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  • 7/21/2019 Comentarios Sobre Os Metadados

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    TEMPO EM

    CURSO

    Publicao eletrnica mensal sobre as desigualdadesde cor ou raa e gnero no mercado de trabalho

    metropolitano brasileiro

    Ano III; Vol. 3; n 12, Dezembro, 2011

    (A varivel cor nas estatsticas do Ministrio do Trabalhoe Emprego, Parte I, comentrios sobre os metadados)

    ISSN 21773955

  • 7/21/2019 Comentarios Sobre Os Metadados

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    2TEMPO EM CURSOAno III; Vol. 3; n 12, Dezembro, 2011

    1. Apresentao

    2. Evoluo do rendimento habitual mdio do trabalho principal

    Sumrio

    1. Apresentao

    2. Evoluo do rendimento habitual mdio do trabalho

    principal3. Evoluo da taxa de desemprego

    4. A varivel cor nas estatsticas do Ministrio do

    Trabalho e Emprego (MTE), comentrios sobre os

    metadados

    1. Apresentao

    Com o presente nmero, est se dando a 26 edio

    do boletim eletrnico Tempo em Curso. Os indica-

    dores que formam esta publicao se baseiam nos

    microdados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME),divulgados, mensalmente, pelo Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica (IBGE) em seu portal (www.ibge.

    gov.br), e tabulados pelo LAESERno banco de dados

    Tempo em Curso.

    O Tempo em Curso se dedica anlise da evoluo

    do rendimento mdio habitualmente recebido no

    trabalho principal e da taxa de desemprego nas seis

    maiores Regies Metropolitanas brasileiras cobertas

    pela PME. Da mais ao Norte, para a mais ao Sul, estas

    RMs so as seguintes: Recife (PE), Salvador (BA), Belo

    Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), So Paulo (SP) e

    Porto Alegre (RS).

    A presente edio dialoga com a evoluo dos indica-

    dores de rendimento e desemprego dentro do inter-

    valo de tempo compreendido entre outubro de 2010

    e outubro de 2011. Estes dados foram divulgados pelo

    IBGE em dezembro, que, comumente, o faz justamente

    com dois meses de defasagem.

    O tema especial desta e das prximas edies do

    Tempo em Curso ser uma anlise de duas bases de

    dados estatsticas geradas pelo Ministrio do Traba-

    lho e Emprego (MTE): Relao Anual de Informaes

    Sociais (RAIS) e o Cadastro Geral de Empregados e De-

    sempregados (CAGED).

    Em 1999, o MTE incorporou a varivel cor ou raa s

    estatsticas da RAIS e do CAGED, porm, somente as

    liberando para o pblico, mediante pedido especial, a

    partir do ano de 2008. Desde 2009, o LAESERpassoua ter acesso quelas informaes, passando a trat-

    las sistematicamente a partir do ano de 2010. A partir

    deste momento, foram gerados pequenos relatrios de

    pesquisa, alm de um trabalho, desenvolvido e apre-

    sentado por um estudante de graduao em Cincias

    Econmicas do IE, na XXXIII Jornada Giulio Massarani

    de Iniciao Cientfica, Artstica e Cultural da UFRJ, rea-

    lizada em outubro de 2011.

    Neste nmero do Tempo em Curso, portanto, sero

    vistos os principais passos daquele esforo de anlise

    desenvolvido, j se projetando a futura incluso das

    estatsticas do MTE nas suas prximas edies.

    Na presente edio, ser feita uma comparao entre

    as estatsticas do MTE e as bases de dados produzidas

    pelo IBGE, em termos da gerao de indicadores sobre

    o mercado de trabalho. Desta forma, sero estudadas

    as metodologias de coleta de dados, o pblico cobertopor cada fonte e o modo pelo qual a varivel cor ou raa

    captada em ambos os sistemas de coletas de dados.

    Nos dois prximos nmeros do Tempo em Curso,

    dando seguimento a presente reflexo, respectivamen-

    te, sero feitos comentrios comparativos entre a RAIS

    e a PNAD, e, entre a CAGED e a PME.

    2. Evoluo do rendimento habitualmdio do trabalho principal (tabela 1)

    Em outubro de 2011, o rendimento mdio do trabalho

    principal habitualmente recebido pela Populao Eco-

    nomicamente Ativa (PEA) das seis maiores RMs brasi-

    leiras foi igual a R$ 1.612,72. Comparativamente a se-

    tembro de 2011, o indicador ficou estvel. Em relao a

    outubro de 2010, este se reduziu em 0,3%.

    O rendimento auferido pela PEA branca de ambos os

    sexos em outubro de 2011 foi de R$ 2.015,44. No mes-

    mo ms, o rendimento da PEA preta & parda de ambosos sexos foi de R$ 1.120,67.

    Na comparao com o ms anterior, o rendimento da

    PEA branca de ambos os sexos se elevou em 0,1%. J o

    rendimento da PEA preta & parda de ambos os sexos,

    no mesmo perodo, se elevou em 1,3%.

    Em relao a outubro de 2010, o rendimento da PEA

    branca de ambos os sexos se reduziu em 1,9%; en-

    quanto o rendimento da PEA preta & parda de ambos

    os sexo se elevou em 2,8%.

    Em outubro de 2011, o rendimento mdio do trabalho prin-

    cipal habitualmente recebido pela PEA branca masculina

  • 7/21/2019 Comentarios Sobre Os Metadados

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    3TEMPO EM CURSOAno III; Vol. 3; n 12, Dezembro, 2011

    2. Evoluo do rendimento habitual mdio do trabalho principal

    3. Evoluo da taxa de desemprego

    foi igual a R$ 2.325,73. Em relao a setembro, observou-

    se queda no indicador em 0,3%. Na comparao com ou-

    tubro do ano anterior, verificou-se outra reduo, de 1,9%.

    O rendimento mdio do trabalho principal habitualmen-

    te recebido pela PEA preta & parda do sexo masculino,

    em outubro de 2011, foi de R$ 1.265,81. Este valor re-

    presentou uma elevao de 0,5% em comparao com

    setembro de 2011. J comparativamente a outubro de

    2010, houve aumento de 2,2% naquele rendimento.

    Em outubro de 2011, a PEA branca do sexo feminino

    recebia um rendimento mdio habitual de R$ 1.660,89.

    Comparativamente a setembro de 2011, o indicador se

    elevou em 1,0%. Contudo, na comparao com outu-

    bro de 2010, o indicador se reduziu em 1,4%.

    O rendimento mdio do trabalho principal habitual-

    mente recebido pela PEA preta & parda feminina, em

    outubro de 2011, foi igual a R$ 936,04. Referencial-

    mente a setembro de 2011, houve aumento de 2,9%.

    Em relao a outubro do ano anterior, o indicador se

    elevou em 3,5%.

    No ms de outubro de 2011, o rendimento mdio do

    trabalho principal da PEA branca de ambos os sexos foi

    79,8% superior ao da PEA preta & parda de ambos os

    sexos. Na comparao com setembro de 2011, ocorreuuma queda das assimetrias de 2,2 pontos percentuais.

    Em relao a outubro de 2010, ocorreu uma queda de 8,7

    pontos percentuais nas desigualdades de cor ou raa.

    Em outubro de 2011, os homens brancos obtiveram

    rendimentos habituais mdios 83,7% superiores aos

    dos homens pretos & pardos. Entre setembro e outu-

    bro de 2011, ocorreu uma diminuio das desigualda-

    des de cor ou raa na ordem de 1,3 pontos percen-

    tuais. Em comparao com outubro do ano anterior,

    houve uma queda de 7,7 pontos percentuais.

    Dentre as mulheres, em outubro de 2011, as assime-

    trias de rendimento entre as trabalhadoras brancas e

    as trabalhadoras pretas & pardas ficaram em 77,4%.

    Em relao a setembro de 2011, as desigualdades de

    cor ou raa se reduziram em 3,3 pontos percentuais.

    Na comparao entre outubro de 2010 e de 2011, decli-

    naram 8,9 pontos percentuais.

    O rendimento mdio dos trabalhadores brancos dosexo masculino foi 148,5% maior do que o das tra-

    balhadoras pretas & pardas em outubro de 2011, en-

    quanto o rendimento mdio das trabalhadoras brancas

    apresentou-se 31,2% superior do que o rendimento

    dos trabalhadores pretos e pardos do sexo masculino.

    3. Evoluo da taxa de desemprego(tabela 2)

    A taxa de desemprego de outubro de 2011 para os

    residentes no conjunto das seis maiores RMs brasi-leiras foi de 5,8%. Em relao ao ms de setembro

    do mesmo ano, este indicador se reduziu em 0,2

    ponto percentual. Na comparao com outubro de

    Tabela 1. Rendimento mdio habitualmente recebido pela PEA ocupada residente nas seis maiores

    RMs, Brasil, out / 10 out / 11 (em R$, out / 11 - INPC)

    2010 2011

    Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out

    Homens Brancos 2.369,90 2.298,59 2.328,92 2.358,99 2.359,66 2.395,47 2.312,95 2.335,24 2.324,10 2.383,26 2.383,61 2.331,69 2.325,73

    Mulheres Brancas 1.685,14 1.692,95 1.630,51 1.644,12 1.643,61 1.658,57 1.650,57 1.662,58 1.656,83 1.682,86 1.675,18 1.644,05 1.660,89

    Brancos 2.054,99 2.022,13 2.007,05 2.027,01 2.032,82 2.056,98 2.008,17 2.026,91 2.016,31 2.060,83 2.056,96 2.013,39 2.015,44

    Homens Pretos &

    Pardos 1.238,21 1.252,20 1.245,74 1.242,47 1.240,15 1.218,91 1.196,34 1.210,20 1.221,84 1.253,09 1.276,87 1.259,88 1.265,81

    Mulheres Pretas

    & Pardas 904,23 896,85 908,86 911,14 896,23 887,36 884,12 881,87 882,49 905,41 927,71 909,73 936,04

    Pretos & Pardos 1.089,96 1.094,63 1.096,04 1.096,11 1.088,89 1.071,56 1.057,46 1.065,31 1.073,16 1.099,77 1.124,68 1.106,27 1.120,67

    PEA Total 1.616,88 1.603,75 1.591,91 1.599,88 1.592,47 1.600,83 1.571,86 1.590,09 1.598,62 1.634,07 1.642,75 1.612,96 1.612,72

    Nota: PEA total inclui amarelos, indgenas e cor ignorada

    Fonte: IBGE, microdados PME. Tabulao LAESER (banco de dados Tempo em Curso )

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    4TEMPO EM CURSOAno III; Vol. 3; n 12, Dezembro, 2011

    3. Evoluo da taxa de desemprego

    4. A varivel cor ou raa nas estatsticas do MTE, comentrios sobre os metadados

    2010, a queda na taxa de desemprego foi de 0,3ponto percentual.

    Para a PEA de cor ou raa branca, a taxa de desempre-

    go, em outubro de 2011, foi igual a 4,8%. Tal indicador

    foi 0,2 ponto inferior ao verificado em setembro do

    mesmo ano, e 0,4 ponto percentual menor que a taxa

    de desemprego de outubro do ano anterior.

    Na PEA de cor ou raa preta & parda, a taxa de desem-

    prego, em outubro de 2011, foi de 6,9%. Na compara-

    o com o ms anterior, este indicador observou uma

    queda de 0,4 ponto percentual. Comparativamente a

    outubro de 2010, houve outra queda no indicador da-

    quele grupo: em 0,2 ponto percentual.

    Em outubro de 2011, a taxa de desemprego dos ho-

    mens brancos foi de 3,8%. Em comparao a setembro

    do mesmo ano, notou-se queda no indicador em 0,1

    ponto percentual. Na comparao com outubro de

    2010, verificou-se uma reduo de 0,3 ponto percentual.

    Em outubro de 2011, a PEA preta & parda do sexo mas-

    culino apresentou taxa de desemprego de 5,3%. Refe-

    rencialmente a setembro do mesmo ano, houve redu-

    o de 0,3 ponto percentual. Em relao a outubro do

    ano anterior, a taxa de desemprego dos homens pretos

    & pardos tambm declinou 0,3 ponto percentual.

    A taxa de desemprego das mulheres brancas, em outubro

    de 2011, foi de 8,8%. Este indicador apresentou-se 0,5 pon-

    to percentual menor que a taxa do ms anterior, e 0,6 pon-

    to percentual inferior ao verificado em outubro de 2010.

    As trabalhadoras pretas & pardas experimentaram em

    outubro de 2011 a maior taxa de desemprego dentre

    todos os grupos de cor ou raa e sexo analisados:8,8%. Tal valor relativo, porm, representou uma queda

    de 0,5 ponto percentual na comparao com setembro

    anterior, e de 0,6 ponto percentual, comparativamente

    ao verificado em outubro de 2010.

    4. A varivel cor ou raa nas estatsticasdo MTE, comentrios sobre os metadados

    4.a. O que diferencia fontes de dados estatsti-

    cos do MTE e do IBGE?

    As estatsticas do MTE so baseadas em registros ad-

    ministrativos obrigatoriamente prestados a este rgo

    pelas empresas cadastradas junto ao Cadastro Nacio-

    nal de Pessoas Jurdicas (CNPJ). O CAGED foi criado em

    1965, pela Lei n 4923, e a RAIS, dez anos depois, em

    1975, pela Lei n 76.900.

    Em ambos os registros, o objetivo o fornecer ao

    Governo Federal informaes sobre o movimento do

    mercado de trabalho formal, tendo em vista a gesto dereceitas e despesas de determinados fundos, tal como

    o Fundo de Garantia por Tempo de Servio (FGTS), o Pro-

    grama de Integrao Social e o Programa de Formao

    do Patrimnio do Servidor Pblico (PIS-PASEP) e o Fundo

    de Amparo ao Trabalhador (FAT), neste ltimo caso, por

    conta de programas como o Seguro Desemprego e o

    Abono Salarial. Naturalmente, estas informaes tam-

    bm so importantes, tanto para as autoridades, como

    para os pesquisadores, que, assim, contam com uma

    preciosa fonte de informaes sobre o movimento e

    dinmica do mercado de trabalho formal do pas.

    As peculiaridades das estatsticas do MTE, comparativa-

    mente s estatsticas de mercado de trabalho do IBGE,

    Tabela 2. Taxa de desemprego da PEA residente nas seis maiores RMs, Brasil,out / 10 out / 11 (em % da PEA)

    2010 2011

    Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set OutHomens Brancos

    4,1 3,8 3,5 4,4 4,6 4,4 4,3 4,2 4,4 4,1 4,1 3,9 3,8Mulheres Brancas 6,4 5,8 5,5 5,9 6,4 6,8 6,9 6,8 6,4 6,3 6,3 6,2 6,0

    Brancos 5,2 4,7 4,4 5,1 5,4 5,5 5,5 5,4 5,3 5,1 5,1 5,0 4,8

    Homens Pretos & Pardos 5,3 4,9 4,7 5,2 5,7 5,7 5,8 5,8 5,6 5,5 5,3 5,6 5,3

    Mulheres Pretas & Pardas 9,4 9,3 8,2 9,4 9,5 9,8 9,4 9,5 9,2 9,1 9,3 9,3 8,8

    Pretos & Pardos 7,1 6,9 6,3 7,1 7,4 7,6 7,5 7,5 7,2 7,1 7,1 7,3 6,9

    PEA Total 6,1 5,7 5,3 6,1 6,4 6,5 6,4 6,4 6,2 6,0 6,0 6,0 5,8

    Nota: PEA total inclui amarelos, indgenas e cor ignoradaFonte: IBGE, microdados PME. Tabulao LAESER (banco de dados Tempo em Curso)

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    5TEMPO EM CURSOAno III; Vol. 3; n 12, Dezembro, 2011

    4. A varivel cor ou raa nas estatsticas do MTE, comentrios sobre os metadados

    dizem respeito ao menos aos seguintes aspectos1:

    i) A fonte das informaes so as empresas que

    com periodicidade anual (RAIS) e mensal (CAGED),

    enviam para este Ministrio, dados sobre o estoquede empregados, movimento de contrataes e de-

    misses e correspondentes informaes socioeco-

    nmicas (salrio, escolaridade, ocupao etc). Veja

    que, no caso da PNAD, a fonte dos indicadores o

    entrevistado de uma dada unidade domiciliar, que

    declara suas informaes e de seus familiares;

    ii) As estatsticas sobre o mercado de trabalho do

    IBGE so amostrais, ao passo que as do MTE so

    formadas por cadastros administrativos. Como,

    teoricamente, esta ltima fonte deveria ser alimen-

    tada pelo universo das empresas com CNPJ, tantoa RAIS como a CAGED cobrem, ou deveriam cobrir,

    a totalidade dos empregados e trabalhadores for-

    malmente registrados, constituindo, assim, uma

    espcie de censo do mercado de trabalho formal

    do pas. No caso das pesquisas domiciliares de na-

    tureza probabilstica, os indicadores esto sujeitos a

    problemas estatsticos derivado de alguma eventual

    baixa densidade amostral (proporcionalmente baixo

    nmero de entrevistados impedindo que o registro

    possa ser considerado cientificamente vlido). No

    caso dos cadastros administrativos, o problema

    para a qualidade da informao pode vir a ser o da

    subnotificao dos registros;

    iii) As estatsticas do MTE cobrem apenas os

    trabalhadores registrados formalmente junto s

    empresas nas quais so empregados ou ocupa-

    dos (caso dos trabalhadores autnomos, ou seja,

    donos da prpria empresa, e que, na ausncia de

    empregados, emitem a RAIS negativa). No caso

    das fontes do IBGE, as informaes coletadas, por

    serem domiciliares, alm dos vinculados s empre-sas registradas legalmente, tambm englobam os

    trabalhadores de empreendimentos econmicos

    que, ou no tm registro legal (trabalhadores por

    conta-prpria e empregadores nesta condio),

    ou que no contratam seus funcionrios atravs

    de relaes contratuais formais, tal como o caso

    do emprego sem carteira de trabalho (Carteira de

    Trabalho e Previdncia Social CTPS), os ocupados

    no remunerados, isso alm do trabalho de pes-

    soas com idade inferior a 14 anos de idade, que

    opera por definio s margens dos marcos legais.

    Por este motivo, as estatsticas do IBGE conseguem

    captar de forma mais apropriada informaes de

    determinados setores de atividade especialmentesujeitos a menores nveis de formalizao como,

    por exemplo: o emprego domstico; os trabalha-

    dores agrcolas; a indstria da construo civil; e o

    trabalho infanto-juvenil;

    iv) Embora as estatsticas do MTE coletem algumas

    informaes econmicas provenientes das empre-

    sas (classe de tamanho segundo nmero de empre-

    gados, setor de atividade econmica, valor da folha

    de pagamento), aquelas informaes no cobrem

    os indicadores socioeconmicos dos empregadores

    e donos do prprio negcio (mesmo quando fazemdeclarao de RAIS negativa). J as estatsticas do

    IBGE, ao menos teoricamente, coletam informaes

    socioeconmicas dos empregadores de qualquer

    tipo de classe de tamanho de estabelecimento e

    dos trabalhadores por conta-prpria, incluindo os

    que trabalham com scios;

    v) De forma semelhante ao item acima, segundo o

    Manual de orientao da RAIS, as estatsticas do

    MTE no registram informaes sobre as seguintes

    categorias ocupacionais: i) diretores sem vnculo

    empregatcio para os quais no recolhido FGTS;

    ii) trabalhadores eventuais; iii) ocupantes de cargos

    eletivos (governadores, deputados, prefeitos, vere-

    adores, etc), a partir da data da posse, desde que

    no tenham feito opo pelos vencimentos do r-

    go de origem; iv) estagirios regidos pela Portaria

    MTPS n 1.002, de 29 de setembro de 1967, e pela

    Lei n 11.788, de 25 de setembro de 2008; v) empre-

    gados domsticos regidos pela Lei n 11.324/2006;

    e vi) cooperados ou cooperativados. Por sua vez,

    as estatsticas domiciliares do IBGE podem cobrirtodas estas situaes;

    vi) Nas estatsticas do MTE e do IBGE existem dife-

    rentes modos de se captar a categoria de rendimen-

    to do trabalho. No caso do MTE, grosso modo, pode-

    se sublinhar que o indicador captado vem a ser o

    salrio (ou ordenado, vencimento, soldo, etc) rece-

    bido pelo empregado, alm de outros 26 diferentes

    tipos de remuneraes salariais que so computa-

    das enquanto rendimento mensal (auxlios, ajuda de

    1.As principais referncias para esta parte do texto foram: Manual de orientao da RAIS (ano base 2010). In http://www.mte.gov.br/rais/Manual_RAIS_2010.pdf. Manual de orientao da CAGED (2010) In http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A2E7311D1012F97F628ED4E2C/Manual_CAGED_2010_versaoACI10.pdf.NEGRI, Joo; CASTRO, Paulo; SOUZA, Natalia & ARBACHE, Jorge (2001) Mercado formal de trabalho: comparao entre os microdados da RAIS e da PNAD. Bras-lia: IPEA (texto para discusso n 840).

  • 7/21/2019 Comentarios Sobre Os Metadados

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    6TEMPO EM CURSOAno III; Vol. 3; n 12, Dezembro, 2011

    4. A varivel cor ou raa nas estatsticas do MTE, comentrios sobre os metadados

    custo, verba de representao, etc). Contudo, nestas

    fontes, quando o mesmo empregado tiver mais de

    um emprego, praticamente impossvel mensurar o

    somatrio dos seus rendimentos, que sero compu-

    tados como se fossem de trabalhadores diferentes.Esse problema, alm de corresponder a uma dupla

    ou tripla contagem no nmero de empregados, igual-

    mente torna infactvel que se capte os rendimentos

    do trabalho das posies ocupacionais dos trabalha-

    dores empregados sem CTPS assinada, dos conta-

    prpria e dos empregadores.

    vii) No caso do IBGE, como seria de esperar,

    tambm possvel captar o salrio dos empregados

    do setor formal, incluindo outras modalidades de

    remunerao pagas pelo empregador. Mas devido

    ao modo pelo qual a informao captada, aquelasmodalidades so mais resumidas, fundamental-

    mente seis: remunerao em benefcios, alimen-

    tao, moradia, transporte, auxlio educao,

    auxlio sade ou reabilitao. Por outro lado, ao

    partir das fontes do IBGE, ao contrrio das do MTE,

    consegue-se captar o somatrio dos rendimentos

    de diferentes ocupaes de um mesmo trabalha-

    dor, alm de ser possvel computar o rendimento

    derivado do emprego sem CTPS e das retiradas de

    empreendimentos nos quais o trabalhador seja pro-

    prietrio, na condio de autnomo ou na condio

    de empregador. De qualquer forma, vale salientar

    que tambm no interior das fontes do IBGE igual-

    mente existem diferenas (entre a PME e a PNAD,

    por exemplo) no modo de coleta das informaes

    sobre rendimento do trabalho.

    No que tange comparao entre as estatsticas do

    IBGE e do MTE, h de se mencionar ainda as diferentes

    formas de classificao ocupacionais e de atividades

    econmicas. A primeira forma, a Classificao Brasi-leira de Ocupaes (CBO), e a segunda, a Classificao

    Nacional de Atividades Econmicas (CNAE).

    Apesar da primeira, CBO, datar de 1977, at o ano

    2000, tal metodologia era utilizada somente pela ad-

    ministrao pblica. O IBGE, at ento, adotava uma

    classificao prpria de ocupaes, elaborada com

    base na Classificao de Ocupaes do Programa de

    Censos da Amrica (COTA). A partir da segunda me-

    tade dos anos 1990, houve um esforo por parte das

    distintas instituies governamentais de uniformizao

    de ambos os sistemas.

    No ano 2000, com a realizao do Censo, foi definida

    uma CBO unificada, contudo ainda provisria. Em 2002,

    finalmente, foi instituda a Comisso Nacional de Classifi-

    cao (CONCLA) que concluiu o trabalho de harmoniza-

    o da CBO, com aproximadamente 10 Grandes Grupos,

    47 Subgrupos principais, 192 Subgrupos e 596 Grupos de

    base ou famlias ocupacionais. A CBO-2002, desde ento

    vem sendo utilizada pelo MTE e o conjunto da adminis-

    trao pblica2. Todavia, devido s diferentes formas de

    coleta das informaes estatsticas tal como verificadoacima o IBGE, na coleta de informaes demogrficas

    (tal como o caso da PNAD e da PME), passou a aplicar

    uma CBO adaptada (CBO-Domiciliar), que abriga algumas

    nuances em relao CBO-20023.

    Situao semelhante ocorreu com a Classificao Nacio-

    nal de Atividades Econmicas (CNAE). Na verdade, ape-

    sar de esforos anteriores, somente na dcada de 1990

    o Brasil conseguiu concluir a codificao dos diferentes

    setores de atividades econmicas, que, porm, igualmen-

    te era usado apenas pela administrao pblica e com

    finalidade primordialmente fiscal. J os sistemas estatsti-

    cos seguiam tendo uma codificao prpria.

    Do mesmo modo que a CBO, a partir de meados dos

    anos 1990, houve um esforo de compatibilizao dos

    cdigos de atividades econmicas entre a administrao

    pblica e os rgos produtores de dados estatsticos. No

    ano de 1994 se chegou a uma primeira verso da CNAE.

    Em 2000, se chegou numa CNAE domiciliar aplicada no

    Censo demogrfico daquele ano. Em 2002, se definiu aCNAE 1.0. No ano de 2006, finalmente, o CONCLA alcan-

    ou concluso da CNAE 2.0, tal como vem sendo pau-

    latinamente utilizada pela administrao pblica e o MTE,

    at sua adoo definitiva, no ano de 2012.

    Em seus cinco nveis, a CNAE 2.0 formada por 21

    Sees; 87 Divises; 285 Grupos; 673 Classes; e 1.301

    2.A nova verso da CBO tomou como referncia a ltima verso da International Statistical Classification of Occupations ISCO-88 (Clasificacin Internacional

    Uniforme de Ocupaciones CIUO-88). Para aprofundamento destas informaes, ver seguintes portais:i) http://www.ibge.gov.br/concla/cronologia/ante_cbo.php;ii) http://www.ibge.gov.br/concla/classocupacoes/classocupacoes.phpiii) http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/saibaMais.jsf3.Um detalhamento das diferenas entre a CBO-2002 e a CBO-Domiciliar pode ser vista no link http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/sipd/oita-vo_forum/COD.pdf

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    7/11

    7TEMPO EM CURSOAno III; Vol. 3; n 12, Dezembro, 2011

    4. A varivel cor ou raa nas estatsticas do MTE, comentrios sobre os metadados

    Subclasses. Porm, do mesmo modo e pelos mesmos

    motivos que a CBO, atualmente o IBGE, nas pesquisas

    demogrficas, segue aplicando uma CNAE-Domiciliar4.

    A estrutura adaptada para as pesquisas domiciliares

    mantm os nveis de seo e diviso (inclusive os cdi-gos) da CNAE 2.0, exceto pela agregao das divises 51

    e 52. No nvel seguinte, a CNAE-Domiciliar reagrupa os

    Grupos onde o detalhamento da atividade mostrou-se

    imprprio para aplicao nas pesquisas domiciliares5.

    Desta forma, pode-se perceber que as fontes de dados

    estatsticos do MTE e do IBGE no utilizam as mesmas

    formas de coleta das informaes, no cobrem o mes-

    mo tipo de populao, podem coletar o mesmo tipo de

    dados de maneira distinta e apresentam ligeiras nuan-

    ces na CBO e na CNEA.

    Evidentemente, no seria apropriado se questionar qual

    seria a melhor fonte para os estudos sobre o perfil e

    dinmica do mercado de trabalho. Na verdade esta res-

    posta depende do tipo de pergunta, ou pesquisa, que se

    esteja realizando e seus objetivos e hipteses. Dito em

    outras palavras, no estudo das caractersticas do mer-

    cado de trabalho brasileiro, ambas as fontes, do MTE e

    do IBGE, devem ser entendidas como complementares.

    4.b. Diferenas e complementariedades entre a

    RAIS e a CAGED6

    Apesar da RAIS e a CAGED no serem os nicos regis-

    tros abrigados nas bases do MTE, certamente so as

    mais utilizadas pelos pesquisadores do meio acadmico.

    As quatro principais diferenas entre uma base e ou-

    tra so:

    i) A periodicidade de uma e outra base diferente.A RAIS coleta informaes anuais, ao passo que a

    CAGED abriga informaes mensais. Com isso, a

    RAIS mais apropriada para anlises sobre a es-

    trutura ocupacional, ao passo que, a CAGED mais

    aplicvel em estudos sobre a conjuntura do merca-

    do de trabalho;

    ii) A RAIS uma base que coleta informaes so-

    cioeconmicas do estoque de trabalhadores ocu-

    pados ao final do ano-base (a declarao feita no

    comeo do outro ano-base); ao passo que a CAGED

    uma base de fluxo que capta informaes sobre o

    movimento de contrataes, demisses e transfe-rncia de trabalhadores dentro de um determinado

    ms (declarao at o stimo dia subsequente ao

    ms de referncia);

    iii) A RAIS um cadastro cujas informaes sobre o

    corpo de funcionrios so prestadas pelas empre-

    sas formalizadas (ou seja, empresas que tm CNPJ),

    incluindo os funcionrios pblicos estatutrios, os

    contratados de modo avulso por sindicatos, os traba-

    lhadores temporrios e os trabalhadores autnomos

    naquela condio. J a CAGED um cadastro que

    incorpora apenas informaes das empresas queapresentaram movimentao de empregados (contra-

    tao, demisso, transferncias). Portanto, por defini-

    o, isso exclui as empresas individuais, e as que no

    so regidas pela Consolidao das Leis do Trabalho

    (CLT), tal como o caso do funcionrio pblico esta-

    tutrio. Neste caso, vale salientar que a CAGED no

    exclui todos os funcionrios do Estado, pelo contrrio,

    captando os que so contratados atravs de CTPS;

    iv) A RAIS deve ser declarada por todas as empresas,

    que so obrigadas a informar ao MTE os dados de

    seus empregados, alm dos movimentos tidos de

    contratao, demisso e transferncia. J a CAGED

    somente deve ser declarada por empresas com mo-

    vimentao de trabalhadores, sendo dispensadas de

    declarao s que no contrataram, demitiram ou

    transferiram trabalhadores dentro do ms-base.

    Por outro lado, apesar destas diferenas, ambas as

    fontes possuem aspectos complementares. Primei-

    ramente, tanto a RAIS como a CAGED so cadastros

    administrativos que contm informaes sobre os em-pregados contratados formalmente por empresas que

    possuam CNPJ.

    Do mesmo modo, complementa ambas as fontes o fato

    de uma base ser de estoque e, a outra, ser de fluxo.

    Por exemplo, se ao se desejar analisar o total de traba-

    lhadores celetistas ocupados no setor formal em um

    4.A este respeito ver http://subcomissaocnae.fazenda.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=2; Tambm vale salientar que a CNAE 2.0 deriva-

    da da verso 4 da International Standard Industrial Classification of All Economic Activities ISIC 4 (Clasificacin Internacional Uniforme de todas las ActividadesEconmicas CIIU 4). O gestor da ISIC/CIIU a Diviso de Estatsticas das Naes Unidas. Para saber mais desta discusso verhttp://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/prodlist_industria/2010/prodlist2010.pdf5.Este ltimo pargrafo foi reproduzido literalmente dehttp://www.ibge.gov.br/concla/cnaedom/cnaedom.php?sl=16.A fonte desta seo : http://www.mte.gov.br/pdet/o_pdet/reg_admin/comparativo.asp

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    8TEMPO EM CURSOAno III; Vol. 3; n 12, Dezembro, 2011

    4. A varivel cor ou raa nas estatsticas do MTE, comentrios sobre os metadados

    dado perodo de tempo, deve-se computar o total de

    trabalhadores com CTPS no ano-base (RAIS) e somar (ou

    subtrair) pelo saldo de contratados ao longo de um de-

    terminado perodo de tempo at o ms-base do estudo

    (CAGED). Assim, por exemplo, nos estudos sobre a taxade rotatividade no emprego (percentual de trabalhado-

    res substitudos no conjunto das empresas a cada pero-

    do de tempo; considerando o nmero total de emprega-

    dos), necessria a combinao de ambas as fontes.

    Nos estudos sobre mercado de trabalho atravs do uso

    das estatsticas do MTE preciso ainda mencionar ainda

    a RAISMIGRA. Esta fonte tem por base a prpria RAIS,

    porm permitindo o acompanhamento da trajetria

    ocupacional do trabalhador ao longo do tempo. Deste

    modo, a RAISMIGRA uma das poucas fontes de dadosexistentes atualmente em todo o pas que permite es-

    tudos de perfis socioeconmicos mediante os estudos

    longitudinais. Ou seja, atravs de seu uso pode-se saber

    a movimentao do empregado ao longo do tempo em

    termos geogrficos, ocupacionais, educacionais, inser-

    o e reinsero no mercado de trabalho formal, etc.

    4.c. A varivel cor ou raa nas estatsticas do MTE7

    No ano de 1999, o MTE incorporou s suas estatsticas

    a varivel tnico-racial. Segundo este rgo de gover-

    no, por conta de problema referente qualidade das

    informaes, somente na segunda metade da dcada

    passada estes dados passaram a ser disponibilizados

    ao pblico: a RAIS, ano base 2006; e, a CAGED, 2007.

    Contudo, para que os usurios passam acess-la

    necessrio o envio de pedido especial para aquele

    Ministrio ([email protected]), o qual libera o dado

    mediante habilitao especial8.

    Segundo o Manual de Declarao da RAIS (opcit), osempregadores encontram as seguintes variveis para

    declarar a Raa/Cor de seus empregados (clicando no

    cone correspondente da pgina eletrnica da declara-

    o e selecionando o cdigo compatvel com a cor ou

    raa do trabalhador).

    1. Indgena para a pessoa que se enquadrar

    como indgena ou ndia;

    2. Branca para a pessoa que se enquadrar como

    branca;

    4. Preta para a pessoa que se enquadrar como

    preta;

    6. Amarela para a pessoa que se enquadrarcomo de raa amarela (de origem japonesa, chine-

    sa, coreana, etc.);

    8. Parda para a pessoa que se enquadrar como

    parda ou se declarar como mulata, cabocla, cafuza,

    mameluca ou mestia de preto com pessoa de ou-

    tra cor ou raa.

    9. No informado.

    Comparando esta metodologia de obteno da vari-

    vel Raa/Cor, por parte do MTE, com a do IBGE; de

    primeiro pode-se perceber uma nuance na forma pelaqual a varivel coletada. Isso porque quando este

    ltimo rgo realiza suas pesquisas a pergunta sobre

    a Cor ou raa do entrevistado.

    As opes de resposta sobre a cor ou raa presente

    nos formulrios de resposta do MTE acompanham fun-

    damentalmente as categorias utilizadas historicamente

    pelo IBGE, porm, contendo duas diferenas.

    A primeira dissemelhana diz respeito ordem pela

    qual as variveis aparecem em um e em outro sistema

    de coleta de informaes. Assim, no caso do IBGE, a

    ordem das categorias de respostas sobre a cor ou raa

    : branca, preta, amarela, parda e indgena. Por outro

    lado, aparentemente, o MTE no aplicou uma lgica

    bem definida na disposio das distintas categorias

    classificatrias, tendo em vista que sequer foi por or-

    dem alfabtica.

    A segunda diferena da forma de classificao da va-

    rivel Raa/Cor, do MTE, em relao ao Cor ou raa,do IBGE, disse respeito a apario, no primeiro caso,

    de uma opo de resposta No informado. Ainda

    que no caso do IBGE exista a opo do entrevistado

    no declarar esta varivel ao entrevistador, o fato

    que tal opo no aparece expressamente como uma

    alternativa de resposta. Como ser possvel observar

    ainda nesta e nas duas prximas edies do Tem-

    po em Curso, a apario daquela alternativa pode

    7. http://www.mte.gov.br/pdet/ajuda/notas_comunic/nt07508.asp8.Vale salientar que o procedimento de disseminao das estatsticas do MTE que veio sendo adotado at o final de 2011, foi alterado a partir de novembro destemesmo ano. Assim, at aquele momento aquele Ministrio enviava aos cadastrados, pelo correio, o CD correspondente s CAGEDs e RAIS. Na nova dinmica,os cadastrados ingressaro diretamente no portal do MTE para acessar as informaes. Do mesmo modo, o software X-OLAP que era utilizado pelos usuriospara acesso aos dados ser alterado por outro, ainda em fase de definio. A vantagem do novo sistema que, a partir de 2012, o acesso s informaes estats-ticas do MTE se dar tambm a partir do formato dos microdados. A este respeito ver o Comunicado MTE 189/2011 (08/11/2011).

  • 7/21/2019 Comentarios Sobre Os Metadados

    9/11

    9TEMPO EM CURSOAno III; Vol. 3; n 12, Dezembro, 2011

    4. A varivel cor ou raa nas estatsticas do MTE, comentrios sobre os metadados

    5. Comentrios finais

    acabar tendo algum efeito para a perda de registros

    acerca desta varivel, que costumeiramente vem

    se fazendo presente com alguma razovel presena

    em termos absolutos e relativos. Ou seja, a expressa

    apario do campo No informado, hipoteticamentepoderia estar contribuindo para a reduo da quali-

    dade das estatsticas no que tange a esta informao

    sobre a Raa/Cor dos empregados.

    Ainda a respeito das diferenas existentes entre a me-

    todologia de coleta da informao da varivel tnico-

    racial nas estatsticas do MTE e do IBGE, deve-se res-

    saltar a origem da informao9.

    Assim, quando o IBGE realiza seus levantamentos

    demogrficos, existe a instruo de que a varivel corou raa seja declarada pelos prprios entrevistados,

    dentro do critrio da autoclassificao. Naturalmente,

    quando um estudioso do tema lida com este tipo de

    dado, j se sabe que este critrio obedecido par-

    cialmente, posto tanto pela comum existncia nos

    domiclios de pessoas sem capacidade para respon-

    der ao quesito (crianas e pr-adolescentes, pessoas

    sem pleno gozo das faculdades mentais), como pela

    ausncia de todos os residentes no lar no momento

    da entrevista.

    No obstante, no caso do MTE, a fonte da informao

    vem a ser o prprio dono do empreendimento ou algum

    preposto, geralmente, ou o contador da empresa, ou o

    pessoal vinculado ao departamento de Recursos Huma-

    nos. Logo, neste caso, o sistema de coleta da informa-

    o fundamentado no sistema hetero-classificatrio.

    Apesar destas diferenas parecerem sutis, no deixa

    de expressar uma lacuna em termos da forma pelas

    quais diferentes instituies do mesmo Estado, o bra-sileiro, lidam com a categoria tnico-racial no pas.

    Assim, se de um lado, a introduo desta varivel nas

    diversas fontes de dados demogrficos representa um

    avano em termos da tratativa do Estado brasileiro

    perante o tema das desigualdades tnico-raciais, por

    outro lado, parece que este esforo ainda padece de

    melhor articulao, inclusive em termos de uma meto-

    dologia comum para a obteno desta sorte de infor-

    mao produzidas nos diferentes rgos de governo10.

    Enfim, em nome da boa qualidade das informaes e a

    coerncia interna entre os diferentes bancos de dados,

    no haveria porque supor como capricho a busca da

    uniformizao da forma pela qual a varivel Cor ou

    raa indagada ao agente que ir informar aos r-gos pblicos a informao, bem como as correspon-

    dentes categorias de respostas.

    5. Comentrios finais

    Ao longo do presente nmero do Tempo em Curso

    foi possvel analisar as diferenas e complementarieda-

    des das estatsticas sobre o mercado de trabalho pro-

    venientes do MTE e do IBGE. A este respeito, parece

    ter ficado evidente que ambas as fontes de dados ge-

    ram informaes diferentes, porm, complementares,e igualmente teis para o entendimento da dinmica

    do mercado de trabalho do pas.

    Por outro lado, no estudo da varivel cor ou raa, o

    levantamento ora feito revelou que existem outras dife-

    renas entre ambas as fontes, algumas sutis (forma de

    apresentao do campo da varivel ao entrevistado,

    ordem das respostas), e outras, nem tanto, aqui ex-

    pressamente apontando-se as diferenas que ocorrem

    nos sistemas de respostas fundamentados na auto e

    na hetero-classificao tnico-racial e a presena de

    uma opo de resposta no questionrio da RAIS / CA-

    GED classificada de No informado, evidenciando, ser

    esta uma alternativa para o preenchimento da varivel

    por parte dos responsveis por faz-lo.

    Na combinao das duas questes acima, pode-se de-

    preender alguns desafios para o estudo das desigual-

    dades de cor ou raa a partir das estatsticas do MTE e

    que sero, justamente, alvo das duas prximas edies

    do Tempo em Curso.

    Primeiramente, dados os diferentes sistemas de clas-

    sificao tnico-racial adotados em uma e outra fonte,

    sempre um grande desafio produzir anlises compa-

    rativas entre as bases do MTE e do IBGE. Decerto, tal

    comparao dever ser feita com prudncia, sabendo

    do tanto que as correspondentes formas de captao

    desta categoria precisaro ser aprimoradas no sentido

    de uma maior harmonizao.

    9.A respeito desta questo ver OSRIO, Rafael (2003) - O sistema classificatrio de cor ou raa do IBGE. Braslia: IPEA (texto para discusso n 996), 53 p.10.Para um aprofundamento desta discusso ver PAIXO, Marcelo & ROSSETTO, Irene (2011) - Levantamento das fontes de dados estatsticos sobre a varivelcor ou raa no Brasil contemporneo: terminologias classificatrias, qualidade das bases de dados e implicaes para as polticas pblicas. Anais do 35 EncontroAnual da ANPOCS. 37 p.

  • 7/21/2019 Comentarios Sobre Os Metadados

    10/11

    10TEMPO EM CURSOAno III; Vol. 3; n 12, Dezembro, 2011

    4. Violncia contra a mulher no Brasil, uma anlise a partir do Sistema de Informao de

    Agravos de Notificao (SINAN, Ministrio da Sade)

    Mais alm, contudo, colocada a dinmica de insero

    no mercado de trabalho dos distintos grupos de cor ou

    raa presentes no Brasil, fica igualmente sugerido que

    as estatsticas do MTE podem ter especial dificuldade

    para captao dos indicadores dos pretos & pardos e in-dgenas. Tal hiptese, por um lado, se fundamenta numa

    constatao, j costumeiramente debatida no Tempo

    em Curso, da maior dificuldade de acesso ao mercado

    de trabalho formal por parte dos contingentes historica-

    mente discriminados. Portanto, de esperar que as ba-

    ses do MTE tenham um perfil relativamente mais branco

    e amarelo do que as bases provenientes do IBGE.

    Contudo, para alm deste fator, de natureza estrutural,

    posto o sistema hetero-classificatrio sobre a Raa/

    Cor das estatsticas do MTE, existe tambm um proble-ma de natureza scio-cultural e poltico que certamen-

    te se acresce s dificuldades de uma plena captao

    das informaes estatsticas de pretos & pardos e ind-

    genas naquelas bases.

    A questo se origina do padro brasileiro de relaes

    raciais e suas regras de etiqueta, que tolhe uma ex-

    pressa identificao, por parte de uma determinada

    pessoa, dos demais indivduos de tez escura dentro

    das categorias utilizadas pelos sistemas estatsticos

    oficiais; especialmente, os pretos, os pardos e os ind-

    genas. Portanto, hipoteticamente, o maior problema

    do padro hetero-classificatrio, tal como adotado

    pela RAIS / CAGED, que aparentemente este mais

    sujeito s influncias dos padres de relacionamentos

    tnico-raciais ainda hegemnicos no pas.

    Caso a hiptese acima seja verdadeira, as bases de

    dados do MTE estariam especialmente sujeitas ao vis

    decorrente de seu branqueamento. Ou seja, aquela

    forma hetero-classificatria de obteno da varivelRaa/Corpode estar tendo implicaes negativas em

    termos da perda da qualidade da informao.

    Decerto, seria primordial que ocorresse uma expressa

    campanha de conscientizao aos que preenchem o

    questionrio da RAIS / CAGED, acerca da importncia

    e necessidade de coleta da informao da Raa/Cor

    dos empregados das empresas. Naturalmente, esta

    campanha deveria ser liderada pelo Governo, espe-

    cialmente o MTE, mas, esta tambm poderia contar

    com o engajamento dos rgos de representao deempregadores e empregados. Com isso, o poder p-

    blico estaria sendo coerente com a deciso tomada no

    final da dcada de 1990, quando decidiu introduzir esta

    questo nos cadastros da RAIS / CAGED, potencializan-

    do plenamente a deciso ento tomada.

    De qualquer maneira, j se conhecendo os desafios aserem enfrentados, as prximas edies do Tempo

    em Curso, paulatinamente, passaro a incorporar em

    suas pginas as estatsticas provenientes do MTE. A

    este respeito, o estmulo neste sentido dado pelo

    prprio rgo, que em sua pgina da Internet, abordan-

    do o problema da qualidade das informaes contendo

    a varivel Raa/Corna RAIS e na CAGED apontou:

    Considerando o carter subjetivo desta varivel, o

    MTE pretende com a liberao atingir uma maior con-

    sistncia da mesma, a partir da utilizao e retornoatravs de crtica por parte dos usurios, e, por con-

    seguinte, uma melhoria na declarao por parte dos

    estabelecimentos. Ressalta-se, no entanto, que a vari-

    vel raa/cor deve ser utilizada com certa cautela, pois,

    alm de ser relativamente nova e existir omisses,

    verifica-se inconsistncia de algumas declaraes, o

    que, contudo, no inviabiliza em termos gerais sua

    utilizao(In ht tp://www.mte.gov.br/pdet/ajuda/no-

    tas_comunic/nt07508.asp).

    Assim, sem a perda da criticidade em relao quelas

    fontes, h uma sinalizao dada pelo prprio MTE de

    que o indicador da Raa/Cor dos empregados, prove-

    niente de seus cadastros, minimamente vivel para

    uso em pesquisas cientficas. Indo mais alm, aquele

    rgo de Governo recomenda que sejam feitos ime-

    diatos estudos sobre as assimetrias de cor ou raa no

    mercado de trabalho brasileiro tendo por parmetro

    justamente a RAIS e a CAGED. Ou seja, somente me-

    diante o seu efetivo uso, seja por parte dos formula-

    dores de polticas pblicas, seja por parte dos pes-quisadores do meio acadmico,que estas estatsticas

    podero ser aprimoradas no futuro.

    Portanto, no que tange ao estudo das desigualdades

    de Raa/Cor no mercado de trabalho brasileiro atravs

    das estatsticas do MTE, reconhecer-se- os limites

    daquelas fontes, que devero ser utilizadas com pru-

    dncia. Mas, considerando que as mesmas j possuem

    uma qualidade mnima em termos da sua consistncia-

    estatstica e posta a necessidade de seu permanente

    aperfeioamento, a RAIS e a CAGED, daqui pra frente,passaro a fazer parte do acervo de estudos e pesqui-

    sas do LAESER.

  • 7/21/2019 Comentarios Sobre Os Metadados

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    11TEMPO EM CURSOAno III; Vol. 3; n 12, Dezembro, 2011

    Tempo em Curso

    Elaborao escrita

    Prof Marcelo Paixo, Irene Rossetto, Elisa Monores

    Pesquisadora Assistente

    Irene Rossetto Giaccherino

    Bolsista de Graduao

    Elisa Monores

    Guilherme Cmara

    Reviso de texto e copy-desk

    Alana Barroco Vellasco Austin

    EditoraoMaraca Design

    Apoio

    Fundao Ford

    Equipe LAESER / IE / UFRJ

    Coordenao GeralProf Marcelo Paixo

    Pesquisadores Assistentes

    Prof Cleber Lzaro Julio Costa

    Irene Rossetto Giaccherino

    ProfJos Jairo Vieira

    Sandra Regina Ribeiro

    Colaboradores

    Azoilda Loretto

    Bolsistas de Graduao

    Danielle Oliveira (PIBIC CNPq)

    Elaine Carvalho (Fundao Ford)

    Elisa Monores (Fundao Ford)

    Guilherme Cmara (PIBIC CNPq)