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  • 7/23/2019 Comparao de Juntas Soldas de Ao Inoxidavel AISI 304 Para Aplicao Em Baixa Temperatura Utilizando-se a Soldagem Por SAW

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    RAFAEL EIJI TOMA

    Comparao de juntas soldadas de aoinoxidvel AISI 304 para aplicao em

    baixa temperatura utilizando-se a

    soldagem por arco submerso

    Dissertao apresentada Escola

    Politcnica da Universidade de So

    Paulo para obteno do ttulo de Mestreem Engenharia

    So Paulo, 2012

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    RAFAEL EIJI TOMA

    Comparao de juntas soldadas de aoinoxidvel AISI 304 para aplicao em

    baixa temperatura utilizando-se a

    soldagem por arco submerso

    Dissertao apresentada Escola

    Politcnica da Universidade de So Paulo

    para obteno do ttulo de Mestre emEngenharia

    rea de concentrao: Engenharia

    Metalrgica e de Materiais

    Orientador: Prof. Dr. Srgio Duarte Brandi

    So Paulo, 2012

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    Agradecimentos

    Ao professor Srgio Duarte Brandi, pela orientao e por compartilhar parte deseus conhecimentos, sem os quais a elaborao deste trabalho no seria possvel.

    Lincoln Electric do Brasil, pelo fornecimento dos corpos de prova, realizao

    das soldagens e por terem providenciado os ensaios mecnicos, especialmente ao

    Antonio Cordeiro Souza e Zorailde Morais.

    A Leandro Justino de Paula (Laboratrio de Fenmenos de Superfcie), Raquel

    Camponucci Proiete (Instituto de Pesquisas Tecnolgicas), Antnio Lvio da SilvaNunes (Departamento de Engenharia Metalrgica e de Materiais) e Flvio Gil Alves

    Paiva pela prontido em auxiliar na preparao dos corpos de prova.

    Aos meus pais, Roberto e Luiza, pelo apoio nos momentos difceis e por me

    incentivarem na vida acadmica.

    Promon Engenharia, pelo patrocnio atravs de horas para estudo, e ao

    Oswaldo Boro pela flexibilidade de horrio para execuo deste trabalho.

    A todos que colaboraram direta ou indiretamente na realizao deste trabalho.

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    Resumo

    Aos inoxidveis austenticos so indicados para aplicaes a baixas

    temperaturas por praticamente no apresentarem temperatura de transio

    dctil/frgil. Quando estes aos so soldados h a formao de ferrita na zona

    fundida que, dependendo da morfologia e da quantidade, pode induzir uma

    temperatura de transio dctil/frgil. Este trabalho busca estudar as propriedades

    mecnicas e microestruturais a baixas temperaturas (-100o C) na zona fundida do

    cordo de solda. Chapas de ao inoxidvel AISI 304 com 25,4 mm de espessura

    foram soldadas pelo processo de soldagem a arco submerso, empregando-se um

    arame ER 308L, e dois tipos de fluxos distintos: um neutro e um auto-compensante

    em cromo. Os procedimentos de soldagem foram realizados utilizando-se corrente

    contnua em polaridade reversa e corrente alternada de onda quadrada. Esta

    apresentou melhores resultados de tenacidade que a soldagem em corrente

    contnua para os dois fluxos estudados. Os corpos de prova soldados com fluxo

    neutro apresentaram maior tenacidade que os soldados com fluxo auto-

    compensante em cromo, comparando-se o mesmo tipo de corrente na soldagem.

    Palavras-chave: soldagem por arco submerso, ao inoxidvel AISI 304, baixa

    temperatura.

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    Abstract

    Austenitic stainless steels are recommended for low temperature applications due

    to a very low ductile/brittle transition. When this stainless steel type is welded, there

    is formation of delta ferrite in the fusion zone which, depending on its morphology

    and distribution may increase ductile/brittle temperature transition to higher values

    compared with base metal. This work aims at studying the mechanical properties and

    microstructure at low temperatures (-100o C) on the weld bead fusion zone using AISI

    304 plates 1 inch thick which were welded with submerged arc welding process using

    ER308L and two different fluxes types: a neutral and a chromium auto-compensating

    one. The welding procedures were made using reverse polarity continuous current

    and square wave alternate current. The latter presented better toughness results

    than the continuous current for both fluxes types. The neutral flux led to greater

    toughness than the chromium auto-compensating flux, comparing the same current

    type output.

    Keywords: submerged arc welding, AISI 304 stainless steel, low temperature.

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    Figura 2.14: Microscopia eletrnica de varredura e EDS dos metais de base e de

    solda em corpos de prova de CTOD a -162C: metal de base LT (a), metal de base

    TL (b), eletrodo revestido (c), TIG (d), EDS de (c) (e) e EDS de (d) (f) [36]. ............. 25

    Figura 2.15: Teor de oxignio no metal de solda em funo do ndice de basicidade

    na soldagem por arco submerso de ao carbono [39]. ............................................. 27

    Figura 2.16: Energia de impacto Charpy-V a -196 C para metal de solda 308L a

    arco submerso e soldagens em 316LN realizadas com eletrodos com revestimento

    bsico e de rutilo. [37] ............................................................................................... 28

    Figura 2.17: Efeito do teor de Nitrognio no ensaio Charpy para material soldado por

    eletrodo revestido com e sem tratamento trmico de solubilizao. [43] .................. 29

    Figura 2.18: Diagrama de Schaeffler [45], atravs do qual se pode prever amicroestrutura da solda. ............................................................................................ 34

    Figura 2.19: Diagrama de Schaeffler dividido em diferentes regies problemticas

    durante a soldagem de aos inoxidveis: formao de trincas de solidificao ou por

    perda de ductilidade acima de 1250C (1), fragilizao por formao de fases

    intermetlicas aps aquecimento entre cerca de 450C e 900C (2), fragilizao por

    crescimento de gro (3), fragilizao e fissurao por formao de martensita (4).

    [23] ............................................................................................................................ 35Figura 2.20: Modelo de reao de duas fases na poa de fuso. [40] ...................... 37

    Figura 2.21: Eletrodeposio de metais em reaes catdicas (eletrodo positivo).

    Adaptado de [49]. ...................................................................................................... 40

    Figura 2.22: Reaes durante a desoxidao do metal de solda. O grfico direita

    indica o teor de oxignio para as diferentes faixas de temperaturas ao longo do

    centro do arco de soldagem. [47] .............................................................................. 42

    Figura 2.23: Soldagem por arco submerso. [52] ....................................................... 44Figura 2.24: Esquema dos componentes bsicos do equipamento de soldagem por

    arco submerso. [52] ................................................................................................... 46

    Figura 2.25: Cordo de solda para diferentes polaridades do eletrodo (positiva e

    negativa). [52] ............................................................................................................ 49

    Figura 2.26: Efeito da velocidade de soldagem na velocidade de solidificao

    (prximo linha de centro das soldas) e no formato da poa de fuso na soldagem

    TIG em CCPD (-). [56] ............................................................................................... 51

    Figura 2.27: Regies criadas pelos ciclos trmicos na soldagem: Zona de ligao,

    zona fundida e zona afetada pelo calor no metal de base adaptado de [57]. ........ 53

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    Figura 2.28: Energia livre por unidade de volume (GV) em funo da temperatura (T)

    para um metal puro adaptado de [52]. ................................................................... 54

    Figura 2.29: Regies do diagrama ternrio Cr-Ni-Fe para 70% Fe (a) e 60% Fe (b)

    (Schafmeister e Ergang, 1939). [61] .......................................................................... 55

    Figura 2.30: Morfologias de solidificao da aos inoxidveis austenticos: austenita

    primria com ferrita interdendrtica (a); reao perittica (b) e transformao de

    ferrita primria a austenita + ferrita abaixo da temperatura solidus (c). [37] .............. 56

    Figura 2.31: Morfologia da ferrita em funo da frao volumtrica da mesma. [63] 57

    Figura 2.32: Efeito da composio qumica na morfologia da ferrita e da austenita no

    diagrama pseudo-binrio Fe-Cr-Ni. [30] .................................................................... 58

    Figura 2.33: Microestrutura de solidificao em funo da relao (Cr/Ni)equiv. [65,66] ............................................................................................................................. 60

    Figura 2.34: Regio de ao inoxidvel austentico com microestrutura do tipo A -

    (Cr/Ni)eq< 1,48: Apresenta predominncia de austenita. A ferrita presente apresenta

    morfologia euttica. [65] ............................................................................................ 61

    Figura 2.35: Microestrutura de ao inoxidvel austentico do tipo C - (Cr/Ni)eq > 1,95:

    Apresenta alto teor de ferrita de morfologia acicular. [65] ......................................... 62

    Figura 2.36: Microestrutura de ao inoxidvel austentico do tipo B - 1,48

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    Figura 3.7: Direes observadas nas microscopias ptica e eletrnica de varredura

    nos corpos de prova charpy. ..................................................................................... 74

    Figura 3.8: Representao do metal de base fundido (A) e do metal de adio (B) no

    cordo de solda, para clculo da diluio. ................................................................ 75

    Figura 3.9: Representao do ensaio de dobramento transversal, no qual o corpo de

    prova submetido a uma carga aplicada por um cutelo em sua regio central (no

    caso, a zona fundida) e apoiado sobre dois roletes prximos s extremidades [69]. 76

    Figura 3.10: Regies utilizadas nos corpos de prova dos ensaios Charpy para

    obteno das expanses laterais: Regio deformada (A) e no deformada (B). ...... 77

    Figura 4.1: Teores de cromo e de nquel no metal de base e nos metais depositados

    nos corpos de prova 1 a 4. ........................................................................................ 80

    Figura 4.2: Variao nas concentraes de cromo, nquel, silcio, molibdnio e

    mangans no metal de solda para cada parmetro de soldagem em relao ao metal

    de base. .................................................................................................................... 83

    Figura 4.3: Diluio dos cordes de solda para as diferentes condies de soldagem

    estudadas. ................................................................................................................. 84

    Figura 4.4: Teores mdios de nitrognio e oxignio no metal de base e na zona

    fundida dos corpos de prova. .................................................................................... 86Figura 4.5: Comparao dos teores de enxofre, fsforo e carbono para o metal de

    base e as quatro condies de soldagem estudadas. ............................................... 88

    Figura 4.6: Variao nas concentraes de carbono, enxofre, fsforo, oxignio e

    nitrognio no metal de solda para cada parmetro de soldagem em relao ao metal

    de base. .................................................................................................................... 89

    Figura 4.7: Macrografias dos corpos de prova 1 (a), 2 (b), 3 (c) e 4 (d). ................... 93

    Figura 4.8: Pontos de medio das fraes volumtricas de ferrita. ......................... 94Figura 4.9: Comparao da frao volumtrica de ferrita em diversas regies das

    juntas soldadas dos corpos de prova de 1 a 4. ......................................................... 96

    Figura 4.10: Frao volumtrica mdia de ferrita nas juntas soldadas dos corpos de

    prova de 1 a 4. .......................................................................................................... 97

    Figura 4.11: Fractografia de um corpo de prova Charpy V a -100 C mostrando a

    clivagem da ferrita e a fratura dctil da austenita. So apresentadas tambm as

    composies qumicas das duas regies. MEV, eltrons secundrios. .................... 98

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    Figura 4.25: Superfcie de fratura do corpo de prova 2 (CC/N). A superfcie de fratura

    irregular, novamente indicando mudanas de direo durante a propagao da

    trinca que requerem maior energia para o material fraturar. Microscpio eletrnico

    de varredura, eltrons secundrios. ........................................................................ 120

    Figura 4.26: Superfcie de fratura do corpo de prova 3 (CC/L) (raiz). A superfcie

    apresenta grandes regies planas, indicando menor quantidade de mudanas de

    direo e, consequentemente, absorvendo menos energia durante a propagao da

    trinca. Microscpio eletrnico de varredura, eltrons secundrios. ......................... 121

    Figura 4.27: Superfcie de fratura do corpo de prova 3 (CC/L) (face). A superfcie

    fraturada apresenta grandes regies planas. Microscpio eletrnico de varredura,

    eltrons secundrios. .............................................................................................. 122

    Figura 4.28: Superfcie de fratura do corpo de prova 2 (CC/N). As regies

    austenticas possuem alvolos dcteis em sua microestrutura, e regies que

    ferrticas apresentam fratura por clivagem em um plano distinto. Microscpio

    eletrnico de varredura, eltrons secundrios......................................................... 123

    Figura 4.29: Incluses no corpo de prova 3 (CC/L). Microscpio eletrnico de

    varredura. ................................................................................................................ 124

    Figura B.1: Expanso lateral em funo da energia absorvida nas regies dospasses de solda da face e da raiz para o corpo de prova 1 (CA/N). ....................... 139

    Figura B.2: Expanso lateral em funo da energia absorvida nas regies dos

    passes de solda da face e da raiz para o corpo de prova 2 (CC/N). ....................... 140

    Figura B.3: Expanso lateral em funo da energia absorvida nas regies dos

    passes de solda da face e da raiz para o corpo de prova 3 (CC/L). ........................ 140

    Figura B.4: Expanso lateral em funo da energia absorvida nas regies dos

    passes de solda da face e da raiz para o corpo de prova 4 (CA/L). ........................ 141Figura B.5: Expanso lateral em funo da energia absorvida para os quatro corpos

    de prova nas regies dos passes de solda da raiz. ................................................. 141

    Figura B.6: Expanso lateral em funo da energia absorvida para os quatro corpos

    de prova nas regies dos passes de solda da face. ................................................ 142

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    ndice de Tabelas

    Tabela 2.1: Pontos de ebulio de diferentes gases atmosfricos na temperaturaabsoluta e em graus Celsius presso de 1 atm. Adaptado de [1]. ........................... 2

    Tabela 2.2: Efeitos do aumento da temperatura em aos inoxidveis austenticos. . 24

    Tabela 2.3: Efeitos de diferentes elementos de liga nas propriedades mecnicas de

    aos inoxidveis austenticos a baixas temperaturas. ............................................... 30

    Tabela 2.4: Vantagens e desvantagens da presena de ferrita durante a soldagem

    de aos inoxidveis austenticos para utilizao a baixas temperaturas. .................. 33

    Tabela 2.5: Modos de solidificao em diferentes velocidades na soldagem TIG.Adaptado de [56]. ...................................................................................................... 52

    Tabela 3.1: Composio qumica da chapa de ao AISI 304 utilizado na soldagem.65

    Tabela 3.2: Composio qumica do arame ER 308L utilizado na soldagem. .......... 66

    Tabela 3.3: Composio qumica do fluxo neutro ME. .............................................. 66

    Tabela 3.4: Parmetros de soldagem do corpo de prova 1. ...................................... 67

    Tabela 3.5: Parmetros de soldagem do corpo de prova 2. ...................................... 68

    Tabela 3.6: Parmetros de soldagem do corpo de prova 3. ...................................... 69Tabela 3.7: Parmetros de soldagem do corpo de prova 4. ...................................... 70

    Tabela 4.1: Teores de diversos elementos nos metais depositados dos corpos de

    prova 1, 2, 3 e 4. ....................................................................................................... 79

    Tabela 4.2: Concentrao de diversos elementos no corpo de prova 1 (CA/N). ....... 81

    Tabela 4.3: Concentrao de diversos elementos no corpo de prova 2 (CC/N). ...... 81

    Tabela 4.4: Concentrao de diversos elementos no corpo de prova 3 (CC/L). ....... 82

    Tabela 4.5: Concentrao de diversos elementos no corpo de prova 4 (CA/L). ....... 82

    Tabela 4.6: Teores de oxignio nos corpos de prova 1 a 4 e do metal de base. ...... 85

    Tabela 4.7: Teores de nitrognio nos corpos de prova 1 a 4 e do metal de base. .... 86

    Tabela 4.8: Teores de Nieq e Creq para os corpos de prova 1, 2, 3 e 4 atravs do

    clculo usual do metal de base, da zona fundida e do metal de adio (arame); e

    atravs do clculo proposto por Hammar e Svenson apenas da zona fundida. ........ 91

    Tabela 4.9: Valores de Creq, Nieqe Creq/Nieqpara os metais depositados nos corpos

    de prova de 1 a 4. ..................................................................................................... 92

    Tabela 4.10: Frao volumtrica de ferrita nas juntas dos corpos de prova 1, 2, 3 e 4.

    .................................................................................................................................. 94

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    Face da trinca

    V Velocidade mdia de ascenso de partculas

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    Sumrio

    Ficha Catalogrfica ............................................................................................... 3

    Dedicatria ............................................................................................................ 4

    Agradecimentos .................................................................................................... 5

    Resumo ................................................................................................................. 6

    Abstract ................................................................................................................. 7

    ndice de Figuras .................................................................................................. 8

    ndice de Tabelas ................................................................................................ 14

    Lista de Smbolos ............................................................................................... 16

    Sumrio ............................................................................................................... 18

    Objetivos ............................................................................................................... 1

    Reviso bibliogrfica ............................................................................................. 2

    2.1 Definio de criogenia .................................................................................... 2

    2.2 Mecnica da fratura ........................................................................................ 4

    2.2.1 Conceito de tenacidade .............................................................................. 4

    2.2.2 Ensaio de impacto Charpy ......................................................................... 4

    2.2.3 Tenacidade fratura na deformao plana ................................................ 7

    2.2.4 CTOD ......................................................................................................... 8

    2.2.5 Integral J ................................................................................................... 10

    2.3 Diagramas de fases Fe-Cr-Ni ....................................................................... 13

    2.4 Aos inoxidveis ........................................................................................... 16

    2.4.1 Aos Inoxidveis martensticos ................................................................ 17

    2.4.2 Aos Inoxidveis ferrticos ........................................................................ 17

    2.4.3 Aos Inoxidveis duplex ........................................................................... 18

    2.4.4 Aos Inoxidveis endurecidos por precipitao (envelhecidos) ............... 18

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    2.4.5 Aos Inoxidveis austenticos .................................................................. 19

    2.4.6 Microestrutura e propriedades mecnicas ................................................ 20

    2.4.7 Soldagem de aos inoxidveis austenticos ............................................. 30

    2.4.8 Reaes qumicas durante a soldagem ................................................... 35

    2.5 Soldagem por arco submerso ....................................................................... 42

    2.5.1 Histrico ................................................................................................... 42

    2.5.2 Processo .................................................................................................. 43

    2.5.3 Equipamentos........................................................................................... 45

    2.5.4 Parmetros do processo .......................................................................... 48

    2.5.5 Solidificao da poa de fuso ................................................................. 52

    2.5.6 Solidificao de aos inoxidveis austenticos ......................................... 54

    Materiais e mtodos ............................................................................................ 65

    3.1 Materiais empregados .................................................................................. 65

    3.2 Parmetros de soldagem .............................................................................. 66

    3.3 Ensaios realizados na junta soldada ............................................................ 71

    3.3.1 Composio qumica. ............................................................................... 71

    3.3.2 Caracterizao microestrutural. ................................................................ 72

    3.3.3 Diluio ..................................................................................................... 74

    3.3.4 Propriedades mecnicas. ......................................................................... 75

    3.4 Anlise estatstica ......................................................................................... 77

    Resultados e discusso. ..................................................................................... 79

    4.1 Anlise qumica. ........................................................................................... 79

    4.2 Caracterizao metalogrfica ....................................................................... 92

    4.2.1 Macrografias dos cordes de solda .......................................................... 92

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    4.2.2 Medida da frao volumtrica de ferrita delta ........................................... 93

    4.2.3 Micrografias dos cordes de solda. .......................................................... 98

    4.3 Propriedades mecnicas ............................................................................ 105

    4.3.1 Ensaio de dobramento lateral da junta soldada ..................................... 106

    4.3.2 Ensaio de trao da junta soldada ......................................................... 107

    4.3.3 Ensaio de impacto (Charpy V) de regies da junta soldada ................... 109

    Concluses ....................................................................................................... 127

    Referncias bibliogrficas ................................................................................. 129

    ANEXO A Resultados estatsticos dos ensaios Charpy ................................. 137

    ANEXO B Relao entre expanso lateral e energia absorvida nos ensaios

    Charpy .............................................................................................................. 139

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    Objetivos

    Verificar as diferenas nas propriedades mecnicas a baixas temperaturas e nas

    microestruturas de um ao inoxidvel AISI 304 decorrentes das alteraes nos

    parmetros da soldagem por arco submerso, utilizando-se dois tipos de fluxos (fluxo

    neutro e fluxo auto-compensante em cromo) e dois tipos de corrente distintos

    (corrente contnua e corrente alternada de onda quadrada).

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    Reviso bibliogrfica

    2.1 Definio de criogenia

    Criogenia pode ser definida como: a cincia e tecnologia de temperaturas abaixo

    de 120 K (-153 C), ou como a ramificao da fsica que estuda a produo de

    temperaturas muito baixas e seus efeitos. A temperatura limite de 120 K (-153C), foi

    definida com base nos pontos de ebulio normais dos principais gases

    atmosfricos, conforme mostra a tabela 2.1, bem como do metano, que o principal

    componente do gs natural [1].

    Tabela 2.1: Pontos de ebulio de diferentes gases atmosfricos na temperatura absoluta e emgraus Celsius presso de 1 atm. Adaptado de [1].

    GsPonto de ebulio normal

    (K) ( C)

    Metano 111,6 -161,4

    Oxignio 90,2 -182,8

    Argnio 87,3 -185,7

    Nitrognio 77,3 -195,7

    Neon 27,1 -245,9

    Hidrognio 20,4 -259,6Hlio 4,2 -268,8

    Existe uma faixa de temperatura, que tambm bastante utilizada na indstria

    qumica e petroqumica, que no se enquadra dentro da definio de criogenia. So

    temperaturas de projeto de equipamentos por volta de -100C, que tambm uma

    temperatura baixa, porm acima da temperatura de definio da criogenia (-153 C).

    Esta temperatura de projeto empregada em torres de destilao fracionada para

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    e aceleradores de partculas de alta energia. Atualmente esto em desenvolvimento

    os supercondutores de alta temperatura, que eventualmente substituiro os

    supercondutores atuais em alguns nichos devido a sua maior facilidade deoperao, uma vez que estes operam temperatura de nitrognio lquido (63 K),

    enquanto os materiais atuais requerem criogenia de baixa temperatura (em geral 20

    K ou hlio liquefeito).

    Temperaturas criognicas tambm tm aplicao na preservao de clulas

    biolgicas, uma vez que a cintica das reaes qumicas varia exponencialmente na

    equao de Arrhenius. Desta forma, a cintica pode ser efetivamente bloqueada

    quando a temperatura absoluta se torna menor que sua energia de ativao.

    2.2 Mecnica da fratura

    2.2.1 Conceito de tenacidade

    Tenacidade pode ser definida como a capacidade de um material de absorver

    energia [3] na deformao plstica e fratura. Ela geralmente caracterizada pela

    rea sob uma curva tenso versus deformao de um corpo de prova lentamente

    deformado at a fratura, embora esta no seja a condio ideal para avaliar a

    tenacidade.

    2.2.2 Ensaio de impacto Charpy

    Para a determinao da quantidade de energia absorvida no ensaio de impacto

    com a presena de entalhes, utilizam-se mtodos como o ensaio Charpy, onde um

    pndulo com uma dada energia parte de uma altura inicial, atinge o corpo de prova,

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    causa a sua fratura e atinge uma altura mxima, com a qual se mede a diferena

    entre a energia inicial e a energia dissipada para que ocorra a falha. Quanto menor a

    altura mxima final, maior a tenacidade do material neste ensaio.

    No ensaio Charpy, o corpo de prova possui um entalhe e sofre uma alta taxa de

    deformao no momento da fratura, pois o material deve absorver o impacto do

    pndulo, e o teste realizado em uma faixa de diferentes temperaturas [4]. O corpo

    de prova pode ter diferentes tipos e dimenses dos entalhes, de acordo com a

    norma ASTM E23 [5], como se observa na figura 2.1.

    Figura 2.1: Dimenses para os corpos de prova e dos entalhes para o ensaio de impacto tipoCharpy, segundo a norma ASTM E23 [5].

    Na figura 2.2 observa-se que, conforme a temperatura em que o material

    ensaiado diminui, menor a energia absorvida pelo corpo de prova. Em outras

    palavras, um ao carbono em temperaturas ao redor da temperatura ambiente

    tenaz e quando rompe, o aspecto da fratura tipicamente dctil. Quanto menor a

    temperatura, maior a tendncia do material apresentar uma fratura tipicamente frgil.

    Isto significa que existe uma temperatura onde ocorre a transio frgil-dctil domaterial em anlise. Esta temperatura pode ser estimada de diferentes maneiras [4]

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    como: energia absorvida no ensaio de impacto, porcentagem de fratura frgil da

    superfcie do corpo-de-prova, expanso lateral mnima, etc.

    Figura 2.2: Variao de resultados no ensaio Charpy para diferentes temperaturas em diversos

    materiais metlicos. Adaptado de [4].(1) No foi informado na referncia nenhum dado adicional em relao a estes

    materiais.

    Quando metais so deformados plasticamente, uma frao da energia retida

    internamente, sendo o restante dissipado na forma de calor [7]. A maior poro da

    frao retida internamente est associada movimentao das discordncias.

    As discordncias no se movem com a mesma facilidade em todos os planos

    cristalogrficos dos tomos, nem em todas as direes cristalogrficas, havendo

    uma famlia de planos preferenciais denominados planos de escorregamento e

    uma famlia de direes preferenciais chamadas de direes de escorregamento

    [7]. A discordncia move-se, ento, em um sistema de escorregamento, que o

    conjunto das famlias das direes e planos de escorregamento. Geralmente, a

    famlia de planos e direes de escorregamento so os que possuem a maior

    densidade de empacotamento atmico. Alm do escorregamento, a deformao

    plstica em materiais metlicos tambm pode ocorrer pela formao de maclas

    EnergiaCharpy(J)

    Temperatura

    Alumnio 1

    Ao (1)

    Ao endurecido porprecipitao (18 Ni)

    Ao endurecido por

    precipitao (12 Ni)

    Ao HY-130 (< 0,12% C)

    Ao (1)

    Ao 4340 (0,37 0,43 %C)Alumnio 1

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    mecnicas, fenmeno denominado maclao. Este ltimo mecanismo ocorre para

    elevadas taxas de deformao e/ou temperaturas baixas.

    A resistncia fratura dos materiais foi inicialmente estudada por Griffith [8] em

    1951, sendo definida como uma propriedade que descreve a capacidade de um

    material, contendo uma trinca, de resistir fratura [9]. Para a fratura frgil, a

    resistncia comumente medida como um dado valor, por exemplo pela

    temperatura de transio dctil-frgil obtida atravs do ensaio de impacto em

    diferentes temperaturas, ou caracterizada pelo fator concentrador de tenso K, que

    utilizado para materiais linearmente elsticos, atravs do ensaio de tenacidade a

    fratura. Para a fratura dctil, a resistncia pode ser medida como um dado valor ouno formato de uma curva de resistncia comumente caracterizada pela integral J,

    que usada para materiais elasto-plsticos.

    Outro parmetro importante da mecnica da fratura elasto-plstica,

    denominado CTOD (Crack-tip opening displacement ou abertura de ponta da

    trinca) foi proposto por Wells [10] em 1965 aps a anlise de corpos de prova de

    aos de alta tenacidade fraturados. Dois fatos foram observados:

    As condies no se aplicavam mecnica da fratura elstica;

    As superfcies das trincas se separaram, e a ponta da trinca adquiriu

    um raio de curvatura significativo.

    Com isto, Wells props que este arredondamento fosse utilizado como critrio de

    tenacidade de materiais dcteis, que indicado especialmente para materiais que

    apresentam mudana de comportamento (transio dctil-frgil) com o decrscimo

    da temperatura. A tenacidade pode ser avaliada atravs de diferentes conceitos, que

    sero descritos a seguir.

    2.2.3 Tenacidade fratura na deformao plana

    A tenacidade fratura uma propriedade do sistema representada por Kc, e

    quando medida no estado plano de deformao, simbolizada por KIC[11]. Segundo

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    8

    Rossoll [12], KIc definido como o fator de intensificao de tenso crtico e denota a

    resistncia de um material propagao de uma trinca previamente existente.

    O KIc definido como o fator de tenso crtica e denota a resistncia de um

    material propagao de uma trinca previamente existente [12]. A tenacidade

    fratura corresponde ao mdulo de coeso introduzido por Barenblatt [11]. Entretanto,

    conveniente manter a denominao acima tendo em vista que ela amplamente

    disseminada na engenharia e que ela admite uma influncia do estado de tenso

    sobre esta propriedade (no admitida por Barenblatt).

    O KIc uma propriedade intrnseca do material, ou seja, no depende da

    geometria do componente; j Kc, quando medida fora do estado plano de

    deformao, depender da geometria do sistema e do material. Kcvaria linearmente

    com a espessura da placa no estado plano de tenso [13].

    2.2.4 CTOD

    A princpio o CTOD possua um carter emprico, porm mais tarde foi

    relacionado ao K no limite de plasticidade utilizando as frmulas de Irwin, obtendo-

    se:

    = =

    (2.2)

    Para a equao acima, a fratura ocorre quando K KIcIc. Atravs do

    modelo de Dugdaale-Baremblatt, obtm-se a expresso:

    = =

    (2.3)

    As expresses (2.2) e (2.3) assumem o estado plano de tenso e um material

    que no sofre encruamento. Generalizando, temos:

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    10

    = + =

    + (2.6)

    Figura 2.4: Curva da carga em funo do deslocamento, tpica de um ensaio de CTOD. [11]

    Atravs do CTOD, possvel expandir o escopo da mecnica da fratura para

    casos os quais envolvam plasticidade ilimitada, porm nestes casos no ser umapropriedade intrnseca do material (depender da espessura do metal e da

    geometria do sistema).

    2.2.5 Integral J

    Segundo Silva [6], a integral J definida como uma integral de contorno,

    pressupondo comportamento linear ou no linear da deformao.

    Geralmente uma curva de resistncia baseada na integral J utilizada para

    descrever a resistncia de um material dctil ao incio de formao de uma trinca,

    seu crescimento estvel e instabilidade da ruptura [9]. Devido sua eficcia em

    medir a resistncia, a integral J e a curva J-R se tornaram os parmetros mais

    importantes dos materiais na mecnica da fratura elasto-plstica, e tm sido

    amplamente aplicadas na engenharia. Tais valores de resistncia fratura podem

    servir como base para caracterizao de um material, avaliao de performance e

    garantia de qualidade. Elas tambm podem ser utilizadas para avaliar a tolerncia a

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    11

    danos estruturais, analisar tenses residuais e no gerenciamento de integridade

    estrutural de diversos componentes de engenharia e estruturas.

    A integral J foi introduzida inicialmente por Eshelby [14] em 1951 no estudo dediscordncias e aplicado independentemente por Cherepanov [15] (1967) e Rice [16]

    (1968) para a investigao da propagao de trincas em materiais dcteis. Atravs

    do princpio da conservao de energia, Eshelby demonstrou que para um elemento

    elstico no linear, a integral de linha sobre o contorno , definida por:

    = !"# $%& ' ()(* $,-. (2.7)

    Onde wel= /01 2301 a densidade de energia elstica, T o vetor trao normal,atuando no sentido exterior ao contorno, u o vetor deslocamento (j introduzido

    anteriormente) e dl um elemento de linha no contorno, independente do caminho

    (ou seja, ela se anula se o contorno for fechado, conforme a figura 2.5).

    Figura 2.5: Representao de um contorno de linha em um slido elstico no linear, usado parademonstrar a independncia do caminho da integral J [11].

    A aplicao de J a trincas se baseia no contorno esquematizado na figura 2.6:

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    14

    , em geral, dificilmente atingido; e os diagramas de fases no contemplam as fases

    metaestveis, que podem possuir propriedades tecnolgicas de interesse. Caso haja

    trs componentes no diagrama de fases, este denominado ternrio. A figura 2.7ilustra uma projeo tridimensional de um diagrama de fases ternrio. Projees

    tridimensionais podem ser teis no entendimento da relao entre os elementos em

    um diagrama, porm sua leitura difcil. Uma maneira de facilitar sua interpretao

    pode ser atravs da fixao da temperatura, conforme mostram as figuras 2.8 e 2.9

    ou mantendo-se constante a concentrao de um dos elementos do diagrama

    ternrio, atravs de uma reta paralela a um dos lados do diagrama ternrio, obtendo-

    se um diagrama denominado pseudobinrio. A figura 2.10 mostra o diagrama

    pseudobinrio 70%Fe-Cr-Ni.

    Figura 2.7: Projeo tridimensional de um diagrama de fases ternrio [18].

    Superfcie

    solvus

    Superfcie

    li uidus

    Superfcie

    solidus

    Superfcie

    solidus

    Superfcie

    solvus

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    15

    Figura 2.8: Isoterma do diagrama de fases ternrio Fe-Cr-Ni a 1300 C [20].

    Figura 2.9: Isoterma do diagrama de fases ternrio Fe-Cr-Ni a 650 C [20].

    % mssica Ni

    % mssica Fe % mssica Cr

    % mssica Ni

    % mssica Fe % mssica Cr

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    16

    De acordo com Padilha e Guedes [19], o sistema Fe-Cr-Ni constitui a base dos

    aos inoxidveis. As ligas deste grupo podem apresentar microestrutura ferrtica,

    austentica, martenstica ou ferrtica-austentica, dependendo da composio

    qumica do ao.

    Figura 2.10: Diagrama pseudobinrio 70%Fe-Cr-Ni. [19]

    2.4 Aos inoxidveis

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    17

    Os aos inoxidveis so comumente divididos em cinco grupos distintos:

    martensticos, ferrticos, austenticos, duplex (ferrtico-austenticos) e endurecidos

    por precipitao (envelhecidos) [21]. Cada um destes grupos ser apresentadosucintamente a seguir.

    2.4.1 Aos Inoxidveis martensticos

    Aos inoxidveis martensticos consistem em ligas de cromo e carbono que

    possuem uma estrutura cristalina tetragonal de corpo centrado (TCC) distorcida

    (martenstica) e endurecida. So ferromagnticos, endurecidos por tratamentos

    trmicos e, em geral, com resistncia corroso apenas razovel [21].

    O teor de cromo usualmente se encontra entre 10,5 e 18%, sendo que o teor de

    carbono pode ultrapassar 1,2%. Os teores de cromo e carbono so balanceados

    para garantir uma estrutura martenstica aps o endurecimento. Alguns elementos

    que podem ser adicionados aos aos inoxidveis martensticos e seus respectivosefeitos so:

    Carbonetos so de interesse para maior resistncia ao desgaste ou para

    manter superfcies cortantes;

    Nibio, silcio, tungstnio e vandio podem ser adicionados para modificar

    o efeito da tmpera aps o endurecimento;

    Pequenos teores de nquel podem ser adicionados para aumentar a

    resistncia corroso e a tenacidade;

    Enxofre e selnio melhoram a usinabilidade.

    2.4.2 Aos Inoxidveis ferrticos

    Aos inoxidveis ferrticos so essencialmente ligas contendo cromo comestrutura cristalina cbica de corpo centrada (CCC). So ferromagnticos e podem

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    possuir boa ductilidade e formabilidade, porm sua resistncia a altas temperaturas

    inferior a de aos inoxidveis austenticos. Sua tenacidade relativamente limitada

    a baixas temperaturas [21].

    O teor de cromo pode variar entre 10,5 e at 30%. Alguns aos inoxidveis

    ferrticos podem conter molibdnio, silcio, alumnio, titnio e nibio. Enxofre e

    selnio podem ser adicionados para melhora na usinabilidade.

    2.4.3 Aos Inoxidveis duplex

    Aos inoxidveis duplex possuem em sua microestrutura cristalina tanto ferrita

    cbica de corpo centrado (CCC) quanto austenita cbica de face centrada (CFC)

    [21]. A resistncia corroso de aos inoxidveis duplex semelhante a de aos

    inoxidveis austenticos com elementos de liga similares, porm possuem maior

    resistncia trao e limite de elasticidade, alm de maior resistncia corroso

    sob tenso. Sua tenacidade intermediria entre os aos inoxidveis ferrticos eaustenticos.

    O teor de cada fase funo da composio qumica e do tratamento trmico. A

    maioria das ligas desenvolvida para conter o mesmo teor de cada fase quando

    recozidas. Seus principais elementos de liga so cromo e nquel, porm outros

    elementos (nitrognio, molibdnio, cobre, silcio e tungstnio) podem ser

    adicionados para se controlar o balano micro estrutural e alterar a resistncia

    corroso.

    2.4.4 Aos Inoxidveis endurecidos por precipitao (envelhecidos)

    Aos inoxidveis envelhecidos so ligas cromo-nquel contendo elementos que

    favorecem o endurecimento por precipitao, tais como cobre, alumnio ou titnio.Podem apresentar uma microestrutura tanto austentica quanto ferrtica quando

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    recozidos [21]. Quando apresentam microestrutura austentica, em geral podem ser

    transformados em martensita atravs de tratamentos trmicos. Estes aos

    apresentam elevada dureza devido estrutura martenstica.

    2.4.5 Aos Inoxidveis austenticos

    Aos inoxidveis austenticos possuem uma estrutura cristalina cbica de face

    centrada (CFC). Esta estrutura obtida atravs de elementos austenitizadores, tais

    como nquel, mangans e nitrognio. Estes aos so no magnticos quando

    recozidos e podem ser endurecidos apenas por deformao a frio. Apresentam

    excelentes propriedades criognicas e boa resistncia a altas temperaturas [21].

    O teor de cromo varia entre 16 e 26%, o teor de nquel de at 35% e, de

    mangans, at 15%. A srie 300 contm altos teores de nquel, e mangans at 2%.

    Os aos inoxidveis austenticos representam o maior e mais utilizado grupo

    entre os aos inoxidveis, sendo o ao AISI 304 o mais comum [23]. Apresentam

    baixo limite de escoamento e elevados limite de resistncia e ductilidade

    temperatura ambiente, alm de possuir boa soldabilidade e resistncia corroso.

    Podem ser utilizados tanto a temperaturas criognicas (em que apresentam elevada

    tenacidade) quanto a temperaturas prximas a 600 C (nas quais possuem boa

    resistncia oxidao) [24].

    A srie de aos inoxidveis 300 amplamente utilizada nas indstrias energtica,petroqumica e nuclear para componentes tais como vasos de presso, tubos de

    caldeiras e tubulaes de vapor [25]. Nestas aplicaes, os aos soldados operam a

    temperaturas acima da ambiente. Os aos inoxidveis austenticos tambm so

    largamente utilizados temperatura ambiente ou abaixo dela, como temperaturas

    criognicas. Nestes casos, suas propriedades mecnicas e resistncia corroso

    usualmente so de interesse.

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    21

    Segundo Inoue [32], dependendo da temperatura pode ocorrer um escoamento

    em pequena escala (a temperatura criognica) ou um escoamento em grande escala

    (temperatura baixa, ambiente ou alta) durante a propagao da trinca. Em geral, aferrita acicular apresenta maior resistncia que a ferrita vermicular em uma matriz

    austenca-ferrtica durante escoamento em pequena escala. Isto ocorre porque

    durante a propagao da trinca na ferrita a baixas temperaturas, a ferrita vermicular

    geralmente mais contnua e alinhada que a ferrita acicular, sendo que nesta o

    caminho mdio de propagao da trinca menor que na ferrita vermicular. A

    austenita (dctil) dificulta a propagao da trinca.

    Kamiya e Kumagai [33] verificaram o efeito da microestrutura nas propriedadesmecnicas a baixa temperatura em aos SUS304L soldados por arco submerso. Em

    seu estudo, ocorreu fratura frgil na regio com ferrita delta vermicular. Ibrahim [31]

    observou fratura dctil na austenita caracterizada pela formao de alvolos.

    Segundo Biggs e Pratt [34], os principais requisitos para a fratura nuclear so:

    Acmulo de discordncias no contorno de gro;

    Uma matriz rgida em torno do contorno de gro, onde as

    discordncias esto presas aos tomos de soluto de maneira a retardar

    o escoamento na regio.

    Em seus estudos, os cristais que sofreram fratura frgil falharam por clivagem,

    exibindo superfcies relativamente planas (001). Biggs e Pratt acreditam que a

    fratura por clivagem nucleia no empilhamento de discordncias no contorno de

    macla. Durante a propagao da trinca por clivagem, as tenses frente da trincanucleiam novas maclas, as quais seguram a trinca temporariamente, mas so

    insuficientes para impedir sua propagao.

    temperatura no severa, aos inoxidveis tendem a falhar exclusivamente por

    um mecanismo de ruptura em que micro-vazios nucleiam em incluses e partculas

    de ferrita [25]. Atravs deste mecanismo, os micro-vazios crescem e chegam

    eventual coalescncia, ou seja, juntam-se a micro-vazios vizinhos.

    Consequentemente, a resistncia fratura mdia controlada pela densidade emorfologia das partculas de segunda fase. Devido ferrita ser dctil s

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    22

    temperaturas elevadas e temperatura ambiente, sua frao volumtrica e sua

    morfologia no controlam o mecanismo de fratura, mas sim a densidade de

    incluses. No entanto, a baixas temperaturas a ferrita frgil e pode levar reduona resistncia fratura da solda.

    Liu et al. [35] estudou a fractografia da fratura frgil a baixa temperaturas do ao

    inoxidvel austentico 18Cr-18Mn-N (o ao inoxidvel AISI 304, tambm austentico,

    18Cr-8Ni). Foram verificados o modo de fratura e o comportamento de propagao

    da trinca a 4, 77 e 293 K atravs de ensaio. As curvas tenso x deformao para 4,

    77 e 293 K esto representadas na figura 2.11, j a figura 2.12 mostra a energia

    absorvida nos ensaios Charpy em funo da temperatura.

    Figura 2.11: Curva tenso x deformao do ao 18Cr-18Mn-0,7N para 4, 77 e 293 K [35]. Com areduo da temperatura, observa-se um aumento do limite de escoamento e reduo da deformaoplstica antes da ruptura do material (ductilidade).

    Tenso(MPa)

    Deformao (%)

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    trabalho de Liu et al. [35] A reduo na resistncia trao est associada

    diminuio do componente plstico com o decrscimo da temperatura. A tabela 2.2

    resume o efeito da temperatura nas propriedades mecnicas dos aos inoxidveisaustenticos:

    Tabela 2.2: Efeitos do aumento da temperatura em aos inoxidveis austenticos.

    Propriedade ou capacidade do

    material

    Efeito a partir do aumento da

    temperatura

    Mdulo de elasticidade Pouco se alteraDuctilidade Aumenta

    Tenacidade Aumenta

    Limite de escoamento Diminui

    Figura 2.13: Variao dos valores de CTOD em funo da temperatura no metal de base (LT eTL) e de solda (soldagens TIG e por eletrodo revestido) [29]. A componente elstica da deformao

    permanece praticamente inalterada com a variao da temperatura, ao contrrio da componenteplstica que aumenta com a temperatura.

    TLTIG

    Eletrodo Revestido

    - Plstica

    - Elstica

    Temperatura(C)

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    O ndice de basicidade utilizado principalmente para se determinar o aumento

    no teor de oxignio na soldagem por arco submerso, uma vez que ele fornece uma

    medida aproximada da capacidade de oxidao do fluxo [40]. H diversasexpresses sugeridas para o clculo do ndice de basicidade, sendo a equao a

    seguir proposta por Eagar [39]:

    7 8 = 9: ;*#5?#@

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    Figura 2.15: Teor de oxignio no metal de solda em funo do ndice de basicidade na soldagempor arco submerso de ao carbono [39].

    Fatores que afetam a resistncia de aos inoxidveis austenticos a baixas

    temperaturas so os teores de carbono, cromo, nquel, oxignio e ferrita [37].

    Carbono aumenta a resistncia da matriz, porm aumenta o teor de partculas de

    segunda fase. Um aumento no teor de carbono afeta a facilidade para ocorrer a

    coalescncia de alvolos, reduzindo a energia necessria para fraturar o material em

    cerca de 2,4 J para cada 0,01% C a -196 C. Preferencialmente, o teor de carbono

    para aplicaes sub-zero mantido abaixo de 0,04%.

    Cromo o maior elemento formador de carboneto, por isso reduz a resistncia

    fratura em aproximadamente 1,2 J para cada 1% Cr a -196 C [37]. Nquel favorece

    a formao de austenita, aumentando a resistncia fratura, mas Molibdnio, por

    ser um formador de ferrita, tambm leva a reduo da mesma. Para um metal de

    solda 308L em arco submerso, os resultados de teste de impacto Charpy-V a 20 C

    e -196 C so dados, respectivamente, por:

    KV+20= 1491,1 386,2 O2 3,3 FN (2.12)

    KV-196= 95,1 310,7 O2 1,5 FN (2.13)

    ndice de basicidade

    TeordeOxignio(%m

    ssica)

    Fluxos cidos

    Fluxos bsicos

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    Onde O2 o teor d

    Hgg [41], um baixo teo

    vai de acordo com os eque apresenta a energi

    teor de oxignio para sol

    Figura 2.16: Energia de i

    soldagens em 316LN realiza

    O mangans atua d

    de acordo com sua con

    austenitizador, j em co

    O nitrognio, de ma

    [37, 42]. Este efeito vdiferentes equilbrios da

    EnergiadeImpactoCharpya-196C

    (J)

    oxignio em massa e FN o nmero

    r de oxignio leva a uma maior resistn

    perimentos de Lancaster [37], represende impacto no ensaio Charpy-V a -1

    dagens a arco submerso.

    pacto Charpy-V a -196 C para metal de solda

    as com eletrodos com revestimento bsico e de

    duas maneiras distintas em aos inoxi

    entrao: Quando em baixas concentra

    centraes entre 5% e 8%, age como f

    eira similar ao oxignio, favorece a for

    aria com a temperatura. Isto pode es fases em diferentes temperaturas, o

    Bsico

    316LN

    Rutlico316LN

    Arco

    Submerso

    308L

    Teor de Oxignio (% mssica)

    28

    de ferrita. Segundo

    ia a impacto, o que

    tados na figura 2.166 C em funo do

    308L a arco submerso e

    rutilo. [37]

    dveis austenticos,

    es, atua como um

    rritizador.

    mao de austenita

    star associado aosa fatores cinticos

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    como a difuso destes elementos intersticiais: Uma maior facilidade de difuso de

    nitrognio e oxignio favorece a transformao de ferrita em austenita durante o

    resfriamento.

    O estudo de Enjo, Kikuchi e Moroi [43] indicou que o aumento no teor de

    nitrognio em um ao inoxidvel AISI 304 benfico em sua capacidade de

    absorver impactos at aproximadamente 1600~1700 ppm, conforme a figura 2.17.

    Provavelmente at esta concentrao, o nitrognio dissolvido pela austenita. A

    partir desta faixa, deve ocorrer sua precipitao.

    Figura 2.17: Efeito do teor de Nitrognio no ensaio Charpy para material soldado por eletrodo

    revestido com e sem tratamento trmico de solubilizao. [43]

    Solubilizado

    Conforme soldado

    ValordeImpactoCharpy(J/cm)

    Teor de Nitrognio (ppm)

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    A tabela 2.3 a seguir apresenta resumidamente os efeitos de diferentes

    elementos de liga nas propriedades mecnicas de aos inoxidveis austenticos a

    baixas temperaturas:

    Tabela 2.3: Efeitos de diferentes elementos de liga nas propriedades mecnicas de aosinoxidveis austenticos a baixas temperaturas.

    Elemento

    de ligaEfeitos positivos Efeitos negativos

    OAge como austenitizador (sua

    difuso facilita a transformao

    de ferrita em austenita).

    Reduz ductilidade.

    CAumenta resistncia fratura da

    matriz.

    Aumenta teor de partculas de

    segunda fase.

    Cr -Reduz resistncia fratura

    (favorece formao de carboneto).

    NiAumenta resistncia fratura

    (favorece formao de austenita).-

    Mo -Reduz resistncia fratura

    (favorece formao de ferrita).

    Mn

    Age como austenitizador (em

    baixas concentraes).

    Age tambm como ferritizador (em

    concentraes entre 5% e 8%).

    N

    Age como austenitizador (sua

    difuso facilita a transformao

    de ferrita em austenita).

    -

    2.4.7 Soldagem de aos inoxidveis austenticos

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    Os processos mais utilizados para a soldagem de aos inoxidveis so [23]:

    SMAW (Shielded Metal Arc Welding eletrodo revestido);

    GTAW (Gas Tungsten Arc Welding - TIG);

    GMAW (Gas Metal Arc Welding MIG/MAG).

    A soldagem por eletrodo revestido utilizada para servios em geral

    (particularmente no campo e em diferentes posies), por TIG na soldagem de

    peas de menor espessura, e por MIG/MAG para juntas mais espessas

    (apresentando maior produtividade) [23].

    Segundo Modenesi [23], a soldagem de aos inoxidveis necessita de limpeza a

    fim de minimizar contaminaes as quais podem reduzir sua resistncia corroso.

    Tambm se devem ter cuidados com a forma do cordo, pois irregularidades na

    superfcie podem acumular sujeira e iniciar corroso. Algumas diferenas nas

    propriedades fsicas entre aos comuns e inoxidveis tambm devem ser levadas

    em conta durante a soldagem:

    Menor temperatura de fuso;

    Menor condutividade trmica;

    Maior coeficiente de expanso trmica;

    Maior resistncia eltrica.

    Aos inoxidveis austenticos so relativamente simples de se soldar, exceto

    aos com adio de enxofre (para melhorar usinabilidade) [23]. Os aos austenticos

    apresentam coeficiente de expanso trmica cerca de 45% maior, maior resistncia

    eltrica e menor condutividade trmica que aos doces. Caso o teor de carbono seja

    maior que 0,06%, pode ocorrer a precipitao de carbonetos nos contornos de gro

    da zona afetada pelo calor durante o ciclo trmico da soldagem, prejudicando assim

    sua resistncia corroso. Para minimizar este efeito, recomenda-se que a

    soldagem seja realizada com maior velocidade de deslocamento.

    Devido sua menor temperatura de fuso e condutividade trmica, os aosinoxidveis austenticos geralmente utilizam uma corrente de soldagem menor que a

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    utilizada para aos doces [23]. Porm, devido ao metal de solda de aos inoxidveis

    austenticos apresentarem maior viscosidade, a corrente de soldagem no pode ser

    muito baixa pois leva falta de penetrao. Seu maior coeficiente de expansotrmica os torna susceptveis a distores durante a soldagem, sendo necessrias

    tcnicas para minimiz-las. Por exemplo, utilizam-se dispositivos de fixao e

    ponteamento cuidadoso na soldagem de chapas finas. Para aplicaes criognicas,

    em que necessria uma estrutura completamente austentica na regio da solda,

    deve-se utilizar eletrodos com baixos teores de enxofre e fsforo e elevada relao

    Mn/S, alm de procurar minimizar as tenses na solda.

    As dificuldades encontradas na soldagem de aos inoxidveis so oriundas dereaes de micro constituintes dos aos temperatura de soldagem, ou de

    interaes entre os aos e ligas dissimilares [23]. A fim de eliminar a diluio,

    necessrio utilizar uma baixa energia de soldagem durante o primeiro passo de

    soldagem. Isto pode ser realizado com um eletrodo de dimetro pequeno a uma

    corrente mais baixa e uma tenso mais alta. Tambm podem ser utilizados metais

    de adio que fornecem maior quantidade de elementos de liga, a fim de compensar

    possveis diluies.

    Em aos inoxidveis austenticos, como o AISI 304, a resistncia corroso da

    zona afetada pelo calor de uma solda pode ser seriamente reduzida pela

    precipitao de partculas de carbeto de cromo ao longo dos contornos de gros,

    que resulta em sua sensitizao. A depleo em cromo na regio adjacente aos

    contornos de gros reduz a resistncia corroso da matriz devido ao cromo

    precipitado na forma de carbeto [44].

    De acordo com Chi et al. [25], um dos requisitos das soldas para a maioria dos

    aos inoxidveis austenticos que haja ferrita suficiente em sua microestrutura para

    prevenir qualquer tendncia a trincas durante a solidificao. Desta forma, reas

    susceptveis a trincas contendo enxofre e fsforo, conhecidos por estarem

    associados a problemas de trincas, podem dissolver em ferrita ao invs de precipitar

    na austenita. Alm disso, a ausncia de ferrita pode causar trincas por solidificao

    longitudinal no metal de adio. No entanto, altas concentraes de ferrita em aos

    inoxidveis austenticos podem levar a uma reduo em sua trabalhabilidade a

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    quente, e assim, em sua ductilidade. A fim de se balancear as vantagens e

    desvantagens da presena de ferrita delta, normalmente se especifica que a frao

    volumtrica de ferrita delta na microestrutura varie entre 5 a 10%. A tabela 2.4apresenta os efeitos de interesse e os impactos negativos da ferrita na soldagem de

    aos inoxidveis austenticos para utilizao a baixas temperaturas:

    Tabela 2.4: Vantagens e desvantagens da presena de ferrita durante a soldagem de aosinoxidveis austenticos para utilizao a baixas temperaturas.

    Vantagem Desvantagens

    Preveno de trincas durante a

    solidificao

    Reduo na ductilidade a quente

    Reduo na tenacidade a baixas

    temperaturas

    Estudos anteriores mostraram que se aumentando o nmero de passes na

    soldagem por arco submerso em ao inoxidvel 316L levou deteriorao da

    ductilidade e resistncia ao impacto no metal da solda atribuda s alteraes

    morfolgicas causadas pelo reaquecimento e resfriamento de passes subseqentes

    [25].

    As soldas nos aos inoxidveis austenticos tambm tendem a falhar por um

    mecanismo de fratura frgil decorrente da formao e crescimento de vazios que

    eventualmente formam a superfcie da fratura. A resistncia das soldas deve,

    portanto, ser aumentada caso outras fases como ferrita, carbetos de cromo e

    incluses sejam reduzidas ou eliminadas [4].

    A fim de se prever a microestrutura da solda e possveis problemas, podem ser

    utilizados diagramas empricos como o Diagrama de Schaeffler (figura 2.18) a partir

    da composio qumica do metal em questo, expressa em funo dos teores

    equivalentes de cromo (Creq) e de nquel (Nieq).

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    Figura 2.18: Diagrama de Schaeffler [45], atravs do qual se pode prever a microestrutura dasolda.

    O diagrama de Schaeffler adaptado para soldagem na figura 2.19 est dividido

    em regies as quais representam problemas na soldagem de aos inoxidveis:

    1. Estrutura totalmente austentica na solidificao, com elevada

    sensibilidade formao de trincas durante a solidificao ou perda de

    ductilidade acima de 1250C;

    2. Altos teores de liga, que acarretam formao de fases intermetlicas aps

    aquecimento entre 450C e 900C, levando fragilizao;

    3. Estrutura ferrtica, a qual apresenta grande crescimento de gro na zona

    afetada pelo calor e zona fundida, levando fragilizao;

    4. Formao de martensita na zona afetada pelo calor e zona fundida devido

    a elevada temperabilidade, levando fragilizao e fissurao pelo

    hidrognio e formao de martensita.

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    Figura 2.19: Diagrama de Schaeffler dividido em diferentes regies problemticas durante a

    soldagem de aos inoxidveis: formao de trincas de solidificao ou por perda de ductilidade acimade 1250C (1), fragilizao por formao de fases intermetlicas aps aquecimento entre cerca de450C e 900C (2), fragilizao por crescimento de gro (3), fragilizao e fissurao por formao demartensita (4). [23]

    Observa-se, na regio central do diagrama, uma rea a qual no atingida por

    nenhum dos quatro problemas citados anteriormente. Desta forma, procura-se

    utilizar consumveis que levem a esta regio do diagrama aps sua diluio com o

    metal de base.

    2.4.8 Reaes qumicas durante a soldagem

    De acordo com Grong [40], pode-se analisar a transferncia de massa durante a

    soldagem considerando-se um modelo de reao de duas fases:

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    1. Estgio de alta temperatura: as reaes atingem um estado de pseudo-

    equilbrio local;

    2. Estgio de resfriamento: as concentraes atingidas no primeiro

    estgio se alteram pela rejeio de elementos dissolvidos no lquido.

    Conforme indicado na figura 2.20, o estgio de alta temperatura compreende

    tanto as interaes gs-metal quanto as interaes escria-metal que ocorrem na

    ponta do eletrodo, no plasma do arco ou na parte mais aquecida na poa de fuso, e

    caracterizada pela absoro extensiva de elementos no metal lquido. Durante o

    estgio de resfriamento que ocorre aps a passagem do arco, a supersaturao

    rapidamente aumenta, devido reduo na solubilidade dos elementos com a

    reduo das temperaturas. Com isto, o sistema rejeita os elementos dissolvidos no

    lquido por uma reao gs-metal (desoro) ou por precipitao de novas fases. No

    ltimo caso, a extenso de transferncia de massa determinada pela taxa de

    separao dos produtos de reao na poa de fuso. Deve-se notar que a ligao

    entre os dois estgios no bem definida, ou seja, a separao de fases pode

    ocorrer simultaneamente com a absoro na regio mais aquecida da poa de

    fuso.

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    Figura 2.20: Modelo de reao de duas fases na poa de fuso. [40]

    De acordo com Indacochea et al. [46], atingir o equilbrio das reaes durante o

    processo de soldagem improvvel devido aos seguintes fatores:

    Grandes gradientes de temperatura;

    Grandes gradientes de densidade;

    Presena de diferentes fases (escria, metal e plasma);

    Alta corrente eltrica;

    Grande transferncia de energia pelo arco.

    Regio quente da

    poa de fuso

    Regio fria da poa de

    fuso

    Temperatura mxima

    Rejeio de elementosdissolvidos

    Absoro deelementos

    Concentrao mxima

    Concentrao de equilbrio na temperatura de fuso

    Metaldesoldaslido

    Metaldesoldaslido

    Metaldesoldaslido

    Metaldesoldaslido

    Temperatura

    Concentrao

    Tempo

    Zona

    Cinzenta

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    Durante o resfriamento da poa de fuso, a concentrao de oxignio se altera

    atravs da reao com desoxidantes presentes no metal de solda. No entanto, a

    quantidade de oxignio encontrada analiticamente muito maior que a previstatermodinamicamente [47]. Isto se deve a uma separao de fases incompleta, que

    ocorre porque a escria precipitada possui uma densidade menor que o metal de

    solda fundido. No entanto, a escria no atinge o topo da regio fundida devido ao

    pequeno intervalo de tempo para crescimento e flotao das partculas, de forma

    que deve ser considerada a cintica das reaes.

    O teor de oxignio em um metal de solda pode ser reduzido atravs de:

    Aumento do tempo de reteno da poa de fuso;

    Aumento da proporo mangans/silcio.

    O aumento do tempo de reteno da poa de fuso est relacionado ao aumento

    de tempo disponvel para o crescimento e flotao das partculas de xidos. Esta

    teoria leva em conta que a flotao possui papel importante na remoo de produtos

    de desoxidao da poa de fuso, sendo que a velocidade mdia de ascenso v das

    partculas aproximada pela lei de Stokes:

    R = STU V

    KW (2.14)

    Onde g a constante gravitacional, dp o dimetro da partcula, a diferena

    entre a densidade do ao fundido e das incluses, e a viscosidade do ao.

    A desoxidao por Si-Mn geralmente leva produo de SiO2e MnO fundidos,

    com pequena formao de FeO. Assim, pode-se considerar a reao global entre Si,Mn e O:

    Si + 2 (MnO) 2 Mn + (SiO2) (2.15)

    Quando o metal de solda apresenta uma alta proporo Mn/Si, a precipitao de

    mangans leva ao aumento da atividade de SiO2no produto de reao, permitindo

    melhor desoxidao. No entanto, o teor de oxignio em equilbrio tambm depende

    da quantidade total de elementos desoxidantes presentes no ao, de maneira queuma alta proporo Mn/Si, por si s, no garanta maior desoxidao. A precipitao

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    de mangans deve, em princpio, promover uma melhor separao de fase devido

    ao rpido aumento das partculas de xido por coalescncia.

    A composio qumica na poa de fuso pode mudar devido a reaes

    termoqumicas e eletroqumicas na gota da ponta do arame (durante a transferncia

    da mesma) e na poa de fuso em contato com o arco eltrico ou com a escria

    fundida [46, 48, 49, 50]. Segundo Blander e Olson [48], as reaes entre diferentes

    fases controladas pela interface devem levar em conta aspectos cinticos e

    termodinmicos do processo. As densidades de corrente na soldagem por arco

    submerso so mais altas na interface da escria com o arame que na interface com

    a poa de fuso, de forma que a probabilidade da haver uma interface escria-metal maior na poa de fuso que no arame [51]. Para um arame andico (eletrodo

    negativo), a reao andica:

    nO2-+ MMOn+ 2 ne (2.16)

    Onde M um metal na interface arame-escria e n a valncia de M no xido,

    leva a um PO2 relativamente alto no arame, produzindo assim xidos na interface.

    Caso o metal M seja Fe, a reao com metais menos nobres como Mn (ou Cr ou Si),:

    FeO + Mn MnO + Fe (2.17)

    A qual reduz as concentraes de Mn (ou Cr ou Si) na interface metal-xido. O

    metal menos nobre difunde para a interface e reage com FeO para formao do

    xido. Desta forma, o arame fundido preferencialmente perde os metais menos

    nobres para a fase do xido da interface. Aps a formao de uma gotcula formadaa partir do arame se separar do mesmo, a reao eletroqumica cessa, mas reaes

    conforme (2.16) continuam a ocorrer. Os xidos produzidos difundem ento tanto

    para o metal quanto para o fluxo. A velocidade de dissoluo depende de fatores

    cinticos e tambm do potencial qumico do xido na interface, na escria e na fase

    metlica. Assim, uma escria pobre em xido de ferro dissolve a maior parte do

    produto FeO e reduz o aumento da concentrao de oxignio no metal de solda. Por

    outro lado, apenas FeO difunde significativamente no metal devido aos altos

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    coeficientes e baixa solubilidade de MnO, Cr2O3 e SiO2 no metal. As reaes

    catdicas (em eletrodos positivos) levam eletrodeposio dos metais:

    M2++ 2eM (2.18)

    Si4++ 4eSi (2.19)

    Onde M2+ pode ser Fe2+, Mn2+ ou outros ons metlicos no fluxo, Conforme

    representado na figura 2.21:

    Figura 2.21: Eletrodeposio de metais em reaes catdicas (eletrodo positivo). Adaptado de[49].

    Mesmo quando inicialmente no h a presena de FeO ou MnO, a reao (2.17)

    levar formao do mesmo na interface. No contato inicial entre uma gotcula do

    arame fundido ou da poa de fuso com a escria, o equilbrio da reao ser

    atingido em uma espessura infinitesimal da interface. Caso no haja conveco em

    nenhuma das fases, as composies na interface permanecero constantes

    Escria fundida

    Cavidade

    do arco

    Poa de fuso

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    enquanto o comprimento de difuso for relativamente pequeno em relao s

    dimenses das fases.

    Uma possvel reao de carbono com SiO2, dada a seguir, pode causar aumento

    da concentrao de Si no metal fundido:

    2 C + SiO22 CO + Si (2.20)

    Para que (2.20) ocorra a uma velocidade significativa, o produto CO deve estar

    na forma gasosa, ou seja, uma bolha deve nuclear antes que a fase metlica entre

    em contato com o plasma do arco.

    Como o teor final de oxignio no metal de solda controlado pela perda de

    xidos precipitados antes da solidificao, a fase de separao favorecida pelas

    condies turbulentas existentes na regio quente da poa de fuso logo abaixo do

    arco [47]. Neste caso, a turbulncia aumenta a probabilidade de coliso e

    coalescncia das incluses, alm de favorecer sua subida superfcie.

    A seqncia de reaes durante a desoxidao pode ser esquematizada

    conforme a figura 2.22. Nela assume-se que o equilbrio entre os reagentes e aescria precipitada mantido at a temperatura de solidificao, de forma que a

    poa de fuso possa ser dividida em duas regies principais:

    Zona quente da poa de fuso, caracterizada pela oxidao e

    desoxidao simultneas do metal, onde a separao de escria

    precipitada ocorre continuamente devido elevada turbulncia;

    Zona fria da poa de fuso, onde permanece a maioria da escriaprecipitada como partculas finas dispersas, devido baixa turbulncia.

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    Figura 2.22: Reaes durante a desoxidao do metal de solda. O grfico direita indica o teorde oxignio para as diferentes faixas de temperaturas ao longo do centro do arco de soldagem. [47]

    A fronteira entre as zonas fria e quente da poa de fuso no bem definida,

    no entanto depende das condies de soldagem tais como parmetros de soldagem

    e fluxo. A concentrao final de oxignio controlada pelo pseudo-equilbrio local

    entre reagentes e escria precipitada na zona quente da poa de fuso.

    2.5 Soldagem por arco submerso

    2.5.1 Histrico

    A utilizao de um fluxo granulado juntamente com um arame eletrodo de

    alimentao contnua teve incio em 1935 na fabricao de tubos e navios [52]. Entre

    1939 e 1945, ocorreu a automatizao do processo, intensificando assim seu uso.

    Isto permitiu a rpida construo de equipamentos pesados durante a II Guerra

    Mundial, sobretudo navios. Desta forma o processo se consolidou, e os principais

    desenvolvimentos realizados esto relacionados aos fluxos e equipamentos

    utilizados.

    Zona fria da

    poa de fuso

    Zona quente da

    poa de fuso

    Desoxidao/

    Separao de fase

    Oxida oDesoxidao/ Separao

    de fase incompleta

    Concentrao final de

    oxignio no metal de solda

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    A utilizao de mltiplos arames na soldagem por arco submerso tem uma de

    suas primeiras referncias datada 1954 [25]. No incio da dcada de 1980, Ratzsch

    desenvolveu o processo no qual se utiliza dois arames para a soldagem por arcosubmerso de lado nico.

    No Brasil, o processo utilizado principalmente na indstria de equipamentos

    metlicos tais como tubos, navios, perfis, plataformas martimas, trocadores de calor

    e equipamentos pesados, assim como na recuperao de peas como cilindros de

    laminao e peas rodantes de tratores [52].

    Atualmente, a soldagem por arco submerso o mtodo mais rpido e com

    melhor custo x benefcio para soldagem de vasos de presso [53]. Para usos a

    baixas temperaturas ou criognicas, so utilizados arames dos tipos 308, 308L, 316

    ou 316L. No entanto, na soldagem por arco submerso difcil manter os requisitos

    de impacto a temperaturas abaixo de -196 C.

    2.5.2 Processo

    Na soldagem por arco submerso, o arco eltrico estabelecido entre o arame-

    eletrodo e o metal a ser soldado. O arco se estabelece submerso em uma camada

    de fluxo, desta forma a soldagem ocorre sem a produo de fascas, luminosidades

    e respingos. Consequentemente, o processo possui elevado rendimento metalrgico

    [52].

    Os fluxos utilizados so projetados para suportar as elevadas correntes de

    soldagem usadas no processo [52]. Sua funo de proteger a poa de solda contra

    os gases da atmosfera (oxignio e nitrognio) e atuar como desoxidante (limpando o

    metal de solda e podendo modificar a composio qumica do metal de solda). Os

    fluxos podem ser divididos em:

    Aglomerados: constitudos de compostos minerais finamente modos, a

    estes adicionado um agente aglomerante, como o silicato de sdio ou depotssio;

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    Fundidos: co

    aglomerados,

    vidro metlicdimenses re

    soldagem.

    Os eletrodos utiliza

    trefilao e possuem fa

    geral cobreados a fi

    armazenamento.

    Durante o processo

    do fluxo e a ponta do el

    pelo fluxo escorificante (

    fluxo, na forma de grn

    contra contaminaes e

    slida. Ao se deslocar

    escria sobrenada e se

    um ponto de fuso s

    permanece lquida. De

    solidificado do oxigni

    solidificao da escria

    processo se encontra n

    Figura 2.23: Soldagem p

    stitudos dos mesmos compostos

    mas com os ingredientes fundidos em f

    , o qual depois reduzido a partculaueridas para assegurar as caracters

    os na soldagem por arco submerso

    ixas de composies qumicas especifi

    de evitar oxidao em sua su

    e soldagem, o calor produzido pelo arc

    trodo [52]. Desta forma, a zona de sold

    fundido) e tambm por uma camada de

    los, atua como fundente, alm de prote

    atuar como isolante trmico, concentra

    eletrodo ao longo da junta, o fluxo f

    separa do metal de solda. O metal de

    uperior ao da escria, solidifica-se

    sta forma, a escria protege o met

    e do nitrognio provenientes da

    , remove-se esta e o fluxo no fundi

    figura 2.22.

    r arco submerso. [52]

    44

    inerais dos fluxos

    rno para formar um

    granulares com asicas necessrias

    so fabricados por

    cadas [52]. So em

    perfcie durante o

    eltrico funde parte

    agem fica protegida

    fluxo no fundido. O

    er o metal de solda

    do o calor na parte

    ndido na forma de

    solda, o qual possui

    nquanto a escria

    l de solda recm-

    atmosfera. Aps a

    o. O esquema do

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    A soldagem por arco submerso pode ser semi ou totalmente automtica [52]. Em

    ambas o eletrodo alimentado de um rolo at a pistola ou cabeote de soldagem. Ofluxo alimentado por gravidade, caindo frente do eletrodo ou concentricamente a

    ele. Desta forma, o fluxo e o eletrodo podem ser alterados a qualquer momento,

    diferentemente de outros processos com eletrodos revestidos. Alm disso, o

    processo permite o uso de uma ampla faixa de intensidade de corrente, tenso e

    velocidade de avano.

    O processo pode ser realizado com corrente de elevadas intensidades (acima de

    2000 A) e altas densidades de corrente (de 60 a 100 A/mm) [52]. Desta forma, h

    elevada taxa de deposio, tornando o processo econmico e rpido. Em geral, o

    tempo mdio gasto pelo processo de um tero em relao soldagem por

    eletrodos revestidos.

    Sua maior desvantagem , no entanto, o processo ser obrigatoriamente realizado

    na posio plana ou horizontal, pois a camada de fluxo sobre a poa sustentada

    pela ao da gravidade [52].

    2.5.3 Equipamentos

    Os componentes bsicos do equipamento de soldagem por arco submerso

    podem ser observados esquematicamente na figura 2.23.

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    Figura 2.24: Esquema dos componentes bsicos do equipamento de soldagem por arcosubmerso. [52]

    Para a utilizao de corrente contnua na soldagem, as fontes de energia podem

    ser do tipo gerador ou transformador-retificador [52]. Para corrente alternada, utiliza-

    se transformador. As fontes de energia devem ter capacidade de 600 a 1500 A,

    sendo que fontes de menor capacidade podem ser ligadas em paralelo. Nelas, o

    controle pode ser:

    Tenso constante: mais utilizadas que a soldagem em corrente constante,

    a tenso pr-determinada e o sistema corrige automaticamente a

    velocidade de alimentao do eletrodo, mantendo desta forma a tensoconstante. A intensidade de corrente ajustada na fonte de energia.

    Corrente constante: a intensidade pr-determinada, mantendo-se assim

    a velocidade de alimentao do eletrodo constante. A tenso aplicada

    ajustada na fonte de energia.

    O cabeote de solda composto por motor-redutor, rolos de compresso, guias

    para alimentar o eletrodo pea a ser soldada e tubo de contato eltrico, o qualtransmite a corrente ao eletrodo [52].

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    O fluxo alimentado atravs de um reservatrio acoplado tocha ou cabeote,

    o qual alimenta continuamente o sistema [52]. O movimento deste se d por duas

    maneiras: o cabeote se movimenta sobre a pea a ser soldada ou a pea se movee o cabeote permanece fixo.

    Os equipamentos podem ser:

    Arco submerso semi-automtico: o soldador empunha a tocha a qual

    conduz o eletrodo e possui um recipiente contendo o fluxo. Os controles

    dos parmetros de soldagem so realizados na fonte, exceto a velocidade

    de avano, a qual determinada pelo movimento da mo do soldador;

    Arco submerso automtico: o operador guia o cabeote sobre a junta a

    ser soldada. Os controles se encontram em um painel, geralmente

    acoplado ao cabeote;

    Arco submerso geminado: a soldagem realizada simultaneamente por

    dois eletrodos nus acoplados a um mesmo cabeote e utilizando a

    mesma fonte de energia. O processo normalmente utilizado para a

    execuo de revestimentos devido a sua baixa diluio e pequena

    penetrao;

    Arco submerso tandem com dois ou trs eletrodos: diferentemente do

    arco submerso geminado, os eletrodos so acoplados em cabeotes

    separados, formando assim arcos eltricos distintos ligados a fontes de

    energia separadas. Em geral, o 2 e o 3 eletrodos so acoplados a fontes

    de corrente alternada;

    Arco submerso para soldagem com fita: ideal para revestimentos, pois

    permite cordes de solda com at 100 mm de largura. O equipamento

    utiliza um cabeote o qual conduz uma fita com 30 a 100 mm de largura

    como eletrodo, fornecendo devido a esta largura penetrao e diluio

    baixas e elevada taxa de deposio.

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    A utilizao de processos com mais de um arame leva a um aumento de

    produtividade atravs de uma maior velocidade de soldagem, bem como a uma

    menor adio de calor e reduzido potencial de distoro da pea [25].

    2.5.4 Parmetros do processo

    A corrente eltrica determina a taxa de deposio, a profundidade de penetrao

    da poa de solda no metal de base e a quantidade de metal de base fundido.

    Mantendo-se os demais parmetros constantes, ao se elevar a corrente aumenta-se

    a penetrao e a taxa de deposio. Deve-se salientar a importncia da corrente

    escolhida, que deve estar dentro da faixa adequada para o dimetro do eletrodo

    utilizado: uma corrente muito