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Desindustrialização : commodities já representam 71% das exportações Do Valor Econômico - 29 de junho de 2011  As commodities rep resentaram 71% do valo r total exportado pelo B rasil no acumulado de janei ro a maio deste ano. No mesmo período do ano passado a participação das commodities foi de 67%.  As vendas ao exterior desse tipo de prod uto avançaram e m ritmo mais acelerado do q ue as de manufaturados. Nos primeiros cinco meses do ano, a exportação de commodities cresceu 39,1% em relação a igual período de 2010, enquanto os embarques de m anufaturados subiram 15,1%. O cálculo é da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e não considera somente as commodities classificadas pelo Ministério do Desenvolvimento (Mdic) entre os básicos. Ela leva em consideração também as commodities classificadas como semimanufaturado s e t ambém as que, em razão de incorporarem alguma industrialização, estão enquadrados nas estatísticas oficiais como manufaturados. Entre as commodities industrializadas estão açúcar refinado, combustíveis, café solúvel, alumínio em barras, entre outros. "Isso significa que temos 71% de nossas exportações baseadas em commodities. Ou seja, em produtos cujos preços não controlamos", diz José Augusto de Castro, presidente em exercício da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Ele lembra que o avanço dos produtos primários na pauta de exportação brasileira se intensificou desde 2009. Naquele ano, a fatia das commodities nas vendas ao exterior era de 65,6%. No ano passado todo, foi de 69%. O aumento de participação do total das commodities foi influenciado, principalmente, pelo avanço dos produtos mais básicos, cujas exportações subiram 45,6% de janeiro a maio de 2011, na comparação com o mesmo período do ano passado.  As commodities b eneficiadas e as industrializadas, classificad as pelo Mdic entre o s semimanufaturados e manufaturados tiveram, respectiva mente, crescimento de 30,9% e 20,5% - ainda um ritmo mais acelerado que o dos produtos manufaturados de maior valor agregado, que tiveram aumento de 15,1%. Enquanto os produtos primários avançam nos embarques brasileiros, diz Rogério César de Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), a balança comercial de manufaturados no Brasil vem acumulando déficits cada vez maiores. De acordo com levantamento do Iedi, no primeiro trimestre do ano passado a indústria brasileira de manufaturados teve déficit de US$ 7,5 bilhões. O saldo negativo saltou para US$ 10 bilhões nos primeiros três meses de 2011. No acumulado do ano passado, o déficit chegou a US$ 35 bilhões. "Para este ano estimamos que esse valor ultrapasse os US$ 50 bilhões." O que explica o avanço das commodities foi basicamente preço, diz Castro. No acumulado de janeiro a m aio, o valor exportado em minério de ferro cresceu 107,3% em relação aos primeiros cinco meses do ano passado. No período, o volume exportado cresceu 4,49% enquanto o preço subiu 98,4%. A soja exportada aumentou 22,7% em valores. De novo, foi o preço quem comandou o crescimento, com alta de 30,7%, enquanto o volume embarcado caiu 6,2%. Os preços dos produtos primários, lembra Souza, não seguem apenas o movimento de oferta e demanda. "Esses preços são pressionados também pelo mercado secundário, que pode buscar outros ativos mais rentáveis a qualquer momento", diz ele. Para castro, "há ainda uma grande liquidez no mundo, embora os preços das commodities nos últimos meses tenham mostrado que há uma certa saturação nesses mercados". Em termos de demanda, lembra Castro, a exportação brasileira de commodities está fortemente baseada no crescimento econômico da China. Se houver desaceleração do crescimento chinês o impacto na demanda será global e isso contribuirá para reduzir mais r apidamente o valor das exportações brasileiras do que o das importações, diz Souza. A volatilidade de preços das commodities é muito alta e tem efeitos imediatos, explica o economista do Iedi. Já os preços dos manufaturados, que representam 80% da importação brasileira, diz Castro, vão demorar a sentir o recuo. "Os manufaturados têm contratos fechados por prazos mais longos e há maior f idelidade ao fornecedor." Castro lembra ainda que alguns mercados importantes de manufaturados brasileiros, como os países da  América do Sul, têm ec onomia atualmente impul sionada por u m motor semelhante ao brasile iro: a exportação de commodities. "Caindo a capacidade de exportação desses países, haverá também menor demanda para importação, o que afeta as vendas brasileiras de manufaturados ao exterior."

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    Desindustrializao: commodities j representam 71% das exportaesDo Valor Econmico - 29 de junho de 2011

    As commodities representaram 71% do valor total exportado pelo Brasil no acumulado de janeiro a maio desteano. No mesmo perodo do ano passado a participao das commodities foi de 67%.

    As vendas ao exterior desse tipo de produto avanaram em ritmo mais acelerado do que as demanufaturados. Nos primeiros cinco meses do ano, a exportao de commodities cresceu 39,1% em relaoa igual perodo de 2010, enquanto os embarques de manufaturados subiram 15,1%.

    O clculo da Associao de Comrcio Exterior do Brasil (AEB) e no considera somente as commoditiesclassificadas pelo Ministrio do Desenvolvimento (Mdic) entre os bsicos.

    Ela leva em considerao tambm as commodities classificadas como semimanufaturados e tambm as que,em razo de incorporarem alguma industrializao, esto enquadrados nas estatsticas oficiais comomanufaturados. Entre as commodities industrializadas esto acar refinado, combustveis, caf solvel,alumnio em barras, entre outros.

    "Isso significa que temos 71% de nossas exportaes baseadas em commodities. Ou seja, em produtos cujospreos no controlamos", diz Jos Augusto de Castro, presidente em exerccio da Associao de ComrcioExterior do Brasil (AEB).

    Ele lembra que o avano dos produtos primrios na pauta de exportao brasileira se intensificou desde 2009.Naquele ano, a fatia das commodities nas vendas ao exterior era de 65,6%. No ano passado todo, foi de 69%.

    O aumento de participao do total das commodities foi influenciado, principalmente, pelo avano dosprodutos mais bsicos, cujas exportaes subiram 45,6% de janeiro a maio de 2011, na comparao com omesmo perodo do ano passado.

    As commodities beneficiadas e as industrializadas, classificadas pelo Mdic entre os semimanufaturados emanufaturados tiveram, respectivamente, crescimento de 30,9% e 20,5% - ainda um ritmo mais acelerado queo dos produtos manufaturados de maior valor agregado, que tiveram aumento de 15,1%.

    Enquanto os produtos primrios avanam nos embarques brasileiros, diz Rogrio Csar de Souza,economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indstria (Iedi), a balana comercial demanufaturados no Brasil vem acumulando dficits cada vez maiores.

    De acordo com levantamento do Iedi, no primeiro trimestre do ano passado a indstria brasileira demanufaturados teve dficit de US$ 7,5 bilhes. O saldo negativo saltou para US$ 10 bilhes nos primeiros trsmeses de 2011. No acumulado do ano passado, o dficit chegou a US$ 35 bilhes. "Para este ano estimamos

    que esse valor ultrapasse os US$ 50 bilhes."O que explica o avano das commodities foi basicamente preo, diz Castro. No acumulado de janeiro a maio,o valor exportado em minrio de ferro cresceu 107,3% em relao aos primeiros cinco meses do anopassado. No perodo, o volume exportado cresceu 4,49% enquanto o preo subiu 98,4%. A soja exportadaaumentou 22,7% em valores. De novo, foi o preo quem comandou o crescimento, com alta de 30,7%,enquanto o volume embarcado caiu 6,2%.

    Os preos dos produtos primrios, lembra Souza, no seguem apenas o movimento de oferta e demanda."Esses preos so pressionados tambm pelo mercado secundrio, que pode buscar outros ativos maisrentveis a qualquer momento", diz ele. Para castro, "h ainda uma grande liquidez no mundo, embora ospreos das commodities nos ltimos meses tenham mostrado que h uma certa saturao nesses mercados".

    Em termos de demanda, lembra Castro, a exportao brasileira de commodities est fortemente baseada nocrescimento econmico da China. Se houver desacelerao do crescimento chins o impacto na demandaser global e isso contribuir para reduzir mais rapidamente o valor das exportaes brasileiras do que o dasimportaes, diz Souza. A volatilidade de preos das commodities muito alta e tem efeitos imediatos, explicao economista do Iedi.

    J os preos dos manufaturados, que representam 80% da importao brasileira, diz Castro, vo demorar asentir o recuo. "Os manufaturados tm contratos fechados por prazos mais longos e h maior fidelidade aofornecedor."

    Castro lembra ainda que alguns mercados importantes de manufaturados brasileiros, como os pases daAmrica do Sul, tm economia atualmente impulsionada por um motor semelhante ao brasileiro: a exportaode commodities. "Caindo a capacidade de exportao desses pases, haver tambm menor demanda paraimportao, o que afeta as vendas brasileiras de manufaturados ao exterior."

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    O resultado para o Brasil pode ser uma reduo de supervit ou gerao de dficit, com os efeitos resultantesnas contas fiscais e eventualmente na inflao.

    Castro acredita, porm, que o atual cenrio deve ser mantido pelo menos at o fim de 2011. Importantesprodutos na pauta brasileira de commodities, como a soja, por exemplo, diz, j foram vendidas.

    "Os contratos foram fechados, com preos j definidos. O gro s no foi entregue", diz. O minrio de ferro,outro item primrio importante, j est com o preo para o terceiro trimestre definido. "O quarto trimestre aindaest em aberto, mas deve manter patamar de preo semelhante ao atual, a menos que haja alguma mudanarepentina no mercado externo."

    http://www.mst.org.br/node/12064

    Sexta, 20 de Maio de 2011, s 16:17

    A fora dos pases emergentes na economia mundialO potencial econmico desses pases pode transform-los nas quatro economias dominantes do

    mundo, at 2050.

    ComCincia/Labjor/Carolina Octaviano/DICYT

    Em 2001, o economista Jim ONeil, chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro GoldmanSachs, realizou o estudo Building Better Global Economic Brics (Construindo uma melhor

    economomia global Brics, em traduo livre), em que se destacaram os pases que compem o bloco(Brasil, Rssia, ndia, China e, desde meados de abril, tambm a frica do Sul), devido ao papel dedestaque que apresentam no cenrio mundial, por conta do rpido desenvolvimento de suas economias. Deacordo com a pesquisa, o potencial econmico desses pases pode transform-los nas quatro economiasdominantes do mundo, at 2050 (a avaliao foi feita antes do ingresso da frica do Sul no bloco).

    Entretanto, cada um deles apresenta uma trajetria distinta, podendo ser agrupados somente pelo termoemergentes. De acordo com Rubens Sawaya, professor do departamento de Economia da PontifciaUniversidade Catlica (PUC) de So Paulo, o nico elemento comum que so pases que conseguiramdesenvolver certa estrutura industrial. Mesmo assim, essas estruturas so bastante distintas e foramconstrudas em pocas diferentes. Em termos de polticas econmicas, todos usaram as tradicionais

    polticas econmicas: cmbio desvalorizado, poltica fiscal expansionista e poltica de crdito abundante. Agrande diferena a estratgia que cada um adotou em seu processo de industrializao, afirma.

    Alm de serem pases em desenvolvimento, importante notar que todos eles possuem uma grandeextenso territorial, abundncia em recursos minerais e mo de obra (por conta do tamanho de suas

    populaes). Alm disso, todos tm o Estado como indutor e promotor do desenvolvimento industrial demaneira bastante expressiva nos ltimos cinquenta anos, apesar da China ser comunista, a Rssia j tersido socialista e ndia e Brasil serem capitalistas. Outro ponto em comum a abertura econmica

    promovida por eles na dcada de 90. Nesse processo de emergncia, cada um desses pases vai ocupandoum certo espao na diviso internacional do trabalho, com a China e a ndia ocupando um espao grandena economia mundial na produo de bens manufaturados e servios, e o Brasil se especializando como

    produtor de commodities minerais e agrcolas, corrobora Luis Antonio Paulino, doutor em Cincias

    Econmicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor de economia da UniversidadeEstadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Marlia.

    A trajetria desses pases, com exceo da Rssia, que poca da Guerra Fria j era uma grande potnciamilitar e industrial e que, com o fim da Unio Sovitica retrocedeu em seu status internacional de grande

    potncia, os outros pases apresentam uma trajetria bastante parecida de luta para superar osubdesenvolvimento e a pobreza crnica por meio de polticas de industrializao com uma participaomuita ativa do Estado, num modelo mais ou menos parecido de nacional-desenvolvimentismo, apontaPaulino, que no v diferena entre os termos emergente e em desenvolvimento para designar osBrics. So apenas rtulos que no mudam o fato substancial de que so todos pases em desenvolvimento,

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    lutando para ocupar um lugar de maior destaque no cenrio poltico e econmico mundial neste incio desculo XXI, confirma.

    Brasil, Rssia, ndia e China apresentam grandes mercados internos a serem explorados, pois a populaosomada dos Brics representa, atualmente, 41% de todo planeta. Entretanto, na opinio de Sawaya, estesegmento do mercado brasileiro j est consolidado, ao contrrio do que acontece na China e na ndia. correto (afirmar que h um grande mercado interno) no caso da China e da ndia, onde esto entrando

    bilhes de pessoas que estavam fora. No caso do Brasil, menos. Nosso mercado j est ocupado. No Brasil,apenas polticas de crescimento econmico, com distribuio de renda, poderiam ampliar a ascenso dasclasses mais baixas. A China j est fazendo isso, agora de forma mais acelerada por conta da criseinternacional, compara.

    Na China e na ndia tambm h misria e uma classe mdia emergente, assim como no Brasil. Conformeafirma Paulino, o consumo interno nesses pases tem um papel importante, pois d sustentao para ocrescimento do Produto Interno Bruto (PIB). No Brasil isso j uma realidade, pois dois teros do PIB formado pelo consumo das famlias. Na China, o consumo das famlias ainda baixo e o que sustenta ocrescimento so o investimento e as exportaes, confirma. J para Sawaya, visvel o investimento parao pas se tornar lder nos diversos setores, principalmente naqueles de elevada tecnologia, enquanto a ndiatenta ir alm do setor de servios para a tecnologia da informao, e desenvolver melhor sua indstria emquinas para promover um crescimento mais autnomo. A Rssia um caso diferente. Aps as polticas

    neoliberais que quase destruram por completo sua economia nos ltimos anos, retomou em parte ocontrole de modo a promover uma modernizao industrial, explica.

    No caso do Brasil, busca-se o desenvolvimento exportando minrio de ferro e soja. O pesquisador recordaainda que, para a China, o Brasil exporta somente commodities e que esses produtos tm adquirido espaoe importncia na pauta econmica do resto do mundo. Para ele, a economia brasileira est sereprimarizando, por causa da grande concorrncia com outro pas do Brics. Exportamos hojemanufaturados para a Amrica Latina. J fomos grandes exportadores de calados para o mundo (h dezanos), mas a China tomou nosso mercado e muitas fbricas fecharam, e plos de produo de caladosforam desativados. J tivemos 60% de nossa pauta de exportao em produtos industrializados, reduzidahoje para 40%, por conta da concorrncia com a China, confirma.

    Segundo Sawaya, a recente insero da frica do Sul ao bloco no deve trazer grandes mudanas para aeconomia do Brasil e para a dinmica dos Brics, entretanto, pode ser interessante para ampliar a exportaode manufaturados brasileiros para aquele pas. O resultado depende de como a China ir se comportarcom relao frica do Sul. O fato que est muito desigual a troca comercial entre os Brics por conta do

    peso da China em produtos industrializados, setor que ela vem gradativamente dominado, relata.

    O sistema fiscal e a inflao nos Brics

    Outro ponto de divergncia entre os BRICs est na carga estrutura fiscal de cada pas. A considerar asdiferenas na carga tributria de se supor que a estrutura de gasto seja tambm bastante diferente, apontaPaulino. A carga fiscal da Rssia, China e ndia, gira em torno de 25% do PIB. No Brasil , esse ndice de36%. Em relao inflao, assim como ela tem aumentado no mundo todo, no Bric este fenmeno

    tambm ocorre. No Brasil, na China, na Rssia e na ndia, o ndice inflacionrio est no limite de 6%, 5%,9,1% e 8,3%, respectivamente. Enquanto no Brasil, o Banco Central usa os mecanismos tradicionais de

    poltica monetria para controlar a inflao, ou seja, taxa de juros, na China eles controlam a capacidadedos bancos comerciais criarem moeda por meio do aumento dos depsitos compulsrios sobre os depsitos vista. Eles tambm esto subindo a taxa de juros, mas muito menos que o Brasil, analisa Paulino.

    China e Brasil se aproximam comercialmente

    No ltimo dia 11 de abril, a presidente Dilma visitou Pequim, na China, com o intuito de estreitar os laoscomerciais entre os dois pases. Vale salientar que mesmo antes dessa visita, a China j era o maior

    parceiro comercial do Brasil, com intercmbio de US$ 56 bilhes em 2010, representando crescimento de

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    52,7% em relao a 2009. O encontro foi marcado pelo anncio de que os chineses abriro, pela primeiravez, seu mercado para a exportao de carne suna brasileira, alm do investimento de US$ 300 milhes,

    pela companhia de telefonia e internet Huawei a maior do pas , para construir um instituto de pesquisae tecnologia em Campinas (SP).

    Estamos nos tornando novamente dependentes de tecnologia e produtos industrializados de alto valoragregado. Damos em troca produtos primrios de baixo valor, que produzimos com tecnologia avanadaimportada. Eles possuem uma estratgia de pas hegemnico. Se ns fizermos acordos e negociaes semestratgia de longo prazo, como eles fazem (de 15 anos), vamos trocar a dependncia que tivemos dosEUA por outra, da China, alerta Sawaya. J Paulino enxerga a visita de um modo mais positivo. A visitacertamente fortaleceu os laos econmicos e polticos entre os dois pases. De imediato houve o annciodo governo chins de comprar os avies da Embraer e abrir o mercado chins para a carne suna do Brasil.

    No longo prazo certamente os resultados sero positivos porque a China um ator do comrciointernacional que veio para ficar.

    http://www.dicyt.com/noticia/a-forca-dos-paises-emergentes-na-economia-mundial

    A desindustrializao do BrasilPosted by Eduardo Guimares on 28/04/11

    O sonho que o Brasil est sonhando quase

    unanimemente de se tornar uma potncia industrializada,

    um pas mais justo e sem misria, factvel. Essa quase

    totalidade dos brasileiros tem razes para sonhar.

    Todavia, h uma barreira que separa este povo de seu

    sonho. invisvel para quase todos, mas est l. E uma

    hora aparecer.

    Por suas dimenses continentais, pelas massas humanas

    que abriga em seu territrio imenso e rico em recursos

    naturais como poucos, o Brasil precisa atingir um patamarde desenvolvimento que, apesar de a maioria no saber,

    vai ficando cada vez mais distante. Um pas como este

    no pode almejar se tornar o que almeja se no se industrializar.

    Pode at se tornar um pas de qualidade de vida mdia aceitvel, mas, se no se industrializar, continuar sendo

    uma nao secundria. Com peso econmico, sim, porm sem condies de, pelo seu gigantismo, ocupar a

    posio que merece no concerto das naes.

    A circunstncia da economia brasileira nica na histria. No lhe falta dinheiro, recursos naturais, posio

    estratgica no cenrio mundial, mas lhe falta uma estratgia de desenvolvimento. E por falta dela que a indstria

    brasileira est morrendo. O Brasil est se desindustrializando.

    O comrcio exterior denuncia a real posio brasileira no mundo. Hoje, cerca de 70% do que o Brasil vende aoexterior so produtos bsicos gros, minrios, petrleo. O resto so produtos manufaturados e

    semimanufaturados. Essa relao j foi de meio a meio. Nos ltimos anos, foi se desequilibrando. E a situao s

    tende a piorar.

    A, algum dir que, apesar de o Brasil estar caminhando para se tornar quase que exclusivamente um exportador

    de commodities (produtos bsicos), fabrica de tudo e pode vender internamente, em seu vastssimo mercado

    interno, assim como fez durante a crise econmica internacional de 2008/2009, quando o mundo parou.

    No bem assim. A situao de nossa indstria manufatureira no mercado internacional reflete a sua debilidade, a

    sua incapacidade de competir com a produo dos outros pases industrializados. E o que impede que a indstria

    brasileira seja dizimada pela competio externa so barreiras alfandegrias, pura e simplesmente.

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    Para os leigos: o Brasil cobra exorbitantes impostos de importao que encarecem os produtos industrializados

    estrangeiros, muito mais baratos. Ou seja: como uma pessoa que s conseguisse levar a sua vida normalmente

    base de drogas. Todavia, essa droga alfandegria ir perdendo o efeito.

    Manter o mercado interno brasileiro protegido da importao de produtos fabricados no exterior e que poderiam ser

    vendidos por aqui, em certos casos, por um tero dos preos praticados pela indstria nacional, uma medida que

    no pode ser mantida indefinidamente.

    A Organizao Mundial do Comrcio (OMC), a grosso modo, regula o comrcio internacional e dirime divergncias

    entre os pases por conta daquelas barreiras alfandegrias. E rege os cronogramas de desonerao dasimportaes com os quais os pases se comprometem.

    certo que h muita importao de tecnologia manufatureira. Mquinas e equipamentos entram sem parar no pas

    de forma a modernizarem a indstria nacional. Contudo, nem toda a modernizao possvel e imaginvel do parque

    industrial brasileiro ser capaz prover condies de impedir o desaparecimento de indstrias.

    No haver mquinas e equipamentos modernos que podero dar conta de superar uma moeda que se valoriza

    como nenhuma outra e que vai fazendo dos produtos industrializados brasileiros os mais caros do mundo. E a

    valorizao do real deve prosseguir porque ajuda a combater um mal que todos os governos julgam prioridade

    combater.

    Estamos vivendo um processo de recrudescimento da inflao. Porm, ao contrrio do que dizem aqueles

    brasileiros que torcem para o pas ir mal porque querem que os conservadores voltem ao poder na esteira dadesgraa nacional, a inflao temporria. O algoz da indstria verde-amarela tratar de faz-la baixar. Quem

    esse algoz? O cmbio.

    Eis o problema do pas. Como o Brasil precisa exportar e no consegue vender produtos industrializados ao

    exterior, ampara-se nos produtos bsicos supramencionados. Dessa exportao de matrias-primas decorre a

    entrada massiva de dlares no pas. E, dela, a valorizao do real.

    Com o mercado interno encharcado de dlares, cai o preo da moeda americana. Caindo, o produto manufaturado

    brasileiro se torna mais caro. E, cedo ou tarde, o similar estrangeiro ter que entrar ainda mais do que j vem

    entrando. Ento, o problema no s o comrcio exterior.

    Neste momento, devido s barreiras alfandegrias ainda possvel a indstria brasileira se manter diante da

    estrangeira. A economia superaquecida gera uma demanda por produtos de tal ordem que cede espao para queprodutos caros subsistam. Com o tempo, porm, essa vantagem deve desaparecer. O mundo caminha para

    derrubar as barreiras tarifrias.

    Proximamente, com o pr-sal fazendo jorrar dlares esse petrleo destinar-se- exclusivamente exportao,

    pois o Brasil j produz tudo de que precisa , o percentual de manufaturados na pauta de exportaes deve

    diminuir ainda mais e o real cada vez mais valorizado continuar encarecendo os industrializados brasileiros.

    No comeo, sero as pequenas indstrias. Depois, as mdias. Por fim, as grandes perdero o interesse em

    produzir no Brasil. Muitas, sobretudo as pequenas, quebraro por falta de mercado.

    Um projeto de pas passa no s por impedir que a sua indstria se torne meramente decorativa diminuta e

    localizada em nichos , mas por industrializ-lo cada vez mais. O que se pode perceber, porm, que nem

    governo, nem oposio sabem como operar esse milagre.Tudo isso que vai acima, Jos Serra disse durante a eleio do ano passado. Porm, no apresentou solues.

    Todos sabem qual o problema, mas ningum sabe como resolver. No valeria a pena eleger algum to

    incompetente que s sabe apontar problemas, mas desconhece solues.

    E ningum sabe o que fazer, porque cada medida mais efetiva ameaa gerar um efeito colateral. a sndrome do

    cobertor curto.

    Desonerao drstica de impostos das exportaes seria considerada subsdio pela OMC, prtica comercial

    desleal; taxar a entrada de dlares especulativos do mercado financeiro no est sendo suficiente porque a maior

    entrada de dlares vem de exportaes e de investimentos. Finalmente, dlar barato ajuda a combater a inflao.

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    O governo, nas palavras do ministro Guido Mantega, acredita que quando os pases ricos se recuperarem

    economicamente iro aumentar juros e atividade econmica e, a, voltaro a atrair o vagalho de dlares que

    engolfa o Brasil. Ou seja, acredita que tudo se resolver sozinho. Esquece que o petrleo exportvel compensar

    tal efeito.

    Essa a verdade. No se pode ignorar esses fatos e este blogueiro no tem nem vontade, nem o direito de faz-lo.

    http://www.blogdacidadania.com.br/2011/04/a-desindustrializacao-do-brasil/

    Edio do dia 03/05/2013

    03/05/2013 22h00 - Atualizado em 03/05/2013 22h00

    Desequilbrio entre importaes e exportaes do Brasil preocupaO desempenho fraco da indstria brasileira nas vendas para o exterior foi um dos motivos de a balana comercial

    brasileira ter fechado os quatro primeiros meses do ano no vermelho.

    O desempenho fraco da indstria brasileira nas vendaspara o exterior foi um dos motivos de a balanacomercial brasileira ter fechado os quatro primeirosmeses do ano no vermelho.

    Est longe de ser o melhor comeo de ano, mas oscontratos aumentaram. Reflexo da economiabrasileira, que apresenta sinais de recuperao.

    Uma indstria de So Paulo fabrica tornos, quasetodos para o mercado interno. H dez anos, 30% iam

    para exportao. Agora, nem 10%.

    O cmbio teve uma grande influncia nisso. Hoje,com essa situao do real, em relao ao dlar e em relao ao euro, recebemos muito poucos reais paraexportao, isso dificulta as negociaes, explica o industrial Andreas Meister.

    O caso dessa indstria um bom exemplo para explicar o que acontece com a balana comercial. De um

    lado, a economia melhorou nos quatro primeiros meses de 2013 e foi preciso importar mais peas ecomponentes para fabricar as mquinas nacionais. Por outro lado, est mais difcil vender equipamentospara clientes em outros pases. O resultado geral um saldo negativo na balana.

    No ano, a balana est no vermelho em US$ 6,1 bilhes, o maior dficit j registrado nesse perodo. Dejaneiro a abril do ano passado, houve supervit de US$ 3,3 bilhes.

    Este ano, o Brasil j importou US$ 77 bilhes. Quase 9% mais do que 2012. E exportou US$ 71 bilhes,uma queda de 4%.

    Estamos vendendo menos, principalmente produtos industrializados, para alguns dos nossos principaisparceiros, como Estados Unidos, Unio Europia e Amrica Latina.

    Parte do saldo negativo vem da compra de gasolina que a Petrobrs fez 2012, mas que o governo decidiu s

    contabilizar esse ano.Foram US$ 4,5 bilhes. Mesmo descontando esse valor, a balana ainda estaria no vermelho. Analistas de

    bancos e indstrias j revisam para baixo as projees para a balana comercial deste ano. Mesmo sabendoque a partir desse ms, o campo deve pesar para o lado positivo da balana.

    Voc tem um escoamento de safra agrcola que vai ocorrer ao longo dos prximos meses. O saldo negativovai se reverter ao longo dos prximos meses e vai ficar positivo, avalia o economista Juan Jensen.

    http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/05/desequilibrio-entre-importacoes-e-exportacoes-do-brasil-preocupa.html