com hÉlio arc fernandes -...

104
ARC EDITOR Jorge Rubem Folena de Oliveira CONVERSAS COM HÉLIO FERNANDES

Upload: vanminh

Post on 02-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

A R CE D I T O R

Jorge Rubem Folena de Oliveira

CONVERSASCOM

HÉLIOFERNANDES

Page 2: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu
Page 3: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

CONVERSAS COM

HÉLIO FERNANDES

Page 4: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu
Page 5: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

Jorge Rubem Folena de Oliveira

CONVERSAS COM

HÉLIO FERNANDES

Page 6: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

Copyright © Jorge Rubem Folena de Oliveira 2010

Capa: Aline Tavares Bezerra

Projeto Gráfico e Diagramação: Aline Tavares Bezerra

Editoração Eletrônica: Aline Tavares Bezerra

Revisão: Verlene Tavares

CIP-Brasil. Catalogação na Fonte

Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

Conversas com Hélio Fernandes

Jorge Rubem Folena De Oliveira

Editora: ARC EDITOR

Ano de edição: 2010-04-15

Categoria: Ciência Política

Idioma: Português

ISBN: 978-85-89140-27-0

104p Oliveira, Jorge Rubem Folena de, 1968

104p.; 21cm

ISBN: 978-85-89140-27-0 1. Literatura brasileira. 2. Política. 3. Brasil. 4. Reflexões

1. Título CDD: 869

CDU: 82.92

Conversas com Hélio Fernandes/ Jorge Rubem Folena de Oliveira.– Rio de Janeiro: ARC Editor, 2014

Page 7: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

7

ÍNDICE

APRESENTAçãO POR J. BERNARDO CABRAL

O mONOPóLIO DO PETRóLEO

O mONOPóLIO DO PETRóLEO 2

NóS VOLTAREmOS

NOTAS FRIAS, SALáRIOS mILIONáRIOS

ROyALTIES DO PETRóLEO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Os ROyaLties dO PRé-saL

BERNARDO CABRAL E A CONSTITUIçãO DE 1988

CONSIDERAçõES SOBRE A CONSTITUIçãO CIDADã

PARA O PRESIDENTE LULA LER E mEDITAR

QUANTO VALE A VALE? DO POVO E NãO DO BRADESCO?

BATTISTI NãO PODE SER ExTRADITADO PELO SUPREmO

DOLARIzAçãO DA ECONOmIA BRASILEIRA

LEI DELEgADA 4/1962: A QUEm INTERESSA SUA REVOgAçãO?

BuRLa aO PReCatóRiO – CRise de RePResentatividade POLítiCa

VIOLêNCIA CONTRA A mULHER

agRadeCimentO – tRiBuna da imPRensa

O PResidente LuLa e Os PROjetOs de Lei dO PRé-saL

CHUVAS, TRAgéDIAS, ExCLUSãO E INDIFERENçA

TRABALHADORES E ANISTIA

A ANISTIA E A PRESCRIçãO DOS CRImES DOS OPRESSORES

CONCLUSãO POR HéLIO FERNANDES

09

11

15

17

20

24

28

35

38

41

45

47

51

56

63

68

72

80

87

91

96

99

Page 8: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu
Page 9: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

9

APRESENTAÇÃO POR J. BERNARDO CABRAL

O Advogado Jorge Rubem Folena de Oliveira é um profissional voltado para as causas nacionalistas – defensor intransigente da soberania popular – sem se descurar de outros assuntos que têm conotação com a ética e o decoro, com o desrespeito à população e às instituições fundamentais da sociedade or-ganizada.

Sem dispor dos meios de comunicação de maior densidade, começou ele a enviar comentários e artigos de sua autoria à Tribuna da Imprensa, tendo merecido do seu Diretor, bravo Jornalista Hélio Fernandes, encômios os mais merecidos.

Aqui faço um parêntese. Hélio Fernandes foi o Jornalista mais censurado e mais confinado da história brasileira – três vezes – além de preso inúmeras outras. Conheceu a ignomínia e o opróbrio de presídios e quartéis militares, a negação de sua própria identidade profissional e o cerceamento do sagrado di-reito ao trabalho, ao ser proibido de trabalhar e de escrever. Poucos sabem que teve de recorrer, no período compreendido entre novembro de 1966 a setembro de 1967, ao pseudônimo de João da Silva, nome de um pracinha brasileiro da FEB que morreu lutando na Itália. Por isso mesmo, o servilismo e a subserviên-cia são palavras que jamais constaram do seu Manual de Jornalismo, como não constam, ainda hoje, do dicionário de sua vida.

Cabe destacar que a Tribuna da Imprensa foi o jornal que sofreu a censura mais avassaladora de que se tem notícia na imprensa brasileira e que por mais tempo teve cerceada a sua liberdade: foi o primeiro órgão de imprensa a ter sua

Page 10: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

10

censura prévia, antes mesmo da decretação do Ato Institucional n.º 5, e foi o último a deixar de ter censura, em junho de 1978.

Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu a idéia de Jorge Fo-lena editar um livro, ao qual deu o título de “Conversas com Hélio Fernandes” e a mim entregou o cometimento de sua respectiva apresentação.

A obra é a mais oportuna possível trazendo densa abordagem sobre a Petrobras, os royalties do petróleo, do Pré-Sal; a Constituição de 1988; a Vale; as reservas de minérios; a competência originária do Supremo Tribunal Feder-al; a dolarização da economia brasileira; Lei Delegada; burla Precatória, etc., etc.

Jorge Folena tem ciência de que um país só se mantém erguido nos braços da soberania de seu povo. E soberania não tem preço, por mais alto que seja o valor que por ela pretendem oferecer. Até porque sociedade sem idéias de im-pulsão nem capacidade de ação e opção, é sociedade letárgica, mais vencida do que vencedora.

Tem razão o Autor: não pode existir democracia sem que sejam destruídos todos os resíduos da ditadura.

Rio de Janeiro, 03 de maio de 2010.

__________________J. Bernardo Cabral foi Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (1981/1983) – Relator-Geral da Constituição de 1988 - Doutor Honoris-Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UNIRIO (2005) e Doutor Honoris-Causa da Universidade Federal do Amazonas – UFAM (2009)

Page 11: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

11

1. O MONOPÓLIO DO PETRÓLEO

Por duas oportunidades, no Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), indaguei do saudoso Heitor Pereira, ex-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), por que a Emenda Constitucional (EC) n.º 9/95, que impôs o fim do monopólio do petróleo em favor da Petrobras, não teve a sua constitucionalidade questionada no STF.

Na verdade, até onde tenho conhecimento, a AEPET articulou com o Governador Requião a propositura de ação direta de inconstitucionali-dade contra a lei do petróleo (Lei 9.478/97) que teve sua validade confir-mada pelo STF, particularmente quanto à propriedade da lavra extraída (art. 26).

A primeira vez foi no Centro Cultural do IAB e estávamos acompan-hados do ex-presidente do Instituto, o advogado Celso Soares. A segunda foi num evento na seda da instituição, que contou com a participação do grande professor de sociologia jurídica da Faculdade Nacional de Direito, Maciel Pinheiro Filho.

A insistência da indagação decorria do fato de não entender porque foi submetida a inconstitucionalidade da lei do petróleo no STF, quando esta teve origem na Emenda Constitucional n.º 9.

Com efeito, não foi a lei que revogou o monopólio que concedia a exclusividade das operações à Petrobras, mas sim a Emenda Constitucional 9/95.

Page 12: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

12

O monopólio, previsto na redação original do artigo 177 da Constituição de 1988, era uma das formas de preservação da soberania nacional, que é um princípio fundamental da República (artigo 1.º, I, da Constituição).

A lei do petróleo nasceu de uma emenda à Constituição, que jamais poderia ter sido aprovada e menos ainda revogado o monopólio, instituído em benefício da Petrobras, porque estava protegido por cláusula pétrea, uma vez que a soberania nacional é direito e garantia do povo brasileiro (artigo 60, parágrafo 2.º, IV, da Constituição).

Vale lembrar que os direitos e garantias fundamentais não estão previstos apenas no artigo 5.º da Constituição, mas também em outros “decorrentes do regime e dos princípios” adotados pela Carta Política de 1988 (artigo 5.º, parágrafo 2.º), sendo certo que a soberania nacional, que é um Princípio Fundamental da República Federativa do Brasil, está con-templada nessa extensão.

É sob essa ótica que persistimos em acreditar que a Emenda Consti-tucional n.º 9/95 necessita ter sua constitucionalidade submetida ao STF, pois, sendo declarada inconstitucional, restaura-se o status quo ante, ou seja, o monopólio da Petrobras, previsto na redação original do artigo 177 da Constituição.

Portanto, o STF apenas julgou a constitucionalidade da lei do petróleo, não enfrentando a Emenda n.º 9/95, que julgada inconstitucio-nal, arrastará pelo mesmo caminho a lei do petróleo, que nela tem seu supedâneo.

Page 13: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

13

Comentário de Hélio Fernandes:

A emenda constitucional número 9 de 1995 foi apenas mais um atenta-do de FHC, que sempre se julgou dono e senhor de tudo. Com isso, quebrava uma clausula PÉTREA e preparava o caminho para romper mais uma, sobre os mandatos e impunha sua própria REEELEIÇÃO (Assim mesmo, com 3E).

Ilegal, imoral, inconstitucional, comprada e paga à vista, mantinha FHC mais 4 anos no Poder. E além desses 4 anos “conquistados”, pretendia outros 3, não conseguiu. (Foi derrotado como seus parceiros Menen (Argentina) e Fujimori (Peru).

O Supremo não pode obrigar FHC a devolver os 4 anos que USUR-POU ao povo brasileiro. Mas pode devolver ao cidadão-contribuinte-eleitor seu legítimo e sagrado direito de ser o maior acionista e o único proprietário do petróleo do Brasil.

O Supremo precisa restabelecer a Constituição, nos mais diversos artigos e determinações, e com urgência. Não pode deixar que alguns continuem fing-indo que o MONOPÓLIO DA PETROBRAS foi liquidado, e que o próprio Supremo concordou. Não é verdade, mas é indispensável que o povo, a coletiv-idade-comunidade, saiba disso.

O Supremo também precisa explicar a razão de estar engavetando há 6 anos o processo contra o senador Tasso Jereissati, hoje CAMPEÃO MORAL da desmoralização da Petrobras. Por que não julgam?

Em 2001, governador do Ceará, Jereissati foi indiciado pela FALÊN-CIA FRAUDULENTA do Banco do Ceará (Na época, só a Folha e a Tribu-na publicaram o fato). Logo a seguir, Jereissati se elegeria senador, o processo passou para o Supremo. Até agora, “guardam” ciosamente o processo. A solução

Page 14: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

14

é simples: HOUVE OU NÃO HOUVE A FALÊNCIA FRAUDULENTA?

O fato de Jereissati ter ficado esses anos todos sem querer o julgamento torna o fato SUSPEITO numa condenação mais do que previsível.

PS - O prazo para a indicação dos nomes para a CPI CONTRA a Petrobras termina hoje, terça-feira. Se não chegarem a um acordo, não faz mal, continua sendo terça-feira, de qualquer semana.

PS2 - O máximo da audácia, arrogância e ficarem se “lixando” para a opinião pública: indicarem Jereissati para integrar (não confundir com entre-gar) a Petrobras.

__________________Postado em 26/05/2009.

Page 15: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

15

2. O MONOPÓLIO DO PETRÓLEO

Agradeço de todo coração a publicação do artigo “O monopólio do petróleo” e de seu comentário, na Tribuna da Imprensa de hoje.

Esperamos ter colaborado com o debate sobre tema relevante para o Brasil, ainda mais neste momento de instalação de uma negativa CPI contra a Petrobras.

Comentário de Hélio Fernandes:

O artigo é muito bom e foge da rotina. Pois traz ao debate a questão da constitucionalidade e da inconstitucionalidade das emendas sobre a Petrobras. São centenas de mensagens sobre a CPI, CONTRA e A FAVOR. amanhã responderei algumas. Muita gente defende a CPI, outros combatem. É isso que me agrada, o fato das pessoas tomarem posição, combaterem por aquilo no qual acreditam.

Minha convicção não mudou: sou contra a CPI, mas mantenho a im-portância da investigação. Alguns cidadãos lembram que já denunciei muitos presidentes da Petrobras (e da BR e da Transpetro, não esqueçam) que en-riqueceram fabulosamente. O próprio “presidente” Geisel deixou “herança” de 20 milhões de dólares, surpresa. Só eu publiquei isso, embora não fosse o único a saber. O jornalista Elio Gaspari soube antes, mas tinha que proteger a fonte.

Page 16: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

16

Podem escrever à vontade, defendam com clareza as coisas nas quais acreditam, não censuro ninguém, mesmo que discordem do repórter.

Defendo uma Petrobras LIMPA e SEM ROUBO. Mas 60 por cento dos que passaram por cargos importantes na empresa, enriqueceram. E não apenas no passado. Só que é difícil acreditar em Jereissati e no PSDB.

__________________Postado em 26/05/2009.

Page 17: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

17

3. NÓS VOLTAREMOS

Sempre que leio a respeito da tragédia que recaiu sobre a sua vida e seu trabalho, fico cada vez mais orgulhoso do senhor, na medida em que não percebo, em suas manifestações, sentimentos de rancor ou ódio, que seriam naturais diante das circunstâncias reveladas e comprovadas.

Ainda bem que existem homens com coragem para lutar e persistir, transmitindo às gerações futuras que um mundo melhor ainda é possível. Isto, o repórter nos passa a todo o momento, mesmo nas dificuldades.

Como revelei em outra oportunidade, agradeço por seus ensinamen-tos diários e desejo uma longa vida à sua Tribuna da Imprensa.

Comentário de Hélio Fernandes:

Obrigado, Folena, pela contribuição e a observação. Esse ponto destacado por você é fundamental na minha vida e em toda a participação de dezenas de anos. Jamais tive qualquer ressentimento, ódio, rancor ou coisa parecida. Nas várias vezes em que fui para o DOI-CODI, um centro de terror, quase o instante da tortura, não ficava com raiva dos oficiais. Eles tentavam me gozar, dizendo como interrogação: “Então, jornalista, o senhor escreve contra nós, mas acaba sempre aqui”. E riam, alucinada e prazerosamente.

Page 18: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

18

Não pensava em me vingar, não queria estabelecer qualquer forma de duelo ou de combate com eles. Eu tinha objetivos, procurava cumpri-los, quais-quer que fossem os obstáculos colocados à minha frente. Nada me impediria, não era a luta de um instante, a batalha de um momento, a convicção que eu logo abandonaria. Quando comecei a lutar, foi muito antes de 1964, do golpe chamado de Revolução. Pois o Brasil tem uma historia cheia de golpes e nenhuma Revolução de verdade (1930 é uma fraude, uma farsa, mistificação completa).

Ainda menino, entrei na redação da revista “O Cruzeiro”, era um emprego. Mas logo compreendi que seria muito mais do que isso. E não desacreditei jamais. Meu primeiro trabalho de importância foi a cobertura da Constituinte de 1946. Ali travei conhecimento direto com a política e compreendi que eles não conheciam Aristóteles, e estavam distantes de compreender que “a política é arte de governar os povos”.

Acabada a Constituinte, fiz entrevista com o general Góes Monteiro e ouvi pela primeira vez a afirmação: “O Exército é o grande mudo”. Como desde 1889 o Exercito sempre se meteu em tudo, não tive dúvida: era impos-sível confiar em políticos e em militares. Eles estão sempre juntos, enganando a coletividade.

Em 1889, os civis combateram, mas o Poder não ficou com eles. A República nasceu militar, militarista e militarizada, mas apoiada por civis. Em 1937, o ditador era um civil, Vargas, garantido pelos militares. E, em 1964, trocaram, os militares ficaram com o poder ostensivo, mas garantidos pelos civis.

De qualquer maneira, o bom é a compreensão de um advogado militante como você e tantos outros. Aos que perguntam quando a Tribuna impressa

Page 19: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

19

__________________Postado em 29/06/2009

estará nas bancas, respondemos como o general McArthur ao ter que deixar as Filipinas: “NÓS VOLTAREMOS”.

Page 20: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

20

4. NOTAS FRIAS, SALÁRIOS MILIONÁRIOS

No último dia 30, encaminhei-lhe carta sobre o Projeto de Lei 5.099/99, do deputado Jefferson Campos (PTB/SP) que tramita na Câmara dos Deputados em caráter conclusivo, que pretende autorizar que pequenas empresas prestadoras de serviço e profissionais autônomos pos-sam ter a residência de seus titulares como suas sedes.

O Globo de 02/08/2009, domingo, estampou na primeira página: “Compra de nota fiscal esconde sonegação na área da cultura”. E na página 2: “A cultura da sonegação”.

Com efeito, sei que para o senhor o tema não é novidade, pois o seu artigo do dia 14/07/09 teve o seguinte título: “Apresentadores e diretores com salários milionários podem substituir carteira de trabalho por notas fiscais?”

E notas fiscais agora apresentadas como “compradas” são originárias de pequenas empresas prestadoras de serviço instaladas, irregularmente, em residências, mas que o projeto do referido deputado federal pretende legalizar, beneficiando com isso não apenas a evasão fiscal já em curso, mas principalmente a “reforma trabalhista”, uma vez que possibilitará a diminuição dos encargos sobre a folha de pagamentos, com a exclusão de direitos sociais conquistados como muita luta pelos trabalhadores.

Ressalto: o FGTS, quando de sua criação, deveria ser facultativo, mas tonou-se “obrigatório” em quaisquer contratações, para eliminar a estabilidade no emprego para os trabalhadores da iniciativa privada. O mesmo poderá ocorrer, doravante, com os trabalhadores sendo contrata-

Page 21: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

21

dos somente se tiverem constituído uma “pequena empresa prestadora de serviço”, cuja sede poderá ser sua própria moradia.

Portanto, as grandes personalidades da área cultural, que deveriam servir de exemplo para o “povão”, precisam refletir melhor sobre seus atos, pois a ganância não só os coloca em situação de risco diante do fisco, como podem vir a prejudicar os trabalhadores, “legalizando” a esdrúxula situação de negócio entre as empresas, ao invés de uma relação de emprego com carteira assinada, como prevê a legislação do trabalho.

Comentário de Hélio Fernandes:

Obrigado, Jorge. Tua carta esgota o assunto, não deixa um ponto, por menor que seja, sem esclarecimento. Fica evidente que esses “salários” milionários partem de um ponto ilegalíssimo, chamado de “merchandising”, e terminam mais ilegal ainda, já atingindo e ultrapassando o limite da imoralidade.

Esses RECEBIMENTOS (quase sempre na televisão) chegam a milhões MENSALMENTE e os PAGAMENTOS seguem na mesma linha de falta de credibilidade.

Antes de mais nada, uma explicação vernacular: o que é MERCHANDISING assim ou já traduzida para o português?

Page 22: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

22

Como não conseguem explicar o significado da palavra, consideram mui-to melhor não escriturar, mergulhar na sonegação, tão formidável quanto o faturamento. E como os que pagam não contabilizam, os que recebem também não declaram. Assim, ficam igual e gostosamente no mesmo clima de sonegação.

E a fuga dos impostos se dá em vários pontos, não se restringe aos órgãos de comunicação (televisão), contamina também os que servem de ponte entre os dois lados. E não pára por aí.

Perguntinha ingênua, inócua, inútil: MERCHANDISING não é publicidade? Ou é “publicidade” enrustida, envergonhada, constrangida, mas suculenta? Aí se configura a extensão da sonegação. Os intermediários que pagam esses “salários” escondidos, logicamente não declaram, são obrigados a sonegar, sem que sejam cobrados ou questionados.

E os que PAGAM a esses intermediários, que PAGAM aos órgãos, que PAGAM aos famosos, logicamente também não declaram, como fazer? E para esse PAGAMENTO ser ressarcido ou recuperado, aumentam os preços dos pro-dutos, concluindo a cadeia (desculpem, nenhuma intenção) de ilegalidade. E fogem da obrigação de fornecer a nota, só fornecem mesmo quando pedem ou exigem.

Nesse quadro, a última pincelada dada por um pintor desconhecido tem esta destinação: MILIONÁRIOS DA EXIBIÇÃO, deixam de ter carteira assi-nada, ou colocam nessa carteira imaginária, o mínimo dos mínimos.

Prejudicam os verdadeiros prestadores de serviço. De empresas pequenas, de profissionais que trabalham mesmo e ganham miseravelmente, recebem, declaram, pagam, recolhem.

E esses MILIONÁRIOS de “SALÁRIOS” astronômicos, ganham essas

Page 23: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

23

fortunas para iludirem o cidadão-contribuinte-eleitor. RECOMENDAM pro-dutos que não usam nem conhecem a não ser pelo vulto da conta bancária. CONTA BANCÁRIA?

Como recebem POR FORA, não podem depositar. Têm que viver com DINHEIRO VIVO.

__________________Postado em 29/06/2009

Page 24: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

24

5. ROYALTIES DO PETRÓLEO DO ESTADO DORIO DE JANEIRO

É golpista a tentativa do governo federal de retirar os royalties do petróleo do Estado do Rio de Janeiro, com a cobiça despertada pelo “pré-sal”, sob o argumento da criação de um “fundo soberano” para distribuição da riqueza entre todos os brasileiros, visando “pôr fim às desigualdades nacionais”.

O mais grave é que isto aconteceu com a omissão e a subserviência do governador do Estado do Rio de Janeiro e de grande parte da bancada legislativa federal, que somente agora estão se manifestando. Desde o final de 2007 tenho denunciado este grave fato aos políticos do Rio de Janeiro, seja por meio de artigos, palestras e trabalhos apresentados. Mas ninguém quis se expressar contra o movimento que estava em curso no Congresso Nacional, liderado pelos senadores José Sarney, Ideli Salvati e outros, que apresentaram projetos de lei e de emendas à Constituição.

Chamamos a atenção para o projeto de lei do Senado n.º 279/08, de autoria da senadora Ideli Salvati, grande defensora do governo Lula no Congresso Nacional. Com o referido projeto de lei, pretende-se alterar o critério geográfico utilizado pelo IBGE para o pagamento dos royalties do petróleo explorado no mar.

Vale lembrar que o Estado do Rio de Janeiro é o maior produtor de petróleo do País. Deveria ter vantagens em consequência disso, mas, na verdade, sofre perdas de receita do seu principal imposto (o ICMS), que, nas operações destinadas a outros Estados da Federação, não tem tribu-

Page 25: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

25

tação, por força da não-incidência prevista no artigo 155, parágrafo 2.º, II, “b”, da Constituição Federal.

Esta imunidade tributária, que vale para o petróleo e a energia elétri-ca, foi patrocinada pelo Estado de São Paulo durante a Constituinte de 1986/1988, sob a liderança do então deputado José Serra, uma vez que aquele Estado é o maior consumidor de energia do país. O mesmo José Serra, hoje governador de São Paulo e possível candidato à Presidência da República, também se articula nos bastidores para retirar os royalties do Rio de janeiro e transferi-los para seu Estado.

Veja a contradição: o petróleo e a energia elétrica recebidos por São Paulo não pagam ICMS ao Estado produtor, porém a mesma regra não se aplica ao álcool combustível, do qual aquele Estado é um dos maiores produtores.

Como forma de compensar a perda de ICMS, o constituinte insti-tuiu os royalties em favor dos Estados produtores de petróleo e energia elétrica (artigo 20, parágrafo 1.º, da Constituição Federal.

Todavia, com o anúncio do pré-sal, teve início um debate sobre a pretensa necessidade de distribuir os royalties entre todos os Estados da federação, o que causará grande perda de receita ao Estado do Rio de Ja-neiro e seus municípios.

A esse respeito, o presidente Lula manifestou: “O petróleo não é do governo do Estado do Rio de Janeiro. Não é da Petrobras, é do povo bra-sileiro e precisamos discutir o destino desse petróleo” (Tribuna da Impren-sa, 13/08/08, p. 8).

Com efeito, esta manifestação do presidente da República ocorreu

Page 26: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

26

em palanque armado no Aterro do Flamengo, quando do ato de doação do terreno da UNE no mês de agosto do ano passado, e o governador do estado ficou calado.

Porém, o argumento de que as riquezas do petróleo devem ser distribuídas entre todos os brasileiros é falacioso, na medida em que a não-cobrança do ICMS oriundo dos estados produtores já é uma forma de diminuir as desigualdades regionais, como decidiu o plenário do STF no Recurso Extraordinário n.º 198.088-SP.

Esta é uma das formas pelas quais o Estado do Rio de Janeiro co-labora com os demais estados, principalmente os das regiões mais pobres, uma vez que, por mais de vinte anos não tem recebido um centavo sobre o petróleo e derivados que saem de seu território, que concentra mais de 80% da produção nacional.

Além disso, a legislação em vigor já prevê a existência de um Fundo Especial para repartir parcela dos royalties entre todos os estados e mu-nicípios do Brasil, independente de serem produtores ou não de petróleo (Lei 7.990/89, art. 7.º, e Lei 9.478/98, art. 49, II, “e”). Ou seja, os royal-ties já são ou deveriam ser distribuídos entre todos.

Segundo fontes da Secretaria de Fazenda e do Rio Previdência, o Estado do Rio de Janeiro recebe em torno de seis bilhões de reais, por ano, de royalties do petróleo, sendo grande parcela empregada no Fundo de Previdência dos servidores públicos.

Veja, então, que a cobiça sobre o “pré-sal” não está limitada à entre-ga das reservas de petróleo, mas se estende aos recursos de titularidade de estados e municípios produtores de petróleo, sendo certo que a utilização desses recursos na formação de um “fundo soberano” poderá representar

Page 27: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

27

mais uma tentativa de transferência da riqueza nacional para o exterior, a exemplo do que pretendem Inglaterra, França e Alemanha, diante dos “fundos soberanos do petróleo” dos países do Oriente Médio, que deve-riam ser utilizados para cobrir a crise financeira global, como noticiou a Tribuna da Imprensa na sua edição de 29/11/08, p. 8.

Por fim, reitero de todo coração o meu agradecimento e parabenizo o senhor, que possibilita ao leitor uma melhor compreensão da História do Brasil.

__________________ Postado em 08/08/2009

Comentário de Hélio Fernandes:

Obrigado, Folena, a OAB (estadual e nacional) deveria mandar inscre-ver nos seus anais esta carta esclarecimento. É elucidativa, irrespondível, exem-plar, irrecusável, e representa e defende mais os interesses do Estado do Rio, do que uma bancada inteira de parlamentares.

Alertados por você (como está na carta), e que se mantiveram na omissão, que é o estado permanente de “representantes-sem-representatividade”.

Além de todos os prejuízos sofridos pelo Estado do Rio, a contradição irre-sponsável: o Estado de São Paulo NÃO PAGA ICMS aos estados que produzem petróleo e energia elétrica. Mas como é o maior produtor de álcool combustível, RECEBE dos que são obrigados a se abastecer lá.

Tua carta, Jorge Rubem Folena de Oliveira (o nome por inteiro é hom-enagem à tua competência e ao fato de estar sempre mobilizado em defesa do interesse coletivo), deve ser lida, discutida, guardada, distribuída principal-mente nas universidades.

Page 28: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

28

6. OS ROYALTIES DO PRÉ-SAL

Lendo, num primeiro momento, a principal manchete de hoje (do-mingo, 30/08/09) do “O Globo” (“Rio vai sugerir taxação para manter royalties no pré-sal”), parece que o Governador do Estado está defendendo os interesses do povo fluminense.

Todavia, nas páginas 27 e 28 do mencionado jornal, diante de um texto mais incompreensivo do que elucidativo, lê-se que o Governador, orientado por sua Secretaria de Desenvolvimento Econômico, irá propor a manutenção do atual regime de concessão, por meio de decreto para au-mentar os percentuais das participações especiais.

Em igual sentido, noticiou o Jornal do Brasil de 29/08/09 (p. A16), ao expor que “o Secretário de Fazenda do Rio de Janeiro, Joaquim Levy, disse ontem que a adoção do sistema de partilha no pré-sal poderá criar conflitos futuros com áreas que já foram leiloadas e que continuarão a ser regidas pelo sistema vigente, o de concessão.”

O que a manutenção do atual regime de exploração (que permite que a lavra seja de propriedade do concessionário – art. 26 da Lei do Petróleo, proposta por FHC e julgada constitucional pelo STF com voto de di-vergência iniciado pelo Ministro Eros Grau) tem a ver com a distribuição dos royalties? Digo que nada.

Uma coisa é o modelo de exploração, que pode ser por concessão (atualmente em vigor) ou de forma partilhada (sendo a União proprietária da lavra e dando uma participação para quem for explorar o petróleo),

Page 29: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

29

como parece que o Governo Lula irá propor.

Os royalties são receitas dos Estados e Municípios em razão das de-gradações geográficas, sociais e econômicas causadas pela exploração do petróleo e seu manuseio. Como manifestou o Ministro do Meio-Ambi-ente, Carlos Minc: “se houver um acidente, um vazamento, não vai ser em Mato Grosso” (O Dia, 29/08/09, p.22).

Desta forma, ou a longa reportagem do Globo (que mais parece de-fender a manutenção do atual regime em vigor), teve por fim confundir o assunto, ou o Governo do Estado do Rio irá defender interesses diversos dos de seus cidadãos.

Na verdade, a manchete fala em “royalties no pré-sal”, mas não es-clarece e nem deixa evidente uma possível defesa pela manutenção desta receita constitucional, assegurada ao Rio de Janeiro e aos demais Estados produtores de petróleo (art. 20, parágrafo 1.º da Constituição – STF, Man-dado de Segurança n.º 24.312-1/DF).

Quando a manchete destaca que “Rio vai sugerir a taxação”, pensei que o Governador Sérgio Cabral (a exemplo do que fez anteriormente a ex-governadora Rosinha) estaria disposto a falar firme para o Presidente Lula: se vão diminuir os royalties do meu Estado e dividi-los com out-ros, então deverá ser eliminada a imunidade do ICMS do petróleo e seus derivados (artigo 155, II, parágrafo 2.º, X, “b”, da Constituição), quando destinados a outros estados, passando parte do tributo a ser cobrado no estado produtor.

Isto porque o Estado do Rio produz mais de 80% do petróleo na-cional e não recebe nada de ICMS, que vai para outros estados. Assim, o Estado poderia recuperar parte da receita do ICMS que deixou de arreca-

Page 30: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

30

dar por mais de 20 anos, desde a promulgação da Constituição de 1988, sendo esta uma das grandes colaborações do Rio de Janeiro com o desen-volvimento dos demais estados, que cobram o imposto sobre o petróleo e derivados comercializados em seus territórios. Por que o governador não utiliza este argumento?

E mais, o Governador poderia falar ainda para o Presidente: se aprova-da esta proposta, no dia seguinte, como Governador, e tenho legitimidade e poder para isto (artigo 103 V, da Constituição), proporei uma ação direta de inconstitucionalidade no STF.

Mas por que não se ouve uma palavra do Governador nesse sentido? Alguns parlamentares do Rio, recentemente, depois do debate iniciado por meio da Tribuna da Imprensa de 08/08/09 e com grande repercussão pela internet, já se posicionaram pela inconstitucionalidade da diminuição dos royalties do Estado, e até o presidente da FIRJAN se posicionou a esse respeito.

O Governador e seus assessores deveriam expor com clareza a questão. Se for certa a informação (p. 27 do O Globo) de que sinalizam a “disposição para negociar a saída do impasse” por meio de aposta no Con-gresso, até o presidente Lula considera risível este encaminhamento, pois será “um tiro no pé”, porque se a idéia é partilhar os royalties entre todos os Estados – mesmo não produtores de petróleo – o Governo do Rio não terá força política para defender o que é direito do Estado, conforme a Constituição, e irá perder feio no debate político.

Portanto, o Governador Cabral Filho demorou mais de um ano para despertar para a importância do assunto e, agora, num show pirotécnico, ameaça não comparecer ao lançamento do projeto de lei do governo sobre o marco regulatório do petróleo. Será que o Governador vai confrontar

Page 31: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

31

mesmo o presidente que diz ser tão seu amigo? O que se esconde por de-trás da manifestação do Governador? Será que é a discussão do modelo de exploração/concessão ou da preservação do direito do seu estado sobre os royalties?

É muito barulho para quase nada, uma vez que já existe disposição legal sobre a criação de um fundo especial para repartição de parcela dos royalties entre todos os estados e municípios da federação (Lei 7.990/89, art. 7.º e Lei 9.478/98, art. 49, II, “e”).

Comentário de Hélio Fernandes:

Tua carta é excelente, Folena, (como sempre) e chega no exato momento em que o presidente Lula, movido e decidido pela sucessão de 2010, muda tudo que estava acertado. Como você tocou em muitos aspectos dessa importantíssi-ma questão, vou enumerar as respostas, para que fique mais claro e elucidativo.

1. Todos, governador do Rio, jornalões, governadores de outros esta-dos, o próprio presidente, a direção da Petrobras, Dona Dilma, mudaram de posição.

2. O presidente Lula não queria que a nova empresa se chamasse Petrosal, teve que engolir o nome.

3. A direção da Petrobras, principalmente o presidente Gabrieli e o poderoso Santarosa, não queriam de maneira alguma que o Pré-sal saísse do controle da Petrobras.

Page 32: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

32

4. Eles lutavam intensamente para que a Petrobras ficasse com tudo, perderam. Nem podem me desmentir, pois os dois, mais do que ninguém, SABEM COMO É QUE EU SEI.

5. Logo que Sérgio Cabral revelou, “não irei à reunião com o pres-idente Lula”, garanti aqui que ele iria. O governador está assus-tadíssimo com sua própria sucessão, e quer a intervenção de Lula, para se garantir e ser reeleito no segundo turno.

6. O chamado “marco regulatório” regulou pouca coisa, e os pontos principais serão votados pelo Congresso, onde naturalmente tudo pode acontecer. É evidente, como disse Renan Calheiros durante a BAIXARIA do Senado, “tudo que acontece aqui, é por causa de 2010”.

7. Fizeram festas, Lula mostrou 2 garrafinhas, com amostras do pré-sal, gasolina, óleo diesel, mas ainda NÃO EXISTE NEM EQUI-PAMENTO PARA A EXPLORAÇÃO dessa riqueza a 3 ou 4 mil metros de profundidade ou até 6 ou 7 mil como se sabe.

8. Estavam todos felizes, acreditavam que ninguém se lembrava do passado não muito distante, quando o próprio Lula e Dona Dil-ma mudaram de hospedagem, fingiam que estavam num hotel de luxo que era o Brasil muito bom explorador de sua potencialidade energética, mas logo se viu que “moravam” numa hospedaria de quinta grandeza.

9. Falo da Lei 9.478, famigerada criação do governo FHC. Por esse mecanismo criaram as LICITAÇÕES de petróleo, o Brasil en-tregando OBRIGATORIAMENTE suas reservas. Ainda nem se falava ou imaginava a Era do Pré-sal.

Page 33: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

33

10. Antes de ser poderosa no governo, Dona Dilma era contra as lic-itações da 9.478. Queria logo combater essa extravagância, foi contida pelos patriotas lúcidos da AEPET, que disseram a ela: “Não vamos gastar forças com essa próxima LICITAÇÃO, sem importância, esperemos a próxima, essa, sim, merece combate”.

11. Não se passou muito tempo, Dona Dilma já estava no governo e era abnegada defensora das Licitações. Mudaria a Petrobras ou já sabiam alguma coisa do Pré-sal? Era falta mesmo de convicção.

12. O governador Requião, do Paraná, entrou então no Supremo com uma Adin, que começando a ser votada, já estava 4 a 0 a favor do Brasil. Dona Dilma já havia dado ordem ao então presidente do Supremo, Nelson Jobim, este, como sempre, fez um gesto, o Minis-tro Eros Grau pediu vista.

13. Quando devolveu o processo, Dona Dilma e Jobim eficientíssimos, reverteram o resultado, o Brasil perdeu por 7 a 4. Que República.

14. A Petrobras sempre foi dominada pela corrupção. Só que é impos-sível manejar recursos dessa ordem, sem que uma parte enorme “escape pelo ladrão”, para usar expressão popular.

15. Mas ontem o ínclito, ilustre e intelectual Edson Lobão falou em 50 bilhões de dólares. Bem perto estava Edinho 30. Natural, é filho, amigo e herdeiro.

16. A questão dos royalties, que parecia a chave de tudo, perdeu a ve-locidade, a prioridade e a credibilidade, será “decidida” pelo Con-gresso, “agregada a projetos que já estão lá”. O presidente pedirá URGÊNCIA-URGENTÍSSIMA, como está na Constituição.

17. Não quero ir mais longe, Folena, é um prazer ter do mesmo lado

Page 34: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

34

um combatente como você. Só que nunca se usou tanto de “ME-NAS” verdade do que nos últimos dias, principalmente HOJE à tarde, no Festival Wagner de petróleo.

18. Ninguém falou nada, mas estava escrito e inscrito nas decisões. Jamais o petróleo brasileiro correu tanto risco, todas as precauções foram tomadas para PRESERVAR E PROTEGER O PETRÓLEO DISTRIBUÍDO NAS LICITAÇÕES da criminosa 9.478.

19. É possível que com todas as restrições, Petrobras, O PETRÓLEO ERA NOSSO, como queriam os bravos nacionalistas dos anos 50.

20. Agora, com toda a cerimônia e o protocolo das DOAÇÕES, está cada vez mais visível QUE O PRÉ-SAL NÃO É NOSSO. E o que fazia Sarney na solenidade?

__________________ Postado em 31/08/2009

Page 35: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

35

7. BERNARDO CABRAL E A CONSTITUIÇÃO DE 1988

Na próxima segunda-feira, dia 5 de outubro de 2009, estaremos comemorando 21 anos de promulgação da Constituição de 1988. Pelo texto aprovado, não há dúvidas de que se trata de um documento pro-gressista, particularmente por resgatar e restabelecer direitos fundamentais, num momento de transição da história política do País.

Na Assembléia Nacional Constituinte, iniciada em 01/02/1987, todos os grupos representativos da sociedade tiveram ampla participação: empresários, trabalhadores, republicanos, monarquistas, parlamentaristas etc.

Não se pode falar na Assembléia Nacional Constituinte sem citar o nome do seu relator geral, J. Bernardo Cabral que, em sua obra “O Poder Constituinte”, revela a tentativa de desestabilizar e desacreditar o poder conferido aos constituintes para elaborar a nova carta política do País.

Considero que o livro de Bernardo Cabral deveria ser estudado com profundidade nas universidades, em todos os cursos relacionados às ciências sociais, a exemplo também da obra “Quem faz as leis no Brasil?”, de Osny Duarte Pereira, por explicarem, de forma objetiva e profunda, como se desenvolve o processo político, que conduz a ordem jurídica que nos governa.

Por fim, aproveito a oportunidade, para prestar homenagem a todos os que participaram direta ou indiretamente nos trabalhos da Assembléia

Page 36: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

36

Nacional Constituinte, que culminou na atual Constituição, a que mais tempo vigorou em nosso país sem graves crises institucionais, apesar de muitas de suas conquistas ainda não terem sido implementadas por falta de regulamentação, e outras que, a todo custo, pretendem ver revogadas, como os direitos e garantias individuais e os direitos sociais.

Comentário de Hélio Fernandes:

Oportuna e de grande atualidade, tua lembrança da comemoração da Constituinte de 1988, a chamada “Constituição Cidadã”.

Aparentemente (e esperemos que se transforme em realidade) a de maior duração. Em 1891, com projeto de Rui Barbosa e cujo relator foi ele mesmo na Constituinte, tinha coisas boas, mas o momento político não deixou que funcionasse, nem se pode dizer que existiu. Durou (durou?) até 1930, quando tivemos a primeira ditadura, de 15 anos. Derrubada a ditadura, votamos a bela Constituinte de 1946, assassinada antes de completar 18 anos, não deixaram nem que atingisse a maioridade.

Surgiu então outra ditadura, essa de 21 anos. Logo implantaram a “con-stituição” de 1967, empurrada pela garganta de um Congresso apavorado, acomodado, acovardado. E vieram Atos, decretos, até chegarmos ao famigerado e monstruoso AI-5, jamais existiu “coisa” parecida na nossa História.

Mas esse execrável AI-5 não foi suficiente para os ditadores. Tendo assas-sinado Herzog em 1975, depois da derrota de 1974 para o senado, resolveram prevenir. Criaram então os “biônicos”, (precursores dos suplentes de hoje) que eram escolhidos sem voto, sem povo e sem urna, como os “governadores”.

Page 37: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

37

Antes de discutida, votada e promulgada, a Constituição de 1988 per-correu uma trajetória ampla, belíssima, totalmente discutida. Uma pena que tendo sido votada na Comissão de Sistematização como PARLAMENTARIS-TA, no plenário tenha sido transformada em PLURIPARTIDÁRIA-PRESI-DENCIALISTA, convivência difícil de existir.

Mas essa Constituição era e é tão forte que resistiu à falcatrua de Nelson Jobim e à fraude e à corrupção de FHC, que quebrou a cláusula pétrea da NÃO REEELEIÇÃO. Comprou mais um mandato, pagando À VISTA, ao contrário do mensalão, pago a PRAZO.

E completando de forma tão digna e honrosa quanto o texto, os elogios a Bernardo Cabral, relator geral na Comissão de Sistematização que está com-pletando 21 anos. E feliz a tua idéia de comparar Bernardo Cabral e Osny Duarte Pereira. Qual o advogado-jurista que não sonha com essa comparação?

Outra excelente lembrança: o livro de Bernardo Cabral, “O Poder Constituinte”. Concordo inteiramente e te dou os parabéns, Folena: o livro de Bernardo deveria ser estudado em profundidade nas universidades e em todos os cursos relacionados às ciências sociais.

__________________Postado em 02/10/2009.

Page 38: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

38

Muito obrigado pela postagem e por seus comentários sobre Bernardo Cabral e Constituição de 1988.

Comentário de Hélio Fernandes:

Você foi o primeiro a lembrar com 72 horas de antecedência, os 21 anos da Constituição cidadã, e a participação importantíssima de Bernardo Cabral, então deputado federal, voltando da cassação e já presidente da OAB. A opor-tunidade é ótima para lembrar: houve disputa para relator da Constituinte en-tre Bernardo e FHC. Este, que começou a carreira como suplente de senador em 1978, tenta convencer a opinião pública, a respeito de dois fatos inteiramente divergentes e colidindo entre si: afirma que foi CASSADO e CANDIDATO a suplente de Franco Montoro, em plena ditadura. Ou uma ou outra: nen-hum CASSADO disputou eleição na ditadura. E tenho como comprovação o meu próprio exemplo: em 1966, candidato a deputado federal, fui CASSADO POR 10 ANOS, portanto até 1976.

Em 1978, meu partido, o MDB da resistência, lançou meu nome para senador. Os ditadores de plantão VETARAM minha candidatura, alegaram: “A CASSAÇÃO NÃO É MAIS POR 10 ANOS E SIM PARA SEMPRE”.

Conclusão ou escolha que o próprio FHC tem (ou deve) que fazer publicamente: foi CASSADO? Então como conseguiu ser candidato? Já desafiei-o para mostrar como conseguiu.

8. CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONSTITUIÇÃO CIDADÃ

Page 39: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

39

Agora, vejam o benefício que a maioria da Constituinte prestou ao Brasil elegendo Bernardo Cabral. E se FHC fosse o relator da Constituinte? Nenhuma dúvida, que colocaria na Constituição, como CLÁUSULAS PÉTREAS, tudo aquilo que depois, como presidente inesperado, passaria a ser a rotina do seu governo, ENTREGUISTA, GLOBALIZADO, DOADO PELA IMORALÍS-SIMA COMISSÃO DE DESESTATIZAÇÃO.

Tudo que o presidente FHC consumou arbitrariamente e que se con-stituiu no RETROCESSO DE 80 ANOS EM 8, ESTARIA NA PRÓPRIA Constituição.

Basta um exemplo: apesar da Constituição ter como CLÁUSULA PÉTREA (uma delas) a não “reeleição” dos presidentes, FHC comprou a própria permanência no Poder. Não por mais 4 anos, como ficou e sim mais 8 como pretendia. FHC queria o terceiro mandato, como quiseram Menem e Fujimori.

Temos que festejar a Constituição CIDADÃ, e festejar mais ainda, antes da PROMULGAÇÃO, a consciência, a previdência e a competência de ter derrotado FHC. Com ele, não haveria Constituição CIDADÃ e sim Constitu-ição ENTREGUISTA, DOADA e GLOBALIZADA.

Na história brasileira é a Constituição que terá a maior duração. A Con-stituição de 1946, tinha também marcas excelentes. Mas foi assassinada pelo golpe de 1964, antes de completar 18 anos.

* * *

PS – Essa bela Constituição de 1946 cometeu um erro gravíssimo, que viria a provocar, estimular ou abreviar o caminho para o golpe de 1964. Foi a criação da eleição do vice presidente da República separado do presidente.

Page 40: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

40

Começou em 1950, quando Café Filho, inimigo total de Vargas, foi candidato com ele, separados mas aliados.

PS 2 – Café Filho conspirou o tempo todo contra Vargas, um ditador por formação, vocação e a convicção. E a morte de Vargas e a posse de Café Filho, levaram à sabotagem de Milton Campos para eleger João Goulart, preparar a “renúncia” de Jânio e tudo o que veio depois.

__________________Postado em 06/10/2009.

Page 41: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

41

Faz quase um ano fiquei emocionado ao ler, no dia 20 de novembro de 2008, a republicação do seu artigo sobre a Vale, cuja privatização impli-cou na indevida transferência de tantas riquezas do Brasil.

Na verdade, como o senhor tem manifestado, basta um ato do Pres-idente Lula para resolver a questão, porque a exploração de minerais é ato reservado ao Poder Executivo, que defere a concessão das minas e, por conseguinte, pode revogá-la a qualquer tempo.

Perguntas que não querem calar: 1) Quanto a Vale paga pela ex-ploração (concessão) dos minerais do subsolo brasileiro?; 2) Quanto paga de royalties pela mesma exploração, conforme o artigo 20, parágrafo 1.º, da Constituição? e 3) Qual o prazo de duração das concessões das minas?

O Ministério das Minas e Energia, o Departamento Nacional de Produção Mineral e o Tribunal de Contas da União devem prestar contas de quanto a Vale paga pela exploração das riquezas nacionais e qual o pra-zo das concessões, pois a informação de que a privatização da Vale do Rio Doce representou a transferência em definitivo das nossas riquezas não é verdadeira.

Isto porque, pela Constituição (art. 176), os minerais são de titularidade do País, somente sendo autorizada a exploração da lavra, por meio de concessão que pode ser revogada, nos termos do vigente Código de Mineração Brasileiro (Decreto-lei n.º 227/67), que querem revogar de todas as maneiras.

9. PARA O PRESIDENTE LULA LER E MEDITAR: A VALE TEM TODOS OS MINERAIS MAIS RICOS DO MUNDO

Page 42: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

42

Além disso, o art. 42 do Código de Mineração permite que o Gover-no recuse a autorização para exploração da lavra quando “for considerada prejudicial ao bem público ou comprometer interesses que superem a ut-ilidade da exploração industrial, a juízo do Governo”, cabendo, apenas na última hipótese, indenização das despesas feitas em razão das pesquisas realizadas.

Portanto, o Presidente tem todas as condições para rever a agressão praticada contra o Brasil, seja pelos atuais controladores da Vale, como também pelas demais mineradoras, uma vez que o Poder Executivo tem poderes para agir, mas não age.

O Senador Suplicy, a pedido do advogado Eloá dos Santos Cruz, instou oficialmente o Presidente Lula a tomar medidas, inclusive solicitan-do que a Advocacia Geral da União assumisse a defesa do Brasil nas ações populares referentes à privatização da empresa. Porém, nada foi feito.

Será que o momento, em que estamos discutindo o Pré-sal, é opor-tuno para se retomar o projeto de constituição de uma mineradora 100% brasileira, recuperando-se também o controle desta atividade estratégica para o desenvolvimento do País?

Comentário de Hélio Fernandes:

Você é um dos grandes e indomáveis defensores da Vale, cem por cento brasileira, e que foi miserável e traiçoeiramente doada pelo presidente FHC. (Junto com a Petrobras, outra potencia que estamos perdendo).

Tua carta esclarece pontos que tentam obscurecer de todas as maneiras.

Page 43: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

43

Durante o tempo em que FHC se considerava “um intelectual no Poder”, combati suas ações diariamente. Você lembra o artigo que escrevi em 20 de novembro de 2008, ainda na Tribuna de papel, e que continuam, sem qualquer esmorecimento. São dezenas de artigos, desde que FHC fez a DOAÇÃO, e todos tinham como título comum, este: “QUANTO VALE A VALE?”.

Não vale (desculpem) nada, pois está na mão de aventureiros que querem “conquistá-la”, explorá-la, dominá-la, utilizá-la, praticando um “CAPITALISMO MEDÍOCRE” (Como disse ontem o presidente Lula), acrescentando que “só estão interessados em produzir lucro, sem CRIAR VALOR AGREGADO”.

O presidente Lula poderia chamar o advogado Jorge Folena, (com quem estou dialogando) que conhece a fundo o assunto e tem enorme representação no IAB, (Instituto dos Advogados Brasileiros, que foi presidido por Rui Barbosa) para uma conversa positiva sobre a questão.

O presidente conversa com desconhecidos como Roger Agnelli, que foi feito presidente da Vale por INDICAÇÃO do Bradesco. O presidente Lula atinge em cheio o Bradesco, quando fala em “capitalismo medíocre”. E quando pede que a Vale crie valor agregado com uma siderúrgica, por que não identificou logo o Bradesco, que tem parte importante da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional)? Comprada com dinheiro emprestado pelo BNDES, que é um banco com dinheiro público, mas não para emprestar para CAPITALISTAS MEDÍOCRES.

Outro que tem acesso fácil ao presidente da República, é o aventureiro TROGLODITA, Eike Batista, este tem a Vale (e os minérios) no sangue e no DNA. Sua herança veio do então presidente da Vale, CAPITALISTA MEDÍOCRE, só interessado em produzir lucros. E que quando presidia a Vale, ENTREGOU miseravelmente uma parte colossal do MANGANÊS do

Page 44: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

44

Amapá. Eike pode dizer: “Minha fortuna é a herança que meu pai me deixou”. Só que a fortuna não era do pai e sim do POVO BRASILEIRO.

Lula podia aproveitar o momento, chamar alguém competente e conhecedor do assunto, para fazer o que deveria ter feito a partir de 2003, e não fez. Recolocar os minérios como bens da união, como jamais deixaram de ser e que Jorge Folena PROVA DE FORMA IRREVOGÁVEL. Mande responder a ele, presidente, e deixe de tratar com aventureiros que já DOMINAM a Vale ou querem DOMINÁ-LA.

* * *

PS - Presidente Lula, para se informar corretamente sobre Vale e minérios, convoque Diogo Pereira da Costa, que conhece a fundo a questão de minérios. (TODOS). Foi o primeiro a dizer em correspondência a este blog, “ONDE HÁ FERRO HÁ URÂNIO E VICE-VERSA”.

PS2 - Com Jorge Folena e Diogo Pereira da Costa, presidente, o senhor estará JURIDICA e TECNICAMENTE informadíssimo, para derrubar esses CAPITALISTAS MEDÍOCRES, QUE SÓ QUEREM LUCROS E MAIS NADA.

__________________Postado em 20/10/2009.

Page 45: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

45

10. QUANTO VALE A VALE? DO POVO E NÃO DO BRADESCO?

Já deve ser de seu conhecimento. Os seus artigos e comentários sobre a VALE ganharam grande repercussão na internet. Vários veículos estão divulgando. Abaixo segue a Rede PDT, que sistematicamente divulga seus artigos na Tribuna da Imprensa na rede mundial de computadores. Está nesta edição também o artigo do jornalista Carlos Chagas (“Do pau brasil ao minério de ferro”).

O senhor deu um novo colorido para esta importante questão. Quem sabe o Presidente Lula leia, reflita e tome a melhor posição para o Brasil, não apenas quanto às reservas de minérios, como também as do Pré-sal, criando empresas 100% brasileiras, que destinem os frutos das suas riquezas ao nosso povo.

Comentário de Hélio Fernandes:

Todos os dias recebo pedidos de redes dos mais diversos estados, pedindo autorização para reproduzir os artigos do blog. AUTORIZO todos, imediata-mente. Digo até que nem precisam citar meu nome, (não por modéstia, mas sei como o meu nome cria hostilidade e incompatibilidade com o que chamam e é mesmo de SISTEMA), mas todos dizem corajosamente que querem derrubar e desmoralizar esses GLOBALIZADORES que dominam o país.

A luta tem que ser cada vez mais nacional, para a comunidade recuperar a Vale. A Organização Globo tenta confundir a opinião pública, afirmando:

Page 46: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

46

“A Vale não pode mais ser REESTATIZADA”. A Globo está “certa”, não precisa mesmo. Você, Folena, já PROVOU DE CONSTITUIÇÃO EM PUNHO, QUE A VALE CONTINUA NACIONAL E NÃO DO BRADESCO. Se desmentirem a Constituição, aí as coisas mudam de tom. TUDO ISSO É PARA O PRESIDENTE LULA LER E MEDITAR. ESPERAMOS QUE ACONTEÇA LOGO.

__________________Postado em 21/10/2009.

Page 47: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

47

11. BATTISTI NÃO PODE SER EXTRADITADO PELO SUPREMO, A COMPETÊNCIA EXCLUSIVA É

DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Como manifestei por telefone à época, considero que o senhor foi quem melhor tratou do julgamento da questão epigrafada no STF.

Diante do seu artigo, resolvi aprofundar o estudo da decisão do Mandado de Segurança 27.875.

Assim, segue, em anexo, o artigo “Teria o Supremo competência para julgar originalmente Ministro de Estado?”.

Desta forma, considero que, diante da “confusão geral” como bem disse o senhor em seu artigo, poderia ser uma oportunidade para o STF rever detalhes processuais e constitucionais do caso, antes do seu desfecho.

O artigo foi publicado também no sítio eletrônico Migalhas.

***

Teria o STF competência originária para julgar Ministro de Estado?

O STF tem competência para julgar mandado de segurança contra atos do Presidente da República (art. 102, I, alínea “d”, da Constituição Federal).

Todavia, essa previsão constitucional de competência não foi observada no julgamento do MS 27.875, impetrado pela República da

Page 48: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

48

Itália contra ato do Ministro da Justiça (e não do Presidente da República), no processo administrativo 08000.011373/2008-83.

A CF, na hipótese, dispõe que a competência para processar e julgar os mandados de segurança contra atos de Ministro de Estado é do STJ (art. 105, I, alínea “b”).

Além disso, o mandado de segurança é um instrumento para assegurar direitos e garantias dos cidadãos, de forma individual ou coletiva (art. 5.º, caput e inciso LXIX e LXX), e não de Estados estrangeiros, que dispõem de outros instrumentos para questionar atos de governos de países soberanos, no âmbito internacional.

O Estado estrangeiro tem assegurado na CF o direito de requerer a extradição de seu nacional, no STF (art. 102, I, alínea “g”), não sendo a República Federativa do Brasil obrigada a aceitar o pedido.

O STF informou, em seu sítio eletrônico, a seguinte decisão para o MS 28.875 e a Extradição 1.085:

“O Tribunal, por maioria, julgou prejudicado o pedido de mandado de segurança, por reconhecer nos autos da extradição a ilegalidade do ato de concessão de status de refugiado concedido pelo Ministro de Estado da Justiça ao extraditando.”

Ou seja, o ato do Ministro da Justiça foi considerado ilegal pelo STF nos autos da extradição, e não no mandado de segurança impetrado pela República da Itália, que foi julgado prejudicado.

Porém, de forma surpreendente, o STF ainda não concluiu o julgamento do pedido de Extradição 1.085, que foi suspenso por pedido

Page 49: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

49

de vista do Min. Marco Aurélio. Como pode, então, o ato de um Ministro de Estado ser declarado ilegal num processo de extradição ainda não concluído?

Ora, se a Constituição Federal diz que cabe originariamente ao STJ julgar atos de Ministros de Estado, o Supremo suprimiu instância ao julgar o ato do Ministro da Justiça, não no mandado de segurança em referência, mas nos autos da extradição.

Desta forma, o MS 27.875 deveria ter sido encaminhado primeiro ao STJ, para processamento e julgamento da legalidade do ato do Ministro da Justiça, e somente depois é que poderia ser julgado pelo STF o pedido de Extradição, sob pena de nulidade processual, por se tratar de competência absoluta.

Comentário de Hélio Fernandes:

Acompanhei o julgamento durante horas. Nenhuma anotação, mas quando cada Ministro acabava, eu já tinha noção do que escreveria. O que nem era muito difícil de fazer, pois como tinha convicção formada sobre esse assunto extradição, concordava com os que negavam, discordava dos que concediam a absurda e altamente questionável exigência do governo da Itália.

Sendo o último a votar (Celso de Mello, o mais antigo, não estava presente) Marco Aurélio pediu vista, praticamente adiantando seu voto. Ele mesmo “lamentou” que fosse votar sem poder modificar o resultado. Já perdia por 5 a 3, o máximo que poderia conseguir, com a transferência, seria o de mudar algum voto, um seria o suficiente.

Page 50: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

50

Agora, Marco Aurélio levará seu voto no dia 4, quarta-feira. O Supremo não pode determinar EXTRADIÇÃO, isso é competência exclusiva do presidente da República, seja quem for.

Qualquer país pode pedir a extradição, mas não pode EXIGI-LA. Que é o que está fazendo a Itália e logo de Berlusconi. 8 anos de atraso, querendo nos impor a humilhação de não ter pedido EXTRADIÇÃO à França, (onde esteve Battisti por vários anos), mas agora insistindo na concessão sem consideração. Estão colocando em jogo a inutilidade do Mandado de Segurança e a total independência do Estado brasileiro.

Nem se trata de saber quem é Battisti, embora alguns pareçam ter total intimidade com seu passado e sua atuação sempre chamada de terrorismo. Pode até ser. Mas é preciso não esquecer, que o terrorismo de quem está fora do Poder é sempre mais positivo e defensável, do que os terroristas que torturam nos subterrâneos do Poder que “conquistaram”. Ou do qual se apoderaram ou se apossaram com a força que nem era deles.

O que interessa é o orgulho nacional, é a revolta contra países que consideram que não devem “pedir extradição à França”, mas contra o Brasil, tem que ser imediatamente.

De qualquer maneira, pela Constituição, (as autênticas e as que só têm aspas) a Política externa é conduzida de forma privativa pelo Presidente da República, é ele que coordena, conduz e consolida Tratados.

Nessa exclusividade ou privacidade do presidente, está a de conceder ou negar extradição. Não conheço e jamais irei conhecer Battisti, mas ele ficará no Brasil.__________________Postado em 30/10/2009.

Page 51: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

51

12. DOLARIZAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA

Antes de tudo, agradeço pelo espaço e a oportunidade que o senhor tem me dado para expor livremente meu pensamento. Por outro lado, peço desculpas por lhe enviar cartas a todo o momento, mas são tantos os temas relevantes para o País (com alguns absurdos que passam despercebidos), que não podemos deixar de registrar, resistir e aguardar sua opinião, sempre esclarecedora dos fatos.

É o caso do O Globo, de sábado, 31-10-09, que em sua página 21 destacou: “No extrato, saldo em dólar. Para conter câmbio, BC estuda permitir abertura de contas em moeda estrangeira no País”.

No ginasial aprendi que um dos símbolos de uma nação soberana é sua moeda forte. Mas no Brasil, tanto os que estão à frente da Administração das Finanças Públicas quanto os que se dedicam à gestão de negócios, pregam que a nossa moeda (o Real) não pode se valorizar diante do dólar americano. Será que esta é a realidade atual?

Como o senhor por diversas vezes nos explicou, os americanos, depois de assinado o acordo de Bretton Woods, em 1944, instauraram um sistema monetário internacional totalmente favorável à sua moeda, que passou a ser vendida para todo o mundo.

Inteligente a postura americana: quem tem dólar jamais vai querer que ele se desvalorize, caso contrário perderá um ativo. Com isto, a moeda americana tornou diversos países dependentes da economia dos Estados Unidos da América do Norte.

Page 52: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

52

Por conta da sua gigantesca máquina de guerra e uma sociedade extremada no consumo, a economia americana aumentou o seu déficit público, exigindo cada vez mais emissão de um papel moeda que nada vale e transferindo para si recursos estratégicos de todo o mundo.

A esse respeito, registro parte de uma reflexão de Fidel Castro (Granma de 09/10/09), entitulada “Os sinos dobram pelo dólar”: “O dólar já deixou de ser a reserva em divisas de todos os Estados, realmente seus possuidores desejam afastar-se dele, embora evitando sempre que for possível que se desvalorize antes que possam desligar-se deles. O euro da União Européia, o yuan chinês, o franco suíço, o iene japonês — apesar das dívidas desse país —, até a libra esterlina, junto a outras divisas,passaram a ocupar o lugar do dólar no comércio internacional. O ouro metálico volta a se tornar importante moeda de reserva internacional.” (Nossos grifos)

Como podem jornalistas e financistas brasileiros defender o fortalecimento da moeda americana, inclusive fazendo pressão para a livre movimentação bancária em nosso País, quando outras economias estão tentando se desvincular daquela moeda?

Às vezes, tenho o sentimento de que há muito brasileiros que gostariam de ser americanos, pois defendem demais os interesses do País do Norte ao invés do desenvolvimento de nossa gente.

Page 53: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

53

Comentário de Hélio Fernandes:

Pode usar o espaço à vontade, como muitos outros está sempre atento na defesa do interesse nacional. Já escrevi tanto sobre o assunto, e sobre a valorização da moeda do país, que receio que a memória me encaminhe para fatos já comentados. Só que escrevo desde Bretton Woods, em 1944, quando pela primeira vez a moeda de um país se transformou em objeto de troca no mundo. Há 65 anos, o dólar subia ao podium, se tornava insubstituível. E não era medida exigida pelo bom senso, pela necessidade, pelo progresso dos mais diversos países.

Era apenas “articulação suja”, como todas que se transformam em realidade para proteger os interesses dos ricos, bilionários (na época), tidos e havidos como os empresários que “carregam o mundo nas costas”, fazendo o consumo aumentar e “favorecendo” os mais pobres. A miserável falácia do “sistema” que já existia, era o porta-bandeira, o porta-voz e o porta-sujeira das elites encasacadas e endinheiradas.

Quem comandava tudo? O economista inglês John Maynard Keynes. Era tido como gênio, já escolhera o nome da moeda que circularia pelo mundo, seria BANCOR. O OURO, que vigorara até então, foi chamado de “HERANÇA MACABRA”, voltou a se valorizar como você mesmo comprovou e registrou.

Os homens que dominavam a economia dos EUA tiveram com Lord Keynes, conversa demorada e bem sucedida, assassinaram as moedas antigas e esse BANCOR, que seria o novo. A partir dessa conversa vitoriosa, os EUA montaram no estado de Omaha, formidáveis máquinas de impressão que rodam 24 horas por dia. Esse dólar caixeiro viajante tem duas faces. O VERDADEIRO, que é guardado em Fort Knox, para circulação interna. E o FALSO, dólar papel pintado, cuidadosamente mantido em Omaha, para não haver confusão e dali mesmo despejado pelo mundo.

Page 54: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

54

(Lord Keynes teve sua “recompensa” logo a seguir, em ganhos fabulosos nas Bolsas, ele que jamais jogara. Só que não pôde aproveitar, pouco anos depois morreria de câncer, este, invencível e que não admite nenhuma troca).

Há algum tempo, os americanos sentem a ameaça da desvalorização do dólar. Vai acabar, vai mudar, desaparecer, deixar de dominar o comércio mundial, as exportações e importações. Mas não é fácil.

Essa transformação não pode ser feita de uma hora para outra. Principalmente por causa da contradição: os principais países que querem O FIM DO DÓLAR, TÊM TRILHÕES DE DÓLARES INVESTIDOS OU GUARDADOS NOS EUA.

Alguns países que têm montanhas de dólares ensacados nos EUA: países árabes, Rússia, Índia, Paquistão, e para não ir muito longe, a China, sim senhor. Não sabem como fazer, mas têm certeza de que precisa ser feito. Além dos formidáveis DEPÓSITOS, os dirigentes dos EUA ficam em pânico, com dois fatos que na certa acontecerão, ninguém pode limitar ou calcular o tempo.

1. O que ocorrerá nos EUA se a moeda DÓLAR deixar de ser o centro do mundo? Desabará o consumo interno do país, quando até os economistas sabem que é o consumo interno que alavanca o progresso e contribui para o retrocesso?

2. Ao meio dia em ponto, com a batida das 12 badaladas do Big Ben, num prédio caindo de velho do centro de Londres, (longe da Old Bond Street, centro financeiro da capital inglesa) é anunciado o preço do barril de petróleo. Em dólar, naturalmente.

Os EUA se apavoram só em admitir que esse anúncio do preço do petróleo, seja feito em EURO, ou outra moeda qualquer. (Por enquanto o EURO é o

Page 55: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

55

favorito, a Inglaterra não pode ficar por muito tempo fora da UE – União Européia).

Quanto aos insensatos (só isso?) internos, que afirmam, “com o Real valorizado perdemos competitividade nas exportações”, não podem ser levados a sério. Como exportadores e importadores são praticamente os mesmos, ganham sempre e cada vez mais.

***

PS - Um fato que não é noticiado nunca: os exportadores têm 210 dias (7 meses) para entregarem ao governo, o que receberam dos compradores. Mas sempre arranjam desculpas para “esticar” esses 210 dias.

PS2 - Além dos lucros com esses VOLUMOSOS recursos, outro fato sobre o qual ninguém quer escrever, falar ou até mesmo ouvir: o SUPER e o SUB faturamento, centenas e centenas de BILHÕES, por enquanto de dólares. Este é um assunto que merece debate esclarecedor, com os parabéns a Jorge Folena por ter levantado a bola e pelos que se aproveitarem dela para se manifestar.

__________________Postado em 04/11/2009.

Page 56: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

56

13. LEI DELEGADA 4/1962:A QUEM INTERESSA SUA REVOGAÇÃO?

A Câmara dos Deputados aprovou Projeto de Lei de autoria do falecido deputado Ricardo Izar, que tramita na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal sob o n. 68/2009, cujo objetivo é revogar a Lei Delegada nº. 4, de 1962, que “dispõe sobre a intervenção no domínio econômico para assegurar a livre distribuição de produtos necessários ao consumo do povo”.

Por que revogar esta lei? Na verdade, este projeto de lei é mais um símbolo da atual crise de representatividade, uma vez que a maioria dos integrantes do Parlamento não tem demonstrado interesse em defender aqueles de quem emana todo o poder, o povo (art. 1º, parágrafo único, da Constituição).

Pela fundamentação apresentada pelo autor do projeto, o Estado, na atual Constituição, não deve intervir na ordem econômica, devendo desempenhar apenas o papel de agente normativo e regulador (art.174).

Isto não é correto. O próprio artigo 174 da Constituição diz que “como agente normativo e regulador da atividade econômica o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento”. A redação deste artigo não é excludente da intervenção do Poder Público na economia, apenas aponta uma diretriz.

Tanto é assim que o Estado não está impedido de participar

Page 57: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

57

diretamente nos empreendimentos econômicos, desde que relacionados à segurança nacional e ao interesse coletivo (art. 173).

Ora, se o Estado tem a prerrogativa de agir como empreendedor, tem mais ainda o comando constitucional para intervir na economia nos casos de relevante interesse coletivo e preservação da soberania nacional, principalmente nos assuntos relacionados “à livre circulação de mercadorias e serviços essenciais ao consumo e uso do povo”, como dispõe o art. 1.º da Lei Delegada n. 4/1962.

Além disso, cabe à União legislar sobre requisições civis e militares, em casos de iminente perigo (art. 22, III, da Constituição). Ou seja, a mencionada lei encontra amparo na atual ordem constitucional, porque em situações excepcionais é necessária a intervenção do Poder Público, a fim de evitar qualquer ação tendente à desestabilização da ordem social, política, jurídica e econômica, como tentativas de desabastecimento que possam ser praticadas pela ação de grupos econômicos, o que a Lei Delegada visa coibir.

Com efeito, a Constituição consagra a livre iniciativa (art. 170). Contudo, isto não quer dizer que o Estado não possa intervir na ordem econômica, uma vez que existem princípios fundamentais que devem nortear a sociedade brasileira, como a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho, a solidariedade, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais (artigos 1.º, III e IV, 3.º, I e II, e 170). Daí a necessidade de se fazer uma interpretação sistemática da Constituição, e não de um artigo isoladamente.

Nessas bases, o capital não pode prevalecer a qualquer custo. Principalmente nos períodos de crise, econômica ou social, se faz indispensável para todos (trabalho e produção) a intervenção do Poder Público para pôr fim à convulsão.

Page 58: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

58

A esse respeito, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que:

“É certo que a ordem econômica na Constituição de 1.988 define opção por um sistema no qual joga um papel primordial a livre iniciativa. Essa circunstância não legitima, no entanto, a assertiva de que o Estado só intervirá na economia em situações excepcionais. Muito ao contrário. Mais do que simples instrumento de governo, a nossa Constituição enuncia diretrizes, programas e fins a serem realizados pelo Estado e pela sociedade. Postula um plano de ação global normativo para o Estado e para a sociedade, informado pelos preceitos veiculados pelos seus artigos 1.º, 3.º e 170. A livre iniciativa é expressão de liberdade titulada não apenas pela empresa, mas também pelo trabalho. Por isso a Constituição, ao contemplá-la, cogita também da “iniciativa do Estado”; não a privilegia, portanto, como bem pertinente apenas à empresa.” (ADI 3512-ES, julgada em 15/02/06, sem grifos no original)

Assim, a livre iniciativa não é absoluta, nem estão as empresas acima da sociedade. Daí não ser própria a justificativa de que o Poder Público não deve intervir na economia em situações especiais, como as previstas na Lei Delegada nº. 4, de 1962.

Isto porque, por diversas vezes, constatamos a manipulação de preços, a destruição e o desperdício doloso de alimentos, a sonegação combinada de gêneros e produtos etc.

Ora, a Lei sancionada pelo Presidente João Goulart em 1962 permanece extremamente atual e necessária, sob o enfoque humano e solidário, particularmente no que toca à proteção ao trabalho, base de tudo. Como dito, estes princípios fundamentais são consagrados pela Constituição, nada havendo que possa justificar a inconstitucionalidade da lei.

A quem interessa, então, a revogação? Com a palavra o Presidente

Page 59: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

59

João Goulart, em seu último discurso proferido, na Central do Brasil, em 13 de março de 1964: “A democracia que eles desejam impingir-nos é a democracia anti-povo, do anti-sindicato, anti-reforma, ou seja, aquela que melhor serve ao grupo que eles servem e representam: a democracia dos monopólios privados nacionais e internacionais.”

E são estes mesmos monopólios que, recentemente, na chamada “crise financeira mundial”, exigiram do Estado o repasse de recursos para salvar seus negócios, utilizando a riqueza originada pelo esforço de milhões de trabalhadores.

A Tribuna da Imprensa de 29/10/2008 foi reveladora ao noticiar na sua página 07: “Ricos querem ajuda dos pobres”. E na página 08: “Mundo já gastou 11% do PIB para salvar bancos.”

Na ocasião, foi informado também que: “os governos já gastaram mais de 11% do PIB mundial para dar liquidez e salvar os bancos desde abril, o equivalente a mais de quatro vezes o tamanho da economia brasileira.” (p. 08). O mais grave de tudo é que para acabar com a fome mundial seria necessário apenas a metade do que foi doado para os bancos ingleses (US$ 30 bilhões).

Então, na hora da crise do capital, o Estado deve atuar na economia, mas na crise de abastecimento, o Estado não pode se apresentar como interventor a fim de assegurar a livre distribuição de produtos necessários ao consumo do povo?

Desta forma, a tentativa de revogar a Lei Delegada n.º 4, de 1962, é mais uma ofensa à democracia, praticada por uma parcela do Poder Legislativo que, reiteradamente, patrocina interesses contrários aos dos cidadãos.

Page 60: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

60

Conclui-se que a referida lei não é anacrônica, como consta na justificativa do projeto de sua revogação, nem constitui parte de um “entulho legislativo”, sendo avançada para o seu tempo e permanecendo atual, como garantia dos princípios fundamentais de dignidade da pessoa humana e do trabalho, consagrados no art. 1.º da Constituição.

Comentário de Hélio Fernandes:

Ótima a idéia de trazer ao debate o fim da Lei Delegada de 1962. Está na “moda” criticar o que chamam de “Estado maior”, pretendem um “Estado menor”. Além da imoralidade, inconstitucionalidade, falta de credibilidade, total ingratidão. Pois as elites usurpadoras, RECEBERAM TUDO que quiseram, (e querem sempre mais) desse “Estado” que pretendem diminuir. Controlam tudo, a moeda, o crédito, a exportação e a importação (os mesmos grupos), distribuem entre eles os minérios, os bancos, dividem o PODER PARALELO com os traficantes, pois os consumidores dessa droga, são na imensa maioria representantes da mais alta classe, (que domina o país).

Quando FHC doou todo ou quase todo o patrimônio do povo brasileiro,

o Estado era menor ou maior? O Estado tem sempre o tamanho da ambição e da voracidade dos seus empresários enriquecidos e que não enriquecem a coletividade. Quem controlava a famigerada Comissão de Desestatização, que empobreceu ainda mais o povo, e enriqueceu os que se beneficiaram? O objetivo do Estado, qualquer que seja o seu tamanho, não é empobrecer os ricos e sim enriquecer os pobres. A coletividade vem em primeiro lugar, e esses empresários todo-poderosos não fazem parte da coletividade por causa do desprezo e da ambição.

Houve uma época em que a palavra de ordem era esta: “Precisamos

Page 61: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

61

deixar o bolo crescer, para depois distribuir”. Vorazes, os “donos do Estado” não deixavam o bolo crescer. Quem se beneficiou com a PRIVATIZAÇÃO de nossa riqueza? Nem adianta meditar, basta lembrar o que dizia Monteiro Lobato, e que por isso foi preso muitas vezes: “Quando acordo e acendo a luz, já estou pagando royalties à Light. E pelo resto do dia a mesma coisa”. Continua sendo, querem mais.

Ainda acreditamos que a “Petrobras é NOSSA”, o que já acabou há muito tempo. O pré-sal deveria ter uma empresa 100 por cento estatal para administrá-lo antes que se transforme numa outra realidade melancólica como a Petrobras.

Está tudo aí, não podem revogar a LEI DELEGADA de 1962, que

apesar da plena vigência, é burlada pelos empresários gananciosos. Além de todos os minérios, vou citar dois exemplos do Poder dos bancos, os grandes exploradores da coletividade.

1. O Bradesco controla a Vale (que o presidente Lula já deveria ter

revertido ao domínio do Estado), “arranjou” 342 milhões no BNDES, pagando 4 por cento ao ano, preservou seu dinheiro. Que empresta a 150 ou 200 por cento ao ano. Lógico, “seu” Brandão, dono do Bradesco, deve estar financiando a derrubada da Lei Delegada de 1962.

2. 90 por cento dos bancos estatais estaduais, foram vendidos (leia-se DOADOS) a grupos privados, nacionais ou multinacionais. O mais escandaloso de todos foi o Banerj, (que era BEG, quando aqui se chamava Guanabara) DOADO ao Itaú. Mas o próprio banco de São Paulo, ficou tão envergonhado que não quis fazer a “compra diretamente”.

Page 62: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

62

Especialistas em tramóias e tratantadas, que palavras, venderam o BANERJ para o senhor Julio Bozzano. (Este tinha metade do banco Bozzano & Simonsen. Estrangeiros que vinham ao Brasil para ganhar dinheiro, quando olhavam as placas com o nome, perguntavam se o “Simonsen da placa, tinha parentesco com o Ministro?”. Quando ouviam, “é ele mesmo”, saíam correndo para o Banco.

O Ministro dominou tudo durante 5 anos e meio, não se interessava em saber o tamanho do Estado. Deixou o cargo, passou a ser Conselheiro do City Bank, lá mesmo. Aí só escrevia seu sobrenome como CITISIMONSEN.

Depois de algum tempo, Julio Bozzano entregou o Banerj ao Itaú. E os vários governadores, mantiveram a indignidade; qualquer cidade do Estado do Rio, que tiver qualquer a pagar, terá que fazê-lo em agências do Itaú. Que tem poucas agências, não se incomoda em aumentá-las, aumentaria também os custos.

Parabéns, Folena, mas a LEI DELEGADA será REVOGADA, nenhum DELEGADO será chamado para exercer o PODER DE POLÍCIA.

__________________Postado em 09/11/2009.

Page 63: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

63

14. BURLA AO PRECATÓRIOCRISE DA REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA

A denominada “PEC do calote”, Projeto de Emenda à Constituição n.º 351/09, foi aprovada, em primeiro turno, na Câmara dos Deputados em 04/11/09.

A proposta, originária do Senado Federal (PEC 12/06, relator Senador Renan Calheiros, PMDB/AL), cria o regime especial que possibilita os Estados, o Distrito Federal e os Municípios em mora na quitação do precatório (condenação judicial contra o Poder Público) a pagá-lo em até 15 anos.

No dia 10/11/2009, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados destinada a proferir parecer à referida PEC, em reunião ordinária, aprovou, por unanimidade, a redação para o segundo turno de votação da matéria pelo plenário da Câmara dos Deputados, conforme proposta apresentada pelo relator Deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ).

A PEC em questão é mais um símbolo da crise de representatividade política no País, na medida em que os membros do Poder Legislativo, que deveriam representar a vontade dos eleitores, na verdade advogam interesses contrários, beneficiando o poder público devedor, distorcendo o adágio popular, que fica assim: “devo, não nego e não pago enquanto puder”.

Esta lamentável postura, que põe em xeque as instituições públicas, conta também com a participação dos Poderes Executivo (o inadimplente)

Page 64: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

64

e Judiciário, representado na hipótese pelo STF, que, mesmo sabendo do não cumprimento das decisões judiciais, firmou jurisprudência contrária à intervenção nos Estados e Municípios inadimplentes (artigos 34, VI e 35, IV, da Constituição Federal), além de autorizar o seqüestro de verba pública somente nos casos de não observância da ordem cronológica do pagamento. Como exigir o cumprimento da ordem cronológica do precatório se este não é pago?

Com efeito, o não pagamento de precatório constitui violação ao Estado Democrático de Direito, uma vez que a sentença passada em julgado é um direito individual, previsto no artigo 5.º, XXXVI, da Constituição.

Na República, os poderes constituídos (Legislativo, Executivo e Judiciário) têm suas competências definidas na Constituição, funcionando de forma independente e harmoniosa entre si (art. 2.º da Constituição), a fim de assegurar a manutenção das instituições e da ordem social.

É perigoso para a democracia quando um Poder (o Executivo) retarda o cumprimento da decisão do Judiciário. Ou quando o Legislativo, casuisticamente, cria nova norma jurídica como forma de burlar o adimplemento da condenação judicial, depois de esgotados todos os recursos. Como, então, exigir do povo o cumprimento de qualquer dever?

Por outro lado, incentivar a compensação de créditos de precatórios para pagamento de débitos inscritos na Dívida Ativa favorecerá a ampliação de um mercado perverso de cessão de créditos, em que os titulares dos direitos sofrem deságio sobre os valores a serem recebidos, o que favorece apenas as instituições de crédito especializadas e capitalizadas. Aqui reside, talvez, o lado mais perverso e obscuro da aludida PEC.

Portanto, a mencionada PEC não só atenta contra o Estado

Page 65: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

65

Democrático de Direito (art. 1.º), como também contra as cláusulas pétreas da separação dos poderes e dos direitos e garantias individuais, previstos no artigo 60, parágrafo 4.º, III e IV, da Constituição Federal.

Atenciosamente.

Comentário de Hélio Fernandes:

Como sempre, Folena, você acertou no alvo. O precatório não pago, é por si só, um abuso, uma vergonha, e a constatação de que os Três Poderes, segundo a Constituição, “harmônicos e independentes entre si”, são cada vez mais, “desarmônicos” e “hostis”, vá lá, entre si. Não se entendem, não se respeitam, se hostilizam, estabelecendo até hierarquia, quando na verdade, não é isso que está na Constituição. E como tudo no Brasil, vem em linha reta da dependência, da fragilidade e da falta de credibilidade da representatividade.

No seu livro, “Presença na Política”, Gilberto Amado, (escritor, acadêmico, deputado e embaixador) fez observação preciosa: “Antes de 1930, a eleição era falsa, mas a representatividade verdadeira. Depois de 1930, a eleição passou a ser verdadeira, mas a representatividade é falsa”.

Infelizmente Gilberto Amado não viveu o suficiente para perceber que sua observação era perfeita para aquele momento. Mas não resistiria nem resistiu mesmo a duas ditaduras que destruíram a representatividade, acabaram com a eleição, não só no período do autoritarismo, mas depois, na chamada e mentirosa REDEMOCRATIZAÇÃO. Como um país pode ser democratizado se jamais teve DEMOCRACIA?

Na questão dos precatórios, um fato surpreendente: a União não deve

Page 66: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

66

nada, as dívidas se concentram nos estados e municípios. Por quê? São os estados e municípios que “elegem” os membros da Câmara e do Senado, então, votam sempre para favorecer a eles mesmos, de forma absurda, vergonhosa e criminosa.

Tenho pedido e gritado tantas vezes pela REFORMA POLÍTICA e logicamente ELEITORAL, que fico até com vergonha de insistir. Mas também insisto no resultado: não haverá REFORMA ALGUMA, os Três Poderes continuarão se desentendendo, cada vez mais inconstitucionais, DESARMÔNICOS e DEPENDENTES de uma representatividade sem povo, sem voto e sem urna.

Que independência pode ter o Legislativo, se o Executivo tem líderes nas duas “casas”, esses líderes RESOLVEM tudo? E como a Constituição pode ser respeitada, se o único órgão capaz de interpretá-la, o Supremo, se mete em tudo, até mesmo no que não devia?

(Eu já fiz essa observação há tempos. Mas agora ela é reforçada pelo constitucionalista Gomes Canotilho, professor de Coimbra, o maior constitucionalista de Portugal. Uma vez conversei longamente com ele, no escritório do doutor Márcio André Mendes da Costa, que fez doutorado em Coimbra. Para minha tranquilidade e satisfação, me disse: “O senhor me deu uma visão única e que eu não conhecia, da História do Brasil”.)

O elogio podia até ser irreal e passageiro, a descrença na representatividade, verdadeira e permanente. Mas como dar autenticidade a essa representatividade se as cúpulas são sempre as mesmas, e os resultados, desastrosos? Como acreditar em alguma coisa, se o senhor Michel Temer ACUMULA a presidência do PMDB com a presidência da Câmara?

E mesmo sem ter sido eleito em 2006, já sabe que presidirá a Câmara

Page 67: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

67

em 2011? Dona Thatcher eleita para quatro mandatos, foi derrubada (pelo próprio partido) no inicio do quarto mandato. Tony Blair, tido e havido como a maior revelação do Partido Trabalhista da Grã-Bretanha, cumpriu o primeiro mandato, saiu no segundo quando mandou tropas para o Iraque, ajudando o execrado e reacionário Bush filho.

O assunto é de enorme gravidade, e foi a própria “base” que identificou-a como “PEC do calote”. Além disso expõe a falsidade, a falta de credibilidade e irrealidade da situação brasileira, nos mais diversos setores. Mas o que esperavam os senhores parlamentares de uma PEC cujo relator é o senhor Eduardo Cunha, um dos maiores lobistas do Brasil?

(Acusado nominalmente pelos senadores Artur Virgilio e José Agripino, quando votaram a CPMF). Não me orgulho, mas uma juíza brava e brilhante acabou de me inocentar num processo movido por esse lobista. Litigante de má fé, sem nenhuma fé nas instituições.

***

PS - E nem adianta pedir uma CPI para tudo que Jorge Folena arrolou, pois já houve a CPI dos precatórios. Presidida por Bernardo Cabral e com Roberto Requião como relator. Fizeram um trabalho tão completo, que o então secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, aplicou elevadas multas nos acusados.

__________________Postado em 17/11/2009.

Page 68: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

68

15. NO BRASIL, A CADA 15 SEGUNDOS, UMA MULHER SOFRE VIOLÊNCIA. PSICOLÓGICA, ÉTICA, MORAL, FÍSICA, PATRIMONIAL, E TRATADA DE FORMA DESIGUAL.

Prezado Jornalista Hélio Fernandes,

Fiquei com o coração cheio de alegria e com a esperança de que vale a luta e a resistência por um mundo melhor.

Digo isto diante de duas manchetes: 1) “Salvar a mulher, salvar o

mundo” (Diário de La Juventud, 19/11/2009); 2) “Hoje, Mesa Redonda pelos 20 anos da Convenção dos Direitos da Criança” (Granma, 19/11/2009).

Não precisaria escrever mais nenhuma linha, pois as chamadas dos periódicos por si só dizem tudo. Mas em nosso país os grandes controladores dos meios de comunicação jamais possibilitarão ao povo uma reflexão, por menor que seja, a respeito desses dois temas interligados por natureza, bem como de outros de interesse da coletividade.

Há os que se apresentam como “progressistas”, mas cujo espírito é conservador, que não desejam debater de forma séria a problemática da mulher e das crianças em nosso País. Outros, como o governador do nosso Estado, que, confrontado com a violência na cidade do Rio de Janeiro, prefere adotar uma política de “guerra declarada” às favelas ao invés de trabalhar para transformar a vida das pessoas.

Assim, é mais fácil combater os pobres, como se fossem a causa de nossas

mazelas, e passar ao largo da verdadeira origem dos impasses que deveríamos enfrentar.

Page 69: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

69

Enquanto os governos concedem isenções de tributos às empresas, como fez recentemente o Presidente Lula, abrindo mão de parcela importante da arrecadação das receitas públicas, necessária para promover o desenvolvimento social, deixa-se de oferecer às comunidades carentes os serviços necessários para uma vida mais digna, como escolas, creches e postos de saúde de qualidade e que funcionem de verdade.

A comemoração pelos 20 anos da Convenção dos Direitos da Criança se faz sob a premissa de José Marti de que “a infância é a esperança do mundo”. E como toda criança nasce de uma mulher, fica claro porque salvar a mulher é salvar o mundo.

Porém, que esperança pode haver para um país rico, muito rico (em recursos naturais e culturais), onde muitas crianças, mulheres e idosos não são tratados com dignidade e vivem em condições precárias e carentes de tudo, nas quais o Poder Público somente se apresenta armado como se para a guerra?

Portanto, sabemos que falta um pouco de vontade, nada mais do que isto. Com relação às crianças, bastaria ser cumprida a Constituição: “É dever da família, da sociedade, do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”. (art. 227)

Um forte abraço.

Page 70: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

70

Comentário de Hélio Fernandes:

O descaso, o desprezo, a desorientação e o desinteresse dos governos, atingem as mulheres, as crianças e os idosos. Não há prioridade e sim acumulação de imprudência dos que dominam, que se apossam dos Poderes e não fazem coisa alguma. No Dia Internacional da Mulher, o que havia para comemorar? Nada, mas para lembrar e constatar para sempre, dados estatísticos alarmantes, de perplexidade e até mesmo de terror. Pois é de TERROR que se trata.

A ONU liberou números sobre as mulheres, esses números atingem também as crianças e os idosos, No mundo inteiro, no mais variados países do Ocidente e do Oriente, desenvolvidos e subdesenvolvidos, ricos e pobres, 1 BILHÃO DE MULHERES SÃO VIOLENTADAS DIARIAMENTE. Das mais diversas formas, direta ou indiretamente.

No Brasil, a cada 15 segundos, UMA MULHER SOFRE VIOLÊNCIA QUE SE ENQUADRA EM 5 ITENS: psicológica, física, moral, patrimonial e ética. Tudo isso praticado com a maior crueldade, não saberia dizer qual dessas violências é a mais grave, a mais torturante, a mais desprezível.

Não se trata de repressão, palavra e ação que tanto agrada e satisfaz o governador do Estado do Rio. Nem se pode elogiar a criação de 3 ou 4 Delegacias da Mulher, especializadas, (como gostam de dizer) e chefiadas por mulheres. Isso fica tão longe da realidade, que é assombroso que muitos, (sempre no Poder) considerem e garantam, “estamos cuidando do problema da violência contra as mulheres”.

Se estão cuidando, então por que esses números da ONU, esse trauma que se repete de 15 em 15 segundos? Em 1 minuto 4 mulheres foram violentadas no nosso país, em uma hora 240 foram atingidas, deixo que façam as contas e atinjam números estarrecedores.

Page 71: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

71

Não são medidas ocasionais e circunstanciais que podem eliminar esses números, e sim soluções pensadas, planejadas, decididas, dando a essas questões a sua verdadeira dimensão social e desenvolvimentista. Mas o que fazer num mundo que caminha para os 7 BILHÕES DE HABITANTES (estamos com 6 BILHÕES e 800 MILHÕES de pessoas) dos quais, 2 BILHÕES vivem na mais nefanda das misérias, sem ter o que comer, onde morar, sem saúde, sem educação, e o mais grave de tudo, SEM OBJETIVO, SEM DESTINO E SEM ESPERANÇA?

* * *

PS - Nesses mais de 2 BILHÕES que vivem (?) nos mais diversos países, quantos são mulheres, crianças e idosos? Esse é o grande debate que temos que travar, dentro e fora dos governos.

PS2 - Com paixão, amor, carinho, dignidade, desprendimento, com a devoção que todos devem dispensar a todos. Menos os que ocupam o Poder, mas deixando-o cada vez mais vazio e desmoralizado.

__________________Postado em 26/11/2009.

Page 72: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

72

16. AGRADECIMENTO - TRIBUNA DA IMPRENSA

Há mais de um ano, no dia 1/12/2008, eu e muitos brasileiros fomos surpreendidos com a manchete: “ESTA TRIBUNA INTERROMPE momentaneamente sua circulação. Por culpa da justiça morosa, tendenciosa, descuidada, displicente, verdadeiramente injusta e ausente, tão ditatorial quanto a ditadura”.

Atônito pela notícia, na mesma manhã, num gesto de solidariedade, manifestei que: “o seu jornal cunhou minha formação acadêmica e a de muitos jovens. Só tenho gratidão ao senhor e seus colaboradores. A Tribuna da Imprensa é um patrimônio cultural do povo brasileiro.”

Querendo ajudar, mas ainda sem saber como, escrevi, no mesmo dia, carta ao Ministro Joaquim Barbosa, que foi anexada ao processo da Tribuna da Imprensa no STF:

“A nomeação de Vossa Excelência para o Supremo Tribunal Federal representou um momento extraordinário na História do Brasil, transmitindo a crença de que todos, num País em transformação, poderiam chegar ao ápice da representação política, a exemplo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, que o designou para tão importante missão.

Para o nosso povo, o senhor passou a ser o legítimo representante e guardião de seus direitos junto ao Poder Judiciário. Confesso que fiquei emocionado ao ler hoje, na primeira página da Tribuna da Imprensa, o libelo do Jornalista Hélio Fernandes diante da possibilidade de interrupção da circulação do seu

Page 73: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

73

sexagenário jornal, que necessita da reparação (de direito) que foi reconhecida pelas instâncias ordinárias da Justiça.

Com efeito, estou certo de que Vossa Excelência, diante de sua mais profunda sensibilidade, irá compreender a manifestação do Jornalista, que se aplica na divulgação da notícia, da informação e do esclarecimento do povo brasileiro frente a tantas dificuldades, que o senhor, como Ministro do STF, sabe melhor que todos nós.

Portanto, da mesma forma que as ações afirmativas são importantes para resgatar o sofrimento dos brasileiros, a Tribuna da Imprensa deve ser preservada, porque é patrimônio cultural nacional. Tenho confiança que Vossa Excelência irá se posicionar a respeito do recurso referido pelo Jornalista Hélio Fernandes, dando uma resposta justa à questão.”

O sofrimento da Tribuna da Imprensa é igual ao de muitos brasileiros, diante de uma Justiça que, por sua morosidade, se constitui em verdadeira injustiça, colocando-se de costas para o povo.

O sistema Judiciário se coloca acima da própria sociedade que o constitui. Hoje, o povo mais sofrido e pobre encontra outros meios para obter justiça em suas comunidades. Surge, assim, uma “liga da justiça” formada por milicianos, a ocupar o vazio deixado por quem deveria agir, mas não age. Aqui o lado mais perverso e perigoso, que possibilita a criação de um poder paralelo, facilita a corrupção e a chantagem e cria as bases para um regime de exceção.

Deixando esta questão de lado, registro minha emoção ao tomar conhecimento, em abril passado, de que a Tribuna da Imprensa, ainda não impressa, teria retornado via rede mundial de computadores. Assim, voltamos a ler seus artigos, reflexões e comentários diários, importantes

Page 74: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

74

para esclarecer a opinião pública nacional.

A Internet possibilitou um jornal mais dinâmico, com a notícia circulando no exato momento do acontecimento. Além disso, os leitores podem debater e expressar a sua opinião também simultaneamente. Isto é muito interessante e democrático. Como o senhor já manifestou, as eleições de 2010 poderão ganhar um novo colorido com a cobertura imediata pela rede de computadores.

Aproveito para agradecer a oportunidade que tive de expressar livremente minhas opiniões na sua Tribuna da Imprensa, contando ainda com suas respostas e comentários.

Desejo-lhe um feliz Natal e que, em 2010, a Tribuna da Imprensa continue irradiando notícias e conhecimentos para todo o povo brasileiro.

Comentário de Hélio Fernandes:

Não há agradecimento, Folena, a não ser que seja simultâneo, e não apenas entre eu e você. Temos que juntá-lo, somá-lo, dividi-lo com todos os cidadãos que se solidarizaram com a Tribuna, pela interrupção MOMENTÂNEA. (Cada vez mais perto de abandonar essa palavra circunstancial e que usei também esporadicamente). Os 30 anos vão se transformando em 31, continuamos descobrindo esse caminho novo que é a instantânea (exatamente o contrário de momentânea) Internet.

Os votos de Feliz Natal, são retribuídos e multiplicados para os milhões de brasileiros, principalmente aqueles que do Natal só conhecem a data que foi deixada por Jesus Cristo. O grande líder social dos últimos 2 mil anos,

Page 75: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

75

citado e até copiado por Marx, no seu Manifesto de 1848. E como a Tribuna estará completando 60 anos no dia 27, republico abaixo o artigo do dia 1.º de dezembro de 2008. Muita gente me pedia, a hora é agora.

* * *“A TRIBUNA INTERROMPE MOMENTAMENTE A

CIRCULAÇÃO POR CULPA DA JUSTIÇA MOROSA, TENDENCIOSA, DESCUIDADA, DISPLICENTE, VERDADEIRAMENTE INJUSTA E AUSENTE, TÃO DITATORIAL QUANTO A DITADURA”

O douto procurador-geral da República, Claudio Fonteles, recusou o AGRAVO da União, identificando-o como PROTELATÓRIO.

O imodesto ministro Joaquim Barbosa recebeu o AGRAVO da União, sabendo que era PROTELATÓRIO. Levou 2 anos e meio para entender.

Com a mente revoltada e o coração sangrando, escrevo serenamente, mas com a certeza de que é um libelo que atinge, vai atingir e quero mesmo que atinja o sistema Judiciário. As palavras que coloquei como título desta comunicação representa a ignomínia judicial, que se considera poderosa e inatingível, mas é apenas covarde e insensível.

Retira-se dessa acusação global apenas a primeira instância. O juiz que em 1979 recebeu a ação desta Tribuna da Imprensa examinou imediatamente a questão e dividiu a ação em duas. Uma chamada de LÍQUIDA, que decidiu imediatamente e que, lógico, foi objeto de recursos indevidos, malévolos e protelatórios, que é a que está na mesa do ministro Joaquim Barbosa.

A outra, denominada de ILÍQUIDA, juntava e junta prejuízos ainda maiores, como desvalorização do título do jornal, lucros cessantes, páginas em branco durante 10 anos, perseguição aos anunciantes, que intimidados pessoalmente pelo então diretor da Receita deixavam de anunciar.

Page 76: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

76

(Esse diretor da Receita Federal, Orlando Travancas, era feroz na perseguição e na intimidação. Não demorou muito, foi flagrado em crime de extorsão e corrupção, não quiseram prendê-lo, seria desmoralização para o regime. Foi aposentado luxuosamente, com proventos financeiros “generosos”).

A ação ILÍQUIDA dependia de PERÍCIA, que vem desde 1982, e não foi feita por irresponsabilidade e falta de interesse de dois lados. Acreditamos que agora andará em velocidade para recuperar o tempo perdido. Na ação dita LÍQUIDA, o competente juiz de primeira instância, cumprindo o seu dever, sem temor ou dificuldade, condenava a União ao pagamento da INDENIZAÇÃO devida a esta Tribuna.

Que sabendo dos obstáculos que enfrentaria, dos sacrifícios a que seria submetida, assumiu sem qualquer restrição a resistência ao autoritarismo e à permanente e intransigente defesa do interesse nacional, tão sacrificado. “Combatíamos o bom combate”, como disse o Apóstolo Paulo.

De 1982 (primeira e única sentença) até este ano de 2008 (26 anos), a decisão do competente juiz de primeira instância foi naufragando na impunidade, no descuido, na imprudência dos chamados MAGISTRADOS SUPERIORES.

Nesses 26 anos, desembargadores que não tinham nenhum adjetivo, mas lutavam arduamente para ganhar a complementação de DESEMBARGADORES FEDERAIS, nem ligavam para a justiça ou a injustiça. Importantes, se consideravam insubstituíveis e incomparáveis, não queriam que alguém pensasse ou admitisse que eram inferiores. Lógico, cuidando da ambição pessoal, não podiam perder tempo FAZENDO JUSTIÇA. Que era o que o juiz de primeira instância compreendeu e decidiu imediatamente.

Em 26 de março de 1981, a ditadura agonizante mas vingativa explodiu

Page 77: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

77

prédios, máquinas e demais dependências desta Tribuna. Podíamos acrescentar isso na própria ação ou começar nova, com mais esse prejuízo colossal. Não quisemos. É fato também facilmente comprovável, não protestamos nem reivindicamos judicialmente em relação a mais esse terrorismo. Financeiro, econômico, irreparável.

Outro fato que também é acusação contra DESEMBARGADORES FEDERAIS facilmente comprovável, verificando o andamento, quer dizer, a paralisação do processo: vários DESEMBARGADORES FEDERAIS ficaram 2, 3 e até 4 anos com o processo engavetado. Alguns devolviam o processo pela razão maior de todas: caíam na EXPULSÓRIA. Mas continuavam fazendo parte do esquema e sistema de atrasar a eficácia da prestação jurisdicional. Necessária nova distribuição, isso era feito lentamente, esqueciam inteiramente da importância de fazer justiça.

E o próprio Supremo Tribunal Federal não pode ser considerado INOCENTE ou DESCONHECEDOR do processo. Pois há quase 3 anos ele está na mesa do ministro Joaquim Barbosa, “esperavam um negro subserviente, encontraram um magistrado que veio para fazer justiça”. Na prática está desmentindo a teoria. Negro ou branco, não importa a cor e sim a I-N-S-E-N-S-I-B-I-L-I-D-A-D-E como magistrado.

O ministro Joaquim Barbosa, do STF, com extrema boa vontade, recebeu o recurso inócuo da União, verdadeira litigância de má-fé, que sabia ser apenas PROTELATÓRIO. Os autos estão descansando em seu gabinete desde abril de 2006. Postura diferente adotou o douto procurador-geral da República, Cláudio Lemos Fonteles, que há mais de 2 anos já fulminara o teratológico recurso como INADMISSÍVEL, sem razão de ser, vez que almeja REDISCUTIR o que já tinha sido pacificado nas instâncias inferiores, ou seja, o direito líquido e certo desta Tribuna da Imprensa ser indenizada por conta de danos morais e prejuízos materiais de vulto que sofrera, em decorrência de atos

Page 78: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

78

truculentos e de censura permanente dos governantes dos anos de chumbo e que quase levaram o jornal à falência.

Inexplicavelmente, repita-se, o bravo (ou bravateiro?) Joaquim Barbosa aceitou o afrontoso apelo da União que nem deveria ser conhecido, por conta quem sabe de um cochilo, displicência ou então não tem a sabedoria jurídica que tanto apregoa.

Não quero ir mais longe, lembrar apenas o seguinte: a Tribuna da Imprensa não será FECHADA pela indolência da Justiça, que, sem perceber, a castigar tanto ou mais do que a ditadura, na medida em que por inaceitável MOROSIDADE está retardando a implementação da execução de sentença condenatória da ré, União Federal, e sua maior devedora.

ASSIM, suspenderemos por alguns meses a circulação deste jornal, que entra, coincidentemente, no ano 60 da sua existência. 14 com Carlos Lacerda, 46 com este repórter. Não transigimos, não conversamos, não negociamos a opinião aberta e franca pela recompensa escondida, mas relevante. Poderíamos ter cedido, concedido, concordado, conquistaríamos a riqueza falsa e inconsciente, mas GLORIOSA E DURADOURA.

Vivemos num mundo dominado pela VISIBILIDADE e a RECIPROCIDADE. Como não nos entregamos nunca, como ninguém neste jornal distribui visibilidade para receber reciprocidade, estamos em situação dificílima.

Nesse quadro, já dissemos e reiteramos que essa primeira indenização será toda destinada ao pagamento de DÍVIDAS obrigatórias contraídas por causa da perseguição incessante comprovadamente sofrida.

Em matéria de tempo, uma parte do Judiciário foi mais ditatorial do

Page 79: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

79

que a ditadura. Esta perseguiu o jornal das mais variadas formas, por 20 anos. A Justiça quer ver se chega aos 30 anos, por conta de sua repugnante MOROSIDADE, TÃO RUINOSA e imoral quanto a ilimitada violência perpetrada pela ditadura.

Se vivo fosse, o jurista Ruy Barbosa por certo processaria os lenientes julgadores do processo indenizatório ajuizado pela Tribuna contra a União há quase 30 anos e sem pagamento algum até hoje, porque para Ruy, que é tão festejado e citado, mas não imitado, JUSTIÇA ATRASADA NÃO É JUSTIÇA, SENÃO INJUSTIÇA QUALIFICADA E MANIFESTA. Até breve. Muito breve.

* * *

PS – “A única coisa que devemos temer é o próprio medo. O medo inominável, injustificável, sem razão de ser. Medo que paralisa os esforços e transforma um avanço vitorioso numa derrota ou numa retirada desastrosa”. Franklin Delano Roosevelt, 4 de março de 1933. Um dia antes de tomar posse pela primeira vez como presidente e já pronto para lançar o New Deal.

__________________Postado em 24/12/2009.

Page 80: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

80

17. O PRESIDENTE LULA CONFUNDIU E ILUDIU A TODOS COM OS PROJETOS DE LEI DO PRÉ-SAL

Jornalista Hélio Fernandes, o presidente Lula perdeu a chance de, antes do término do seu mandato, manter para o Brasil talvez uma das maiores riquezas naturais estratégicas, que são o petróleo e o gás existentes na camada de pré-sal e que desperta tanta cobiça, antes mesmo de se conhecer a viabilidade econômica de sua exploração.

Não sei se houve má-fé ou induzimento à desinformação, mas a questão dos royalties nada tem a ver com o pré-sal. Porém, toda esta confusão serviu para iludir o povo brasileiro, possibilitando duas situações: uma, que políticos omissos e espertos possam tentar tirar alguma vantagem eleitoral, jogando brasileiros uns contra outros: e, duas, deixando passar pelo Congresso projetos de lei contrários ao interesse nacional.

O presidente Lula encaminhou ao Congresso Nacional quatro anteprojetos de lei relacionados ao pré-sal. O primeiro tratava da criação de um fundo soberano das receitas da União, provenientes da exploração do petróleo; o segundo possibilitava a exploração do pré-sal no modelo de partilha, em substituição às atuais concessões de campos de petróleo, assegurando-se à Petrobras pelo menos 30% da participação no consórcio que irá explorar o petróleo e o gás; o terceiro capitalizava a Petrobras com a cessão pela União de 5 bilhões de barris de petróleo da área do pré-sal (?), que ainda sequer entrou em operação; e o quarto criava a Petro-Sal, para administrar e gerir a grande área petrolífera a ser explorada.

Ocorre que o projeto de lei de partilha do Pré-sal, defendido com entusiasmo pelo Presidente Lula, é prejudicial ao Brasil porque, na forma

Page 81: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

81

como foi concebido, poderá vir a beneficiar até mesmo os bancos, desde que participem do consórcio a ser formado.

Com efeito, a União entrará com as reservas de petróleo, que a ela pertencem (art. 20, V e IX, da Constituição), e a Petrobras, capitalizada e contando também com recursos dos trabalhadores pelo FGTS, arcará com os investimentos e a tecnologia necessários para a exploração do pré-sal. Os demais consorciados poderão ser quaisquer interessados, desde que comprem sua participação no consórcio. Na verdade, não precisarão derramar uma gota de suor de trabalho.

Este grave equívoco está associado ao abandono da idéia de se recuperar o patrimônio nacional, mediante a fundação de uma Petrolífera 100% brasileira para a exploração do pré-sal, uma vez que a Petrobras está “contaminada” em decorrência de ter suas ações vendidas na Bolsa de Nova Iorque e pelo desmonte original da empresa patrocinado por sucessivos governos.

Essa nova empresa nacional poderia ser a própria Petro-Sal (sob o controle total da União), que poderia contratar a Petrobras e outras empresas para lhe prestar serviços, remunerando-as por isso, sem precisar de qualquer modelo de partilha ou de concessões como constam na Lei 9.478/97 e sem ser oferecida questionável preferência à Petrobras, como consta no projeto de lei de partilha, o que é inconstitucional.

Assim, o petróleo poderia ficar sob o controle da União, que daria a destinação necessária a esse bem essencial ao desenvolvimento do Brasil, pois como gosta de dizer o presidente Lula: “O petróleo não é do governo do Estado do Rio de Janeiro. Não é da Petrobras, é do povo brasileiro e precisamos discutir o destino deste petróleo” (Tribuna da Imprensa, 13/08/08, p. 08). Será que é?

Page 82: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

82

Outra pergunta que não quer calar: será que o presidente Lula não sabia o que está por detrás dos anteprojetos de lei enviados ao Congresso? Parece que perdeu a oportunidade de entrar para a História do país como o grande estadista que recuperou uma riqueza – o petróleo, motivo de tantas guerras – entregue com docilidade pelo seu antecessor, com a promulgação da Emenda Constitucional 09/95 (que impôs o fim do monopólio da Petrobras) e pela sanção da atual Lei do Petróleo (9.478/97). Se sua intenção foi confundir e iludir o povo, como parece, ficará na História como mais um presidente entreguista, infelizmente.

Portanto, o problema do pré-sal não é do Congresso, como disse o presidente Lula no dia 18/03/2010, mas sim de seu governo, que deu o indevido encaminhamento à questão ao Congresso, quando poderia fazê-lo da forma mais simples possível.

Por fim, vale frisar sempre que o governador Cabral Filho não defendeu o Rio de Janeiro na questão dos royalties, apenas criou embaraços que favoreceram os interesses dos que são contrários ao País, colaborando, assim, para tirar do foco o problema principal, que é a entrega do pré-sal.

Comentário de Hélio Fernandes:

Todas as dúvidas dissipadas, Folena, como sempre. Defendemos desde o início a criação de uma empresa 100 por cento estatal, de propriedade de todos os brasileiros, de estados, cidades, municípios. Aqui, aproveito para tranquilizar os que perguntam, CONFUSOS, se acabarão os royalties do petróleo e gás, SUBSTITUIDOS pelos royalties do PRÉ-SAL. Nada a ver.

Pedro do Coutto, Carlos Chagas, o próprio Folena, insistentemente, e este repórter, temos mostrado que as duas coisas não se confrontam nem se

Page 83: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

83

hostilizam, houve apenas omissão do governador do Estado do Rio (e dos outros que conquistaram, CONSTITUCIONALMENTE o direito a esses royalties).

Quando falo em omissão, tenho que acrescentar, realisticamente: PLANEJADA, TRAMADA, DETERMINADA, PREPARADA, COORDENADA, APROVADA E FESTEJADA.

É impossível chegar a outra conclusão, examinando estes dados.

1. O projeto escondido atrás de Ibsen, “rodou” quase 7 meses na Câmara.

2. 369 deputados votaram a favor, ninguém da “base” examinou, se alarmou, alertou o Planalto-Alvorada.

3. Quando descobriram esse fantástico (a palavra é usada nos variados sentidos) PRÉ-SAL, o presidente Lula passou a receber elogios, aplausos e brincadeiras do exterior.

4. Todos perguntavam talvez com uma ponta de ironia, “o Brasil agora entrará para a OPEP?”

5. O presidente, portanto, sabia da importância dessa descoberta, tanto que mandou logo 4 projetos para o Congresso, TODOS, MAS TODOS ELES, DESLIGADOS DO INTERESSE DO BRASIL.

6. A partilha desse PRÉ-SAL é absurda e a conjugação dos dois tipos de riqueza, o petróleo e o gás (que os americanos por mais de 50 anos negavam que “EXISTISSE NO BRASIL”, e levou o grande Monteiro Lobato à prisão várias vezes, até que foi viver no exterior) e esse petróleo e gás do agora chamado PRÉ-SAL, rigorosamente inacreditável.

Page 84: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

84

7. Mais grave: a divisão entre brasileiros por causa do PRÉ-SAL, que só poderá ser explorado entre 15 e 20 anos, revoltante e ignominiosa, que palavra.

8. Lula já tem dito várias vezes e em muitas oportunidades, “não sei de nada”. Mas no caso dessa riqueza monumental, praticamente trouxe divisão para o país e prejuízo à sua própria imagem como governante.

9. Lula que gosta tanto de dizer, “como presidente realizei mais do que todos os outros presidentes juntos”, poderia transformar essa afirmação, de bravata em gravata, aplicada nos adversários.

10. Não existem equipamentos para retirada do PRÉ-SAL, a profundidade varia de forma notável, os obstáculos que a perfuração encontrará, assustam até pela estimativa, parodiando Lula, “ninguém sabe nada”.

Portanto, deixemos o PRÉ-SAL para estudo e avaliação futura, tratemos da Lei 9478, que a covardia, a servidão e a traição de FHC, implantaram para quebrar o monopólio da Petrobras.

O presidente Lula, que tem maioria para tudo, assim que foi eleito, devia ter recuperado imediatamente os 4 OU 5 TRILHÕES que FHC foi DOANDO de nosso patrimônio e “recebendo em moedas podres”, que não valiam coisa alguma.

Citemos os crimes praticados pelos ENRIQUECIDOS MEMBROS E NÃO-MEMBROS DA COMISSÃO DE DESESTATIZAÇÃO, e examinemos, hoje, a criação das LICITAÇÕES proporcionadas pela 9478.

No final de 2002, Lula já eleito, Dona Dilma sabendo que ia ser ministra de Minas e Energia, fazia comícios veementes contra as licitações,

Page 85: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

85

queria destruí-las imediatamente. A AEPET, (na época prestigiada, acatada, respeitada, hoje, tristeza e lamento) convenceu Dona Dilma: “No momento não temos forças para lutar contra esses adversários. Além do mais, o importante é a LICITAÇÃO NÚMERO 6, por aí temos que começar a recuperação do monopólio da Petrobras”.

Ela se acalmou, 3 ou 4 meses depois de ser ministra, já estava FURIOSA E DESGOVERNADA a favor da LICITAÇÕES. Quando chegou a oportunidade da LICITAÇÃO NÚMERO 6, Dona Dilma se jogou violentamente contra o interesse nacional, a número 6, aprovada.

O governador Requião, através do Procurador Geral do Paraná, entrou com uma ADIN no Supremo. Até este repórter acreditava que o Brasil fosse ganhar, apesar de saber que não existe ninguém mais conservador do que um revolucionário no Poder. E Dona Dilma nunca foi revolucionária ou progressista, nem sabia o que ela era. Desvirtuava tanto a verdade, que nem sabia o que dissera antes ou diria depois.

***

PS – A ADIN chegou ao Supremo, Dona Dilma, já Chefe da Casa Civil, e Nelson Jobim, (ainda não expulso do Supremo) se acertaram. Ele fazia um gesto com a mão, Eros Grau pedia vista, foi o que aconteceu. 5 ou 6 meses depois, o Brasil perdeu de 7 a 4, no Planalto-Alvorada comemoraram. Requião, que votou duas vezes em Lula, se afastou.

PS2 – Agora já querem (os amigos, privilegiados e favorecidos) chamar Lula de ESTADISTA. O Brasil não tem nenhum PRESIDENTE ESTADISTA. O único ESTADISTA QUE PRETENDIA SER PRESIDENTE, de 1906 a 1918, nunca se elegeu, só se candidatava pelo VOTO INDEPENDENTE, sem partido.

Page 86: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

86

PS3 – Podemos nos conformar (não gosto da palavra nem do seu sentido), com os EUA. Desde a Constituinte de 1787, e a primeira eleição de 1788, (DIRETA, DIRETA) eles só tiveram quatro presidentes estadistas.

PS4 – Depois de 222 anos dos FUNDADORES da República, não é muita vantagem. O problema é que, começando (ou acabando) a partir de 2010, não vemos nenhum estadista no horizonte. Mas na Matriz, embora eu torça muito por Obama, também nenhuma esperança.

__________________Postado em 23/10/2010.

Page 87: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

87

18. ENQUANTO HOUVER EXCLUSÃO E INDIFERENÇA, NÃO HAVERÁ SOLUÇÃO PARA AS TRAGÉDIAS

DOS DESABAMENTOS

Jornalista Hélio Fernandes, peço licença para retornar ao tema, com o coração enlutado, após mais uma noite de fortes chuvas em nosso Estado do Rio de Janeiro, e particularmente pela tragédia que recaiu sobre os moradores de área pobre de Niterói.

Pelo que estou lendo, assistindo e ouvindo, quem tem culpa de tudo, definitivamente, é a população pobre, que construiu suas casas onde não deveria. É o que fica evidente nos pronunciamentos das autoridades constituídas.

Os administradores públicos, conscientes ou não, governam para uma sociedade fundamentada na exclusão, na diferença e na indiferença. Nunca valorizarão o trabalho, base de tudo, porque eles enxergam nos homens e mulheres dos bairros dos subúrbios e das favelas apenas uma fonte de mão-de-obra barata a ser explorada diariamente e um manancial de votos para a confirmação da ordem política.

A letra da lei é bonita e só vale no papel, como todos sabem. É fácil, na tragédia, transferir a responsabilidade para a população, incriminando-a como sempre fizeram ao longo da História. Porém, é negado aos pobres e aos miseráveis o direito de habitar com o mínimo de dignidade e em condições salubres, apesar de estar consignado na Constituição (artigo 6.º).

Não podemos perdoar estes políticos, pois o problema não é a falta de dinheiro, tecnologia e áreas em condições de construir residências dignas para todos. Não fazem porque não querem, e por ser próprio do regime

Page 88: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

88

em que vivemos a manutenção da desigualdade, apesar de ser apregoado, por todos os cantos, que constituímos uma sociedade livre e democrática.

Enquanto houver a exploração de homens e mulheres, os idosos não forem amparados e as crianças viverem sem esperança de futuro, tudo estará na mais perfeita ordem natural das coisas, com chuva ou qualquer outra forma de tragédia que recaia sobre nós.

Manifesto minha tristeza por tudo isso, que não é novo e infelizmente se repetirá amanhã ou depois de amanhã, na medida em que não existe interesse de acabar com esta lamentável situação. O duro é ver governantes na televisão com charme de tristeza e cara de choro diante de famílias que jamais protegeram ou protegerão”.

Comentário de Hélio Fernandes:

Cada linha, cada palavra, cada afirmação da tua manifestação, Folena, é um libelo, que deveria atingir os governantes, que se omitem de tudo e depois se eximem de culpa. São os grandes culpados das construções nas encostas, no Rio, Niterói, Alcântara, Saquarema, estejam onde estejam esses mortos, “fabricados” pela incompetência e pela displicência de prefeitos e governadores.

Eduardo Paes só terá campanha em 2012, até lá usará a falta de memória geral e a ajuda dos amestrados para a recuperação. O governador tem campanha agora mesmo, e como você diz, vai aparecer com “charme de tristeza e cara de choro”, insultando as famílias que esqueceram de proteger.

Page 89: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

89

Não existe forma mais eficiente de condená-los do que a de não votar nele. Mas esse governador desastrado e desinteressado, será protegido pelas falhas da legislação, e continuará sua “luta indômita e indormida”, para arrebanhar nova representatividade em nome de uma população que abandonou completamente.

A hora é de abandoná-lo como ele abandonou a população. Sergio Cabral Filho não representa nem pode representar o povo do Estado do Rio.

Cada residência que desaba, cada cidadão que fica desabrigado, cada morto que compõe essa estatística macabra, devia representar uma punhalada eleitoral na ambição desses “governantes”, que se julgam acima de julgamento, são os prepotentes e arrogantes que não têm o mínimo de responsabilidade ou respeitabilidade.

Agora vem o prefeito, e sempre utilizando a mídia para aparecer, se exibe apregoando a violência e impondo num decreto improvisado: “Determinamos que 158 áreas são de risco, e os moradores podem ser retirados à força pela polícia”.

E indecente, imprudente e inconsciente, afirma textualmente: “QUEREMOS SALVAR VIDAS”. É um irresponsável que se embaraça, mas quer fingir que está reparando a irresponsabilidade anterior com a irresponsabilidade presente.

“Queremos SALVAR VIDAS”. Não dá mais tempo, prefeito, dezenas e dezenas já estão nos cemitérios. E os que estão aqui têm direitos, não podem sofrer a violência da demagogia depois da violência do desinteresse. Devem ser removidas essas famílias, mas não para INOCENTAR esses governantes. Não podem ser arrancadas das residências precárias para serem jogadas em locais mais precários e incertos.

***

Page 90: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

90

PS – Eduardo Paes e Sergio Cabral deviam renunciar, talvez fossem absolvidos ou inocentados. Os dois são os novos arrudas da antiga capital.

__________________Postado em 10/04/2008.

Page 91: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

91

19. TRABALHADORES E ANISTIA

No 1.º de maio comemora-se, em quase todo o mundo, o dia do trabalhador, que é simbolizado pelas manifestações ocorridas na cidade americana de Chicago em 1886, na luta pela redução da jornada de trabalho para 8 horas. Mesmo tendo sido esta luta iniciada por trabalhadores americanos, os Estados Unidos da América do Norte, por razões naturais do pensamento liberal que impera naquele país, se negam a reconhecer o dia do trabalho no mês de maio.

O trabalho é a base de tudo na evolução da sociedade, como cientificamente comprovou Marx em seus estudos de filosofia, política e economia, tendo as mãos como sua essência fundamental, como revelou Engels. As mãos dos trabalhadores, em todos os períodos históricos, construíram e constroem as grandes obras da humanidade, como lembrado em poesia por Brecht.

Trabalhadores brasileiros, socialistas, comunistas ou não, inconformados com a tomada ilegítima do poder em 1964 e a deposição de um governo legal, desapareceram, foram perseguidos, humilhados, torturados ou morreram por lutarem para tentar restabelecer a ordem política e jurídica no País, diante da Constituição promulgada em 1946.

Muitos desses trabalhadores tiveram que se esconder para não morrer, outros precisaram ir para o exterior, abandonando suas famílias, amigos, trabalhos e estudos.

Os ocupantes do poder propuseram em 1979 a “anistia, ampla, geral

Page 92: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

92

e irrestrita”, para que os trabalhadores perseguidos aqui ou no exterior pudessem retomar suas vida no país.

O termo anistia significa “perdão em sentido amplo” ou esquecimento (do grego amnestia). Porém, a lei de anistia, como documento jurídico, apresentou um vício original grave, qual seja, a coação (pegar ou largar), na medida em que foi a condição imposta pelos detentores do poder para permitir o retorno dos que tinham deixado tudo para trás. Vale lembrar que a ditadura permaneceu firme até 1985, ou seja, 6 anos depois de sancionada a Lei de Anistia.

Ora, qualquer documento nestas bases é nulo de pleno direito. Isto é regra jurídica elementar, seja na ordem constitucional outorgada durante o regime militar, seja também na atual, promulgada em 1988, assim como em qualquer outro país. A coação contaminou a referida lei. Contudo, não a tornou legitima para o “perdão” ou “esquecimento” geral das atrocidades do passado.

A ordem jurídica fundada com a Constituição de 1988, em seu preâmbulo, afasta qualquer acordo nulo do passado, ao afirmar que a Assembléia Nacional Constituinte foi reunida para instituir um Estado Democrático de Direito, o que se constitui num dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil em seu artigo 1.º.

Desta forma, é impossível numa análise razoável acreditar que Constituição em vigor tenha permitido a manutenção de uma lei, fruto da coação, para perdoar quem tenha praticado atos de violência contra trabalhadores e quaisquer brasileiros, sob a proteção do Poder Público então vigente.

O atual presidente do STF, no julgamento da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 153, manifestou que “a lei de anistia é fruto de

Page 93: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

93

um acordo de quem tinha legitimidade social e política para, naquele momento histórico, celebrá-lo.” (Notícias STF, de 29/04/10).

Porém, o ministro Peluso esqueceu que os supostos legitimados para celebrar o dito acordo conquistaram o poder do Estado pela força e não pela vontade popular, que é princípio fundamental da Constituição do Brasil (art. 1.º, parágrafo único, da Constituição do Brasil).

O presidente do STF externou ainda que “o Brasil fez uma opção pelo caminho da concórdia” adotando a Lei de Anistia. Mas que concórdia é esta que não permite que se investigue e assegure o devido processo legal e ampla defesa para supostos agentes do Estado que torturaram, mataram ou criaram embaraços para trabalhadores brasileiros? A paz viria para todas as famílias com a investigação séria, respeitando-se os princípios da Constituição em vigor, para que se pudesse saber realmente quem conduziu ou praticou violência contra os brasileiros no regime de 1964/1985.

Por fim, registro que a Comissão Permanente de Direito Constitucional do Instituto dos Advogados Brasileiros, em 30 de novembro de 2009, aprovou à unanimidade, o parecer do jurista Sérgio Ribeiro Muylaert sobre a não recepção da Lei de Anistia (Lei 6.683/1979) pela Constituição de 1988 e que o Brasil deveria adotar a mesma postura dos países vizinhos da região, como a Argentina, que no julgamento da Causa nº. 17.768, proferido por sua Corte Suprema, declarou inconstitucional lei de anistia semelhante à lei brasileira.

Portanto, não se está diante de uma questão de revanchismo ou perseguição a qualquer pessoa, mas da busca da verdade histórica para se manter íntegra a memória nacional e assegurar o direito natural dos violentados e suas famílias de saber quem foram os mandantes e executores, assim como exigiu Antígona para garantir o enterro digno de seu irmão.

Page 94: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

94

Comentário de Hélio Fernandes:

Escrevi um artigo a esse respeito, logo depois do julgamento (?) do Supremo. Tive de deixar para postar amanhã, segunda-feira, por causa de outros dois textos que tinham prioridade. Mas não eram nem são mais importantes do que o artigo sobre a anistia e a impensada-insensata decisão do STF, que irá durar muito tempo, até que seja modificada ou revogada pelo próprio Supremo ou pela revolta e inconformismo da opinião pública.

Foi tal a violência praticada nos 21 anos nefastos e dominados pelos torturadores, que esse “julgamento” do Supremo é contraditório, representa contradição e inverdade, não só nos 7 a 2 da votação, mas principalmente pela inconsistência e incoerência do próprio presidente, ministro Cezar Peluso.

Este foi o porta-voz dos 7 que estranhamente “anistiaram e absolveram os torturadores”, não só por ser presidente, mas principalmente pela tentativa esdrúxula de justificar o injustificável.

O voto do ministro-presidente agrava o inconformismo e a condenação do cidadão-contribuinte-eleitor. Mas o que não se pode aceitar de maneira alguma, é o fundamento expresso por Cezar Peluso: “A LEI DE ANISTIA É FRUTO DE UM ACORDO DE QUEM TINHA LEGITIMIDADE SOCIAL E POLÍTICA, PARA, NAQUELE MOMENTO HISTÓRICO, CELEBRÁ-LO”.

É preciso condenar a frase (e o próprio ministro), repelindo altivamente o que foi dito. Os 7 a 2 que ANISTIARAM, se encontrariam com a vontade e o desejo da opinião pública, se em novembro de 1979 fosse aprovada uma decisão, com esta frase, conceito-definição: “OS QUE PRETENDEM SE LIVRAR DAS TORTURAS E DOS ESTUPROS QUE PRATICARAM, NÃO TÊM LEGITIMIDADE SOCIAL E POLÍTICA PARA CELEBRÁ-

Page 95: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

95

LO. SERVIRAM À DITADURA, QUEREM SER ANISTIADOS PARA CONTINUAREM NO PODER”.

Você, Folena, foi mais completo, por ter ligado essa falsa ANISTIA COM O 1.º DE MAIO, VERDADEIRA LIBERTAÇÃO DOS TRABALHADORES. E merece ainda mais elogios e exaltação, porque lembra o 1.º de maio de 1.981, a quase tragédia do Riocentro.

Foi o SEGUNDO GOLPE A FAVOR DA DITADURA e seus autores é que foram indevidamente PROTEGIDOS E BENEFICIADOS por 7 ministros, que desfraldaram a bandeira da tortura, acenando com ela sobre o caixão dos que morreram, e consagrando o silêncio dos que desapareceram, não foram sepultados e são agora ultrajados.

***

PS – Não posso deixar de exaltar o jornalista Carlos Chagas e citar seu artigo de ontem, que tem um título irrefutável, irrevogável, indiscutível: “A MEMÓRIA NÃO PRESCREVE”. Só aí já estaria dito tudo.

PS2 – Mas Carlos Chagas, com a grandeza de mais de 50 anos de jornalismo inviolável e sempre se colocando ao lado da comunidade, não para por aí. Diz, com a profundidade da simplicidade: “Os crimes de homicídio prescrevem em 20 anos. Mas é um dever da sociedade divulgar o nome dos agentes do estado, envolvidos em tortura”.

PS3 – Terminando: “A tortura é ABOMINÁVEL, e precisa ser exposta, mesmo que não seja possível condenar os torturadores”.

__________________Postado em 02/05/2010.

Page 96: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

96

20. A ANISTIA E A PRESCRIÇÃODOS CRIMES DOS OPRESSORES

Prezado Jornalista Hélio Fernandes, seu artigo de ontem (03 de maio de 2010) deixou claro que, ao contrário do afirmado pelo Presidente do STF, Ministro Cezar Peluso, “a anistia, ampla, geral e irrestrita” não foi fruto de nenhum acordo político legítimo nem histórico. Ao contrário, decorreu da vontade absoluta de uma só das partes, que manteve ativo o aparelho repressor mesmo depois de sancionada a Lei 6.683/79, como comprovam os atentados à Ordem dos Advogados do Brasil em agosto de 1980, ao Jornal Tribuna da Imprensa em março de 1981 e ao Riocentro, nas comemorações do dia do trabalhador em 1981.

A Constituição de 1988 não tolera a coação nem a prática de atos ilegais por agentes públicos, uma vez que, em seu artigo 1.º, restaurou o Estado Democrático de Direito.

Saliente-se que os atos praticados durante regime de exceção são ilegítimos e nulos. Assim, quem os praticou não pode se socorrer da regra jurídica da prescrição, por se tratarem de usurpadores do poder político institucional.

O ato nulo nunca se convalida, sendo que na hipótese prevalece o sentido inverso, qual seja: os efeitos da violência e agressão (atos irregulares) não podem ser varridos para baixo do manto da prescrição, uma vez que se perpetuam pelo tempo até serem julgados de acordo com as regras jurídicas democráticas, que deixaram de vigorar no regime de exceção.

Com efeito, em qualquer época, quem quer que se encontre à frente

Page 97: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

97

do Poder Público jamais pode incentivar ou praticar qualquer delito, ainda mais contra os direitos humanos.

Então, não se pode falar em prescrição para os agentes públicos, fossem estes superiores ou subalternos, que devem ser investigados para responderem, nos termos da Constituição e da lei, ao devido processo legal.

Por fim, vale lembrar que o Estado de Israel até hoje procura os nazistas que patrocinaram o holocausto contra os judeus na Segunda Guerra Mundial, por se tratar de crimes contra a humanidade, da mesma forma que o ocorrido no Brasil entre 1964/1985.

Comentário de Hélio Fernandes:

Os fatos que se acumulam em relação à votação da chamada anistia ampla, geral e irrestrita, deixam em situação insustentável o Supremo (ou pelo menos 7 ministros que tentaram impor a jurisprudência do DOI-CODI). ABSOLVEM torturadores, sabendo com todo o conhecimento, que pelo mesmo ato CONDENAVAM heróicos lutadores, isso é tão inadmissível, que acredito sinceramente que o próprio Supremo encontrará a solução.

Como o Supremo Tribunal é tão poderoso que pode transformar TORTURADORES em seres humanos, e lutadores em réprobos e criminosos, pode também inovar e modificar o que ele mesmo decidiu. Se o Supremo pretende ser a ÚLTIMA INSTÂNCIA, só tem um caminho: apelar da própria decisão e reformar sua inacreditável votação.

Para honra e reabilitação do Supremo, é preciso reavaliar, “rejulgar” e reintegrar entre os votos eternos, um novo, CONDENANDO OS

Page 98: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

98

TORTURADORES E DECIDINDO QUE NÃO HOUVE NEM PODERIA HAVER MESMO ANISTIA ALGUMA.

A ÚLTIMA INSTÂNCIA DO SUPREMO, só pode ser a favor da coletividade, aceita orgulhosamente por todos. Se reexaminar a “ANISTIA” em outro voto, o primeiro estará SOTERRADO, o direito, a justiça e a humanidade, terão RESSUSCITADO.

__________________Postado em 04/05/2010.

Page 99: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

99

CONCLUSÃO POR HÉLIO FERNANDES

Jorge Folena e Bernardo Cabral tiveram a idéia de publicar em livro, os temas que o presidente da Comissão Permanente de Estudos Constitucionais do IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros, que foi presidido por Rui Barbosa) publicou e comentou aqui neste espaço. Nada pessoal, apenas e sempre o interesse nacional, muito bem recebido sempre que Folena comparece.

Quando fui diretor da Revista Manchete, dei ao grande Rubem Braga, duas páginas inteiras para ele preencher como quisesse. Criou então uma seção que teve enorme repercussão, intitulada “A Poesia é necessária”. Magnífica e indiscutível, o famoso cronista mostrou que o título correspondia à realidade. Ficou provado que a poesia é tão necessária quanto a participação diária e intransferível. Que é o que todos fazem aqui neste espaço, não importa a convicção, nem sempre concordando uns com os outros, debatendo verdadeiramente, sem perder a civilidade nem apelar para a hostilidade.

Nem o papel jornal vai acabar. Nem os livros sofrerão qualquer restrição. A internet tem importância indiscutível e indestrutível, instantânea, enquanto o livro é eterno, mas podendo ser consultado a qualquer momento, não interessa o tempo decorrido.

Além do mais, as colocações e as convicções do constitucionalista Jorge Folena, representam constatações de fatos que já aconteceram, críticas ao que ocorre no importante dia-a-dia da História, e análises do que pode surgir no futuro, nos caminhos que precisam ser percorridos com segurança, eliminando bravamente os obstáculos que irão aparecendo.

Page 100: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

100

***

PS – No exame do que já aconteceu mas que precisa ser reavaliado, reexaminado e reconstruído, está a Petrobras. Formidável conquista do povo brasileiro, foi considerada intocável demais. Cresceu sem qualquer orientação, enriqueceu empresários gananciosos, favoreceu corruptos avarentos, protegeu políticos inescrupulosos. Os três tipos, pertencentes à elite.

PS2 – Essa elite desavergonhada, “descobriu” a Petrobras, que de INTOCÁVEL passou a ser objeto de DOAÇÃO, através da Le1 9.478 e das licitações, tudo na era de FHC e do retrocesso de 80 anos em 8. Folena, bravamente, contestou o que o presidente de então, implantou covardemente.

PS3 – Vindo do passado para o presente, Jorge Folena apresentou e debateu temas como a “privatização” da economia, contestando o que tantos defendem como o “Estado menor”. E não esqueceu da “DOAÇÃO” dos minérios, as fortunas colossais que surgiram com base nisso. E a afirmação dos bilionários SEM ORIGEM E SEM EXPLICAÇÃO DA FORTUNA: “Sou o homem mais rico do Brasil”.

PS4 – Nestes instantes de perplexidade dos descaminhos de uma eleição sem partidos e sem liderança, neste espaço foram examinadas ações e decisões do Supremo, em várias oportunidades. Nos tempos de Nelson Jobim presidente, (e apenas com uma alteração) o Supremo se comprometeu ao COMEMORAR E FESTEJAR essa Lei 9.478, traição do ex-presidente, que o Supremo poderia ter considerado como lei mínima ou inexistente.

PS5 – E ainda agora, repercutindo (apesar do que 7 ministros pensam ou votam) a ANISTIA AMPLA, GERAL E IRRESTRITA, que não transitou em julgado. Como o Supremo é a ÚLTIMA INSTÂNCIA, pode reconhecer o EQUÍVOCO IMPRESSIONANTE E COLOSSAL, e decidir revogar o que na verdade nem foi apreciado no mérito.

Page 101: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

101

PS6 – E continuando a partir do passado e presente, Folena trouxe ao debate, o futuro tão perto e tão distante, que é a questão do pré-sal. Ainda nem se sabe a profundidade em que está essa riqueza, seu volume, não começaram nem a fabricar os instrumentos para retirar esse petróleo. Por enquanto, os que estão vencendo essa batalha e a guerra, têm como palavra-chave e dominadora, precisamente essa: E-X-P-L-O-R-A-Ç-Ã-O.

PS7 – Não vamos deixar, não podemos permitir que uma palavra como essa, saia vitoriosa, sobre a vontade e a necessidade do povo brasileiro.

Page 102: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu
Page 103: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu
Page 104: COM HÉLIO ARC FERNANDES - dvqlxo2m2q99q.cloudfront.netdvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/000_clients/139513/file/1395131457... · Foi com essa troca de artigos e comentários que surgiu

Jorge Folena era mais um dentre os milhares de leitores da saudosa “Tribuna da Imprensa”, jornal que nos seduziu por sua abordagem autêntica dos fatos e da política do país.

Diante da empolgação que sentia com tantas matérias bem desenvolvidas, Jorge Folena decidiu um dia escrever e enviar seu comentário para a redação.

Para sua surpresa, a carta foi publicada imediatamente e, assim, teve início uma breve, porém intensa cooperação entre o jornalista e o leitor, durante a qual, algumas vezes, os papéis se misturaram.

Esse instigante intercâmbio de ideias e informações originou a presente obra, genuína homenagem do autor ao grande jornalista Hélio Fernandes.

Obra para ler e se deliciar com um jornalismo genuíno, que, parafraseando o mestre Hélio Fernandes, não é ingênuo, inócuo ou inútil.

A R CE D I T O R