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* Este documento reflete a opinião da Comissão de Comunicação e de Mercado de Capitais do IBGC, e não necessariamente a do instituto.
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COMISSÃO DE COMUNICAÇÃO E DE MERCADO DE CAPITAIS – IBGC
Relatório do Auditor: Os Impactos no Conselho de Administração das
Mudanças Ocorridas
10 de outubro de 2017
Redatores: Anna Guimarães, Clóvis Antonio Pereira Pinto, José Antonio de Almeida
Filippo
1. INTRODUÇÃO
Ao longo do tempo, a expectativa dos usuários em relação ao conteúdo do
relatório do auditor sobre as demonstrações financeiras das companhias tem se
incrementado. Estudos relacionados com esse tema foram efetuados pela Federação
Internacional de Contabilidade (IFAC, na sigla em inglês), para identificar essas
expectativas e suas causas, resultando em um novo padrão de relatório do auditor
independente, o qual foi aprovado internacionalmente e passou a ser aplicável também
no Brasil, para auditoria de demonstrações financeiras para períodos que se encerraram
a partir de 31 de dezembro de 2016.
Como órgão de governança, o conselho de administração, assessorado pelo
comitê de auditoria, quando existente, deve contratar os auditores, acompanhar os
trabalhos realizados por eles e interagir no contexto das suas conclusões e relatório
decorrente. Consequentemente, é esperado um relacionamento próximo desse órgão
com os auditores no decorrer de todo o ano, desde as etapas de planejamento e
desenvolvimento dos trabalhos de auditoria, até a emissão final de seu relatório.
Com o novo relatório do auditor, é previsto que deverá ocorrer uma maior série
de interações entre o auditor e os órgãos de governança durante todo o processo de
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auditoria. Portanto, não deve ser subestimado o tempo necessário para a discussão do
relatório no novo formato, pois, como veremos a seguir, os assuntos a serem debatidos
são relevantes e poderão provocar alterações em procedimentos adotados pela
companhia, inclusive no tocante às divulgações nas demonstrações financeiras.
A avaliação dessas mudanças e seus reflexos nas demonstrações financeiras
também deverão demandar mais tempo dos auditores independentes para as
discussões com o conselho fiscal.
Deixar essa tarefa apenas para o final do processo de auditoria potencialmente
poderá causar atrasos no processo de emissão das demonstrações financeiras.
2. POR QUE MUDOU?
Como indicado, a demanda dos usuários do relatório do auditor tem se
incrementado nos últimos anos. Particularmente, devido aos efeitos da crise financeira
de 2008 (que teve início nos Estados Unidos e cujos efeitos foram sentidos no mundo
todo durante anos), maior atenção dos leitores tem sido dada às informações
divulgadas, notadamente às questões que possam ser de maior sensibilidade e causar
impactos importantes nas demonstrações financeiras.
Paralelamente, as práticas contábeis adotadas na elaboração das demonstrações
financeiras vêm, também, sofrendo modificações significativas ao longo do tempo e,
dependendo do segmento de negócio, apondo fatores críticos de julgamento em sua
elaboração, que podem afetar significativamente os resultados e a posição patrimonial.
As alterações no novo relatório do auditor buscam gerar melhorias, mediante:
a) Informações sobre as questões que, de acordo com o julgamento do auditor,
foram as mais relevantes na auditoria das demonstrações financeiras,
trazendo uma descrição das principais áreas de foco da auditoria;
b) Introdução de uma declaração explícita sobre a independência do auditor; e
c) Reestruturação do relatório de modo a apresentar, em primeiro lugar, a
opinião da auditoria e, em seguida, as informações específicas da entidade.
* Este documento reflete a opinião da Comissão de Comunicação e de Mercado de Capitais do IBGC, e não necessariamente a do instituto.
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3. O QUE MUDOU NO RELATÓRIO DO AUDITOR?
No Brasil, as Normas Brasileiras de Contabilidade de Auditoria Independente
(NBC-TA) convergem do International Standards on Auditing (ISAs), emitidas pelo IFAC.
Em reunião plenária de junho de 2016, os conselheiros do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) aprovaram as seis primeiras normas que compõem as NBC-TA,
chamado de “novo relatório do auditor independente”(NRA), as quais foram publicadas
pelo CFC no Diário Oficial da União (DOU) de 4 de julho de 2016, e passaram a ser
aplicáveis nas auditorias de demonstrações financeiras para períodos que se encerraram
a partir de 31 de dezembro de 2016. No caso de revisões ou auditorias intermediárias
(exemplo: informações trimestrais), não houve mudanças nas correspondentes normas
e, assim, o relatório não contém alterações.
As novas normas trouxeram, como principal mudança no relatório de auditoria,
uma nova seção denominada Key Audit Matters (Principais Assuntos de Auditoria –
PAA), a qual é aplicável na auditoria de companhias listadas. Para os temas abordados
pelo auditor como PAA em seu relatório, é recomendável que a administração divulgue
nas notas explicativas às demonstrações financeiras a política contábil correspondente,
proporcionando aos leitores do relatório uma visão holística do assunto: a visão da
administração (na nota explicativa) e a visão do auditor (no relatório do auditor) A
norma de auditoria requer que o auditor inclua, em seu relatório, uma explicação do
motivo pelo qual o assunto foi considerado um dos mais significativos na auditoria e
como ele foi tratado em seu trabalho.
Além da seção de principais assuntos de auditoria, outras demandas também
foram atendidas pelo IFAC, relacionadas a: (i) melhor detalhamento das
responsabilidades do auditor e da administração na elaboração das demonstrações
financeiras, incluindo o tema de continuidade operacional das entidades; e (ii) a inclusão
de uma declaração explícita sobre a independência do auditor em relação à entidade
auditada.
Com essas alterações da norma, o relatório passou a ter a seguinte ordem de
apresentação de temas:
a) a Opinião passou a ser apresentada na primeira seção;
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b) em seguida, a seção que contém a Base para a opinião, incluindo a declaração
afirmativa sobre a independência do auditor e cumprimento das
responsabilidades éticas relevantes com o Código de Ética Profissional do
Contador;
c) para auditorias de entidades listadas, a inclusão de uma nova seção para
comunicar os Principais Assuntos de Auditoria (PAA);
d) quando aplicável, as seções de Ênfase (como no caso de incerteza significativa
da continuidade operacional da companhia) e de Outros assuntos (como é o caso
da descrição dos trabalhos realizados e correspondente conclusão sobre a
demonstração do valor adicionado, nas companhias listadas, por esta não fazer
parte integrante do conjunto que forma as demonstrações financeiras, segundo
estabelece a legislação societária brasileira e as IFRS, tratando-se de uma
informação suplementar requerida pela Comissão de Valores Mobiliários [CVM]
para as companhias listadas);
e) a seção de Outras Informações que acompanham as demonstrações
financeiras, que descreve os trabalhos que o auditor executou em relação a
informações que contêm ou acompanham as demonstrações financeiras (como
é o caso do relatório da administração, nas companhias listadas);
f) a seção que indica as responsabilidades da administração e da governança
pelas demonstrações financeiras, incluindo a afirmação de que efetuou a
avaliação da capacidade de a companhia continuar operando e as conclusões;
g) a seção que indica as responsabilidades do auditor pela auditoria conduzida
sobre essas demonstrações financeiras, bem como descrição dos principais
procedimentos e a sua conclusão sobre a adequação do uso, pela administração,
da base contábil de continuidade operacional.
A descrição dos PAA (item c) só se aplica, atualmente, à auditoria de
demonstrações contábeis de entidades listadas, sendo facultativa às demais. Contudo,
o IFAC estabeleceu um grupo de trabalho para avaliar a aplicação dos PAA nos relatórios
do auditor que serão emitidos no decorrer do período de dois anos e, em paralelo,
também avaliar a aplicação obrigatória a todas as sociedades.
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4. VISÃO GERAL DO NOVO RELATÓRIO DO AUDITOR
escrição
Opinião – Sem alteração de conteúdo. Parágrafo transferido do fim para o início
do relatório.
Base da opinião – Inclui nova afirmação sobre a independência do auditor.
Principais assuntos de auditoria – Nova seção requerida para auditoria de
empresas listadas, mas pode ser voluntariamente divulgada pelas demais empresas.
Outras informações – Nova seção descrevendo a responsabilidade do auditor
sobre as “outras informações” que acompanham as demonstrações financeiras (por
exemplo: relatório da administração) e o resultado dos procedimentos aplicados sobre
elas.
Responsabilidades da administração – Responsabilidade expandida para incluir
explicação sobre a responsabilidade da administração em relação à continuidade
operacional.
Responsabilidades do auditor – Descrição mais abrangente das
responsabilidades e procedimentos realizados pelo auditor, inclusive com relação à
continuidade operacional.
5. O QUE SÃO PRINCIPAIS ASSUNTOS DE AUDITORIA (PAA)?
Os principais assuntos de auditoria são aqueles que, de acordo com o julgamento
profissional do auditor, foram os mais relevantes na auditoria das demonstrações
financeiras no período atual. Na prática, são aqueles assuntos sobre os quais o auditor
necessita maior reflexão e análise julgamental para certificar-se de que estão
adequadamente refletidos nas demonstrações financeiras.
Através da seção dos PAA, que descreve o enfoque dado ao longo de seu
trabalho, o auditor fornece aos usuários esclarecimentos sobre assuntos que, segundo
seu julgamento, foram os mais significativos na auditoria das demonstrações
financeiras. As descrições efetuadas pelo auditor poderão demonstrar mais claramente
que ele usa uma abordagem baseada em risco. Também, poderá ajudar os usuários a
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obter melhor entendimento sobre áreas que envolveram julgamento significativo da
administração nas demonstrações financeiras e sobre como o auditor obteve evidência
de auditoria apropriada e suficiente, através da descrição de como os principais assuntos
de auditoria foram tratados.
Os assuntos mais significativos são selecionados a partir do julgamento do
auditor, levando em consideração os assuntos comunicados ao conselho de
administração (ou ao comitê de auditoria, quando instalado) ou aos responsáveis pela
governança.
Para termos melhor visão dos PAA que estão sendo incluídos no novo relatório
do auditor, apresentamos a seguir dois gráficos relacionados com estudos realizados em
ambientes distintos.
Com a divulgação do primeiro ano de demonstrações contábeis auditadas de
entidades com ações negociadas na BM&FBovespa (atualmente B3) ou mercado de
balcão equivalente, contemplando o novo relatório do auditor, o Ibracon analisou a
seção dos PAA apresentados nos relatórios de 546 companhias abertas que
arquivaram os relatórios dos auditores independentes no site da CVM de 01.01.2017 a
31.03.2017, incluindo mais de cem das maiores empresas listadas na bolsa, a fim de
obter um diagnóstico dos assuntos de maior importância identificados pelos auditores
independentes durante o período objeto de auditoria. Foram identificados 1.329 PAA
(média de 2,43 PAA por companhia), cuja frequência de assuntos abordados está
representada no gráfico a seguir:
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Fonte: Ibracon
O estudo efetuado pelo Ibracon também apresentou as seguintes considerações
como resultado do trabalho realizado:
Linguagem está mais acessível e deve tornar mais eficiente a comunicação com
investidores, credores e reguladores;
Apresentação está mais detalhada e revela a complexidade para a elaboração
do novo relatório do auditor;
Análise ressaltou o foco do auditor independente em áreas com maior risco e
subjetividade de análise;
Evidência da atenção dos auditores independentes com a continuidade
operacional do negócio, refletindo o momento da crise econômica, tendo sido
tema de destaque em quase 1/5 dos relatórios (18%);
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32% dos relatórios de auditoria apresentaram PAA relacionado a valor
recuperável de ativos não financeiros (impairment), pois o assunto envolve
premissas e cálculos que têm elevado nível de julgamento;
Receita foi o segundo PAA mais contemplado nos relatórios, na maioria dos
casos contemplando preocupações em relação as especificidades dos contratos
e ou de segmentos; e
Contingências também foi um assunto bem abordado por conta de diferentes
interpretações fiscais, pelo nível de ações trabalhistas e pela subjetividade e
dependência também de terceiros na determinação das estimativas de perdas.
O segundo gráfico demonstra o percentual de PAA endereçados no novo
relatório do auditor de companhias do Reino Unido no primeiro ano de sua
implementação, comparado com o segundo ano de adoção:
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Fonte: Financial Reporting Council (FRC) – United Kingdon – Extended Audit Report (utilizando uma
amostra de 278 companhias)
A exemplo do identificado no ambiente brasileiro, o tema de valor recuperável
de ativos (o qual inclui o goodwill) também foi o que apresentou maior frequência, pois
o assunto envolve premissas e cálculos que têm elevado nível de julgamento. Por outro
lado, o tema de continuidade operacional do negócio (going concern) não foi
significativo nas companhias do Reino Unido.
Reconhecimento de receita e impostos (no caso brasileiro incluído no tema de
contingências) também foram, respectivamente, o segundo e o terceiro principais
temas abordados.
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Quando comparamos o segundo ano de adoção com o primeiro, identificamos
os seguintes comportamentos:
Assuntos que requerem maior nível de julgamento na adoção das políticas
contábeis, como a avaliação de impairment de goodwill e outros ativos e a
interpretação e aplicação da legislação tributária, tiveram maior presença no
primeiro ano de implementação e também foram os temas mais relevantes no
segundo ano;
Queda significativa na menção dos riscos mandatórios pelas normas de
auditoria, relacionados com (i) fraude no reconhecimento de receitas; e (ii)
administração passar por cima dos controles existentes para a realização de
operações. Isso é reflexo do encorajamento dos auditores de expressarem
aqueles riscos que efetivamente tiveram maior impacto no planejamento da
estratégia para execução dos trabalhos de auditoria e não a lista completa de
riscos abordados nos trabalhos de auditoria;
Incremento da inclusão de riscos relacionados com o reconhecimento de receita
(não especificamente relacionado com fraude), aquisições, vendas e itens
excepcionais.
Redução da menção de temas de impairment de ativos não relacionados com
goodwill.
6. COMO OS AUDITORES DESCREVEM OS PAA EM SEU RELATÓRIO?
Os auditores utilizam os seguintes princípios orientadores para o conteúdo dessa
seção nos relatórios de auditoria:
a) Contextualização sucinta e balanceada para permitir que os usuários
entendam por que o assunto foi considerado como de maior relevância,
relacionando-o às circunstâncias específicas da companhia auditada, evitando
utilizar uma linguagem padronizada ou genérica;
b) Se existe divulgação sobre o assunto nas demonstrações financeiras, fazendo
referência a estas no relatório;
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c) Como o assunto foi abordado na auditoria;
d) Descrição dos aspectos mais significativos da resposta de auditoria, incluindo
um resumo dos procedimentos de auditoria realizados;
e) Pode incluir uma indicação do resultado dos procedimentos ou quaisquer
observações importantes sem, contudo, emitir opinião separada para o tema
em específico.
,
As normas de auditoria reconhecem que, em circunstâncias extremamente
raras, podem existir situações (em relação a assuntos sensíveis) nas quais o auditor não
seria obrigado a divulgar um assunto, especificamente:
• caso não permitido por lei ou regulamentação; ou
• excepcionalmente, quando as consequências adversas da divulgação pública de um
assunto possam, em um grau razoável, exceder os benefícios do interesse público.
Com relação à divulgação sobre o assunto nas demonstrações financeiras, a
administração deve atentar para que ela seja a fonte de informação primária ao
mercado sobre informações, operações e demais fatos ocorridos (relevantes ou não) na
companhia e/ou que a afete indiretamente, principalmente quando este é mencionado
no novo relatório do auditor.
Os assuntos que são mais relevantes em uma auditoria em geral diferem em grau
e natureza de uma entidade para a outra. As melhores descrições são aquelas realizadas
especificamente para o assunto da companhia, em específico, de acordo com a auditoria
da entidade. Uma redação “padrão” e descrições genéricas para companhias,
pertencentes ou não a um mesmo segmento de mercado, não são encorajadas pelas
normas de auditoria.
O auditor deve descrevê-los com clareza, sendo preciso sobre qual é a área de
foco, articulando, de forma apropriada, a razão pela qual esse assunto foi considerado
relevante na auditoria e como foi abordado.
7. O QUE AFETA NO RELACIONAMENTO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO OU DO COMITÊ
DE AUDITORIA COM OS AUDITORES?
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No exercício da governança corporativa, os temas tratados muitas vezes são
subjetivos, implicando estimativas complexas e julgamento relevante quanto à questão
abordada, o que demanda capacidade de avaliação e conhecimento específico para
adequada fundamentação da decisão tomada.
Como observamos nos gráficos que demonstram o percentual de PAA
endereçados no novo relatório do auditor, os temas que requereram maior julgamento
da administração na elaboração das demonstrações financeiras (avaliação de
impairment de goodwill e de outros intangíveis, bem como constituição de provisões)
foram os mais presentes na seção do novo relatório do auditor que trata dos PAA.
Os assuntos mais relevantes de auditoria a serem incluídos no relatório do
auditor, como visto no tópico anterior, são determinados pelo próprio auditor a partir
dos assuntos comunicados aos responsáveis pela governança corporativa.
Consequentemente, não são esperados “assuntos de última hora”, por ocasião da
apresentação e discussão do relatório do auditor sobre as demonstrações financeiras, a
menos que tenham ocorrido fatos novos entre as reuniões prévias mantidas durante o
exercício pelos responsáveis pela governança com os auditores e a reunião de
apresentação do relatório e do resultado da fase final dos trabalhos de auditoria. Dessa
forma, discussões preliminares com os auditores são importantes para que haja o
entendimento dos temas e da forma como os trabalhos de auditoria serão conduzidos
e reportados no relatório do auditor. Consequentemente, nas discussões prévias com o
auditor, é fortemente recomendável que haja adequado alinhamento de expectativas
entre este e a administração.
Importante enfatizar que não ocorreram alterações nos documentos emitidos
pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) sobre a elaboração das
demonstrações financeiras. Entretanto, por ocasião da apreciação das demonstrações
financeiras, o conselho de administração deve avaliar se os assuntos reportados como
PAA no relatório do auditor estão adequadamente divulgados nas demonstrações
financeiras, uma vez que a administração é a fonte primária de informação ao mercado
sobre informações, operações e demais fatos ocorridos (relevantes ou não) na
companhia e/ou que a afete indiretamente, principalmente quando este é mencionado
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no novo relatório do auditor. Adicionalmente, esse procedimento permite uma visão
holística aos usuários das demonstrações financeiras: a visão dos auditores e da
administração sobre esses temas.
O novo relatório do auditor é um importante passo de aprimoramento das
informações sobre o processo de auditoria das demonstrações financeiras às partes
interessadas (stakeholders) e, por conseguinte, da informação disponível para análise e
tomada de decisões pelos usuários. Certamente a adoção neste primeiro ano ensejará
uma relação profícua para o mercado em geral seguir interagindo na melhoria geral da
transparência e da prestação de contas, promovendo assim uma melhoria nos processos
de governança das entidades.