como ensinar seu bebe a ler

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  • CCACIMA DE

    DOISMILHES JVENDIDOS

    A S U A V E R E V O L U O

    LerLer Glenn Doman Glenn Doman

    ACIMA DEDOIS

    MILHES JVENDIDOS

    omo Ensinar

    Seu

    Beb a

    omo Ensinar

    Seu

    Beb a

    Revisadae

    atualizada

    Revisadae

    atualizada

  • Este o livro que por quase meio sculo temaproximado as mes de seus bebs. o primeiro dasrie Suave Revoluo e um dos mais vendidosinternacionalmente.

    Traduzido em mais de 18 lnguas, j foi lido pormes de todo o mundo. Estas mes tiveram a imensasatisfao de ensinar os seus filhos dando-lhes aimportante ddiva da alfabetizao.

  • No verdade que, se um grupo de pessoas

    adquiriu conhecimento especial e talvez vital sobre

    os bebs do mundo, propositalmente ou por acaso,

    essas pessoas, gostem ou no, tm, de fato, uma

    obrigao para com todas as crianas do mundo?

    bvio que a resposta a essa pergunta Sim,

    temos uma obrigao especial para com todas as

    crianas do mundo.

    Nossa obrigao para com cada criana no mundo

    dizer sua me o que aprendemos para que ela

    decida com seu marido o que, se for o caso, gostaria

    de fazer a respeito. Glenn Doman

    Este ebook no uma verso oficial do livro e foiproduzido baseado na 2 edio de Como Ensinar SeuBeb a Ler de Glenn Doman, publicado no Brasil pelaeditora Arte e Ofcios.

    Se voc gostar do contedo, compre o livro impressoe ajude a transmitir o conhecimento!

  • SOBRE O LIVRO

    Escrito para pais, este livrofascinante representa uma ideiarevolucionria: as crianas somuito mais inteligentes do quesonhamos. De fato, temosdesperdiado os anos maisimportantes da vida de nossosfilhos, impedindo-os de aprender omximo possvel, num perodo emque muito fcil para eles absorvernovos conhecimentos.

    A leitura, diz o autor, no umadisciplina como a geografia, masfuno cerebral como viso ouaudio. Ele demonstra claramente,ilustrando com fascinantes casos,como fcil ensinar uma crianapequena a ler e que considervelbenefcio a leitura antecipadarepresenta para a me e para acriana.

    Glenn Doman, que foiextremamente bem sucedido emfazer crianas de crebro lesado setornarem normais, descobriu queestamos desperdiando nossoscrebros e principalmente o denossos fihos em larga escala.Seu longo e minucioso estudo sobreo crescimento da criana nos deuprovas dramticas de que temossubestimado sua capacidade e oquanto so capazes de aprenderenquanto se divertem.

    O tempo todo, o autor enfatiza queeste deve ser um processo alegre.De fato, como mostra este livroinspirador, aprender a ler no uma obrigao para os bebs ousuas mes. uma experincia ricaem alegria, diverso, realizao eorgulho. E, finalmente, abre maisum maravilhoso caminho na longabusca da maturidade plena.

  • CComo EnsinarSeu Beb a Ler

    omo EnsinarSeu Beb a Ler

    A S U A V E R E V O L U O

    TRADUO DE LOURDES VRAS NORTON

    Glenn DomanGlenn Doman

  • obras do autor

    The Gentle Revolution Series

    n Como Ensinar Seu Beb a Ler

    n O Que Fazer Pela Criana de Crebro Lesado

    n Como Multiplicar a Inteligncia do Seu Beb

    n Como Dar Conhecimento Enciclopdico a SeuBeb (ain da no tra du zi do pa ra o por tu gus)

    n Ensine Matemtica ao Beb (ain da no tra du zi -do pa ra o por tu gus)

    n Como Ensinar Seu Beb a Ser FisicamenteSuperior (ain da no tra du zi do pa ra o por tu -gus).

    Livros infantis

    n Nose is Not Toes (no tra du zi do pa ra o por tu -gus)

  • Este livro respeitosamentededicado a minha esposa, HazelDoman, que, atravs das mes, temensinado centenas de crianas decrebro lesado de um, dois e trsanos a gostar de ler.

    tambm dedicado a quatrohomens que, cada um a seu modo,tornaram este trabalho e este livropossveis:

    Samuel Henshaw A. Vinton Clarke Temple Fay Jay Cooke

    Eles deixaram pegadas degigantes pelos caminhos trilhadospelo mundo e marcas profundas emnosso crebros e coraes.

  • Sumrio

    Comunicao Especial do Autor 7

    Introduo 9

    Nota aos Pais 23

    1. os fatos e Toms 25

    2. crianas pequenas querem aprender a ler 37

    3. crianas pequenas podem aprender a ler 51

    4. crianas pequenas esto aprendendo a ler 77

    5. crianas pequenas devem aprender a ler 89

    6. quem tem problemas, leitores ou no leitores 101

    7. como ensinar seu beb a ler 115

    8. a idade perfeita para comear 165

    9. o que dizem as mes 197

    10. sobre alegria 219

    Agradecimentos 233

    Sobre o autor 237

  • comunicao especialdo autor sobre a nova

    edio

    Este livro viu a luz do dia pela primeira vez em1964. Desde ento dois milhes de cpias j foramvendidas em vinte idiomas e outras esto a caminho.Todas as coisas que dissemos na edio original, nosparecem to verdadeiras hoje quanto h vinte e seteanos atrs.

    Somente uma coisa mudou.

    Atualmente h dezenas de milhares de crianas, debebs at jovens adultos que aprenderam a ler emtenra idade por causa deste livro. Como consequncia,mais de cem mil mes escreveram para nos contar dassuas alegrias, emoes e prazer que sentiram aoensinar seus filhos a ler. Elas descreveram suasvitrias e inovaes e fizeram perguntas bastanteprofundas.

    Estas cem mil cartas representam uma coletnea desaber inestimvel e ideias luminosas a respeito decrianas de pouca idade.

    Elas tambm constituem a maior evidncia em todaa histria do mundo de que crianas pequenas podemaprender a ler, devem aprender a ler, esto aprendendoa ler e acima de tudo, o que acontece quando elas vopara a escola e o que ocorre depois que crescem.

    Este precioso tesouro de conhecimentos o quetorna esta nova edio no s importante, mas vital

  • para a nova gerao de pais, cuja prioridade a vidade seus filhos.

    O stimo captulo foi substancialmente modificado,no para negar quaisquer dos princpios abordadosanteriormente, mas para aprimor-los luz da vastaexperincia que cem mil pais tiveram usando estesprincpios.

    O oitavo captulo inteiramente novo e explica emdetalhes como iniciar a criana nas diferentes fases,ou seja: recm-nascido, bebezinho, beb e crianapequena. Nele so apresentados pontos negativos epositivos de cada uma dessas idades e como tirarproveito das vantagens ao lidar com as desvantagens.

    O nono captulo tambm inteiramente novo e aresposta s duas perguntas comumente feitas sobre oensino da leitura a bebs.

    n 1. O que acontece quando eles vo para a escola?

    n 2. O que acontece com eles quando crescem?

    A maior parte dos pais faz estas perguntasalegremente. Alguns poucos a fazempreocupadamente. A esto as respostas, dadas pelosprprios pais. Eles no esto falando de crianastericas (que so a paixo dos profissionais), maslidando com oportunidades reais, dadas a crianas deverdade, por magnficos pais de verdade.

    Se depois de todo esse tempo e toda essa riqueza deexperincias um pai ainda precisar de um conselho,em poucas palavras eu lhe direi:

    V com alegria, siga o vento e no teste.

    8 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • introduo

    Comear um projeto de pesquisa clinica comopegar um trem com destino desconhecido. cheio demistrio e emoo, pois voc nunca sabe se ter umacabine ou se ir na terceira classe, se o trem temrestaurante ou no, se a viagem lhe custar pouco outodo o dinheiro que voc possui, e, alm do mais, sevoc chegar ao seu destino ou a algum lugar exticoque nunca sonhou conhecer.

    Quando os membros da nossa equipe tomaram essetrem, nas vrias estaes, espervamos que nossodestino fosse aperfeioar o tratamento de crianas comgraves leses cerebrais. Nenhum de ns sonhou que,se atingssemos o objetivo, iramos permanecer notrem at chegar a um lugar onde as crianas lesadaspudessem tomar-Se superiores s crianas normais.

    A viagem j vai l pelos vinte anos e asacomodaes so de terceira classe, o carrorestaurante tem servido sanduches, noite aps noite,as trs horas da manh, na maioria das vezes. Aspassagens custaram todos os nossos recursos. Algunsde ns no viveram o bastante para terminar a viagem e nenhum de ns a perderia, por nada neste mundo.Tem sido uma viagem fascinante.

    A lista inicial de passageiros inclua umneurocirurgio, um fisiatra (mdico altamentegraduado com especializao em medicina fsica ereabilitao), um fisioterapeuta, um psiclogo, umeducador, uma fonoaudiloga e uma enfermeira.

  • Agora somos mais de cem, com diversos tipos deespecialidades adicionais.

    O pequeno grupo havia sido formadoprincipalmente porque cada um de ns tinha sidoresponsvel por alguma fase do tratamento decrianas com graves leses cerebrais e cada um dens estava fracassando individualmente.

    Se voc for escolher um campo criativo paratrabalhar, ser difcil achar um com maispossibilidades de progresso do que aquele em que ofracasso tenha sido de cem por cento e o sucesso nulo.

    Quando comeamos o nosso trabalho h vinte anosatrs, nenhum de ns havia ouvido falar, ou visto,uma simples criana de crebro lesado que tivesseficado boa.

    O grupo que se formou a partir de nossos fracassosindividuais hoje seria chamado de time de reabilitao.Naquele tempo, to distante, nenhum desses termosestava em moda e no nos considervamos toimportantes assim. Talvez nos vssemos mais clara ecomovidamente como um grupo que se havia formado,semelhante a um comboio, na esperana de juntossermos mais fortes do que sozinhos.

    Comeamos por lidar com o problema bsico queconfrontava todos os que se dedicavam reabilitaoh vinte anos atrs. Este problema era o daidentificao. Haviam trs grupos diferentes decrianas com problema que eram sempre tratadascomo se fossem iguais. A verdade que no tinhamnem mesmo o mais remoto parentesco.

    10 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • Elas eram frequentemente agrupadas naqueletempo (e tragicamente ainda o so, em boa parte domundo) pela simples razo de serem parecidas eagirem, s vezes, de maneira semelhante.

    Estes trs tipos de crianas constantementeagrupados eram: deficientes com crebros qualitativa equantitativamente inferiores, psicticos de crebronormal e mentes perturbadas e, finalmente, crianascom leso cerebral, cujos crebros haviam sidonormais at o instante em que ocorreu a leso.

    Ns estvamos preocupados somente com estaltima categoria, aquela que havia lesado um crebroperfeito ao momento da concepo. Ns ficamossabendo que, apesar de crianas psicticas edeficientes de fato serem em pequeno nmero,centenas de milhares de crianas eram e sodiagnosticadas como tal, quando na verdade o seuproblema leso cerebral. Geralmente tais erros dediagnstico acontecem porque, em muitas dascrianas, a leso cerebral ocorreu antes do nascimento.

    Quando aprendemos a reconhecer aps muitos anosde trabalho, na sala de operaes ou na cabeceira dopaciente, quais as que realmente tinham lesocerebral, pudemos nos dedicar ao problema em si ocrebro lesado.

    Descobrimos que importava muito pouco (exceto doponto de vista da pesquisa) se a criana havia sofridoa leso antes, durante ou aps o nascimento. Istoequivalia mais ou menos a indagar se a criana haviasido atropelada por um carro antes, durante ou depoisdo meio-dia. O que realmente importava era descobrir

    Introduo 11

  • que parte do seu crebro havia sido atingida, o grau daleso e o que poderia ser feito no caso.

    Mais tarde descobrimos ser de pouca relevnciasaber se o crebro sadio havia sido lesado porincompatibilidade com o fator Rh dos pais; pelo fato dame ter tido uma doena infecciosa como a ruboladurante o primeiro trimestre da gravidez; porinsuficincia de oxignio no crebro durante o perodopr-natal; ou por causa de um parto prematuro. Ocrebro tambm pode ser lesado por demoradotrabalho de parto; pela queda de cabea aos doismeses de idade provocando cogulos de sangue nocrebro, por febre alta acompanhada de encefalite aostrs anos de idade; por ter sido atropelada aos cincoanos ou por um outro grande nmero de fatores.

    Repito que, embora isto fosse importante sob oponto de vista da pesquisa, sentamo-nos como seestivssemos nos preocupando com o fato de umacriana ter sido atingida por um carro ou um martelo.O importante aqui era determinar que parte do crebrohavia sido lesada, com que intensidade e o queiramos fazer a respeito.

    Naquela poca, os profissionais que lidavam comcrianas de crebro lesado achavam que seusproblemas podiam ser resolvidos atravs dotratamento dos sintomas que existiam nos ouvidos,olhos, nariz, boca, peito, cotovelos, pulso, dedos,quadris, tornozelos e dedos do p. Uma boa parte domundo ainda acredita nisso.

    Tal proposta no funcionou antigamente e nempoderia.

    12 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • Em virtude de tal insucesso, ns conclumos quepara tratar os mltiplos sintomas da criana de crebrolesado, ns precisaramos atacar a fonte do problema,chegando ao crebro propriamente dito.

    Enquanto a princpio isto podia parecer uma tarefaquase impossvel ou pelo menos gigantesca, nos anossubsequentes, ns e outros, descobrimos mtodoscirrgicos e no cirrgicos de tratar o crebro.

    Ns simplesmente acreditvamos que tratar dossintomas de uma doena e esperar que ela assimdesaparecesse no era mdico, cientfico ou racional ese todas essas razes no fossem suficientes parafazer-nos abandonar tal empreitada, ento permaneciao fato incontestvel de que as crianas de crebrolesado tratadas desta maneira nunca haviam ficadoboas.

    Ao contrrio, ns achvamos que se pudssemostratar do problema em si, os sintomas desapareceriamespontaneamente, na exata medida do nosso sucessoao lidar com a leso no prprio crebro.

    Primeiro ns atacamos o problema do ponto devista no cirrgico. Nos anos seguintes ficamosconvencidos de que se espervamos ter sucesso com oprprio crebro lesado, precisvamos encontrarmaneiras de reproduzir os padres neurolgicos decrescimento de uma criana normal. Isto significavaentender como o crebro desta criana comea,desenvolve-se e amadurece. Para tanto, observamoscom ateno muitas centenas de recm-nascidos,bebs e crianas. Fizemos isto com muito cuidado.

    Introduo 13

  • proporo que fomos aprendendo como ocorre ocrescimento normal do crebro e seu significado,comeamos a descobrir que atividades bsicas, velhasconhecidas da criana normal como arrastar eengatinhar, so de extrema importncia para ocrebro. Aprendemos que se tais atividades foremnegadas s crianas normais, em virtude de fatoresculturais, de meio ambiente ou sociais, seu potencialtornar-se- seriamente limitado. O potencial dacriana de crebro lesado ainda mais afetado.

    medida que aprendemos outras maneiras dereproduzir este modelo de crescimento fsico normal,vimos crianas de crebro lesado melhorando aindaque lentamente.

    Foi por volta dessa poca que os neurocirurgies donosso grupo comearam a provar conclusivamente,atravs de tcnicas cirrgicas bem sucedidas, que aresposta estava no prprio crebro. Haviam certostipos de crianas, com leso cerebral, cujos problemaseram de natureza progressiva e consequentementemorriam cedo. Destacavam-se entre estas, ashidroceflicas, aquelas com cabea dgua. Taiscrianas tinham cabeas grandes por causa da pressodo liquido cerebrospinal (lquido cefalorraquidiano)que no podia ser reabsorvido de maneira normal, emvirtude da leso. No obstante, o fluido continuava aser produzido como nas pessoas normais.

    Ningum era to tolo a ponto de tratar dos sintomasdesta doena com massagens, exerccios ou aparelhosortopdicos. medida que a presso do crebroaumentava, as crianas morriam O nossoneurocirurgio, trabalhando com um engenheiro,

    14 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • desenvolveu um tubo que carregava o excesso dolquido cerebrospinal dos reservatrios chamadosventrculos, situados no fundo do crebro, at a veiajugular e de l para a circulao sangunea, onde podiaser reabsorvido de maneira normal. Este tubo possua,em seu interior, uma vlvula engenhosa que permitia ofluxo sanguneo para fora, enquanto simultaneamenteimpedia o sangue de voltar ao crebro.

    Este aparelho quase mgico foi cirurgicamenteimplantado no crebro e foi chamado desvio V-J.Existem hoje no mundo cerca de vinte cinco milcrianas que no estariam vivas, se no fosse por estesimples aparelho. Muitas destas crianas tem umavida comum e vo para a escola com as crianasnormais.

    Aqui tnhamos uma bela prova da completainutilidade do tratamento dos sintomas de lesocerebral, assim como a incontestvel e lgicanecessidade de tratar o prprio crebro.

    Outro mtodo surpreendente servir como exemplodos muitos tipos de neurocirurgia usados com sucessopara resolver os problemas das crianas com lesocerebral.

    Existem realmente dois crebros: o direito e oesquerdo. Estes dois crebros so divididos no meioda cabea desde a frente at a parte de trs. Naspessoas normais o crebro direito (ou, se voc desejar,o lado direito do crebro) responsvel por controlaro lado esquerdo do corpo, enquanto a metadeesquerda do crebro responsvel pelas funes dolado direito.

    Introduo 15

  • Se um dos lados do crebro for muito lesado, osresultados so catastrficos. O lado oposto do crebroficar paralisado e a criana ter suas funesbastante restritas. Muitas destas crianas apresentamconvulses constantes e graves que no reagem aosatuais medicamentos.

    No h necessidade de dizermos que estas crianastambm morrem.

    O velho refro daqueles que nunca tomaramnenhuma atitude foi repetido por muitas dcadas.Quando uma clula cerebral est morta ela estrealmente morta e no se pode fazer nada a respeito.Foi ento, em meados de 1955, que os neurocirurgiesde nosso grupo comearam a realizar um tipo quaseincrvel de cirurgia nestas crianas que passou a serconhecida como hemisferectomia.

    Hemisferectomia exatamente o que o nome sugere remover cirurgicamente metade do crebrohumano.

    Comeamos ento a ver crianas com metade docrebro na cabea e a outra metade bilhes declulas cerebrais mortas e perdidas numa jarra dehospital. As crianas, no entanto no haviam morrido.

    Ao invs disso comevamos a ver algumas que,somente com meio crebro, eram capazes debandar,falar, e ir escola. Vrias delas estavam muito acimada mdia em inteligncia e no mnimo uma tinha o Q.I.na faixa dos gnios.

    Tomou-se patente que se metade do crebro fosseseriamente danificada, pouco importava ter umametade normal enquanto a parte lesada permanecesse.

    16 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • Por exemplo, se tal criana tivesse convulsescausadas pelo lado esquerdo comprometido, ela seriaincapaz de demonstrar funes ou inteligncia, atque a parte lesada fosse removida permitindo aocrebro direito ileso assumir sem interferncia, a suacompleta funo.

    Antigamente, sustentvamos, em oposio crenapopular, que uma criana era capaz de ter dez clulasmortas e nem ao menos ficarmos sabendo. Dizamosque ela talvez pudesse ter uma centena de clulascerebrais destrudas ou at mesmo um milhar e aindaassim no seriamos capazes de perceb-lo.

    Nem nos nossos sonhos mais ousados tnhamospodido acreditar que uma criana pudesse ter bilhesde clulas nervosas mortas e ainda assim atuar tobem ou melhor do que uma de inteligncia normal.

    Agora o leitor deve juntar-se a ns para fazer umapergunta. Quanto tempo levaria at olharmos para oJuquinha, que tinha metade do seu crebro retirada ev-lo agir to bem quanto o Carlinhos, que possua umcrebro ntegro, sem perguntar, O que h de erradocom o Carlinhos? Por que o Carlinhos, que tinha odobro do crebro do Juquinha no estava agindo duasvezes melhor ou mais?

    Tendo visto isto acontecer repetidamente, nscomeamos a olhar para a criana normal com muitasdvidas.

    Ser que elas estavam atuando to bem quantopoderiam? Aqui estava uma importante pergunta quenunca tnhamos sonhado fazer.

    Introduo 17

  • Enquanto isto, os integrantes do grupo que noeram cirurgies, comeavam a aprender mais sobre ocrescimento e desenvolvimento do crebro dascrianas sadias. medida que nosso conhecimento danormalidade crescia, nossos mtodos simples parareproduzir esta normalidade nas crianas de crebrolesado tambm melhoravam. Naquela altura,comevamos a ver um pequeno nmero de crianaslesadas ficando boas, s com o uso dos nossosmtodos no cirrgicos, que estavam evoluindo esendo aprimorados.

    No o propsito deste livro detalhar os conceitosou os mtodos usados para resolver os inmerosproblemas das crianas de crebro lesado. Outroslivros, j publicados ou ainda em original, referem-seao tratamento das mesmas. Entretanto, o fato de queisso vem acontecendo diariamente, de grandeimportncia na compreenso da nossa descoberta queas crianas normais so capazes de atuar de maneiramuito superior ao que vm fazendo. suficiente dizerque tcnicas extremamente simples foram planejadaspara reproduzir os padres do desenvolvimentonormal em crianas de crebro lesado.

    Como exemplo, quando uma criana lesada nopode mover-se adequadamente, ela simplesmenteconduzida atravs de uma progresso ordenada dosestgios do crescimento normal. Primeiro, a ajudamosa mover braos e pernas, a arrastar e engatinhar e, porltimo, andar. Ela recebe ajuda para fazer estas coisasnuma sequencia padronizada. Progride at estgiosmais avanados, da mesma maneira que uma criana

    18 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • avana na escola, quando recebe oportunidadesilimitadas de participar das atividades.

    Em breve, comeamos a ver crianas seriamentelesadas que atuavam em p de igualdade com asnormais.

    medida que essas tcnicas evoluam comeamosa ver crianas de crebro lesado desenvolverem-se tobem quanto crianas normais, de tal maneira a serimpossvel distingui-las umas da outras.

    A proporo que o nosso conhecimento acerca denormalidade e crescimento neurolgico comeou a terum claro padro e os mtodos de reproduo danormalidade se multiplicaram, comeamos a veralgumas crianas de crebro lesado atuando acima damdia ou a nveis superiores.

    Isto foi muito emocionante. Foi at um poucoassustador. Parecia claro que ns, no mnimo,havamos subestimado o potencial de cada criana.

    Uma pergunta fascinante foi feita. Suponhamos quepudssemos observar trs crianas: Alberto, commetade do crebro numa jarra; Carlinhos comumcrebro normal; e Juquinha, que havia sido tratado pormtodos no cirrgicos, e agora agia de modo normal,embora tivesse milhes de clulas mortas em seucrebro.

    Alberto, com metade do seu crebro operado, erato inteligente quanto o Carlinhos. O mesmo se davacom Juquinha, com milhes de clulas mortas dentroda sua cabea.

    Introduo 19

  • O que havia de errado com o simptico Carlinhos,normal e sem leso?

    O que havia de errado com as crianas normais?

    Durante muitos anos o nosso trabalho vinha sendoinfluenciado pela vibrao que comumente antecedeacontecimentos importantes e grandes descobertas.Atravs dos anos a nvoa de mistrio que cercava ascrianas de crebro lesado vinha aos poucos sendodissipada. Ns tambm comeamos a ver outros fatosque no havamos previsto. Eram fatos que sereferiam s crianas normais. Uma conexo lgicahavia surgido entre crianas lesadas (e, portanto,desorganizadas neurologicamente) e as normais (ouneurologicamente organizadas) quando antes sexistiam a respeito delas, fatos desconexos edissociados. Aquela sequencia lgica, como haviasurgido, apontava com insistncia para um caminhocapaz de modificar o prprio homem para melhor.Seria a organizao neurolgica demonstrada por umacriana normal o fim deste caminho?

    Agora, com as de crebro lesado atuando to bemou melhor do que as normais, a possibilidade docaminho estender-se adiante podia ser totalmentevislumbrada.

    Sempre se considerou que o crescimentoneurolgico e seu produto final eram um fato imutvele irrevogvel: esta criana podia e esta outra no. Estaera inteligente e aquela no.

    Nada podia estar to longe da verdade.

    20 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • A verdade que o crescimento neurolgico, quesempre consideramos fato esttico e irrevogvel, umprocesso dinmico e em constante transformao.

    Na criana severamente lesada vemos o processo decrescimento neurolgico totalmente bloqueado.

    Na criana retardada vemos o mesmo processobastante vagaroso. Na criana normal ele acontecenum ritmo mdio, e na superdotada em grandevelocidade. Chegamos agora concluso que ascrianas lesadas, normais e superdotadas no so trstipos diferentes, mas, ao invs disso, uma espcie decontinuum que vai desde a extrema desorganizaoneurolgica provocada por leso grave, passando pelamoderada desorganizao neurolgica causada pordano leve ou moderado, chegando quantidadenormal de organizao neurolgica da criana sadia,at o seu mais alto grau demonstrado pela crianasuperdotada.

    Na criana severamente lesada conseguimos comsucesso recomear o processo que havia sidobloqueado e na retardada ns o aceleramos.

    Estava bem claro que este processo de crescimentoneurolgico podia ser acelerado tanto quantoretardado.

    Tendo repetidamente trazido crianas lesadas dadesorganizao neurolgica para um nvel mdio ousuperior usando simples tcnicas no cirrgicas,tnhamos razo para acreditar que estas mesmastcnicas, podiam ser utilizadas para aumentar aquantidade de organizao neurolgica demonstrada

    Introduo 21

  • pela criana normal. Uma destas tcnicas era ensinarcriancinhas de crebro lesado a ler.

    Em nenhuma situao a capacidade de aumentar aorganizao neurolgica mais claramentedemonstrada do que quando se ensina um bebnormal a ler.

    22 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • nota aos pais

    Ler uma das mais altas funes do crebrohumano de todas as criaturas da terra, somente ohomem pode ler.

    A leitura uma das funes mais importantes denossa vida, uma vez que todo conhecimento dependeda capacidade de ler.

    surpreendente que tenhamos levado tantos anospara descobrir que quanto mais cedo a crianaaprender a ler mais fcil ser para ela ler muito melhor.

    As crianas podem ler palavras aos doze meses,sentenas aos dois anos, e livros completos aos trs e elas adoram.

    A compreenso de que possuam esta habilidade, ea sua razo de ser, demorou muito para acontecer.

    Ainda que no tenhamos comeado a ensinarcriancinhas a ler nos Institutos antes de 1961, oentendimento das funes cerebrais humanas(necessrias para indicar a possibilidade disto serfeito) havia levado vinte anos, de parte de todo onosso grupo de especialistas, para ser alcanada.

    Esta equipe de desenvolvimentistas infantis,mdicos, especialistas em leitura, neurocirurgies epsiclogos havia comeado seu trabalho com ascrianas de crebro lesado e isto os levou a umaextensa pesquisa sobre o desenvolvimento do crebro

  • na criana normal. Por sua vez, conduziu-os as novase fascinantes descobertas sobre a maneira pela qual ascrianas aprendem, o que aprendem e o que podemaprender.

    Quando a equipe tinha visto muitas crianas decrebro lesado lendo, e lendo bem, aos trs anos oumais cedo, tomou-se bvio para ns que alguma coisaerrada estava acontecendo s crianas normais. Estelivro um dos resultados desta constatao.

    O que ele afirma precisamente o que vimosdizendo aos pais de crianas lesadas ou normais,desde 1961. O resultado de ter-lhes contado isto temsido muito gratificante para os pais e crianas assimcomo para ns.

    Este livro foi escrito por insistncia desses pais, quedesejavam ver as nossas recomendaes em forma delivro para eles e para muitos outros.

    24 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • os fatos eToms

    Venho lhe dizendo que ele pode ler.

    [SR. LUNSKI]

    Essa suave revoluo comeou de maneiraespontnea. O estranho que no fim ela surgiuacidentalmente.

    As crianas, que so as suaves revolucionrias, nosabiam que eram capazes de ler se tivessem osinstrumentos apropriados; e os adultos, na indstriada televiso que lhes forneceu tais instrumentos, nosabiam que as crianas possuam tais habilidades nemque a televiso iria desencadear a suave revoluo.

    A falta destes instrumentos explica porquedemorou tanto para isto acontecer, mas agora que jos temos, ns pais, devemos nos tornar conspiradoresdesta esplndida revoluo, no para tom-la menossuave, mas para acelerar o processo permitindo-ascolher mais rapidamente os seus frutos.

    realmente surpreendente que o segredo no tenhasido descoberto pelas prprias crianas h muitotempo atrs. espantoso que elas, com toda ainteligncia que certamente possuem, no tenhampercebido isso antes.

  • O nico motivo pelo qual ns adultos norevelamos este segredo para as crianas de dois anos,h mais tempo, porque ns tambm odesconhecamos. claro que se soubssemos jamaisteramos permitido que permanecesse oculto em razoda sua importncia tanto para ns quanto para elas.

    Nosso erro foi imprimir textos em letras muitopequenas.

    Nosso erro foi imprimir textos em letras muito pequenas.

    Nosso erro foi imprimir textos em letras muito pequenas.

    Nosso erro foi imprimir textos em letras muito pequenas.

    at possvel fazer a letra muito pequena para serlida pela sofisticada trajetria visual que inclui ocrebro do adulto.

    quase impossvel fazer a letra muito grande paraser lida.

    O que possvel faz-la extremamente pequena efoi exatamente isto que fizemos.

    A trajetria visual pouco desenvolvida desde oolho, passando pelas reas visuais do prprio crebro,das crianas de um, dois ou trs anos de idade, no capaz de diferenciar uma palavra da outra.

    S que agora, como j dissemos, a televiso temdivulgado todo o segredo atravs dos comerciais. Oresultado que quando o anunciante diz, ESSO, ESSO,ESSO em voz alta, clara e agradvel ea palavra ESSO aparece na tela emletras grandes, claras e bonitas,

    26 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • todas as crianas aprendem a reconhec-la e nemao menos sabem o alfabeto.

    A verdade que as crianas pequenas podemaprender a ler. seguro dizer-se que especialmente ascrianas pequenininhas podem ler, desde que, deincio, voc faa as letras bem grandes.

    S agora sabemos de ambos os fatos.

    Agora que sabemos, precisamos fazer algo arespeito, porque tudo o que acontecer quandoensinarmos os pequeninos a ler, ser de grandeimportncia para o mundo.

    No mais fcil para uma criana entender apalavra falada do que a escrita? De jeito nenhum. Ocrebro da criana o nico rgo que possuicapacidade de aprender, ouve as palavras altas eclaras da televiso, atravs do ouvido e as interpretacomo s o crebro capaz. Simultaneamente, ocrebro infantil v as palavras grandes e claras,atravs dos olhos, e as interpreta da mesma maneira.

    No faz diferena para o crebro se ele v algo ououve o som. Ele pode entender bem o que ambosquerem dizer. Tudo o que necessrio que o somseja alto e claro ao ouvido e as palavras grandes eclaras aos olhos para que o crebro possa interpret-las. A primeira providncia tem sido tomada, asegunda no.

    As pessoas sempre falam com as crianas usandoum tom de voz mais alto do que o dos adultos.Fazemos isto instintivamente sabendo que as crianasno podem ao mesmo tempo ouvir e compreender otom de voz normal do adulto.

    Os fatos e Toms 27

  • Ningum pensaria em falar com uma criana de umano num tom normal de voz ns virtualmentegritamos com elas.

    Tente falar com uma criana de dois anos num tomde conversa formal e no ter a menor chance delaouvi-lo ou entend-lo. provvel que se estiver decostas, nem mesmo prestar ateno ao que estsendo dito.

    Mesmo com uma de trs anos, se falarmos em tomde conversa, ela no vai prestar ateno ou ouvir,especialmente se houver outros barulhos ou conversasna sala.

    Todos falam alto com crianas, e quanto menoreselas forem, mais alto devemos faz-lo.

    Suponhamos, em defesa da alegao, que nsadultos tenhamos h muito tempo decidido falar unscom os outros de maneira to baixa, que crianaalguma seria capaz de ouvir ou entender. Suponhamosque os sons fossem altos o bastante para tomar atrajetria auditiva bastante complexa somente sendocapaz de ouvir e compreender sofisticadas tonalidadesbrandas, quando completasse seis anos de idade.

    Sob essa srie de circunstncias, daramos scrianas testes de prontido para a audio aos seisanos. Se achssemos que elas poderiam ouvir masno entender palavras (o que seria o caso uma vezque a trajetria auditiva no era capaz at agora dedistinguir sons brandos) ento poderamos introduzira linguagem falada, dizendo a letra A e depois B eassim por diante at terminar o alfabeto, antes deensinar-lhes os sons das palavras.

    28 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • Somos levados a concluir que talvez houvesse umgrande nmero de crianas com problemas deaudio de palavras e frases, e talvez aparecesse umlivro popular intitulado Por que Joozinho No Capaz de Ouvir?

    Foi isto o que fizemos com a linguagem escrita. Nsa temos feito muito pequena para que a criana possaver e compreender.

    Agora, faamos uma outra suposio.

    Se estivssemos sussurrando enquantosimultaneamente escrevssemos palavras e frasesmuito grandes e distintas, as crianas seriam capazesde ler, mas no de entender o que estava sendo falado.

    Agora, suponhamos que elas descobrissem ateleviso com as suas letras grandes acompanhadasde palavras faladas em voz clara e alta. Naturalmente,todas as crianas poderiam ler as palavras, masmuitas s comeariam a entender a palavra falada nasurpreendente idade de dois ou trs anos.

    O que vem acontecendo atualmente com a leitura exatamente o contrrio disto!

    A televiso tem nos mostrado outros dadosimportantes sobre as crianas.

    O primeiro que jovens assistem os programasinfantis sem prestar muita ateno; mas, como todossabem, assim que surge o comercial, correm para ateleviso para ouvir e ler o que o produto contm equal a sua utilidade.

    O principal aqui no que os comerciais deteleviso sejam dirigidos para crianas de dois anos ou

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  • que a gasolina tenha algum fascnio especial sobregarotos de dois anos, porque no tem.

    A verdade que as crianas podem aprender com os

    comerciais porque a mensagem repetida em letrasgrandes e com volume suficiente e todas elas tem umgrande desejo de saber.

    Elas preferem aprender a simplesmente divertir-se com palhaos, e isto um fato.

    Como resultado disso, vemos crianas pequenasque passeiam de carro pela rua e leem felizes oanncio da Coca-Cola, da Shell, ou da Esso, assimcomo muitos outros e isto um fato.

    Fica assim demonstrado que no precisamosperguntar: Podem as criancinhas aprender a ler?Elas j responderam que sim. A pergunta que deveriaser feita : O que desejamos que elas leiam?Devemos restringir sua leitura a nomes de produtos esua composio qumica, ou devemos deix-las lerinformaes teis que no provm necessariamentedas grandes agncias de propaganda?

    Observemos os fatos bsicos:

    n Crianas que rem apren der a ler.

    n Crianas po dem apren der a ler.

    n Crianas es to apren den do a ler.

    n Crianas de vem apren der a ler.

    30 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • Devotarei um captulo a cada uma dessasafirmaes. Cada uma delas simples e verdadeira.Talvez isto tenha sido grande parte do problema.Existem poucos disfarces mais difceis de serempenetrados do que a enganadora fachada desimplicidade.

    Foi provavelmente essa simplicidade que dificultouo entendimento ou a crena na absurda estria que oSr. Lunski nos contou sobre Toms.

    estranho que demorssemos tanto a prestarateno no Sr. Lunski, porque quando vimos Tomspela primeira vez, nos Institutos, ns j sabamos ascoisas que precisvamos saber para entender o queestava acontecendo com ele.

    Toms era o quarto filho da famlia Lunski. Seuspais tiveram pouco tempo para cursar escolas etiveram que trabalhar muito para sustentar os seustrs filhos normais. Na poca em que Toms nasceu, oSr. Lunski possua uma taverna e estava progredindo.

    Entretanto, Toms nasceu com sria leso cerebral.Quando completou dois anos, foi submetido a umexame neurocirrgico num hospital de Nova Jersey.Quando Toms recebeu alta o neurocirurgio teve umaconversa franca com o casal Lunski. Explicou quepesquisas demonstravam que Toms iria ter uma vidaquase que vegetativa, nunca iria andar ou falar, eportanto deveria ser internado para o resto da vida.

    Toda a determinao de uma descendnciapolonesa, reforada pela teimosia americana fez comque o Sr. Lunski ficasse de p dizendo: Doutor, osenhor est confuso. Este o nosso filho.

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  • Os Lunski passaram vrios meses procurandoalgum que lhes dissesse que no precisavam internaro seu filho. As respostas eram sempre as mesmas.

    Por ocasio do terceiro aniversrio de Toms, ocasal havia encontrado o Dr. Eugene Spitz, chefe deneurocirurgia do Hospital de Crianas da Filadlfia.

    Depois de efetuar cuidadosos estudosneurocirrgicos em Toms, o Dr. Spitz disse a seuspais que, apesar do garoto ser severamente lesado,talvez alguma coisa pudesse ser feita por ele, numgrupo de instituies, no bairro de Chestnut Hill.

    Toms chegou aos Institutos Para oDesenvolvimento do Potencial Humano, em Filadlfia,quando tinha somente trs anos e duas semanas deidade. Ele no se mexia nem falava.

    A leso cerebral de Toms e os problemas deladecorrentes, foram avaliados nos Institutos. Elerecebeu um programa de tratamento que iriareproduzir em seu crebro os padres de crescimentoe desenvolvimento de uma criana normal. Seus paisaprenderam a fazer este programa em casa e foramadvertidos de que, se o cumprissem fielmente, Tomsiria melhorar bastante. Eles deveriam voltar em doismeses para uma reavaliao, e se Toms tivessemelhorado, para revises do programa.

    Ningum tinha a menor dvida de que os pais iriamcumprir o programa. Eles assim o fizeram,religiosamente.

    Por ocasio de sua segunda visita, Toms j podiaengatinhar.

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  • Foi quando os pais, inspirados pelo sucesso domenino, empenharam-se a fundo no programa.Estavam to determinados que quando o seu carroquebrou, no caminho de Filadlfia, por ocasio daterceira visita, eles imediatamente compraram outrocarro e seguiram rumo aos Institutos. Eles mal podiamesperar para nos dizer que Toms j dizia duaspalavras mame e papai. Agora ele estava comtrs anos e meio e podia engatinhar nas mos ejoelhos. A, a sua me fez uma coisa que s mesfariam.

    Com o mesmo entusiasmo que um pai compra umabola de futebol para o seu filho homem recm-nascido,ela comprou uma cartilha para o seu filho de trs anos,de crebro severamente lesado somente capaz de dizerduas palavras. Ela anunciou a todos que seu filho eramuito inteligente ainda que no pudesse andar e falar.Qualquer um que tivesse bom-senso podia ver isso emseus olhos!

    Conquanto os nossos testes de inteligncia emcrianas de crebro lesado, naquele tempo, fossemmais complexos do que os da Sra. Lunski, eles noeram nem um pouco mais exatos. Concordamos queToms era inteligente, apesar de no andar e falar,mas ensinar a ler uma criana de crebro lesado detrs anos e meio, isto j era outra coisa.

    Ns prestamos muito pouca ateno quando a Sra.Lunski nos disse que Toms, agora com quatro anos,podia ler todas as palavras da cartilha, muito maisfacilmente do que as letras. Estvamos maispreocupados e contentes com a sua fala, em constanteprogresso, assim como a sua mobilidade.

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  • Nesta mesma visita, seu pai nos disse que ele havialido todo o livro do Dr. Seuss chamado Ovos Verdescom Presunto. Ns sorrimos polidamente eescrevemos em sua ficha que sua fala e movimentosestavam melhorando.

    Quando ele fez quatro anos e meio seu velho paianunciou que Toms podia ler e havia lido todos oslivros do Dr. Seuss. Anotamos em sua ficha que eleestava progredindo muito, assim como o fato de que oSr. Lunski havia dito que Toms podia ler.

    Quando Toms chegou para a sua dcima primeiravisita, ele j tinha completado cinco anos. Apesar dens e o Dr. Spitz estarmos encantados com o seuprogresso, no havia nada indicando que esta visitairia representar um dia muito importante para todas ascrianas. Nada, a no ser as costumeiras observaessem muito sentido do Sr. Lunski.

    Disse-nos ele que Toms podia agora ler qualquercoisa, inclusive a revista Selees e mais, podiacompreend-la, e ainda mais, que tudo isso aconteceraantes dele completar cinco anos.

    Ns fomos salvos de fazer algum comentrio arespeito disso pela chegada do nosso almoo hambrguer e suco de tomate. O Sr. Lunski, notandoa nossa falta de interesse, apanhou um pedao depapel da mesa e escreveu, Glenn Doman gosta decomer hambrguer e tomar suco de tomate.

    Toms, seguindo as instrues de seu pai, leu comtom de voz e inflexo apropriados. Ele no hesitoucomo fazem muitos meninos de sete anos que lemcada palavra em separado.

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  • Faa outra frase, ns dissemos devagar.

    O Sr.J Lunski escreveu, O pai do Toms gosta debeber cerveja e usque. Ele barrigudo porque bebecerveja e usque na taverna do Toms.

    Toms havia lido somente trs palavras em voz altaquando comeou a rir. A parte engraada sobre abarriga do papai estava na quarta linha porque asletras eram bastante grandes.

    Esta criana de crebro severamente lesado estavalendo mais rpido do que era capaz de dizer aspalavras em voz alta. Ele no estava somente lendocomo tambm lendo com velocidade e incrvelcompreenso!

    O fato de que estvamos assombrados, ficou claroem nossos rostos. Olhamos para o Sr. Lunski.

    Eu venho lhes dizendo que ele pode ler, disse oSr. Lunski.

    Deste dia em diante nunca mais fomos os mesmos.Esta era a ltima pea do quebra-cabeas num padroque se vinha formando por mais de vinte anos.

    Toms havia nos ensinado que mesmo uma crianacom srios problemas neurolgicos pode ler antes doque as crianas normais costumam faz-lo.

    Imediatamente comeamos a testar Toms usandouma bateria completa de testes aplicada por peritostrazidos de Washington, por uma semana. Estemenino severamente lesado e mal tendo completadocinco anos, podia ler melhor do que uma criananormal com o dobro da sua idade, e com totalcompreenso.

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  • Quando Toms fez seis anos ele comeou a andar,embora ainda um tanto trmulo. Ele j lia a nvel desexta srie (crianas de onze a doze anos de idade).Toms no ia passar a sua vida numa instituio, masseus pais estavam procurando uma escola especialpara coloc-lo no incio do ano. Especial para cima eno para baixo. Felizmente agora j existiam escolasexperimentais para crianas excepcionalmentesuperdotadas. Toms havia recebido o dbio dom deter leso cerebral e ao mesmo tempo possuir pais queo amavam tanto e acreditavam que pelo menos umacriana no estava desenvolvendo todo o seupotencial.

    No fim, Toms foi o catalisador de vinte anos deestudo. Talvez seja mais exato dizer que ele foi o paviode uma carga que vinha crescendo em fora, h vinteanos.

    O mais fascinante que Toms queria muito ler edivertia-se muitssimo com isso.

    36 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • crianas pequenasquerem aprender a ler

    Eu desisto, no consigo separ-la da leituradesde que completou trs anos de idade.

    [SRA. GILCHRIST, me de Maria, menina de

    quatro anos. Newsweek (13 de maio de 1963)]

    No tem havido, na histria do homem, umcientista adulto com metade da curiosidade dequalquer criana entre as idades de dezoito meses equatro anos. Ns adultos temos confundido essemaravilhoso interesse de saber, com incapacidade deconcentrao.

    Ns temos observado nossos filhos com cuidado,mas nem sempre fomos capazes de entender osignificado das suas aes. Isto acontece porque aspessoas esto sempre usando duas palavras diferentescomo se significassem a mesma coisa. As palavras soaprender e instruir.

    O American College Dictionary assim defineaprender: 1. Adquirir conhecimento ou habilidade,atravs do estudo, instruo ou experincia....

    Instruir significa: 1. Desenvolver as faculdades ecapacidades atravs do ensino, instruo ou formaoescolar... e 2. Proporcionar educao; mandar para aescola....

  • Em outras palavras aprendizagem refere-se aoprocesso que se realiza na pessoa adquirindoconhecimento, enquanto instruo refere-senormalmente ao processo de aprendizagem sob atutela de um professor ou escola. Ainda que todosentendam isto, comum ver-se estes doisprocedimentos serem confundidos, como se fossemum s.

    Por causa disto ns achamos, s vezes, que como aeducao formal comea aos seis anos, aaprendizagem tambm deveria iniciar-se nesta idade.

    Nada poderia estar mais longe da realidade.

    A verdade que a criana comea a aprender logoaps o nascimento. Quando completa seis anos deidade e comea a educao formal, j assimilou umaquantidade fantstica de informaes, fato por fato,talvez mais do que ir aprender pelo resto da vida.

    Aos seis anos a criana j aprendeu os fatos bsicossobre si e sua famlia. Ela j aprendeu tudo sobre osseus vizinhos, seu mundo e suas relaes com eles,alm de um nmero incalculvel de fatos. Maissignificantemente, j aprendeu pelo menos uma lnguae, s vezes, mais de uma (As chances da crianadominar um idioma aps os seis anos so muitopequenas).

    Tudo isto antes dela colocar os ps na sala de aula.

    A aprendizagem, atravs desses anos, acontece emgrande velocidade, a no ser que a impeamos. Se aapreciarmos e encorajarmos, este processo acontecercom incrvel rapidez.

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  • Uma criancinha tem dentro de si o desejo ilimitadode aprender.

    Ns s podemos aniquilar inteiramente este desejo,destruindo-a por completo.

    Poderamos quase sufoc-lo, se isolssemos acriana. Lemos, ocasionalmente, acerca de um idiotade treze anos que havia sido acorrentado ao p dacama, presumivelmente porque era um idiota. Oreverso, neste caso, o verdadeiro. bastanteprovvel que ele seja um idiota porque foi acorrentadoaos ps da cama. Para analisarmos este fato temos queentender que somente pais psicticos acorrentariamqualquer criana. Um pai acorrenta a criana ao p dacama porque psictico e o resultado disso umacriana idiota porque lhe foram negadas todas asoportunidades de aprender.

    Podemos diminuir o desejo da criana de aprender,limitando o nmero de experincias a que ela exposta. Infelizmente, isto que vimos fazendouniversalmente, subestimando em muito a suacapacidade de aprender.

    Ns podemos aumentar sua aprendizagemsimplesmente removendo alguns dos impedimentosfsicos a ela impostos.

    Somos capazes de multiplicar muitas vezes oconhecimento que ela absorve, e at mesmo o seupotencial, se reconhecermos a sua incrvel capacidadede aprender e simultaneamente a encorajarmos a tal.

    Atravs da histria, tem surgido casos isolados depessoas que ensinaram seus filhos pequeninos a ler, eoutras coisas avanadas, simplesmente encorajando-

    Crianas pequenas querem aprender a ler 39

  • os e valorizando seus feitos. Em todos os casosencontrados, os resultados de tais oportunidadesdomsticas pr-planejadas foram de excelentes aassombrosos tomando as crianas felizes, bemajustadas e comum ndice excepcional de inteligncia.

    muito importante ter em mente que no foi porconsider-las excepcionais que os pais haviamdecidido dar-lhes a chance de receber o maior nmerode informaes possvel, em to tenra idade. Aocontrrio, elas ficaram inteligentes porque seus paiscomearam a trabalhar muito cedo com elas.

    Atravs da histria os grandes professores tmrepetidamente salientado que devemos incutir o amorpelo saber nos nossos filhos. Infelizmente eles noforam capazes de nos ensinar muitas maneiras deconseguir isto. Os antigos mestres hebreus ensinaramos pais a fazer bolos, com o formato do alfabetohebraico, que a criana tinha que identificar antes depoder com-los. Da a mesma forma, palavrashebraicas eram escritas na lousa com mel. Elas liam oque estava escrito e lambiam o mel para que aspalavras da lei fossem doces a seus lbios.

    Uma vez que um adulto, interessado em crianas,saiba exatamente o que possvel ser feito, ele fica seperguntando como que algum no descobriu isto hmais tempo.

    Olhe com cuidado para um beb de dezoito meses eveja o que ele faz.

    Em primeiro lugar ele distrai todo mundo.

    Por que isso acontece? Simplesmente porque eleno para de ser curioso. Ele no pode ser dissuadido,

    40 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • disciplinado ou desprovido da sua vontade deaprender, no importa o quanto tentemos convenc-lo e olha que ns tentamos bastante.

    Ele quer aprender sobre o abajur, a xcara de caf, atomada, o jornal e tudo o mais que estiver na sala o que significa que ele vai derrubar o abajur, derramaro caf, por o dedo na tomada e rasgar o jornal. Ele estem constante aprendizagem e, natural, que ns nogostemos disso.

    Pelo modo como age, conclumos que hiperativo eincapaz de prestar ateno, quando a verdade quepresta ateno a tudo. Ele est sempre alerta de todasas maneiras disponveis para aprender sobre o mundo.Ele v, ouve, sente, cheira e prova. No h outra formade aprender exceto pelos cinco caminhos ao crebro, ea criana usa todos eles.

    Ele v o abajur, puxa-o para baixo e olha, sente,escuta, cheira e prova. Tendo a chance ele ir fazer istocom cada objeto do aposento. No pedir para sair atque tenha assimilado, atravs dos sentidos, tudo sobrecada um dos objetos ao seu redor. Ele est tentandoaprender e, claro, ns estamos fazendo o possvelpara impedi-lo porque esta uma aprendizagem muitodispendiosa para ns.

    Ns os pais, temos planejado vrios mtodos delidar com a curiosidade natural de nossas criancinhase, infelizmente, quase sempre isto ocorre emdetrimento da sua aprendizagem.

    O primeiro deles d-lhe algo para brincar que noseja de quebrar. Isto significa normalmente umchocalho cor-de-rosa. Pode at ser um brinquedo mais

    Crianas pequenas querem aprender a ler 41

  • complicado do que um chocalho, mas ainda assim umbrinquedo. Tendo recebido o objeto a crianaprontamente olha para ele ( por isso que osbrinquedos tm cores vivas), balana-o (por isso queele chocalha), toca-o (por este motivo os brinquedosno tm pontas), prova-o (por isso que a tinta no txica), e at mesmo cheira-o (ns ainda nodescobrimos como eles devem cheirar e por isso notm cheiro). Esse processo no leva mais que noventasegundos.

    Agora que ela j aprendeu tudo o que era possvelaprender neste momento, abandona-o e concentra asua ateno na caixa do brinquedo. A criana acha acaixa to interessante quanto o brinquedo por issosempre devemos comprar aqueles que vem em caixas e aprende tudo sobre a caixa. Isto tambm levanoventa segundos. Em verdade, a criana presta maisateno caixa do que ao brinquedo. Uma vez que lhe permitido rasgar a caixa, ela pode aprender de que feita. Isto uma vantagem que ela no tem sobre obrinquedo, j que os mesmos so inquebrveis,reduzindo a sua chance de aprender.

    Nos parece, ento, que deveramos sempre comprarbrinquedos que venham em caixas, como uma boamaneira de dobrar a sua ateno. Ser queconseguimos isto ou simplesmente lhe demosmaterial para ocupar-se pelo dobro do tempo? Estbem claro que a segunda alternativa a verdadeira.Em resumo, devemos concluir que o perodo deateno de uma criana est relacionado quantidadede material disponvel que ela tenha para aprender, em

    42 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • vez de acreditar, como sempre o fizemos, que ela sejaincapaz de prestar ateno por muito tempo.

    Se voc observ-las, ver dezenas de exemplos doque estamos falando. No entanto, apesar de toda aevidncia experimentada por nossos olhos, chegamosfrequentemente concluso de que a criana que temateno curta, no muito inteligente. Esta conclusoprfida encerra a implicao de que ela (como todas asoutras crianas) no muito inteligente porque novinha. Ento ficamos imaginando o que iramospensar caso a garotinha de dois anos pegasse ochocalho e ficasse brincando num canto por cincohoras. Provavelmente seus pais ficariam preocupadose com bons motivos.

    O segundo mtodo geral de tentar controlar suastentativas de aprender o seguinte: recoloque-a nocercado.

    A nica coisa certa sobre o cercado da criana onome realmente um cerceamento. Deveramos aomenos ser honestos sobre essas coisas e parar dedizer: Vamos comprar um cercadinho para o beb.Digamos a verdade e admitamos que o compramospara ns.

    H uma estria em quadrinhos que mostra a mesentada dentro do cercado, lendo muito contente,enquanto seus filhos brincam do lado de fora sempoder chegar a ela. Essa estria, alm do ladohumorstico sugere outra verdade: a me, que j sabetudo sobre o mundo, pode se dar ao luxo de ficarisolada, enquanto os filhos do lado de fora, que tmmuito a aprender, continuam suas exploraes.

    Crianas pequenas querem aprender a ler 43

  • Poucos pais compreendem o custo real de umcercado. Ele no s restringe a capacidade da crianaaprender sobre o mundo, como tambm impedeseriamente o seu desenvolvimento neurolgicolimitando as suas chances de arrastar-se e engatinhar(processos vitais ao crescimento normal). Isso por suavez inibe o desenvolvimento de sua viso,competncia manual, coordenao viso-motora emuitas outras coisas.

    Ns pais, vimos nos persuadindo de quecompramos o cercado para proteger a criana, evitandoque se machuque ao mastigar o fio eltrico ou cair daescada. Na verdade, a colocamos no cercado para quens no precisemos nos preocupar com a suasegurana. Em termos de utilizao de nosso tempoestamos sendo cuidadosos com as coisas de menorimportncia, e levianos em relao s que realmenteimportam.

    Se precisamos ter um cercado, seria mais sensato seconstrussemos um de aproximadamente 3,70m decomprimento e 60cm de largura, onde o beb pudessearrastar-se pelo cho, engatinhar e aprender duranteestes anos vitais para ele. Com um cercado desse tipo,ela poderia arrastar-se pelo cho e engatinhar,movimentando-se em uma linha reta de quase quatrometros antes de atingir as grades do lado oposto. Talcercado tambm conveniente para os pais, uma vezque ocupa o espao do lado da parede, ao invs detodo aposento.

    O cercado, como instrumento para medir aaprendizagem, infelizmente mais eficaz do que ochocalho, porque quando a criana acabou de

    44 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • examinar o brinquedo que mame lhe deu por noventasegundos ela joga-o fora (por isso ela atira longe o queacabou de investigar) e do cercado no pode fugir.

    Assim ns impedimos que a criana destrua coisas(uma maneira de aprender) quando a confinamos.Esse procedimento, que coloca a criana num vaziofsico, emocional e educacional, no falhar enquantoformos capazes de aguentar os seu angustiantes gritospara sair; ou presumindo-se que no possamos maisaguenta-los, at que seja alta o suficiente para poderpular para fora e continuar sua aprendizagem.

    Ser que isto tudo quer dizer que somos a favordela quebrar o abajur? De maneira nenhuma. Ssignifica que temos tido muito pouco respeito com odesejo da criana de aprender, apesar de todos osclaros indcios de que ela quer desesperadamenteaprender tudo o que puder, o mais rapidamentepossvel.

    Estrias inverdicas continuam a surgir, as quais,ainda que falsas, so bastante reveladoras.

    H a estria de dois meninos de cinco anos noJardim da Infncia que estavam no recreio quando umavio passou rapidamente sobre a escola. Um delesachava que era um avio supersnico, o outro disseque no porque as asas no eram inclinadas para trso bastante. O sino tocou interrompendo a discusso eum deles falou: Agora temos que parar de pensar evoltar a enfiar aquelas malditas continhas.

    A estria exagerada, mas de implicaoverdadeira.

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  • Consideremos o menino de trs anos que pergunta:Papai, por que o sol quente? Como que ohomenzinho entrou na televiso? O que faz cresceras flores, mame?

    Enquanto a criana demonstra a sua curiosidadeeletrnica, astronmica, e biolgica, ns, comfrequncia dizemos a ela para ir brincar com seusbrinquedos. Ao mesmo tempo estamos concluindo queela muito nova e tem uma ateno muito curta.Certamente que tem pelo menos para osbrinquedos.

    Ns conseguimos conservar nossos filhoscuidadosamente isolados da aprendizagem no perodoem que o desejo de aprender est no auge.

    O crebro humano o nico recipiente, do qual sepode dizer, que quanto mais se enche, mais ir caber.

    Entre nove meses e quatro anos a capacidade deabsorver informaes sem igual, e o desejo deaprender to grande que nunca mais ser igualado.Apesar disso, durante este perodo, ns mantemosnossos filhos limpos, alimentados, protegidos domundo que os cerca num vcuo de aprendizagem.

    irnico que, quando eles crescerem, iremos dizer-lhes que so tolos porque no desejam saber sobreastronomia, fsica ou biologia. Aprender, iremos dizer-lhes, a coisa mais importante da vida, e o .

    Ns temos, no entanto, nos descuidado do reversoda moeda.

    Aprender tambm o maior jogo da vida, e o maisdivertido.

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  • Ns imaginamos que as crianas detestam aprenderespecialmente porque a maior parte delas no gosta daescola. Uma vez mais estamos confundindo ensinarcom aprender. Nem todas as crianas da escola estoaprendendo assim como, nem todas as que estoaprendendo, o esto fazendo na escola.

    Minhas prprias experincias na primeira srieforam tpicas do que vm acontecendo h sculos. Emgeral a mestra nos mandava sentar, olhar para ela eescutar calados enquanto ela comeava um dolorosoprocesso chamado ensinar que, segundo ela, seriapenoso para ambos, mas atravs do qual iramosaprender ou ento...

    No meu prprio caso, aquela profecia da primeiraprofessora, provou ser correta. Foi doloroso e pelomenos pelos prximos doze anos, eu detestei cadaminuto dela. Tenho certeza de que no fui o nico.

    O processo da aprendizagem deveria ser divertidoao mximo, porque , de fato, o maior jogo da vida.Mais cedo ou mais tarde todas as pessoas inteligenteschegam a essa concluso. Mais e mais vezes ouvimosalgum dizer: Este foi um dia timo. Eu aprendimuitas coisas novas. Ou algum diz: Eu tive um diahorrvel, mas aprendi algo.

    Uma experincia recente, que culminou em muitasoutras similares, porm em situaes menosengraadas, serve como um excelente exemplo de quecriancinhas querem aprender e que no so capazes dedistinguir aprendizagem de divertimento. Elasmantm esta atitude at que os adultos a convencemde que aprender no agradvel.

    Crianas pequenas querem aprender a ler 47

  • Nossa equipe estava atendendo uma menina de trsanos j h alguns meses e ela havia chegado ao pontono programa onde normalmente ensinamos leitura.Era importante para a reabilitao dessa criana queela aprendesse a ler, porque impossvel inibir umafuno humana sem afetar, at certo ponto, atotalidade das suas funes cerebrais. Ao contrrio, seensinamos uma criana severamente lesada a ler, nsestaremos auxiliando a sua fala, e outras funes. Foipor esta razo que recomendamos, nesta visita, que agarotinha deveria aprender a ler.

    O pai da criana, compreensivelmente estavadescrente do fato de poder ensinar sua filhinha decrebro lesado, de trs anos, a ler. Ele s foiconvencido pela esplndida forma fsica e o progressona fala que a criana vinha obtendo at aquele ponto.

    Quando ele retomou para uma reavaliao, doismeses depois, ele nos contou o seguinte: Emborativesse concordado em agir conforme as instruesrecebidas, no havia acreditado que pudesse dar certo.Ele decidira tambm, j que iria ensinar sua filha comleso cerebral, que o faria dentro do que imaginava serum ambiente tpico de sala de aula.

    Ele havia, portanto, construdo uma sala de aulacompleta com quadro-negro e carteiras, no seu poro.E tinha convidado sua filha de sete anos para ajudarnas aulas.

    Como era de se prever, assim que ela deu umaolhada na sala de aula deu gritinhos de alegria. Elatinha o maior brinquedo de toda a redondeza. Maiorque um carrinho de beb, maior que uma casa deboneca. Ela tinha a sua prpria escola particular.

    48 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • Nas frias, a garotinha saiu pela vizinhanarecrutando cinco crianas, de trs a cinco anos deidade para brincar de escola.

    Elas, com certeza, estavam entusiasmadas com aideia e concordavam em ser boazinhas, s para poderir para a escola como seus irmos e irms. Elasbrincavam de escolinha durante os cinco dias dasemana, durante todo o vero. A de sete anos era aprofessora e as outras menores, as alunas.

    As crianas no foram foradas a brincar disto. Erasimplesmente o melhor jogo que j tinham tido parabrincar.

    A escola fechou no final das frias, quando aprofessora de sete anos teve que ir para a segundasrie.

    Como resultado, naquele bairro especfico, existemagora cinco crianas, com idades entre trs e cincoanos, que sabem ler. Elas no podem ler Shakespeare,mas sabem ler as vinte e cinco palavras que suaprofessora de sete anos lhes ensinou. Elas podem ler eentender todas elas.

    Certamente esta menina de sete anos deve serincluda entre os melhores educadores da Histria ou ento devemos concluir que as crianas de trsanos querem aprender a ler.

    Ns preferimos acreditar que o desejo das de trsanos, mais do que a habilidade da de sete, que levouas pequenininhas a aprenderem.

    Finalmente, importante notar que quando umacriana de trs anos aprende a ler um livro, ela presta

    Crianas pequenas querem aprender a ler 49

  • ateno a ele por longos perodos, parece inteligente epara de quebrar abajures por completo; mas, ela temapenas trs anos e ainda acha que brinquedos, sointeressantes por cerca de noventa segundos.

    Naturalmente nenhuma criana quer aprender a lerat ficar sabendo que a leitura existe. Todas elasquerem absorver informaes sobre tudo o que asrodeia, e sob as circunstncias adequadas, a leitura uma dessas coisas.

    50 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • crianas pequenaspodem aprender a ler

    Um dia, h muito pouco tempo, eu aencontrei no cho da sala folheando um livro de

    francs. Ela simplesmente me disse, Bem,mame, eu j li todos os livros em ingls que

    temos em casa.

    [SRA. GILCHRIST, Newsweek

    (13 de maio de 1963)]

    Crianas muito pequenas podem e aprendem a lerpalavras, sentenas e pargrafos, exatamente damesma maneira que aprenderam a ouvir palavras,sentenas e pargrafos.

    De novo, os fatos so simples belos, pormsimples. J dissemos que os olhos enxergam, mas noso capazes de entender e os ouvidos escutam, masno podem igualmente compreender. S o crebro capaz de interpretar as mensagens que recebe.

    Quando o ouvido capta ou seleciona palavras oumensagens, essa percepo auditiva desmembradanuma srie de impulsos eletroqumicos e enviada aocrebro, que no os escuta propriamente, mas osrene e interpreta em termos do significado dapalavra.

    Exatamente da mesma maneira, quando os olhoscaptam uma palavra escrita ou uma mensagem, essa

  • percepo visual desmembrada numa srie deimpulsos eletroqumicos e enviada ao crebro quepropriamente no v, mas que os rene, constituindoassim o ato de ler.

    O crebro um instrumento mgico.

    Tanto a trajetria visual como a auditivaatravessam o crebro onde ambas as mensagens sointerpretadas pelo mesmo processo cerebral.

    A acuidade visual e a acuidade auditiva tm muitopouco a ver com isso, a no ser que sejam muitofracas.

    Existem muitos animais que veem ou ouvemmelhor do que qualquer ser humano. Apesar disso,no importando quo sofisticada seja a sua capacidadede ver ou ouvir, nenhum chimpanz ser capaz deentender a palavra liberdade ainda que possa v-laatravs dos olhos e escut-la atravs dos ouvidos. Seucrebro no capaz disto.

    Para comear a entender o crebro humano, nsdevemos considerar mais o momento da concepo doque o do nascimento, porque foi a que o maravilhosoe pouco conhecido processo do crescimento cerebralcomeou.

    A partir da concepo o crebro humano cresce, demaneira explosiva, em contnua escala descendente.

    Explosiva e descendente.

    Todo o processo est essencialmente completo aosoito anos de idade.

    Na concepo, o ovo fertilizado tem tamanhomicroscpico. Doze dias mais tarde, o embrio est

    52 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • suficientemente desenvolvido para que o crebropossa ser diferenciado. Isso acontece muito antes dame saber que est grvida, to evidentemente rpido o seu grau de crescimento.

    Embora esse ndice de crescimento seja fantstico,a velocidade sempre menor que a do dia anterior.

    Ao nascer, a criana pesa cerca de 4 quilos, o querepresenta milhes de vezes o peso do ovo nove mesesantes, no momento da concepo. obvio que se essaproporo fosse a mesma nos nove meses seguintes,como fora nos anteriores, a criana pesaria milharesde toneladas aos nove meses de idade e muitosmilhes aos 18 meses.

    O processo do crescimento cerebral equipara-se aodo corpo, s que em grau descendente muito maior.Isso pode ser visto claramente quando se observa queao nascer, o crebro da criana perfaz onze por centodo total do corpo, enquanto, no adulto, somente dois emeio por cento.

    Quando a criana completa cinco anos, ocrescimento do crebro est concludo em oitenta porcento.

    Ao fazer oito anos est, como j dissemos,virtualmente concludo.

    Durante o perodo entre oito e oitenta anos temosum crescimento cerebral menor do que o ocorrido numnico ano (o mais vagaroso de todos dos oitoprimeiros anos), entre as idades de sete e oito anos.

    Alm desse conhecimento bsico sobre o processode crescimento do crebro, tambm relevante

    Crianas pequenas podem aprender a ler 53

  • compreender quais dentre as suas funes so maisimportantes para o homem.

    H apenas seis funes neurolgicas que soexclusivas do ser humano, o caracterizam e odistinguem das outras criaturas.

    Estas seis funes so de uma camada do crebroconhecida como o crtex humano. Essas capacidadesexclusivas ao homem, esto presentes e funcionando,aos oito anos de idade. Vale a pena conhec-las.

    n Somente o ho mem ca paz de an dar in tei ra men -te na po si o ver ti cal.

    n Somente o ho mem fa la uma lin gua gem con ven -cio na da, abs tra ta e sim b li ca.

    n Somente o ho mem ca paz de com bi nar sua sin -gu lar ha bi li da de ma nual com a ca pa ci da de mo to ra,j men cio na das, pa ra ex pres sar sua lin gua gem.

    Essas trs capacidades so de natureza motora(expressiva) e baseadas nas trs seguintes, que so denatureza sensorial (receptiva).

    n Somente o ho mem en ten de a lin gua gem con ven -cio na da, abs tra ta e sim b li ca que ou ve.

    n Somente o ho mem po de iden ti fi car ob je tos usan -do uni ca men te o sen ti do do ta to.

    n Somente o ho mem v de ma nei ra a po der ler alin gua gem abs tra ta quan do na for ma es cri ta.

    Aos oito anos de idade a criana capaz de todasessas funes uma vez que anda, fala, escreve, l,compreende a linguagem falada e identifica objetos

    54 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • pelo toque. evidente que, da por diante, nsestamos tratando de uma srie de multiplicaeslaterais dessas seis funes exclusivamente humanas,em vez do acrscimo de novas habilidades.

    Uma vez que toda a vida futura do homem dependemuito dessas seis funes desenvolvidas nos oitoprimeiros anos de vida, uma pesquisa e descrio dasvrias fases que existem durante esse perodo, deextrema importncia.

    O PERODO DO NASCIMENTO A UM ANO

    Esse perodo vital para todo o futuro da criana.

    verdade que ns a mantemos aquecida,alimentada e limpa, mas tambm limitamosseriamente o seu crescimento neurolgico.

    O que lhe deve acontecer, durante este tempo,poderia ser assunto de um livro inteiro. Basta-nosdizer agora que, durante este perodo de sua vida, obeb deve ter ilimitada oportunidade de movimento,para explorar o meio fsico e adquirir experincia.Nossa sociedade e civilizao atuais geralmente ironegar-lhe isto. Nas muito raras ocasies em queocorrem, tais oportunidades resultam em crianasfsica e neurologicamente superiores. O carter dofuturo adulto, em termos de capacidade fsica eneurolgica, ser mais fortemente determinado nesteperodo da sua vida do que em qualquer outro.

    Crianas pequenas podem aprender a ler 55

  • O PERODO DE UM A CINCO ANOS

    Este perodo crucial para todo o futuro da criana.

    Durante esse tempo, ns a amamos, tomamoscuidado para que no se machuque, cercamo-la debrinquedos e a mandamos para a escola maternal.Totalmente inadvertidos, estamos fazendo o possvelpara bloquear a aprendizagem.

    O que deveria acontecer com ela, nesses anoscruciais de sua vida, o seguinte: deveramos estarsatisfazendo a sua avassaladora atrao pela matriaprima bruta, que a criana quer absorver de todas asformas possveis, mas particularmente em termos delinguagem falada, ouvida, impressa e lida.

    tambm durante esse perodo da vida que criana deveria aprender a ler, abrindo assim a portado tesouro dourado de todas as coisas escritas pelohomem na Histria, a soma do conhecimento humano.

    Durante esses anos de inigualvel vivncia e deinsacivel curiosidade, ser firmado todo o intelecto dacriana. O que ela poder vir a ser, com seus interessese habilidades futuras, ser determinado nesta fase.Um nmero ilimitado de fatores influenciar a suavida de adulto. Os amigos, a sociedade e a cultura iroter influncia sobre o que far no futuro e algunsdesses fatores podero ser prejudiciais sua plenapotencialidade.

    Embora tais circunstncias da vida de adultopossam diminuir sua capacidade de aproveitar eproduzir, isto no ocorrer nunca acima do potencialque estabelecido durante esse perodo decisivo. por

    56 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • causa de to importante motivo que deveriam ser-lhedadas, quando criana, as chances de adquirirconhecimentos, o que ela aprecia mais do quequalquer outra coisa.

    ridculo pressupor que quando a curiosidadeinsacivel de uma criana satisfeita, da maneira queela mais gosta, estamos despojando-a de sua infnciato preciosa. Tal atitude seria completamente indignase no fosse to frequentemente encontrada. Rarasvezes vemos pais que acreditam que h prejuzo paraa preciosa infncia, quando notam a avidez com quea criana se empenha ao ler um livro com a mame,sobretudo quando comparada a seus gritosangustiantes para sair do cercado ou com o tdio totalexperimentado por ela em meio a uma montanha debrinquedos.

    Aprender durante esta fase da infncia , mais quetudo, uma imperiosa necessidade e estaramoscontrariando a natureza se tentssemos impedir queisto acontecesse. Ela necessria sua sobrevivncia.

    O gatinho que brinca pulando sobre a bola de l,est apenas usando-a como vim substituto do rato. Ocachorrinho que brinca fingindo ser feroz com osoutros est aprendendo a reagir quando atacado.

    A sobrevivncia, no nosso mundo, depende danossa capacidade de expresso e a linguagem o meiousado para possibilit-la.

    O brinquedo da criana, como o do gatinho, muitomais aprendizagem do que diverso.

    Uma de suas principais finalidades a aquisio dalinguagem em todas as suas formas.

    Crianas pequenas podem aprender a ler 57

  • Devemos ser cuidadosos e consider-la como tal, eno como um mero brinquedo divertido.

    A necessidade de aprender, durante esses anos,toma-se absoluta. No maravilhoso que umaNatureza to sbia tenha feito com que a crianaqueira aprender? No terrvel que tenhamoscompreendido to mal esse pequenino ser e colocadotantos empecilhos no curso desta Natureza?

    Esse, portanto, o perodo da vida no qual ocrebro uma porta aberta a todos os ensinamentos,sem nenhum esforo consciente. a poca em que acriana pode aprender a ler com facilidade e de modonatural. Temos que dar-lhe a oportunidade para isso.

    ainda durante esse perodo, que ela podeaprender uma lngua estrangeira, ou mesmo cinco,haja visto que os alunos hoje em dia, falham nessatarefa, no secundrio e nas faculdades. A criana deveter esta chance. Ela vai aprender facilmente agora ecom grande dificuldade mais tarde.

    Nessa poca tambm aconselhvel que receba osensinamentos bsicos sobre a linguagem escrita, o queexigir muito mais esforo, entre seis e dez anos. Elavai aprender agora muito mais rpido e maisfacilmente.

    mais do que uma oportunidade nica, um deversagrado abrir-lhe a comporta de todos osconhecimentos bsicos.

    Nunca mais teremos outra oportunidade igual a esta.

    58 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • O PERODO DE CINCO A OITO ANOS

    Este perodo muito importante para o resto davida da criana.

    aqui nesta poca, praticamente o final de seusdias sensveis e maleveis de formao, que elaingressa na escola. Que perodo traumtico poder ser!Que leitor no se lembra desta fase de sua vida, aindaque tenha ocorrido h muito? A experincia daentrada no Jardim de Infncia e os dois anos seguintesso, frequentemente, a mais remota recordao queum adulto retm. Geralmente no lembrada comprazer.

    Por que necessrio ser assim se as crianasquerem to desesperadamente aprender? Podemosinterpretar isso como prova de que elas no o querem?Ou mais provvel que estejamos cometendo errosbsicos muito importantes?

    Quais seriam esses erros? Consideremos os fatosneste caso.

    Ns estamos pegando uma criana, que at entopassou pouco ou nenhum tempo fora de casa, e aestamos introduzindo num mundo fsica e socialmentedesconhecido. Seria um indcio da felicidadeexperimentada no lar se a criana de cinco ou seisanos no sentisse falta da me durante estaimportante fase de sua vida? A, ao mesmo tempo,comeamos a dar-lhe disciplina de grupo e educaoprecoce.

    Devemos ter em mente que a criana possui grandecapacidade de aprender, mas pequena habilidade para

    Crianas pequenas podem aprender a ler 59

  • efetuar julgamentos. O resultado disso que elarelaciona

    a infelicidade de estar subitamente separada dame recente experincia escolar, e assim, desde oincio, a criana associa aprendizagem com o que , namelhor das hipteses, uma vaga tristeza. No se podedizer que este seja um bom incio na tarefa maisimportante da sua vida.

    A professora tambm ir sentir o terrvel efeitodisto. surpreendente que muitas enfrentem suamisso mais com austera determinao do que comuma feliz expectativa. Ela tem duas coisas contra si,desde que v a criana pela primeira vez.

    Como seria melhor para o aluno, para a professorae para o mundo se, por ocasio deste primeiro contatocom a escola, o novo estudante j tivesse adquirido econservado o gosto de aprender.

    Se este fosse o caso, o amor da criana pela leiturae pela aprendizagem, agora em vias deaperfeioamento, contribuiria grandemente paraminimizar o golpe psicolgico causado pela separaode sua me.

    Realmente, em casos relativamente raros, onde acriana introduzida na aprendizagem com poucaidade, agradvel perceber como o seu amor pelosaber se converte tambm em amor pela escola. significativo o fato de que, quando elas estoindispostas, tentam muitas vezes esconder de sua me(geralmente sem sucesso), para no serem impedidosde ir escola. Que diferena de muitos de ns que, na

    60 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • infncia, fingamos doena (geralmente no muitobem) para no ter que ir ao colgio?

    Nossa falha, no reconhecimento de tais fatoresbsicos, nos tem levado a praticar aes poucopsicolgicas. Do ponto de vista educacional, a crianade sete anos de idade est comeando a aprender a ler mas sobre assuntos triviais, muito abaixo dos seusinteresses, conhecimento e capacidade.

    O que deveria suceder criana durante esteperodo de sua vida entre cinco e oito anos(pressupondo-se que o que aconteceu nos perodosanteriores foi adequado) que ela recebesse com amaior satisfao os assuntos que normalmente sseriam apresentados entre as idades de oito e quatorzeanos.

    evidente que os resultados disto em grande escalas podem ser bons, a no ser que queiramos aceitarcomo premissa que ignorncia conduz ao bem e oconhecimento ao mal; que brincar com um brinquedodeve resultar em felicidade enquanto aprender sobresua lngua e acerca do mundo significa infelicidade.

    Seria muito tolo pensar que, encher o crebro comensinamentos poderia, de certa forma, esgot-lo,enquanto mant-lo vazio o estaria poupando.

    Uma pessoa cujo crebro est repleto deconhecimentos teis que possam ser usados, facilmente tachada de gnio, enquanto uma outra seminformaes chamada de idiota.

    Quanto uma criana vai poder aprender sob essasnovas circunstncias e a satisfao obtida com isso irconstituir o objeto de nossos sonhos at que

    Crianas pequenas podem aprender a ler 61

  • cheguemos a um tempo quando uma grandequantidade delas poder ter essas novasoportunidade. No h dvida de que o impacto dessascrianas superiores no mundo s pode significarcoisas melhores.

    A grande quantidade de conhecimentos que lhesimpedimos de receber, refletem bem a nossa falta devalorizao pelo seu talento. O muito que elas tmconseguido aprender, apesar de nossos empecilhos, um tributo quela imensa genialidade em absorverinformaes.

    A criana recm-nascida quase que uma duplicataexata de um computador eletrnico vazio, emborasuperior a ele em todos os sentidos.

    n Um computador vazio capaz de receber umagrande soma de informaes prontamente e semesforo. Uma criana pequena tambm capaz disso.

    n Um computador capaz de classificar e arquivartais informaes. Uma criana tambm capaz disso.

    n Um computador capaz de armazenar asinformaes em carter permanente ou temporrio.Uma criana tambm capaz disso.

    n Voc no pode esperar que o computador lhe drespostas inteligentes at que voc tenha lhe fornecidoinformaes primrias sobre as quais esteja baseada apergunta feita. O computador no capaz. A crianatambm no pode.

    n Quando voc coloca informaes bsicassuficientes no computador, recebe respostas corretas e

    62 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • at mesmo julgamentos da mquina. O mesmo vocpode obter da criana.

    n A mquina aceitar toda a informao quereceber, seja a mesma correta ou no. A crianatambm o far.

    n A mquina no rejeitar nenhuma informaoque seja colocada nela de maneira apropriada. Nemtampouco a criana.

    n Se informaes incorretas forem colocadas nocomputador, futuras respostas baseadas nestematerial sero incorretas. O mesmo acontecer com acriana.

    E aqui termina o paralelo.

    Se colocamos informao errada no computador,podemos esvazi-lo e reprogram-lo. O mesmo noacontece com a criana.

    A informao bsica colocada no crebro da crianapara conservao permanente tem duas limitaes. Aprimeira delas que se voc coloca uma informaoerrada no seu crebro, durante os primeiros oito anosde sua vida, extremamente difcil apag-la. Asegunda limitao que, depois dos oito anos deidade, ela assimilar a matria nova vagarosamente ecom maior dificuldade.

    Consideremos a criana do interior que diz carrneao invs de carne e a carioca que fala chuvendo aoinvs de chovendo. Muito raramente uma viagem ou ainstruo formal so capazes de eliminar o defeito depronncia originria do lugar, o sotaque, por maischarmoso que parea. Acreditamos que a educao

    Crianas pequenas podem aprender a ler 63

  • posterior seja como um sofisticado verniz sobre oaprendizado bsico dos primeiros oito anos, ummomento de grande nervosismo ir desmanch-lo porcompleto.

    Conta-se o caso de uma bela artista de teatro, semmuita cultura, que casou-se com um homem rico. Eleprocurou educar sua nova esposa de todas as formase tudo parecia ir muito bem. Um dia, muitos anosdepois, ao descer de uma carruagem, com maneirasprprias de uma dama educada, seu valiosssimo colarficou preso na carruagem e rompeu-se, espalhandobelssimas prolas por todos os lados.

    Meu Jesus! contam que ela gritou, as prolas de eu.

    O que colocado no crebro infantil durante osprimeiros oito anos de vida, provavelmente ficar porl. Temos, portanto que ter a certeza de s colocarinformaes boas e corretas. Costuma-se dizer: D-me uma criana nos seus primeiro oito anos de vida edepois disso voc poder fazer o que quiser com ela.Nada pode ser mais verdadeiro do que isso.

    Todos sabem da facilidade com que as crianaspequenas decoram textos, mesmo os que elas noentendem de todo.

    Recentemente vimos uma menina de oito anoslendo numa cozinha onde um cachorro latia, um rdiotocava e uma discusso de famlia chegava ao auge. Agarota estava decorando um poema para ser recitadono dia seguinte na escola. Ela foi muito bem.

    Se um adulto fosse escolhido para aprender umapoesia hoje, para ser dita perante um auditrio no diaseguinte, ficaria apavorado. Supondo que tudo tivesse

    64 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • ido bem, se algum pedisse para ele recitar a poesiaseis meses mais tarde, no seria capaz de lembrar-sedela, mas recordaria certamente as que recitaraenquanto pequeno.

    Embora uma criana seja capaz de absorver e retertudo que lhe apresentado, durante estes anos toimportantes, a sua habilidade de aprender um idioma sem igual, independente do fato da lngua ser falada,isto , adquirida atravs do ouvido, ou por escrito,atravs da viso.

    Como j foi ressaltado, com o passar dos anos acapacidade de absorver conhecimentos sem esforodiminui. Cumpre lembrar tambm que, a cada dia, asua capacidade de julgamento cresce.Consequentemente, as curvas ascendentes edescendentes se cruzam.

    At chegar neste perodo em que as curvas seencontram, a criana superior ao adulto em algunspontos. Um deles a capacidade de aprender idiomas.

    Analisemos este fator singular de superioridade naaquisio da linguagem.

    O autor passou quatro anos tentando aprenderfrancs quando adolescente e quase adulto e esteve naFrana por duas vezes. Porm, est certo ao dizer quena realidade no fala francs. No entanto, cada crianafrancesa normal e grande parte abaixo do normal,sendo algumas mentalmente retardadas, aprenderama falar bem sua lngua, usando todas as regras bsicasde gramtica antes de completarem seis anos.

    Essa ideia , de certa maneira, desconcertante.

    Crianas pequenas podem aprender a ler 65

  • De incio, pode parecer que a diferena no estbaseada num conflito crianas contra adultos, mas nofato de que as crianas francesas moram na Frana,escutam francs a toda hora e por todos os lados,enquanto o adulto no.

    Vejamos se esta realmente a diferena ou se averdade est de acordo com a ilimitada capacidade dacriana e a grande dificuldade do adulto para aprenderlnguas.

    Algumas dezenas de milhares de oficiais doexrcito americano tm sido mandados para pasesestrangeiros e muito deles tm tentado aprender onovo idioma. Vejamos o exemplo do Major John Smith,de trinta anos e excelente forma fsica. Ele tem cursosuperior e um Q.I. de pelo menos quinze pontos acimada mdia. O Major Smith transferido para um postona Alemanha.

    L, comea a frequentar uma escola de lnguagermnica, trs noites por semana. As escolas deidiomas do exrcito so excelentes e ensinam pelosistema de conversao empregando professoresmuito experientes.

    O Major Smith se esfora para aprender alemo, que muito importante para sua carreira e porque tem quelidar diariamente com pessoas que falam as duaslnguas.

    De qualquer modo, um ano mais tarde, quando vais compras, leva o seu filho de cinco anos e percebeque o menino est se encarregando da conversaoporque pode falar melhor o alemo do que seu pai.

    Como isso possvel?

    66 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • O pai aprende com o melhor professor que oexrcito pde encontrar, e ainda assim mal fala oalemo, enquanto seu filho se exprime corretamente.

    Quem ensinou criana? Pessoa alguma. S que elafica o dia inteiro em casa com uma empregada que falaalemo. Quem ensinou alemo para a empregada? Naverdade, ningum.

    O pai aprendeu alemo e no fala.

    O filho no aprendeu alemo e fala.

    A fim de que o leitor no fique preso na tentadoraarmadilha que consiste em acreditar que a diferenaest nas condies ambientais do Major Smith e de seufilho, mais do que na capacidade mpar da criana e arelativa incapacidade do adulto para aprender lnguas,consideremos rapidamente o caso da Sra. Smith. Viviana mesma casa e tinha a mesma empregada que acriana. Ela no aprendeu mais alemo que seumarido e sabia menos do que seu filho.

    Se, na infncia, o desperdcio desta capacidadenica de aprender lnguas no fosse to triste elamentvel, seria at divertida.

    Caso a famlia Smith tivesse mais filhos quandopartiu para a Alemanha, a proficincia na lngua seriainversamente proporcional idade dos membros dafamlia:

    n O de trs anos de ida de, se exis tis se, apren de riamais ale mo do que qual quer ou tro;

    n O de cin co anos apren de ria bas tan te, mas no tobem quan to o de-trs;

    Crianas pequenas podem aprender a ler 67

  • n O de dez apren de ria mui to bem o ale mo, masme nos do que o de cin co;

    n O de quin ze apren de ria al gu ma coi sa, mas lo goes que ce ria;

    n O po bre Major Smith e Sra. qua se no apren de -riam ale mo.

    O exemplo aqui demonstrado, longe de ser um caso parte, quase que universalmente verdadeiro.Temos conhecido crianas que tm aprendido francs,espanhol, alemo, japons ou iraquiano, sob essasmesmas circunstncias.

    Outro ponto que gostaramos de ressaltar, no tanto a capacidade inata da criana de aprenderidiomas, mas a incapacidade do adulto de aprenderlnguas estrangeiras.

    Fica-se horrorizado quando se consideram osmilhes de dlares gastos anualmente nas escolassecundrias e universidades americanas, tentandoinutilmente ensinar lnguas aos jovens que so quaseincapazes de aprend-las.

    Deixemos o leitor considerar se ele ou ela realmenteaprenderam uma lngua no secundrio ou nafaculdade.

    Se depois de quatro anos, aprendendo francs naescola, o leitor for capaz de pedir um copo dgua,tente explicar que a gua gelada. Isso bastar paraconvencer a todos, exceto os mais teimosos, quequatro anos de francs no foram o bastante. Quatroanos seriam mais do que suficientes para qualquercriana pequena.

    68 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • Simplesmente no h dvida de que uma criana,longe de ser um adulto inferior ou de pouco tamanho, de certa maneira, superior gente grande. Umdesses aspectos a quase fantstica faculdade paraassimilar lnguas.

    Temos aceito, quase sem pensar, essa capacidadeverdadeiramente miraculosa.

    Cada criana normal (e como tem sido dito, aquelascom problemas tambm) aprende com efeito umalngua completa entre as idades de um a cinco anos.Aprende-a com o sotaque exato de seu pas, seuestado, sua cidade e sua famlia. Aprende-a semesforo aparente e exatamente como falada. Quemduplica esta faanha?

    E ainda no tudo.

    Toda criana criada numa casa onde se fala duaslnguas, aprender as duas antes dos seis anos deidade. Alm do mais, ela falar a lngua estrangeiracom o sotaque exato do local onde os adultos, que lheservem de modelo, aprenderam.

    Se uma criana americana, de pais italianosconversa com uma pessoa vinda da Itlia, mais tarde,poder ouvir: Ah, voc de Milo! se que foi lque seus pais cresceram. Posso reconhecer pelosotaque. E isto acontece apesar da criana talo-americana nunca ter deixado os Estados Unidos.

    Todas aquelas criadas em casas onde se fale trslnguas, dominaro os trs idiomas antes de completarseis anos de idade e assim por diante.

    Crianas pequenas podem aprender a ler 69

  • O autor, recentemente viveu essa experincia,quando esteve no Brasil. Conheceu um menino denove anos, com inteligncia mdia, que compreendia,lia e escrevia nove lnguas quase que fluentemente.Avi Roxannes nasceu no Cairo, onde aprendeufrancs* rabe e ingls. Com o av turco que vivia comele, aprendeu a lngua sria. Quando tinha quatroanos, a famlia mudou-se para Israel; foi quando umatia espanhola, por parte do pai, juntou-se a eles. Aviaprendeu espanhol. Em Israel aprendeu mais trslnguas: hebraico, alemo e idiche e, ento, aos seisanos de idade, quando se mudaram para o Brasil, Aviaprendeu portugus.

    Ao todo, os pais de Avi falavam tantas lnguasquanto ele; por isso mantinham conversao com seufilho em cada um dos nove idiomas. Os pais de Avi,acentuadamente melhores linguistas que a maioriados adultos, tendo aprendido cada um cinco lnguasdurante a infncia, quando se tratava de ingls ouportugus, que aprenderam quando adultos, nocompetiam de forma alguma com Avi.

    J comentamos anteriormente que tem havido naHistria muitos casos cuidadosamente documentadosde pais que resolveram ensinar os seus filhos de poucaidade a fazer coisas que foram e ainda soconsideradas extraordinrias.

    Um desses o da pequena Winifred, cuja me,Winifred Sackville Stoner, escreveu um livro chamadoEducao Natural, publicado em 1914.

    Essa me comeou a incentivar a filha e criouoportunidades especiais para ela aprender logo aps onascimento. Discutiremos os resultados dessa atitude

    70 Como Ensinar Seu Beb a Ler

  • na aprendizagem de leitura de Winifred, mais adianteneste livro. Por enquanto, vejamos o que a Sra. Stonertinha a nos contar sobre a capacidade de seu beb coma linguagem falada aos cinco anos de idade:

    Assim que Winifred pode exprimir suasnecessidades, comecei a ensinar-lhe o espanholatravs da conversao e com os mesmos mtodosdiretos que eu usara para ensinar ingls. Escolhi oespanhol por ser o mais simples dos idiomaseuropeus. Quando Winifred completou cinco anos,estava apta a expressar seus pensamentos em oitoidiomas