52
2.5.6 Solidificao de aos inoxidveis austenticos ......................................... 54
Materiais e mtodos ............................................................................................ 65
3.1 Materiais empregados .................................................................................. 65
3.2 Parmetros de soldagem .............................................................................. 66
3.3 Ensaios realizados na junta soldada ............................................................ 71
3.3.1 Composio qumica. ............................................................................... 71
3.3.2 Caracterizao microestrutural. ................................................................ 72
3.3.3 Diluio ..................................................................................................... 74
3.3.4 Propriedades mecnicas. ......................................................................... 75
3.4 Anlise estatstica ......................................................................................... 77
Resultados e discusso. ..................................................................................... 79
4.1 Anlise qumica. ........................................................................................... 79
4.2 Caracterizao metalogrfica ....................................................................... 92
4.2.1 Macrografias dos cordes de solda .......................................................... 92
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4.2.2 Medida da frao volumtrica de ferrita delta ........................................... 93
4.2.3 Micrografias dos cordes de solda. .......................................................... 98
4.3 Propriedades mecnicas ............................................................................ 105
4.3.1 Ensaio de dobramento lateral da junta soldada ..................................... 106
4.3.2 Ensaio de trao da junta soldada ......................................................... 107
4.3.3 Ensaio de impacto (Charpy V) de regies da junta soldada ................... 109
Concluses ....................................................................................................... 127
Referncias bibliogrficas ................................................................................. 129
ANEXO A Resultados estatsticos dos ensaios Charpy ................................. 137
ANEXO B Relao entre expanso lateral e energia absorvida nos ensaios
Charpy .............................................................................................................. 139
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Objetivos
Verificar as diferenas nas propriedades mecnicas a baixas temperaturas e nas
microestruturas de um ao inoxidvel AISI 304 decorrentes das alteraes nos
parmetros da soldagem por arco submerso, utilizando-se dois tipos de fluxos (fluxo
neutro e fluxo auto-compensante em cromo) e dois tipos de corrente distintos
(corrente contnua e corrente alternada de onda quadrada).
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Reviso bibliogrfica
2.1 Definio de criogenia
Criogenia pode ser definida como: a cincia e tecnologia de temperaturas abaixo
de 120 K (-153 C), ou como a ramificao da fsica que estuda a produo de
temperaturas muito baixas e seus efeitos. A temperatura limite de 120 K (-153C), foi
definida com base nos pontos de ebulio normais dos principais gases
atmosfricos, conforme mostra a tabela 2.1, bem como do metano, que o principal
componente do gs natural [1].
Tabela 2.1: Pontos de ebulio de diferentes gases atmosfricos na temperatura absoluta e emgraus Celsius presso de 1 atm. Adaptado de [1].
GsPonto de ebulio normal
(K) ( C)
Metano 111,6 -161,4
Oxignio 90,2 -182,8
Argnio 87,3 -185,7
Nitrognio 77,3 -195,7
Neon 27,1 -245,9
Hidrognio 20,4 -259,6Hlio 4,2 -268,8
Existe uma faixa de temperatura, que tambm bastante utilizada na indstria
qumica e petroqumica, que no se enquadra dentro da definio de criogenia. So
temperaturas de projeto de equipamentos por volta de -100C, que tambm uma
temperatura baixa, porm acima da temperatura de definio da criogenia (-153 C).
Esta temperatura de projeto empregada em torres de destilao fracionada para
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e aceleradores de partculas de alta energia. Atualmente esto em desenvolvimento
os supercondutores de alta temperatura, que eventualmente substituiro os
supercondutores atuais em alguns nichos devido a sua maior facilidade deoperao, uma vez que estes operam temperatura de nitrognio lquido (63 K),
enquanto os materiais atuais requerem criogenia de baixa temperatura (em geral 20
K ou hlio liquefeito).
Temperaturas criognicas tambm tm aplicao na preservao de clulas
biolgicas, uma vez que a cintica das reaes qumicas varia exponencialmente na
equao de Arrhenius. Desta forma, a cintica pode ser efetivamente bloqueada
quando a temperatura absoluta se torna menor que sua energia de ativao.
2.2 Mecnica da fratura
2.2.1 Conceito de tenacidade
Tenacidade pode ser definida como a capacidade de um material de absorver
energia [3] na deformao plstica e fratura. Ela geralmente caracterizada pela
rea sob uma curva tenso versus deformao de um corpo de prova lentamente
deformado at a fratura, embora esta no seja a condio ideal para avaliar a
tenacidade.
2.2.2 Ensaio de impacto Charpy
Para a determinao da quantidade de energia absorvida no ensaio de impacto
com a presena de entalhes, utilizam-se mtodos como o ensaio Charpy, onde um
pndulo com uma dada energia parte de uma altura inicial, atinge o corpo de prova,
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causa a sua fratura e atinge uma altura mxima, com a qual se mede a diferena
entre a energia inicial e a energia dissipada para que ocorra a falha. Quanto menor a
altura mxima final, maior a tenacidade do material neste ensaio.
No ensaio Charpy, o corpo de prova possui um entalhe e sofre uma alta taxa de
deformao no momento da fratura, pois o material deve absorver o impacto do
pndulo, e o teste realizado em uma faixa de diferentes temperaturas [4]. O corpo
de prova pode ter diferentes tipos e dimenses dos entalhes, de acordo com a
norma ASTM E23 [5], como se observa na figura 2.1.
Figura 2.1: Dimenses para os corpos de prova e dos entalhes para o ensaio de impacto tipoCharpy, segundo a norma ASTM E23 [5].
Na figura 2.2 observa-se que, conforme a temperatura em que o material
ensaiado diminui, menor a energia absorvida pelo corpo de prova. Em outras
palavras, um ao carbono em temperaturas ao redor da temperatura ambiente
tenaz e quando rompe, o aspecto da fratura tipicamente dctil. Quanto menor a
temperatura, maior a tendncia do material apresentar uma fratura tipicamente frgil.
Isto significa que existe uma temperatura onde ocorre a transio frgil-dctil domaterial em anlise. Esta temperatura pode ser estimada de diferentes maneiras [4]
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como: energia absorvida no ensaio de impacto, porcentagem de fratura frgil da
superfcie do corpo-de-prova, expanso lateral mnima, etc.
Figura 2.2: Variao de resultados no ensaio Charpy para diferentes temperaturas em diversos
materiais metlicos. Adaptado de [4].(1) No foi informado na referncia nenhum dado adicional em relao a estes
materiais.
Quando metais so deformados plasticamente, uma frao da energia retida
internamente, sendo o restante dissipado na forma de calor [7]. A maior poro da
frao retida internamente est associada movimentao das discordncias.
As discordncias no se movem com a mesma facilidade em todos os planos
cristalogrficos dos tomos, nem em todas as direes cristalogrficas, havendo
uma famlia de planos preferenciais denominados planos de escorregamento e
uma famlia de direes preferenciais chamadas de direes de escorregamento
[7]. A discordncia move-se, ento, em um sistema de escorregamento, que o
conjunto das famlias das direes e planos de escorregamento. Geralmente, a
famlia de planos e direes de escorregamento so os que possuem a maior
densidade de empacotamento atmico. Alm do escorregamento, a deformao
plstica em materiais metlicos tambm pode ocorrer pela formao de maclas
EnergiaCharpy(J)
Temperatura
Alumnio 1
Ao (1)
Ao endurecido porprecipitao (18 Ni)
Ao endurecido por
precipitao (12 Ni)
Ao HY-130 (< 0,12% C)
Ao (1)
Ao 4340 (0,37 0,43 %C)Alumnio 1
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mecnicas, fenmeno denominado maclao. Este ltimo mecanismo ocorre para
elevadas taxas de deformao e/ou temperaturas baixas.
A resistncia fratura dos materiais foi inicialmente estudada por Griffith [8] em
1951, sendo definida como uma propriedade que descreve a capacidade de um
material, contendo uma trinca, de resistir fratura [9]. Para a fratura frgil, a
resistncia comumente medida como um dado valor, por exemplo pela
temperatura de transio dctil-frgil obtida atravs do ensaio de impacto em
diferentes temperaturas, ou caracterizada pelo fator concentrador de tenso K, que
utilizado para materiais linearmente elsticos, atravs do ensaio de tenacidade a
fratura. Para a fratura dctil, a resistncia pode ser medida como um dado valor ouno formato de uma curva de resistncia comumente caracterizada pela integral J,
que usada para materiais elasto-plsticos.
Outro parmetro importante da mecnica da fratura elasto-plstica,
denominado CTOD (Crack-tip opening displacement ou abertura de ponta da
trinca) foi proposto por Wells [10] em 1965 aps a anlise de corpos de prova de
aos de alta tenacidade fraturados. Dois fatos foram observados:
As condies no se aplicavam mecnica da fratura elstica;
As superfcies das trincas se separaram, e a ponta da trinca adquiriu
um raio de curvatura significativo.
Com isto, Wells props que este arredondamento fosse utilizado como critrio de
tenacidade de materiais dcteis, que indicado especialmente para materiais que
apresentam mudana de comportamento (transio dctil-frgil) com o decrscimo
da temperatura. A tenacidade pode ser avaliada atravs de diferentes conceitos, que
sero descritos a seguir.
2.2.3 Tenacidade fratura na deformao plana
A tenacidade fratura uma propriedade do sistema representada por Kc, e
quando medida no estado plano de deformao, simbolizada por KIC[11]. Segundo
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8
Rossoll [12], KIc definido como o fator de intensificao de tenso crtico e denota a
resistncia de um material propagao de uma trinca previamente existente.
O KIc definido como o fator de tenso crtica e denota a resistncia de um
material propagao de uma trinca previamente existente [12]. A tenacidade
fratura corresponde ao mdulo de coeso introduzido por Barenblatt [11]. Entretanto,
conveniente manter a denominao acima tendo em vista que ela amplamente
disseminada na engenharia e que ela admite uma influncia do estado de tenso
sobre esta propriedade (no admitida por Barenblatt).
O KIc uma propriedade intrnseca do material, ou seja, no depende da
geometria do componente; j Kc, quando medida fora do estado plano de
deformao, depender da geometria do sistema e do material. Kcvaria linearmente
com a espessura da placa no estado plano de tenso [13].
2.2.4 CTOD
A princpio o CTOD possua um carter emprico, porm mais tarde foi
relacionado ao K no limite de plasticidade utilizando as frmulas de Irwin, obtendo-
se:
= =
(2.2)
Para a equao acima, a fratura ocorre quando K KIcIc. Atravs do
modelo de Dugdaale-Baremblatt, obtm-se a expresso:
= =
(2.3)
As expresses (2.2) e (2.3) assumem o estado plano de tenso e um material
que no sofre encruamento. Generalizando, temos:
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10
= + =
+ (2.6)
Figura 2.4: Curva da carga em funo do deslocamento, tpica de um ensaio de CTOD. [11]
Atravs do CTOD, possvel expandir o escopo da mecnica da fratura para
casos os quais envolvam plasticidade ilimitada, porm nestes casos no ser umapropriedade intrnseca do material (depender da espessura do metal e da
geometria do sistema).
2.2.5 Integral J
Segundo Silva [6], a integral J definida como uma integral de contorno,
pressupondo comportamento linear ou no linear da deformao.
Geralmente uma curva de resistncia baseada na integral J utilizada para
descrever a resistncia de um material dctil ao incio de formao de uma trinca,
seu crescimento estvel e instabilidade da ruptura [9]. Devido sua eficcia em
medir a resistncia, a integral J e a curva J-R se tornaram os parmetros mais
importantes dos materiais na mecnica da fratura elasto-plstica, e tm sido
amplamente aplicadas na engenharia. Tais valores de resistncia fratura podem
servir como base para caracterizao de um material, avaliao de performance e
garantia de qualidade. Elas tambm podem ser utilizadas para avaliar a tolerncia a
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danos estruturais, analisar tenses residuais e no gerenciamento de integridade
estrutural de diversos componentes de engenharia e estruturas.
A integral J foi introduzida inicialmente por Eshelby [14] em 1951 no estudo dediscordncias e aplicado independentemente por Cherepanov [15] (1967) e Rice [16]
(1968) para a investigao da propagao de trincas em materiais dcteis. Atravs
do princpio da conservao de energia, Eshelby demonstrou que para um elemento
elstico no linear, a integral de linha sobre o contorno , definida por:
= !"# $%& ' ()(* $,-. (2.7)
Onde wel= /01 2301 a densidade de energia elstica, T o vetor trao normal,atuando no sentido exterior ao contorno, u o vetor deslocamento (j introduzido
anteriormente) e dl um elemento de linha no contorno, independente do caminho
(ou seja, ela se anula se o contorno for fechado, conforme a figura 2.5).
Figura 2.5: Representao de um contorno de linha em um slido elstico no linear, usado parademonstrar a independncia do caminho da integral J [11].
A aplicao de J a trincas se baseia no contorno esquematizado na figura 2.6:
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, em geral, dificilmente atingido; e os diagramas de fases no contemplam as fases
metaestveis, que podem possuir propriedades tecnolgicas de interesse. Caso haja
trs componentes no diagrama de fases, este denominado ternrio. A figura 2.7ilustra uma projeo tridimensional de um diagrama de fases ternrio. Projees
tridimensionais podem ser teis no entendimento da relao entre os elementos em
um diagrama, porm sua leitura difcil. Uma maneira de facilitar sua interpretao
pode ser atravs da fixao da temperatura, conforme mostram as figuras 2.8 e 2.9
ou mantendo-se constante a concentrao de um dos elementos do diagrama
ternrio, atravs de uma reta paralela a um dos lados do diagrama ternrio, obtendo-
se um diagrama denominado pseudobinrio. A figura 2.10 mostra o diagrama
pseudobinrio 70%Fe-Cr-Ni.
Figura 2.7: Projeo tridimensional de um diagrama de fases ternrio [18].
Superfcie
solvus
Superfcie
li uidus
Superfcie
solidus
Superfcie
solidus
Superfcie
solvus
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Figura 2.8: Isoterma do diagrama de fases ternrio Fe-Cr-Ni a 1300 C [20].
Figura 2.9: Isoterma do diagrama de fases ternrio Fe-Cr-Ni a 650 C [20].
% mssica Ni
% mssica Fe % mssica Cr
% mssica Ni
% mssica Fe % mssica Cr
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De acordo com Padilha e Guedes [19], o sistema Fe-Cr-Ni constitui a base dos
aos inoxidveis. As ligas deste grupo podem apresentar microestrutura ferrtica,
austentica, martenstica ou ferrtica-austentica, dependendo da composio
qumica do ao.
Figura 2.10: Diagrama pseudobinrio 70%Fe-Cr-Ni. [19]
2.4 Aos inoxidveis
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Os aos inoxidveis so comumente divididos em cinco grupos distintos:
martensticos, ferrticos, austenticos, duplex (ferrtico-austenticos) e endurecidos
por precipitao (envelhecidos) [21]. Cada um destes grupos ser apresentadosucintamente a seguir.
2.4.1 Aos Inoxidveis martensticos
Aos inoxidveis martensticos consistem em ligas de cromo e carbono que
possuem uma estrutura cristalina tetragonal de corpo centrado (TCC) distorcida
(martenstica) e endurecida. So ferromagnticos, endurecidos por tratamentos
trmicos e, em geral, com resistncia corroso apenas razovel [21].
O teor de cromo usualmente se encontra entre 10,5 e 18%, sendo que o teor de
carbono pode ultrapassar 1,2%. Os teores de cromo e carbono so balanceados
para garantir uma estrutura martenstica aps o endurecimento. Alguns elementos
que podem ser adicionados aos aos inoxidveis martensticos e seus respectivosefeitos so:
Carbonetos so de interesse para maior resistncia ao desgaste ou para
manter superfcies cortantes;
Nibio, silcio, tungstnio e vandio podem ser adicionados para modificar
o efeito da tmpera aps o endurecimento;
Pequenos teores de nquel podem ser adicionados para aumentar a
resistncia corroso e a tenacidade;
Enxofre e selnio melhoram a usinabilidade.
2.4.2 Aos Inoxidveis ferrticos
Aos inoxidveis ferrticos so essencialmente ligas contendo cromo comestrutura cristalina cbica de corpo centrada (CCC). So ferromagnticos e podem
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possuir boa ductilidade e formabilidade, porm sua resistncia a altas temperaturas
inferior a de aos inoxidveis austenticos. Sua tenacidade relativamente limitada
a baixas temperaturas [21].
O teor de cromo pode variar entre 10,5 e at 30%. Alguns aos inoxidveis
ferrticos podem conter molibdnio, silcio, alumnio, titnio e nibio. Enxofre e
selnio podem ser adicionados para melhora na usinabilidade.
2.4.3 Aos Inoxidveis duplex
Aos inoxidveis duplex possuem em sua microestrutura cristalina tanto ferrita
cbica de corpo centrado (CCC) quanto austenita cbica de face centrada (CFC)
[21]. A resistncia corroso de aos inoxidveis duplex semelhante a de aos
inoxidveis austenticos com elementos de liga similares, porm possuem maior
resistncia trao e limite de elasticidade, alm de maior resistncia corroso
sob tenso. Sua tenacidade intermediria entre os aos inoxidveis ferrticos eaustenticos.
O teor de cada fase funo da composio qumica e do tratamento trmico. A
maioria das ligas desenvolvida para conter o mesmo teor de cada fase quando
recozidas. Seus principais elementos de liga so cromo e nquel, porm outros
elementos (nitrognio, molibdnio, cobre, silcio e tungstnio) podem ser
adicionados para se controlar o balano micro estrutural e alterar a resistncia
corroso.
2.4.4 Aos Inoxidveis endurecidos por precipitao (envelhecidos)
Aos inoxidveis envelhecidos so ligas cromo-nquel contendo elementos que
favorecem o endurecimento por precipitao, tais como cobre, alumnio ou titnio.Podem apresentar uma microestrutura tanto austentica quanto ferrtica quando
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recozidos [21]. Quando apresentam microestrutura austentica, em geral podem ser
transformados em martensita atravs de tratamentos trmicos. Estes aos
apresentam elevada dureza devido estrutura martenstica.
2.4.5 Aos Inoxidveis austenticos
Aos inoxidveis austenticos possuem uma estrutura cristalina cbica de face
centrada (CFC). Esta estrutura obtida atravs de elementos austenitizadores, tais
como nquel, mangans e nitrognio. Estes aos so no magnticos quando
recozidos e podem ser endurecidos apenas por deformao a frio. Apresentam
excelentes propriedades criognicas e boa resistncia a altas temperaturas [21].
O teor de cromo varia entre 16 e 26%, o teor de nquel de at 35% e, de
mangans, at 15%. A srie 300 contm altos teores de nquel, e mangans at 2%.
Os aos inoxidveis austenticos representam o maior e mais utilizado grupo
entre os aos inoxidveis, sendo o ao AISI 304 o mais comum [23]. Apresentam
baixo limite de escoamento e elevados limite de resistncia e ductilidade
temperatura ambiente, alm de possuir boa soldabilidade e resistncia corroso.
Podem ser utilizados tanto a temperaturas criognicas (em que apresentam elevada
tenacidade) quanto a temperaturas prximas a 600 C (nas quais possuem boa
resistncia oxidao) [24].
A srie de aos inoxidveis 300 amplamente utilizada nas indstrias energtica,petroqumica e nuclear para componentes tais como vasos de presso, tubos de
caldeiras e tubulaes de vapor [25]. Nestas aplicaes, os aos soldados operam a
temperaturas acima da ambiente. Os aos inoxidveis austenticos tambm so
largamente utilizados temperatura ambiente ou abaixo dela, como temperaturas
criognicas. Nestes casos, suas propriedades mecnicas e resistncia corroso
usualmente so de interesse.
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Segundo Inoue [32], dependendo da temperatura pode ocorrer um escoamento
em pequena escala (a temperatura criognica) ou um escoamento em grande escala
(temperatura baixa, ambiente ou alta) durante a propagao da trinca. Em geral, aferrita acicular apresenta maior resistncia que a ferrita vermicular em uma matriz
austenca-ferrtica durante escoamento em pequena escala. Isto ocorre porque
durante a propagao da trinca na ferrita a baixas temperaturas, a ferrita vermicular
geralmente mais contnua e alinhada que a ferrita acicular, sendo que nesta o
caminho mdio de propagao da trinca menor que na ferrita vermicular. A
austenita (dctil) dificulta a propagao da trinca.
Kamiya e Kumagai [33] verificaram o efeito da microestrutura nas propriedadesmecnicas a baixa temperatura em aos SUS304L soldados por arco submerso. Em
seu estudo, ocorreu fratura frgil na regio com ferrita delta vermicular. Ibrahim [31]
observou fratura dctil na austenita caracterizada pela formao de alvolos.
Segundo Biggs e Pratt [34], os principais requisitos para a fratura nuclear so:
Acmulo de discordncias no contorno de gro;
Uma matriz rgida em torno do contorno de gro, onde as
discordncias esto presas aos tomos de soluto de maneira a retardar
o escoamento na regio.
Em seus estudos, os cristais que sofreram fratura frgil falharam por clivagem,
exibindo superfcies relativamente planas (001). Biggs e Pratt acreditam que a
fratura por clivagem nucleia no empilhamento de discordncias no contorno de
macla. Durante a propagao da trinca por clivagem, as tenses frente da trincanucleiam novas maclas, as quais seguram a trinca temporariamente, mas so
insuficientes para impedir sua propagao.
temperatura no severa, aos inoxidveis tendem a falhar exclusivamente por
um mecanismo de ruptura em que micro-vazios nucleiam em incluses e partculas
de ferrita [25]. Atravs deste mecanismo, os micro-vazios crescem e chegam
eventual coalescncia, ou seja, juntam-se a micro-vazios vizinhos.
Consequentemente, a resistncia fratura mdia controlada pela densidade emorfologia das partculas de segunda fase. Devido ferrita ser dctil s
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temperaturas elevadas e temperatura ambiente, sua frao volumtrica e sua
morfologia no controlam o mecanismo de fratura, mas sim a densidade de
incluses. No entanto, a baixas temperaturas a ferrita frgil e pode levar reduona resistncia fratura da solda.
Liu et al. [35] estudou a fractografia da fratura frgil a baixa temperaturas do ao
inoxidvel austentico 18Cr-18Mn-N (o ao inoxidvel AISI 304, tambm austentico,
18Cr-8Ni). Foram verificados o modo de fratura e o comportamento de propagao
da trinca a 4, 77 e 293 K atravs de ensaio. As curvas tenso x deformao para 4,
77 e 293 K esto representadas na figura 2.11, j a figura 2.12 mostra a energia
absorvida nos ensaios Charpy em funo da temperatura.
Figura 2.11: Curva tenso x deformao do ao 18Cr-18Mn-0,7N para 4, 77 e 293 K [35]. Com areduo da temperatura, observa-se um aumento do limite de escoamento e reduo da deformaoplstica antes da ruptura do material (ductilidade).
Tenso(MPa)
Deformao (%)
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trabalho de Liu et al. [35] A reduo na resistncia trao est associada
diminuio do componente plstico com o decrscimo da temperatura. A tabela 2.2
resume o efeito da temperatura nas propriedades mecnicas dos aos inoxidveisaustenticos:
Tabela 2.2: Efeitos do aumento da temperatura em aos inoxidveis austenticos.
Propriedade ou capacidade do
material
Efeito a partir do aumento da
temperatura
Mdulo de elasticidade Pouco se alteraDuctilidade Aumenta
Tenacidade Aumenta
Limite de escoamento Diminui
Figura 2.13: Variao dos valores de CTOD em funo da temperatura no metal de base (LT eTL) e de solda (soldagens TIG e por eletrodo revestido) [29]. A componente elstica da deformao
permanece praticamente inalterada com a variao da temperatura, ao contrrio da componenteplstica que aumenta com a temperatura.
TLTIG
Eletrodo Revestido
- Plstica
- Elstica
Temperatura(C)
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O ndice de basicidade utilizado principalmente para se determinar o aumento
no teor de oxignio na soldagem por arco submerso, uma vez que ele fornece uma
medida aproximada da capacidade de oxidao do fluxo [40]. H diversasexpresses sugeridas para o clculo do ndice de basicidade, sendo a equao a
seguir proposta por Eagar [39]:
7 8 = 9: ;*#5?#@
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Figura 2.15: Teor de oxignio no metal de solda em funo do ndice de basicidade na soldagempor arco submerso de ao carbono [39].
Fatores que afetam a resistncia de aos inoxidveis austenticos a baixas
temperaturas so os teores de carbono, cromo, nquel, oxignio e ferrita [37].
Carbono aumenta a resistncia da matriz, porm aumenta o teor de partculas de
segunda fase. Um aumento no teor de carbono afeta a facilidade para ocorrer a
coalescncia de alvolos, reduzindo a energia necessria para fraturar o material em
cerca de 2,4 J para cada 0,01% C a -196 C. Preferencialmente, o teor de carbono
para aplicaes sub-zero mantido abaixo de 0,04%.
Cromo o maior elemento formador de carboneto, por isso reduz a resistncia
fratura em aproximadamente 1,2 J para cada 1% Cr a -196 C [37]. Nquel favorece
a formao de austenita, aumentando a resistncia fratura, mas Molibdnio, por
ser um formador de ferrita, tambm leva a reduo da mesma. Para um metal de
solda 308L em arco submerso, os resultados de teste de impacto Charpy-V a 20 C
e -196 C so dados, respectivamente, por:
KV+20= 1491,1 386,2 O2 3,3 FN (2.12)
KV-196= 95,1 310,7 O2 1,5 FN (2.13)
ndice de basicidade
TeordeOxignio(%m
ssica)
Fluxos cidos
Fluxos bsicos
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Onde O2 o teor d
Hgg [41], um baixo teo
vai de acordo com os eque apresenta a energi
teor de oxignio para sol
Figura 2.16: Energia de i
soldagens em 316LN realiza
O mangans atua d
de acordo com sua con
austenitizador, j em co
O nitrognio, de ma
[37, 42]. Este efeito vdiferentes equilbrios da
EnergiadeImpactoCharpya-196C
(J)
oxignio em massa e FN o nmero
r de oxignio leva a uma maior resistn
perimentos de Lancaster [37], represende impacto no ensaio Charpy-V a -1
dagens a arco submerso.
pacto Charpy-V a -196 C para metal de solda
as com eletrodos com revestimento bsico e de
duas maneiras distintas em aos inoxi
entrao: Quando em baixas concentra
centraes entre 5% e 8%, age como f
eira similar ao oxignio, favorece a for
aria com a temperatura. Isto pode es fases em diferentes temperaturas, o
Bsico
316LN
Rutlico316LN
Arco
Submerso
308L
Teor de Oxignio (% mssica)
28
de ferrita. Segundo
ia a impacto, o que
tados na figura 2.166 C em funo do
308L a arco submerso e
rutilo. [37]
dveis austenticos,
es, atua como um
rritizador.
mao de austenita
star associado aosa fatores cinticos
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como a difuso destes elementos intersticiais: Uma maior facilidade de difuso de
nitrognio e oxignio favorece a transformao de ferrita em austenita durante o
resfriamento.
O estudo de Enjo, Kikuchi e Moroi [43] indicou que o aumento no teor de
nitrognio em um ao inoxidvel AISI 304 benfico em sua capacidade de
absorver impactos at aproximadamente 1600~1700 ppm, conforme a figura 2.17.
Provavelmente at esta concentrao, o nitrognio dissolvido pela austenita. A
partir desta faixa, deve ocorrer sua precipitao.
Figura 2.17: Efeito do teor de Nitrognio no ensaio Charpy para material soldado por eletrodo
revestido com e sem tratamento trmico de solubilizao. [43]
Solubilizado
Conforme soldado
ValordeImpactoCharpy(J/cm)
Teor de Nitrognio (ppm)
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A tabela 2.3 a seguir apresenta resumidamente os efeitos de diferentes
elementos de liga nas propriedades mecnicas de aos inoxidveis austenticos a
baixas temperaturas:
Tabela 2.3: Efeitos de diferentes elementos de liga nas propriedades mecnicas de aosinoxidveis austenticos a baixas temperaturas.
Elemento
de ligaEfeitos positivos Efeitos negativos
OAge como austenitizador (sua
difuso facilita a transformao
de ferrita em austenita).
Reduz ductilidade.
CAumenta resistncia fratura da
matriz.
Aumenta teor de partculas de
segunda fase.
Cr -Reduz resistncia fratura
(favorece formao de carboneto).
NiAumenta resistncia fratura
(favorece formao de austenita).-
Mo -Reduz resistncia fratura
(favorece formao de ferrita).
Mn
Age como austenitizador (em
baixas concentraes).
Age tambm como ferritizador (em
concentraes entre 5% e 8%).
N
Age como austenitizador (sua
difuso facilita a transformao
de ferrita em austenita).
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2.4.7 Soldagem de aos inoxidveis austenticos
-
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Os processos mais utilizados para a soldagem de aos inoxidveis so [23]:
SMAW (Shielded Metal Arc Welding eletrodo revestido);
GTAW (Gas Tungsten Arc Welding - TIG);
GMAW (Gas Metal Arc Welding MIG/MAG).
A soldagem por eletrodo revestido utilizada para servios em geral
(particularmente no campo e em diferentes posies), por TIG na soldagem de
peas de menor espessura, e por MIG/MAG para juntas mais espessas
(apresentando maior produtividade) [23].
Segundo Modenesi [23], a soldagem de aos inoxidveis necessita de limpeza a
fim de minimizar contaminaes as quais podem reduzir sua resistncia corroso.
Tambm se devem ter cuidados com a forma do cordo, pois irregularidades na
superfcie podem acumular sujeira e iniciar corroso. Algumas diferenas nas
propriedades fsicas entre aos comuns e inoxidveis tambm devem ser levadas
em conta durante a soldagem:
Menor temperatura de fuso;
Menor condutividade trmica;
Maior coeficiente de expanso trmica;
Maior resistncia eltrica.
Aos inoxidveis austenticos so relativamente simples de se soldar, exceto
aos com adio de enxofre (para melhorar usinabilidade) [23]. Os aos austenticos
apresentam coeficiente de expanso trmica cerca de 45% maior, maior resistncia
eltrica e menor condutividade trmica que aos doces. Caso o teor de carbono seja
maior que 0,06%, pode ocorrer a precipitao de carbonetos nos contornos de gro
da zona afetada pelo calor durante o ciclo trmico da soldagem, prejudicando assim
sua resistncia corroso. Para minimizar este efeito, recomenda-se que a
soldagem seja realizada com maior velocidade de deslocamento.
Devido sua menor temperatura de fuso e condutividade trmica, os aosinoxidveis austenticos geralmente utilizam uma corrente de soldagem menor que a
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utilizada para aos doces [23]. Porm, devido ao metal de solda de aos inoxidveis
austenticos apresentarem maior viscosidade, a corrente de soldagem no pode ser
muito baixa pois leva falta de penetrao. Seu maior coeficiente de expansotrmica os torna susceptveis a distores durante a soldagem, sendo necessrias
tcnicas para minimiz-las. Por exemplo, utilizam-se dispositivos de fixao e
ponteamento cuidadoso na soldagem de chapas finas. Para aplicaes criognicas,
em que necessria uma estrutura completamente austentica na regio da solda,
deve-se utilizar eletrodos com baixos teores de enxofre e fsforo e elevada relao
Mn/S, alm de procurar minimizar as tenses na solda.
As dificuldades encontradas na soldagem de aos inoxidveis so oriundas dereaes de micro constituintes dos aos temperatura de soldagem, ou de
interaes entre os aos e ligas dissimilares [23]. A fim de eliminar a diluio,
necessrio utilizar uma baixa energia de soldagem durante o primeiro passo de
soldagem. Isto pode ser realizado com um eletrodo de dimetro pequeno a uma
corrente mais baixa e uma tenso mais alta. Tambm podem ser utilizados metais
de adio que fornecem maior quantidade de elementos de liga, a fim de compensar
possveis diluies.
Em aos inoxidveis austenticos, como o AISI 304, a resistncia corroso da
zona afetada pelo calor de uma solda pode ser seriamente reduzida pela
precipitao de partculas de carbeto de cromo ao longo dos contornos de gros,
que resulta em sua sensitizao. A depleo em cromo na regio adjacente aos
contornos de gros reduz a resistncia corroso da matriz devido ao cromo
precipitado na forma de carbeto [44].
De acordo com Chi et al. [25], um dos requisitos das soldas para a maioria dos
aos inoxidveis austenticos que haja ferrita suficiente em sua microestrutura para
prevenir qualquer tendncia a trincas durante a solidificao. Desta forma, reas
susceptveis a trincas contendo enxofre e fsforo, conhecidos por estarem
associados a problemas de trincas, podem dissolver em ferrita ao invs de precipitar
na austenita. Alm disso, a ausncia de ferrita pode causar trincas por solidificao
longitudinal no metal de adio. No entanto, altas concentraes de ferrita em aos
inoxidveis austenticos podem levar a uma reduo em sua trabalhabilidade a
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quente, e assim, em sua ductilidade. A fim de se balancear as vantagens e
desvantagens da presena de ferrita delta, normalmente se especifica que a frao
volumtrica de ferrita delta na microestrutura varie entre 5 a 10%. A tabela 2.4apresenta os efeitos de interesse e os impactos negativos da ferrita na soldagem de
aos inoxidveis austenticos para utilizao a baixas temperaturas:
Tabela 2.4: Vantagens e desvantagens da presena de ferrita durante a soldagem de aosinoxidveis austenticos para utilizao a baixas temperaturas.
Vantagem Desvantagens
Preveno de trincas durante a
solidificao
Reduo na ductilidade a quente
Reduo na tenacidade a baixas
temperaturas
Estudos anteriores mostraram que se aumentando o nmero de passes na
soldagem por arco submerso em ao inoxidvel 316L levou deteriorao da
ductilidade e resistncia ao impacto no metal da solda atribuda s alteraes
morfolgicas causadas pelo reaquecimento e resfriamento de passes subseqentes
[25].
As soldas nos aos inoxidveis austenticos tambm tendem a falhar por um
mecanismo de fratura frgil decorrente da formao e crescimento de vazios que
eventualmente formam a superfcie da fratura. A resistncia das soldas deve,
portanto, ser aumentada caso outras fases como ferrita, carbetos de cromo e
incluses sejam reduzidas ou eliminadas [4].
A fim de se prever a microestrutura da solda e possveis problemas, podem ser
utilizados diagramas empricos como o Diagrama de Schaeffler (figura 2.18) a partir
da composio qumica do metal em questo, expressa em funo dos teores
equivalentes de cromo (Creq) e de nquel (Nieq).
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Figura 2.18: Diagrama de Schaeffler [45], atravs do qual se pode prever a microestrutura dasolda.
O diagrama de Schaeffler adaptado para soldagem na figura 2.19 est dividido
em regies as quais representam problemas na soldagem de aos inoxidveis:
1. Estrutura totalmente austentica na solidificao, com elevada
sensibilidade formao de trincas durante a solidificao ou perda de
ductilidade acima de 1250C;
2. Altos teores de liga, que acarretam formao de fases intermetlicas aps
aquecimento entre 450C e 900C, levando fragilizao;
3. Estrutura ferrtica, a qual apresenta grande crescimento de gro na zona
afetada pelo calor e zona fundida, levando fragilizao;
4. Formao de martensita na zona afetada pelo calor e zona fundida devido
a elevada temperabilidade, levando fragilizao e fissurao pelo
hidrognio e formao de martensita.
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Figura 2.19: Diagrama de Schaeffler dividido em diferentes regies problemticas durante a
soldagem de aos inoxidveis: formao de trincas de solidificao ou por perda de ductilidade acimade 1250C (1), fragilizao por formao de fases intermetlicas aps aquecimento entre cerca de450C e 900C (2), fragilizao por crescimento de gro (3), fragilizao e fissurao por formao demartensita (4). [23]
Observa-se, na regio central do diagrama, uma rea a qual no atingida por
nenhum dos quatro problemas citados anteriormente. Desta forma, procura-se
utilizar consumveis que levem a esta regio do diagrama aps sua diluio com o
metal de base.
2.4.8 Reaes qumicas durante a soldagem
De acordo com Grong [40], pode-se analisar a transferncia de massa durante a
soldagem considerando-se um modelo de reao de duas fases:
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1. Estgio de alta temperatura: as reaes atingem um estado de pseudo-
equilbrio local;
2. Estgio de resfriamento: as concentraes atingidas no primeiro
estgio se alteram pela rejeio de elementos dissolvidos no lquido.
Conforme indicado na figura 2.20, o estgio de alta temperatura compreende
tanto as interaes gs-metal quanto as interaes escria-metal que ocorrem na
ponta do eletrodo, no plasma do arco ou na parte mais aquecida na poa de fuso, e
caracterizada pela absoro extensiva de elementos no metal lquido. Durante o
estgio de resfriamento que ocorre aps a passagem do arco, a supersaturao
rapidamente aumenta, devido reduo na solubilidade dos elementos com a
reduo das temperaturas. Com isto, o sistema rejeita os elementos dissolvidos no
lquido por uma reao gs-metal (desoro) ou por precipitao de novas fases. No
ltimo caso, a extenso de transferncia de massa determinada pela taxa de
separao dos produtos de reao na poa de fuso. Deve-se notar que a ligao
entre os dois estgios no bem definida, ou seja, a separao de fases pode
ocorrer simultaneamente com a absoro na regio mais aquecida da poa de
fuso.
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Figura 2.20: Modelo de reao de duas fases na poa de fuso. [40]
De acordo com Indacochea et al. [46], atingir o equilbrio das reaes durante o
processo de soldagem improvvel devido aos seguintes fatores:
Grandes gradientes de temperatura;
Grandes gradientes de densidade;
Presena de diferentes fases (escria, metal e plasma);
Alta corrente eltrica;
Grande transferncia de energia pelo arco.
Regio quente da
poa de fuso
Regio fria da poa de
fuso
Temperatura mxima
Rejeio de elementosdissolvidos
Absoro deelementos
Concentrao mxima
Concentrao de equilbrio na temperatura de fuso
Metaldesoldaslido
Metaldesoldaslido
Metaldesoldaslido
Metaldesoldaslido
Temperatura
Concentrao
Tempo
Zona
Cinzenta
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Durante o resfriamento da poa de fuso, a concentrao de oxignio se altera
atravs da reao com desoxidantes presentes no metal de solda. No entanto, a
quantidade de oxignio encontrada analiticamente muito maior que a previstatermodinamicamente [47]. Isto se deve a uma separao de fases incompleta, que
ocorre porque a escria precipitada possui uma densidade menor que o metal de
solda fundido. No entanto, a escria no atinge o topo da regio fundida devido ao
pequeno intervalo de tempo para crescimento e flotao das partculas, de forma
que deve ser considerada a cintica das reaes.
O teor de oxignio em um metal de solda pode ser reduzido atravs de:
Aumento do tempo de reteno da poa de fuso;
Aumento da proporo mangans/silcio.
O aumento do tempo de reteno da poa de fuso est relacionado ao aumento
de tempo disponvel para o crescimento e flotao das partculas de xidos. Esta
teoria leva em conta que a flotao possui papel importante na remoo de produtos
de desoxidao da poa de fuso, sendo que a velocidade mdia de ascenso v das
partculas aproximada pela lei de Stokes:
R = STU V
KW (2.14)
Onde g a constante gravitacional, dp o dimetro da partcula, a diferena
entre a densidade do ao fundido e das incluses, e a viscosidade do ao.
A desoxidao por Si-Mn geralmente leva produo de SiO2e MnO fundidos,
com pequena formao de FeO. Assim, pode-se considerar a reao global entre Si,Mn e O:
Si + 2 (MnO) 2 Mn + (SiO2) (2.15)
Quando o metal de solda apresenta uma alta proporo Mn/Si, a precipitao de
mangans leva ao aumento da atividade de SiO2no produto de reao, permitindo
melhor desoxidao. No entanto, o teor de oxignio em equilbrio tambm depende
da quantidade total de elementos desoxidantes presentes no ao, de maneira queuma alta proporo Mn/Si, por si s, no garanta maior desoxidao. A precipitao
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de mangans deve, em princpio, promover uma melhor separao de fase devido
ao rpido aumento das partculas de xido por coalescncia.
A composio qumica na poa de fuso pode mudar devido a reaes
termoqumicas e eletroqumicas na gota da ponta do arame (durante a transferncia
da mesma) e na poa de fuso em contato com o arco eltrico ou com a escria
fundida [46, 48, 49, 50]. Segundo Blander e Olson [48], as reaes entre diferentes
fases controladas pela interface devem levar em conta aspectos cinticos e
termodinmicos do processo. As densidades de corrente na soldagem por arco
submerso so mais altas na interface da escria com o arame que na interface com
a poa de fuso, de forma que a probabilidade da haver uma interface escria-metal maior na poa de fuso que no arame [51]. Para um arame andico (eletrodo
negativo), a reao andica:
nO2-+ MMOn+ 2 ne (2.16)
Onde M um metal na interface arame-escria e n a valncia de M no xido,
leva a um PO2 relativamente alto no arame, produzindo assim xidos na interface.
Caso o metal M seja Fe, a reao com metais menos nobres como Mn (ou Cr ou Si),:
FeO + Mn MnO + Fe (2.17)
A qual reduz as concentraes de Mn (ou Cr ou Si) na interface metal-xido. O
metal menos nobre difunde para a interface e reage com FeO para formao do
xido. Desta forma, o arame fundido preferencialmente perde os metais menos
nobres para a fase do xido da interface. Aps a formao de uma gotcula formadaa partir do arame se separar do mesmo, a reao eletroqumica cessa, mas reaes
conforme (2.16) continuam a ocorrer. Os xidos produzidos difundem ento tanto
para o metal quanto para o fluxo. A velocidade de dissoluo depende de fatores
cinticos e tambm do potencial qumico do xido na interface, na escria e na fase
metlica. Assim, uma escria pobre em xido de ferro dissolve a maior parte do
produto FeO e reduz o aumento da concentrao de oxignio no metal de solda. Por
outro lado, apenas FeO difunde significativamente no metal devido aos altos
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coeficientes e baixa solubilidade de MnO, Cr2O3 e SiO2 no metal. As reaes
catdicas (em eletrodos positivos) levam eletrodeposio dos metais:
M2++ 2eM (2.18)
Si4++ 4eSi (2.19)
Onde M2+ pode ser Fe2+, Mn2+ ou outros ons metlicos no fluxo, Conforme
representado na figura 2.21:
Figura 2.21: Eletrodeposio de metais em reaes catdicas (eletrodo positivo). Adaptado de[49].
Mesmo quando inicialmente no h a presena de FeO ou MnO, a reao (2.17)
levar formao do mesmo na interface. No contato inicial entre uma gotcula do
arame fundido ou da poa de fuso com a escria, o equilbrio da reao ser
atingido em uma espessura infinitesimal da interface. Caso no haja conveco em
nenhuma das fases, as composies na interface permanecero constantes
Escria fundida
Cavidade
do arco
Poa de fuso
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enquanto o comprimento de difuso for relativamente pequeno em relao s
dimenses das fases.
Uma possvel reao de carbono com SiO2, dada a seguir, pode causar aumento
da concentrao de Si no metal fundido:
2 C + SiO22 CO + Si (2.20)
Para que (2.20) ocorra a uma velocidade significativa, o produto CO deve estar
na forma gasosa, ou seja, uma bolha deve nuclear antes que a fase metlica entre
em contato com o plasma do arco.
Como o teor final de oxignio no metal de solda controlado pela perda de
xidos precipitados antes da solidificao, a fase de separao favorecida pelas
condies turbulentas existentes na regio quente da poa de fuso logo abaixo do
arco [47]. Neste caso, a turbulncia aumenta a probabilidade de coliso e
coalescncia das incluses, alm de favorecer sua subida superfcie.
A seqncia de reaes durante a desoxidao pode ser esquematizada
conforme a figura 2.22. Nela assume-se que o equilbrio entre os reagentes e aescria precipitada mantido at a temperatura de solidificao, de forma que a
poa de fuso possa ser dividida em duas regies principais:
Zona quente da poa de fuso, caracterizada pela oxidao e
desoxidao simultneas do metal, onde a separao de escria
precipitada ocorre continuamente devido elevada turbulncia;
Zona fria da poa de fuso, onde permanece a maioria da escriaprecipitada como partculas finas dispersas, devido baixa turbulncia.
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Figura 2.22: Reaes durante a desoxidao do metal de solda. O grfico direita indica o teorde oxignio para as diferentes faixas de temperaturas ao longo do centro do arco de soldagem. [47]
A fronteira entre as zonas fria e quente da poa de fuso no bem definida,
no entanto depende das condies de soldagem tais como parmetros de soldagem
e fluxo. A concentrao final de oxignio controlada pelo pseudo-equilbrio local
entre reagentes e escria precipitada na zona quente da poa de fuso.
2.5 Soldagem por arco submerso
2.5.1 Histrico
A utilizao de um fluxo granulado juntamente com um arame eletrodo de
alimentao contnua teve incio em 1935 na fabricao de tubos e navios [52]. Entre
1939 e 1945, ocorreu a automatizao do processo, intensificando assim seu uso.
Isto permitiu a rpida construo de equipamentos pesados durante a II Guerra
Mundial, sobretudo navios. Desta forma o processo se consolidou, e os principais
desenvolvimentos realizados esto relacionados aos fluxos e equipamentos
utilizados.
Zona fria da
poa de fuso
Zona quente da
poa de fuso
Desoxidao/
Separao de fase
Oxida oDesoxidao/ Separao
de fase incompleta
Concentrao final de
oxignio no metal de solda
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A utilizao de mltiplos arames na soldagem por arco submerso tem uma de
suas primeiras referncias datada 1954 [25]. No incio da dcada de 1980, Ratzsch
desenvolveu o processo no qual se utiliza dois arames para a soldagem por arcosubmerso de lado nico.
No Brasil, o processo utilizado principalmente na indstria de equipamentos
metlicos tais como tubos, navios, perfis, plataformas martimas, trocadores de calor
e equipamentos pesados, assim como na recuperao de peas como cilindros de
laminao e peas rodantes de tratores [52].
Atualmente, a soldagem por arco submerso o mtodo mais rpido e com
melhor custo x benefcio para soldagem de vasos de presso [53]. Para usos a
baixas temperaturas ou criognicas, so utilizados arames dos tipos 308, 308L, 316
ou 316L. No entanto, na soldagem por arco submerso difcil manter os requisitos
de impacto a temperaturas abaixo de -196 C.
2.5.2 Processo
Na soldagem por arco submerso, o arco eltrico estabelecido entre o arame-
eletrodo e o metal a ser soldado. O arco se estabelece submerso em uma camada
de fluxo, desta forma a soldagem ocorre sem a produo de fascas, luminosidades
e respingos. Consequentemente, o processo possui elevado rendimento metalrgico
[52].
Os fluxos utilizados so projetados para suportar as elevadas correntes de
soldagem usadas no processo [52]. Sua funo de proteger a poa de solda contra
os gases da atmosfera (oxignio e nitrognio) e atuar como desoxidante (limpando o
metal de solda e podendo modificar a composio qumica do metal de solda). Os
fluxos podem ser divididos em:
Aglomerados: constitudos de compostos minerais finamente modos, a
estes adicionado um agente aglomerante, como o silicato de sdio ou depotssio;
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Fundidos: co
aglomerados,
vidro metlicdimenses re
soldagem.
Os eletrodos utiliza
trefilao e possuem fa
geral cobreados a fi
armazenamento.
Durante o processo
do fluxo e a ponta do el
pelo fluxo escorificante (
fluxo, na forma de grn
contra contaminaes e
slida. Ao se deslocar
escria sobrenada e se
um ponto de fuso s
permanece lquida. De
solidificado do oxigni
solidificao da escria
processo se encontra n
Figura 2.23: Soldagem p
stitudos dos mesmos compostos
mas com os ingredientes fundidos em f
, o qual depois reduzido a partculaueridas para assegurar as caracters
os na soldagem por arco submerso
ixas de composies qumicas especifi
de evitar oxidao em sua su
e soldagem, o calor produzido pelo arc
trodo [52]. Desta forma, a zona de sold
fundido) e tambm por uma camada de
los, atua como fundente, alm de prote
atuar como isolante trmico, concentra
eletrodo ao longo da junta, o fluxo f
separa do metal de solda. O metal de
uperior ao da escria, solidifica-se
sta forma, a escria protege o met
e do nitrognio provenientes da
, remove-se esta e o fluxo no fundi
figura 2.22.
r arco submerso. [52]
44
inerais dos fluxos
rno para formar um
granulares com asicas necessrias
so fabricados por
cadas [52]. So em
perfcie durante o
eltrico funde parte
agem fica protegida
fluxo no fundido. O
er o metal de solda
do o calor na parte
ndido na forma de
solda, o qual possui
nquanto a escria
l de solda recm-
atmosfera. Aps a
o. O esquema do
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A soldagem por arco submerso pode ser semi ou totalmente automtica [52]. Em
ambas o eletrodo alimentado de um rolo at a pistola ou cabeote de soldagem. Ofluxo alimentado por gravidade, caindo frente do eletrodo ou concentricamente a
ele. Desta forma, o fluxo e o eletrodo podem ser alterados a qualquer momento,
diferentemente de outros processos com eletrodos revestidos. Alm disso, o
processo permite o uso de uma ampla faixa de intensidade de corrente, tenso e
velocidade de avano.
O processo pode ser realizado com corrente de elevadas intensidades (acima de
2000 A) e altas densidades de corrente (de 60 a 100 A/mm) [52]. Desta forma, h
elevada taxa de deposio, tornando o processo econmico e rpido. Em geral, o
tempo mdio gasto pelo processo de um tero em relao soldagem por
eletrodos revestidos.
Sua maior desvantagem , no entanto, o processo ser obrigatoriamente realizado
na posio plana ou horizontal, pois a camada de fluxo sobre a poa sustentada
pela ao da gravidade [52].
2.5.3 Equipamentos
Os componentes bsicos do equipamento de soldagem por arco submerso
podem ser observados esquematicamente na figura 2.23.
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Figura 2.24: Esquema dos componentes bsicos do equipamento de soldagem por arcosubmerso. [52]
Para a utilizao de corrente contnua na soldagem, as fontes de energia podem
ser do tipo gerador ou transformador-retificador [52]. Para corrente alternada, utiliza-
se transformador. As fontes de energia devem ter capacidade de 600 a 1500 A,
sendo que fontes de menor capacidade podem ser ligadas em paralelo. Nelas, o
controle pode ser:
Tenso constante: mais utilizadas que a soldagem em corrente constante,
a tenso pr-determinada e o sistema corrige automaticamente a
velocidade de alimentao do eletrodo, mantendo desta forma a tensoconstante. A intensidade de corrente ajustada na fonte de energia.
Corrente constante: a intensidade pr-determinada, mantendo-se assim
a velocidade de alimentao do eletrodo constante. A tenso aplicada
ajustada na fonte de energia.
O cabeote de solda composto por motor-redutor, rolos de compresso, guias
para alimentar o eletrodo pea a ser soldada e tubo de contato eltrico, o qualtransmite a corrente ao eletrodo [52].
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47
O fluxo alimentado atravs de um reservatrio acoplado tocha ou cabeote,
o qual alimenta continuamente o sistema [52]. O movimento deste se d por duas
maneiras: o cabeote se movimenta sobre a pea a ser soldada ou a pea se movee o cabeote permanece fixo.
Os equipamentos podem ser:
Arco submerso semi-automtico: o soldador empunha a tocha a qual
conduz o eletrodo e possui um recipiente contendo o fluxo. Os controles
dos parmetros de soldagem so realizados na fonte, exceto a velocidade
de avano, a qual determinada pelo movimento da mo do soldador;
Arco submerso automtico: o operador guia o cabeote sobre a junta a
ser soldada. Os controles se encontram em um painel, geralmente
acoplado ao cabeote;
Arco submerso geminado: a soldagem realizada simultaneamente por
dois eletrodos nus acoplados a um mesmo cabeote e utilizando a
mesma fonte de energia. O processo normalmente utilizado para a
execuo de revestimentos devido a sua baixa diluio e pequena
penetrao;
Arco submerso tandem com dois ou trs eletrodos: diferentemente do
arco submerso geminado, os eletrodos so acoplados em cabeotes
separados, formando assim arcos eltricos distintos ligados a fontes de
energia separadas. Em geral, o 2 e o 3 eletrodos so acoplados a fontes
de corrente alternada;
Arco submerso para soldagem com fita: ideal para revestimentos, pois
permite cordes de solda com at 100 mm de largura. O equipamento
utiliza um cabeote o qual conduz uma fita com 30 a 100 mm de largura
como eletrodo, fornecendo devido a esta largura penetrao e diluio
baixas e elevada taxa de deposio.
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A utilizao de processos com mais de um arame leva a um aumento de
produtividade atravs de uma maior velocidade de soldagem, bem como a uma
menor adio de calor e reduzido potencial de distoro da pea [25].
2.5.4 Parmetros do processo
A corrente eltrica determina a taxa de deposio, a profundidade de penetrao
da poa de solda no metal de base e a quantidade de metal de base fundido.
Mantendo-se os demais parmetros constantes, ao se elevar a corrente aumenta-se
a penetrao e a taxa de deposio. Deve-se salientar a importncia da corrente
escolhida, que deve estar dentro da faixa adequada para o dimetro do eletrodo
utilizado: uma corrente muito