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  • 7/21/2019 COMO GERMINAR SEMENTES DE MORANGOS

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    GERMINAO DE AQUNIOS DE MORANGOS E OBTENO DE SEEDLINGSIN VITRO

    Bruno Gomes Trindade (PIBIC-Jr/CNPq), Suelen Cristina Uber (acadmica Agronomia),Liziane Kadine Antunes de Moraes, Marcos Ventura Faria (Orientador Dep. de

    Agronomia/UNICENTRO), e-mail: [email protected]

    Resumo:Aqunios obtidos de morangos maduros das cultivares Sweet Charlie, Camarosa, Dover,Campdover, Tudla e Oso Grande receberam diferentes tratamentos (frio a 4 oC;escarificao mecnica; imerso em solues de GA3, KNO3 e H2SO4) visando agerminao e obteno de seedlingsin vitro. Foram verificados baixos nveis de germinaodos aqunios em funo dos tratamentos empregados, contudo o uso do cido sulfricomostrou-se mais promissor para promover a quebra de dormncia e a germinao.

    Palavras-chave: Fragaria ananassa, quebra de dormncia, cultura de tecidos.

    IntroduoA parte comestvel do morango, que considerada pelos leigos como fruto, na

    realidade o receptculo hipertrofiado da flor, onde esto inseridos os verdadeiros frutos,representados pelos pontos escuros que aparecem aderidos epiderme da polpa e sodenominados aqunios. Cada aqunio no seu interior contem uma semente que depois degerminada origina uma nova plntula. Plantas obtidas dessa forma so importantes nagerao de prognies a partir de hibridaes com finalidades de se fazer seleo emprogramas de melhoramento gentico. A deficiente germinao das sementes temprejudicado a formao de seedlings nos moldes desejados. Para que haja uma melhorgerminao dos aqunios deve-se recorrer a artifcios para quebra de dormncia.

    A dormncia dos aqunios de morango est relacionada principalmente ao pericarpo,que atua como uma barreira inibindo a germinao (El Hamdouni et al., 2001). Aescarificao dos aqunios, que pode ser realizada por mtodos mecnicos, trmicos ouqumicos, promove o rompimento ou abraso do pericarpo que envolve a semente,permitindo a permeabilidade gua e aos gases necessrios ao processo fisiolgico degerminao. Ainda, os aqunios podem concentrar um ou mais inibidores endgenos degerminao e com a escarificao esses inibidores podem se difundir permitindo ento agerminao do embrio. Algumas substncias tm sido estudadas para superar a dormnciade sementes, entre elas, o nitrato de potssio (KNO3) (Frank e Nabinger, 1996; Gazziero etal., 1991) e o cido sulfrico (H2SO4), concentrado ou diludo (Antnio, 1995). Uma outraalternativa relatada por Santos (1999) para a quebra de dormncia a manuteno dassementes sob baixas temperaturas, de 4 a 5 oC, por um determinado perodo.

    Os fitohormnios, como as giberelinas, so importantes controladores endgenos da

    germinao de sementes, participando tanto na superao da dormncia, como no controleda hidrlise de reservas nutricionais (Karssen, 1995).A germinao de sementes in vitro um procedimento que tem sido recomendado

    para espcies frutferas (Bento et al., 2002), portanto o objetivo desse trabalho foi avaliar oefeito de diferentes tratamentos em aqunios de cultivares de morango visando agerminao e obteno de seedlingsin vitro.

    Material e mtodosOs experimentos foram realizados no laboratrio de Cultura de Tecidos do

    DEAGRO/UNICENTRO. Foi avaliada a germinao in vitro de aqunios obtidos demorangos maduros, aps diferentes pr-tratamentos: a) imerso em soluo de cidogiberlico (GA3) - aqunios das cultivares Camarosa e Oso Grande foram imersos emsolues de GA3 nas concentraes de 0,55mM, 1,1mM e 1,65mM, em dois perodos de

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    imerso: por 24 e 48 horas. Aqunios da cultivar Sweet Charlie foram imersos em soluesnas concentraes de 0,5 , 1,0 , 1,5 e 2,0 mM, tambm em dois perodos de imerso (24 e48 horas). A avaliaes foram realizadas 40 dias aps a inoculao; b) imerso emsolues de nitrato de potssio (KNO3) - aqunios das cultivares Sweet Charlie e Doverforam imersos em soluo de KNO3 nas concentraes 1, 5 e 10 mM, por 24 e 48 horas. Acontagem final do nmero de aqunios germinados foi realizada 90 dias aps a inoculao;

    c) imerso em solues de cido sulfrico (H2SO4) - aqunios ds cultivares Camarosa,Dover, Campidover, Oso Grande, Tudla e Sweet Charlie foram imersos em soluo de cidosulfrico vaiando-se as concentraes (5, 15 e 25%) e perodos (5, 10 e 15 minutos) e asdatas de avaliaes constam na Tabela 1; d) tratamento a frio - aqunios das cultivaresOso Grande e Dover foram envoltos em papel filtro e filme plstico e armazenados emgeladeira temperatura de 4 oC 1oC por trs perodos (15, 30 e 45dias). A contagem finaldo nmero de aqunios germinados foi realizada 70 dias aps a inoculao; e)escarificao mecnica - aqunios da cultivar Sweet Charlie foram submetidos a leveescarificao manual utilizando-se um lixa. A contagem final do nmero de aquniosgerminados realizada 75 dias aps a inoculao.

    Aps a aplicao dos tratamentos e a assepsia (imerso em etanol 70% por 2

    minutos e em hipoclorito de sdio 10% por 5 minutos, seguida por tres enxagues com guadestilada e autoclavada) os aqunios foram transferidos para frascos (10 aqunios porfrasco) contendo aproximadamente 20ml de meio de cultura bsico de MS/2 (Murashige &Skoog, 1962), com 2% de sacarose, pH de 5,8 e autoclavado a 120 oC durante 20 minutos.Todos os tratamentos foram realizados com repeties. Os frascos foram vedados compapel alumnio e mantidos em sala de crescimento sob 16 horas de fotoperodo etemperatura de 25oC 2oC.

    Resultados e discusso

    Houve ineficincia do GA3, independentemente da concentrao empregada, empromover a germinao dos aqunios na cultivar Sweet Charlie. A maior taxa de germinao

    obtida no tratamento dos aqunios da cultivar Dover com nitrato de potssio, aos 90 diasaps inoculao, foi de apenas 5%. J para a cultivar Sweet Charlie a germinao foi nula.

    De maneira geral no houve nveis satisfatrios de germinao dos aqunios.Contudo, os tratamentos com cido sulfrico, ainda que tenham apresentado respostasinsuficientes, mostraram maior eficincia na germinao (Tabela 1), chegando a 50% aos 48dias aps a inoculao (cultivar Dover, com H2SO4 a 15% por 15 minutos),desconsiderando-se as parcelas em que houve contaminao. El Hamdouni et al. (2001)verificaram, 6 semanas aps a inoculao, germinao de 94% e 63% para os aqunios dascultivares Chandler e Tudla, respectivamente, tratados com soluo de H2SO4 36N por 5minutos. No presente trabalho, considerando os valores mdios de germinao envolvendo

    todos os tratamentos com H2SO4foi verificada maior taxa de germinao para as cultivaresDover e Campidover (Tabela 1). A variao na germinao de aqunios em funo dogentipo foi relatada por El Hamdouni et al. (2001).

    Os tratamentos com baixas temperaturas mostraram-se pouco eficientes empromover a germinao, talvez pelo fato de que baixas temperaturas possam ser eficientesna quebra da dormncia das sementes, porm a germinao depende tambm doamolecimento do pericarpo dos aqunios.

    Concluses

    De maneira geral, no foram verificados nveis satisfatrios de germinao dosaqunios em funo dos tratamentos empregados, contudo o uso do cido sulfricomostrou-se mais promissor para promover a quebra de dormncia e a germinao; Outras

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    concentraes dos produtos utilizados precisam ser testadas, bem como a combinaoentre tratamentos dever ser avaliada em estudos futuros. Devem ser realizadas alteraesna metodologia no que se refere aos procedimentos de assepsia, ao ajuste dasconcentraes e ao tempo de exposio dos aqunios submetidos aos tratamentos possampromover a germinao, principalmente quanto ao uso do H2SO4.

    Tabela 1. Germinao mdia dos aqunios tratados com soluo de cido sulfrico (H2SO4)em diferentes concentraes e tempos de imerso. Guarapuava: UNICENTRO, 2007.

    Camarosa Dover Campidover OsoGrande TudlaSweetCharlie

    Inoculao20/11/06

    Inoculao20/11/06

    Inoculao06/12/06

    Inoculao08/12/06

    Inoculao13/12/06

    Inoculao15/12/06

    Tratamento

    Avaliao em 07/01/2007 (% de aquenios germinados*)

    Germinaomdia

    (%)

    H2SO405%, 05' 35 20 20 30 6,7 0 18,6H2SO405%, 10' 20 20 15 10 10 16,7 15,3H2SO405%, 15' 20 33,3 46,7 3,3 6,7 5 19,2

    H2SO415%, 05' 20 23,3 20 16,7 6,7 0 14,5H2SO415%, 10' 43,3 30 30 16,7 10 3,3 22,2H2SO415%, 15' 20 50 23,3 10 16,7 3,3 20,5H2SO425%, 05' 10 33,3 20 26,7 6,7 0 16,11H2SO425%, 10' 0 20 25 0 3,3 0 8,0H2SO425%, 15' 0 0 13,3 10 20 0 7,2

    mdia 18,7 25,5 23,7 13,7 9,6 3,1 15,7

    *foram consideradas apenas as parcelas no contaminadas

    Referncias Bibliogrficas

    ANTNIO, F.G.; PENTEADO, M.I.O.; SEIFFERT, N.F. Recomendaes para quebra dedormncia em sementes de Galactia spp. Comunicado Tcnico no. 29, Embrapa-CNPGC. 1985.BENTO, D.M.; LOPES, A.C.J.; MARTINS, K.; DINIZ, G.E.M.; MARTINS, C.P.; MACEDO, C.E.C.;ALLOUFA, M.A.I. Germinao in vitro de Sementes de Maracuj-Amarelo (Passiflora edulis F.Flavicarpa) em Diferentes meios de Cultura. In: XVII Congresso Brasileiro De Fruticultura,2002, Belm. Os Novos Desafios da Fruticultura Brasileira. 2002.EL HAMDOUNI, E.M.; LAMARTI, A.; BADOC, A. In vitro germination of the achenes of Strawberry(Fragaria x ananassa Duch.) cvs Chandler et Tudla. Bulletin - Societe de Pharmacie deBordeaux, v.140, p.31-42, 2001.FRANK, L.B.; NABINGER, C. Avaliao da germinao de seis acessos de Paspalum notatumFlgge, nativos do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Sementes. Braslia, v.18, p.102-

    107, 1996.GAZZIERO, D.L.P.; KZRYZANOWSKI, F. C.; ULBRICH, A.V.; VOLL, E.; PITELLI, R.A. Estudo dasuperao de dormncia de sementes de capim massambar (Sorghum halepense(L.) PERS.)atravs de nitrato de potssio e cido sulfrico. Revista Brasileira de Sementes.Braslia: v.13,p.21-25, 1991.KARSSEN, C. M. Hormonal regulation of seed development, dormancy, and germination studiedby genetic control. In: KIGEL, J.; GALILI, G. (Eds.) Seed develop-ment and germination. NewYork: Marcel Dekker, 1995.MURASHIGE, T.; SKOOG F.A. Revised medium for rapid growth and bio assays with tobaccotissue cultures. Physiologia Plantarum, n. 15, p. 473-497, 1962.SANTOS, A. M. Melhoramento gentico do morangueiro. Informe Agropecurio, Belo

    Horizonte, v. 20, n. 198, p. 24-29, 1999.