com o amor não se brinca

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    LICENCIAMENTOLICENCIAMENTO FINALFINAL DEDE USOUSO

    Esta obra propriedade intelectual 2008 de SILVIO CER-CEAU, cedida e distribuda sob meio eletrnico pela EDI-TORA LITERATO / ROL SITES e sites afiliados, dentro dosseguintes termos e condies:

    1. Para efeito desta licena, considera-se:

    A) Como EDIO: a anlise do contedo e da forma queeste contedo apresentado, bem como a superviso dasalteraes sugeridas para uma melhor apresentao daobra.

    B) Como REPRODUO: a cpia de um ou vrios exem-plares de uma obra literria, artstica ou cientfica ou de um

    fonograma, de qualquer forma tangvel, incluindo qualquerarmazenamento permanente ou temporrio por meios ele-trnicos ou qualquer outro meio de fixao que venha a serdesenvolvido.

    C) Como PUBLICAO: o oferecimento de obra literria,artstica ou cientfica ao conhecimento do pblico, com oconsentimento do autor, ou de qualquer outro titular dedireito de autor, por qualquer forma ou processo.

    D) Como DISTRIBUIO: a colocao disposio dopblico do original ou cpia de obras literrias, artsticasou cientficas, interpretaes ou execues fixadas e fono-gramas, mediante a venda, locao ou qualquer outraforma de transferncia de propriedade ou posse;

    2. Este arquivo poder ser livremente distribudo, sempre

    no todo e em meio eletrnico e de forma gratuita e desdeque esta licena seja exibida.

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    impressa, ou qualquer outro forma, por terceiros que noos citados no prembulo.

    4. Fica proibida edio, a traduo e a produo de traba-lhos derivados ou agregados incorporando qualquer infor-mao contida neste documento.

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    duo no exterior. (Art. 104, Lei 9610/98).

    8. No se conhecendo o nmero de exemplares que cons-tituem a edio fraudulenta, pagar o transgressor o valorde trs mil exemplares, alm dos apreendidos. (Art. 103, nico, Lei 9610/98).

    Copia desta licena e atualizaesencontram-se disponveis emwww.editoraliterato.com/livre/licenca

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    1 Edio

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    Ficha catalogrfica elaborada pela Bibliotecria

    Nina C. Mendona CRB6/1288

    Cerceau, Silvio, 1973-

    C412c Com amor no se brinca / Silvio Cerceau. Belo

    Horizonte : Literato, 2008.

    p.; 21 cm. (Livre).

    ISBN: 978-85-99885-20-8

    1. Fico brasileira. I. Ttulo.

    CDD : B869.3

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    Esta obra

    o segundovolume da trilogia

    iniciada em

    ImpossvelEsquecer

    Adquira agora o seue saiba como a saga comeou.

    www.editoraliterato.com/facil

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    Thiago acordou areo, contemplou Loy cado aoredor de uma poa de sangue. Tentou se levantar; sentiu

    uma forte dor na cabea. Aos poucos foi voltando rea-

    lidade.

    O ontem...

    Recebeu uma ligao de Loy.

    _Preciso falar com voc.

    _Tudo bem. Que tal almoarmos juntos? L a gente

    conversa.

    Encontraram-se em um restaurante reservado.

    _Loy, como est?

    _Estou bem! Casei-me com a Susy, lembra-se dela?

    _Claro, a amiga da Aiko!

    _Exatamente.

    _E da Aiko, tem notcias?

    _Voc no ficou sabendo? A casa dela pegou fogo,

    foi uma exploso que tremeu todo quarteiro. Um pro-

    blema na encanao de gs. Perdeu os pais.

    _Minha nossa! Deve estar arrasada. torceu as

    P R O L O G O

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    mos.

    _No estou tendo muito contato. No estava em

    casa na hora da exploso. Agora est morando no

    Leblon.

    _Vou visit-la.

    _Hum! Olha, Thiago, por coincidncia conhecemos

    as mesmas pessoas, e desde ento tm acontecido coisas

    estranhas, voc no acha?

    _No entendi!

    _Thiago, no finja de bobo! Acha mesmo que

    todas essas mortes e acidentes foram por acaso?

    _No acompanhei os resultados de nenhuma

    investigao. No me interessaram.

    _Talvez te interessassem sim.

    _Por que deveria me interessar?

    _Thiago, tem algum matando essas pessoas por

    um motivo muito pessoal.

    _Ah, cara, para de criar coisas.

    _No estou criando. Thiago, voc quem matou

    essas pessoas foi uma afirmao. Vou te denunciar.

    _Voc ficou louco? descontrolou-se.

    _Estou te avisando porque no sou de trair ami-

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    gos. Vou levar minhas suspeitas ao conhecimento da

    polcia. Voc discutiu com a Debby e ela apareceu

    morta. Na festa de aniversrio da Aiko vi voc e Daisy

    brigando. Ela morreu tambm. Tenho certeza de que

    Aiko sabe tudo isso e te protege porque te ama. Voc que

    mandou sabotar o encanamento de gs da casa dela.

    Porm seu plano deu errado, pois ela no estava l e

    deve ter simulado esse seqestro sem pedido de resgate

    pra no levantar nenhuma suspeita; afinal ex-namora-

    do dela.

    _Para no quebrar a sua cara, saia daqui agora.

    _Estou saindo, direto para a delegacia.

    Loy levantou-se rpido e foi em direo porta.

    Olhou para trs, fitou Thiago e lhe fez um gesto obsce-

    no.

    Thiago pegou o celular, discou um nmero.

    _Ol, sumido!

    _Aiko, preciso te encontrar agora!

    _Que timo. bom que vou te entregar o piloto do

    meu novo livro. Estou precisando muito falar com voc!

    _Perfeito, te espero no...

    Thiago pagou a conta e seguiu em direo ao

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    carro. Entrou e dirigiu rpido para o local do encontro.

    No percebeu que Loy o seguia.

    Loy estacionou alguns minutos aps Thiago des-

    cer do carro. Ainda o viu caminhando em direo que-

    le local deserto. Observou um txi afastandose acelera-

    damente.

    Rumou-se ao local. Aquele galpo deserto.

    Deparou-se com a cadeira de rodas vazia... um corpo

    cado ao cho.

    Foi atingido por algo.

    As vistas escureceram.

    Entendera todo o jogo. Fora Aiko a responsvel

    por tudo.

    Thiago, durante alguns minutos, ficara ali, inerte.

    A seguir levantou-se depressa.

    _Loy, acorda!

    Ele balbuciou, se mexeu com dificuldade, abriu os

    olhos, fitou Thiago e concluiu.

    _Estamos vivos! sentiu forte alvio.

    _Fica firme, precisamos sair daqui!

    _Espere um pouco, vou tentar levantou-se vaga-

    rosamente, pensou um pouco. Thiago, me desculpe. Na

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    hora que cheguei vi a cadeira vazia, levei uma pancada

    na cabea...

    _Cara, que loucura... sempre soube que ela fingia

    viver em uma cadeira de rodas!

    _Nossa misso agora, Thiago, encontr-la, nem

    que seja no inferno. Concorda?

    _Sim. concordou impulsivamente.

    _Este o nosso pacto!

    Apertaram-se as mos.

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    Boston destaca-se no cenrio mundial pelas ousa-dias de suas construes.

    Aiko hospedou-se em um hotel de luxo. Um jovem

    atraente levou sua bagagem ao quarto. Meio sem graa,

    tratava-a educadamente. Ela estendeu-lhe a mo ofere-

    cendo a gorjeta. No se conteve em deixar de provoc-

    lo. Segurar aquelas mos atraentes.

    _Tank you - agradeceu. A voz um convite.

    _Senhorita, falo portugus, sou brasileiro.

    _Ufa, que maravilha! sentiu-se a vontade. Qual

    o seu nome?

    _Leonardo aproximou-se.

    _Voc sempre pra frente assim com as hospedes?

    _S quando so comigo, tipo voc. tocou aquele

    rosto de pele suave e ponderou: Aqui no posso fazer

    nada, mas podemos nos encontrar depois, trabalho at

    s seis da tarde tentou disfarar a excitao diante de

    um olhar pedinte.

    _Hum... Pode ser, vou adorar conhecer a cidade em

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    sua companhia.

    _Te espero num restaurante que fica na prxima

    esquina. Me diga o seu nome.

    _Karem.

    _Prazer...

    _O prazer todo meu.

    Assim que o jovem se retirou, sentou-se na cama

    meio exausta. O passado teria que ser esquecido, mesmo

    sendo uma bagagem habitante do seu emocional... a

    chave do presente... o futuro.

    Apesar de todos os atos loucos, no tinha arrepen-

    dimento. Via as pessoas como uma presa, usava-as

    enquanto achasse conveniente; a partir do momento

    que no precisava mais, ou se sentisse ameaada, a

    morte seria uma soluo... como nos velhos tempos de

    infncia, na puberdade, h alguns dias e horas atrs,

    ningum nunca soube.

    Despiu-se pea por pea; o corpo perfeito ficou

    exposto. Pegou um roupo, caminhou ao banheiro.

    Entrou na banheira, com uma esponja, espalhou o sabo-

    nete liquido e passou-o com apurada dedicao pelo

    corpo de pele macia e bem cuidado. Os cabelos longos,

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    os olhos ainda tristes... na cabea um conflito... uma

    vontade.

    Fitou em cima do lavabo um aqurio com um

    peixe solitrio, o qual nadava feliz. Ela se aproximou

    abaixou a face junto ao aqurio. Passou o dedo por fora

    do vidro fino. O peixinho azul acompanhava-o feliz.

    Uma excitao no pode ser contida.

    Tirou-o do aqurio, colocou-o em cima do mr-

    more e fitou-o perdendo o ar pouco a pouco. O ltimo

    suspiro deixou-a em plena satisfao.

    Pegou aquele corpo sem vida e jogou-o novamen-

    te no aqurio. Em seguida terminou o banho.

    Silvio Cerceau

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    Leonardo veio do Brasil h seis anos. Na poca jtrabalhava em um hotel. Conheceu um hospede que se

    apaixonou por ele intensamente. Na ocasio visitava o

    pas com a inteno de expandir os negcios. A paixo

    foi demais. Foi fulminante!

    Leonardo levou sua bagagem ao quarto e no final

    daquela noite, pela primeira vez na vida, deitou-se com

    um homem. Logo recebeu uma boa proposta, mudar-se

    para Boston, com salrio bem tentador. Mantiveram

    aqueles encontros por alguns anos. O empresrio

    encontrou outro garoto e foi tentar a felicidade.

    Para Leonardo foi um alvio, assim voltou reali-

    dade. Continuou trabalhando no mesmo local, mas seu

    plano era voltar em breve a sua origem. Homem bonito,

    desses que em hiptese alguma passa despercebido.

    Teve vrias oportunidades de mudar de cargo, mas no

    quis, porque adorava visitar os quartos das hospedes

    para deitar-se com as interessantes no final da noite.

    Nem as casadas resistiam e dos hospedes para brin-

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    car um pouco com o jogo da seduo. Tudo em segredo,

    pois adorava criar e guardar segredos.

    Ao se deparar com Aiko na portaria, logo percebeu

    que poderia levar as suas bagagens. Tinha os olhos aten-

    tos.

    Naquele comeo de noite saiu ansioso do trabalho,

    foi direto para o restaurante no quarteiro ao lado.

    Antes trocou de roupa, passou um perfume suave e

    agradvel.

    Sentou-se no banco do balco, pediu um Martini

    seco.

    Conferiu a hora no celular.

    Algum tempo depois Aiko entrou, olhou ao redor,

    rumou-se ao balco e sentou-se ao lado.

    _Vou te acompanhar no Martini aqui mesmo, -

    beijou-o no rosto.

    _Hum... adorei este Chanel! um excelente perfu-

    me... me lembra uma pessoa...

    _Como sabe que perfume ?

    _Conheo as coisas boas...

    Conversaram algum tempo sobre suas vidas.

    Falaram sobre a infncia, escola, adolescncia, famlia e

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    antigos amores. O que tinham em comum que os dois

    eram somente personagens.

    _Moro a dez minutos daqui. um apartamento

    pequeno e confortvel.

    _Quero muito conhecer seu conforto!

    Caminharam pelas ruas de mos dadas observan-

    do o cenrio da cidade.

    _Nossa! Esqueci-me de te dizer que o prdio no

    tem elevador, mas so quatro andares, se quiser te car-

    rego no colo.

    _Quero cans-lo de outra maneira abraou-o de

    lado.

    Subiram quase que contando os degraus.

    _Uhhh... estou meio fora de forma disse ela.

    _Entre!

    Aiko entrou observando o local. Realmente era

    bem aconchegante. Estava diante de um homem de bom

    gosto.

    _Posso tirar a camisa?

    No houve resposta. Observou aquele trax

    atraente, aproximou e aninhou-se nele. Com as mos

    suaves e unhas bem alinhadas percorreu levemente por

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    todo panorama. Desceu-as lentas. Acariciou-o. O beijo

    ofegante, provido de vontade. Tomavam o ar um do

    outro, numa necessidade inexplicvel. Ele arrancava-lhe

    as roupas. Os corpos se chocaram, um fogo lapidante os

    consumiu. Aiko o sentiu dentro dela, e pedia que entras-

    se mais, invadisse todo seu ser, sua alma. Os suspiros

    quebravam o silncio. Uma harmonia h tempos no

    sentida, por ele... por ela.

    A noite foi pequena demais para saciar tanta von-

    tade. Por isso nos dias seguintes se encontravam inces-

    santemente.

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    Loy ficou imensamente feliz quando Susy anuncioua gravidez. Seria o primeiro da prole desejada.

    Ela ficou indignada quando soube tudo que Aiko

    aprontou. O casal tornou-se amigo de Thiago e

    Charlotte. Tinham muito em comum, eram recm casa-

    dos, com a mesma idade e planos parecidos. Toda sema-

    na os casais freqentavam teatros, cinemas e curtiam

    algumas baladas noturnas. As mulheres trocavam expe-

    rincias, j que Charlotte tambm estava grvida.

    Loy e Thiago no deram queixa contra Aiko, afinal

    nem tinham provas que a incriminassem. Loy contratou

    um detetive particular. Na investigao descobriu, ela

    passou pelo aeroporto naquela tarde; tudo estava regis-

    trado na cmera de segurana, apesar de no ter sido

    localizado seu nome em nenhuma lista de embarque.

    Entretanto, Loy tinha a certeza de que embarcara com

    nome falso.

    Romeu, o detetive, prosseguiu investigando. Ia

    concluir o desenrolar daquele carretel.

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    Para Loy, encontr-la seria preservar sua vida e de

    sua famlia. Tinha a certeza de que era uma assassina

    perigosa e , quando soubesse que no morrera, certa-

    mente voltaria para se livrar dele. Terminar o que come-

    ou.

    Loy, naquela tarde, foi sua joalheria. H dias no

    aparecia por l. Ao entrar, logo foi recebido por Clara,

    uma funcionria extremamente dedicada que por ele

    carregava uma incontrolvel paixo; fazia de tudo para

    chamar sua ateno. Carregava gua na peneira se pre-

    ciso fosse. Porm Loy tinha os olhos somente mirados

    na esposa.

    _Oi meninas sorriu cumprimentando a todas.

    Vou minha e no quero ser incomodado. Preciso fazer

    um levantamento. Pode me ajudar, Clara?

    _Sim, Senhor Loy, - estremeceu por dentro com

    segundas intenes. Vou aproveitar e levar aquele caf

    que o senhor gosta.

    _Obrigado!

    Dirigiu-se sala, ligou o computador; enquanto a

    mquina carregava pensava em Aiko. Afinal esse pensa-

    mento tornou-se uma obsesso em sua vida. Precisava

    Silvio Cerceau

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    encontr-la para voltar a ter sossego. Precisava olhar em

    seus olhos e lhe fazer uma nica pergunta. A dvida

    quanto morte do pai era uma lstima que lhe consu-

    mia. Seu pensamento foi interrompido por Clara.

    _Est tenso? perguntou gentilmente. Vou lhe

    fazer uma massagem, - sem esperar resposta passou por

    trs dele e tocou seus ombros rgidos pela tenso. Com

    perfeio, seus dedos massageavam-no. Desabotoa a

    camisa pediu ela. Caminhou at a porta e girou a

    chave.

    _H pessoas l fora, podem pensar mal da gente

    tentou reprovar a atitude.

    _No estamos fazendo nada de errado, estamos?

    Clara voltou massagem, ousando as mos naque-

    las costas firmes. Tocou-lhe no abdmen prximo cin-

    tura.

    Loy deu um forte suspiro, bruscamente a inter-

    rompeu.

    _Vamos ao trabalho.

    Levantou-se e destrancou a porta.

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    Aiko acordou enroscada naquele homem monu-mental. Por alguns minutos permaneceu fitando-o com

    satisfao.

    Ele abriu os olhos, espreguiou.

    _Bom dia!

    _Bom dia... j est atrasado?

    _No, hoje estou de folga.

    _Que bom!

    _E sabe o que vamos fazer?

    _Nem imagino; estou perdida aqui, conheo

    outros pases e cidades, mas em Boston a primeira vez

    que venho.

    _Vou te levar h alguns lugares interessantes.

    Podemos almoar e a tarde andar um pouco.

    _Quero ir a um shopping ou a uma boa griffe

    feminina. Trouxe poucas roupas. Gostaria de comprar

    algumas.

    _Vai ficar aqui por quanto tempo?

    _Olha, ainda no sei... na verdade vim fazer uma

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    pesquisa para meu novo livro.

    _Voc escritora?

    _Sim.

    _Qual a sua obra?

    _Com Amor No se Brinca.

    _Interessante o nome!

    _No deve conhecer, minha obra ainda est restri-

    ta ao Brasil.

    _Caso no se importe, que tal fechar a conta no

    hotel e ficar aqui.

    _E quanto vou pagar?

    _Hum... nos olhos o desejo, - que tal todas as noi-

    tes muitos beijos e abraos.

    _Ah! Somente isso...

    Aiko sentiu por aquele homem algo to profundo

    como nunca sentira antes.

    O ms passou depressa e naturalmente tornaram-

    se namorados. Ela, s vezes, se pegava de cimes, imagi-

    nava-o no quarto das outras hospedes, porm, Leonardo

    tambm se aquietou a seu lado. Sentiu algo diferente no

    seu corao.

    Convidou-a para um jantar especial, fora.

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    _Sabe, vir a Boston foi a melhor coisa que fiz em

    minha vida.

    _Tambm acho pediu um vinho. Vamos brin-

    dar?

    _Sim.

    _Ao amor... fez uma pausa, tomou o vinho, colocou

    as mos sobre a mesa e as palavras foram pronunciadas

    pausadas, - eu... te... amo!

    Ela levou um choque e no sabia o que dizer, mas

    era uma escritora; criava personagens que mexiam com

    as pessoas... agora chegara a hora de representar um.

    _Eu tambm te amo! Aproximou-se e o beijou

    demoradamente.

    Dali para frente o tempo era calmaria. Talvez pela

    carncia de amigos, Leonardo tornou-se um homem

    perfeito; aquele que toda mulher almeja.

    Saa cedo para o trabalho. Antes preparava o caf

    e levava na cama para ela. Trocava a rao e gua do seu

    cachorro, fiel amigo desde que ali chegara.

    _Gasparzinho... o animal vinha latindo balan-

    ando a cauda. Isso, rapaz! Vem no papai... Que nenm

    bonito! - o bicho rolava de felicidade.

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    Ela fingia no perceber tanta ateno destinada

    aquele bicho.

    Leonardo saiu para o trabalho.

    Aiko levantou- se, recordou a infncia.

    O ontem...

    A fazenda da av.

    Caminhou at sala...

    _Vem, Gasparzinho!

    O animal de raa pequena, pulou em cima da pol-

    trona.

    Ela fitava-o excitada, no podia mais conter sua

    vontade.

    Pegou-o no colo.

    _Que nenm bonito!

    Por algum tempo permaneceu olhando-o profun-

    damente enquanto articulava a maneira mais sofrida de

    sua morte. De repente a soluo: o vaso sanitrio.

    Colocou uma msica num volume alto. Levou o animal

    at o banheiro; sob reluta jogou-o dentro do vaso,

    fechou a tampa e apertou a descarga. A pele arrepiava.

    Depois de alguns minutos, nada se ouvia alm da msi-

    ca. Abriu a tampa e contemplou o corpo sem vida.

    Vestiu-se e saiu.

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    Romeu trouxe boas notcias a Loy. De posse das fil-magens do aeroporto naquele dia, conseguidas median-

    te a sua boa influncia, pde analisar minuciosamente

    as imagens e descobriu que Aiko embarcou para Boston,

    usando o nome de Karem Parker.

    _Eu no disse, - comemorou Loy, dando um soco

    na mesa.

    _Parabns, Romeu, voc muito competente

    disse Thiago em tom debochado.

    _Obrigado , rapaz pegou a xcara de caf temos

    que tomar cuidado, essa mulher uma assassina em

    srie e se descobrir que esto vivos...

    _O pior que no temos prova de nada. No se

    pode ligar um crime a outro, tudo foi muito perfeito

    disse Loy.

    _O meu depoimento de nada servir interveio

    Thiago.

    _Voc o culpado! acusou Loy.

    _Epa, vai comear me agredir?

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    _Thiago, a mulher te confessou que matou o

    primo, a prima e a amiga e voc no fez nada! Com cer-

    teza, matou meu pai e tambm pode ter te seqestrado.

    _Loy tem razo interferiu Romeu.

    _O que podemos fazer agora tentar peg-la ou

    seno deix-la livre para cometer outros crimes. Nossa

    famlia corre riscos comentou Loy em tom desespera-

    dor.

    _Podemos mudar de cidade, assim ela no ir nos

    encontrar;eu conheo Aiko muito bem. Thiago tentava

    acalm-lo.

    _Thiago, me responda uma coisa; voc tambm

    sabia que ela fingia ser cadeirante? indagou Romeu.

    _Sim, esse foi o meu erro, sabia tudo sobre Aiko,

    mas nunca pensei que ela chegaria a tanto. Sabe, amei-

    a demais. Sinceramente ia me casar com ela. Quando

    percebi tudo e me revelou seus crimes, meu amor ces-

    sou. Eu no podia amar algum assim. Prometi-lhe o

    meu silncio, hoje sei que foi isso que me manteve vivo.

    _Pode ter certeza que sim concordou Romeu.

    _Que vamos fazer? - perguntou Loy, passando a

    mo na cabea.

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    _Ir atrs dela, peg-la e faz-la confessar tudo.

    Somente uma pessoa pode fazer isso disse Romeu

    Olhou para aquele rosto inocente e amedrontado a

    sua frente e disse:

    _Voc, Thiago! apontou em sua direo.

    _Eu?

    _Sim, em voc Aiko confia; confiou uma vez e sem-

    pre confiar.

    _No posso me envolver nisso, muito arriscado.

    _Thiago, vamos os trs para Boston. Voc a encon-

    tra. Basta faz-la pensar que Loy est morto. O plano o

    seguinte...

    Romeu elaborou por vrios minutos uma armadi-

    lha para peg-la.

    Silvio Cerceau

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    As vtimas so objetos das fantasias daqueles quetm o desejo de matar.

    Para Aiko, suas vtimas se resumiam a quem lhe

    causasse qualquer insegurana, contrariedade ou ci-

    mes. Assim foi com Janier: negou-lhe o seu amor. Dayse,

    que traiu sua amizade. Debby: intrometeu-se em sua

    vida. Seus pais que representavam uma ameaa. O pai de

    Loy que gerava nele o que ela no podia gerar. Thiago e

    Loy que poderiam destruir a sua vida. O que Aiko no

    tem conhecimento que falhou na eliminao deles.

    O animal de Leonardo tomava-lhe a ateno, o que

    a deixou em plena amargura, mesmo sabendo que o

    objeto de sua fantasia ficaria triste, precisou ir em fren-

    te.

    Chegaram em casa no comeo da noite. Ao abrir a

    porta, Leonardo estranhou a falta do cachorro; cami-

    nhou por todos os cmodos; ao entrar no banheiro se

    deparou com a tristeza.

    _Karen, me ajude!

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    _O que foi? fingiu se surpreender.

    Leonardo pegou o corpo molhado do animal, colo-

    cou-o no sof e chorou feito criana.

    _Meu amor, no fique desse jeito, vamos arrumar

    outro bichinho para voc.

    _Eu no quero mais animal. Este cachorro foi meu

    companheiro por mais de cinco anos. Mas tudo bem...

    No dia seguinte ele acordou rpido e foi direto

    para o trabalho.

    Aiko sentiu imenso dio da sua indiferena.

    H trs meses estava ali e tudo se tornava mon-

    tono a cada minuto. Aproximava a hora de partir. O sen-

    timento por Leonardo se resumia somente a um desejo

    de sexo. Tinha um corpo gostoso de tocar e uma rara

    beleza. Itens essenciais a ela.

    Passou o dia pensando o que fazer. No via nele

    nenhuma ameaa. Leonardo era fiel, amigo e bom

    amante. Precisava de um motivo para lhe fazer infeliz...

    As pessoas tristes precisam morrer pensou.

    A partir disso, toda a estima por ele... ia e vinha...

    Silvio Cerceau

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    Antes de ir em busca de Aiko, Thiago precisavaacertar algumas coisas em sua vida, tudo aconteceu to

    depressa. Recordou-se do seu encontro com aquela

    mulher enigmtica. Na ocasio eram somente crianas.

    Na adolescncia, seus olhos iam rumo queles seios em

    formao, aquele corpo era um convite ao seu desejo,

    quantas vezes imaginou-a em seus braos, na sua cama.

    Contudo o respeito que tinha por ela no lhe permitia

    qualquer ousadia.

    O tempo foi passando e Thiago inventava motivos

    para estar presente naquela casa. Aps o acidente tomou

    coragem e se declarou. Aiko se entregou sem reservas,

    sem pudor.

    Estavam no quarto dela, aproximou-se trmulo,

    pegou-a no colo, levou-a at a cama, despiram-se pea

    por pea. Nunca em sua vida o corpo queimara com

    tanto prazer.

    Na adolescncia era um rapaz vioso, como conti-

    nua sendo atualmente, um corpo muito perfeito e boni-

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    to. Disputado pelas meninas da mesma idade; escolhia

    toda semana uma diferente e levava para sua cama. A

    fama de pegador se espalhou. O que fez com que o dese-

    jo das garotas ficasse mais aguado.

    Mas tudo no passava de aventuras, porque o seu

    sentimento era de Aiko. Estava disposto a se casar com

    ela. O fato de viver em uma cadeira de rodas no seria

    um obstculo para tamanho sentimento. Quando perce-

    beu a farsa, toda a magia se acabou. Precisava somente

    arranjar um motivo para livrar-se dela. No podia se

    submeter a viver com aquela mulher e ser cmplice

    daquela mentira.

    Na ocasio em que discutiram, Aiko despejou em

    cima dele toda a verdade.

    _Sei, meu amor, que voc sabe de tudo disse se

    levantando da cadeira.

    Por alguns segundos, Thiago sentiu-se mal.

    Balanou a cabea e disse:

    _Aiko olhou-a com indignao: - voc louca!

    _Deixa eu te explicar tudo.

    Ele escutou esttico todo o lamentvel relato.

    _Pelo amor de Deus, jura que me perdoa e que

    Silvio Cerceau

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    guardar este segredo, jura?

    _Voc matou! uma pessoa perigosa.

    _Sei que me ama, que me amou por toda a sua

    vida e que eu mesma destru o seu sentimento. Meu lti-

    mo pedido somente o seu segredo, nem precisa me

    perdoar.

    _Tudo bem, mas prometa-me que poderei seguir

    meu caminho sem se intrometer nele.

    _Sim, faamos este pacto a expresso vitoriosa.

    _Vou me casar com a Charlotte, preciso te esque-

    cer! Ela me ama com extrema dedicao e tenho certeza

    de que com o tempo esse amor me contaminar.

    _Thiago, este nosso segredo! Irei cumprir e voc

    jura que tambm ir.

    No disse nada, apenas balanou a cabea para

    cima e para baixo. Partiu.

    Agora parado, calado, relembrava esses episdios.

    Nunca teve dvida: Aiko foi o seu primeiro amor, seu

    nico amor. Em Charlotte encontrou somente o refgio

    para sua fuga, foi demais para sua cabea toda aquela

    louca histria.

    Ir atrs dela seria o mesmo que regressar a todo

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    este passado confuso, cheio de mentiras e iluses. Seria

    voltar a se encontrar com o seu nico amor, e alm de

    tudo lev-la ao abismo, essa viagem tornou-se um dile-

    ma, mesmo sabendo que Aiko no se importou em ten-

    tar elimin-lo do mundo, mas o amor supera tudo. No

    conseguia ter nenhuma magoa por ela, no podia falar

    com ningum sobre isso. Virou um tormento sem fim tal

    situao. Thiago perdeu o entusiasmo por tudo. Ia para

    a editora, conferia algumas obras, tarde caminhava em

    meio a cidade agitada, pegava o carro e calmamente

    atravessava o trnsito sem nenhuma preocupao. Ao

    chegar em casa jantava com Charlotte. s vezes passava

    em um restaurante e tomava um drink.

    E a duvida permanecia em sua mente, domada

    pelo sentimento da paixo.

    Loy contava os dias para ir atrs de sua presa.

    Precisava encontrar Aiko e olhar em seus olhos falsa-

    mente tristonhos.

    Frente a frente com aquela criatura seria testar sua

    pacincia. Ainda no conseguia acreditar em como uma

    pessoa poderia ser to inconseqente. Depois de todo o

    Silvio Cerceau

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    ocorrido, no conseguia pensar em outra coisa, seno

    nela. Tudo era ainda muito claro. Ela sentada na cadeira

    de rodas, todas as manhs, os mesmo olhos, a face ange-

    lical. A primeira visita, a festa de aniversrio, os chs de

    hortel... os corpos misturados.

    Foi despertado por Susy.

    _Meu amor, onde esta seu pensamento? beijou-o

    na face.

    _Aqui mesmo, - sorriu sem graa.

    _Olha que lindas as roupinhas do nosso beb.

    _Amor, j comeou a comprar?Ainda nem sabe-

    mos o sexo.

    _Comprei cores neutras, assim que se faz quan-

    do no se sabe o que vai ser.

    Loy pegou o pequeno casaco, os olhos brilhavam

    de satisfao.

    _Gente, serei pai, que louco a voz de entusiasmo.

    _Louco por qu, meu bem?

    _Ah, parece que foi ontem que nos casamos.

    Aconteceram tantas coisas, - fez uma pausa. Pensou um

    pouco e disse:

    _Agora estamos a, colocando outra vida no

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    mundo, muita responsabilidade, mas daremos conta

    aproximou-se e a abraou ternamente. Por algum tempo

    permaneceram ali parados, sentindo somente o calor e

    a respirao um do outro. O pensamento de que seriam

    pais em pouco tempo, realmente amedrontava os dois.

    Preparavam-se para aquele fato indito.

    Nesse momento Loy ficava em dvida se ia valer

    apena se expor a um risco por algo do passado que no

    poderia mais voltar ou se simplesmente seguiria em

    frente, deixando que o tempo afastasse essa lembrana

    ruim, cada vez mais.

    Silvio Cerceau

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    Leonardo chegou em casa exausto, devido a umimportante evento na cidade, o hotel esteve movimenta-

    do dia o inteiro. Chegou sem o mnimo de bom humor,

    sentou-se no sof, tirou os sapatos, em seguida a cami-

    sa. Prostrou-se ali, sem foras at para um bom banho.

    _Ol, meu amor disse Aiko animadamente, - que

    carinha de cansado comentou ao fit-lo.

    _Hoje o dia foi um caos, estou morto!

    _Precisa de um banho para se animar.

    _Sim, preciso mesmo, mas que tal antes uma mas-

    sagem. tentou se entusiasmar.

    _Indecente!

    _Oh! Indecente s porque pedi uma massagem?

    Voc quem colocou maldade.

    _Sei, - sentou-se no colo dele, acariciou-lhe o pes-

    coo.

    O desejo de sexo por ele vencia sua vontade de se

    afastar. Aiko sentia raiva de si mesma, porque era

    Leonardo aparecer e ela esquecia seus planos.

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    Carecia tentar fugir daquele homem, sentia que

    uma paixo ameaava sua pessoa. Sabia que as pessoas

    apaixonadas cedem a tudo. Aiko estava abdicando-se

    aos toques, carinhos e ateno dele.

    Na ausncia, planejava uma maneira de livrar-se

    dele, uma forma de faz-lo triste, porm quando

    Leonardo chegava do trabalho, l estava cumprindo seu

    papel de mulher apaixonada. No podia levar essa his-

    tria adiante. O ontem era sua realidade.

    O contentamento.

    Uma realizao.

    Cedo ou tarde iria se livrar dele por bem ou por

    mal. Foi assim com Thiago, com Loy... com seus pais.

    Nada de piedade. Mas Thiago era impossvel esquecer...

    Tomaram banho juntos, comeram uma pizza, sa-

    ram para passear na noite calma. De mos dadas sen-

    tiam o vento ameno. Na madrugada, o orvalho molhava

    os corpos quentes de prazer. Ele se entrelaava nela.

    Ela no podia aceitar aquela paixo!

    Durante mais dois meses, tudo acontecia numa

    calmaria.

    Leonardo seguia seus rituais dirios e Aiko estava

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    a seu lado, sempre submissa a tudo, sem ao. A perfei-

    ta oportunidade de realmente ser uma nova mulher e

    apagar o passado como almejou na ida para ali. Mas

    algo no seu interior incomodava-a.

    Naquela semana saiu cedo, andou um pouco ten-

    tando respirar o ar fresco que o vento soprava.

    Sentou-se num bar, pediu um caf com chantilly.

    Tomava calmamente, pensando no seu passado, nas

    suas vontades.

    _Speak portuguese?

    Aiko virou-se depressa e fitou-o profundamente.

    _Ol, sim falo, sou brasileira.

    _Tudo bem com voc? perguntou ele.

    _Sim, aceita um caf?

    _No! Preciso somente de uma informao.

    _Se eu puder ajud-lo, porque tambm sou turista.

    _Preciso ir a este endereo, onde minha irm

    mora.

    Ela pegou o papel, leu e balanou a cabea sorrin-

    do.

    _Brincadeira... fez uma pausa. Se eu te contar

    que moro no mesmo prdio, porm no quarto andar.

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    _Que sorte a minha, - exclamou surpreso.

    _Somente coincidncia ressaltou Aiko.

    _Pode me explicar como chego l?

    _Estou indo para l. Qual o seu nome?

    _Matheus, e o seu?

    Pensou um pouco antes de responder e disse:

    _Karen. Mas o que veio fazer aqui?

    _Como lhe disse, tenho uma irm que mora aqui

    h dois anos. Ela estuda na Harvard; meus pais fizeram

    questo que eu tambm viesse. E voc?

    _Eles tm razo, uma das melhores do mundo

    tomou mais um gole do caf, - estou de frias, por acaso

    encontrei um amigo, estou uns dias na casa dele com o

    meu irmo. Mas vamos...

    Ela o deixou na porta do apartamento.

    _Engraado pensei que no morava ningum

    aqui.

    _ que minha irm interna no campus , vem aqui

    vez ou outra.

    _Tudo bem! Vemos-nos depois.

    Foi subindo as escadas.

    _Olha amanh ficarei aqui de manh, quer tomar

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    o caf comigo? Ser um modo de te agradecer pela caro-

    na.

    _Vou pensar!

    Naquela noite, Aiko no conseguiu sequer dormir.

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    Charlotte percebeu que algo no estava bem paraThiago, tentou conversar sobre, mas foi interrompida

    com a famosa frase:

    Para de criar coisas.

    Tentava fazer de tudo para que ele voltasse a ser o

    que era no comeo do namoro. Sentia que aquele amor

    demonstrado estava falho.

    Sentia-se incomodada, porm nada podia fazer.

    s tardes encontrava-se com Susy para continua-

    rem nas compras do enxoval para os bebs.

    Para elas nada era mais satisfatrio.

    A cada dia visitavam um shopping.

    _E o Loy, est bem?

    _Sim, anda meio ocupado e tambm preocupado

    com essa viagem atrs da Aiko.

    _O qu? gritou surpreendida.

    _Voc no sabe?

    Charlotte apenas balanou a cabea negativamen-

    te.

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    _Inclusive o Thiago vai tambm. Ele ser a isca.

    _Engraado, no me contou nada. Ultimamente,

    anda estranho, areo e ansioso.

    _Ih amiga, acho que esses rapazes deveriam

    esquecer essa histria. Tem coisas que o melhor esque-

    c-las.

    _Pois no deixarei Thiago ir, mas de jeito e manei-

    ra nenhuma disse decidida. Estou grvida e no per-

    mitirei que aquele demnio estrague novamente minha

    felicidade e voc, Susy, deve fazer o mesmo com o seu

    marido. Chega! Pelo amor de Deus!

    _Vamos tomar um lanche? Assim podemos con-

    versar melhor.

    Rumaram-se praa de alimentao.

    Thiago estava no meio de uma reunio editorial

    quando o celular tocou. Pediu licena para atender. Ao

    escutar aquela voz disse:

    _Oi! Sabia que ia me ligar. Por que de um nmero

    confidencial?

    _Para saber se estava mesmo vivo. Evitar cons-

    trangimentos.

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    _Como est?

    _Assim igual a voc, viva!

    _Sinceramente no pensei que tinha motivos para

    se livrar de mim, devo minha vida a Loy. Mas ainda

    guardo nosso segredo, por isso preciso que me d sua

    palavra que no far nada contra mim e nem contra

    minha famlia.

    _Thiago meu amor, sabe ainda sinto seu cheiro,

    suas mos, sua saliva. Sei que exagerei, mas o medo nos

    transforma. Perdoa-me!

    _Tudo bem, isso passado.

    _Voc nunca ser passado.

    _Ainda vai voltar para me matar?

    Um longo silncio se fez.

    _Al, me responda pediu Thiago ofegante.

    _Meu amor, meu nico amor, hoje vivo em outros

    braos para tentar te esquecer, por voc fao qualquer

    coisa.

    _Jura que faz?

    _Sim. Embora os erros no possam ser conserta-

    dos.

    _O que voc quer?

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    _Sua cumplicidade, o seu amor.

    _Te prometo minha cumplicidade. Mas hoje sou

    casado.

    _Volto em breve. Quero te ver!

    Thiago sentiu um frio na barriga, sentiu-se exci-

    tando.

    _Onde te encontro?

    _Eu te ligo assim que chegar. Nosso pacto est

    feito, sua segurana e a dos seus em troca de seu siln-

    cio... fez uma pausa, suspirou, - e o seu corpo nem que

    seja pela ltima vez. Ah! No se preocupe, tambm vol-

    tarei casada. um homem muito cordial. Sero amigos.

    Desligou sem tempo de resposta. Thiago ficou

    pensativo. De repente, percebia que aquele desprezo por

    ela antes foi apenas uma fuga do amor que sentia.

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    Aiko fingia dormir, quando Leonardo saiu para otrabalho. A seguir tomou um longo banho, vestiu um

    traje bsico e sensual, passou no pescoo uma gota de

    perfume.

    Desceu s escadas, tocou a campainha.

    _Bom dia! disse ao deparar-se com Matheus. Ele

    trajava somente uma bermuda, sem nada por baixo. Ao

    contemplar aquele corpo, ficou desordenada.

    _Vim tomar o caf! disse sutilmente.

    _Que bom, entre.

    Frente a frente o beijo foi o inicio de tudo. As horas

    passaram sem que percebessem.

    _Nossa, preciso ir disse ela.

    _Ah no! Fica mais um pouco.

    Aiko tentava encontrar Thiago em cada um que

    tocava. Nos momentos ofegantes de prazer, de olhos

    fechados pensava nele, cada toque, cada beijo, cada

    gesto e cada abrao. Ela tinha algo muito encantador,

    por isso Matheus apaixonou-se.

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    O que era sem graa, de repente virou um jogo

    interessante.

    Durante os dias de sol, chuva, calor ou frio, fazia

    companhia a Matheus, nas noites escutava as juras de

    amor de Leonardo. Situao que a deixava em plena

    satisfao.

    Porm seu tempo estava terminando.

    Sua maneira peculiar diablica de conduzir a

    situao. Convenceu Matheus de que Leonardo era um

    irmo, ciumento e anti-social.

    _Se quiser continuar me tendo melhor guardar-

    mos tudo em segredo avisou.

    _Quero namorar srio contigo interveio

    Matheus meio em desespero.

    _Na hora certa te aviso empurrou-o para a cama

    confie em mim, meu amor.

    Matheus estava dominado. Era somente isso que

    Aiko precisava.

    Espero que este pirralho no d trabalho pensa-

    va preocupada.

    Na semana seguinte, novas cobranas comearam.

    Discutiram durante horas.

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    _Hoje vou falar com seu irmo, est decidido

    comunicou Matheus com a voz alterada.

    _Querido! tentou manter a calma. Tem razo.

    Com um sorriso no rosto, abraou-a, apertou-a em

    seus braos com vontade de ficar daquele jeito pra sem-

    pre.

    Alguns minutos depois estavam na cama.

    _Eu te amo, - dizia ele, a voz ofegante, - casa comi-

    go? o movimento mais rpido, - quero ser seu para

    sempre! a exploso inevitvel, - meu amor, minha

    vida, - as foras esgotadas.

    Aiko se levantou, foi at a cozinha, respirou fundo,

    tomou gua. Voltou ao quarto. Matheus estava sentado

    na cama, na pele suave e clara, o suor escorria.

    _T chateada comigo?

    _No respondeu depressa.

    _Olha Karen, sei que nos conhecemos h poucos

    dias, mas o amor vem sem tempo certo, me apaixonei

    por voc verdadeiramente. Nunca senti nada assim. Mas

    veja bem, desde que nos conhecemos, nem sequer sa-

    mos de casa. Assim que seu irmo sai, voc vem e fica-

    mos aqui isolados do mundo! Ainda bem que noite

    Silvio Cerceau

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    sempre vou ao mercado comprar algo para ns. Parece

    que vivemos escondidos.

    _Tem razo. Vamos sair agora, aqui tem um terra-

    o maravilhoso, fica no oitavo andar, vamos l; quero te

    mostrar algo.

    _Hum... gostei comemorou, - primeiro vou

    tomar um banho, rpido!

    Cuidadosamente, Aiko pegou uma luva, e com um

    pano limpou rpido alguns lugares do apartamento.

    Antes que Matheus sasse do banho abriu a porta

    limpou a fechadura, foi at o triturador de lixo, jogou as

    luvas, voltou, fechou a porta com a ponta do sapato.

    Alguns minutos depois, ele vestiu uma bermuda

    que deixou a mostra as pernas atraentes do joelho para

    baixo, uma camiseta regata destacava o trax e os bra-

    os desenhados.

    _Vamos amor disse ele.

    Abriu a porta, saram sem se tocar.

    _Ah pode ir subindo, somente vou pegar uma sur-

    presa para voc.

    Algum tempo depois ela chegou ao terrao,

    Matheus se encontrava sentado no peitoral.

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    _Nossa que vento bom... tem coragem de sentar

    aqui comigo?

    Aiko se aproximou bruscamente, empurrando-o

    rumo queda. Sequer ele conseguiu gritar. Descendo

    rpido s escadas, ainda ouviu o estrondo do corpo

    tocando o cho.

    O maior sonho ficara na infncia, jogar uma ami-

    guinha laje abaixo. Idiota, no tinha como voc escapar.

    Sinto muito por ter apaixonado por mim.

    Da janela, observou vrios curiosos acompanha-

    rem o resgate do corpo.

    Silvio Cerceau

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    Thiago andava ainda mais estranho, evitava Loy detodas as maneiras. Naquele dia no conseguiu se conter

    e explodiu.

    _Loy, no vou atrs de Aiko de jeito nenhum, no

    quero mais saber desse assunto, - exasperadamente foi

    direto em suas palavras.

    _Cara, no podemos deixar aquela louca solta!

    _Loy, Loy, Loy... cai na real, vai viver a sua vida.

    Esquece isso! uma histria to sem lgica que nem a

    polcia vai acreditar. Olha seremos pais e seguir a vida

    deixando isso tudo para trs o melhor.

    _Por isso estou preocupado, agora tenho esposa e

    em breve um filho, se ela voltar para se vingar.

    _No vai voltar foi uma afirmao.

    Desconfiado, Loy fitou-o profundamente.

    _Como sabe? Olha para mim, Thiago.

    _Eu prefiro acreditar que nunca voltar.

    _Tudo bem!

    Depois desse encontro Loy no falou mais com

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    Thiago. As esposas continuavam amigas, e atravs de

    Susy com quem Loy falava sobre tudo, Charlotte sentiu-

    se aliviada em saber que o esposo desistira da louca

    idia de ir atrs de Aiko.

    Na realidade o alvio tomou conta da vida delas.

    Thiago continuou falando com Aiko toda semana,

    muitas vezes enquanto escutava declaraes e palavras

    de amor, ele explodia num orgasmo irracional.

    _J sabe quando vem? No agento mais ficar

    longe de voc.

    _Olha estou terminando meu novo livro, dentro de

    trs meses, com certeza estarei ai.

    _Vai vir para o Rio, mesmo?

    _Ainda no decidi.

    _Aiko, eu te amo!

    _Eu tambm te amo! Queria voltar hoje, mas voc

    sabe que corro muito risco, afinal o Loy sabe de tudo... o

    pior, ele, Susy e Charlotte.

    _No se preocupe com eles, no iro fazer nada.

    _Meu querido, sou uma pessoa pblica, ao lanar

    meu livro, estarei exposta a eles. No posso correr esse

    Silvio Cerceau

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    risco.

    _ mesmo, eu no tinha pensado nisso.

    _Se me ama de verdade, pode me ajudar!

    _Como Aiko?

    _Dando um jeito no Loy e sua interiorana brega.

    _No posso fazer isso.

    _Claro que pode! Para me ter vale a pena!

    A mesma excitao dominou-o de novo.

    As semanas passaram.

    Susy sentiu um desconforto, uma dor aguda. Foi

    logo para hospital.

    Na sala de espera, Loy andava de um lado para

    outro. Estalava os dedos. Sentava e levantava.

    Ela entrou em trabalho de parto, embora estivesse

    no stimo ms.

    A criana no resistiu.

    Loy recebeu a notcia em desespero, no podia

    acreditar naquele novo golpe do destino.

    Chorou feito criana.

    Ficou ali na recepo sentado olhando para o

    nada. Sua vida passava feito um filme. Sentiu-se to

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    sozinho. To triste. Queria ter algum que lhe desse o

    colo, o ombro para desabar todas as suas tristezas.

    Clara entrou com os olhos a procura dele, sentou-

    se ao lado e disse;

    _Meu amigo Loy, vem comigo amparado nela,

    saiu dali sem se opor.

    Entraram no carro dela.

    _Se importa de ir para meu apartamento? Quero

    cuidar de voc.

    _No posso a voz chorante tenho que voltar

    para o hospital.

    _Loy, ela necessita ficar em observao, ser libe-

    rada somente amanh.

    Clara era amiga da mdica de planto que lhe pas-

    sou informaes confidenciais. Sorriu carismtica e

    disse.

    Vamos, Loy, voc precisa descansar.

    Ele fez que sim com a cabea.

    Ao chegar ao apartamento, no se conteve e cho-

    rou... chorou pela me, pelo pai, pela verdade sobre sua

    vida... chorou pelo seu filho.

    Carinhosamente, Clara o escutou com ateno,

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    limpou suas lgrimas, acariciou seu rosto triste.

    Abraou-o calorosamente. A seguir, tirou seus sapatos,

    suas meias, fez carinhos naqueles ps perfeitos, beijou-

    os. Colocou suas pernas em cima do sof, e velou aque-

    le sono necessrio.

    Com cuidado desabotoou-lhe a camisa, suavemen-

    te beijou-o no trax quente, sentiu as batidas descom-

    passadas daquele corao ferido.

    Mas tinha que reprimir seu desejo e sentimento.

    No dia seguinte, Loy acordou assustado.

    _Que horas so?

    _No se preocupe disse Clara sorrindo.

    _Eu no podia ter ficado aqui comentou arre-

    pendido.

    _Meu amigo, est tudo bem! J liguei para o hos-

    pital, a Susy ainda dorme.

    _Clara, nem sei como te agradecer por tudo.

    _No precisa agradecer.

    _Posso tomar um banho?

    _Claro que sim, j deixei a toalha no banheiro e

    tambm te preparei um caf bem reforado.

    Ele sorriu, levantou meio sem graa, foi para o

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    banho.

    Loy via em Clara uma amiga espetacular, seu

    brao direito na joalheria, e agora tambm na vida pes-

    soal. Talvez por enxerg-la sem maldade alguma, no

    percebesse o amor que ela sentia.

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    Dois meses depois.O filho de Thiago nasceu saudvel. Charlotte esta-

    va imensamente feliz. Ao olhar aquela criana, ainda

    no acreditava que era dela. Tudo se comparava a uma

    magia sensacional, coisas da vida.

    Destinou-se a ateno ao filho, tambm nos lti-

    mos meses Thiago tornou-se to estranho. Todo o entu-

    siasmo do casamento acabara-se de uma hora para

    outra. Nem se tocavam mais, ela deu um tempo pensan-

    do ser por causa da gravidez, porm o tempo continuou

    passando provando que de fato, o amor sentido um pelo

    outro no poderia superar a rotina do casamento. Belo

    disfarce da paixo em se passar por amor durante

    algum tempo. Charlotte sempre foi decidida, no aceita-

    va ser escrava de nenhuma situao que lhe causasse

    sofrimento, pois j passara por isso quando ele desapa-

    receu no dia do casamento. No podia admitir nada que

    no lhe conviesse.

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    Sem receio e muito segura pediu a separao.

    _Voc arrumou outro? perguntou ele.

    _Thiago! Claro que no, o problema dos homens

    esse, quando tomamos uma deciso logo pensam que

    estamos com outro, nos julgam por si mesmos. H

    meses senti que sua felicidade se apagou. Isso fez com

    que a minha se apagasse tambm. Amo muito voc, hoje

    temos um vnculo maior que o nosso filho, mas est na

    hora de cada um seguir seu caminho.

    _Nem sei o que dizer.

    _No precisa dizer nada! Um advogado cuidar do

    nosso divorcio e questes relacionadas penso. Olha

    Thiago, sou uma mulher de famlia humilde, mas sou

    totalmente orgulhosa e sensata. Quero lembrar somente

    das coisas boas que vivemos.

    Com lgrimas nos olhos, ele manteve-se calado.

    _As lembranas boas que faro a diferena daqui

    para frente.

    _Porque no fica aqui? Eu vou para um apart.

    _Nem, nem, nem... vou para casa de meus pais.

    Tenho certeza que tero por mim o mesmo afeto de

    antes.

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    _Eu tambm no ficarei. Vamos colocar a venda!

    _Voc quem sabe.

    _Me perdoa!

    _Perdoar pelo o que? No me fez nada.

    Simplesmente acordamos de um sonho.

    _Acha que no te amei.

    _Com certeza, acho sim. Voc teve por mim um

    encanto, um desejo, e at um afeto, mas amor?

    _E voc, me amou?

    _Te amei enquanto fui correspondida. No posso

    dar a algum algo to precioso sem nenhuma pretenso.

    _Tudo bem!

    _Olha, meu pai me buscar hoje tarde, depois

    venho buscar minhas coisas pessoais.

    Thiago retirou-se dali aliviado. Nunca havia para-

    do para pensar que viveu meses numa priso.

    O celular tocou.

    _Oi, me separei definitivamente... agora posso ser

    seu.

    O relgio continuava a bater...

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    Thiago convidou Loy para ir ao clube naquela

    tarde.

    _Nossa cara, mas logo hoje, no meio da semana.

    _Melhor ainda, pelo menos est vazio. A gente

    pega uma sauna, e o sol, que hoje est timo.

    Ambos foram no mesmo carro, Thiago sentia-se

    feliz, como h tempos no sentia.

    Logo se trocaram, ficando em trajes de banho.

    Usaram a piscina, depois a sauna, a seguir pega-

    ram uma cerveja.

    _Loy, ela me ligou.

    Com olhar de espanto, retirou devagar o copo da

    boca.

    _O qu?

    _Exato. Olha, pensei muito antes dessa conversa

    contigo, porque preciso me abrir com algum. Posso

    confiar em voc?

    _Sim, claro que pode.

    _Eu amo aquela mulher!

    Loy ficou sem palavras naquele momento, pois

    sentiu tamanha emoo naquela pronncia.

    _No vai dizer nada perguntou Thiago.

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    Loy respirou forte. Colocou o copo no canto.

    _Eu j desconfiava disso.

    Agora entendera tantas coisas, tantas perguntas

    sem respostas.

    _Voc cmplice dela?

    _No. Afastei-me dela ao saber de certas coisas,

    mas no podia entregar a pessoa que amo para a pol-

    cia.

    _Thiago, somente voc poderia e poder denun-

    ci-la. uma testemunha chave. Cara, ela matou vrias

    pessoas, e tenho certeza: meu pai tambm foi morto por

    ela.

    _No vou denunci-la! No vou atrs dela! No

    posso fazer nada para prejudic-la. Tenho confiana que

    se arrependeu e buscou um novo rumo.

    _Ufa... nem! No quero opinar neste assunto. Pode

    no gostar do que direi.

    _Espero que no me julgue mal.

    _Quem sou eu para julgar algum. Cada um sabe o

    que faz. Sabe o certo ou errado. Apenas te lembro que

    sua amada no pensou duas vezes ao tentar mat-lo.

    _Eu queria muito entender isso. Por isso vou

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    encontr-la ainda, preciso saber o porqu da tentativa.

    Na poca agi por impulso. Meu casamento foi um escu-

    do para esconder meu amor por Aiko, um amor que cul-

    tivei desde a adolescncia.

    _Foi esse o motivo da separao?

    _Tambm. No posso viver com algum sem amor.

    Tornei-me infeliz e Charlotte igualmente.

    _Deve ser mesmo complicado viver assim.

    _Voc vai atrs dela?

    _No, j dispensei o Romeu. Chega de jogar

    dinheiro, um dia esse caso ser resolvido. Quero mais

    cuidar de minha famlia. Depois da perda do meu filho,

    tudo se tornou muito difcil, Susy at hoje no se recu-

    perou. Ainda faz terapia. A dor da perda no passa, vira

    uma saudade sem fim. E o tempo nos distancia das tris-

    tezas nos recheando de lembranas.

    Com lgrimas nos olhos Loy tomou a cerveja

    numa virada.

    Thiago levantou-se calmamente, caminhou at a

    piscina e nadou alguns minutos.

    Nadou tentando refrescar seus pensamentos.

    Loy fez o mesmo alguns minutos depois.

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    Meses depois...Aiko continuava a viver com Leonardo inesquec-

    veis momentos de paixo e desejo.

    Queria fugir de tudo aquilo, mas ao mesmo tempo

    sentia-se to segura e aconchegada. No seu ntimo a ter-

    rvel duvida a consumia, mesmo sem querer. Prosseguia

    brigando consigo mesma.

    Leonardo tirou frias. Decidiram voltar ao Brasil,

    inicialmente sem a definio se ficariam ou retornariam

    a Boston em breve.

    Essa situao deixou-a em tensa ansiedade. De

    repente uma sensao estranha, voltar ao passado.

    O passado uma bagagem que carregamos para

    sempre trazia essa convico. Agora estava na hora de

    ficar diante de tudo o que deixou para trs.

    Teria de ser cautelosa. O medo precisava ser extin-

    to definitivamente.

    Recordou Thiago. Quanta nostalgia. Quanto amor

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    contido. Reencontr-lo talvez fosse seu maior risco, por-

    que o amava intensamente. No podia continuar essa

    brincadeira.

    Respirou fundo, tomou um demorado banho. Ao

    sair deparou-se com Leonardo, sem dizer nada, aproxi-

    mou-se e o beijou. Em minutos os corpos se tocavam.

    A seguir permaneceram deitados na cama, cada

    um com seu pensamento oculto, s vezes as mos se

    atreviam e percorriam pelos corpos.

    _Engraado disse ele, - eu e voc fez uma

    pausa, sorriu. Fico perdido quando recordo como nos

    encontramos. Nunca imaginei que ia me apaixonar

    levantou-se, como se a realidade fosse dolorida. Agora

    estamos juntos h...

    _Meses... nem percebi o tempo interrompeu ela.

    Levou o dedo naqueles lbios vermelhos e antes que

    Leonardo pudesse pronunciar algo, o beijou. Foi o beijo

    mais longo que j deu em toda a sua vida.

    _Voc louca mesmo. Vamos nos casar as pala-

    vras soaram bruscamente. Pega de surpresa no conse-

    guiu dizer nada, beijou-o de novo.

    Imbecil pensou - amo outro completou o mal-

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    doso pensamento.

    Aiko na realidade queria desaparecer daquele

    lugar, porm, sua vontade de ficar ali recebendo os cari-

    nhos daquele ser, vencia o seu querer.

    Os dias passaram depressa. Finalmente o embar-

    que. Ela pegou o passaporte, fitou-o por muitos minu-

    tos, balanava a cabea e sorria somente no mago.

    Quando eu morrer o demnio no me deixar

    entrar no inferno!

    Aproximava a hora de mudar o seu personagem.

    As lembranas... quantas lembranas...

    No conteve as gargalhadas.

    _De que est rindo perguntou Leonardo.

    _Nada, - tentou disfarar, - sou mesmo boba.

    _Est ansiosa para voltar ao Brasil?

    _Acho que sim.

    _Voc esconde algo?

    _No entendi enrubesceu a face.

    _Desculpe, no quis ser incordial.

    _Vocs homens o tom de indiferena. So

    todos iguais.

    _Por qu, meu doce?

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    _Deixa para l.

    Fizeram o chek-in. Para evitar que Leonardo tives-

    se acesso ao seu falso passaporte, Aiko logo criou uma

    desculpa, pediu que buscasse-lhe gua. Sem maldade ele

    foi.

    Minutos depois aguardavam na sala de embarque.

    _Olha Leonardo, como eu comentei antes, embora

    sem entrar em detalhes, moro sozinha, mas ficaremos

    num flat fingiu engolir um soluo. Meus pais morre-

    ram h poucos meses foi um incndio causado devido a

    um vazamento de gs. Tenho poucos parentes que

    moram em So Paulo, na realidade, quase no tenho

    contato com eles. Sou escritora e meu nome Aiko - for-

    ou lgrimas nos olhos vim para c, porque precisava

    me encontrar e refazer minha vida...

    _No se preocupe, meu amor... abraou-a terna-

    mente Cuidarei de voc por toda a minha vida, -

    Leonardo estranhou aquele desabafo contraditrio, por-

    que no comeo ela havia dito que estava pesquisando

    sobre seu novo livro. No comentou a incoerncia.

    Algum tempo depois o avio levantou vo.

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    Thiago sentiu um aperto no peito. Caminhava pelapraia de Copacabana, parou pegou uma cerveja em lata.

    Uma moa elegante aproximou-se e perguntou:

    _Voc tem fogo, por favor?

    Ele olhou-a maldosamente, pensou:

    Tenho muito fogo!

    _No tenho... no fumo!

    _Que bom! Fumar um erro, mas no consigo

    parar olhou em volta em desespero para acender o

    cigarro. Qual o seu nome?

    _Thiago e o seu?

    _Ana Cludia. Muito prazer!

    _O prazer todo meu o sorriso sarcstico. A voz

    insinuante.

    Fizeram sem querer companhia um ao outro.

    Depois de muito bate papo, um beijo calou todas

    as palavras.

    Ana Cludia voltou para casa pensativa, aquele

    jovem tocara seu corao. Abriu a bolsa, e entre diversos

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    objetos fteis, tentava encontrar o papel com o nmero

    dele. Ao encontrar, ficou olhando para o papel, na mente

    a vontade de ligar imediatamente. Na boca o gosto do

    beijo. No corao uma sensao majestosa.

    No dia seguinte se encontraram novamente, janta-

    ram num restaurante japons, tomaram saqu. Depois

    andaram de mos dadas nas areias da praia, sob a lua

    cheia que enfeitava o cu. Corriam e brincavam feito

    crianas. Cansados, deitaram-se na areia molhada e tro-

    caram carinhos. Nada alm!

    Ana Cludia podia se considerar uma garota

    atraente, com vinte e trs anos, pele alva, cabelos e olhos

    castanhos, cursava Medicina e era uma pessoa de uma

    calma sem fim. Fazia tudo muito devagar, no se altera-

    va nem se preocupava com nada ao seu redor, seu

    mundo era extremamente singular.

    Aquele inesperado encontro tornou-se um namo-

    ro e seus principais ingredientes: amizade, respeito,

    carinhos, beijos e abraos, tudo bem harmonioso.

    E o tempo passou...

    Loy e Susy foram para o interior de Minas Gerais

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    passar uma quinzena na casa dos pais dela.

    H tempos no curtiam aquele clima puro.

    Tudo era muito saudvel e natural.

    Loy adorava tomar o leite da vaca tirado na hora,

    nossa quentinho! dizia ele. Ajudava a sogra a colher

    as verduras para o almoo, naquela imensa horta verde.

    O sogro morria de rir de Loy, porque ele agia como

    uma criana em suas fases de descobertas.

    _Esse povo da cidade besta mesmo.

    _Sou nada, senhor Noel.

    _Tem razo, o povo da cidade nos acham bobo,

    mas ns tambm o achamos assim.

    _Sinceramente, minha vontade vender tudo e

    comprar uma boa fazenda.

    _Faa isso, meu filho, certamente vivero melhor e

    muito mais tempo. Algum fala que tenho setenta e seis

    anos?

    Na parte da tarde sempre galopavam pelos longos

    pastos. Susy debochava do marido, que se tipificou um

    perfeito interiorano. Chapu de palha na cabea, cala

    jeans desbotada e camisa xadrez.

    _Venha c, meu cowboy.

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    _Ih... vou te mostrar o que um cowboy.

    Susy sentia que seu amor por Loy aumentava a

    cada dia. Mesmo com o tempo decorrido e a crise

    durante a gravidez, a depresso aps todo o ocorrido,

    no apagou aquele grandioso sentimento.

    O casal vivia feliz, nada de brigas e atitudes que

    desgastam o relacionamento.

    Na realidade precisavam dessas frias para se

    dedicarem somente um ao outro.

    No comeo da noite ao sair do banho, percebeu

    que o celular dele piscava sem parar, curiosamente,

    pegou e leu uma mensagem enviada por Clara. Dizia:

    Loy, estou morrendo de saudades.

    Silvio Cerceau

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    H meio ms Aiko voltara ao Brasil, ainda receosa,caminhava pela praia, o medo de ser abordada por

    algum a incomodava.

    Leonardo foi, para uma cidade da regio sul, pas-

    sar uns dias com a famlia, inicialmente insistiu muito

    para que ela o acompanhasse, mas depois viajou sozi-

    nho. Aproveitou para sentir outras emoes. Entrou na

    onda do ficar, e transou com diversas garotas, como pre-

    texto para a conscincia, preferiu acreditar que tudo era

    uma despedida de solteiro.

    Aiko tambm aproveitou para realizar seus encan-

    tos.

    Encontrou um rapaz na balada da noite.

    Momentos depois estavam envolvidos. Foram para

    um local deserto da orla.

    _Olha no sou daqui... tenho um pouco de medo...

    no sei nadar.

    Foi o que Aiko precisava ouvir.

    _Hum... que nenm medroso! a voz sutil. Pode

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    vir, te protejo.

    _Cheguei hoje no comeo da noite, amanh que

    virei com meus amigos curtir o mar.

    _Voc de onde?

    _Distrito Federal.

    _Ainda no conheo l.

    Depois de descontra-lo, passo a passo convenceu-

    o a entrar na gua.

    _No tenha medo, quero te amar entre as ondas.

    Ele sentiu o corpo arrepiar de vontade.

    Que louco, pegar uma gata dessa e ainda com essa

    fantasia.

    As ondas iam e viam, a gua j estava a altura da

    cintura de ambos.

    Aiko o beijou.

    Entregue ao desejo, o rapaz estava coberto pela

    gua, de repente sentiu o corpo arrastado, em desespero

    se debatia, antes de afundar viu os brilhantes olhos de

    Aiko.

    _Me ajud.... afundou-se totalmente perdendo os

    sentidos.

    Aiko saiu da gua satisfeita.

    Silvio Cerceau

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    No dia seguinte, o corpo do rapaz foi encontrado

    em uma praia do Rio de Janeiro.

    Leonardo chegou de viagem antes do almoo, pas-

    sou numa floricultura comprou um arranjo de rosas e

    foi rpido para o flat.

    Na portaria cumprimentou os funcionrios.

    Entrou no elevador, apertou o andar desejado, contava

    sem querer: ... 2,3,4,5,6,7,8,9,10,11.

    Saiu depressa tocou a campainha.

    Aiko o atendeu apenas de roupo. Antes de termi-

    nar de abrir a porta, foi abraada calorosamente.

    _Que saudade! exclamou ele.

    _Hum... apertou-o ainda mais, - tambm estou

    seca de saudades, meu lindo!

    Tomaram o caf juntos.

    _Aceita mais um pouco de caf? ofereceu ela.

    _Sim, quero, mas com leite!

    _Deu para cessar a saudade da famlia?

    _Sim. Ah, lembra daquele meu irmo que ia nos

    visitar?

    _Lembro sim...

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    _Ele ir para Boston em meu lugar, eu j havia

    conversado com meu gerente sobre a possibilidade de

    no voltar e fiz a indicao do meu irmo. Ele termina-

    r o curso de hotelaria nos prximos dias e vir para o

    Rio e em breve voar para Boston.

    Aiko no rendeu assunto, interrompeu-o e disse:

    _Que maravilha, quando voltar ao sul irei contigo

    para conhecer sua famlia.

    _Mame ficou curiosa para isso! E muito feliz

    sobre o casamento.

    Aiko afugentou o olhar. Levantou-se foi at a jane-

    la, fechou a cortina.

    _Que sol, heim?

    _Bom para pegar uma praia. Que tal?

    _Sim, pode ser! Vou me trocar.

    Caminharam tranqilos pela praia, o movimento

    era intenso devido a um feriado que prolongou o final

    de semana.

    Ao se deparar com Thiago abraado a uma garota,

    Aiko tentou manter-se fria.

    _Ol Thiago, quanto tempo!

    Ele ficou alguns segundos sem conseguir dizer

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    algo, sentiu um frio no peito.

    _Estou surpreso, no presumi a sua volta.

    As mos tocaram feito gelo e fogo. Leonardo e Ana

    Cludia cruzaram um olhar sem entender.

    _Ah, desculpe disse Thiago, - essa Aiko, uma

    grande amiga h anos. Aiko, essa a minha namorada,

    Ana Cludia.

    _Prazer falaram juntas.

    _Este Leonardo.

    Thiago dirigiu-se a ele indiferente.

    Trocaram mais algumas palavras e seguiram seus

    caminhos.

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    Thiago entrou no restaurante, foi conduzido pelorecepcionista a uma mesa mais discreta.

    Pediu uma dose de usque sem gelo.

    Conferiu as horas no celular.

    Algum tempo depois, pediu outra dose de usque.

    Aiko aproximou-se e interrompeu.

    _Vai ficar bbado antes da hora ironizou.

    Ao v-la, o sorriso iluminou.

    _Que saudade! levantou e abraou-a. No conse-

    guiram evitar um duradouro beijo.

    Ele sentiu-se excitado demais.

    Deixaram o almoo para depois.

    Entraram no carro. Pararam em um motel.

    Thiago saciou toda fome e desejo. Toda vontade e

    saudade refreadas por tanto tempo.

    Amou-a com exclusividade de sentimento porque

    o que sentiu e sentia por ela, ningum lhe despertou.

    Naquele instante percebeu de fato o que conheceu

    durante toda a sua vida. O sonho de infncia... o anseio

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    de um adolescente ultrapassando o tempo.

    _Voc continua linda... a voz ofegante. E agora

    mais linda ainda, sem aquela cadeira de rodas.

    Aiko ignorou o comentrio.

    _Esquece o passado! Meu amor...

    Passaram a tarde juntos.

    No falaram do passado, no cobraram satisfaes

    sobre os parceiros. Apenas se amaram intensamente.

    Thiago voltou para casa realizado, h tempos no

    se sentia assim. Estava completamente feliz.

    Recebeu, por coincidncia, uma ligao de Loy.

    _Oi cara tudo bem?

    _Sim Loy, e voc?

    _Estou bem!

    _Anda sumido.

    _Estou passando uns dias na fazenda dos meus

    sogros.

    _Eu tenho uma novidade.

    _Boa ou ruim?

    _Acho que para voc ruim.

    _Fala logo, cara.

    _Aiko voltou.

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    _Srio mesmo?

    _Sim. Passei a tarde com ela.

    _Vocs ficaram juntos?

    _Sim, meu amigo.

    _Voc cara de pau, mesmo.

    _No isso. J conversamos antes sobre isso.

    _Sinto muito por voc. Esta correndo risco de

    vida. Espero que no tenha falado sobre mim.

    _No falamos sobre nada do passado.

    _Eu vou polcia.

    _Loy, pelo amor de Deus, no faa besteira.

    _Infelizmente, Thiago as minhas suspeitas se con-

    cretizam. Somente errei porque pensei que voc fosse o

    assassino.

    _Estou te implorando; no faa isso. Ela nem tocou

    sobre qualquer coisa da poca. uma vida nova.

    _E eu acredito em fada madrinha.

    _D uma chance a ela.

    _Preciso v-la. Marca um encontro pensou e

    mudou de idia.

    _Pra qu? Pra voc aparecer com a polcia?

    _Prometo que irei sozinho. Preciso somente per-

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    guntar-lhe uma coisa.

    _Vou pensar. Quando voltar, me liga.

    Loy sentiu densa magoa, em seu intimo a certeza

    que Aiko tinha participao na morte do seu pai o per-

    turbava demais. No reprimiu as lgrimas, de dor, sau-

    dade e raiva. Chorou sozinho pra ningum saber. A sen-

    sao de ficar frente a frente com aquela criatura torna-

    ra-se o seu maior desejo.

    Tomou uma sbia deciso. Iria aproximar e faz-la

    confessar. Estava disposto a qualquer coisa por essa

    confisso.

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    Aiko estava muito vontade. Teve certeza que foiperfeita nas suas aes.

    Certo final de tarde, ao lado de Leonardo cami-

    nhou pela cidade, na orla observava o pr do sol. O

    casal, aparentemente apaixonado, visitou o Cristo,

    andou de bondinho. Por volta das vinte e duas horas,

    voltavam para o flat, Aiko se surpreendeu de como as

    praas viraram refgios dos mendigos.

    Eu preciso dar um jeito nisso. Concluiu. H alguns

    anos atrs j havia articulado tudo, agora chegara a

    hora de executar.

    Chegou no flat, enquanto o companheiro tomava

    banho, fez uma ligao, durante alguns minutos, passou

    as instrues.

    _Combinado ento... as dezoito horas em ponto.

    Anota o endereo.

    No dia seguinte, acordou cedo. Deixou um bilhete

    para Leonardo.

    Durante a tarde encontrou-se com Thiago. O ref-

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    gio para ambos foi o apartamento dele, j que morava

    sozinho.

    Thiago reforou com ela o pacto de silncio, segre-

    do eterno.

    Contou-lhe sobre Loy.

    _Confesso que me surpreendi. Mas j que quer me

    encontrar.

    _Acho arriscado! Ele tem certeza de que foi voc

    quem matou o pai dele.

    _E foi mesmo revelou secamente.

    Thiago balanou a cabea negativamente.

    _Adorei empurrar o velho. Voc precisa ver a cara

    de terror dele.

    _Aiko, por favor, me poupe desses detalhes.

    _Oh, Beb. Me perdoa! Mas ... deixa pra l.

    _Vamos mudar de assunto. O livro novo est pron-

    to?

    _Sim, ficou timo.

    _Ser que podemos lanar em dois meses?

    _Creio que sim.

    Prximo s dezoito horas, o interfone tocou.

    _ para mim, uma encomenda, vou descer. Te amo

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    muito!

    Despediu-se algum tempo depois. Pegou um txi.

    Informou o endereo.

    Aquele galpo abandonado fora seu cmplice

    antes e seria agora. Cenrio da limpeza da humanidade.

    Abriu a caixa de isopor. Contou atenciosamente os

    marmitex.

    _80... riu diabolicamente. ficaremos livres de 80

    pobres do inferno.

    Abriu a bolsa, pegou um vidro e uma seringa.

    Injetou algo em cada embalagem. Depois de tudo pron-

    to foi para sua misso.

    Sentou-se num banco da praa.

    Observou uma criana abandonada e suja, andan-

    do de um lado para outro abordando as pessoas, deses-

    perado de fome.

    _Ei garoto, venha aqui.

    Desconfiado aproximou-se.

    _O que foi, moa?

    _Voc est com fome?

    _Estou com muita fome!

    _Vou te dar um presente. Mas tem que me prome-

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    ter que far o que vou te pedir. Se fizer direitinho, ama-

    nh trago outro presente.

    _Fao sim, moa.

    _Olha, eu trouxe comida para voc e seus amigos.

    Sejam adultos ou crianas. Mas no poderei distribuir.

    Voc me far este favor.

    _Oh, moa! Fao sim, mas posso ficar com duas?

    _Sim, pode! Faz o seguinte, quero que d as outras

    para o pessoal que fica na praa.

    Os olhos do menino brilharam de satisfao.

    Pegou a caixa com dificuldade. Arrastou-a at a

    praa e gritou:

    _Venha gente, tem muita comida aqui.

    Aiko afastou-se depressa. De longe viu o bando

    esfomeado brigar pelo seu alvio.

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    Uma semana depois.Loy desembarcou no aeroporto. Colocou a esposa

    num txi.

    Passou na joalheria.

    Ligou para Thiago.

    _Al, sou eu.

    _E ai Loy, tudo bem?

    _Mais ou menos...

    _J marquei seu encontro. Hoje s dezessete horas.

    _Ufa, acho que vou sofrer um infarto at l.

    _Deixa de drama, homem. Peo s que tenha

    calma. Acho que no vale a pena abrir uma ferida que j

    cicatrizou.

    _Pode confiar em mim.

    As horas arrastaram naquele dia. Loy ficou no

    escritrio assistindo a TV, surpreendeu com a notcia

    sobre a morte de vrios moradores de rua, na semana

    passada, por envenenamento, a polcia no conseguiu

    chegar a um suspeito. Esse acontecimento ganhou as

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    manchetes principais de todos os jornais de TV e

    impresso.

    Foi despertado por Clara.

    _Esta cidade esta cada dia pior.

    _Oi, Clara!

    _Tudo bem? Descansou um pouco?

    _Ah sim, demais.

    _Deixei na sua gaveta um relatrio financeiro.

    _Obrigado!

    _Recebeu minha mensagem?

    _Mensagem, que mensagem?

    _Deixa...

    Com lgrimas vertidas, ela afastou-se rpido.

    Loy permaneceu ali, at o horrio de se encontrar

    com Aiko.

    Conferiu de novo as horas no celular, levantou-se,

    saiu despedindo secamente de seus funcionrios. Pegou

    o carro, no porta luvas um papel com endereo de des-

    tino.

    Ao aproximar, diminuiu a velocidade. Observou

    que ela j o esperava. Trajava um vestido sensual. A face

    angelical, os pensamentos com certeza demonacos.

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    Tinha os traos finos, jamais algum poderia imaginar

    se tratar de uma louca, assassina. Afinal, era uma mdi-

    ca, mesmo sem exercer a profisso, extremamente rica e

    uma pessoa pblica por ser escritora, estava longe de

    qualquer suspeita.

    _Ol Loy, quanto tempo sorriu tentando quebrar

    o clima pesado.

    _Olha, nem sei o que falar.

    _Trouxe a polcia?

    _Claro que no, prometi ao Thiago que no faria

    isso.

    _O que voc quer de mim? o tom insinuante.

    _Podemos ir a algum lugar?

    Ela pensou um pouco, resolveu se arriscar, afinal

    adorava correr risco, isso a estimulava, lhe gerava um

    orgasmo extremamente satisfatrio.

    _Pode ser, onde estacionou o carro?

    _Logo ali apontou j caminhando para l.

    Permaneceram calados durante alguns quartei-

    res. Aiko no conseguiu deixar de quebrar o silncio.

    _Posso sugerir o local?

    Alguns minutos depois entraram na sute daquele

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    motel.

    _Acho aqui o lugar mais discreto para uma con-

    versa particular.

    _Realmente.

    _Preciso te explicar muitas coisa...

    _Sim.

    _Primeiro me perdoe pelo que fiz a voc; no tive

    a inteno de feri-lo. Pretendia apenas me defender.

    Thiago, de certa forma, foi o culpado!

    _Aiko, voc matou muitas pessoas. Matou meu

    pai?

    _Que isso! No matei ningum, meu erro foi por

    amor fingir viver como cadeirante.

    _J sei de tudo, Thiago se abriu comigo.

    _Impossvel! Ele mentiu. Meu nico erro foi essa

    mentira sem volta.

    _E o meu pai?

    _No sei nada sobre ele, fiquei sabendo do ocorri-

    do quanto me ligou naquele dia. Lembra?

    Loy voltou ao passado. Toda a cena se passava len-

    tamente na sua mente, como se fosse o agora. Desabou

    em lgrimas. Aiko precisava somente dessa atitude.

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    Aproximou-se e o abraou. Sentia aquela pele suave,

    aquele cheiro masculino e sofisticado. Levantou a face

    dele, e como nos velhos tempos, beijou-o profundamen-

    te.

    Naquela noite ligou para Leonardo avisando que

    chegaria mais tarde.

    Foi o que aconteceu.

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    Quando Aiko entrou no flat foi bem cautelosa, jpreparara toda a trama acaso Leonardo lhe fizesse per-

    guntas. Na verdade estava sem a mnima pacincia para

    atur-lo. Mas a noite valeu a pena.

    Pelo menos consegui convencer aquele idiota. E

    ainda desfrutei aquele toque... pensou sorrindo.

    Sentou-se mesa. Pegou uma pra, sobra do caf

    de ontem, comeu-a calmamente. Observava Leonardo

    dormindo feito um anjo. Seus traos marcantes despon-

    tavam tanta beleza.

    Ele se mexeu na cama, levou a mo tateando algo

    no encontrado. Abriu os olhos devagar...

    _Oi amor, onde esteve?

    _Me desculpe. Tive que resolver um assunto.

    Resolvi dormir no meu apartamento do Leblon e as

    lembranas me dominaram forou lgrimas.

    Ele se levantou e a abraou.

    _No fique assim! Vamos comear uma vida nova.

    Te farei feliz. Muito, muito feliz.

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    O dia amanheceu ensolarado e passou sem novi-

    dades. O casal almoou. Foram ao shopping e assistiram

    primeira sesso do cinema. O clima era de puro

    romance.

    A seguir caminharam pela praia.

    Aiko enxergava tudo aquilo de forma pattica.

    Mas decidiu ficar ao lado daquele homem lindo e id-

    neo, seria o escudo perfeito. O libi que precisava.

    Sua vida tornou-se muito atarefada e dividida.

    Alternava os encontros com Thiago e Loy. Ambos se

    sentiam enfeitiados por ela. No sabiam dizer no.

    Thiago, devido paixo e amor sentidos desde a

    adolescncia. Seu fascnio era total, a ponto de tornar-se

    cmplice de tantas atitudes isoladas.

    Loy no continha sua atrao. Lembrou-se: depois

    de anos, Aiko foi a mulher que despertou seu desejo

    apagado pela morte da noiva anterior. Ainda nostalgia-

    va os primeiros olhares trocados entre eles. Ela com

    olhos negros e tristes, sentada naquela fnebre cadeira

    de rodas, a seguir, as constantes visitas, os chs, os pla-

    nos, os beijos e abraos, enfim a cama.

    Aiko se provia de um dom encantador inacredit-

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    vel, tinha imensa facilidade em deitar-se com quem

    escolhesse. Seus alvos, os jovens conflitantes na faixa

    dos vinte e poucos anos, ficavam loucos e aliciados por

    ela. Nessa idade, o desejo sexual aguado mistura todos

    os sentimentos, esse fator era muito positivo pra ela. Sua

    arma era a seduo. Logo, logo se declaravam. Fazia

    deles seus brinquedos ausentes na infncia. Quando

    cansava de brincar, chegava a hora de livrar-se deles.

    Mas precisava t-los sob o seu controle. No poderia

    permitir que seguissem seus passos independentes.

    s vezes seus pensamentos perdiam-se entre

    Leonardo, Thiago e Loy, usava-os intensamente. Cada

    um lhe proporcionava uma sensao diferente, o que

    faltava em um o outro tinha.

    Tinha pena de Susy e Ana Cludia.

    Quanto a Leonardo compensava-o, deixando-o em

    pleno delrio de tanto prazer.

    Aiko surpreendeu ao conhecer seu irmo, Bryan.

    Mais um brinquedo para a sua coleo.

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    Susy chegou cedo joalheria. Conferiu o caixa e oestoque, fez algumas ligaes, a seguir chamou Clara ao

    escritrio.

    _Senhora, precisa falar comigo? perguntou com

    a voz dcil e um sorriso gentil.

    _Sim, Clara sentou-se e pegou uma caneta, - pre-

    ciso muito! Na verdade h dias.

    _Pode dizer ento sorriu puramente.

    _Voc uma mulher falsa o tom rude, foi direta

    nas palavras. Por que vive dando em cima do meu

    marido? Ser que sua me no lhe educou para respei-

    tar os homens casados?

    Clara sentiu a face avermelhar. A boca secou e ela

    no foi capaz de se defender.

    _Pois ... vim aqui para te despedir. Sei que o Loy

    no cedeu as suas investidas. Confio em meu marido,

    nos amamos muito e nada vai nodoar o nosso amor.

    levantou-se aproximou-se dela, pde sentir sua tempe-

    ratura descontrolada. Olha espero que daqui para

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    frente aprenda a definio de respeito, porque foi o que

    sempre tive por voc. Sinto muito ter chegado a esse

    ponto.

    Clara sentiu-se morta de vergonha. Foi exposta

    para os colegas de trabalho. Susy fez questo de contar

    a todos o motivo da demisso.

    Assim que Susy partiu, ela juntou as coisas; nos

    olhos escorriam lgrimas de dor, arrependimento e tris-

    teza. Tudo por um amor nunca declarado e correspon-

    dido.

    Foi embora sem ao menos despedir-se dos colegas

    de trabalho. Saiu andando sem rumo.

    Deparou-se com Aiko no estacionamento. Sentiu-

    se tonta e foi amparada por ela.

    _Estou de carro, quer que eu a leve em algum lugar

    perguntou Aiko, pela primeira vez na vida tentando

    ser gentil.

    _Se puder fazer isso por mim...

    No caminho em lgrimas, impulsivamente, confi-

    denciou-lhe toda sua histria. Aiko deu uma brusca

    freada.

    _Nossa, que surpresa! Por coincidncia conheo

    CO

    M AMO

    R N

    AO S

    E BR

    IN

    CA

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  • 7/29/2019 com o amor no se brinca

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    Loy. um velho amigo.

    Seu instinto guardado no mago foi despertado.

    Aquele brinquedo pertencia-lhe, fora um presente do

    destino, brincava com ele somente quem fosse permiti-

    do. Essa mulher no fora.

    Clara morava num edifcio antigo na Lapa. O pr-

    dio com pintura velha, com lodo em alguns pontos, a

    portaria ficava as moscas. Os elevadores sempre davam

    defeitos. Morava no quarto andar. Convidou Aiko para

    um caf.

    Clara foi cozinha, lavou as xcaras, e continuou

    seu relato.

    Algum tempo depois acompanhou-a at o eleva-

    dor. Esperaram em silncio fitando o ponteiro indican-

    do cada andar que ele passava. Ao abrir a porta, gritou:

    _Cuidado! O elevador no subiu; sempre acontece

    isso.

    Esticou o pescoo para verificar.

    Aiko empurrou-a repentinamente.

    Clara caiu no fosso, meio inconsciente ainda

    pegou o celular n