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Como Construir a Petição Inicial
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Quem é o médico anestesiologista
Há diferença entre médico anestesista e
anestesiologista?
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Segundo pesquisas no dicionário Aurélio, anestesista é o
técnico de enfermagem treinado para ministrar anestésicos
sob supervisão de um anestesiologista. É importante
observar que, enquanto na palavra anestesista, tem-se
apenas o elemento “anestesia” mais um sufixo -ista,
“anestesiologia”, além do elemento “anestesia”, tem-se o
elemento “logia”, que significa estudo, ciência, tratado. Então,
o mais apropriado é chamar de anestesiologista o
profissional dessa especialidade.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
O médico anestesiologista é um especialista,
e sua atividade profissional é regida pela
Resolução CFM n. 1.802/2006
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
É dever do anestesiologista conhecer
antecipadamente as condições clínicas do
paciente, cabendo-lhe decidir da
conveniência ou não da prática do ato
anestésico, de modo soberano e
intransferível.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Não há subordinação entre o médico
anestesiologista e o médico cirurgião.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Não há culpa “in elegendo” do cirurgião,
visto que ele não escolhe o médico
anestesiologista.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
ERRO MÉDICO. Ação de indenização por danos estéticos
e morais. Cirurgia oftalmológica. Complicações inerentes
ao procedimento anestésico. Iatrogenia.
Responsabilidade do anestesista que é de meio e não de
resultado. Prova pericial que conclui pela inexistência de
culpa médica e de nexo de causalidade entre o
procedimento anestésico e a cegueira do olho direito do
autor. Ausência de obrigação de indenizar. Ação
improcedente. Sentença mantida. RECURSO
DESPROVIDO. (Relator(a): Alexandre Marcondes;
Comarca: Jacareí; Órgão julgador: 3ª Câmara de Direito
Privado; Data do julgamento: 29/11/2016; Data de
registro: 02/12/2016)
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Para conduzir as anestesias gerais ou
regionais com segurança, o anestesiologista
deve manter vigilância permanente a seu
paciente.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
A documentação mínima dos
procedimentos anestésicos deverá incluir
obrigatoriamente informações relativas à
avaliação e prescrição pré-anestésicas,
evolução clínica e tratamento intra e pós-
anestésico, conforme dispõe o Anexo I da
resolução.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
A resolução considera ato atentatório à
ética médica a realização simultânea de
anestesias em pacientes distintos, pelo
mesmo profissional.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Conclui a resolução que, para a prática
da anestesia, deve o médico
anestesiologista avaliar previamente as
condições de segurança do ambiente,
somente praticando o ato anestésico,
quando asseguradas as condições mínimas
para a sua realização.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
O médico anestesiologista responde pelos
atos de negligência e imprudência causados
durante o procedimento anestésico.
Pergunta: a responsabilidade do médico
anestesiologista é de meio ou de resultado?
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Convém ressaltar que se aplica de forma diferente a
inversão do ônus da prova, quando se trata de
obrigação de meio e obrigação de resultado. Na
obrigação de meio, a prova da culpa médica
(negligência, imperícia ou imprudência), incumbe ao
paciente/vítima. Se não conseguir provar, o pedido de
indenização será julgado improcedente.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
No que diz respeito à obrigação de resultado, é o
médico ao qual se atribuiu o dever de obter certa
finalidade, que não foi obtida, quem deva provar o caso
fortuito, culpa exclusiva da vítima, culpa de terceiro,
ausência de nexo de causalidade etc. Assim, nas
obrigações de meio a responsabilidade será subjetiva e,
nas de resultado, objetiva, presumindo-se a culpa do
médico em face do não lograr êxito em atingir o objetivo
estabelecido.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
O choque anafilático, também conhecido como
anafilaxia, é uma reação alérgica grave que surge
poucos segundos, ou minutos, após estar em
contato com uma substância a que se tem alergia,
como camarão, veneno de abelha ou alguns
medicamentos.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
O paciente foi internado no Hospital Todos
Salvos para se submeter a uma cirurgia torácica.
Durante o procedimento cirúrgico, o paciente teve
um choque anafilático e faleceu na mesa de cirurgia.
Ficou comprovado o erro do médico
anestesiologista por meio de perícia. Convém
ressaltar que era casado e tinha um filho. A esposa
não trabalha. Proponha a ação competente,
requerendo o que de direito.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
1. Endereçamento
2. Qualificação
3. Exposição do fato e dos fundamentos
jurídicos do pedido
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
II – DO DIREITO
• Artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal
• Artigos 189, 927 e 948 do Código Civil
• Art. 14, § 4º, do CDC
• Artigos 6º, incisos VI e VIII, do CDC
• Art. 1º da Resolução CFM n° 1.802/2006
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Citação doutrinária:
“Em suma, a escolha da modalidade adequada de anestesia, dos
equipamentos, a ausência de defeitos na aparelhagem (mamômetros,
monitores, oxímetros), o típo, quantidade e dosagem das drogas
anestésicas, o monitoramento ininterrupto – com permanência contínua na
sala de cirurgia e não realização de anestesias simultâneas, o domínio das
técnicas de reanimação – tudo isso constitui obrigação contratual do
anestesiologista. Provado que o profissional negligenciou essa conduta – e
daí adveio o dano – responderá civilmente por seu ato.” (NETO KFOURI,
Miguel. Responsabilidade civil dos hospitais: código civil e código de
defesa do consumidor. São Paulo : RT, 2010, p. 149)
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
REsp 86450/MG – STJ
2/3 – salário-mínimo em relação à vítima
maior
2/3 – salário-mínimo em relação à vítima
menor até completar 25 anos; após 25 anos
até os 65 anos 1/3.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS EM
VIRTUDE DE ERRO MÉDICO. AGRAVO RETIDO. AUSÊNCIA DE
REQUERIMENTO PARA SUA ANÁLISE. RECURSO NÃO CONHECIDO.
APELAÇÃO CÍVEL. CHOQUE ANAFILÁTICO OCASIONADO PELA
APLICAÇÃO DE MEDICAMENTO CONTRA-INDICADO PARA
PACIENTES COM ALERGIA À PENICILINA. NEGLIGÊNCIA DO MÉDICO
CARACTERIZADA. FACULTATIVO QUE, NA OCASIÃO DA ANAMNESE,
DEVERIA TER INVESTIGADO A EXISTÊNCIA DE REAÇÕES
ALÉRGICAS. BULA DO MEDICAMENTO QUE TRAZ ADVERTÊNCIA
EXPRESSA ACERCA DA POSSIBILIDADE DE HIPERSENSIBILIDADE
CRUZADA. EVENTO QUE NÃO PODE SER TIDO COMO IMPREVISÍVEL.
NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA DO MÉDICO E O DANO
CONFIGURADO. DEVER DE INDENIZAR RECONHECIDO. SENTENÇA
REFORMADA. DANOS MATERIAIS CONSUBSTANCIADOS NAS
DESPESAS COM INTERNAÇÃO E TRATAMENTO. DANO MORAL
DECORRENTE DO SOFRIMENTO E FRUSTRAÇÃO EXPERIMENTADOS
PELO PACIENTE.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
"(...) Age com negligência o médico que, em
atendimento emergencial em hospital público,
receita medicamento ao paciente sem questionar,
quando da realização da anamnese, a existência de
anterior reação alérgica ao composto, causando-lhe
a morte por choque anafilático. (...)" (TJSC, Apelação
Cível n. 1997.011957-7, de Joinville, rel. Des. Silveira
Lenzi, j. 15-02-2000). Apelação Cível n. 2012.069084-
4, de Criciúma – Tribunal de Justiça de Santa
Catarina.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
III – DOS PEDIDOS
Isto posto, requer a Vossa Excelência que se digne de, nos termos do
art. 300 do CPC, conceder a tutela de urgência “inaudita altera parte”
a fim de compelir os réus a pagar de forma solidária o valor de R$
5.000,00 (cinco mil reais) a favor da autora a título de pensão mensal,
bem como, ao final da demanda, condená-los a pagar a quantia de R$
300.000,00 (trezentos mil reais) a título de indenização por danos
morais, além das custas, despesas processuais e honorários
advocatícios, tudo devidamente atualizado.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
A autora, nos termos do artigo 319, inciso VII, doCódigo de Processo Civil, informa Vossa Excelência deque não opta pela realização da audiência deconciliação ou mediação, requerendo a citação dosréus, nos termos dos artigos 246, inciso I, 247, caput,e 248 do Código de Processo Civil, ou no caso das réspessoas jurídicas, por meio do cadastro nos sistemasde processo em autos eletrônicos, nos termos doartigo 246, § 1º, do mesmo Codex, a fim deapresentarem defesa sob pena de revelia e sob penade estabilização da tutela antecipada concedida, o quedesde já se requer nos termos do artigo 304,combinado com o artigo 303, § 6º, do Código deProcesso Civil.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Requer também a Vossa Excelência que se digne de
determinar segredo de justiça nestes autos do
processo, nos termos do artigo 189, inciso III, do
Código de Processo Civil, porque a autora juntou
cópia do prontuário médico do de cujus, e, segundo
o artigo 1º, da Resolução CFM n. 1.6238/2002, é
documento sigiloso.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
Protesta provar o alegado por todos os
meios de prova admitidos em direito,
especialmente pelo depoimento pessoal do
réu, sob pena de confissão, oitiva das
testemunhas, juntada de novos documentos
e outras provas que se fizerem necessárias
para o deslinde da demanda.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA
DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 300.000,00 (trezentos
mil reais) para efeitos fiscais.
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA