como é possível trabalhar com a prática da fotografia baseada em
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Centro de Educação Superior de Brasília – CESB
Instituto de Educação Superior de Brasília – IESB
Bacharelado em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo
Como é possível trabalhar com a prática da fotograf ia baseada em
imagens subjetivas de pinhole que pouco se assemelham ao referente
fotografado?
Juliana Soares Mendes 0721022064
Brasília - DF Junho de 2009
Juliana Soares Mendes
Como é possível trabalhar com a prática da fotograf ia baseada em
imagens subjetivas de pinhole que pouco se assemelham ao referente
fotografado?
Trabalho de Conclusão do Curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo do Instituto de Educação Superior de Brasília.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Oliveira Paulino
Brasília - DF Junho de 2009
I
A toda a minha família.
A meu pai e minha mãe por investirem
tempo, dinheiro e esforço na minha educação.
À Carol, que assumiu seu papel de irmã mais velha,
acompanhando e divulgando a exposição.
Aos meus avós, Isméria e José e
Inayá e Jaime (in memoriam).
Às tias, tios, primos, primas e “sobrinhos-primos”.
Ao Gabriel, meu namorado, que enviou bombons e energia positiva do Rio.
A meus amigos e amigas.
Ao Leyberson, que me presenteou com uma câmera de fosfoto e
salvou meu TCC dos vírus de computador.
À Eli, minha companheira de projeto final e de Planaltina.
Ao Jairo pelas sugestões para o site e a promoção da “experimentação”.
À Mel e ao Murilo, que se interessaram pela idéia da câmera de fosfoto.
Ao Mateus e à Luísa, que se empolgaram com as imagens de pinhole.
À Mari Haubert, Mari Tokarnia e Tchela,
que fizeram o trabalho de telejornalismo sobre a exposição
À Simone, da Associação dos Amigos do Centro Histórico de Planaltina,
pelos elogios, estímulo e divulgação.
Ao Batista, da Rádio Utopia, pelo carinho e por todo apoio.
À Administração Regional de Planaltina pela abertura do espaço do Museu.
Às pessoas e coletivos, que sempre me ensinam muito.
Ao grupo da rádio Ralacoco.
Aos envolvidos no Projeto Dissonante.
Aos participantes do Projeto Comunicação Comunitária.
Aos meninos e meninas do SOS Imprensa.
Ao meu orientador, professor e amigo, Paulino.
II
RESUMO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso é uma exposição fotográfica
formada por 15 imagens confeccionadas pela técnica do pinhole, ou “buraco da
agulha”. A exposição virtual aconteceu de 1° a 15 d e maio de 2009 no site
interativo www.fosfoto.com. Também houve, de 15 a 17 de maio, a exibição
das fotografias no Museu Histórico e Artístico de Planaltina-DF, Região
Administrativa distante 40 km do Congresso Nacional. As fotos foram
produzidas no Centro Histórico de Planaltina-DF, localizado no Setor
Tradicional da localidade e formado pelo Museu Histórico e Artístico, pela Igreja
de São Sebastião e por duas praças. As imagens foram tiradas em três
câmeras elaboradas a partir de caixas de fósforo com a técnica do pinhole,
também chamadas de câmeras de fosfoto. A exposição organizou grupos de
três fotos acompanhados por uma manchete. Cada imagem também possuía
uma legenda. O público, então, foi convidado a interpretar as fotografias e
reescrever as legendas provisórias das figuras. O objetivo da exposição foi
verificar, a partir da multiplicidade de sentidos presentes na imagem de pinhole,
como é possível desenvolver uma prática de fotografia baseada na
subjetividade e na ausência de um referencial facilmente identificável.
Exatamente 155 pessoas contribuíram com a exposição. Dessas, 34
colaborações foram obtidas na exposição no Museu, que recebeu 60 visitantes
nos três dias de evento. Ao total, foram 1.860 propostas de legendas.
Aproximadamente 20 pessoas – crianças, pais, professores e lideranças
comunitárias – participaram da oficina de pinhole no último dia do evento. A
receptividade da exibição na internet e no Museu indica a necessidade de mais
ações que valorizem a memória coletiva de Planaltina e ocupem o Centro
Histórico. A quantidade de legendas completas obtidas no processo revela
também o interesse por parte do público em participar, dialogar e interpretar
fotografias.
Palavras-chave: Pinhole; Fotografia; Imaginário
III
ABSTRACT
This work was developed as a requirement for majoring in Journalism. It is a
photographic exhibition of 15 images made with the pinhole technique. The
virtual exhibition happened from May 1st to 15th of 2009 in the interactive
website www.fosfoto.com. There was also an exposition from May 15th to 17th at
the Artistic and Historic Museum of Planaltina (Brazilian Federal District). The
region is located 40 km from Brazil’s capital, Brasília. The pictures were taken
at Planaltina’s Historic Centre in the Traditional Area of the city. The Museum,
Saint Sebastian’s Church and two squares are located in the Historic Centre.
The photographs were made by three cameras built with match boxes and the
pinhole technique. The exhibition organized five sets of three photos. Every set
had a headline and each image had a caption. Participants were asked to
interpret the photographs and rewrite the temporary captions. The exposition’s
main goal was to use pinhole pictures – which carry different meanings – to
verify how it is possible to develop a photography practice based on the
subjectivity and the lack of an easily identifiable referential. The exhibition
received contributions from 155 people, of which 34 were visiting the Museum
(60 people saw the pictures during the three days of the event). There were a
total of 1.860 captions. Approximately 20 people – children, parents, teachers
and community leaders – participated in the pinhole workshop at the last day of
the exhibition. The attention drawn to the exposition on the internet and in the
Museum shows the need for more actions to promote Planaltina’s collective
memory and the occupation of the Historic Centre. The amount of complete
captions gathered in the process also indicates the public’s interest to
participate, discuss and interpret the pictures.
Key words: Pinhole; Photography; Imaginary
SUMÁRIO 1 Apresentação 1 2 Objetivo 4 3 Justificativa 5 4 Metodologia: Exposição fotográfica online e física com a participação do público
10
4.1 Passo a passo da Câmera de Fosfoto 10 4.2 Seleção do sujeito da fotografia: Planaltina-DF 14 4.3 Desenvolvimento da exposição fotográfica 17 4.4 Linguagem interativa para criação da exposição virtual 19 4.5 Análise das legendas escritas pelos participantes da exposição
20
5 Contextualização Teórica 24 5.1 História da Fotografia 24 5.2 Pinhole: a câmera artesanal 28 5.3 Fotojornalismo e legendas 32 5.4 Experiência estética e comunicação 35 5.5 O referente e a subjetividade na fotografia 37
6 A produção da exposição fotográfica “Planaltina no buraco do alumínio”
41
6.1 Antecedentes 41 6.2 Etapas de produção 43 6.3 Seleção das fotografias 44 6.4 Planejamento e execução da exposição virtual 47 6.5 Exposição no Museu Histórico e Artístico de Planaltina 49
7 Análise dos dados coletados 51 7.1 Fotografia 1 – O portal do paraíso 54 7.2 Fotografia 2 – Eternidade 57 7.3 Fotografia 3 – Labirinto da vida 59 7.4 Fotografia 4 – Déjà vu 61 7.5 Fotografia 5 – Eclipse da Lua 63 7.6 Fotografia 6 – Óvnis 65 7.7 Fotografia 7 – Holocausto nuclear 68 7.8 Fotografia 8 – Eu mandava ladrilhar 70 7.9 Fotografia 9 – Casa-grande e Senzala 72 7.10 Fotografia 10 – Hecatombe 74 7.11 Fotografia 11 – Céu e Inferno 76 7.12 Fotografia 12 – Fantasma??? 78 7.13 Fotografia 13 – Anaconda 80 7.14 Fotografia 14 – Colo de mãe 82 7.15 Fotografia 15 – Apoteose 84
8 Conclusão 86 9 Referências 88 10 Anexos 96
10.1 Anexo 1 - Layout do site da exposição virtual 96 10.2 Anexo 2 - Informativo sobre a exposição virtual 99 10.3 Anexo 3 - Ofício entregue à Administração Regional de Planaltina, solicitando a utilização do espaço do Museu para a exposição
100
10.4 Anexo 4 - Planta baixa do museu com indicação da sala para a exposição
101
10.5 Anexo 5 - Medidas dos painéis da exposição 102 10.6 Anexo 6 - Orçamento dos materiais confeccionados e adquiridos
103
10.7 Anexo 7 - Layouts do cartaz, panfleto, arte da câmera escura e formulário
105
10.8 Anexo 8 - Fotografias de registro da exposição e oficina de pinhole
109
10.9 Anexo 9 - Lista de assinaturas dos participantes da exposição no Museu
113
10.10 Anexo 10 - Clipping das notas publicadas em blogs e outros meios de comunicação
115
10.11 Anexo 11 - Tabela sistematizada com as contribuições para legendas das fotografias da exposição
120
1
1 Apresentação
A unidade básica do jornalismo, a notícia, se refere aos acontecimentos
e possui pretenso caráter de objetividade e exatidão. O Manual de Redação da
Folha de S. Paulo fornece a seguinte definição de notícia: “puro registro dos
fatos, sem opinião” (Folha de S. Paulo, 2006:88). Segundo os jornalistas Bill
Kovach e Tom Rosentiel (2003:61), a importância da correção na transmissão
dos acontecimentos está relacionada com a necessidade dos indivíduos
utilizarem a notícia para compreenderem o mundo em que vivem, cada vez
mais globalizado (de maneira que fatos ocorridos em um país distante se
tornam próximos do público comum dos jornais). Portanto, a verdade seria
essencial para a organização diária do fluxo crescente de informações:
“O consumo de notícias veiculadas através dos jornais ou das emissoras de rádio e de televisão por uma grande parcela da população mundial é hoje um ato ritualístico que se repete diariamente, através do qual os indivíduos retomam regularmente o contato com a realidade caótica” (MOTTA, 2002, p.13)
Por contigüidade, o fotojornalismo também preza pela verdade e
objetividade. O suporte desta prática comunicacional é a fotografia a que,
desde sua invenção, “foi-lhe atribuída uma credibilidade, um peso de real bem
singular” (DUBOIS, 1993:25). Muito foi discutido se a fotografia seria ou não o
espelho do real e se seu valor como índice – que deixa resquícios do referente
impresso no papel – consegue aferir à imagem valor de notícia, documento ou
prova judicial. Dessa maneira, o professor e jornalista Celso Bodstein (2007:1)
explica que tradicionalmente o fotojornalismo é descritivo, infomacional e
ilustrativo:
“O que conhecemos e celebramos como o melhor do fotojornalismo, comumente é a configuração da imagem tomada indicial à informação noticiosa; aquela que almeja transbordar a noticiabilidade de seu referente, presentificando-o” (BODSTEIN, 2007:2)
Porém, estudiosos da imagem questionam a objetividade da fotografia.
O pesquisador do campo da imagem Philippe Dubois (1993:23-56) explicita
três discursos que se suplantaram na relação da humanidade com esta técnica:
a fotografia como espelho do real, a fotografia como transformação do real e a
2
fotografia como traço de um real. A temática da possibilidade de apreensão do
real também foi questionada no jornalismo como um todo, já que:
“A primeira obrigação do jornalismo é com a verdade. A respeito deste princípio existe unanimidade absoluta e também a mais completa confusão: todo mundo concorda que os jornalistas devem dizer a verdade. Apesar disso as pessoas se mostram meio zonzas com o significado do termo ‘a verdade’” (KOVACH; ROSENTIEL, 2003:61)
A jornalista Simonetta Persichetti (2006) se refere a uma encruzilhada do
fotojornalismo, que possui reflexos na produção fotográfica e na leitura das
imagens. Para a autora, desde a década de 1980, a prática fotográfica dentro
da imprensa tem sofrido com a estética publicitária, a rapidez das informações
e as máquinas digitais. Devido ao pouco tempo disponível e o número
abundante de fotografias, nem sempre a imagem selecionada é a melhor para
representar determinada notícia, pois, “embora a tecnologia nos permita fazer
coisas impensáveis, é nossa cabeça que não pensa” (PERSICHETTI,
2006:185).
Neste contexto de repensar a fotografia, surge a possibilidade do uso do
pinhole como uma técnica que envolve o fotógrafo desde a construção da
câmera, permite a reflexão crítica e desmistifica a tecnologia da fotografia. O
pinhole, ou “buraco da agulha”, é uma câmara escura construída com um
orifício e algum material sensível à luz para a produção de imagens.
De acordo com o fotógrafo e pesquisador Fábio Goveia (2005:74), as
câmeras fotográficas comuns utilizam a objetiva para transformar aspectos não
desejados das imagens, aumentando o foco e a claridade. Porém, a câmera de
pinhole diminui a possibilidade de interferência do fotógrafo e revela o que
existe no ambiente em determinado momento. Enquanto a subjetividade do
aparelho tradicional está no referencial do olho humano, o pinhole traz outro
tipo de subjetividade ao imprimir no suporte fotográfico elementos muitas vezes
invisíveis ao fotógrafo e que surgem a partir da perspectiva da câmera, como a
sombra de uma pessoa que passa no momento da exposição, o fiapo da
moldura cortada na caixa de fósforo ou partes do corpo do fotógrafo que não
pareciam estar enquadrados.
Ainda, a subjetividade do pinhole também pode ser verificada nas
possibilidades de representações sociais e arquétipos gerados na apreciação
3
das imagens. Afinal, muitas vezes estas figuras não mostram de maneira
evidente o referente fotografado, devido a deformações, à revelação de apenas
traços do objeto, ao flou (efeito etéreo e de ligeira perda de definição) e as
diversas experimentações que a técnica permite, seja na escolha do material
para a câmera escura, do suporte fotossensível ou na multiplicidade de
orifícios. Assim, a técnica do “buraco da agulha” permite a formação de
imagens subjetivas e experimentais que, por vezes, podem revelar arquétipos.
O fotógrafo e estudioso Eric Renner (2009:2) explica que os arquétipos são
imagens presentes na psique humana de sentimentos “instintivos” e datam da
origem da humanidade.
Considerando a crise da prática fotográfica (PERSICHETTI, 2006) e a
necessidade de novas verossimilhanças e subjetividades nas imagens, a
seguinte pergunta se coloca como questão de conhecimento:
• Como é possível trabalhar com a prática da fotografia baseada em
imagens subjetivas de pinhole que pouco se assemelham ao referente
fotografado?
Este é o tema que guiou o presente trabalho, formado por uma
exposição concreta e uma virtual (www.fosfoto.com) de 15 fotos de pinhole. As
imagens foram produzidas no Centro Histórico de Planaltina-DF, Região
Administrativa distante 40 km do Congresso Nacional. O Centro Histórico se
localiza no Setor Tradicional da localidade, sendo formado pelo Museu
Histórico e Artístico, a Igreja de São Sebastião e duas praças.
As imagens foram tiradas em três câmeras confeccionadas a partir de
caixas de fósforos com a técnica do pinhole, também chamadas de câmeras de
fosfoto. A exposição organizou grupos de três fotos, acompanhados por uma
manchete. Cada imagem também possuía uma legenda. O público, então, foi
convidado a interpretar as fotografias e reescrever as legendas provisórias das
figuras.
4
2 Objetivo
Objetivo geral:
• Verificar, a partir da multiplicidade de sentidos presentes na imagem de
pinhole, como é possível desenvolver uma prática de fotografia baseada
na subjetividade e na ausência de um referencial facilmente identificável.
Objetivos específicos:
• Dialogar, com o público consumidor de imagens, sobre as
representações geradas pelas fotografias;
• Estabelecer contribuições de novas possibilidades e potencialidades
para fotografia atual, inserida em um fluxo rápido e abundante de
imagens;
• Identificar alternativas tecnológicas às câmeras fotográficas
industrializadas, que possuem diversos recursos e geralmente custam
muito caro;
• Experimentar a técnica de pinhole dentro da esfera da comunicação;
• Criar um site que permita divulgar a técnica do “buraco da agulha” e
dialogar com outros indivíduos e coletivos que produzem imagens de
pinhole.
5
3 Justificativa
Na sociedade contemporânea, há grande profusão de imagens,
principalmente nos meios digitais. Na internet, existem diversas ferramentas
para o armazenamento de fotografias: álbuns em sites de relacionamentos,
programas para gerenciar fotos, bancos de imagens, sistema de busca de
figuras a partir de palavras-chave, além de páginas para carregar e baixar
vídeos. Amadores utilizam softwares de edição de imagem para retocar as
fotografias, retirando olhos vermelhos e rugas, bem como criando
fotomontagens lúdicas. Dessa maneira, segundo o pesquisador de temas da
imagem Arlindo Machado, há uma hegemonia das imagens eletrônicas, a
medida em que:
“basta observar o crescimento vertiginoso das telas eletrônicas ao nosso redor. Em casa, no trabalho, nas escolas, nas empresas, nos bares, nos estádios, nos aeroportos, nos metrôs, nas ruas, nos hospitais, aonde quer que se vá, há sempre um (ou vários) monitor(es) ligado(s), espalhando para todos os quadrantes uma imagem granulosa, mosaicada, estilizada, translúcida e flamejante” (MACHADO, 1998:318)
A máquina digital – apesar de exigir um investimento inicial um pouco
maior do que o necessário para a compra de uma câmera analógica – barateou
o processo de produção fotográfica e colaborou para democratizar o acesso ao
meio. Inclusive, muitas figuras disseminadas por amadores são criadas por
câmeras embutidas em aparelhos celulares – o potencial do aparelho é enorme
uma vez que 36,7% dos brasileiros com mais de 10 anos possuíam telefone
móvel em 2005 e a tendência era o número aumentar (IBGE, 2005).
Contudo, a abundância das imagens processadas e difundidas
rapidamente dificulta a reflexão sobre a fotografia e as suas etapas de
produção. Em diversos momentos, a ampliação do acesso ao meio de
comunicação sem a paralela leitura crítica da mídia aumenta os consumidores
da imagem, porém pode reduzir as possibilidades de criação e criatividade na
fotografia. O pinhole, no entanto, demanda a presença do fotógrafo desde a
confecção da câmera, revelando as etapas da produção imagética. Ou seja, a
foto produzida pela técnica do “buraco da agulha” é uma das alternativas para
o aprendizado da linguagem fotográfica. Afinal,
6
“Ao ensinar-nos um novo código visual, a fotografia transforma e amplia nossas noções sobre o que vale a pena olhar e o que efetivamente podemos observar. Constitui ela uma gramática e, o que é ainda mais importante, uma ética do ver” (SONTAG, 1983:3)
A visão crítica da imagem, considerando a ética e a estética, pode ser
essencial para a fotografia superar sua crise, pois como comenta Persichetti
(2006), as imagens na imprensa tendem para o óbvio e eficiente. A
superficialidade da foto não se explica pela necessidade de mais
desenvolvimentos tecnológicos — que se encontram à disposição dos
profissionais —, mas pelo modo de produção do jornalismo, que privilegia a
rapidez e se aproxima da publicidade. Atualmente, em vários países, as
empresas jornalísticas se configuram como grandes corporações. A
proximidade com o mercado e os anunciantes influencia a independência do
jornalista — que, segundo Kovach e Rosenstiel (2003), se encontra cada dia
mais distante da realidade do leitor —, e a concorrência com outras empresas
valoriza a rapidez em detrimento da qualidade (KOVACH; ROSENSTIEL,
2003).
Este contexto estimula a padronização das imagens e linguagens,
decorrentes de um pensamento único que, por exemplo, impõe a ideologia e
imaginário de uma classe dominante, ou a cultura de países do primeiro
mundo. O Documento apresentado no Encontro Mundial de Artistas —
promovido pela Aliança por um Mundo Responsável, Plural e Solidário — na
cidade de São Paulo em 2001, destaca a importância de se valorizarem as
várias culturas:
“A identidade, sabemos, é plural e está em permanente mutação. O que não pode ocorrer é a sobreposição de culturas ditada pelas normas dos mais fortes, tornando as mais ‘fracas’ pitorescas e deslocadas de sua verdadeira origem” (FARIA; GARCIA, 2003:46)
Portanto, a reflexão sobre a produção fotográfica e a valorização de
diferentes linguagens imagéticas são necessárias para desenvolver a leitura
crítica das fotografias, produzir imagens mais informativas e com conteúdo
mais elaborado, bem como romper com a padronização atual de produção de
fotos. O pinhole se propõe como uma técnica que permite a compreensão e o
7
domínio da produção fotográfica desde o início (com a produção da câmera) e
é uma alternativa para a reflexão desejada.
Outra vantagem da fotografia realizada com o elemento do “buraco da
agulha” é o fato de que a imagem produzida se abre para o diálogo entre
câmera, fotógrafo e leitor. A referência do fotógrafo não é mais a perspectiva
do olho humano, mas a visão a partir do objeto confeccionado. Portanto, como
explica Fábio Goveia (2005:68), “as fotografias pinhole são, desde sua
concepção, resultado de uma experiência única e individual do fotógrafo”. A
característica singular da imagem não se deve a possíveis limitações de
reprodução, principalmente porque a câmera de fosfoto permite a utilização de
filme fotográfico. Mas, o elemento se explica pelo fato do posicionamento da
câmera e o tempo de exposição serem preparados a cada momento que se
fotografa, uma vez que não há obturador e controle matemático do diafragma e
da velocidade da luz que entra no aparelho. Dessa maneira,
“a imagem produzida pela pinhole é um resultado dialógico. Homem e máquina têm seus próprios elementos e a imagem é resultante dessa parceria. Não adianta ao fotógrafo obrigar o aparelho a processar exatamente a imagem que lhe convém” (GOVEIA, 2005:81)
Além disso, as imagens de pinhole produzem efeitos que valorizam a
interpretação e o diálogo com o leitor das fotos. Por exemplo, no caso da
câmera de fosfoto, as fotografias apresentam as molduras que correspondem
ao recorte da caixa de fósforos. Por mais reto que o corte seja feito, no
momento em que a foto é ampliada, a moldura revela formas geradas pelos
fiapos do papelão ou por recortes criativos (circular ou em forma de figuras).
Também há a possibilidade do flou, que atribui um ar etéreo à imagem devido à
baixa definição produzida. As deformações do filme e os espaços em branco
da fotografia também são comuns e conferem margem para interpretação.
É importante ressaltar que o presente trabalho não propõe o uso em
larga escala da técnica de pinhole para a produção fotográfica. No entanto, a
reflexão gerada pela exposição “Planaltina no buraco do alumínio” e pelo
estímulo à experimentação com a câmera de fosfoto pode contribuir para a
leitura crítica das imagens, e este aprendizado pode ser utilizado no processo
de produção de fotografias.
8
A escolha do Centro Histórico de Planaltina como local para a confecção
das imagens e para a montagem da exposição se deve ao momento oportuno,
uma vez que a cidade completa 150 anos em 2009. Membros do Governo do
Distrito Federal (GDF), a sociedade civil e a Universidade de Brasília (UnB)
estão se articulando para promover diversas atividades culturais para
comemorar o aniversário da cidade, e a exposição foi recebida como uma das
ações do calendário de eventos festivos.
Planaltina possui importância histórica destacada porque abrigou as
missões Cruls (1892), Poli Coelho (1945) e Pessoa (1955) que demarcaram o
território da nova capital. Terras do então município também foram
desapropriadas para a construção de Brasília (GUIMARÃES, 1996). O Centro
Histórico possui alguns casarões no estilo colonial, o Museu Histórico e
Artístico de Planaltina e a Igreja de São Sebastião, do século XIX.
Apesar da riqueza cultural da área, há a necessidade de desenvolver
atividades de valorização da memória local e revitalização do Museu. O acervo
em exibição no espaço é pequeno, não há uma lógica sistematizada de
exposição e falta informação disponível para os visitantes. Grupos como a
Associação dos Amigos do Centro Histórico, a Rádio Comunitária Utopia FM e
o Projeto de Extensão Comunicação Comunitária (Faculdade de Comunicação
da UnB) percebem a necessidade de promover ações de estímulo à
preservação da memória de Planaltina.
Com a mobilização para a comemoração dos 150 anos da cidade, outras
entidades fazem parcerias para promover feiras de livro, concursos escolares,
desfiles cívicos e apresentações culturais, dentre outras ações. A exposição
“Planaltina no buraco do alumínio” se insere nesse contexto propício a
propostas artístico-culturais para o Centro Histórico da localidade.
A exposição no Museu é também uma ferramenta evidente de
comunicação, uma vez que transmite idéias e emoções com as fotografias e
disposição do material. A Declaração de Caracas enfatiza este aspecto
dialógico dos museus. O documento foi escrito ao término do Seminário "A
Missão dos Museus na América Latina Hoje: Novos Desafios", realizado pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), pelo Escritório Regional de Cultura para América Latina e Caribe
(ORCALC), pelo Comitê Venezuelano do Conselho Internacional de Museu
9
(ICOM), dentre outras entidades, em janeiro e fevereiro de 1992. A declaração
considera:
“que o museu como um meio de comunicação transmite mensagens através da linguagem específica das exposições, na articulação de objetos-signos, de significados, idéias e emoções, produzindo discursos sobre a cultura, a vida e a natureza; que esta linguagem não é verbal, mas ampla e total, mais próxima da percepção da realidade e das capacidades perceptivas de todos os indivíduos” (Declaração de Caracas, 1992:2)
Portanto, a exposição possui duplo propósito de valorização da cultura
local, primeiro pela escolha do Centro Histórico como tema a ser fotografado e
apreciado e, segundo, pelo uso deste espaço, que estimula o contato do
visitante com o Museu e incita que outras atividades culturais ocupem o local.
10
4 Metodologia:
Exposição fotográfica online e física com a participação do público
4.1 Passo a passo da Câmera de Fosfoto
O presente Trabalho de Conclusão de Curso é um estudo exploratório
baseado na pesquisa qualitativa. A fase inicial do trabalho foi a confecção de
câmeras pinhole para elaboração de imagens do Centro Histórico de
Planaltina. A estudante realizou três saídas de campo para fotografar e
carregou sempre três câmeras pinhole — que resultaram em oito filmes
revelados1. Então, foram selecionadas 15 imagens para a exposição virtual e a
exibição no espaço do Museu Histórico e Artístico de Planaltina. Durante as
exposições, foi solicitado que os participantes substituíssem as legendas
provisórias das fotos por frases que pudessem indicar outros sentidos e
interpretações das imagens.
A primeira etapa da exposição (a produção das câmeras fotográficas) se
fundamentou na técnica do pinhole ou “buraco da agulha”. Mais precisamente,
se utilizou a confecção da câmera de pinhole a partir de caixas de fósforos, ou
câmera de fosfoto.
A construção do aparelho se baseia no princípio da câmera escura, que,
até os dias de hoje, é o mecanismo fundamental das máquinas fotográficas.
Uma caixa ou um cômodo podem funcionar como câmera escura, que é
formada por paredes opacas. Em uma das superfícies, há um pequeno orifício.
Simplificando, quanto menor o orifício, mais nítida a figura gerada. No
entanto, “há um tamanho mínimo além do qual a redução do orifício produz
perda de nitidez, devido à difração2” (ADAMS, 2000:20).
A imagem é formada porque a luz, refletida pelos objetos, se propaga
em linha reta. Ao passar pelo orifício, o raio de luz emitido a partir do topo de
determinada coisa reflete a imagem na base da parede. Do mesmo modo, a luz
1 Na última saída de campo (28/03/2009), somente dois filmes fotográficos foram utilizados devido à pouca iluminação após o entardecer — que não permitiu a confecção de mais fotos. 2 Difração é uma propriedade do movimento de ondas, como a luz. Quando ondas passam por pequenas aberturas ou barreiras, elas se separam ou se dobram, causando a difração. O fenômeno é mais visível quando o orifício ou obstáculo possui tamanho similar ou menor que o comprimento da onda (Microsoft Encarta 96 Encyclopedia [CD ROM], 1993-1995).
11
emitida da base do objeto reflete a imagem no topo da superfície. O resultado é
uma figura invertida, conforme a ilustração abaixo:
Ilustração 1: Princípio da Câmera Escura
A humanidade conhece o fenômeno óptico desde a pré-história, quando
possivelmente os raios solares invadiam as escuras cavernas por pequenos
buracos e fabricavam a imagem invertida (RENNER, 2009:5-6). Segundo o
professor e fotógrafo Charles Swedlund:
"Uma antiga lenda conta que um certo árabe acordou um dia e teve uma visão miraculosa na parede de sua tenda. Depois que o seu espanto inicial passou, ele percebeu que a "visão" era na verdade a imagem invertida de um grupo de pessoas do lado de fora. Devido a uma coincidência perfeita, um pequeno buraco do outro lado da parede da tenda serviu como lentes rudimentares" (SWEDLUND, 1973:3)
Já no Renascimento, os artistas construíram intencionalmente câmeras
escuras para tracejar a paisagem ou pessoas. O resultado final da pintura era
mais realista e fiel à perspectiva. A criação da fotografia aproveitou o fenômeno
da câmera escura e o grande desafio foi desenvolver um material sensível à luz
que pudesse registrar a imagem refletida na parede do aparelho.
De acordo com Fábio Goveia (2005:56), “as possibilidade de câmeras
pinhole tendem ao infinito — do corpo humano a uma construção”. O autor
descreve os formatos mais comuns: lata de leite em pó, lata de biscoito, caixa
de sapato, tubo de filme 35 mm, caixa de fósforo, lata de tinta ou pote de
margarina.
A vantagem da câmera de fosfoto é o uso do filme fotográfico, em vez do
papel fotossensível, o que evita a compra do material químico para revelação e
12
diminui as dificuldades das saídas de campo para fotografar. Com o papel
fotográfico é necessária a proximidade com um quarto escuro ou outra
estrutura que permita carregar e trocar o material fotossensível, bem como a
revelação do papel exposto à luz.
As etapas para a construção da câmera de fosfoto podem ser
sistematizadas em oito passos gerais, abaixo especificados.
Ilustração 2: Passo a passo da câmera de fosfoto
Pegue uma caixa de fósforos vazia.
Separe a caixa externa da interna.
Pinte com tinta guache preta o interior
das caixas externas e internas. Deixe
secar.
Desenhe um retângulo no verso da
caixa interna. Traceje outro retângulo,
de tamanho menor, na superfície
superior da caixa externa.
Seguindo o tracejado, recorte os
retângulos da caixa externa e interna.
Recorte um pedaço de papel alumínio
e faça um buraco com agulha no
centro. Cubra o orifício da caixa
externa com o papel alumínio e cole
com durex. Passe fita isolante em
toda a superfície da caixa externa,
deixando um quadrado com o buraco
do alumínio.
13
Pegue o recorte da caixa interna e
faça um buraco. Cole o aparato em
cima do quadrado do alumínio e
encaixe um retângulo de papelão por
dentro. Este será o seu obturador, isto
é, o mecanismo que controla o tempo
de abertura do orifício.
Agora, consiga um filme fotográfico e
uma bobina vazia. Passe o filme por
trás da caixa interna e por dentro da
caixa externa. O lado brilhante do
filme deve ficar para baixo e o lado
fosco — sensível à luz — virado para
o buraco do alumínio. Pregue, com
durex, a ponta do filme no resto de
filme da bobina vazia.
Passe fita isolante nas duas bobinas e
na caixa de fósforos para vedar a luz.
Lembre de deixar o obturador livre. A
câmera de fosfoto está pronta. Para
tirar uma fotografia é só puxar o
retângulo de papelão, contar até cinco
segundos (ou mais dependendo da
luz) e cobrir novamente o buraco de
alumínio. Utilize uma colher ou palito
de sorvete para rodar a bobina vazia
e o filme com uma volta e meia.
Quando terminar de bater as fotos,
rebobine o filme até o final. Desmonte
a câmera de fosfoto e solte a fita
14
durex do filme. Leve para revelar em
uma loja ou laboratório de revelação
fotográfica.
Outros detalhes sobre a confecção da câmera de fosfoto podem ser
acessados no vídeo produzido pelo Caderno 3 da TV Diário com o coletivo
Gota de Luz (Fortaleza-CE)3.
4.2 Seleção do sujeito da fotografia: Planaltina-DF
As várias realidades são reveladas nas fotografias tradicionais ou de
pinhole. O real é modificado por vários fatores na produção das imagens,
afinal:
“a imensa quantidade de elementos encontráveis em uma fotografia não existe no mundo. Restringindo-nos apenas a seus aspectos visuais, é possível citar os seguintes: a mancha deixada por um corpo em deslocamento rápido, o ‘tremido’ da câmera, [...] o afunilamento e diminuição do tamanho dos objetos que se distanciam da câmera [...], o recorte ou moldura do quadro [...], a exclusão do que está do quadro, a alteração da escala, a granulação, saturação, homogeneidade e contraste da emulsão de registro, a inversão de tons e cores produzida pelo negativo” (MACHADO,.2001:131)
O elemento mais evidente da subjetividade e contexto sócio-cultural do
fotógrafo é a seleção do sujeito da imagem, pois a escolha realiza o recorte da
realidade e delimita o tema principal. Para a exposição “Planaltina no buraco do
alumínio”, o assunto selecionado foi o Centro Histórico de Planaltina. A decisão
pelo tema se deve à participação da autora em trabalhos de mobilização social
para a revitalização do Museu e comemoração dos 150 anos da cidade.
No caso da escolha temática do Centro Histórico de Planaltina, a
confecção das fotografias e a exposição assumiram a função de registro e
resgate da memória por meio de imagens. Segundo a professora Rita Oliveira
(2008), o surgimento da fotografia democratizou a memória, permitindo a
reprodução da imagem e o seu arquivamento. Dessa maneira, a imprensa e a
3 O audiovisual está disponível em: http://www.youtube.com/watch?gl=BR&v=jfncmKcnNkM.
15
fotografia aproximaram o leitor de imagens distantes da sua realidade,
ampliando a memória coletiva. Em resumo:
“Como um dos meios de preservação da memória, temos a fotografia, grande advento da humanidade, que perpetua, para as gerações futuras, imagens que servirão de base para auxiliar na construção da História” (OLIVEIRA, 2008:45).
Em Planaltina, o desenvolvimento de atividades voltadas para a
memória coletiva é de especial importância, uma vez que a promoção da
história da cidade é relativamente recente e não está vastamente escrita em
livros. Muito do que se conhece da cidade é obtido por relatos orais, alguns
registrados em publicações do Governo do Distrito Federal, como os livros
“Planaltina... Relatos” (1995) e “Ruas de Planaltina: Inventário do Patrimônio
Cultural de Planaltina” (1998). Segundo Anamaria Martins (1998:4), “toda
cidade é histórica. Nova ou antiga, a cidade é o produto da cultura de sua
comunidade; é o recipiente da experiência daqueles que constroem a história”.
A dinâmica dessa história também se deve a fatos presentes, como
manifestações culturais, que continuam a construir a memória coletiva e
respondem por um patrimônio imaterial. As culturas tradicional e atual se
encontram e se alteram. Afinal:
“em cada momento as sociedades humanas são palco do embate entre as tendências conservadoras e as inovadoras. As primeiras pretendem manter os hábitos inalterados [...]. As segundas contestam sua permanência e pretendem substituí-los por novos procedimentos” (LARAIA, 2001:99)
Dentre as manifestações culturais de Planaltina destacam-se: a Festa do
Divino Espírito Santo, a representação da Via Sacra no Morro da Capelinha, os
catireiros, o hip hop, a produção audiovisual de grupos locais e as
transmissões da Rádio Comunitária Utopia FM. Inclusive, o Centro Histórico, e
em especial a Igreja de São Sebastião, acolhem várias manifestações e
atividades culturais, como a Festa do Divino Espírito Santo.
A data oficial de emancipação da cidade é de 19 de agosto de 1859,
quando o território se tornou Distrito de Mestre D’Armas (GUIMARÃES, 1996).
Somente em 1917, a cidade recebeu a denominação de Planaltina.
16
De 1945 a 1955, a cidade recebeu estudiosos para demarcação do
território da nova capital. As missões Cruls (1892), Poli Coelho (1945) e Pessoa
(1955) estabeleceram o quadrilátero de 5.814 km² para se erguer o Distrito
Federal. Juntamente com Luziânia e Brazlândia, Planaltina teve terras
desapropriadas para a construção de Brasília. A partir de então, a localidade se
tornou uma Região Administrativa do Distrito Federal (MARTINS, 1998).
A característica de cidade interiorana com quase 150 anos e a condição
de Região Administrativa — na periferia de Brasília — contribuem para que o
novo e o tradicional, o pacato e o cosmopolita se encontrem. Portanto, é
importante valorizar as manifestações culturais contemporâneas e resgatar a
história e as construções antigas da cidade.
O Centro Histórico, localizado no Setor Tradicional de Planaltina, é o
espaço ideal para trabalhar a memória e a cultura planaltinense. O local é
formado pelo Museu Histórico e Artístico, alguns casarões, duas praças e a
Igreja de São Sebastião.
O Museu é uma construção de estilo colonial do início do século XX,
construído por Afonso Coelho Silva Campos, e que pertenceu a Salviano e
Olívia Guimarães (CAMPOS, 1995). O espaço foi inaugurado como museu em
1974, tombado em 1987, restaurado em 2007 e reaberto em 2008 (GDF,
2009).
A Paróquia de São Sebastião foi criada por decreto em 1880, no local
onde já existia uma capela (GUIMARÃES, 1996, 163). A igreja teria sido
construída para pagar a promessa do fazendeiro José Gomes Rabelo – que,
em 1811, doou terras para a edificação do templo. A promessa agradecia o fim
de forte epidemia que estaria devastando a região (GDF, 2009).
Ambas as construções são muito significativas para a história e a cultura
de Planaltina, fato que explica a escolha do Centro Histórico como sujeito
fotográfico. O uso do espaço do Museu para a exposição permitiu ainda o
diálogo com a comunidade e contribuiu para o processo de revitalização do
local, pouco utilizado para exibições temporárias.
17
4.3 Desenvolvimento da exposição fotográfica
Após a confecção da câmera fosfoto, a delimitação temática, a
elaboração, revelação e seleção das imagens; foi necessário buscar
referências metodológicas para se pensar a exposição fotográfica.
Daniella Rebouças Silva (1999) explica a origem da exposição a partir
do surgimento dos museus. Segundo a autora, o modelo originado na
Antiguidade Clássica, na cidade de Alexandria (Egito), era universalista e
tentava juntar todo o conhecimento humano, preservando elementos
representativos da cultura.
Para Carla Gruzman e Vera Siqueira (2007), a criação do conceito de
museu data do Renascimento, quando nobres e estudiosos reuniam coleções
particulares de objetos variados e exibiam para convidados privilegiados. As
coleções conferiam status aos nobres. Mais tarde, “nos séculos XVII e XVIII, o
crescimento e a diversidade das coleções demandaram a ampliação das áreas
de guarda em novos espaços, como bibliotecas e museus” (GRUSMAN;
SIQUEIRA, 2007:404). Os mecenas, que pertencem a este período histórico,
patrocinaram o fazer artístico com a fundação de Academias de arte e grandes
museus, como o Louvre em Paris.
No século XX, o espaço do museu se consolidou e especializou,
sistematizando seus acervos racionalmente. Segundo Daniella Rebouças Silva
(1999:50), “estes espaços museológicos é que vão permitir o acesso de um
maior número de pessoas àquelas coleções privadas”.
Atualmente, existem várias abordagens de estudos dos museus, como a
ecomuseologia e a museologia comunitária. A principal preocupação na área é
o desenvolvimento social das populações e, para tanto, são utilizadas
diferentes ferramentas, como a coleção, conservação, investigação científica,
restituição, difusão e criação. Dessa maneira:
“a museologia deve procurar, num mundo contemporâneo que tenta integrar todos os meios de desenvolvimento, estender suas atribuições e funções tradicionais de identificação, de conservação e de educação, a práticas mais vastas que estes objetivos, para melhor inserir sua ação naquelas ligadas ao meio humano e físico” (1° Atelier Internacional, 1984)
18
Com este objetivo de educação e inserção na vida cotidiana, os espaços
de exposição buscam atualmente o uso de elementos da comunicação. De
acordo com Carla Gruzman e Vera Siqueira (2007:414), cada perfil de visitante
possui uma vivência sócio-histórica própria e, portanto, podem ler as
mensagens e reescrever suas percepções, gerando novos sentidos para a
realidade e consolidando a comunicação.
Daniella Rebouças Silva (1999) ressalta que as exposições não são
universais, uma vez que possuem códigos próprios que determinam o perfil do
público visitante. Dessa maneira, é fundamental organizar o espaço, pensando
na disposição dos elementos e no percurso da visita. A autora, inclusive propõe
a construção de maquetes museográficas para definir a instalação ou
exposição. No presente trabalho, foram utilizadas medidas dos painéis
disponíveis e a planta do museu. Estes elementos integram o conceito de
museografia, que:
“é a articulação da linguagem como meio de comunicação do museu. [...] A linguagem museográfica é ampla, não verbal, ela está mais próxima da percepção da realidade e das capacidades perceptivas de todos os indivíduos” (Portal Educação e Sites Associados, 2009:115) 4
As etapas para produção de uma exposição podem ser resumidas em
definição: dos temas apresentados; do perfil do público; do objetivo e
justificativa da exposição; do local em que será montada a exposição; da planta
baixa do local; da linguagem de apoio; dos meios e dos recursos a serem
utilizados; da organização espacial da exposição e do trajeto percorrido pelo
público; do orçamento; além da execução.
O Portal Educação e Sites Associados (2009), em seu curso de
extensão de museologia, sugere, para painéis verticais, a altura de 60 a 70 cm
do chão, com o centro da área útil a 1,60 m do piso. As demais orientações do
curso para o planejamento da exposição se referem à linguagem e à
comunicação visual.
A linguagem sugerida é similar à escrita jornalística. Com explicita o
Manual de Redação de O Estado de S. Paulo, o texto deve ser “claro, preciso, 4 O site do Portal Educação e Sites Associados pode ser acessado em: www.portaleducacao.com.br
19
direto, objetivo e conciso” (MARTINS, 1997:15). É importante, ainda, manter a
simplicidade, a ordem direta da frase e períodos curtos.
Em relação aos fundamentos da comunicação visual necessários para
preparar os painéis e demais materiais gráficos da exposição, é importante
buscar a harmonia e o equilíbrio. Estas qualidades se relacionam com
categorias como clareza, simplicidade e coerência. Para João Gomes Filho
(2003:51), “a harmonia diz respeito à disposição formal bem organizada no
todo ou entre as partes de um todo”. Isto é: “a harmonia é, em síntese, o
resultado de uma perfeita articulação visual na integração e coerência formal
das unidades ou partes daquilo que é apresentado, daquilo que é visto”.
Por outro lado, o autor define o equilíbrio como a distribuição de toda
ação visual, chegando-se a uma pausa. Em resumo, “numa composição
equilibrada, [...] nenhuma alteração parece possível, e o todo assume o caráter
de ‘necessidade’ de todas as partes” (2003:57).
4.4 Linguagem interativa para criação da exposição virtual
Os conceitos de harmonia e equilíbrio também devem ser observados na
elaboração da exposição virtual. Neste caso, uma metodologia de visitação
interativa se torna mais necessária para permitir que os internautas facilmente
reajam às fotografias e deixem seus comentários.
O artista multimídia Júlio Plaza (2003) explica que foi, a partir da década
de 1950, que os artistas começaram a se interessar por formas de
comunicação que pudessem romper com o direcionamento único da
mensagem, buscando a participação do espectador. O autor explicita a teoria
da Obra Aberta de Umberto Eco que, devido à característica de inacabamento,
estimula a ambigüidade e pluralidade de significados a partir de um
significante.
Na internet, a interatividade da exposição é possível devido à linguagem
PHP (Hypertext Preprocessor, ou Pré-processador de Hipertexto), que permite
“o desenvolvimento de sites realmente dinâmicos” (NIEDERAUER, 2004:15).
Esta linguagem de programação surgiu em 1995, criada por Rasmus Lerdorf e
originalmente era uma ferramenta chamada PHP/FI (Personal Home
Page/Forms Interpreter, ou Página Pessoal/Tradutor de Formulários).
20
O PHP se relaciona com bancos de dados, o que permite ao usuário
enviar, exibir e alterar informação. É diferente da linguagem HTML (HyperText
Markup Language, ou Linguagem de Marcação de Hipertexto), que é estática e
exige que um webdesigner faça manualmente todas as alterações
demandadas. A linguagem PHP é gratuita e livre, o que significa que seu
código é aberto e pode ser modificado por programadores que constantemente
aprimoram a ferramenta.
O PHP foi ideal para o desenvolvimento do site da exposição, pois criou
um ambiente para que os visitantes virtuais escrevessem legendas para as
fotografias e enviassem comentários por e-mail. Ao final, todas as legendas
estavam inseridas em uma tabela no banco de dados do site, prontas para
serem sistematizadas e analisadas.
4.5 Análise das legendas escritas pelos participant es da exposição
A leitura das legendas se fundamentou na pesquisa qualitativa. O
método qualitativo se aproxima da interpretação, uma vez que os dados não
são numéricos e exatos, mas permitem diferentes perspectivas a partir do
contexto dos pesquisadores. Portanto, é possível identificar dois níveis de
interpretação no estudo, o primeiro indica os sentidos das fotografias
desvelados pelos participantes da exposição e o segundo estabelece a leitura
realizada pela pesquisadora sobre o discurso produzido em relação aos
significados latentes das imagens. Ou seja, a presente análise é uma
interpretação possível, uma vez que:
“análise e interpretação estão intimamente ligadas: de hábito, fazem-se paralelamente, conjuntamente, em uma operação em que a fronteira entre as duas é muitas vezes impossível de traçar com precisão” (LAVILLE; DIONNE, 1999: 197)
No estudo qualitativo, os pesquisadores identificam categorias para
agrupar e sistematizar os dados levantados ou produzidos. As categorias são,
então, analisadas para verificar nuances de sentido e inter-relações entre os
rótulos.
21
De acordo com os pesquisadores Pope e Mays (2006), as metodologias
qualitativas se fundamentam na palavra para explicar um fenômeno social, fato
que explica a escolha da estudante pela análise do discurso como ferramenta
metodológica.
Cabe ressaltar que o discurso não se limita ao texto escrito, mas pode
ser emanado de outros códigos e linguagens, como a fotografia. Pope e Mays
(2006) ressaltam ainda a importância de se registrar os dados para análise,
seja com observação direta, entrevistas, observação do comportamento e
análise de texto, documentos e discursos. No caso, o registro foi realizado em
formulários virtuais ou impressos, preenchidos pelos participantes da exposição
fotográfica.
Tomando como referência a classificação da pesquisadora Lucia
Santaella (2001), a presente pesquisa se insere no estudo da mensagem e dos
códigos. A análise da linguagem e do discurso:
“pertencem a esse território as indagações sobre os modos através dos quais as mensagens, concebidas como construtoras de signos ou processos de significação, são capazes de deflagrar possíveis efeitos de sentido ou, ao contrário, os questionamentos sobre essa possibilidade, tendo em vista o deslocamento incessante de sentido” (SANTAELLA, 2001:86)
Portanto, o interesse do Trabalho de Conclusão de Curso é verificar as
possibilidades de interpretação das imagens e a polissemia das fotografias.
Porém, a análise parte dos códigos da linguagem e não da pesquisa
sistematizada para o entendimento do comportamento dos participantes,
identificados por faixa etária, estrato social, etc. Para tanto, seria necessário
realizar posteriormente um estudo de recepção, verificando como diferentes
perfis percebem a mensagem e as interferências nas variadas interpretações.
Ainda que contribua para a compreensão da relação dos receptores com
as imagens, a metodologia de análise das legendas se volta para o discurso.
Segundo um dos fundadores da Análise Crítica do Discurso (ACD), Norman
Fairclough (2001), o discurso é composto por três elementos: texto, prática
discursiva e prática social. A dimensão textual se refere aos códigos da
linguagem. Por outro lado, a prática discursiva revela o processo de produção e
22
interpretação do texto, delimitada pela estrutura e relações sociais (a prática
social). Estas interações sociais podem reproduzir ou transformar o discurso.
Cabe ressaltar que o discurso não é inócuo, uma vez que constitui o
mundo e constrói significados a partir de representações sociais. De acordo
com Fairclough (2001: 91), o discurso é “um modo de ação, uma forma em que
as pessoas podem agir sobre o mundo e especialmente sobre os outros, como
também um modo de representação”. Dessa maneira, o discurso constitui
identidades sociais (função identitária), constrói relações sociais (dimensão
relacional) e sistematiza o conhecimento e crença (papel ideacional).
Para praticar a Análise do Discurso Crítica é necessário perceber alguns
elementos do corpus, como interdiscursividade, intertextualidade, tema,
modalidade e o significado das palavras. A interdiscursividade se refere aos
gêneros ou estilos do discurso. Isto é, verificar se o tipo do discurso se insere
em um contexto específico, como o discurso médico, o discurso militar etc. A
intertextualidade, por sua vez, indica a relação do discurso com outros textos
anteriores a ele. A modalidade pode valorizar mais a subjetividade ou
objetividade do texto e está demarcada por advérbios e adjetivos.
Estes e outros elementos do discurso constroem representações
sociais. Segundo o estudioso Celso Pereira de Sá (1996), a representação
social é formada pela informação, o campo de representação e a atitude. O
campo de representação relaciona modelos e imagens que geram sentidos. Os
significados são utilizados pelos indivíduos para agir no mundo e sobre os
outros. Portanto, as representações sociais produzem e determinam
comportamentos. Elas também assumem a função de explicar a realidade,
definir identidades, orientar atividades e justificar ações.
As representações sociais reproduzem sentidos pré-existentes e
possuem a função de objetivação, uma vez que possuem o poder de trazer à
tona significados e pensamentos não presentes. Portanto, as representações
têm uma característica coletiva, por serem comuns ao repertório social, e de
formação, pois tornam concreto o ausente. Estas representações coletivas,
comunicadas por meio do discurso – seja em texto ou imagem –, geram
símbolos. Dessa maneira,
23
“a vida social produz, além de bens materiais, bens simbólicos e imateriais, um conjunto de representações, cujo domínio é a comunicação, expressa em diferentes tipos de linguagem, discursos que se materializam em textos “imagéticos”, iconográficos, impressos, orais, gestuais, etc.” (NAVARRO, 1994:46)
O imaginário é o locus dessas representações. Ele pode reproduzir os
sentidos pré-existentes, como também conceder novos significados, que
conduzem a novas práticas sociais. Os sujeitos sociais compartilham o
imaginário.
Outra fonte comum de sentidos é o conceito de inconsciente coletivo do
psiquiatra Carl Jung (2008). Diferente das teorias sociológicas de
representações sociais, o inconsciente coletivo se refere a uma abordagem
voltada para a psique humana. Apesar de poder se atualizar por meio de
diferentes motivos, o inconsciente coletivo é inato e permite a vivência de
experiências que são passadas simbolicamente de geração para geração. Ou
seja:
“enquanto o inconsciente pessoal é constituído essencialmente de conteúdos que já foram conscientes e no entanto desapareceram da consciência por terem sido esquecidos ou reprimidos, os conteúdos do inconsciente coletivo nunca estiveram na consciência e portanto não foram adquiridos individualmente, mas devem sua existência apenas à hereditariedade” (JUNG, 2008:53)
O conteúdo do inconsciente coletivo são os arquétipos, representados
em temas ou motivos mitológicos. Os arquétipos são formas presentes na
psique humana e suas imagens podem se reproduzir ou se renovar com novas
roupagens dos mitos.
Os arquétipos geram ações instintivas e há a possibilidade de, se
ignorados, conduzirem a neuroses. Eles podem surgir na visualização de
imagens ou em sonhos. Portanto, as fotografias – principalmente as que
estimulam a subjetividade – podem contribuir para a ativação de arquétipos.
24
5 Contextualização Teórica
5.1 História da Fotografia
O elemento central deste trabalho é a fotografia. Portanto, é essencial
discorrer sobre o surgimento deste meio de comunicação. Segundo Fábio
Goveia (2005:40), o marco oficial da criação da fotografia é 1839 – a partir da
invenção da daguerreotipia. Porém, há muito tempo a humanidade possuía as
técnicas (câmara escura e pinhole) e os conhecimentos de química
necessários para o desenvolvimento da fotografia.
De acordo com fotógrafo e professor Eric Renner (2009), na Antiguidade
o pinhole era utilizado em relógios de sol, para ver as manchas da Lua refletida
ou em astrolábios. O registro mais antigo sobre o pinhole data de 400 anos
a.C. na China.
Por outro lado, já no século XIII, o cientista e monge Roger Bacon
comentava e tentava compreender o princípio da câmara escura, considerada
por ele como um local de ilusão do demônio. Para Eric Renner (2009), a
primeira câmera escura feita por seres humanos foi a de Leon Battista Alberti
no século XV, usada para pintura. Inclusive, durante o Renascimento, muitos
pintores construíram câmeras escuras do tamanho de um quarto com o
objetivo de estudar a perspectiva e as imagens bidimensionais, aumentando o
realismo das pinturas.
O grande desafio, então, era criar o material fotossensível para fixar a
imagem formada pela luz dentro da câmara escura. O fotógrafo Cláudio
Kubrusly (1998:22) explica que a história da fotografia se consolida, na
verdade, a partir da invenção do material sensível, pois “a câmara – a futura
máquina fotográfica – já existia e há muito vinha sendo aperfeiçoada”. Além
disso, Fábio Goveia (2005:40) explica que um século antes do anúncio da
criação da fotografia, pesquisadores já dominavam experiências com sais de
prata, utilizados para o invento.
Portanto, segundo o autor, foi o surgimento da burguesia, no final do
século XVIII, que estimulou a invenção da fotografia. Antes das Revoluções
Francesa e Burguesa, os nobres encomendavam retratos pintados que
refletiam o status e privilégios desta classe. Com a ascensão da burguesia,
25
aumenta a procura por retratos e alguma técnica que permitisse a produção em
massa dos quadros.
Inventores da época buscaram, então, algum material sensível à luz que
pudesse fixar as imagens. Cientistas em todo o mundo realizaram experiências
na área e obtiveram algum sucesso. O inglês Humphry Davy, por exemplo,
conseguiu, fixar temporariamente as imagens. Porém, foram Louis Daguerre e
Joseph Niépce que obtiveram o reconhecimento do público pelo pioneirismo na
fotografia (FABRIS, 1998).
Em 1826, Niépce criou um método para produzir e fixar imagens com a
substância química betume (que pode ser obtida da destilação do petróleo). O
inventor descobriu que um determinado tipo de betume se tornava insolúvel em
óleo de lavanda depois de exposto à luz, enquanto porções da substância não
expostas à luz eram solúveis no óleo. Assim, foi possível transferir uma gravura
para uma chapa de peltre (formada por liga de estanho e chumbo). A primeira
imagem produzida por Niépce retratava a vista de sua janela e foi formada com
oito horas de exposição. A invenção serviu posteriormente também para o
desenvolvimento da reprodução litográfica. No início do século XIX, Niépce
começa a se corresponder com Daguerre, um empreendedor que realizava
estudos sobre câmera escura e materiais químicos. De acordo com Charles
Swedlund (1974),
“as cartas trocadas entre os dois homens eram cordiais, mas extremamente resguardadas, pois cada um tinha ciúme de suas pesquisas secretas e hesitava revelar detalhes com medo que o outro pudesse exigir os créditos pelas descobertas” (SWEDLUND, 1974:4-5)
Em 1829, devido a uma enfermidade e poucos resultados, Niépce
decidiu firmar uma parceria com Daguerre. Porém, Niépce morreu dois anos
antes da publicação da pesquisa. Convencido da diferença de seus métodos
para os de Niépce, Daguerre intitulou a criação de daguerreótipo.
A confecção de imagens a partir do daguerreótipo utilizava uma folha de
cobre com uma placa de prata presa em um lado da chapa. Materiais químicos
como pomes, iodo, mercúrio e hipossulfito de sódio permitiam a revelação e
fixação da imagem. Ao final, o daguerreótipo era coberto por vidro e selado,
devido a sua fragilidade (SWEDLUND, 1974:6).
26
O daguerreótipo permitiu a produção industrial da fotografia a partir da
lógica fordista de operações técnicas ordenadas e sucessivas. Assim, o
sucesso da invenção pode ser explicado pelo fato de que proporcionava:
“uma representação precisa e fiel da realidade, retirando da imagem a hipoteca da subjetividade; a imagem, além de ser nítida e detalhada, forma-se rapidamente; o procedimento é simples, acessível a todos, permitindo uma ampla difusão” (FABRIS, 1998)
Adolphe Eugène Disdéri ampliou as possibilidades de produção em
massa da fotografia, quando, em 1854, criou o cartão de visita fotográfico
(carte-de-visite photographique). Disdéri teve a idéia de dividir a chapa
fotográfica em oito imagens, tiradas simultaneamente, no formato de 6x9 cm, o
que barateava o processo e democratizava o acesso ao novo meio de
comunicação (FABRIS, 1998). O governo francês estimulou esta
democratização quando indenizou Daguerre e Nièpce pelo invento e tornou a
fotografia domínio público (GOVEIA, 2005:43).
A partir de então, os desenvolvimentos tecnológicos buscaram diminuir o
tempo de exposição necessário para a formação da imagem, permitir a
reprodutibilidade facilitada com o filme fotográfico e capturar as cores da
imagem. Em 1888, o empresário George Eastman, lançou a câmera Kodak,
pequena, leve e fácil de operar. Dentro da Kodak havia o novo invento: o filme
fotográfico. Após fotografar, o consumidor enviava a câmera por correio para
receber o filme revelado. O slogan da Kodak – que permitiu a disseminação da
prática fotográfica amadora – era: “Você aperta o botão, nós fazemos o resto”.
Quase meio século depois da Kodak, foi fabricado o primeiro filme colorido, o
Kodachrome, em 1935 (SWEDLUND, 1974:17).
Devido a estes elementos da fotografia, cada vez mais desenvolvidos,
de mimese do real, frequentemente o público confunde a imagem com a
realidade. A fotografia:
“nos ilude com uma verossimilhança capaz de confundir a imagem com a coisa fotografada. É impossível separar a fotografia do tema fotografado, mas ela não é o tema, é apenas o vestígio deixado por ele no memento mágico do clic” (KUBRUSLY, 1998:28)
27
Sobre esta característica da foto, Dubois (1993:23-56) definiu três
discursos utilizados ao longo da história da invenção: a fotografia como espelho
do real, a fotografia como transformação do real e a fotografia como traço de
um real.
O primeiro discurso surgiu juntamente com a fotografia, no início do
século XIX, e, por vezes, revelava a polêmica entre entusiastas e pessimistas.
O ponto em comum entre os dois grupos antagônicos era a idéia de que a foto
era “a imitação mais perfeita da realidade” (DUBOIS, 1993:27). O fato de que
não havia um pintor envolvido na fabricação da imagem aumentava a ilusão de
que a fotografia era automática e quase natural (principalmente devido ao uso
de fenômenos ópticos e materiais químicos). A partir do discurso da fotografia
como espelho do real, a imagem assume o papel de registro histórico e
também de ferramenta para auxiliar a ciência no esforço de compreender o
mundo.
Porém, o discurso da fotografia como transformação do real surge no
século XX e defende que a imagem é codificada. Esta codificação passa por
aspectos técnicos, culturais, sociológicos e estéticos. A imagem transforma o
real ao enquadrar um objeto e descartar o restante, tornar bidimensional uma
figura que era tridimensional e interpretar as cores da paisagem de acordo com
a química dos diferentes filmes fotográficos. Ainda, muitas correções são
realizadas nas imagens para que elas possuam mais verossimilhança com o
real, indicando que efetivamente a fotografia não é natural. Nos laboratórios de
revelação, os técnicos ajustam as cores, brilho e contraste.
Dubois (1993:42) também enfatiza a questão cultural de entendimento
da linguagem fotográfica para compreender e interpretar uma imagem.
Segundo o autor, o antropólogo Melville Herskövits mostrou a fotografia do filho
para uma aborígine, que não conseguiu reconhecer a figura. O antropólogo
teve que descrever e mostrar detalhes da imagem para a mulher compreender
a fotografia.
Enquanto os dois primeiros discursos sobre a fotografia se relacionam
com o conceito de ícone (semelhança) e símbolo (convenção social)
respectivamente, o último discurso se refere à função de índice (contigüidade
física). A compreensão do meio de comunicação como traço de um real
significa que, em princípio, o sujeito da fotografia esteve presente em algum
28
momento diante da câmera. Ou seja, a imagem reserva uma relação de
conexão com o ser fotografado. Dessa maneira,
“está na lógica dessas concepções considerar que as fotografias propriamente ditas quase não têm significação nelas mesmas: seu sentido lhes é exterior, é essencialmente determinado por sua relação efetiva com o seu objeto e com sua situação de enunciação” (DUBOIS, 1993:52)
Contudo, cabe ressaltar que os valores de ícone, índice e símbolo
podem ser percebidos nas imagens e, portanto, na fotografia — que
dificilmente se resumiria a somente uma função.
5.2 Pinhole : a câmera artesanal
Com a técnica do pinhole, a subjetividade da fotografia se amplia e
também os signos disponíveis para interpretação. Segundo concepção de Eric
Renner, “muitas das imagens visuais que a gente vê estão diretamente
relacionadas com idéias inatas e inconscientes ou padrões de pensamento”
(2009:2). Isto é os arquétipos, conceituados por Carl Jung, permitem a
compreensão dos fundamentos de sentimentos instintivos.
Para o autor, o próprio pinhole é um arquétipo, relacionado ao
nascimento e ao feminino, apresentando “o espectador com sentimentos de
admiração, mistério e questões sublimes sobre a vida” (RENNER, 2009:2). O
termo pinhole, que pode ser mais precisamente traduzido como buraco do
broche, possui outras denominações, como: espiráculo, câmera natural,
fotografia estenopéica, lensless (ou sem lente), buraco da agulha e
espiracolografia.
A artista visual Ana Angélica Costa explica a estrutura da câmera
artesanal, que preza pela simplicidade. A câmera pinhole
“é composta pelo mínimo necessário para a formação e fixação de uma imagem fotográfica: um compartimento escuro, vedado à luz, em que é colocado o material fotossensível [...]; um furo, na extremidade oposta da câmera em relação ao local onde o filme é posicionado, por onde entra a luz responsável pela formação da imagem; e a fita isolante, que permite a interrupção do processo de sensibilização e impressão da imagem no filme” (COSTA, 2008:17)
29
O material utilizado para confeccionar a câmera escura pode ser o mais
variado possível. Como já mencionado anteriormente, os mais comuns são:
lata, caixa de sapato e tubo de filme. Porém, alguns fotógrafos são mais
criativos, como o inglês Justin Quinnell, que utiliza a sua boca para tirar fotos
com pinhole (BORGES; NERY, 2009:8), o estadunidense Jeff Fletcher, que
elabora as imagens com casca de ovo e o alemão Marcus Kaiser que
aproveitou buracos no muro de Berlim, após sua queda, para confeccionar as
fotografias artesanais (RENNER, 2009: 83-97).
Entretanto, apesar do caráter de experimentação da imagem de pinhole,
a técnica não é simplesmente um resgate romântico dos primórdios da
invenção da máquina fotográfica. Como defende Fábio Goveia, a câmera
artesanal se desenvolveu paralelamente à fotografia.
“Sendo assim, a pinhole não foi somente um elemento precursor da fotografia tradicional, mas um desdobramento que percorreu um caminho paralelo a partir do pictorialismo“ (GOVEIA, 2005:47)
Inclusive, no final do século XIX, era possível comprar câmeras pinhole
ou adaptações para lentes com o orifício. Ainda hoje, alguns fotógrafos retiram
a lente da câmera tradicional e adaptam um buraco para confeccionar imagens.
Eric Renner (2009) menciona outros usos atuais da técnica do “buraco da
agulha” pela ciência, como o envio para o espaço de câmeras pinhole para
fotografar fenômenos que disseminam muita energia, como buracos negros.
Portanto, a técnica é utilizada desde antes da criação da máquina
fotográfica tradicional (para refletir as manchas da lua ou compor relógios de
sol) até os dias de hoje. Contudo, o movimento pictorialista foi fundamental
para estimular o uso do pinhole (MELLO,1998).
O pictorialismo reuniu três correntes, não muito distintas, que utilizavam
a pintura como referência básica de seu trabalho e valorizaram a fotografia
como forma de arte. Segundo a professora Helouise Costa (1998:262-263), a
primeira corrente, da década de 1950, realizava fotomontagens e via a
fotografia como uma alegoria. Por outro lado, a segunda corrente produzia
fotomontagens para realçar o aspecto realista das imagens. Por fim, a terceira
30
corrente, do final do século XIX, deixou-se influenciar pela pintura
impressionista5 e buscou o foco suave e a temática afetada nas fotografias.
De acordo com Maria Teresa de Mello (1998:32), os pictorialistas
assumiram três posturas fundamentais para inserir as fotos na estética e refutar
os argumentos dos que não acreditavam na função artística destas imagens.
Os artistas utilizavam o flou (efeito de perda de nitidez) e a perspectiva aérea
(efeito de neblina atmosférica) para suavizar detalhes e diminuir a exatidão da
fotografia. Os pictorialistas interviam na prova para modificar a gradação de
claro e escuro, refutando a idéia de que a fotografia falseia a natureza por
reduzir a imagem ao preto e branco. Eles também buscavam regras de
composição que permitissem interpretar o sujeito fotografado, recusando a
idéia de que a imagem seja a reprodução do real. As substâncias químicas
também eram utilizadas para tornar as fotografias mais semelhantes a pinturas.
Por exemplo,
“o requinte de técnicas como o bromóleo, a goma bicromatada ou o processo à óleo, conferiam às cópias a aparência de gravura, aquarela ou pintura, respectivamente. Tentando se colocar como arte, a fotografia perdia sua própria identidade” (COSTA, 1998:264)
No Brasil, o pictorialismo se associa ao fotoclubismo, na passagem do
século XIX para o XX. O contexto da fotografia neste momento é da
simplificação do processo de produção, com câmeras mais leves e fáceis de
usar, e a abertura de lojas especializadas. O Photo Club Brasileiro foi o
primeiro a se organizar efetivamente e foi ativo até a década de 1940 (MELLO,
1998:64-84). Fábio Goveia (2005:100-101) explica que as experiências de
pinhole neste período não foram significativas no Brasil. A técnica será inserida
no Brasil após o reavivamento do movimento internacional na década de 1960.
A primeira experiência registrada é de um curso de fotografia no Museu Lasar
Segall em São Paulo.
O pinhole ressurge dentro de um conceito de contracultura, uma vez que
a produção artesanal da câmera se opõe à característica de industrialização,
tão privilegiada na fotografia desde sua invenção. Goveia (2005:110)
5 O Impressionismo é um movimento na pintura é musica do final do século XIX, que surgiu em reação ao formalismo e às técnicas precisas da arte acadêmica. (Microsoft Encarta 96 Encyclopedia [CD ROM], 1993-1995).
31
categoriza a produção de pinhole a partir de três perfis que se intercambiam
em alguns momentos: 1) fotocidadania, 2) foto-arte-educação e 3) fotografia
autoral. A fotocidadania se refere a trabalhos de imagem com comunidades
carentes e atividades para a mobilização social. A foto-arte-educação é o uso
do pinhole como uma das etapas ou ferramentas pedagógicas em cursos de
fotografia. Por outro lado, a fotografia autoral, que utiliza o pinhole como forma
de expressão, ainda é pouco freqüente no Brasil.
Sobre os resultados das imagens de pinhole (voltadas para a cidadania,
pedagogia ou expressão artística), é interessante estabelecer que cada foto
produzida é única. Primeiro, devido à pequena interferência do fotógrafo, que
posiciona a câmera e calcula o tempo de exposição, mas não pode enquadrar
e controlar os demais fatores dos fenômenos ópticos e químicos envolvidos no
processo. Segundo, porque cada câmera (pelo fato de não ser industrializada e
padronizada) gera efeitos diferentes dependendo de seu formato, do tamanho
do orifício, da vedação e dos materiais de confecção. Ou seja, de certa
maneira, “a imagem se faz autônoma” (COSTA, 2008:20), uma vez que, por
mais que o fotógrafo idealize o sujeito ou objeto, não há um visor para verificar
a formação da imagem (BORGES; NERY,2009:3).
Ou seja, o olhar se desloca do olho humano para o objeto. Surge, então,
outra subjetividade, não mais baseada no ato calculado de fotografar. Dessa
maneira,
“a robusteza, a rusticidade, a crueza das experiências com pinhole nos dá a pensar um pouco no que vem a ser uma imagem sem intermediários. Estar em contato com uma realidade que não foi planejada, que não foi organizada e que tende a fugir do domínio de quem a tenta domar” (GOVEIA, 2005:25)
Portanto, ao mesmo tempo em que é subjetiva (e não baseada na lente
objetiva que corrige as imagens visualizadas nas câmeras tradicionais), a
fotografia de pinhole pode também adquirir maior relação com a realidade. Esta
é uma realidade não maquiada ou ajustada pela intenção humana; que pode
ressaltar elementos despercebidos para o fotógrafo, mas contidos na
perspectiva da câmera, e que se mostram ao revelar o filme.
32
5.3 Fotojornalismo e legendas
Desde o início da fotografia, se almejava o registro de notícias e eventos
com a câmera. Inicialmente, as fotos serviam de base para a reprodução, a
partir da gravura em madeira, para jornais e revistas. Porém, as ilustrações
resultantes perdiam a espontaneidade de uma fotografia, explica Charles
Swedlund (1974:28). Por outro lado, o uso de fotografias na imprensa ainda
não era possível devido à ausência de um meio para reprodução em massa
das imagens.
A primeira foto publicada a partir de processos mecânicos é da revista
inglesa The Illustrated London News de 1842 (ACORSI; BONI, 2006:2). No
jornal impresso, o marco será do Daily Graphic de Nova York em 1880 e a
imagem se intitulou Shantytown (correspondente à palavra favela). Gisèle
Freund (1989) descreve a técnica utilizada para a reprodução, chamada de
halftone (meio-tom) ou autotipia, que consiste em decompor a superfície da
fotografia em uma trama de muitos pontos, cujo tamanho se modifica para
gerar a gradação de tons da imagem.
Porém, demorou ainda um quarto de século para que a técnica de
reprodução fosse disseminada por toda imprensa. Somente em 1904, o jornal
inglês Daily Mirror passa a ilustrar seu texto só com fotografias. O grande
desafio para os jornais, diferente das revistas semanais — que tinham mais
tempo para preparar suas edições — era a reprodução das fotografias,
realizada fora dos jornais, porque os proprietários hesitavam em investir nas
novas máquinas.
O surgimento do fotojornalismo está imbricado com saídas a campo para
obter registros da guerra. Duas experiências díspares na área marcam o início
da prática: as fotografias do inglês Roger Fenton (Guerra da Criméia) e as do
americano Mathew B. Brady (Guerra Civil dos EUA). As imagens de Fenton
foram patrocinadas (sob a condição de que não assustasse as famílias dos
soldados com os horrores da guerra) e a técnica, ainda rudimentar, exigia a
exposição de três a vinte segundos. O resultado foram fotografias posadas e
pouco verossímeis: “estas imagens dão uma idéia muito falsa da guerra, pois
apenas representam soldados bem instalados por detrás da linha de fogo”
(FREUND,1989:108).
33
Por outro lado, Brady conseguiu imagens de grande valor documental,
apesar da técnica fotográfica pouco desenvolvida (as câmeras pesavam quilos,
o tempo de exposição era longo e havia a necessidade de preparar as placas
para tirar as fotos). Como o objetivo do fotógrafo era vender as imagens após a
guerra e, portanto, não possuía vínculos com patrocinadores, Brady não se
deparou com nenhum tipo de censura e registrou campos queimados, o
desespero das famílias e os soldados mortos.
Após estes primeiros passos do fotojornalismo, ainda passou muito
tempo para que o fotógrafo da imprensa fosse reconhecido. Como os
aparelhos eram muito pesados, os profissionais eram escolhidos pela força
física e o objetivo era conseguir uma foto nítida que pudesse ser inserida no
jornal, independente da qualidade da imagem. Os profissionais tampouco
assinavam as fotografias e seu ofício era pouco apreciado.
O fotojornalismo efetivamente se consolidou na Alemanha no período
entre guerras. A função progrediu com o aumento de liberdades, o ofício
recebeu profissionais da classe média em busca de emprego e ganhou novo
status. O marco da fotografia alemã se deve a um entendimento mais amplo
das imagens na imprensa, para além do simples uso de fotografias isoladas
para ilustrar uma história. Ou seja,
“é apenas a partir do momento em que a imagem se torna, ela mesma, história de um acontecimento que se conta numa série de fotografias acompanhadas por um texto frequentemente reduzido apenas a legendas, que começa o fotojornalismo propriamente dito” (FREUND, 1989:112)
Erich Salomon trabalhou para diversos jornais e revistas alemães, se
tornando uma referência para o fotojornalismo. Segundo o professor e fotógrafo
Charles Swedlund (1974:28), o profissional conseguiu entrar em locais
proibidos, como tribunais de Justiça e encontros fechados. Todas suas
imagens foram produzidas com câmeras pequenas, luz ambiente e sem
chamar atenção. Salomon chegou a esconder o aparelho em malas ou no
chapéu. Suas fotos foram as primeiras descritas como candid photography (ou
foto não posada).
Sobre a habilidade de Salomon de se inserir em espaços fechados para
fotógrafos, Gisèle Fruend (1989) relata que o alemão se sentou na cadeira de
34
um ministro polonês, ausente, para registrar a Conferência de Haia. Ele
“compreendeu rapidamente que é mais difícil ser expulso de um meio do que
ser admitido nele” (1989:116), explica a autora.
O redator-chefe da seção de Berlim do jornal Münchner Illustrierte
Presse, Stefan Lorant, contribuiu para a espontaneidade e verossimilhança do
fotojornalismo quando proibiu todas as imagens encenadas. Lorant pretendia
realizar foto-reportagens que pudessem contar histórias a partir da sucessão
de fotografias. De acordo com Fruend (1989:119), “foi o primeiro a
compreender que o público [...] se interessa por assuntos que têm a ver com a
sua própria vida”.
O conceito da imprensa ilustrada foi disseminado para outros países
quando os profissionais de Berlim foram deportados ou escaparam da
Alemanha devido ao surgimento do Nazismo.
A revista americana Life, de 1936, foi uma destas iniciativas da foto-
reportagem. A revista ilustrada pretendia alcançar toda a família e “era preciso
ser popular para ser compreendido por todos, vulgarizar as ciências e as artes”
(FREUND, 1989:140). A publicação chegou ao fim em 1972, devido à falta de
anunciantes e ao aparecimento da televisão.
Contudo, as iniciativas alemãs e a experiência americana foram
fundamentais para desenvolver o fotojornalismo e questionar a relação entre a
imagem e o texto. O tema é objeto de preocupação de grandes jornais, como a
Folha de S. Paulo, segundo o Manual de Redação deste veículo de
comunicação, a legenda é um:
“recurso essencial da edição. A legenda não é colocada sob a foto apenas para descrevê-la, embora não possa deixar de cumprir esta função. [...] A boa legenda [...] deve salientar todo aspecto relevante e dar informação adicional sobre o contexto em que a foto foi tirada” (FOLHA DE S. PAULO, 2006:76-77)
Por outro lado o Manual de Redação do Estado de S. Paulo (MARTINS,
1997:159) afirma que a legenda deve cumprir a função de descrever a imagem
e oferecer uma informação ou opinião sobre o tema. Para Nauria Fontana
(2004), a legenda deve ser curta e sucinta, ampliando a significação da
imagem, ajudando o leitor a entender a fotografia e indicando detalhes da foto.
35
De acordo com Tavares e Vaz (2005:134), três tipos de textos se
relacionam com a fotografia de imprensa: 1) as manchetes (títulos e subtítulos),
2) as legendas e 3) a notícia. As principais funções do texto no fotojornalismo
seriam:
• Chamar atenção para a imagem e seus elementos;
• Complementar a informação disponível na foto;
• Conduzir o leitor para o significado implícito;
• Ampliar os significados possíveis;
• Analisar e comentar a imagem ou seu conteúdo.
Inclusive, André Acorsi e Paulo Boni (2006:9) defendem que a imprensa
gera sentidos a partir das fotografias e sua relação com as legendas. Por
exemplo, o posicionamento da imagem na diagramação do jornal causa
diferentes interpretações. A leitura também pode ser induzida pela proximidade
de fotografias que completam ou modificam o sentido do discurso original.
Outras vezes, a imprensa afirma um discurso na legenda e o desconstrói
escolhendo uma fotografia destoante ou contrária ao dito.
Por outro lado, Tavares e Vaz (2005) ressaltam que a fotografia agrega
valor ao texto, bem como possui função documental de reforçar a verdade
segundo a linha editorial de determinado jornal. Dessa maneira, “estampada no
jornal, a fotografia torna-se uma munição para o jornalista, que busca dar
sempre veracidade àquilo sobre o que escreve” (TAVARES; VAZ, 2005:131).
5.4 Experiência estética e comunicação
Atualmente, os diferentes tipos de fotografias não estão estampadas
apenas nas páginas de jornais, mas são exibidos em exposições de arte e em
publicações especializadas. Para Lúcia Santaella (2008), as artes e as
comunicações estariam convergindo, baseadas no desenvolvimento
tecnológico e nas possibilidades de experimentação com as diferentes
técnicas. A autora sugere a necessidade de uma nova estética que abarque
estas transformações, mas respeite as particularidades de cada campo.
36
Em relação à fotografia, Santaella verifica uma inter-relação entre os
dois campos, comunicação e arte, que se influenciam mutuamente:
“Embora a fotografia e a arte nunca tenham deixado de manter sua autonomia relativa, também nunca cessaram de manter relações de atração e repulsa, de incorporação e rejeição. Se, durante o século XIX, era a fotografia que aspirava à condição da arte, no século XX foi a arte que se impregnou de certas lógicas formais, conceituais, perceptivas, ideológicas, entre outras, que são próprias do fotográfico” (SANTAELLA, 2008:23)
A autora indica como ponto de partida para o imbricamento das
comunicações e artes o surgimento de uma cultura de massa, que criava novos
bens simbólicos e influenciava as relações entre cultura popular e erudita,
gerando novas hibridizações. Porém, enquanto Santaella possui uma
perspectiva otimista da hibridização (apesar de apontar a necessidade de uma
visão crítica para avaliar as artes atuais), os pensadores da Escola de Frankfurt
viram o esvaziamento das artes a partir da difusão da cultura de massa.
Theodor Adorno (1987:287) identifica a indústria cultural como uma
sistematização deliberada para transformar a cultura em mercadoria. Ainda que
se apresente como inofensiva, a indústria cultural padroniza os bens e o novo
se reduz ao simulacro, uma nova roupagem de “um sempre semelhante”
(ADORNO, 1987:289). Transformando as pessoas em consumidores, a
indústria cultural enfatiza a ideologia dominante e o consumismo. Para o
pensador, a arte, então, perderia sua força e sua aura, pois a indústria cultural:
“força a união dos domínios, separados há milênios, da arte superior e da arte inferior. Com prejuízo de ambos. A arte superior se vê frustrada de sua seriedade pela especulação sobre o efeito; o inferior perde, através de sua domesticação civilizadora, o elemento de natureza resistente e rude, que lhe era inerente enquanto o controle social não era total” (ADORNO, 1987:297-288)
Contudo, desde as reflexões dos frankfurtianos no início do século XX,
muitas críticas e questionamentos foram tecidos sobre o conceito de indústria
cultural e aura. Definitivamente, alguns elementos deste pensamento
permanecem atuais. Porém, há novas possibilidades, mais otimistas e
transformadoras, de se relacionar com a convergência das comunicações e
das artes.
37
Para Marilena Chauí (1995:315-319) a obra de arte pode ser definida
pela experiência estética, quando determinado elemento artístico consegue
gerar um momento de reflexão do espectador. Esta reflexão é possível porque
o objeto de arte enfatiza um elemento que estava submerso no cotidiano do
público. Assim, o elemento ou tema é revelado como algo visto pela primeira
vez, gerando admiração. Distanciado do tema, o espectador pode analisá-lo a
partir de outra perspectiva, não mais com os olhos de quem considera o
elemento rotineiro e “normal”. Ou seja, a reflexão acontece pela característica
de transcendência da obra de arte.
Chauí argumenta que a obra de arte possui uma imortalidade, que
permite sua contínua descoberta pelo público. Para a autora, esta
característica estaria relacionada à experiência religiosa, uma vez que
originalmente a arte se interligava a cultos e rituais. Assim, a magia e o mistério
acompanham a experiência estética até os dias de hoje.
Contudo, a experiência estética age por meio do diálogo com o público,
que deve decifrar o mistério da arte. Inicialmente, o espectador interpreta as
intenções do artista, os sentimentos, vivências e contexto. Contudo, a
compreensão estética gera algo diferente, uma outra realidade que não se
limita à proposta original do artista. Maria Lúcia Aranha e Maria Martins
explicam que:
“o sentimento despertado não é o sentimento de uma obra, mas de um mundo que se descortina em toda sua profundidade, [...] o sentimento é conhecimento porque esclarece o que motiva a emoção” (ARANHA; MARTINS, 1993:346-347)
Portanto, é a partir da experiência estética, que o novo se desvela e
emociona; e iniciativas das artes ou das comunicações — como a fotografia —
se relacionam no cotidiano do público leitor.
5.5 O referente e a subjetividade na fotografia
A polissemia e as possibilidades de interpretação da fotografia são
fundamentais para reforçar a experiência estética e de decodificação da
38
linguagem. Dessa maneira, para compreender melhor o processo, é importante
analisar a linguagem a partir de sua construção.
Maria Lúcia Aranha e Maria Martins (1993:29-30) explicam que a
linguagem é formada por signos, que são o elemento que se encontra no lugar
do objeto representado. Ou seja, o signo torna presente e permite ao ser
humano pensar sobre objetos ausentes. Com o desenvolvimento da linguagem,
a presentificação a partir do signo pode se referir a elementos simples, como
uma cadeira, ou a estruturas mais complexas, como sentimentos e conceitos
abstratos.
O signo é categorizado com base na relação que mantém com o
referente. Se for uma relação de semelhança, ele é um ícone (como o desenho
de uma casa). Caso seja uma relação de causa e efeito, quando um elemento
afeta ou é afetado por outro, é denominado índice (como a relação entre fogo e
fumaça). Mas, se há uma relação arbitrária, construída a partir de uma
convenção social, é um símbolo (como o uso do preto em sinal de luto no
Ocidente).
Como o primeiro discurso que acompanhou a fotografia – desde a sua
invenção – foi a da imagem como espelho do real, o referente possui um
grande impacto na reflexão sobre este meio de comunicação. Para Roland
Barthes (1984), a fotografia consegue capturar determinado objeto, congelado
no tempo e no espaço, e, assim, não é possível separar a imagem do
referente. Ou seja, muitas vezes, quando uma pessoa vê a foto de um amigo,
enxerga o amigo em si e não a imagem do amigo:
“Diríamos que a Fotografia sempre traz consigo seu referente, ambos atingidos pela mesma imobilidade [...]: estão colados um ao outro, membro por membro. [...] A Fotografia pertence a essa classe de objetos folhados cujas duas folhas não podem ser separadas sem destruí-los” (BARTHES, 1984:15)
Porém, Philippe Dubois (1993) relativiza o peso do referente na
fotografia. Afinal, o objeto fotografado permanece como um traço na fotografia
e não como uma réplica fiel. Dessa maneira,
“por sua gênese, automática, a fotografia testemunha irredutivelmente a existência do referente, mas isso não implica a priori que ela se
39
pareça com ele. O peso do real que a caracteriza vem do fato de ela ser um traço, não de ser mimese” (DUBOIS, 1993:35)
Celso Bodstein (2007) defende que o fotojornalismo deve passar da
imagem indicial, que enfatiza o referente e a concretude da notícia, para a
fotografia simbólica. O fotojornalismo oferece algumas fotografias quase
literárias que geram intertextualidades e permitem a interpretação, valorizando
a função de símbolo das imagens, que não se restringem a meramente ilustrar
as notícias. Pelo contrário, as fotografias simbólicas, ao mesmo tempo que
estimulam a subjetividade, também ampliam o caráter informativo das figuras,
contribuindo com outras informações interpretativas. Portanto, “o fotojornalismo
[e a fotografia em geral], ao oferecer à contemplação algumas imagens raras e
de existência simbólica extenuante, poderia estar agendando aí algumas
premissas para o seu devir” (BODSTEIN, 2007:2).
As imagens de pinhole se inserem nesta potencialidade simbólica,
enquanto as fotografias tradicionais são consideradas precárias devido a sua
função de índice — que revela somente o traço do referente. Entretanto, as
imagens de pinhole amplificam as influências externas e modificam as
concepções originais do referente, que, por vezes, desaparece ou se modifica
nas imagens reveladas. Portanto,
“na pesquisa [com pinhole], a precariedade passa a ser pensada por dupla perspectiva: a precariedade indicial da fotografia instantânea e a precariedade ampliada da pinhole, pela expansão do tempo de exposição do filme fotográfico à luz e pelo conseqüente aumento da atuação do acaso na imagem” (COSTA, 2008:25)
Novos enquadramentos, deformações, vazamentos de luz, borrões pela
exposição prolongada e outros efeitos inesperados surgem no processo de
confecção das fotos de pinhole. Assim, a concretude do referente se
transforma em outras realidades e interpretações possíveis:
“As imagens realizadas com a pinhole resultam em acúmulos de narrativas (formadas por infinitos indícios), que se tornam indecifráveis se tentarmos nelas encontrar um paralelo com o ‘mundo real’” (COSTA, 2008:25)
Dessa maneira, o presente trabalho buscou relacionar a imagem do
pinhole (que estimula a transformação da realidade) com a fotografia, que
40
tradicionalmente pode ser considerada como o espelho do real. O objetivo foi
verificar como a desconstrução do referente fotográfico pode contribuir para
gerar novos sentidos e possibilidades para a fotografia.
41
6 A produção da exposição fotográfica
“Planaltina no buraco do alumínio”
6.1 Antecedentes
O primeiro contato efetivo que a estudante teve com a câmera de fosfoto
se deu em dezembro de 2007, quando ganhou o aparelho de “amigo oculto”. A
regra básica do jogo era que os presentes deveriam ser confeccionados pelos
envolvidos. A câmera foi confeccionada a partir de um vídeo tutorial publicado
na internet6. O audiovisual, produzido pelo programa Caderno 3 da TV Diário,
registra o passo-a-passo da construção da câmera por Wilton Matos do coletivo
Gota de Luz (Fortaleza-CE).
O grupo foi formado em 2006 e trabalha com a técnica do pinhole,
produzindo câmeras com latas, tubos de filme ou caixas de fósforos. O nome
Gota de Luz se refere a uma outra vivência do tempo, não tão imediato:
“O tempo vivenciado pelo ‘Gota de Luz’ se contrapõe à velocidade desmedida imposta pelas urgências contemporâneas. É o tempo de agora, mas com a consistência do sempre”. Quanto tempo dura uma Gota de Luz? (texto de apresentação do coletivo Gota de Luz7).
Antes do presente da câmera de fosfoto, a estudante somente havia
realizado algumas experiências com fotolata nas primeiras semanas da
disciplina de Introdução à Fotografia. Nas aulas, o objetivo era compreender o
funcionamento da máquina fotográfica manual (diafragma e velocidade de
exposição). O pinhole não foi apresentado como uma possibilidade central de
produção fotográfica. Ainda, o fato de a fotolata necessitar do uso de papel
fotográfico e do laboratório de fotografia para revelação dificulta o uso da
ferramenta cotidianamente.
Contudo, com a câmera de fosfoto há maior liberdade, uma vez que a
demanda por estrutura é menor. O desvendar da técnica do pinhole
acompanhou também a descoberta daquela câmera especificamente, uma vez
6 Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=jfncmKcnNkM. Acesso em: 22 de mar. de 2009. 7 Texto disponível em: http://www.flickr.com/people/gotadeluz/. Acesso em: 22 de mar. de 2009.
42
que cada aparelho possui um tempo de exposição ideal e o orifício
(dependendo de seu formato e tamanho) gera imagens únicas.
Ilustração 3: Foto do primeiro filme tirado com câm era de fosfoto
O segundo momento de inspiração para este trabalho e vivência do
pinhole foi na oficina de fotografia da Associação Fotoativa de Belém-PA8,
durante o Fórum Social Mundial em 2009. A entidade existe desde 1983 e
utiliza a fotografia para a prática educativa, cultural e social. Na oficina,
ministrada pelo fotógrafo Miguel Chikaoka, os participantes elaboraram
fotografias de pinhole a partir de um tubo de filme.
Porém, antes da atividade, Chikaoka os ensinou como fazer uma
câmera escura com papel cartão. Em vez de se basear em réguas e cálculos
matemáticos exatos, o fotógrafo revelou uma metodologia em que o corpo se
envolve na produção da câmera escura. As medidas são palmos ou dedos e os
cortes são feitos à mão. Assim, os indivíduos se envolvem com a câmera
desde o início e não somente posteriormente, quando a utilizam para ver o
mundo.
8 O site da Associação Fotoativa está disponível em: http://www.fotoativa.blogger.com.br. Acesso em: 22 de mar. de 2009.
43
6.2 Etapas de produção
Após verificar que a motivação do trabalho seria buscar alternativas para
a prática da fotografia — a partir da interpretação das pessoas de imagens de
pinhole — e estabelecer que a melhor metodologia era planejar e executar uma
exposição fotográfica interativa, foi necessário identificar o sujeito do trabalho.
A escolha inicial foi produzir retratos de pessoas. Afinal, o envolvimento dos
fotografados poderia aumentar a influência de outros na elaboração da
fotografia, ampliando a subjetividade.
Contudo, durante a primeira saída de campo (08/04/2009), verificou-se a
dificuldade de explicar rapidamente o propósito do trabalho para as pessoas
que estavam na praça do Centro Histórico e convencê-las a se deixar
fotografar. Geralmente a câmera tradicional já causa inibição, devido ao apreço
pela própria imagem. Com a câmera de pinhole, que exige mais tempo de
exposição, o processo de convencimento seria mais difícil. Portanto, a
estudante decidiu fotografar construções e a paisagem, de maneira a valorizar
a memória coletiva e cultura da cidade.
Logo após a primeira saída de campo, as fotografias foram reveladas e
perceberam-se as diferenças produzidas de uma máquina para a outra. A
câmera do “amigo oculto” (recarregada para o Trabalho de Conclusão de
Curso), devido ao tamanho de seu buraco, sempre criava imagens
emolduradas dentro do círculo. A nitidez entre as câmeras também era visível –
um dos aparelhos conseguia alcançar mais foco que os demais. Ainda, no
primeiro lote de fotografias, a fita isolante se desprendeu um pouco da lateral
da caixa de fósforos, deixando vazar luz e criando feixes brancos nas imagens.
Depois de mostrar as fotos para o orientador, a estudante saiu
novamente para tirar mais fotografias no dia 19/04/2009. Nesta segunda saída
de campo, foi possível notar que a confecção de imagens com pinhole significa
também se envolver com o ambiente e chamar a atenção de curiosos. No
momento em que a estudante tirava foto de plantas da praça, um menino
montado na bicicleta se aproximou e perguntou o que era aquele objeto.
Depois de a estudante explicar que era uma máquina fotográfica feita com
caixa de fósforos, o garoto questionou se isso “era ciência”.
44
Outros momentos de interação com as pessoas que habitam ou
passeiam pelo Centro Histórico aconteceu na terceira saída de campo
(28/03/2009). Como a máquina, desta vez, estava acoplada a um tripé, uma
senhora perguntou se a estudante estava filmando e, após a explicação,
sugeriu que ela tirasse foto das pessoas que estavam na praça. Ainda, no final
deste dia, uma garota pediu para ser retratada. A estudante explicou a
necessidade de permanecer parada por 40 segundos (uma vez que a luz
estava fraca devido ao fim da tarde) e a menina ficou imóvel pelo tempo
necessário para que sua imagem se fixasse no filme fotográfico.
Antes da terceira saída de campo, o professor orientador sugeriu que
fossem confeccionadas fotografias mais estáticas, que servissem de
contraposição às demais imagens de pinhole. Dessa maneira, a estudante
optou por prender a câmera, com fita isolante, em um tripé. Apesar dos bons
resultados das fotografias, o tripé restringiu a liberdade de tirar fotos em
ângulos mais inusitados.
6.3 Seleção das fotografias
No total, foram utilizados oito filmes fotográficos. Sempre era pedido que
os laboratórios revelassem todas as imagens, para evitar que os técnicos
descartassem fotografias que não compreendessem. Assim, foram
confeccionadas mais de 250 imagens.
A escolha das fotografias obedeceu aos seguintes critérios:
• Diversidade de imagens, tanto temática (fotos do Museu, Igreja e
praças), como técnica (fotos com flou, tremidas, com espaços em
branco, deformações, estáticas e nítidas);
• Fotografias mais subjetivas e que ampliassem a margem de
interpretação (principalmente, as imagens em que o referente não podia
ser facilmente identificado);
• Figuras que pudessem revelar uma gradação desde a desconstrução da
imagem até à revelação do referente de forma mais evidente.
Assim, chegou-se a um acervo de 15 fotografias para a exposição
fotográfica. As imagens foram divididas em cinco conjuntos temáticos: 1)
45
detalhes dos casarões, 2) plano mais aberto dos casarões, 3) Museu, 4) praça
e 5) Igreja. Cada conjunto recebeu uma manchete e três fotografias com as
respectivas legendas. As fotos e textos da exposição foram sistematizados da
forma abaixo:
Ilustração 4: Fotografias, manchetes e legendas pro visórias da exposição
A passagem do tempo deforma
Fotografia 4
Fotografia 5
Fotografia 6
Os acontecimentos passam em alta velocidade
A rachadura no tempo reúne momentos distantes
Construções desmancham no ar e deixam resquício de memórias
A luz fixa detalhes na memória
Fotografia 1
Fotografia 2
Fotografia 3
As portas e janelas estão fechadas
Os nomes do passado se embaralham
A lembrança se constrói com lacunas
46
Novas perspectivas do Museu Histórico e Artístico d e Planaltina
Fotografia 7
Fotografia 8
Fotografia 9
A palmeira imponente anuncia a memória coletiva de Planaltina
A cultura dinâmica reúne o passado e o presente, em direção ao futuro
O sol do fim da tarde traz novo brilho para o Museu
A praça mantém o Centro Histórico vivo
Fotografia 10
Fotografia 11
Fotografia 12
Os casarões e os planaltinenses se reúnem na praça do Setor Tradicional
A amarelinha no chão da praça permanece impassível, enquanto o entorno se deforma
O garoto na bicicleta pergunta: a câmera de fosfoto é ciência?
47
A igrejinha de São Sebastião se esconde e se revela
Fotografia 13
Fotografia 14
Fotografia 15
A igreja do final do século XIX lembra uma casinha ao longe
As árvores encobrem o templo de oração do Setor Tradicional de Planaltina
Os céus protegem os devotos de São Sebastião
6.4 Planejamento e execução da exposição virtual
A exposição virtual aconteceu do dia 1° a 15 de ma io no site
www.fosfoto.com e os internautas foram convidados a interpretar as imagens,
escrevendo frases para substituir as legendas provisórias. A plataforma foi
desenvolvida com linguagem HTML e PHP com banco de dados. A estudante
comprou o domínio fosfoto.com e aproveitou a hospedagem de outro site pré-
existente.
Após o desenvolvimento do site da exposição9, o professor orientador
sugeriu algumas modificações e foi realizado um pré-teste com três
colaboradores (um estudante de Jornalismo e dois bacharéis em Comunicação
com habilitação em Jornalismo e Audiovisual). As principais alterações
realizadas a partir das sugestões foram:
• Criação de botão para contato com um formulário para que o
participante pudesse enviar sua mensagem ou comentário direto do site;
9 Design do site disponível no Anexo 1.
48
• Aprimoramento do passo-a-passo da confecção da câmera de fosfoto,
com o acréscimo da etapa seis, que especifica a construção do
obturador do aparelho;
• Programação adicional para que o participante pudesse ver as fotos da
exposição com as legendas escritas por eles.
O site da exposição foi, então, divulgado por e-mail e pela rede de
relacionamentos Orkut. O informativo enviado pela internet está disponível no
Anexo 2.
No primeiro dia do evento na internet, foram recebidos comentários e
pedidos para que fosse possível modificar a legenda depois de escrita e
também ir e voltar continuamente entre as fotografias da exposição. Ambas
demandas foram atendidas e, ao final, a exposição virtual recebeu 121
colaborações.
Inesperadamente, alguns blogs publicaram nota sobre a exposição,
como as plataformas eletrônicas do:
• Fotoclube 508/f
(http://fotoclubef508.wordpress.com/2009/05/03/fosfotos-planaltina-no-
buraco-do-aluminio/);
• Jornal Olho de Águia;
(http://jornalolhodeaguia.blogspot.com/2009/05/exposicao-virtual-de-
pinhole-e-parte-do.html).
• Associação dos Amigos do Centro Histórico de Planaltina
(http://amigosdocentrohistoricodf.blogspot.com/2009/05/planaltina-no-
buraco-do-aluminio.html)
O clipping completo sobre a exposição encontra-se no Anexo 10 deste
trabalho. A publicação da nota pelo blog da Associação dos Amigos do Centro
Histórico de Planaltina abriu as portas para a parceria e apoio na divulgação da
exposição “Planaltina no buraco do alumínio” na sala do Museu Histórico e
Artístico. Posteriormente, a Rádio Comunitária Utopia FM também foi contatada
e aceitou participar da iniciativa, divulgando spot sobre o evento.
49
6.5 Exposição no Museu Histórico e Artístico de Pla naltina
Além das parcerias com a Associação dos Amigos do Centro Histórico
de Planaltina e a Rádio Comunitária Utopia FM, a estudante também buscou a
colaboração do Projeto de Extensão Comunicação Comunitária (Universidade
de Brasília). Ainda, para realizar o evento, de 15 a 17 de maio, foi necessário
escrever ofício à Administração Regional de Planaltina solicitando apoio para
utilizar a sala do Museu10.
Depois do envio do documento, a estudante telefonou para a Gerência
de Cultura e Educação para confirmar a agenda disponível para o evento e
marcar uma reunião. No dia da reunião (05/05/2009), a estudante fotografou a
sala e mediu os painéis para confecção dos pôsteres da exposição.
A partir do encontro, foram produzidos ou obtidos os seguintes materiais:
• Seis pôsteres para serem afixados nos dois painéis do Museu;
• Um porta-banner e banner para ser posicionado na entrada da sala da
exposição;
• Uma urna para recolher as legendas fotográficas escritas pelos
participantes;
• Formulários para se escrever as legendas e para os participantes
assinarem e deixarem contatos;
• Quatro câmeras escuras confeccionadas com papel cartão;
• Trinta cartazes e 60 panfletos para a divulgação.
O orçamento do material está no Anexo 6, os layouts dos cartazes,
panfletos e demais formulários estão no Anexo 7 e as fotografias da exposição
no Anexo 8.
Durante a exposição, 60 pessoas viram as fotografias e assinaram a lista
de presença; das quais 34 deixaram contribuições de legendas. Dentre as
visitas, destaca-se a participação de um grupo da Escola de Fotografia de
Brasília, que estava em uma saída de campo para tirar fotos. No último dia da
exposição, pela tarde, foi realizada uma oficina para ensinar a confeccionar a
10 O ofício para a Administração Regional de Planaltina está disponível no Anexo 3.
50
câmara de fosfoto. Aproximadamente 20 pessoas participaram da oficina, entre
crianças, pais e líderes comunitários.
Antes do início da oficina, a expositora mostrou o mecanismo da câmera
escura (construída a partir de uma folha de papel cartão, papel vegetal e
alumínio) e explicou o fenômeno óptico. Então, os participantes sentaram ao
redor da mesa e foram apresentados aos materiais necessários para a
confecção da câmera de fosfoto: caixas de fósforos, tinta guache, fita isolante,
bobinas de filme fotográfico, filmes fotográficos, papel alumínio, pincéis,
tesouras, estiletes e agulha (ou outro material para fazer o buraco). A primeira
etapa da construção do aparelho foi a pintura da caixa de fósforos. Enquanto a
tinta secava, os participantes se apresentaram. Eram professores, estudantes,
crianças, pais e integrantes de grupos comunitários. A partir de então, a
expositora mostrou o passo-a-passo da câmera de fosfoto. Ao final, os
participantes receberam as últimas orientações sobre a forma de rebobinar o
filme e recarregar a câmera e puderam levar o aparelho para casa.
51
7 Análise dos dados coletados
Durante a exposição virtual e o evento no Centro Histórico, 155 pessoas
deixaram contribuições de legendas; destas, 34 eram visitantes do evento no
Museu. Aproximadamente 35 formulários da internet estavam completamente
brancos. As legendas em branco podem se explicadas pelo desejo dos
internautas de verem a exposição, porém sem a vontade de se envolverem.
Como cada contribuição se refere ao conjunto de 15 legendas para as
imagens da exposição, foram obtidas, ao final do processo, 2.325 propostas de
legendas. Contudo, considerando todos os espaços em branco, chega-se ao
número de 465 lacunas, que correspondem a 20% de todas as legendas.
Portanto, os textos completos para cada fotografia somam 1.860. É interesse
notar que os espaços em branco diminuíram gradativamente do primeiro
conjunto temático de imagens até o último. Os valores podem ser
sistematizados da seguinte maneira:
Conjunto temático Número de espaços em branco
1) detalhes dos casarões 136
2) plano mais aberto dos casarões 95
3) Museu 87
4) praça 88
5) igreja 59
A diminuição das lacunas nos leva a concluir, primeiro, que os
participantes ao praticarem escrever a legenda foram sentindo maior
envolvimento com o tema e facilidade para propor os textos. Ainda, a
exposição começa das fotografias cujo referente é menos evidente em direção
às imagens mais indiciais. Portanto, pode-se considerar que a linguagem
fotográfica tradicional, que valoriza o referente, está mais enraizada na cultura
da sociedade.
Outra estratégia categorizada de valorização do referente está
relacionada com o esforço dos participantes de nomearem um objeto para a
foto ou adaptarem a imagem confusa para algum elemento mais concreto. A
estratégia aconteceu 236 vezes, o que corresponde a aproximadamente 10%
52
das legendas – valor baixo para o total. As seguintes legendas são exemplos
de nomeação de objetos: “janela antiga”, “placa de identificação” e “uma igreja”.
Por outro lado, os textos “ralador”, “um casarão com um lamaçal na frente” e
“fazendinha” identificam a adaptação da imagem.
Outros buscaram explicações para a deformação e o tremido das
imagens, como “visão turva”, “confusão mental” e “cadê os meus óculos??”.
Foram 73 legendas (3%) que apontaram elementos que causam a
precariedade do referente e, portanto, o texto serve como uma estratégia para
convergir a imagem vista com a realidade esperada.
Por outro lado, 172 textos (7%) procuraram dialogar com as legendas
provisórias da estudante, seja complementando o sentido, refutando o dito ou
fazendo perguntas sobre a afirmação. É interesse notar ainda, a referência a
técnica do pinhole¸ que aconteceu em 11 legendas, como: “o esqueleto do
fosfoto”, “vejo a saída pelo buraco da agulha” e “a subjetividade é a marca da
câmera de fosfoto”.
Ainda, alguns poucos optaram por estratégias para evitar escrever a
legenda ou deixar o espaço em branco, exemplos foram pessoas que repetiram
as legendas provisórias ou escreveram “sim” e “não”. O total destes textos foi
de 46 (1,97%).
Finalmente, como o presente trabalho pretende explorar a fotografia
baseada na subjetividade, é essencial identificar a polissemia das imagens da
exposição. Elementos de intertextualidade estiveram presentes em 29
legendas (1,2%). A intertextualidade se refere a trechos de música ou livros,
nomes de filmes e bandas, e mesmo expressões em outras línguas, como do
not disturb (ou não perturbe, frase geralmente afixada em portas de hotel).
Por outro lado, referências a arquétipos e mitos surgiram em 52 (2%)
legendas. Nas páginas seguintes, foi selecionado um arquétipo para cada
fotografia. Nos casos em que não havia este elemento, foi eleita uma legenda
referente à intertextualidade. O critério de seleção tentou privilegiar as
associações mais singulares e inusitadas, que mais gerassem sentidos e
interpretações. Os arquétipos que acompanham as fotos foram descritos com a
intenção de ampliar a subjetividade imagética, contudo a autora não tem a
pretensão de enveredar pela psicologia para explicar as ações instintivas e
necessidades por trás de cada imagem. Além disso, como a associação das
53
fotografias com possíveis arquétipos é somente uma alternativa de
interpretação, ao final de cada descrição, a autora indica outros discursos
relacionados às imagens.
54
7.1 Fotografia 1 – O portal do paraíso
O texto original da fotografia era "As portas e janelas estão fechadas" e
a proposta de legenda "O portal do paraíso" indica a possibilidade de
interpretação a partir de um arquétipo. A palavra "paraíso" tem origem no grego
e significa o "jardim das delícias" (LEMAÎTRE; QUINSON; SOT, 1999:234-235).
A imagem cristã de portal do paraíso evoca duas direções, a de entrada
no céu ou expulsão do Éden. A mitologia do paraíso e o banimento dos seres
humanos, representados por Adão e Eva, está registrado na seguinte
passagem bíblica: "e, expulso o homem, [Deus] colocou querubins ao oriente
do jardim do Éden, e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o
caminho da árvore da vida" (BÍBLIA, Livro de Gênesis, 3:24).
55
Os dois movimentos, de entrada e saída do paraíso, representandos
pelo portal, estão ligados à experiência de transcendência da vida. Segundo
Carl Jung, este arquétipo está ligado a rituais que revelam a "perpetuidade da
vida através de transformações e renovações" (2008:122). A imagem pode ser
representada também pelo destino de morte e renascimento de um herói.
Outra interpretação recorrente dos participantes se relaciona com a luz.
As seguintes frases são exemplos destas associações: "a luz que enxerga é a
mesma que cega", "Essa luz, essa luz... Não! Ela não ilumina, apenas clareia",
"luz, brilho e passado", "luzes no escuro", "luz interior", "a porta é transparente
à luz", "luz da janela", "O brilho na ou da janela?" e "A luz abre, um espaço no
fechado". A menção à luz ocorreu em nove legendas (ou quase 6% das
contribuições direcionadas a esta fotografia). A associação da imagem com a
luz pode ser explicada por dois motivos. Primeiro, pela ausência da iluminação,
uma vez que há um anel de escuridão se formando ao redor da figura.
Segundo, há uma superexposição, principalmente no centro da imagem, que
tornou a foto monocromática e com poucos detalhes.
É interessante notar ainda que os sentidos aferidos pelas legendas à luz
são bem diversos. Algumas legendas são bem conotativas, estabelecendo uma
relação indicial com a fotografia, como "luz da janela". Por outro lado, outras
ultrapassam o caráter físico e geram um significado simbólico, como "luz
interior". Há também as que levantam questionamentos com certo caráter
filosófico. Por exemplo, a legenda "O brilho na ou da janela?" chama atenção
para a sensação ambígua causada pela fotografia. Não é evidente se a janela
está recebendo iluminação ou emitindo a luz.
Outro recurso utilizado pelos participantes foi propor perguntas, como
ocorreu em: "Alguém vive lá dentro?" e "Onde está o número?". Considerando
todos os textos — inclusive os rotulados com outras categorias — são sete
legendas com interrogação, ou 4,5% das manifestações. A questão permite
que o participante indique ausências, detalhes ou sentidos da fotografia, sem
afirmar taxativamente, com toda segurança e certeza.
Outra estratégia utilizada foi a da intertextualidade, que correspondeu a
quatro legendas ou 2,5% do retorno. Há a indicação do nome de uma banda
em inglês, " The doors " (ou as portas) e de expressões populares, como "rabo
de olho". O uso da intertextualidade é interessante porque retoma e torna
56
presente outros sentidos, associados a outras situações e contextos, como por
exemplo, os bastidores de uma peça de teatro, referido pela legenda "Por trás
da cena".
Por fim, há participantes que encontram facilmente o sentido simbólico
da imagem, enxergando inclusive elementos físicos que não são visíveis na
fotografia. A legenda "Ninguém vê que no canto da porta está alguém" faz
referência a uma pessoa que, em uma primeira leitura, não está evidente na
foto.
57
7.2 Fotografia 2 – Eternidade
Na exposição, a fotografia estava relacionada ao texto “Os nomes do
passado se embaralham”. Contudo, dentre os três possíveis arquétipos citados
nos textos propostos pelos participantes, o mais singular foi a palavra
“Eternidade”. O conceito de eternidade é estudado desde a época do filósofo
Platão e se refere ao que não teve início e não terá fim. Portanto, é a
realização plena e total e, considerada por alguns, como o privilégio exclusivo
do Deus cristão (BORN, 1985:504-506). Afinal, os deuses gregos não são
eternos, mas imortais, pois tiveram um início (BRANDÃO, 1991:607-608).
O termo se refere, no sentido comum, ao tempo infinito. Isto é, ao que
não pode ser medido pelas noções de tempo. Portanto, a imagem se refere ao
agora estável que não pode ser mensurado.
Por outro lado, a idéia de história ou passagem de tempo foi um tema
recorrente na legenda, representando 7% ou 11 casos. Exemplos de textos
com este sentido são: “As placas vão, mas os lugares permanecem”, “Linhas e
traços... dinâmicas no passado e lembranças de um futuro”, “Sempre
presente”, “Placas do passado”, “A história nunca nos chega como ela
58
realmente foi...”, “Que los nombres del pasado adornen nuestra cotidianidad”
(ou que os nomes do passado decorem nosso cotidiano), “Grandes nomes do
passado hoje apenas enfeitam as paredes do museu”, “Planaltina: a
justaposição do passado com o presente”, “Um passado quase esquecido”,
“Quem marca a história” e “O passado dialoga com o presente”.
Nestas legendas, há dois movimentos, um de permanência do momento
e outro de mudanças. Exemplo do tempo estático é “Sempre presente” e de
modificações é “O passado dialoga com o presente”. Também há, nos textos, o
sentido do passado esquecido, que não condiz mais com a história relatada
atualmente. Este significado está nas legendas “Um passado quase esquecido”
e “Grandes nomes do passado hoje apenas enfeitam as paredes do museu”.
A sensação de fim causada por estas legendas também está presente
no texto “Aqui jaz...”, que faz uma referência à morte e ao fim, em oposição ao
conceito inicial de eternidade.
Além disso, dentro da idéia de intertextualidade, duas legendas ampliam
os sentidos das imagens para outros contextos. Primeiro, há o texto “sudário
virtual”, que remete ao denominado Santo Sudário, um tecido de linho que
cobriu um homem que passou por diversos traumas — o pano manteve marcas
de seu rosto. Muitos acreditam que este homem teria sido o Jesus Cristo
histórico. Dessa maneira, a legenda traz para o mundo virtual, sentidos
relacionados a sacrifícios, mas também de santidade e divindade. Por fim, a
legenda “A porta da rua é a serventia da casa” resgata um dito popular e cria
uma atmosfera de brincadeira.
59
7.3 Fotografia 3 – Labirinto da vida
O texto da fotografia na exposição era “A lembrança se constrói com
lacunas” e a legenda mitológica selecionada foi “Labirinto da vida”. A imagem
de labirinto mais reconhecida no Ocidente é a do Minotauro (mitologia grega).
A criatura, metade homem e metade touro, foi aprisionada em um labirinto por
ordem do rei Minos de Creta. A estrutura era bem complexa para tornar
impossível sua fuga. A besta era alimentada com jovens vítimas (Microsfot
Encarta [CD ROM], 1996). Teseu foi o responsável pela morte do animal e
obteve ajuda de Ariadne, que lhe entregou uma coroa luminosa e um novelo de
linha para que encontrasse o caminho de volta (BRANDÃO, 1991:126-129).
Assim, a idéia de labirinto indica a busca pelos caminhos possíveis,
como também se relaciona com a trajetória em si, que pode revelar novos
acontecimentos e transformações. O labirinto se associa, então, à vida.
Além disso, a imagem foi relacionada a três (quase 2%) legendas de
intertextualidade: “Sempre tem uma luz no fim do túnel”, “Não é uma obra de
arte” e “janela indiscreta”. O texto “Não é uma obra de arte” remete o leitor ao
movimento artístico que primeiro questionou o que seria arte, o Dadaísmo. O
60
movimento surgiu durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18) e questionava
os valores estéticos e sociais do período. Dessa maneira, os artistas utilizavam
técnicas de arte e literatura que eram deliberadamente incompreensíveis. O
símbolo mais conhecido da crítica à obra de arte é o urinol de Marcel Duchamp
que foi intitulado “A Fonte” e enviado para concurso de arte (Microsfot Encarta
[CD ROM], 1996).
Por outro lado, a legenda “janela indiscreta” faz referência ao filme
homônimo de Alfred Hitchcock (1954), que relata a história de um homem que
vê, através da janela, indícios de um crime cometido pelo vizinho. A idéia de
espionar e de segredos está presente em oito legendas (ou 5%). Exemplos dos
textos com este caráter são: “Do lado de dentro alguém espreita”, “Passagem
secreta”, “O caminho cotidiano e discreto da ‘espiadinha’”, ”Espia, uma coisa
são duas, ela mesma e sua imagem”, “Um tanto de misterio llena la vida de
interés” (ou um pouco de mistério enche a vida de interesse), “Iluminando o
disfarce à bisbilhotice”, “O curioso se aproxima” e “A curiosidade”. Assim, a
sensação de mistério e do desconhecido aumenta, como também a vontade de
saber o que está por trás da treliça, elemento central da fotografia.
Finalmente, oito textos (5%) falam de liberdade e prisão, como: “Para
além das grades”, “Liberdade!! Por favor!!”, “Pouca luz, difícil saída”, “Fugas”,
“Não importa se está fechado, sempre há algum meio de passar”, “Única
saída”, “A Fuga” e “Trama do tempo: prisão ou arte”. Cabe ressaltar o
contraditório, uma vez que algumas legendas indicam a liberdade ou busca da
liberdade (como “A Fuga”), enquanto outros falam da impossibilidade ou
dificuldade de sair do local (como “Pouca luz, difícil saída”).
61
7.4 Fotografia 4 – Déjà vu
“Os acontecimentos passam em alta velocidade” era a legenda inicial
desta fotografia. Dentre três possíveis textos que indicam intertextualidade, foi
selecionado o termo francês “Déjà vu”, que significa “já visto” (GALVEZ, 2005).
Porém, o conceito de déjà vu ultrapassa o simples entendimento de ver
novamente algo concreto visto anteriormente, podendo significar a sensação
de já haver presenciado um momento que está acontecendo pela primeira vez.
Por vezes, a sensação está conectada a idéia de que a pessoa — que está
experimentando o déjà vu — sonhou ou imaginou a cena antes. Esta sensação
está presente também em outras cinco legendas (quase 4%): “A imaginação
completa o real”, “a casa dos sonhos”, “um sonho, uma vaga lembrança”, “El
62
antes y el después en el tiempo comienza a caer como el paradigma superado”
(ou o antes e o depois, no tempo, começa a cair como o paradigma superado)
e “sonhos”.
As duas outras legendas que fazem referência à intertextualidade são:
“Aurora boreal do passado” e “Tempo, tempo, tempo, mano velho”. A aurora
boreal é um fenômeno magnético e óptico que ocorre no Pólo Norte e se
constitui em colunas de luz com várias nuances de cores que se movimentam
(Microsfot Encarta [CD ROM], 1996). O fenômeno passa a idéia de movimento
e, portanto, dialoga com a legenda inicial da fotografia, “Os acontecimentos
passam em alta velocidade”. O termo também empresta uma atmosfera de
magia e espetáculo à imagem.
Por outro lado, a legenda “Tempo, tempo, tempo, mano velho” é o trecho
da música “Sobre o tempo” da banda Pato Fu. Os versos inteiros deste trecho
são “Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei/ Pra você correr
macio”. Assim, mais uma vez, há a indicação da passagem do tempo e de
mudanças. Esta idéia explica a associação corrente com a memória e o
passado.
São 19 legendas (14%) que se referem à memória ou ao passado.
Exemplos das legendas são: “O passado se foca em minhas memórias”, “as
lembranças”, “visão do passado”, “Coisas que não parei para olhar”,
“momentos da infância”, “A vida passa muito rápido, então vamos vivê-la”, “Um
dia, uma casa, uma infância”, “reflexos da memória”, “Um sonho, uma vaga
lembrança”, “As memórias sempre se esvaecem”, “A cidade hoje não é mais o
que era há 150 anos”, “lembranças”, “infância”, “Passado vai, tempo fica”,
“lembrança de Planaltina”, “A natureza e a tradição”, “Persistência da
memória”, “O antigo sob um novo olhar” e “História do passado”.
Muitos dos textos se referem ao fim ou destruição da memória, como
“Coisas que não parei para olhar”. Este discurso se associa a outras legendas
que indicam a destruição ou o medo da mudança, como “...e, então, veio o
vendaval!!” e “O pânico tomou conta da cidade”. A idéia de mudança, então,
aparece como algo negativo, que pode trazer males ou o fim das memórias.
63
7.5 Fotografia 5 – Eclipse da Lua
Originalmente a fotografia foi legendada como “A rachadura no tempo
reúne momentos distantes”. Dentre seis (4,5%) imagens de arquétipos
possíveis, foi escolhida a legenda “Eclipse da Lua”, porque se refere a um
fenômeno científico e que foi objeto de antigos mitos e lendas. Somente é
possível observar 50% da Lua em um dado momento, o que afere mistério ao
astro, associado ao feminino.
O eclipse lunar ocorre quando a Terra, iluminada pelo Sol, projeta um
cone de sombra e a Lua penetra (total ou parcialmente) nesta projeção.
Durante o eclipse, o corpo lunar não aparece totalmente escuro, mas exibe
nuances avermelhadas de luz (Microsfot Encarta [CD ROM], 1996). O
64
fenômeno, que encobre a Lua, indica também o desconhecido e o mistério.
Além disso, o eclipse pode significar o término, quando a luz se apaga, ou o
início e nascimento, quando a “ordem natural” é restaurada.
Outro fenômeno indicado nas legendas de intertextualidade é o da
“Aurora cristalina”. A aurora é o período antes do nascer do Sol, quando a
Terra é iluminada por seus raios. A palavra significa princípio, pois está
associada com o começo de um novo dia. O adjetivo “cristalina” acrescenta a
idéia de pureza e intocável. Portanto, é o nascer de um dia novo
cronologicamente, mas novo também porque é puro.
A intertextualidade das legendas reforça o caráter científico com o texto
“Arquitetura citológica”. A Citologia é o campo da Biologia que estuda as
unidades, estruturas e funções da célula (Microsfot Encarta [CD ROM], 1996).
O uso da legenda pode indicar a necessidade de identificar funções e
estruturas que não estão visíveis a olho nu na imagem.
A ausência de uma estrutura palpável na fotografia (e a destruição do
índice) também é sugerida pela legenda “Ninguém podia entrar nela, não.
Porque porta não tinha, não”. O texto é um trecho da música “A casa” de
Vinícius de Moraes, que fala de uma casa que não tinha teto, porta, chão ou
parede. Ainda dentro da idéia de intertextualidade, a legenda “Viagem no
tempo” se refere a ausência de uma estrutura temporal fixa, uma vez que
indica a possibilidade de se movimentar para o passado e futuro.
O conceito de tempo é uma constante nos textos propostos para esta
foto. Em 22 legendas (quase 17%), aparece a idéia de tempo. São exemplos:
“lacunas do tempo”, “a sabedoria do tempo”, “lapso”, “esvaecer do passado”,
“Quanto tempo suportará?”, “saudades daquele tempo...”, “O tempo passa, as
lembranças ficam” e “O tempo vence a pedra”.
É interessante notar a brincadeira feita por um dos participantes com o
discurso do gênero policial. Na legenda para esta fotografia, ele escreveu “Os
criminosos foram localizados em uma casa abandonada”. No texto para a
fotografia posterior, continuou com a lógica da legenda e anotou “A polícia
levou para a delegacia”.
65
7.6 Fotografia 6 – Óvnis
A legenda original desta fotografia, “Construções desmancham no ar e
deixam resquício de memória”, foi inspirada na frase de Karl Marx “Tudo o que
é sólido desmancha no ar”. A citação se refere a um pensamento da
Modernidade, segundo o qual ideologias e modos de produção se
desmancham e são suplantados por outros no transcorrer da história. A
imagem estimulou dois possíveis arquétipos: “Óvnis? ou...” e “visão pleidiana”.
A idéia de Óvni (ou Objetos Voadores Não Identificados) se refere ao
desconhecido, em outros planetas, sistemas solares ou galáxias. Este
desconhecido ganha significações e imagens a partir da literatura e filmes de
ficção científica. A relação do ser humano com o conceito de Óvni é ilustrada a
66
partir da ciência, que de certa forma ocupou parte do espaço reservado às
religiões em outros tempos, quando forneciam explicações para os fenômenos
naturais.
No livro “Eram os deuses astronautas?”, Erich Von Däniken (1971) faz
esta relação entre ciência, histórias bíblicas e Óvnis. As associações e
explicações são baseadas fortemente em números e cálculos, o que enfatiza a
ciência como fonte de compreensão do desconhecido. Um bom exemplo da
necessidade de exatidão para dar veracidade ao tema está presente no
seguinte trecho da publicação: “podemos concluir que há 18.000 planetas
relativamente próximos de nós que oferecem condições necessárias à vida,
similares às que existem na Terra” (DÄNIKEN, 1971:13)
A outra imagem mitológica sugerida pelas legendas é a das Plêiades, as
sete filhas de Atlas (cuja punição era segurar a terra e os céus). Segundo uma
das versões do mito, as irmãs se suicidaram devido ao destino do pai. Na
astronomia, as Plêiades são um aglomerado de estrelas da constelação de
Touros. O adjetivo pleidiano revela a subjetividade e tendências artísticas, uma
vez que foi utilizado para nomear grupos de sete poetas, filósofos ou outras
figuras ilustres (Microsfot Encarta [CD ROM], 1996).
Para além da mitologia, as legendas indicaram seis casos (4,5%) de
intertextualidade, como: “big bang planaltinense” e “A vida passa num piscar de
olhos”. Dentre as frases associadas a intertextualidade, é interessante notar a
legenda “Era uma vez...” do gênero de histórias infantis e contos de fada. Os
contos se voltam para um tempo fora da história, distante da atualidade,
contudo, que possui significados resgatados a todo instante para as novas
gerações. Dentre as histórias infantis mais conhecidas estão: “A Branca de
Neve”, “A Bela Adormecida” e “Cinderela”.
A idéia de localização de fatos em um tempo distante, que não mais se
assemelha com a história atual, está presente também na legenda “Brilho
eterno de uma mente sem lembrança”. Este é um nome de um filme de Michel
Gondry (2004), que conta a história de um homem que se submete a um
processo para apagar a namorada de sua memória. Portanto, esta legenda
pode indicar a destruição da memória, que se desmancha juntamente com as
construções antigas.
67
A idéia de fragmentos, vazio e desconstrução está presente ainda em 12
legendas (9%). Exemplos destes textos são: “A estrada vazia mostra que um
dia houve ali”, “espaço aberto”, “Para além do sensível: nada”, “fragmentos
para a alma” e “vazio”.
68
7.7 Fotografia 7 – Holocausto nuclear
Na exposição, a fotografia recebeu a legenda “A palmeira imponente
anuncia a memória coletiva de Planaltina” e, dentre os textos propostos pelos
participantes, foi selecionado o “Palmeiras e holocausto nuclear”. Esta frase
remete a duas imagens de destruição, quase apocalípticas, ainda fortes nos
dias de hoje: holocausto e nuclear.
Em sua origem, a palavra holocausto significa sacrifício. No ritual, o
sangue do gado, ovelha ou pombo ofertado era queimado e a fumaça subia
aos céus, em sinal de entrega total a Deus (BORN, 1985:701). Atualmente, o
termo se refere a qualquer desastre envolvendo muitas vidas humanas.
Quando escrito com a primeira letra em caixa alta, Holocausto significa a
perseguição e morte de Judeus na Alemanha Nazista (Microsfot Encarta [CD
ROM], 1996).
O uso das duas palavras juntas, holocausto nuclear, se refere à “temível
hipótese de uma guerra exterminadora”, possível desde as bombas atômicas
lançadas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. O desenvolvimento
bélico nuclear se ampliou com a tensão entre os Estados Unidos e a ex-União
69
Soviética durante a Guerra Fria (1945-1991), e permanece uma hipótese
atualmente com outros países testando armamento nuclear (VINCENTINO,
1997:402).
Dessa maneira, a legenda selecionada lembra uma visão apocalíptica de
destruição do mundo e dos seres humanos, como também aponta para o fim
do referente na fotografia.
Contudo, o oposto do fim dos tempos – o nascimento – está entre as
demais legendas. São sete textos (aproximadamente 5,5%) que fazem
referência ao início, como: “Começa Planaltina”, “O último marco. Ou seria o
primeiro?”, “Planaltina surge da luz”, “Luz - Vida nova”, “Vida e força”, “O dia
nasce trazendo arte” e “O nascer de uma idéia luminosa”. Ou seja, devido à
subjetividade da imagem (pouco indicial), os participantes são estimulados a
realizar interpretações opostas, como de morte e de vida.
A criatividade de algumas legendas reforça o espaço para interpretação
a partir da fotografia que pouco se assemelha ao referente. Alguns exemplos
de textos deste tipo são: “A antena prepotente acha que é o centro do mundo”,
“O vôo fantástico da libélula Planaltina” e “A abelha no olho do furacão”.
Voltando à intertextualidade, a legenda “Planaltina tem palmeira...” pode
remeter à poesia de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”. Um trecho do poema
é: “Minha terra tem palmeiras,/ Onde canta o Sabiá;/ As aves, que aqui
gorjeiam,/ Não gorjeiam como lá”. Ao afirmar que Planaltina tem palmeiras, o
participante relaciona as qualidades bucólicas da “Canção do Exílio” à cidade
de Planaltina. Assim, ao mesmo tempo em que o texto elogia Planaltina,
também retoma um sentimento de saudade, de vontade do cidadão ou do
poeta de retornar a sua terra natal.
70
7.8 Fotografia 8 – Eu mandava ladrilhar
Inicialmente, a legenda desta imagem era “A cultura dinâmica reúne o
passado e o presente, em direção ao futuro”. Com a participação dos visitantes
da exposição, a fotografia recebeu a legenda de “Eu mandava ladrilhar”. A
frase pertence a uma cantiga popular “Nesta Rua”, cuja estrofe completa é: “Se
esta rua se esta rua fosse minha/ Eu mandava, eu mandava ladrilhar/ Com
pedrinhas, com pedrinhas de brilhante/ Para o meu, para o meu amor passar”.
Esta canção, que constrói uma cena de amor e fantasia é utilizada para brincar
de roda. Por extensão, a legenda se apropria dos sentidos presentes nas
brincadeiras de ruas, como ciranda, amarelinha, peão, pique-esconde etc.
Assim, o texto retoma a pureza e a tranqüilidade da infância, principalmente em
regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos.
Outras legendas (cinco textos ou 4%) fazem referência a esta
tranqüilidade e simplicidade, como: “tranqüilidade e descanso”, “paz, sossego e
muita história”, “tranqüilidade”, “simplicidade e beleza” e “Para quem não
conhece, esta é uma visão tranqüila de um passado simples”. Inclusive, um dos
textos associa a tranqüilidade da infância com a velhice, revelando a dualidade
71
dos dois momentos. A legenda em questão é “Naquelas ruas deixei os
segredos da infância e encontrei as pedras da velhice”.
Os demais textos se aproximam de descrições da fotografia, fazendo
referência à rua, alameda ou esquina, ou indicando a perspectiva visual ou
projeção presentes na imagem. No primeiro caso, são oito legendas (6,5%),
como: “o colorido das ruas” e “Há esquinas”. Para o segundo caso, são cinco
legendas (4%), como: “Perspectivas” e “Projeção”.
A ausência de outros elementos de intertextualidade ou mitológicos pode
ser explicada pelo fato desta imagem ser muito indicial, conservando o
referente evidente. Ou seja, isto pode diminuir as possibilidades de
interpretação do que é visto na foto.
72
7.9 Fotografia 9 – Casa-grande e Senzala
Originalmente, a legenda desta fotografia era “O sol do fim da tarde traz
novo brilho para o Museu”. Após a exposição, foi selecionada a seguinte frase
para representar a imagem: “Casa-grande e Senzala”. A legenda remete ao
título do livro do antropólogo Gilberto Freyre, “Casa-grande & senzala:
formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal”. A obra
descreve as relações entre negros, brancos e as famílias na formação do
brasileiro. O autor vê a Casa-grande, onde residia a família do Senhor de
Engenho, como complementar à senzala, onde habitavam os escravos. Assim,
as duas construções formam “um sistema econômico, social, político: de
produção [...]; de trabalho [...]; de religião [...]; de vida sexual e de família [...];
de política” (FREYRE, 1978:XXIX).
Portanto, a legenda, torna presente os significados deste período
histórico (séculos XV e XVI), muito retratado nas telenovelas brasileiras. Dentre
os personagens da Casa-grande e da Senzala, podem ser lembrados: o senhor
de engenho, as sinhazinhas, os capitães do mato, os escravos e as mucamas.
Inclusive, uma das legendas, “Sentindo o cheiro do fumo de rolo que vovô
73
fumava...”, remete a um hábito cultural originário do período rural brasileiro. O
fumo de rolo é escuro, devido ao alto teor de nicotina, e vendido em corda.
Além disso, o valor de índice aparece marcadamente nas outras
legendas, uma vez que há recorrência da palavra Sol nos textos e o brilho do
astro está evidente na fotografia. São 22 legendas (quase 18%) que
mencionam o Sol, o brilho, a luz ou o céu. Exemplos destas são: “céu de
brigadeiro”, “Pôr-do-sol em cidade pequena é assim: contemplativo” e “Reluz o
Sol em memória do passado planaltinense”.
Cabe destacar que não houve outras legendas que apontassem para
algum elemento mitológico ou de intertextualidade. O que enfatiza a
possibilidade referida anteriormente. Isto é, quanto mais evidente o referente
na fotografia, menor o espaço para interpretação, pois o olhar do participante
se conduz pelo índice impresso na imagem.
74
7.10 Fotografia 10 – Hecatombe
Durante a exposição, esta fotografia recebeu o texto “Os casarões e os
planaltinenses se reúnem na praça do Setor Tradicional”. Com a contribuição
dos participantes, foi selecionada a legenda “Hecatombe” para a imagem.
Segundo o Dicionário Houaiss (2001), a palavra tem origem no grego e
significa o sacrifício de cem bois. Atualmente, é compreendida como o
massacre ou carnificina de um grande número de pessoas, tendo por
sinônimos as palavras destruição, catástrofe e massacre.
Existem três explicações possíveis para a escolha do termo
“Hecatombe” para intitular a fotografia. Primeiro, a questão da destruição do
referente e do índice da imagem. Segundo, há uma superexposição na parte
superior da figura, envolta em um discreto anel negro, que pode ser
compreendida como uma explosão. Terceiro, os degraus da praça podem se
assemelhar a um altar de sacrifícios.
Porém, é importante destacar que a referência à explosão é muito
pequena entre as legendas. São três textos (aproximadamente 2,5%) que
75
fazem alguma menção a explosão ou destruição: “Choque de luz”, “red lasers”
(ou lasers vermelhos) e “retalhos da memória”.
Algumas legendas (quatro textos ou 3,5%) remetem a um
comportamento esperado na praça, como a presença de crianças brincando ou
casais namorando. Por exemplo, foram apresentadas as seguintes legendas:
“tempos de prosa”, “a pracinha dos meus amores”, “O pipoqueiro não vem
hoje?” e “Cadê o povo? Cadê os carrinhos de bebê e as crianças?”.
Novamente, não há muitos elementos de intertextualidade. A legenda
“aurora boreal” foi proposta para a imagem, mas também apareceu em
referência à Fotografia 4. Na imagem atual, a escolha das palavras aurora
boreal pode ser devido à nuance quase transparente das cores rosa e azul na
fronteira superior direita do anel negro.
A partir da análise das legendas, pode-se considerar que um dos
elementos que mais chama a atenção nas imagens são os degraus da praça.
Referências aos degraus e sua estrutura aparecem em 12 legendas (10,5%).
Por exemplo: “A altura do muro esconde o jardim onde eu quero estar”, “no
meio do fio”, “arqueologia do cimento”, “calçadas flutuantes” e “os degraus do
passado”. Novamente, o índice conduz a interpretação e restringe as
possibilidades de significado.
Por outro lado, houve legendas muito criativas e bem humoradas. Um
exemplo é o texto “E essa mosca?”. Provavelmente o participante reconheceu
o vulto ou mancha negra do lado das árvores como um inseto que haveria
pousado na imagem. Já outro participante escreveu “A praça dos mil Poderes”,
em associação à Praça dos Três Poderes em Brasília-DF. Contudo, o
participante teria enxergado mais força e potencial na Praça do Setor
Tradicional de Planaltina. Talvez seja uma reação ao poder político tradicional,
em face ao poder do povo.
76
7.11 Fotografia 11 – Céu e Inferno
No princípio, a legenda desta fotografia era “A amarelinha no chão da
praça permanece impassível, enquanto o entorno se deforma” e o texto “Céu e
Inferno” foi selecionado após a contribuição dos participantes. Ao total, foram
oito legendas (7%) com referência ao céu. A recorrência pode ser explicada
porque a palavra “céu” da amarelinha está centralizada e ampliada na
fotografia, atraindo o olhar do público.
O céu, segundo a tradição cristã, seria a morada dos justos e o inferno,
o local de castigo dos pecadores, conforme a seguinte passagem bíblica: "e
estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna" (BÍBLIA,
Evangelho de Mateus, 25:46). O céu, ou firmamento, seria formado por
material sólido. Alguns textos o descrevem como apoiado em colunas, que
desabariam durante o apocalipse (BORN, 1985:266-267).
Por outro lado, o inferno receberia os pecadores e anjos caídos para
punição eterna. Um elemento muito associado ao inferno é o fogo inextinguível
(BORN, 1985:728-730). Dessa maneira, os participantes da exposição
conseguiram identificar na praça e na brincadeira de criança a recompensa e o
77
castigo, que se complementam em muitos momentos da convivência humana e
educação infantil.
A criança, relacionada às brincadeiras e ao período a infância, é um
tema recorrente nas legendas. Esta idéia aparece em 52 legendas (45,5%),
como: “fragmento de infância”, “diversão ao ar livre, bons tempos”, “jeu
d’enfant” (ou jogo de criança), “bem-aventuradas as criancinhas”, “amarelinda”
e “a infância grafada na praça”. A associação ocorre tanto pela relação do jogo
amarelinha com a infância, como também o uso da praça como um espaço de
brincadeira de criança.
78
7.12 Fotografia 12 – Fantasma???
A legenda original desta fotografia “O garoto na bicicleta pergunta: a
câmera de fosfoto é ciência?” foi inspirada no momento de exposição do filme
fotográfico. Enquanto a estudante contava os segundos para deixar a luz entrar
e fixar a imagem no filme, um menino de bicicleta se aproximou e perguntou o
que era o aparelho e finalizou perguntando se a câmera de fosfoto é ciência.
Após a exposição, a legenda selecionada para a imagem foi “Fantasma???”.
Houve 10 variações de legendas (quase 9%) indicando a presença do
fantasma como: “ghost bicycle” (ou fantasma de bicicleta), “Será ele o fantasma
ou serei eu?”, “espectro” e “fantasmas da realidade”.
O fantasma, ou espírito (segundo palavra alemã de significado amplo),
se refere à substância que se contrapõe à matéria. O espírito seria portador
também de elementos da psique e da vida. Em estado mais elevado, o espírito
pode ser chamado de Deus. Ainda que indique uma natureza arquetípica, a
interpretação do termo necessita sua associação com outra imagem (JUNG,
2008:205-211).
Em várias religiões e cultos, há a crença de que o espírito vaga para fora
do corpo em momentos de inconsciência, como durante o sono. Também há a
79
crença de que o fantasma permanece perto do corpo depois da morte da
pessoa (Microsfot Encarta [CD ROM], 1996).
No caso da foto em questão, a associação com um fantasma é evidente,
devido ao rastro que a passagem do menino deixou. Afinal, como o garoto não
permaneceu na mesma posição durante todo o tempo de exposição do filme, a
sua imagem aparece transparente e pouco concreta. Assim, há 11 legendas
(9,5%) que mencionam a sombra ou vulto do menino, como: “Estou aqui de
passagem!”, “sombras dinâmicas” e “o invisível da praça”.
Como há a menção à ciência na legenda original, também houve
recorrência de textos associados à curiosidade do garoto e à prática científica.
São 12 textos (10,5%) com estas palavras, como por exemplo: “E eu também
pergunto: é ciência???”, “A ciência é bela também” e “curiosidade”.
Cabe ressaltar ainda uma das legendas que se destacou pelo humor e
também pela mistura de sentidos que evoca, invertendo o papel do garoto na
praça. O texto é: “Floresce um menino nos pés das plantas”.
80
7.13 Fotografia 13 – Anaconda
Inicialmente, o texto desta imagem era “A Igreja do final do século XIX
lembra uma casinha ao longe” e a legenda proposta selecionada foi “Uma
Igreja e uma Anaconda”. O nome Anaconda é comum para grandes cobras da
América do Sul. O réptil alcança até seis metros de comprimento, sendo o mais
comprido do Ocidente e o mais pesado do mundo. Encontrada nos rios de
algumas regiões do Amazonas, a cobra mata sua presa por constrição
(Microsfot Encarta [CD ROM], 1996).
A Anaconda também é personagem de lendas, como as narradas pelo
escritor uruguaio Horácio Quiroga. No mito, a cobra convence os animais da
selva que o homem é o inimigo mais cruel da natureza (QUIROGA,1961). Os
81
contos de Quiroga enfatizam o fantástico, o onírico e as superstições (O
GLOBO,1987). O interessante da referência à Anaconda nas legendas da
fotografia é que não há nenhum referente ou elemento evidente que relacione a
imagem ao mito. Talvez o formato um pouco circular da folhagem em volta da
Igreja tenha gerado este novo sentido para a fotografia.
As demais legendas associam a imagem a um local de segurança ou a
sentimentos de fé. O primeiro sentido está em 18 textos (quase 17%), como:
“fazendinha”, “acolhida natural”, “um lugar de paz”, “um porto seguro” e “café
quentinho com pão fresquinho”. O sentimento de fé, por outro lado, está em 26
legendas (24,5%), como por exemplo, “Igreja iluminada pelos céus”, “Igrejinha
sob a luz celeste”, “a casinha humilde de Deus” e “sagrado”.
Outro texto que merece ser comentado é o “Havia vida antes de
Brasília”, porque se remete à história de Planaltina. A região é mais antiga que
a capital do país e foi fundamental para a construção de Brasília.
Por fim, o tema dos Óvnis é retomado em legendas como “Casa em
abdução” e “Fazenda vista por ETs”. O termo foi discutido anteriormente na
Fotografia 6 e provavelmente aparece associado à presente imagem devido à
sensação de movimento e flutuação da casa (causada pelo tremido da
fotografia).
82
7.14 Fotografia 14 – Colo de mãe
A fotografia recebeu originalmente a legenda “As árvores encobrem o
templo de oração do Setor Tradicional de Planaltina”. Com a contribuição dos
participantes, foi selecionado o texto “Colo de mãe”, que faz referência a um
possível arquétipo materno. Segundo o psiquiatra Carl Jung (2008:91-94), há
uma grande variedade de imagens que ocupam o arquétipo materno, como a
mãe, a avó, a sogra e a figura de algumas santas. No sentido mais amplo, este
arquétipo pode ser representado pela Igreja, a Pátria, a Terra e a Lua.
Os atributos do arquétipo materno são a sabedoria e a elevação
espiritual (além da razão), a bondade, a fertilidade, o oculto e o cuidado. Na
imagem acima, provavelmente o arquétipo foi associado por causa dos
atributos de oculto (devido a abundância de sombras) e do cuidado (explicado
pela palavra colo, que remete ao acolhimento).
Estas características do feminino (relacionadas à proteção, ao cuidado e
ao oculto) podem ser encontradas em 14 legendas (13%). Alguns exemplos
destes textos são: “resguardo”, “Protegida por árvores” e “A mata que protege a
história”.
83
O enfoque no índice, isto é, na Igreja ou em elementos do templo, como
a oração, é recorrente. Estes elementos aparecem em 28 textos
(aproximadamente 26,5%), como: “templo de oração”, “orar sem ver o tempo
passar, ao canto dos pássaros”, “o pôr-do-sol atrás da Igrejinha”, “Obrigada,
Senhor, pela natureza e pela vida” e “o templo sagrado”.
As legendas também indicam certo interesse pela composição da
imagem e pela escolha do enquadramento. Dentre os textos, há seis casos
(5,5%) de referência ao fato da fotografia ter sido feita mirando a parte de trás
da Igreja. Exemplos destas legendas são: “De costas para o passado”, “O pôr-
do-sol atrás da Igrejinha” e “Igrejinha: visão de trás”. Talvez a atenção dos
participantes pelo enquadramento se deva ao fato de que a maioria das
imagens da Igreja é realizada pela frente e não há tantas fotos revelando o
verso da construção.
84
7.15 Fotografia 15 – Apoteose
Inicialmente, a legenda desta foto era “Os céus protegem os devotos de
São Sebastião” e, após a exposição, foi eleito o texto “Apoteose”. A palavra
significa deificação, ou a inclusão de uma pessoa no número dos deuses.
Assim, a apoteose se refere ao ritual de morte e enterro, ou ao tratamento dos
reis, considerados divindades na Terra. Para o cristão, a apoteose se relaciona
também à epifania, que é a aparição repentina e benévola de uma divindade
salvadora (BORN, 1985:96-98,461).
O termo provavelmente foi selecionado porque a imagem enfatiza as
nuvens no céu, acima da cruz da igreja, estimulando associações religiosas
com a fé e a idéia de divindade. Inclusive, uma outra legenda ressalta este
caráter divino gerado pela perspectiva e deformação da foto de pinhole. O texto
afirma que “Por esse ângulo, a cruz é mais alta que as palmeiras!”.
Dessa maneira, o discurso religioso também se faz presente nas frases
dos participantes, com especial destaque para o texto: “Os céus proclamam a
glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos”. Este é um
trecho do Livro dos Salmos (BÍBLIA, 19:1), porém outras legendas mais curtas
85
também indicam o uso do discurso religioso, como “Os céus e a Terra vos
proclamam Glorioso” e “São Sebastião, rogai por nós”. Os textos correspondem
a nove legendas, ou 8,5%.
Outras legendas indicam também uma comunicação entre uma
divindade e os mortais. Exemplo destes textos são: “comunicação divina” e
“Entre o céu e a terra, só a Igreja”. A recorrência é de nove legendas (8,5%).
Finalmente, cabe destacar uma legenda interessante pela
metalinguagem. Isto é, o texto se refere ao momento de elaboração da foto e
relaciona a imagem resultante com o processo fotográfico. A legenda é a
seguinte: “Que São Sebastião proteja os fotógrafos que se ajoelham diante de
seu templo!”.
86
8 Conclusão
A exposição fotográfica “Planaltina no buraco do alumínio” obteve boa
receptividade, principalmente a oficina de confecção de câmara de fosfoto no
último dia, que atraiu crianças, professores, líderes comunitários e pais.
Também houve boa receptividade na internet, que gerou inclusive a divulgação
espontânea em blogs e posteriormente uma referência a ela no jornal Correio
Braziliense (Anexo 10).
Por um lado, a aceitação da exposição indica a necessidade de mais
ações que valorizem a memória coletiva de Planaltina e ocupem o Museu
Histórico e Artístico, revitalizando seu espaço. Por outro lado, as 1.860
legendas completas obtidas no processo revelam interesse por parte do público
em participar, dialogar e interpretar fotografias. Ainda que alguns participantes
tenham utilizado estratégias para delimitar o referente (precário na imagem de
pinhole) ou para explicar a deformação das imagens a partir de fenômenos,
como a miopia, a grande maioria dos textos revelou a polissemia e a
diversificação de sentidos na interpretação das fotografias. Cabe destacar
também a intertextualidade, mitologias e arquétipos que favoreceram a
subjetividades das imagens.
Inclusive, algumas legendas indicam a aceitação do fim ou destruição do
referente. Exemplo são os textos que falam de explosão, hecatombe ou
holocausto. A tendência em aceitar a subjetividade das fotografias aponta para
a possibilidade de uma nova prática fotográfica, menos focada no índice e mais
voltada para o símbolo. A interpretação e o simbolismo na fotografia podem
enriquecer as imagens da imprensa, que podem acrescentar novos sentidos e
informações à história, além de ilustrar a notícia.
Contudo, estudos futuros e aprofundados sobre a recepção da fotografia
de pinhole por diferentes grupos, bem como de imagens simbólicas e
subjetivas, são essenciais para delimitar a questão e indicar novos caminhos
para a fotografia.
Para além das imagens resultantes do pinhole, a sua prática pode ser
uma ferramenta interessante para o fotógrafo que pretenda desenvolver uma
reflexão sobre seu ofício ou para o estudante de Comunicação que busca
entender o funcionamento da câmera fotográfica.
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O paradigma de confecção e elaboração de fotos com o pinhole se
distingue das câmeras digitais e do grande fluxo veloz de imagens. Para a
produção da câmera de fosfoto, é necessário o envolvimento do corpo com o
objeto, uma vez que há o processo artesanal para fazer o aparelho. Também
há a interação com o ambiente, pois as pessoas perguntam e tentam
compreender o que o fotógrafo está fazendo. É necessário, ainda, desenvolver
a paciência devido ao tempo de exposição do filme. Por fim, surge um outro
olhar que aceita e valoriza as consideradas “imperfeições” da fotografia:
deformações, flou, superexposição ou subexposição etc.
Uma das características com mais potencialidade do pinhole é o fato de
esta ser uma tecnologia relativamente acessível. O grande custo do processo é
o material fotossensível (no caso da câmera de fosfoto, o filme fotográfico).
Porém, talvez seja possível buscar adaptações do pinhole para máquinas
digitais, principalmente as embutidas em celulares, tão comuns atualmente.
A técnica do “buraco da agulha” é, antes de mais nada, um convite à
experimentação. Assim, é possível realizar experiências com diferentes
materiais: lata, caixa de sapato, tubo de filme e quem sabe até partes do corpo
humano ou ovos de galinha. Os diferentes tamanhos de furo e número de
orifícios podem ser práticas interessantes. Também há a potencialidade de
diferentes materiais fotossensíveis, como o papel fotográfico, o filme (colorido
ou preto e branco) e substâncias químicas. Como os pictorialistas, o fotógrafo
atual também pode intervir na imagem revelada. Ou, aproveitando a
convergência das comunicações e artes, o artista pode relacionar a
característica artesanal do pinhole com a digitalização e os softwares de edição
de imagem.
88
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98
10 Anexos
10.1 Anexo 1 - Layout do site da exposição virtual
99
100
101
10.2 Anexo 2 - Informativo sobre a exposição virtual
Planaltina no buraco do alumínio Exposição virtual convida os internautas a criarem novas legendas para fotografias tiradas com câmera feita de caixa de fósforo. Acesse: www.fosfoto.com.
Do dia 1° a 15 de maio, o site da exposição "Planal tina no buraco do alumínio" está aberto para participação dos interessados. O trabalho é composto por 15 fosfotos - imagens capturadas por câmera feita de caixa de fósforo. O público é convidado a interpretar os vários sentidos das fotografias e criar legendas para expressar diferentes idéias e percepções. A exposição é parte do Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo de Juliana Mendes no Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB). As fotos são do Centro Histórico de Planaltina, cidade 40 km distante do Congresso Nacional. O Centro Histórico se localiza no Setor Tradicional da cidade e é formado pelo Museu Histórico e Artístico de Planaltina, a Igreja de São Sebastião e duas praças. As imagens foram produzidas com três câmeras confeccionadas com a técnica do pinhole, ou “buraco da agulha”. A técnica resgata os princípios da fotografia, como o fenômeno ótico da câmera escura. Cada grupo de três fotos é acompanhado por uma manchete e cada imagem possui uma legenda provisória. Após o envio das sugestões, os participantes podem ver o conjunto de figuras acompanhado pelas novas legendas. O site também explica o conceito da câmera escura e ensina como fazer uma máquina de fosfoto. Participe em: www.fosfoto.com.
102
10.3 Anexo 3 - Ofício entregue à Administração Regional de Planaltina,
solicitando a utilização do espaço do Museu para a exposição
103
10.4 Anexo 4 - Planta baixa do museu com indicação da sala para a exposição
104
10.5 Anexo 5 - Medidas dos painéis da exposição
105
10.6 Anexo 6 - Orçamento dos materiais confeccionados e adquiridos
Descrição Valor Unitário (R$) Quantidade Total (R$)
Elaboração das fotografias de pinhole
Filme fotográfico 36
poses (Asa 100 e
400)
15,00 8 120,00
Revelação de um
filme de 36 poses
17,64 8 filmes 141,12
Exposição fotográfica
Papelaria
Folhas de papel
cartão preto
0,48 4 1,92
Folha de papel
vegetal
0,50 1 0,50
Fita durex 1,00 1 1,00
Tesouras 4,00 5 20,00
Estiletes 0,95 2 1,90
Padaria
Pacote de caixas
de fósforos (6 itens)
4,30 2 4,30
Eletrônica
Fita isolante 7,90 1 7,90
Serviços gráficos
Fotocópia dos
formulários da
exposição
0,15 40 6,00
Cartaz e panfleto
montados em A3
papel couchê fosco
120 g
3,30 30 99,00
Arte da câmera
escura montada em
3,30 1 3,30
106
A3 papel couchê
fosco 120 g
Corte do material
gráfico
- 1 5,00
Plotagem de
painéis em papel
sulfite mono fast
35,00 6 210,00
Plotagem de
banner da
exposição
150,00 1 150,00
Mobiliário para a exposição
Porta-banner 90,00 1 90,00
Filme fotográfico para a oficina de pinhole
Filme fotográfico 36
poses (Asa 100 e
400)
15,00 12 180,00
1.041,94
107
10.7 Anexo 7 - Layouts do cartaz, panfleto, arte da câmera escura e formulário
108
109
110
111
10.8 Anexo 8 - Fotografias de registro da exposição e oficina de pinhole
112
113
114
115
10.9 Anexo 9 - Lista de assinaturas dos participantes da exposição no Museu
116
117
10.10 Anexo 10 - Clipping das notas publicadas em blogs e outros meios de
comunicação
Blog do Fotoclube f/508
http://fotoclubef508.wordpress.com/2009/05/03/fosfotos-planaltina-no-buraco-do-aluminio/
118
Blog dos Amigos do Centro Histórico de Planaltina – DF
http://amigosdocentrohistoricodf.blogspot.com/2009/05/planaltina-no-buraco-do-aluminio.html
119
Blog Jornal Olho de Águia
http://jornalolhodeaguia.blogspot.com/2009/05/exposicao-virtual-de-pinhole-e-parte-do.html
120
Blog da Conceição – Correio Braziliense
http://www.dzai.com.br/blogdaconceicao/blog/blogdaconceicao?tv_pos_id=36897
121
Correio Braziliense
Correio Web – Divirta-se – 15 de maio de 2009
Correio Braziliense – Caderno C – 17 de maio de 2009
122
10.11 Anexo 11 - Tabela sistematizada com as contribuições para legendas
das fotografias da exposição
idLegendaB1 Legenda1 Legenda2 Legenda3
2 Olhos acordam para o passado
O que estou vendo? Quem sabe? Quem bateu?
Eu conheço o local, olha lá, a porta do museu
6 Janelas meio abertas, mentes meio fechadas
As placas se vão, mas os lugares permanecem
Olhar entrelaçado
10 11 Ponte Sobrenatural Placa do Passado Janelas da Percepção 12 13 14 As frestas iluminadas 15 Por trás da cena Enredado Filtro 16 O rodapé do caminho A miopia da vida
17 Janela das recordações
Lembranças difusas Visão fragmentada
18 As janelas fechadas no passado, abrem a luz do futuro.
19 Detalhe de um quadro na parede
Placa de identificação
Treliça
20 No inconsciente traços de uma existência
nudez de contéudo filtro de luz
21 As portas e janelas estão fechadas
Os nomes do passado se embaralham
A lembrança se constrói com lacunas
22 Ninguém vê que no No clarão do céu Do lado de dentro
123
canto da porta está alguém
surge a mensagem inesperada
alguém espreita
26 O tempo fechou a janela
O tempo levou todos os nomes
O sol na janela quer entrar
27 a luz que enxerga é a mesma que cega.
alfabeto de míope janela indiscreta
28 the doors Foco? O retrato do ralo 29 MOSAICO
30 rabo de olho lembrar tonteia o olhar
frestas
31 FOLHAS DE PERGAMINHO
AUTO-RELEVO MOSAICO
32 Os segredos de uma esquina
Linhas e traços ..... dinâmicas no passado e lembranças de um futuro
Confessionário
33 Essa luz, essa luz... Não! Ela não ilumina, apenas clareia.
Axxxxo que é aqui! Sei, não. Acho que passa barata.
34 Uma porta a ser aberta...
palavras,palavras... uma sombra na janela
35
37 não se feche para o mundo! pequeno espaço
pode existir um mundo melhor através de pequenos orificios.
38 39 Mistérios do tempo Visão turva Passagem secreta
40 Portas e janelas fechadas para a vida!!!!!!!!!!!!!!!!!
A mente humana vai ficando turva.
Lembrança é saudade!!!!!!!!!!!!!!!!!
41 Abra a janela e deixa a luz entrar
Onde estou? Espinha de peixo
42 Saudades da infância Visão desfocada Ralador 45 janela quase aberta sudário virtual
44 A luz que invade a casa
o esqueleto do fosfato
o caminho cotidiano e discreto da "espiadinha"
46 janela quase aberta sudário virtual para além das grades 47 ausência sempre presente confessionário 48 Janelas entre abertas Buraco no infinito Quadro de luz
49 Segredos da minha mente
Saudades não identificadas
Flash e back
50 Luz, brilho e passado.
Cade meus óculos?? Liberdade!! por favor!!
124
51 Amanhecer Confusão mental Solidão
52 FOLHAS DE PERGAMINHO
AUTO-RELEVO MOSAICO
53 obstáculo transponível
reminiscências como um favo de mel
54 A entrada O foco Xadrez 55 56 Sombras de leite Placa de endereço Entreliças
57 Do not disturb! Histórias entrelaçadas
Labirinto da vida
58 Janela antiga Placas do passado Luz na janela 59 O Portal do Paraíso Aqui jaz... de olho na grade 60 Recôndito e tácito. 61 62 Como a iluminac
63 Casa de esquina Propaganda puxada por aviao
Janela com tela quadriculada
64 Intensa claridade insiste para entrar e fazer morada
Palavras expressam algo, mesmo que nao saibamos o que significa
Através de orifícios escuros e vazios surge penetrante luz
65 antipandemica Bromatrese fé cega faca amolada 66 67 68 69 70 71
72 Vejo a saída pelo buraco da agulha
A realidade das imagens é sempre turva
Espia, uma coisa são duas, ela mesma e sua imagem
73 O que há atrás da porta?
Enxergando por lentes desfocadas
Janelas à prova de pássaros
74 Janelas do além Mensagens do além Passagem para o além 75 76 77 Ao meio-dia Aqui mora... A luz que passa
78 amanhã A porta da rua é a serventia da casa
peneira
79 raios de luz abrem porta!
Salve! Salviano Monteiro.
Nas treliças do tempo.
80 Casa vazia ou rua vazia
Placa desinformativa Colmeia
125
81 Planaltina vista pelo buraco da aguha
As placas não mais fazem sentido
Treliças da memória
82 o foco é mais em baixo
até as palavras estremecem
pouca luz, difícil saída
83 Closed doors & windows
mixed names? ?
84 Uma Saída! Aqui Jaz Confissões
85 abrindo caminhos documento janela gradeada, a perda da luz
86 O canto da janela Quero lembrar...! Por entre os espaços, espremida, a vida passa
87 Luzes no escuro A história nunca nos chega como ela realmente foi...
Fugas
88 sempre existe uma saída
epitáfio sem foco sempre tem uma luz no fim do tunel
89 Portas e janelas fechadas para a vida??????????????
Se embaralham ou se entrelaçam??????????????????????
Eu acho que as lembranças preenchem as lacunas!!!
90
Uma vida se encerra. Só a memória dos outros... as palavras registradas... garantirão a lembrança de quem eu fui um dia.
SIM
A pureza insiste em permanecer, mesmo que o mundo não a queira mais.
91 Portal Ex-Administrador Ventilação 92 Solidão Obscuro Favo de Mel 93
94 Sacudir el polvo y llenar nuevamente de color , alegría y vida
Que los nombres del pasado adornen nuestra cotidianidad
Un tanto de misterio llena la vida de interés
95
NO PASSADO, DEBRUÇADA COMTEMPLANDO A PAZ
NÃO ME DEIXE PERDER O FOCO DA HISTORIA
ENTRELAÇOS DE MADEIRA DA PORTA DE PLANALTINA
96 Superexposição da subexposição
Placas de uma cidade passada
Um pouco de ar fresco
97
98
As janelas fechadas das casas guardam uma parte da história da cidade
Grandes nomes do passado hoje apenas enfeitam as paredes do museu
Pequenas frestas podem revelar peculiaridades do passado
99 O olhar desde fora 100 Lembranças daquela Qual era mesmo o O quarto de costura
126
casa endereço?
101 Não importa se está fechado, semrpe há algum meio de passar
102 Trancado Tempo de acordar A luz que preenche 103 Desilusão Caminho sem volta Estufa 104 105 106 107 Luz interior Eternidade Continuidade
108 imagens do passado um passado muito embaralhado
Ressurgindo através da luz
109 Há uma câmera escura por detrás da janela.
Uma luz em memória a Salviano.
Iluminando o disfarce à bisbilhotice.
110 Planaltina: uma janela para o passado
Planaltina: a justoposição do passado com o presente
Nas lacunas do passado Planaltina se reconstroi.
111
112 Não alcanço a maçaneta
Palavras embaralhadas gravadas num chip
Única saída
113 114 a 115 116
117 a perspectiva se encerra
placas, nomes e lembranças se confundem
a treliça permite a troca: dos sons e dos ares
118
A beleza está nos detalhes, no valor que damos as coisas.
Meus olhos me enganam.
Que bom ter lugares que me despertam lembranças
119 Alguém "vive" lá dentro?
120 Alguém "vive" lá dentro?
Embaralhou... Axo que paxou a minha casa...
Rato pelo menos não entra. Mas, e as baratas?
121 Alguém "vive" lá dentro? Axxu que passamox.
Rato não entra. Mas, e barata? Rato não entra. Mas, é barata?
122 123 memória miopia ar
127
124 Portal Tempestade Cerebral A Fuga 125 126
127 Onde esta o numero?
Pergaminho. Tecelagem do Nordeste.
128
129 fechada mas não trancada...
um passado quase esquecido
uma saída
130 o foco ilumina os contornos
exame de vista pra renovar carteira de motorista
meu armário
131 132 133
M1 É preciso permitir que se abram as portas
As palavras guardam memórias incertas
As janelas para lembrança são fragmentadas
M2 Apenas a lembrança do passado
A memória se esvai A porta do esconderijo
M3 A porta é transparente à luz!
Há luz dentro da casa, apesar da janela fechada
Pela técnica do pinhole, capto todos os pontos da treliça iluminada
M4 O
M5 Porta casa minha avó
Um endereço sem número
Grades
M6 Porta do passado Quem marca a história
Janela fechada como grades
M7 Saudade do amor que se foi
Não há endereço para alma inquieta
O curioso se aproxima
M8 M9 Luz da janela Rua Salviano
M10 O brilho na ou da janela?
O passado diálogo com o presente
As frestas contam histórias
M11 M12 Memórias da alma Memórias povo/gente A memória se entrelaça
M13 Está na hora de abrir a janela
O nome marca o presente
M14 As portas e as janelas estão fechadas
Os nomes do passado se misturam
Parece uma janela gradeada
M15
M16 O que há por baixo do fechado
Memória no ar Ladrilhos
M17 As portas estão Uma Janela
128
fechadas
M18 O que a janela tranca Fama evanescente Trama do tempo: prisão ou arte
M19 As portas se abrirão Salviaaaanooo Monteiroooo Guimarãããães
Lembrança da Casa da minha avó
M20 Resgatando na memória
M21 Janela do passado Endereço desfigurado
Canto cruzado
M22 Que todas as portas estão fechadas
Uma placa de algum lugar
Uma lembrança...
M23 A volta para casa depois de uma noitada
M24 A claridade interferiu A placa A curiosidade
M25 Casa mal-assombrada
Nomes estranhos Esconderijo
M26 M27 Porta Sim Não M28 Porta Placa de endereço Não é uma obra de arte
M29 O começo da casa – mal assombrada
O endereço A entrada
M30 Casa mal assombrada
Palavras: salvando, drink número 14 e 17
Pedaço de porta
M31 As portas e janelas estão fechadas
Os nomes parecem uma placa
Parece uma janela
M32 Musharabiê M33 Janelas do tempo Memória distorcida Mosaico de sombras
M34 A luz abre, um espaço no fechado
As letras dos nomes dançam
A treliça revela uma lembrança
129
idLegendaB2 Legenda4 Legenda5 Legenda6 0
1 O passado se foca em minhas memórias
Lacunas do tempo Brilho eterno de uma mente sem lembrança
11 Deja Vú Aurora Cristalina Campos de Visão da Memória
10 12 14 As lembranças A sabedoria do tempo A vida de passagem 15 In(en)forma Lapso Silente 16 18 19 Casa antiga Ruina Prédio sendo explodido
17 visão do passado Esvaecer do passado Indecisão!! Casa ou estrada?
20 ponto de vista canino
clarividência luz úmida
21 Os acontecimentos passam em alta velocidade
A rachadura no tempo reúne momentos distantes
Construções desmancham no ar e deixam resquícios de memória
22
Os passos bêbados desconhecem o chão
De dentro da escuridão o mundo parece mais iluminado
A estrada vazia mostra que um dia houve ali
27 vertigem de viver arquitetura citológica big bang planaltinense
26 Coisas que não parei para olhar
Quanto tempo surpotará?
Reflexos dos que não querem se lembrar
28 A passagem do tempo dá forma
E a paragem no tempo deforma
O tempo forma a passagem
30 saindo pela tangente
o que mora no seu centro?
clareia...sombreia.
29 SOMBRAS FOCO DE LUZ ALVORECER NO DESERTO
31 PEDAÇO DE FLORESTA
ECLIPSE DA LUA O SOL SOBRE O DESERTO
32 Momentos da infância
As ladeiras da minha vida
Depois da escuridão vem a luz
34 ...e então,veio o vendaval!
saudades daquele tempo...
acontecimentos que marcam nossa vida
37 AR LIVRE O TEMPO PASSA AS LEMBRANÇAS FICAM.
ESPAÇO ABERTO
38
130
39 Aurora boreal do passado
Cintilações fantasmagóricas
Prisão do tempo
40 A vida passa muito rápido, então vamos vivê-la.
Rachaduras, são como rugas, isto quer dizer que se viveu.
Lembranças de tudo o que já se viveu.
41 um rodopio viagem no tempo lembra daquela construção?
44
um pouquinho de bebida, e os caminhos já ficam tortos
várias camadas de realidade. Uma delas é a sua
sarjeta, meio-fio, rua e velocidade
46 a imaginação completa o real
o tempo dividido traz nova vida
para além do sensível: nada
47 impresão iluminado inesquecível 49 Sofreguidão... Lembranças difusas. Fragmentos para a alma
50 corre!! corre!! A Janela do principio da vida
52 PEDAÇO DE FLORESTA
ECLIPSE DA LUA O SOL SOBRE O DESERTO
51 Tempestade Lembranças distantes Vazio
53 um dia, uma casa, uma infância
desconstruindo-se era uma vez...
54 A velocidade A história partida O passado passando 56 A vida é dinâmica Vida (no) interior Cegueira Branca 57 A hora do rush Fusão Saudade
58 reflexos da memória
Fragmentos de luz no patrimônio histórico
Fragmento visual de um monumento histórico
59 a casa dos sonhos transparência janelas de olhar profundo
60 tempo, tempo, tempo, mano velho
interseSomos coisas findas
63 Visão destorcida da realidade!
Aparição fantasmagorica de algo no passado.
A vida passa num piscar de olhos.
64
Podemos dar nova forma até mesmo ao que o tempo deformou
O ontem pode parecer escuro, trincado, mas o hoje é brilhante e inteiro
O que o tempo constroi nenhuma memória pode deformar
65 estresse magico instinto visão pleidiana 66 68 69 70 71 72 Há muitos pontos A luz é a alma da A memória é um flash no
131
de vista para se ver o mundo
fotografia tempo
73 Percepções de paisagem
A luz da casa Paredes resistem ao tempo.
74 Visão fugaz A cegueira é branca Ovnis? Ou... 75
77 A casa da esquina A casa do outro lado da rua
E o dia passa...
78 Sem título Sem título Sem título 80 Casarão engraçado Casarão rachado Casarão presídio
81 O pânico tomou conta da cidade
Os criminosos foram localizados numa casa abandonada
A polícia levou para a delegacia
82 vertiginosamente tonto
"ninguém podia entrar nela não, porque porta não tinha chão..."
As pequenas frestas dos meus sonhos
83 Time flew Falhas na memória Reminantes na memória 85 Vertigem Sobreposição Lembranças do cerrado
84 O mundo não para Lembranças esquecidas
Lembranças que aprisionam
86 Um sonho, uma vaga lembrança
Saturando de luz pra encobrir a verdade
A largura do caminho e suas opções
87 Crepúsculo de uma vida intensa
A rachadura no tempo reúne momentos distantes
Tudo que é sólido se desmancha no ar
88 o entardecer ... não olhe para a luz céu, solo e ar
89
Os acontecimentos passam, ou é a vida que passa muito rapidamente?!
Trás a tona lembranças...
Resquícios que jamais se apagarão...
90 Ana Rech, querida vila, que saudades!!!
Não sei se é o fim ou o começo da nossa história.
As camadas da terra contam histórias, na superfície podemos mantê-las ou perdê-las.
92 Flores Túnel Chuva 93
94
El antes y el después en el tiempo comienza a caer como el paradigma superado
Todo es presente Restaura. Moderniza. Envuelve en cableado y conectate al disfrute
95 IMAGENS DISFORMES DA
CASA BRANCA ILUMIDADA
FACHADA SUNTUOSA
132
HISTORIA
96 As memórias sempre se esvaecem
Um papel nunca captura uma memória Janelas
98 A cidade hoje não é mais o que era há 150 anos
Rachaduras revelam a longevidade de Planaltina
O tempo deteriora as casas e apaga memórias
100 Esquina com a rua da tia Olga
Imagem do tempo distante
Fim da chuva, início da brincadeira de rua
103 Prisão em sonho A dor não se esquece, se encara
O que passou, passou. Lembranças o preenchem
105 106 107 Lembranças Transcendência Além do tempo
108 passado desfocado tentando permanecer no tempo através de um rasgo de luz
fugindo para o esquecimento
109 Sombra para uma pausa à contemplação.
Realçando o desinteresse pelo passado..
O progresso já passou por aqui.
110
Na velocidade do tempo, Planaltina faz as coisas acontecerem.
Pelas brechas do tempo reúnem-se momentos já distantes.
112 Casa ou caminhão? Ou os 2?
Portal Não lembro bem se vivi ou se sonhei essa cena
113 115 116
117 meu irreconhecível habitat
no final de todo caminho ha sempre uma abertura
escolha uma porta e faça seu caminho
118 Socorro! Não sei o que está acontecendo.
A luz me fala coisas importantes. A memória me traz vida.
120 Você viu? Credo! Que susto tomei...
Deu pra ver o nº? É o 72? Achamos!!!
Era aqui. Nem um pedacinho para nos lembrar do que foi.
121 Você viu? Credo. Que susto!
É o nº 72? Achamos!!!!
Não sobrou nenhum pedaço que nos remeta ao passado. Apenas as lembranças.
122
133
123 pega-pega saudade familia 124 Infância Casa Grande O Tempo 127
128 Fim da Tempestade.
Clarao na madrugada. Prisao de seguranca maxima!!!!!!!
129 o mundo roda e nem tudo acompanha
nada apaga o passado o passado pode aprisionar
131 132 133
M1 A natureza nos envolve e dissolve
O tempo dissolve o certo
Lembrar é construir
M2 Trôpego o tempo passa
A rachadura é só uma emenda da vida
A luz que faz lembrar
M3
A imagem trêmula de uma parede tão nítida ao longo do tempo
O museu traz à luz tantos momentos do passado
A construção cor de cal se funde ao céu de claridade
M4
M5 Passado vai, tempo fica
Casa alembra minha infância
Lembranças tentam não voltar mais
M6 Lembrança de Planaltina
Marcas do tempo Memória
M7 A tarde na minha esquina favorita
O tempo vence a pedra Caminhos do passado
M8 M9
M10 A natureza e a tradição
Casarão verde Memória preservada
M11
M12 Persistência da memória
As cores da memória Memórias flutuantes
M13 Os registros não passam
O patrimônio histórico é vulnerável
M14 Dá a impressão que tudo está caindo
Uma construção bem antiga com rachaduras
Um casarão com um lamaçal em frente
M15 M16 Pensando rápido Desmancha Caminho além M17 Praça Ilusão Igreja
M18 Abalo Desintegração As janelas, os olhos permanecem no desvanecer do tempo
134
M19 10 graus de miopia Filtro verde no casarão Foto de 1840 M20
M21 Movimento Rachaduras do passado
Construção do passado
M22 Um lugar onde se encontra uma árvore
Uma pequena rachadura A frente do museu
M23 Vertigem Passado sendo apagado
M24 O antigo sob um novo olhar
Uma parte de Planaltina
Uma lembrança registrada
M25 Sonhos Alucinações Casarões antigos M26 M27 Sim Não Sim
M28 História do passado
Marco do tempo O velho casarão
M29 A luz da vida A luz O novo começo
M30 Uma casa e 3 árvores
Sonhos e árvores Uma igreja
M31 Para que não mais passou
Não sei como dizer, mas parece mancha
Não isso, a gente só fica relaxando
M32
M33 Reflexo da histórica Luz da memória Marcas de um tempo passado
M34 A velocidade do tempo não apaga o passado
A marca do tempo presente nas rachaduras
A memória se perde com a modernidade
idLegendaB3 Legenda7 Legenda8 Legenda9
1 Começa Planaltina A estrada deixa de lado a história de uma cidade
Da praça, vejo o museu. Sinto o meu chão mais firme
11 Palmeira Imperial Casa Paroquial Casa Paroquial 10
135
12
14 Solidão natural O colorido das ruas O entardecer da história
15 Raiz Projeção Memorial 16
19 Vendaval Casarão na praça Por do sol visto da praça
17 Explosão de luz Caminho do futuro Imponência do passado
20 No reino das fadas oníricas
eu mandava ladrilhar céu de brigadeiro
21 A palmeira imponente anuncia a memória coletiva de Planaltina
A cultura dinâmica reúne o passado e o presente, em direção ao futuro
O sol do fim da tarde traz novo brilho para o museu
22 A antena prepotente acha que é o centro do mundo
Naquelas ruas deixei os segredos da infância e encontrei as pedras da velhice
A casa branca e azul conversa com o céu e as nuvens
27 palmeiras e holocausto nuclear
ruas vazias, corações também.
casa grande e senzala
26 Uma libélula no céu O casarão e a palmeira resistem
Réstia de sol, beleza da luz
28 Mosca Gigante Para onde vamos? De onde viemos? 30 dejavu mais outra estação esquina da margem
29 A PRESENÇA DO OVNI
O PASSADO PRESERVADO
FIM DE TARDE
31
0 A PRESENÇA DO OVNI
O PASSADO PRESERVADO
FIM DE TARDE
32 A natureza se rende ao crescimento da cidade
Tranquilidade e descanso
Simplicidade no fim de tarde
34 momentos nebulosos...
paz,sossego e muita história
momentos bucólicos e nostálgicos...
37
A NATUREZA COLABORA PARA A HISTÓRIA DE PLANALTINA
A CAMINHO DE NOVAS CONQUISTAS
MUSEU QUE BRILHA COMO A LUZ DO SOL
38
39 O voo fantástico da libélula planaltina
Memórias de um tempo finito
Sol festejando o passado
40 O que seria do futuro, se não
136
houvesse o passado???
41 Ponto de fuga. Fuga pro futuro.
Que caminho seguir?
44 o último marco. Ou seria o primeiro?
a arquitetura colonial do século XXI
pôr do sol em cidade pequena é assim: contemplativo
46 Planaltina surge da luz
Na esquina do tempo
Museu, o "buriti" de Planaltina
47 tempo evoluindo presença
49 Lembranças aladas se espalham pelo povoado
50 Planalto histórias de gente grande
sombra encantada!
52 A PRESENÇA DO OVNI
O PASSADO PRESERVADO
FIM DE TARDE
51 Luz - Vida Nova Tranquilidade Esperança
53 vida e força simplicidade e beleza
onde o tempo parece não passar
54 A palmeira memoravel
Trilhando rumo ao futuro
O museu iluminado
56 A Palmeira Perspectivas Rumo ao futuro
57 O cerrado agradece Hoje, amanhã e depois
Um novo dia, uma nova memória
58 Luz sobre a paisagem
Uma esquina de história
A fachada fechada de um monumento histórico
59 a abelha no olho do furacão
perspectiva levada ao infinito
Crepúsculo
60
63 Ventos e chuvas alteram a paisagem.
Para quem não conhece esta é uma visão tranquila de um passado simples.
Todos já se recolheram para a noite que se aproxima.
64
A memória nunca tem passado, ela sempre é presente, assim como Planaltina o é
Portas Fechadas, nem sempre quer dizer que nao há mais esperanca
O fim da tarde é simplesmente o prenúncio de um novo e belo dia
65 o nome da arvore, é? Exobiodinanmico Brumas do entardecer
66
137
68 70 71
72 A testemunha Passo aqui todos os dias e não sei a história deste lugar
Por onde andam todos que passaram por aqui?
75
77 E ela presencia tudo, desde o começo
E guarda, do alto, os segredos da casa em que mora
E elas dialogam o dia inteiro
78 Marca do Divino A ladeira que sobe é a mesma que desce
Luz de ferrugem
80 Coqueiro Era mais perto do que eu pensava
Vamos passear?
81 O dia nasce trazendo arte
Um caminho para os novos artistas
O museu também é muito bonito por fora
82 O pássaro mensageiro dos céus...
museu fechado...cidade vazia.
Museu, a iluminação cultural para o futuro de um povo
83 Palmeira grandiosa Culture links past, present towards the future
Sunset brightens the museum
85 Os céus annciam o qe virá
Subida da alameda Descida da alameda
88 A sobrevivência a rua traduzindo a históra
o presente que traz o passado e o futuro
89 Ah!!!!!!!!!! As verdes palmeiras da minha terra!!!!!!!!!!!!!!!!!!
E o que seria do futuro se não fosse o passado e o presente?????
E é o sol que aquece, da´vida!!!!!!!!!!!!!!!!
86 Um dia o Buriti será só mais uma peça de museu
Esquina da vida caminho para o futuro, sem desrespeitar o passado
Uma luz no horizonte traz a memoria do dia
90 Dignidade.
Preservando com delicadeza e sensibilidade a história da cidade.
Sentindo o cheiro do fumo de rolo que vovô fumava...
92 Abelha Horizonte Despertar 93
94 No es bueno estar solo
¿Vamos a bater um papo caminhando? ¿Sabes quien vive aquí?
!Menina! ¿Nao tem montanhas enchidas de segredos no Planaltino?
95 COQUEIRO EM EU NA ESQUINA ME MANTENHO E
138
FORMA DE BEIJA FLOR CONTEMPLA O MUSEU
CONTO A SUA HISTORIA
SOU SUA REFERÊNCIA
96 Árvores não respiram Ó vila Sol na vila
98
A Palmeira é uma das sobreviventes à urbanização da cidade
O Museu Histórico guarda histórias que a cidade esquece aos poucos
O sol de fim de tarde relembra os tempos de cidade pequena
100 O céu que escurece A antiga venda do seu Tião
Aquela árvore alta
105 106
107 Céu e Terra Caminhar Com a "Luz" vem a sombra
108 Num esforço de memória
as imagens voltam claras
e o passado guardado naquela casa permanece intacto
109 o nascer de uma idéia luminosa
história hoje...memória amanhã.
Contemplando o bucólico - um chamamento à preservação do passado.
110 Planaltina: passado, presente e futuro(?)
Reluz o Sol em memória do passado planaltinense
112 Sarça ardente Venha conhecer nossas instalações de luxo!
Momento em que o Sol fica à nossa altura
113 115 116
117 palmeira ou pomba? nossa história escrita nos muros do passado
o pôr do sol de ontem, hoje e amanhã
118 A natureza é nosso patrimônio mais importante.
Essa imagem me emociona, pois arranca de mim momentos importantes.
Natureza e memória se misturam no belo.
121
A luz se reflete, porque retenho as trevas. Só, mas com todas as lembranças...
A mesma rua, a mesma esquina... Mas o presente é outro.
Bendito sol. Já te recebo no meu interior. Espere até que me abram.
139
122 123 estrada colonia fim de tarde 124 Visão Domingo Amanhecer
128 Explosao no deposit.................
Saudades da minha terra e da minha infancia.
Interior das Minas Gerais.
129 a palmeira e o passaro
o caminho leva ao encontro
as opçoes levam à decisão
131 132 133
M1 Sombra e luz: assim se faz memória
Esquina onde as memórias se encontram
Há luz para memória desgastada pelo esquecimento
M2 Nossa casa de memória
O pôr-do-sol faz brilhar o museu
M3 Uma palmeira que pode ser também uma nuvem
Ávida cotidiana cruz sempre a esquina do museu, tão antigo
Um clarão de luz paira sobre memórias centenárias
M4
M5 Palmeiras imperiais lindas
Passado e futuro se chocam
Fim de tarde lindo
M6 A palmeira obscura Centro histórico na memória de Planaltina
O entardecer do museu
M7 A morada do vento A casa da cultura Nessa tarde vou aprender
M8 Vista do museu O pôr-do-sol do museu
M9
M10 Planaltina tem palmeira...
Futuro de contrastes O sol ilumina Planaltina
M11 Raios de sol irreverentes
M12 Um instante na memória de alguém
Na memória, passado e presente se cruzam
Casa memória
M13 Fogo na Macaubeira Estética das retas Esquina de Planaltina
M14 Palmeira em uma neblina forte
Foto museu O pôr-do-sol no museu
M15 Luz e sombra enriquecem a
140
arquitetura do museu
M16 Quando não se cai Há esquina Qual caminho M17 Palmeira Não Sim
M18
Um braço com uma mão emergindo da terra num nascimento de luz
A estrutura do passado balizando o futuro
Guardiões de luz e sombra zelando pelo fundamento da cultura
M19 Planaltina: Terra dos Buritizais
No fim do caminho Pôr-do-sol no Centro Histórico
M20 O novo e o antigo se misturam
Entre as sombras ainda brilha o sol
M21 Palmeira solitária Rua passado presente futuro
Pôr-do-sol azul
M22 A palmeira bem embaralhada
A rua do museu O sol destaca as árvores do museu
M23 Miragem
M24 Um vulto Uma volta ao passado
O museu
M25 Raios solares batendo em uma palmeira
As antigas culturas O museu planaltinense
M26 Paisagem com ótimas cores
Uma foto com boa composição do sol
M27 Sim Sim Sim M28 Uma linda palmeira Muito bom Ótimo M29 Os anjos A rua e o armazém A nova vida
M30 Palmeira Casa O pôr-do-sol, uma casa azul, árvores, um cara andando
M31 Palmeira em uma neblina forte
Foto do museu O pôr-do-sol no fim da tarde
M32 Tempestade em Planaltina
Perspectiva
M33 Energia branca O beco da história O lapso da história: 150 anos
M34 A palmeira solitária
141
idLegendaB4 Legenda10 Legenda11 Legenda12
1 Planaltinenses, ocupem-se de sua própria história
Planaltina volta à infância com a amarelina da praça
Bicicletas, carros, e o tempo envelhece
11 Tumbas do Cemitério
Praça da Alegria ghost bicycle
10
14 Os degraus do passado
Céu e inferno Jardim do agora
15 Tecendo histórias Apesar de tudo Devolta ao começo...
16
19 A praça, local de encontros
Convite à brincadeira Ciclista no jardm
17 Lá longe, do outro lado
Praça em destaque Tudo a ver: criança e praça
20 hecatombe jeu d´enfant espectro
21
Os casarões e os planaltinenses se reúnem na praça do Setor Tradicional
A amarelinha no chão da praça permanece impassível, enquanto o entorno se deforma
O garoto na bicicleta pergunta: a câmera de fosfoto é ciência?
22 A altura do muro esconde o jardim onde eu quero estar
... as amarelinhas eram coloridas e os piões de madeira, e eu nem sabia que aquilo era um mundo...
Será ele o fantasma ou serei eu?
27 a praça é nossa, mas não tem ninguém
fragmento de infância mais bicicletas, menos carros.
26 Subindo ao passado Amarelinha de mosaicos Fantasma???
28 A praça Amarelinha
O menino permanece imóvel enquanto o mundo se deforma
142
30 no meio do fio. rumo ao céu. gente passa planta é ser raizento.
29 CHOQUE DE LUZ ONDE ESTÃO AS CRIANÇAS?
O GUARDIÃO DO PARQUE
32 Tempos de prosa Diversão ao ar livre, bons tempos
A praça ... onde tudo acontece
34 confraternização verdadeira
memórias da nossa infância,tornam-se concretas aqui...
realidade e sonho se confundem
37
PONTO DE ENCONTRO DE BOAS RECORDAÇÕES
PLANALTINA NÃO TERIA GRAÇA SEM UMA LINDA PRAÇA
ÓTIMO LUGAR PARA UM BOM PASSEIO DE BICICLETA
38
39
Espaço de construção, testemunha do tempo - Viva a praça
41 A praça O céu é aqui. Estou aqui de passagem!
44 Há casas para todo o horizonte
praça é um espaço da memória infantil, É onde reencontramos nossa identidade
onde há espaço para jardins, e onde não cabem carros
46 A Praça dos mil poderes
Amarelinha, a eterna criança viva
Bicicleta, o jardim da criança
47 história eterna criança sabedoria
49 Coisas que sobrevivem ao tempo
A curiosidade é o combustível de qualquer criação
50 Descaso ao acaso? Velha infância já crescida... esquecida... perdida...
Translucido
52 CHOQUE DE LUZ ONDE ESTÃO AS CRIANÇAS?
O GUARDIÃO DO PARQUE
51 Tranquilidade Lembranças da infância Esperança
53 coração palpitante renascimento da infância
curiosidade e surpresa
54 A praça Planaltina A perpetuação da amarelinha
A ciência e câmera
56 Torto Toda cidade de interior tem sua Praça
Sombras dinâmicas
57 O interior na capital Bem-aventuradas as criançinhas
Sim
58 A história viva na Resistência de um Trabalho
143
praça central patrimônio pressionado pela modernidade
interativo em Planaltina
59 Aurora Boreal A praça é amarelinha O Fantasma da bicicleta
60
63 A praça nesta foto nao faz justiça ao vai-vem do dia a dia.
Podemos imaginar crianças correndo, brincando sem preocupações neste local tranquilo.
Crianças trazem vida à praça e à cidade.
64
Casas, portas, janelas, árvores, pracas, planícies, todo conjunto narra a História
Sentados nos bancos da Praca, pais e filhos, recordam a História que permanece viva como outrora
Impressiona o ágil menino, um velho mas novo engenho: a camera de fósforo
65 O correto tradicional Lugar de crianças a arte plastica esta na pre-historia
68 70 71
72 De onde estou vejo sempre a história
Rastros, vivemos sempre de rastros...
o fantasma tá vivo - mistérios da fotografia
75 80 Red Lasers Céu na terra Espírito ciclista
78 arqueologia do cimento Amarelinda
A cidade é constituída de pessoas
82 Degraus , uma praça sem acesso para todos...
Praça da amarelinha das crianças e do banquinho dos velhinhos
Vulto anônimo uma cidade esquecida
83 Praca Setor Tradicional
Permanente Amarelinha Inquisitive boy
85 Calçadas flutantes Amarelinha no chão da praça
Sombras e lembranças de quem vai e vem
88 o jeito da cidade que nunca mudará com o tempo
recordações e nostalgia são impressas vida simples
89 Tempo de criança! Isso não passa nunca!
E eu também pergunto: é ciência???
86 Os desníveis do A cultura infantil na Que caminho
144
urbano precisam garantir a harmonia do público
formação do individuo, resiste ao tempo
devo seguir? Será que devo parar e observar?
90 Vai, anda, preserva, mas muda a tua história.
Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava eu mandava ladrilhar, com pedrinhas com pedrinhas de brilhantes, para o meu, para o meu amor passar.
Cadê a poesia?
93
94
Procura una banca con un buen angulo de visión y una buena compañía
Me gusta el diseño del piso y ...los susurros de las hojas
¿Y qué es ciencia para tí?
95
ATRAS DE UMA ILHA DE CONCRETO BRILHA UM MUSEU
PRAÇA DO FUTURO COM AMARELINHA
UMA CERCA VERDE ME IMPEDE...
96 Calçada descalça O tempo não desbota só o amarelo
Pessoas passam, pessoas fantasmas
98
Casas tradicionais se reúnem à Praça que guarda muitas histórias
A amarelinha guarda um tempo em que crianças ainda brincavam nas ruas
Pessoas de bicleta são parte da paisagem da cidade
100 Mudanças do tempo Aquela praça... 105 106 107 Praça Brinquedo de criança Curiosidade
108 a vida flui normalmente
A praça guarda segredos de um tempo perdido
Tempo que renasce em cada nova geração
109
Enquanto houver um ponto de encontro, sempre haverá memória viva.
o banco aguarda incansável a algazarra da meninada.
A curiosidade pelas coisas simples desperta cultura
110
112 Não alcanço a calçada
O céu é o início?
O garoto na bicicleta pergunta: eu existo?
115 116
145
117
118 Espaço e gente: integração necessária.
Mudar é preciso, mas com consciência.
A ciência é bela também.
121 E essa môsca? Hoje passo pela amarelinha, que ontem eu pulei...
Tia, que pobreza de máquina, hein?
122 123 novo? nostalgia vida
124 Concreto Novo A Pracinha Brincadeira de Criança
128 A pracinha dos meus amores.
Brincadeira de crianca. Descoberta da camara!!!!!!!!!!
129 concreto x árvores brincadeira de criança...como é bom..
passado presente e futuro incerto
131 132 133
M1 Praça deserta Céu esmaecido
O vulto do menino é um rastro de sua presença
M2 A praça, local de encontro de cultura
De quando eu era criança
Estava ou não estava aqui
M3
A tradição da praça central é parte da atualidade dos cidadãos
Uma brincadeira tão singela resiste na praça de uma cidade em 2009
O garoto passa, mas deixa uma aura colorida pelo jardim
M4 Caminho íngrime
M5 Essa praça traz boas recordações
Amarelinha do tempo que eu era menino
Sombra de um menino
M6 O passado convive com o presente
A infância grafada na praça
O invisível da praça
M7 O pipoqueiro não vem hoje?
A brincadeira e alegria levam ao céu
O riso de uma criança persiste no ambiente
M8 Os casarões e a praça
A amarelinha no chão enfatiza que as crianças podem freqüentar a praça
Criança na pracinha
M9
M10 Todos se reúnem na praça
Brincadeira de criança Infância bem aproveitada
M11 A (in)glória que Um banco solitário à Floresce um
146
resiste ao tempo espera... menino nos pés das plantas
M12 Retalhos da memória Memórias da infância Memórias futuras
M13 Tem muita criança em Planaltina, onde estão?
A subjetividade é a marca da câmera de fosfoto
M14 Parece uma cidade abandonada
Praça com amarelinha
Parece que o garoto é um fantasma na praça
M15 A cidade e seu point de luz
M16 Uma praça Do céu ao limite Ilusão infanticida
M17 Sim Não Sem parque o fundo é escuro
M18 Caminho de crescimento passando pelo verde
Fantasma saindo, verde se renovando, ciclo e evolução
M19 Cadê o povo? Cadê os carrinhos de bebê e as crianças?
Amarelinha pouco brincada
A imagem do menino é real?
M20
M21 Tranqüilidade Lembranças da criança Fantasma de bicicleta
M22 A praça em frente o museu
A amarelinha já está se apagando
Um menino curioso
M23 Viagem para o passado
M24 Um olhar sobre a cidade
A pracinha do museu Descanso na pracinha
M25 A pracinha antiga A brincadeira Fantasma M26 M27 Sim Sim Sim M28 Calçada do fim Tempos de criança Muito legal
M29 A praça As brincadeiras se reúnem
O fantasma
M30 Uma igreja e árvores Amarelinha colorida e um banco
Um fantasma
M31 Parece Planaltina nos anos 80
A praça em frente ao museu
Parece um fantasma de bicicleta
M32 M33 Imagens do tempo O céu pode esperar Fantasmas da
147
realidade M34
idLegendaB5 Legenda13 Legenda14 Legenda15
1 Ao fundo daquela casa, ainda mora alguém?
Casinha do interior no centro da maior cidade de Brasília
Fé, Planaltina
11 Fazendinha Fazendinha Casa Grande 10
14 Acolhida natural Colo de mãe O crepúsculo da oração
16 15 Passado presente Resguardo Fé irrestrita
19 Ambiente bucólico Caminho para o templo
"Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos"
20 Casa em abdução Em busca do tempo perdido
Ocaso
17 Fazenda vista por ETs A arte produzida pela luz natural
Igrejinha abençoada pela natureza
21 A igreja do final do século XIX lembra uma casinha ao longe
As árvores encobrem o templo de oração do Setor Tradicional de Planaltina
Os céus protegem os devotos de São Sebastião
148
22 E de repente a mata revela o abrigo.
A parede sem janelas denuncia o caminho errado.
O teto da fé é o céu.
27 casas viram manchas com o tempo.
o jardineiro é jesus. e as árvores...
sob todas as forças.
26 Casinha de brinquedo Protegida por árvores
Sob os céus
28 Havia vida antes de Brasília
Templo de Oração
Quem proteje os devotos de São Sebastião?
0 Havia vida antes de Brasília
Tempo de Oração
Quem proteje os devotos de São Sebastião?
30 sagrado geometria da memória
planalto central
29 UM LUGAR DE PAZ
POR TODOS OS LADOS SE CHEGA A IGREJA
ENTRE O CÉU E A TERRA SÓ A IGREJA
32 A mata que protege a história
Lugar de perdão e cura
34 construção memorável,resiste e chega ao século XX
quietude e magia... Obrigado,Senhor!
37 LUGAR DESRTO QUE VOCÊ SE SENTE PERTO
ORAR SEM VER O TEMPO PASSAR AO CANTO DOS PÁSSAROS
O LINDO CÉU ENCANTA O BELO TEMPLO
38
39 Casinha do telhado vermelho - Fé, veneração, Deus
Aconchego, acolhida
Simplicidade, oração e humildade - Rendição
41 Sob o olhar da natureza
Céu sobre a igreja
44
Clarão na mata. Luz sobre a Igrejinha. Poesia convenientemente humana da natureza.
A timidez e introspecção do rural. De costas para câmera, de frente para o sol.
A cruz aponta o caminho
46 Igreja iluminada pelos céus
Oração, luz que ilumina a todos
Pedaços de luz
47 fé sombra eternidade 49 Luz sobre a igrejinha Caminho que A luz que vem do céu
149
leva ao templo e reforça a fé 50 fazenda sagrada Aconchego Vermelho sagrado
52 UM LUGAR DE PAZ
POR TODOS OS LADOS SE CHEGA A IGREJA
ENTRE O CÉU E A TERRA SÓ A IGREJA
51 Nebulosa Frio PAZ 53 um porto seguro iluminados comunicação divina
54 A Igreja ao longo dos séculos
O templo e a natureza
Os devotos sob os céus
56 Embaçada Calmaria Céu
57 Parece mas não é Presente da natureza
Os raios solares do bem
58
A igrejinha como monumento de resistência à modernidade
O meio ambiente em perfeita integração com o patrimônio histórico
Luz e história sobre o patrimônio de Planaltina
59 Deu branco! Uma casa nas nuvens
A fé nos eleva
60 re-côndito oração ao tempo
63
A Igreja de São Sebastião nos faz lembrar um época distante e pacífica
As sombras do fim do dia parecem proteger a região contra os ultimos raios do sol.
O sol se pondo e as nuvens altas parecem estar puxando a igreja para os céus.
64
A igrejinha e seus humildes fiéis, rasgam os céus em seus louvores e clamores
Planaltina sempre será viva, pois a igrejinha de S.Sebastiao ainda está eregida
É exatamente aqui neste lugar que portas e janelas nunca se fecham
65 Doação ao longe Eu vi ! e tava sonhando.
No dia, a escuridão me alarma.
72 Sou um vouyer da história
A prece do tempo enternece meu olhar
Que São Sebastião proteja os fotógrafos que se ajoelham diante de seu templo!
78 Leque bordado no céu alumia
83 Small Church Surrounded by Trees
Covered by clouds
85 Igrejinha sob a luz celeste
Convergência ao centro
Olhos voltados para o alto
88 tempo e espaço se confudem
um lugar, uma casa, um dia...
a fé
150
89
86 A luz sobre o templo Arvores do entorno
... pedra sobre pedra...
90 Que saudades do meu avô!!!
Você e suas vizinhas: as árvores.
Todo lugarejo tem a sua igreja e ela diz: venham me conhecer, conhecendo-me você conhece meu povo.
93
94
Chega perto: tengo una taza de café caliente y una silla para tí.
As árvores son las manos de la tierra elevadas hacia Dios
Un cántico de alabanza al que está arriba, en los cielos.
96 Céu hexagonal Túnel do tempo Ó céu
95 NA PRAÇA, SÓ A IGREJINHA HAVIA...
O POR DO SOL ATRAS DA IGREJINHA
IGREJINHA SÃO SEBASTIÃO-HISTORIA E FÉ
98 A igrejinha mantém arquitetura do final do século XIX
A igreja de São Sebastião se mistura às árvores do Centro Histórico
O céu mistura cores que embelezam a paisagem para os devotos
105 106 107 Cachoeira Mar de Luz Meu Deus!
108 Seria uma casa? A luz tenta trazer o passado de volta
Finalmente, surge a igrejinha com todos os seus segredos
109 aconchegante e silenciosa - como convém aos fiéis.
Clamando pelo direito à luz do sol
paz e mansidão
110
Alamedas envolvem o templo da fé enquanto Planaltina descansa seus ares.
Planaltina entre o céu e terra, protegida por São Sebastião.
112
O céu se abre e as árvores se deslocam para deixar a luz entrar
Onde estão todas aquelas árvores?
Não alcanço a cruz
115
117 o buraco do tempo de costas para o passado
118 Deus nos ajude a Obrigada Senhor São Sebastião nos
151
conservar nosso patrimônio que é nossa vida.
pela natureza e pela vida.
ajuda a ver o céu.
121 Eu sou pequenininha, mas recebo a todos.
E o muro? As coisas acontecem atrás do muro das Igrejas. E, aí?
"Tião", deixa a água cair...
123 café quentinho com pão fresquinho!
sol brasil
124 Distante de tudo A despedida Fé cega
128 La na Fazenda!!!!!!!!! Chegando la!!!!!!!!!!!!!!!!!
Paisagem melancolica.
129 memorias intactas na historia
casa sombra e luar
a ira dos ceus assusta a tudo
131 132 133
M1 As árvores emolduram o passado
O crepúsculo com tons de magia cobrem a igreja
O céu nos protege
M2 A casinha humilde de Deus
Recanto de paz Tão perto do céu
M3 A igreja encontra-se emoldurada pelas folhas das árvores
As árvores parecem guardiãs serenas da igreja secular
Por esse ângulo, a cruz é mais alta que as palmeiras!
M4
M5 Igrejinha lembra sonho que tive
Casa linda Lembro de Deus
M6 A Igreja sem foco O verso da Igrejinha
O santo próximo à sua Igreja
M7 O sítio das almas Templo do homem e da natureza
Sob o céu estamos, acima dele, um dia estaremos
M8 A Igrejinha ao final da paisagem
A natureza ao redor da Igrejinha
O céu aberto da Igrejinha
M9
M10 De longe, uma casinha. De perto, igreja
A camuflagem sob as árvores
Os céus e a Terra vos proclama Glorioso
M11
A memória permanece, à despeito das lembranças
O caminha lembra um rio... Não será um rio o caminho a ser
...Quanta fé e magia...
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esmaecidas lembrado?
M12 Memória casulo Memórias de árvores
Memórias de santos
M13 São Sebastião rogai por nós
M14 Parece uma casinha no meio do mato
Parece o entardecer de uma fazenda
Uma capelinha em cima do morro
M15 As árvores emolduram a cidade
M16 Olhar marejado Onde a luz não esvanece
Apoteose
M17 Sim Sim Não sei
M18 Saindo do túnel, após jornada, o destino e repouso
Vários caminhos Espiritualidade e natureza: reflexo da alma
M19 Casa antiga Igrejinha: Visão de trás
São Sebastião: Rogai por nós!
M20 O céu anuncia o anoitecer
M21 Moldura da Igreja Árvores sombrias A Igreja sorri para seus devotos
M22 De longe, a igrejinha parece uma casa
As muitas árvores perto da igreja
O céu já está escuro
M23 Caminho para o céu
M24 A casinha O entardecer na igrejinha
Um símbolo de Planaltina
M25 O buraco do Anjo O templo sagrado A cruz iluminada
M26 É uma bela composição
M27 Sim Não Sim
M28 Mais como uma fazenda
Mas são lindas E a igreja os acolhem
M29 As árvores e uma casa
Orações ao outro Nova era
M30 Uma igreja e uma anaconda
Árvores e um fundo de uma casa
Uma igreja
M31 Parece um lugar assombrado
Parece uma casa Parece uma igreja abandonada
M32 A vista daqui
M33 Buraco do tempo O entardecer na igrejinha
Crepúsculo de São Sebastião
M34
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