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MAIO/JUNHO 2011 - Nº - 87 COMO DRIBLAR IMPREVISTOS A FORÇA-TAREFA DA LOGÍSTICA DE CONTINGÊNCIA Pág. 8 ENERGIA LIMPA_ BRF estuda criar usina de biogás a partir de dejetos suínos em SC – Pág. 4 CIDADANIA_ Cultura disseminada pelo Projeto SSMA ultrapassa portões da empresa – Pág. 12

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MAIO/JUNHO 2011 - Nº- 87

COMO DRIBLAR IMPREVISTOSA fORçA-TAREfA dA

lOgíSTIcA dE cONTINgêNcIAPág. 8

ENERgIA lIMPA_ BRF estuda criar usina de biogás a partir de dejetos suínos em SC – Pág. 4

cIdAdANIA_ Cultura disseminada pelo Projeto SSMA ultrapassa portões da empresa – Pág. 12

8

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03 SAÚDEA beleza que vem da soja

04 TECNOLOGIABRF investe em usina de biogás

08 CAPA 18 CONSUMOInteligência logística nas catástrofes As raízes da BRF no cobiçado Nordeste

12 CIDADANIA 20 MERCADOSAs transformações culturais do SSMA A conquista do grau de investimento

16 SUSTENTABILIDADE 22 ACONTECERelatório anual dá respaldo a investidor As marcas que valem ouro

18

BRF BRASIL FOODS é uma

publicação periódica, de circulação

externa e distribuição gratuita.

Conselho Editorial: José Antonio Fay,

Antonio De Toni, Fábio Medeiros,

Gilberto Orsato, Leopoldo Saboya,

Luis Lissoni, Nelson Vas Hacklauer,

Nilvo Mittanck, Wilson Mello

Coordenação: Rosa Baptistella e Miguel Jimenez

Colaboração: Roberta Pavon, Edélcio Lopes,

Jones Broleze, Luciana Ueda

JBX Conteúdo e Comunicação

Tel.: (11) 2613-5044 | 2533-5044

e-mail: [email protected]

Coordenação Editorial: Antonia Costa

Textos: Rachel Cardoso

Projeto Gráfico: Graphic Designers

Direção de Arte: Ronaldo da Silva Rego

Ilustrações: Gil de Godoy

Imagens: Shutterstock Images

Impressão: NeoBand

Tiragem: 10 mil exemplares

SAC – Brasil Foods: 0800-7017782

É certo que a felicidade tam-bém está associada a outros valores, mas o bem-estar e a

beleza são fatores essenciais nessa permanente busca do ser humano.

“Da nossa qualidade de vida depen-de o aspecto de nossa pele, unhas e cabelos e a soja é uma grande aliada das mulheres nessa batalha”, diz a nutricionista Heloísa Guarita Padilha, nutricionista e diretora sócia da RG Nutri Consultoria de Nutrição.

Ela esteve ao lado do farmacêutico José Marcos Gontijo Mandarino, bio-químico e pesquisador da Embrapa Soja, no 1º- Simpósio da Soja: Seus Be-nefícios na Saúde e Beleza Feminina.

O evento foi promovido pela Ba-tavo Naturis Soja – primeira linha de alimentos refrigerados à base dessa rica proteína. “Hipócrates, pai da Medicina, já dizia: ‘somos o que comemos’”, destaca Mandarino.

“Mas ainda são pouco explorados os benefícios da soja como alimento funcional, o que ela proporciona de dentro para fora do corpo”.

Por ser uma das fontes de proteí-na vegetal de melhor qualidade, seu consumo está diretamente relacio-nado à renovação e à beleza. Isso porque, além das proteínas, lipídeos, carboidratos, fibras, vitaminas e mi-nerais, a soja ainda apresenta isofla-vonas, consideradas fitoestrógenos, pois possuem estrutura semelhante ao hormônio feminino estrógeno.

“A isoflavona é capaz de ameni-zar os sintomas de tensão pré-mens-trual e perdas sanguíneas pela mens-truação, auxiliar na manutenção da saúde óssea, manter a produção de colágeno e desempenhar papel an-tioxidante, retardando o envelheci-mento”, esclarece Heloísa.

Como é sempre melhor prevenir do que remediar, não custa uma ten-tativa para mudar velhos hábitos ali-mentares. A soja tem ainda o poder de provocar saciedade, o que, de quebra, pode garantir alguns quili-nhos a menos.

Dose Diária De belezaEstá comprovado E a aNvIsa já rEcomENda INgErIr 25 gramas dE protEíNa dE soja Nas rEfEIçõEs todos os dIas para promovEr os bENEfícIos do grão. faça o tEstE E coNfIra também No EspElho

SAÚDE

Praticidade e variedade fazem da linha Batavo Naturis Soja uma grande aliada da mulher contemporânea

AO ALCANCE DAS MÃOS

Para aproximar ainda mais as mulheres da linha Naturis Soja, a marca lançou em maio a campanha com o mote “O dia a dia cansa a sua beleza. Naturis cuida”. O filme mostra que proteínas vegetais do produto cuidam do corpo da mulher e nutrem sua beleza. Além disso, a marca criou uma fun page no Facebook com posts de vídeos, imagens e textos relacionados ao bem-estar, saúde e beleza.

BRASIL FOODS 3

bom negócioBRF, BIOGASTEC E SCGáS

sE uNEm Em torNo dE projEto quE podErá rEsultar Na coNstrução,

Em coNcórdIa (sc), dE uma USINA DE BIOGáS

a partIr dE DEjETOS SUíNOS, uma EmprEItada Em quE todos gaNham

4 BRASIL FOODS

TECNOLOGIA

Suprir as necessidades atuais sem esgotar os recursos para o futuro é a principal diretriz

do protocolo de cooperação recém--assinado em abril que une a BRF Brasil Foods, a Biogastec do Brasil e a Companhia de Gás de Santa Cata-rina (SCGás) em torno de um projeto que promoverá não somente o cres-cimento dos produtores agrícolas como o desenvolvimento de todo o Estado. O acordo, que prevê o apro-veitamento do biogás a partir de de-jetos suínos, pode resultar na cons-trução de uma usina em Concórdia, após a comprovação da viabilidade.

“A BRF já deu passos significati-vos nesse caminho com a constru-ção de mais de 1.415 biodigestores e a consequente redução de 137.870 toneladas de CO

2 equivalente em 2010”, disse o vice-presidente de As-

suntos Corporativos da BRF, Wilson Mello, na ocasião da assinatura. “O desafio agora é criar um sistema que seja viável, sustentável e replicá-vel”. Estiveram presentes também o diretor de Operações da BRF, Nilvo Mittanck; o governador Raimundo Colombo; o diretor-presidente da SCGás, Altamiro José Paes; o repre-

sentante da Biogastec, Heinz Peter Schnicke e o secretário de Desen-volvimento Regional de Concórdia, Paulo Pastore.

Para que o plano avance, as três instituições envolvidas vão investir agora num estudo de viabilidade técnica, econômica, financeira e ambiental da unidade de biogás – suprida com dejetos suínos recolhi-dos das granjas parceiras da BRF da região, além dos resíduos orgânicos produzidos no próprio frigorífico.

O projeto inicial será desenvol-vido na granja modelo em Faxinal dos Guedes, onde atualmente es-tão alojados 26 mil suínos que pro-duzem um volume significativo de dejetos, com estimativa de produzir anualmente quatro milhões de me-tros cúbicos de biogás, além dos biofertilizantes.

BRF fará da ação um piloto para

implementação em outros

Estados do Brasil

BRASIL FOODS 5

1. Dejetos suínos e outros tipos de resíduos são encaminhados para o biodigestor

Resíduossuínos

Biofertilizante

Biogás

Biometano

Energia elétrica

BiometanoOutros resíduos

orgânicos

Biodigestor

2. Os biodigestores são câmaras que realizam a fermentação anaeróbia da matéria orgânica produzindo biogás e biofertilizante

3. Encaminhado às usinas, o biogás pode ser distribuído como energia elétrica, combustível ou gás de cozinha

4. A produção do biogás nas usinas evita a emissão descontrolada do metano na atmosfera

A segunda etapa prevê a im-plantação de uma usina de biogás centralizada em Concórdia, cuja matéria-prima será dejetos recolhi-dos das 200 granjas integradas, loca-lizadas num raio de 20 quilômetros. A região projetada gera mais de 400 metros cúbicos diários de dejetos, além dos resíduos de abatedouro.

A utilização do biogás traz diver-sos benefícios para Santa Catarina. No campo dos aspectos sociais, com o novo sistema de tratamento pro-posto será possível manter e expan-dir o agronegócio, bem como promo-ver a geração de novos empregos e a fixação do homem ao campo.

Essa também pode ser uma nova fonte de renda para os produtores agrícolas, que poderão utilizar e

agregar valor aos dejetos de suínos. O biogás, após tratado, poderá

ser disponibilizado em redes de gás natural ou como combustível veicu-lar (bio-GNV) internalizando a oferta de gás natural. O uso também ajuda a redução dos gases de efeito estufa (GEE) e o desenvolvimento de novas fontes de energia renováveis.

“Acredito que estamos no cami-nho certo, é um grande desafio para o Estado e será um impulsionador do desenvolvimento de Santa Catarina”, ressaltou Raimundo Colombo. Além disso, o governador informou que essa pode ser uma alternativa para acabar com a dependência que o Bra-sil tem hoje das importações de gás da Bolívia, passando a desenvolver o seu próprio gás para canalização.

6 BRASIL FOODS

TECNOLOGIA

1. Dejetos suínos e outros tipos de resíduos são encaminhados para o biodigestor

Resíduossuínos

Biofertilizante

Biogás

Biometano

Energia elétrica

BiometanoOutros resíduos

orgânicos

Biodigestor

2. Os biodigestores são câmaras que realizam a fermentação anaeróbia da matéria orgânica produzindo biogás e biofertilizante

3. Encaminhado às usinas, o biogás pode ser distribuído como energia elétrica, combustível ou gás de cozinha

4. A produção do biogás nas usinas evita a emissão descontrolada do metano na atmosfera

Estima-se que cada metro cúbico de dejeto suíno gere um quilowatt de energia.

Os dejetos são conduzidos aos biodigestores por tubulação ou por caminhões. É o estudo de viabilidade que aponta-rá a melhor alternativa.

O biodigestor é um tanque protegido do contato com o ar atmosférico, em que a matéria orgânica é metabolizada por bactérias anaeróbias – que se desenvolvem em ambiente sem oxigênio. Nesse processo, obtêm-se como subprodutos o biogás, o biofertilizante e um efluente mineralizado.

O biogás (60 a 65 % de metano) tem uma infinidade de aplicações, desde o abastecimento de fogões domésticos até a geração de energia elétrica. Com isso, é possível reduzir as necessidades de GLP – gás liquefeito de petróleo. Uma das grandes virtudes do biodigestor é converter os dejetos de suínos e biomassa em metano, gás carbônico, água e biofertilizante. O metano tem impacto 21 vezes maior que o gás carbônico no aquecimento global.

Os efluentes resultantes da fermentação anaeróbica dos biodigestores permitem a adubação orgânica dos solos, melhorando o rendimento das lavouras, o que reduz os custos de produção de grãos e pastagens e agrega valor à produção agropecuária, além de evitar que os dejetos venham a poluir os rios.

O biogás será purificado em uma usina e comercializado pela SCGás em rede nas cidades da região. Pode ser utiliza-do para fins residenciais, como combustível de automóveis – bio-GNV, consumo industrial.

FONTE: FGV, GPEAR/Unisul e Coppe/UFRJ

A China autorizou a abertura do mercado local para a carne suína brasileira. A permissão foi concedida cinco meses após a vinda ao Brasil de uma missão chinesa para inspecionar 13 indús-trias. Por enquanto, apenas três frigoríficos nacionais estão auto-rizados a exportar a carne. A BRF está entre eles. O anúncio foi feito durante o primeiro dia da visita da presidente Dilma Rousseff à China. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, comemorou a decisão com a comitiva presidencial, da qual participaram tam-bém o presidente da BRF, José Antonio Fay, e o vice-presidente de Assuntos Corpo-rativos, Wilson Mello.

FONTE DE ENERGIA LIMPA

brf Está ENtrE os três frIgorífIcos autorIzados a Exportar carNE suíNa para a chINa

MUITO ALÉM DA FEIjOADA

BRASIL FOODS 7

8 BRASIL FOODS

CAPA

UMA EMPRESA qUE NÃO PARA

Resumida assim, em poucas linhas, pelo jornal regional O Divisor, a operação desenca-

deada por um incêndio na fábrica da BRF de Nova Mutum, no Mato Grosso, ganha ares de corriqueira: “Para que o abate de aves fosse reiniciado, foi necessária uma grande força-tarefa que mobilizou não somente plantas locais como de outros Estados.” Os danos causados por fatos imprevisí-veis, porém, exigem ações delicadas e demandam uma inteligência logís-tica para lá de complexa. Mas então, como lidar com eventos globais que podem afetar o fluxo da cadeia de suprimentos, como uma crise aérea ou uma greve portuária? E com ca-

tástrofes naturais, como terremotos e enchentes?

“A capacidade de reagir de forma coordenada ao imprevisto é nosso principal trunfo para não desabas-tecer o mercado, o que, além de provocar perdas financeiras, pode prejudicar nossos clientes e consu-midores”, explica o vice-presidente de Supply Chain da BRF, Luiz Hen-rique Lissoni. “Cabe aos operadores logísticos indicarem alternativas dentro das possibilidades existentes e isso implica desde alteração de ro-tas, origens, custos adicionais de fre-te até mudanças numa determinada fórmula ou na linha de produção e deslocamentos de mão de obra”.

capacIdadE dE rEagIr aos ImprEvIstos quE vão além do traNsportE coloca a brf como uma das

rEfErêNcIas NacIoNaIs Em plaNos dE coNtINgêNcIa, uma cultura aINda INcIpIENtE No brasIl

BRASIL FOODS 9

Segundo Lissoni, seja lá qual for a solução, o prazo é medido em ho-ras para sua completa execução. “É preciso amenizar os danos, reduzir os riscos e os impactos das inter-rupções, principalmente quando se trata de uma cadeia viva, como é o nosso caso”.

Para uma empresa como a BRF, acionar rapidamente um plano de contingência logística faz toda a di-ferença. “Os animais no campo pre-cisam ser alimentados e tratados de acordo com as práticas de bem--estar animal, assegurando assim a qualidade dos nossos produtos”, destaca Lissoni.

Na impossibilidade de prever os acontecimentos, que vão bem além do transporte do produto que sai da empresa, a equipe liderada pelo executivo segue alguns preceitos básicos que podem servir como um bê-á-bá para todo o mercado. Confira na página ao lado.

Interrupções, mesmo que

mínimas, fazem toda a diferença

para uma cadeia viva como

é a da BRF

4 Internamente a equipe de operadores logísticos avalia a situação municiada com informações de previsões meteorológicase não há previsões de retomada

7 Uma intensa negociação é travada com armazéns, portos e companhias marítimas para realocar espaço e garantir a chegada da carga ao destino final

1 Chuvas torrenciais na cabeceira do Rio Itajaí-Açuprovocam enchentes e prejudicam as estradas, impedindo os caminhões de chegar ao porto

2 A correnteza do rio forma ondas gigantes no Porto de Itajaí

3 O porto é fechado

6 Para que o problema não se agrave,as cargas que saem das fábricas já começam a seguir rotas alternativas

5 A carga do porto em questão é desviada para o Porto de Paranaguá

10 BRASIL FOODS

CAPA

Priorize clientes e fornecedores antes de qual-quer coisa; a empresa não pode parar.

Designe um time de profissionais qualificados pelo planejamento de ações em caso de uma crise e execute sem falhas o que foi planejado.

Defina todas as possíveis causas de interrupção da cadeia: desastres naturais, acidentes, falhas em sistemas, falta de energia, greves e qualquer outro evento que possa afetar a logística.

Para cada risco definido, trace um plano de contingência, com ações, responsabilidades e cronogramas. Todas as áreas da empresa de-vem estar envolvidas.

Conheça todas as opções de transporte e sai-ba onde conseguir ajuda.

Defina transportadoras e modais que possam substituir os atuais para fazer com que o mate-rial chegue ao destino.

Tenha também uma lista de fornecedores al-ternativos em regiões estratégicas.

Mantenha-se atualizado para possíveis revi-sões dos planos, pois as crises podem surgir de qualquer lado.

4 Internamente a equipe de operadores logísticos avalia a situação municiada com informações de previsões meteorológicase não há previsões de retomada

7 Uma intensa negociação é travada com armazéns, portos e companhias marítimas para realocar espaço e garantir a chegada da carga ao destino final

1 Chuvas torrenciais na cabeceira do Rio Itajaí-Açuprovocam enchentes e prejudicam as estradas, impedindo os caminhões de chegar ao porto

2 A correnteza do rio forma ondas gigantes no Porto de Itajaí

3 O porto é fechado

6 Para que o problema não se agrave,as cargas que saem das fábricas já começam a seguir rotas alternativas

5 A carga do porto em questão é desviada para o Porto de Paranaguá

REGRAS BáSICAS

dE dENtropara fora

maIs do quE um sImplEs sIstEma dE gEstão INtEgrado, o PROjETO SSMA tEm provocado rEflExõEs No dIa a dIa dos trabalhadorEs E mElhorado sua

qUALIDADE DE vIDA TAMBÉM FORA DA EMPRESA

12 BRASIL FOODS

CIDADANIA

Há menos de duas décadas, uma lei municipal tornava o uso do cinto de seguran-

ça obrigatório para passageiros de carros que circulassem na ci-dade de São Paulo. A medida, que inicialmente gerou polêmica, foi incorporada por todo o País e se transformou em hábito, garantindo que milhares de vidas fossem salvas. Agora vivemos situação semelhante com a proibição do uso do telefone celular ao volante, que matou 16 mil pessoas em acidentes somente nos Estados Unidos em seis anos.

É o que revela pesquisa de au-toria de Fernando Wilson e de Jim Stimpson, da Universidade North Texas Health Science, publicada no American Journal of Public Health.

“Normas não são suficientes para o indivíduo absorver determinada condição na vida”, avalia o psicólo-go clínico e desportista, Adalberto Carlos. “Como o trabalho realizado na terapia, por mais que o paciente admita ter errado, ele precisa refletir e elaborar internamente o significa-do de tal atitude para efetivar uma mudança de comportamento”.

Mas por que nos expomos e, pior, aos outros a esse e demais tipos de ris-cos todos os dias, inclusive no ambien-

te de trabalho? Para decifrar a questão e instigar uma mudança cultural que ultrapasse as fronteiras da empresa, a BRF adotou o projeto Segurança, Saú-de e Meio Ambiente, o SSMA. “Parti-mos do pressuposto de que todos os ferimentos são evitáveis se o que é cer-to for praticado pelas pessoas o tempo inteiro, por todos e desde a primeira vez”, diz a coordenadora coorporativa do SSMA, Ieda Koppe. “Por isso, não basta dizer o que tem de ser feito, é preciso fazer para dar o exemplo”.

Toda a concepção do projeto – que começou em 2008 e terminou em abril deste ano – teve o respaldo da bicentenária DuPont, referência mundial nas diversas áreas em que atua, entre elas proteção e seguran-ça. “Graças à transferência de co-nhecimento da DuPont, desenvolve-mos um sistema de gestão de SSMA”, conta Ieda. “Na prática, trata-se de 16 alavancas e suas respectivas fer-ramentas que se mostraram capazes de atingir resultados sustentáveis”.

UM NOvO vALOR PARA A BRF_ Participaram dessa primeira fase 27 unidades de frigoríficos, industriali-zados, fábricas de ração, incubató-rios, centros de distribuição, granjas e divisão de lácteos espalhados por

Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. “O SSMA está se tornando um valor para toda a BRF e a ideia é disseminá-lo”, comemora Ieda. Algo que envolve processos, boas práti-cas e aspectos culturais.

A disciplina operacional proposta, acredita Ieda, cria orgulho pessoal e extrapola o comportamento de cida-dão para além dos muros da empresa. Tanto é assim que na hora de se desli-gar da BRF vários funcionários desta-cam como muito positivos os cuida-dos que a companhia toma no quesito segurança. “Uma empresa que tem como um dos pilares a responsabili-dade social precisa cumprir o papel de formadora de cidadãos”, avalia o presidente da BRF, José Antonio Fay.

Levando-se em conta que é a autoestima que faz o ser humano cuidar de si, o projeto SSMA é uma investida realmente importante. “É essencial que o trabalhador experi-mente uma nova condição de vida e trabalho para que possa começar a construir uma concepção de mundo na qual, entre outras coisas, as cau-sas do que acontece de bom e mau não sejam atribuídas simplesmente a Deus ou ao destino, mas sim às ações, intencionais ou não, dos pró-prios indivíduos”, finaliza Ieda.

“A BRF é rigorosa em seus padrões de qualidade e busca incansavelmente os bons índices de produtividade,

mas entende que isso não pode ser conquistado sem o respeito às pessoas. A meta da companhia é chegar ao

índice zero de acidentes, alcançando os padrões de uma empresa de classe mundial. O processo de SSMA tem

ajudado a nos aproximarmos cada vez mais dessa meta, mostrando significativos resultados. Por essa razão, o

projeto será levado para as unidades que antes não estavam no escopo. Não é fácil, porém, mudar uma cultura.

Nessa empreitada, precisamos de um forte alinhamento das lideranças da empresa, que devem se engajar ao

processo, acreditar na mudança e dar o exemplo de comportamento esperado. As questões de segurança,

saúde e meio ambiente hoje são encaradas como prioridade para a BRF e, para que isso se reflita nos

índices e resultados, esses valores precisam ser compartilhados por todos dentro da companhia,

da linha de produção à alta liderança. As melhorias em SSMA dependem de cada um. Todos

precisam fazer a sua parte nesse processo.”

José Antonio Fay

BRASIL FOODS 13

O SSMA é um processo contínuo em favor da vida.

A meta é a excelência operacional: todos fazerem o certo todo o tempo.

Os comportamentos seguros devem ser incentivados sempre.

Todas as operações devem ser conduzidas de forma segura, sem atalhos ou improvisos.

No topo dos valores estão a saúde e a segurança do ser humano, o compromisso com o meio ambiente e o atendimento da legislação.

SEM COMPLICAÇÃO

“Um dos pontos fortes da empresa é a segurança do trabalho. E com a vinda do SSMA o que era obrigatoriedade virou hábito. Hoje não consigo subir ou descer uma escada sem me apoiar no corrimão porque sei que dessa forma não sofrerei acidentes. O meu comportamento em relação à segurança não mudou apenas no ambiente de trabalho, mas também na minha vida.”

Joanilse Oneda de Campos Técnica de Produção I – Curados

“O SSMA destaca-se por sua abrangência. Para alcançar uma postura consciente em relação à saúde, à segurança e ao meio ambiente foi necessário promover na companhia uma mudança cultural que tem ultrapassado os portões da empresa. Graças às ferramentas de gestão do projeto, o comportamento cotidiano tem se modificado. É a disseminação do respeito à vida.”

Nilvo Mittanck Diretor de Operações da BRF

“Todos os níveis da liderança têm de estar comprometidos com os valores do projeto SSMA por meio de atitudes, decisões e palavras. Só assim conseguiremos disseminar o respeito à pessoa de maneira adequada, por toda a empresa e fora dela”

Gilberto Antonio Orsato Diretor de Recursos Humanos da BRF

ao comportamento das pessoas – 96%

a outros fatores – 4%

A grande maioria dos acidentesocorre devido...

14 BRASIL FOODS

CIDADANIA

Expressões de civilidade tão simples como “bom-dia” e “obrigado” estão cada vez mais esquecidas. Mas civilidade é acima de tudo o respeito mútuo. Nesse sentido, regras existem para manter a harmonia entre as pessoas e ga-rantir sua segurança. Confira algumas delas.

Não use o telefone celular ao volante nem mesmo com fone de ouvido. Procure sempre estacionar o carro de ré para evitar manobras em casos

de emergência. Nunca mude um móvel de lugar do escritório sem a devida sinalização. Não troque sequer uma lâmpada sem obedecer a todos os processos. Faça o que é certo para dar o exemplo.

SÓ É BOM SE FOR PARA TODOS

“Há cinco anos fui convidado para conhecer um projeto da DuPont em segurança e saúde numa outra empresa para decidir se valia a pena trazê-lo para a BRF. Fiquei muito impressionado com os resultados, mas com certa dúvida se conseguiríamos ter a mesma constância. Pensava no grande desafio de conciliar o SSMA com os demais desafios como, por exemplo, manter foco no crescimento, na qualidade e na produtividade. Após três anos de SSMA, está claro que estamos conseguindo trazer tudo bem alinhado, pois o modelo de governança implantado tem ajudado a alavancar outras atividades importantes para a melhoria contínua. Ainda temos muito por fazer, mas as regionais que estão em fase mais adiantada obtiveram resultados que a gente custava acreditar que seriam possíveis. É o caso de Santa Catarina, que já ficou 166 dias sem acidentes típicos com afastamento, com um grupo superior a 14.000 funcionários. Agora temos as nossas referências dentro de casa.”

Sidiney Koerich – Diretor Agroindustrial Regional

“Hoje se prima pela prevenção de toda e qualquer perda, seja humana ou material e, principalmente pela melhoria contínua de nossas instalações proporcionando às pessoas ambientes adequados à execução de suas atividades. O SSMA provocou transformações nas relações interpessoais dentro das fábricas. Mas os benefícios foram além e todos estão ligados à satisfação de executar sua função de forma mais segura. Acredito que o maior benefício, contudo, é poder proporcionar às pessoas, que chegam bem diariamente ao trabalho, que retornem aos seus lares, onde são aguardadas por suas famílias, da mesma forma como chegaram. Mas para manter a chama do SSMA sempre viva, é preciso que cada funcionário assuma responsabilidade individual pela ação de trabalhar sempre com condições seguras, informando todas as vezes que ocorrer uma situação de risco. Atitude é essencial nesse processo.”

Leonel de Costa – Técnico da Evisceração – Serafina Corrêa/RS

BRASIL FOODS 15

dE portas abErtas

prImEIro RELATÓRIO ANUAL com INformaçõEs

dE SUSTENTABILIDADE INtEgradas da

PERDIGÃO E SADIA avaNça Na polítIca dE

traNsparêNcIa adotada pEla BRF

A BRF apresentou ao mercado, em abril, seu Relatório Anual e de Sustentabilidade, sendo esse o primeiro com informações integradas da Perdigão e da Sadia. As informações financei-

ras foram elaboradas pró-forma em 2009 para um melhor entendi-mento dos dados consolidados da companhia. O documento rati-fica informações relevantes de porte econômico-financeiro, social e ambiental da holding, referentes ao período de 1º- de janeiro a 31 de dezembro de 2010. Trata-se da terceira edição em que o desem-penho da companhia é relatado com base nas diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI), modelo de relatório mais completo e mundialmente difundido.

16 BRASIL FOODS

SUSTENTABILIDADE

Considerado um excelente documento de prestação de contas, com informações complexas capazes de respal-dar investidores e demais públicos de interesse nas toma-das de decisões relacionadas aos seus respectivos negó-cios, o relatório de 2010 traz a nova missão, visão e valores da companhia, além de estar completamente alinhado às estratégias de crescimento previstas para longo prazo.

As demonstrações financeiras são apresentadas de acordo com os padrões brasileiros e as normas internacio-nais de contabilidade (International Financial Reporting Standards – IFRS), sendo auditadas pela KPMG Auditores Independentes. As informações de caráter socioambiental, por sua vez, foram baseadas em padrões corporativos e verificadas internamente. A BSD Consulting certificou a aplicação das diretrizes GRI, o que confirma a plena ade-rência ao nível 2 de governança corporativa, boas práticas de gestão para empresas de capital aberto.

O processo de elaboração do documento contou com a participação e o engajamento de acionistas, fornecedo-res, funcionários, clientes, conselheiros e diretores da BRF, entre outros públicos de relacionamento. Os participantes avaliaram a relevância de 49 temas e indicaram quais deve-riam ser enfatizados no relatório e possuem maior impor-tância para a estratégia e para a gestão da empresa. Confi-ra abaixo as principais preocupações.

valorEs quE sustENtam o dEsENvolvImENto dos NEgócIos

01 Segurança alimentar, qualidade dos produtos e embalagens

02 Condições de trabalho adequadas e direitos humanos

03 Cumprimento da legislação ambiental

04 Cumprimento das legislações sociais e ambientais dos integrados e fornecedores

05 Relações de longo prazo, respeito mútuo, transparência e ética

06 Ética e mecanismos de combate à corrupção

07 Gestão de efluentes, emissões e resíduos

08 Produção mais limpa, prevenção à poluição, redução de impactos negativos, eficiência operacional

09 Saúde e segurança do trabalho

10 Desempenho da empresa e geração de valor

11 Política de sustentabilidade

12 Proteção ambiental do entorno

13 Rastreabilidade na cadeia de fornecedores

14 Políticas e critérios de seleção e avaliação de fornecedores

15 Relacionamento com fornecedores integrados

16 Valorização do capital humano

POR UM FUTURO PRÓSPERO

Integridade como base de qualquer relação

Foco no consumidor é ingrediente fundamental do sucesso

Respeito pelas pessoas nos faz ainda mais fortes

Desenvolvimento de pessoas é fundamental para sustentar o crescimento

Alta performance é nossa busca permanente

Qualidade em produtos e excelência em processos

Espírito de inovação constante

Desenvolvimento sustentável

Visão global, agilidade local

Compromisso com a diversidade e aceitação das diferenças

BRASIL FOODS 17

CD Sadia Salvador – BA

CD Perdigão Fortaleza – CE

CD Perdigão Recife – PE

CD Perdigão Salvador – BA

Fábrica Perdigão São Gonçalo dos Campos – BA

Fábrica Perdigão Bom Conselho – PE

Fábrica Sadia Vitória de Santo Antão – PE

CD Sadia Vitória de Santo Antão – PE

• Colaboradores: 560 • Atendimento: Bahia – Sergipe

• Colaboradores: 260• Atendimento: Piauí – Maranhão

– Ceará

• Funcionários: 24, sendo 81 terceirizados

• Atendimento: Pernambuco – Paraíba – Alagoas – Rio Grande do Norte

• Operação terceirizada: Stock Teck• Atendimento: Bahia – Sergipe

• Colaboradores: 1.764, sendo 304 terceirizados

• Produção: Salsicha, mortadela, frango inteiro, miúdos e cortes de frango

• Exportação: Hong Kong

• Colaboradores: 253, sendo 60 terceirizados

• Produção: Leite UHT, manteiga, iogurte (líquido e polpa) e leite fermentado

• Colaboradores: 911, sendo 217 no CD• Produção: Salsichas, mortadelas,

linguiças cozidas, lanches e apresuntados

• Funcionários: 229 • Atendimento: Salvador – Recife –

Fortaleza – Belém

o NordEstE é alvo dE INvEstImENtos macIços dE EmprEsas dE todos os sEtorEs. mas Não é dE hojE quE a brf crIou raízEs Na pEculIar EcoNomIa quE sE ExpaNdE acIma da médIa NacIoNal E já supEra a chIlENa

Há menos de uma década, mergulhada na pobreza, a região Nordeste não era vista

como um mercado a ser explorado pelas empresas. De lá para cá muita coisa mudou. É a primeira vez, desde o ciclo do açúcar, no século XVII, que a região passa por um processo de crescimento ancorado no setor priva-do – numa corrida para se consolidar numa região que atualmente cresce, em média, dois pontos percentuais acima da economia nacional. Trata-

-se de um movimento que ainda pro-mete dar o que falar. É que o aumen-to de quase 14% do salário mínimo previsto para 2012 pode levar o cres-cimento do consumo das famílias do Norte e do Nordeste a taxas compa-ráveis às da China, especialmente no caso de itens de baixo valor unitário, como alimentos e bebidas.

Uma das pioneiras a investir nes-sas regiões, a BRF agora colhe os frutos do que para a época foi con-siderado uma ousadia. “Investimos

constantemente nessas regiões des-de os anos 1970. De lá para cá, conso-lidamos presença com a construção de fábricas e desenvolvemos marcas exclusivas alinhadas às necessidades dos consumidores locais, que sem-pre buscaram aliar preço e qualida-de”, diz Wilson Mello, vice-presidente de assuntos corporativos da BRF.

Com 54 milhões de consumido-res, o Nordeste experimenta uma forte mobilidade social positiva pro-vocada pelos investimentos públicos

oNdE o brasIl crEscE maIs rápIdo

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18 BRASIL FOODS

CONSUMO

CD Sadia Salvador – BA

CD Perdigão Fortaleza – CE

CD Perdigão Recife – PE

CD Perdigão Salvador – BA

Fábrica Perdigão São Gonçalo dos Campos – BA

Fábrica Perdigão Bom Conselho – PE

Fábrica Sadia Vitória de Santo Antão – PE

CD Sadia Vitória de Santo Antão – PE

• Colaboradores: 560 • Atendimento: Bahia – Sergipe

• Colaboradores: 260• Atendimento: Piauí – Maranhão

– Ceará

• Funcionários: 24, sendo 81 terceirizados

• Atendimento: Pernambuco – Paraíba – Alagoas – Rio Grande do Norte

• Operação terceirizada: Stock Teck• Atendimento: Bahia – Sergipe

• Colaboradores: 1.764, sendo 304 terceirizados

• Produção: Salsicha, mortadela, frango inteiro, miúdos e cortes de frango

• Exportação: Hong Kong

• Colaboradores: 253, sendo 60 terceirizados

• Produção: Leite UHT, manteiga, iogurte (líquido e polpa) e leite fermentado

• Colaboradores: 911, sendo 217 no CD• Produção: Salsichas, mortadelas,

linguiças cozidas, lanches e apresuntados

• Funcionários: 229 • Atendimento: Salvador – Recife –

Fortaleza – Belém

CARDáPIO REFORÇADO_ A Elegê, marca de leite mais vendida no Brasil, lança com exclusividade no Nordeste o Elegê Fortificado. A novidade estará disponível nas gôndo-las a partir de maio nas versões sachê de 120 g e 200 g, complementando a linha Elegê de leite em pó integral e desnatado. Fabricado pela BRF, o produto – fonte de ferro e cálcio – é enriquecido com vitaminas A, C e D, nutrientes essenciais para uma vida saudável. “Durante a fase de de-senvolvimento, nossa atenção sempre esteve voltada à saú-de do consumidor. As famílias do Nordeste poderão contar com um produto lácteo que oferece ainda mais benefícios nutricionais. Outro grande diferencial de Elegê Fortificado é a embalagem na versão 120 g, primeira e única do merca-do”, afirma Viviane Farinelli Franjose, gerente de leites em pó e queijos da BRF Brasil Foods. Uma das principais mar-cas do portfólio da BRF, a Elegê oferece aos consumidores uma linha completa de leites, além de leite em pó em lata e em sachê. A marca também produz bebida láctea, iogurte, doce de leite, leite condensado, creme de leite, molho, re-queijão, queijo petit suisse, sobremesa, linha Bob Esponja e ainda a linha Veg, com produtos à base de soja.

e privados nos últimos anos, pela valorização real do salário mínimo e por políticas assisten-cialistas como o programa Bolsa Família. As in-formações constam do estudo, encomendado pela Associação Brasileira de Agências de Pu-blicidade (Abap) à empresa de consultoria Niel-sen, apresentado na Bahia, no início de abril, no evento “Nordeste, a Bola da Vez”.

Se o Nordeste fosse um país independente, se-ria a 39ª- economia do mundo, com um Produto In-terno Bruto (PIB) avaliado em R$ 416 bilhões. Atu-almente, já é uma economia maior, por exemplo, que a chilena. Os dados da pesquisa desvendam ainda mais o potencial da região, que incorporou milhões de famílias nordestinas das classes D e E ao mercado de consumo devido à ampliação dos programas sociais do governo federal e à ex-pansão do emprego formal em decorrência dos grandes investimentos em infraestrutura.

oNdE o brasIl crEscE maIs rápIdo

PIONEIRISMO FAZ A DIFERENÇA

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Salvador – BA

BRASIL FOODS 19

Alinhadas ao atual cenário econômico, três agências de ratings elevaram a classificação da BRF em abril. A decisão da Fitch de conceder grau de investimento foi imediatamente atestada pela Standard & Poor’s (S&P)

e pela Moody’s, que mudaram a perspectiva da sua nota de crédito de estável para positiva, uma conquista considerada pelo mercado como um divisor de águas. A expectativa é que na esteira da BRF outras companhias recebam em breve o mesmo reconhecimento. O movimento ocorre três anos após a crise nos Estados Unidos provocar uma reviravolta no balanço contábil de empresas no mundo todo e reflete uma rápida reestruturação da gestão brasileira. Para detalhar o assunto, o vice-presidente de finanças, administração e relações com investidores da BRF, Leopoldo Viriato Saboya, concedeu a entrevista a seguir.

Qual era a situação no início da crise americana?

A BRF assinou o acordo de asso-ciação com a Sadia em maio de 2009; a dívida bruta foi para R$ 14,8 bilhões e a alavancagem (relação dívida lí-quida/EBITDA) ficou momentanea-mente em 4,0x. Àquela altura, a com-panhia estava a apenas uma nota do chamado “grau de investimento”. O trabalho de reestruturação da dívida e saneamento financeiro incluiu uma oferta de ações de R$ 5,3 bilhões, que reduziu o endividamento e contribuiu

para que a BRF permanecesse com o mesmo rating herdado da Perdigão. Ainda como parte desse trabalho, fi-zemos uma emissão de um eurobond de USD 750 milhões no início de 2010. Durante o roadshow, sentimos que o mercado já nos via como uma empresa grau de investimento e isso fez com que iniciássemos um proje-to rumo ao investment grade. Hoje, a dívida bruta da companhia é pratica-mente a metade da cifra de meados de 2009 (R$ 7,3 bilhões) e a alavanca-gem caiu substancialmente para 1,3x.

LEOPOLDO VIRIATO SABOYA“A coroAção de um trAbAlho”

20 BRASIL FOODS

MERCADOS

Entrevista

No relatório em que anunciou a pro-moção da nota da BRF, a agência de risco destaca que, após o anúncio da associação, a empresa ampliou com solidez a base de receitas, expandiu--se para novos mercados e fortaleceu sua posição nos mercados existentes.

E o que isso significa?É a coroação de um trabalho não

somente da área financeira, mas tam-bém de todo o grupo, que possibilitou a consistente recuperação da rentabi-lidade da BRF para patamares histó-ricos. Não deixa de ser um reconhe-cimento, um selo de qualidade para com a execução de nossa gestão e nossa distinguida governança corpo-rativa. Os números de balanço por si só sustentam essa classificação, mas ficamos satisfeitos por ter visto vários fatores qualitativos em destaque nos relatórios das agências, corroboran-do o sentimento de que “estamos no caminho certo”. Entramos agora no rol seleto de empresas brasileiras que possuem essa classificação. Isso é mais um passo de uma empresa que será classe mundial.

E quantas são?Aproximadamente 15. Só este

ano, a Fitch promoveu a nota de qua-tro companhias nacionais, incluindo a BRF. Em 2010, nove empresas ti-veram a classificação melhorada e quatro tiveram redução na nota.

Quais são as vantagens para essas empresas?

A principal característica co-mum entre os emissores que pos-suem grau de investimento é o perfil de crédito sólido, capaz de manter condições de honrar compromissos mesmo em cenários adversos. Um rating melhor contribui, por exem-plo, para que empresas e governos

levantem recursos a custos mais baixos. O Brasil saiu fortalecido da crise e as companhias brasileiras co-meçaram a ser colocadas à altura do que elas merecem. Em termos práti-cos, possuindo o selo de investment grade acessamos uma base maior de investidores (bondholders), con-seguimos preços melhores de nos-sas dívidas e prazos mais longos. Ou seja, tudo que um executivo de finanças busca para a empresa.

E para a BRF especificamente, o que isso significa?

A conquista do grau de inves-timento mostra que somos uma empresa saudável financeiramente e apoia a consolidação da estra-tégia de ser uma companhia de classe mundial.

No relatório de atribuição de grau de investimento para a BRF, a Fitch cita que os ratings também refletem a incerteza da decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a fusão com a Sadia e a possibilidade de ser determinada a venda forçada de ativos. Entretanto, os ratings

também consideram o fato de que as vendas potenciais fortalecerão a posição de caixa da companhia. O grau de investimento pode influenciar a decisão do Cade?

Não creio que irá influenciar o Cade. O grau de investimento sig-nifica maior oportunidade para os investidores, muda e facilita a capa-cidade de acesso a recursos, princi-palmente no exterior. Por outro lado, atesta nossa tese de que estamos criando um campeão nacional na indústria de alimentos com um im-portantíssimo papel na oferta de ali-mentos no mercado mundial.

A companhia pretende captar recursos no mercado?

Não há necessidade imediata, pois estamos confortáveis com a po-sição de caixa atual. Mas a empresa sempre olha as condições de merca-do para futuras operações financeiras. Ao fim de 2010, a BRF tinha um caixa de R$ 3,552 bilhões, com uma dívida líquida de R$ 3,634 bilhões, redução de 13,3% ante os R$ 4,193 bilhões de 2009. O grau de alavancagem – medi-do pela relação dívida líquida/EBITDA – da BRF passou de 3,6x em 2009 para 1,4x em 2010, fruto de uma saudável geração de caixa no período.

Qual sua avaliação sobre as análises?

São extremamente positivas, pois mostram melhoras graduais nas margens operacionais a cada trimes-tre, em decorrência das sinergias capturadas com a integração das operações da Sadia e da BRF nas áreas autorizadas. Começam a mos-trar que as agências passam a nos ver cada vez mais como uma empre-sa de alimentos e não como uma em-presa de proteínas animais.

BRASIL FOODS 21

vAREjOINovação Na apas 2011

A pesquisa “Tendências do consumidor”, apresentada durante a abertura do 27º-

Congresso e Feira Internacional de Negócios em Supermercados, realizado entre os dias 9 e 12 de maio pela As-sociação Paulista de Su-permercados (APAS), no Expo Center Norte, em São Paulo, revela que o brasileiro está cada vez mais disposto a experi-mentar novos produtos.

Na opinião dos consu-midores ouvidos pelo es-tudo, somente 5% dos ar-tigos apresentados pelo mercado atendem aos requisitos básicos da inovação, que são aqueles que criam novas cate-gorias, estimulam novos usos,

alteram os hábitos de quem os compra e, final-

mente, geram venda incremental para o mercado.

Para o diretor de economia da APAS, Martinho Paiva Morei-ra, os empresários devem focar

no desenvolvimento de produtos que chamem a atenção pela diversi-dade. “Os fornecedores têm de desenvolver itens para atender às novas demandas. O que nós ve-rificamos, infelizmente, é que muitos produtos novos são lançados to-dos os dias, mas a maio-ria é apenas similar aos líderes de venda, nunca

muito diferentes ou realmente considerados inovadores.”

Inovação foi o tema da APAS. Participaram do maior evento mun-dial do setor mais de 70 mil empre-sários e executivos de todo o Brasil e da América Latina, além de 550 expositores. A expectativa é movi-

mentar R$ 5 bilhões em negó-cios este ano.

DISPARADAmaIs valIosas

Pesquisa “As Marcas Mais Va-liosas do Brasil em 2011”, re-alizada pela Istoé Dinheiro

em parceria com a BrandAnalytics/Millward Brown reflete a pujança da economia brasileira em 2010, que cresceu 7,5%. Os setores beneficia-dos diretamente pela expansão do consumo registraram as maiores al-tas, chegando à valorização de 315%. Puxadas pela nova classe média, as 50 maiores grifes nacionais ganha-ram força e atingiram o valor inédi-to de R$ 135 bilhões. Entre as dez primeiras colocadas estão Sadia e Perdigão, marcas da BRF.

Ambas as marcas são amplamente reconhecidas graças ao relacionamen-to de confiança estabelecido com o

consumidor. Em alimentos, o destaque ficou por conta da Sadia, que de 2010 para cá valorizou quase 150%.

O ranking de valor de marca integra os dados de

mercado – como conheci-mento, preferência por uma marca, satisfação e lealdade

– com dados financeiros, ou seja, valor dos ativos tangí-

veis, rentabilidade e liquidez das operações.

22 BRASIL FOODS

ACONTECE

LANÇAMENTOScardápIo rEforçado

Três novos produtos estão à disposição do consumidor. A linha Meu Menu ampliou seu portfólio com dois novo sabores: Nhoque à Bolonhesa e Polenta Cremosa com Molho de Tomate e Carne.

Todos os produtos recebem cuidados especiais em sua fabricação, o que garante o sabor de comida caseira. As porções são desenvolvidas em embalagens de 350 g. Na linha Pizza da Perdigão, a novidade é o sa-bor Portuguesa. Um dos preferidos dos consumidores, veio para compor um leque de oito sabores diferentes.

ESTAÇÃO DIGITALmatrIculE-sE

Estão abertas as matrículas para as novas turmas do curso básico de informática ministrado pela Estação Digital, em Bom Conselho, no agreste meridional de Pernambuco. Ao contrário do que foi pu-

blicado anteriormente pela revista BRF, a cidade não é a mais carente da região, sendo considerada bacia leiteira do Estado e referência turística incluída no circuito do forró de Pernambuco. A implantação da estação de inclusão digital faz parte da política de desenvolvimento sustentável da BRF. São formadas duas turmas por ano, num total de 240 jovens e adultos capacitados para competir no mercado de trabalho. As aulas começam em agosto e têm duração de quatro meses.

ESTRELASENtrE as mIl

A BRF está entre as 1.000 empre-sas listadas pela revista norte--americana Forbes em sua tra-

dicional lista das maiores do mundo. No total, 37 brasileiras estão entre as 2.000 maiores. O destaque ficou por conta da Petrobras, em oitavo lugar e a primeira brasileira a figurar no se-leto grupo das “Top 10”. Trata-se de mais um sinal de como a economia global vem mudando desde o início da crise. Anteriormente, a maioria era ligada ao setor financeiro americano ou europeu. Para realizar sua avalia-ção, a Forbes faz uma combinação de dados, como faturamento, lucro, ativos e valor de mercado.