colocaÇÃo de bomba de baclofeno

3
RELATÓRIO DA OBSERVAÇÃO DE COLOCAÇÃO DE BOMBA DE BACLOFENO – Hospital da Prelada, 5 de Abril de 2011 Definição: A bomba infusora é construída em titânio, alimentada com uma bateria de Lítio com uma duração de aproximadamente cinco anos. É colocada numa bolsa subcutânea a nível abdominal com um cateter no espaço intratecal tradicionalmente colocado entre D8/D10, podendo ter variantes. Possui um programador externo que permite a transmissão de instruções por radiotelemetria possibilitando a sua programação21. A dose inicial é, em geral, o dobro da dose teste eficaz com ajustes nos meses iniciais, por incrementos graduais de 10 a 30% da dose diária, regulando a velocidade de administração do fármaco e/ou a sua concentração. Quem deve ser portador deste dispositivo? A espasticidade é uma alteração do tónus muscular que se traduz por uma resistência dependente da velocidade do movimento articular passivo. Clinicamente pode manifestar-se por hipertonicidade, reflexos osteotendinosos vivos, espasmos musculares e por vezes clónus. Quando severa e incontrolável pode criar dificuldades nas transferências, na manutenção da posição sentada, na deambulação e nos cuidados de higiene. Pode ainda provocar dor, diminuição da amplitude dos movimentos, alterações da marcha, contracturas, fracturas e úlceras de pressão, que poderão vir a originar uma redução da independência, funcionalidade e qualidade de vida. Objectivos: administrar doses de medicação que por via oral não atingiriam a concentração necessária para terem efeito terapêutico visível. Da colocação:

Upload: luismendes70

Post on 04-Jul-2015

1.654 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: COLOCAÇÃO DE BOMBA DE BACLOFENO

RELATÓRIO DA OBSERVAÇÃO DE COLOCAÇÃO DE BOMBA DE

BACLOFENO – Hospital da Prelada, 5 de Abril de 2011

Definição:

A bomba infusora é construída em titânio, alimentada com uma bateria de Lítio com uma duração de aproximadamente cinco anos. É colocada numa bolsa subcutânea a nível abdominal com um cateter no espaço intratecal tradicionalmente colocado entre D8/D10, podendo ter variantes. Possui um programador externo que permite a transmissão de instruções por radiotelemetria possibilitando a sua programação21.

A dose inicial é, em geral, o dobro da dose teste eficaz com ajustes nos meses iniciais, por incrementos graduais de 10 a 30% da dose diária, regulando a velocidade de administração do fármaco e/ou a sua concentração.

Quem deve ser portador deste dispositivo?

A espasticidade é uma alteração do tónus muscular que se traduz por uma resistência dependente da velocidade do movimento articular passivo. Clinicamente pode manifestar-se por hipertonicidade, reflexos osteotendinosos vivos, espasmos musculares e por vezes clónus. Quando severa e incontrolável pode criar dificuldades nas transferências, na manutenção da posição sentada, na deambulaçãoe nos cuidados de higiene. Pode ainda provocar dor, diminuição da amplitude dos movimentos, alterações da marcha, contracturas, fracturas e úlceras de pressão, que poderão vir a originar uma redução da independência, funcionalidade e qualidade de vida.

Objectivos: administrar doses de medicação que por via oral não atingiriam a concentração necessária para terem efeito terapêutico visível.

Da colocação:

O procedimento para a colocação divide-se em dois tempos. Um primeiro tempo cirúrgico para colocação do dispositivo a nível subcutâneo na parede abdominal (hipocondrio direito) seguido de um segundo tempo para a introdução de medicamento na própria bomba, para ser então infundido até o espaço intratecal.

Intercorrênciasmais comuns:

Em termos de intercorrências as mais frequentes são:

1. . Infecção do material implantado (consequente remoção).2. Quebra do cateter (recolocação obrigatória).3. Disfunção da bomba (substituição de equipamento).4. Erros com o férmaco.5. Erros na programação da bomba.6. Síndrome de abstinência quando suspenso.7. Depressão do sistema respiratório e coma se intoxicação.

Page 2: COLOCAÇÃO DE BOMBA DE BACLOFENO

Cronologia do procedimento observado

Após um primeiro tempo cirúrgico o médico assistente munido de um kit para enchimento da bomba abordou a cliente e:

1. Verificou a zona operatória e ausência de sinais de infecção.2. Fez leitura (por telemetria de ondas de rádio) com um emissor/receptor

específico3. Suspendeu o funcionamento da bomba.4. Introduziu o novo programa de administração de medicamento de acordo com o

pré-teste e defeniu a dose diária de início.5. Procedeu à desinfecção da pele.6. Identificou o posicionamento do mecanismo e o local de introdução do

medicamento na bomba (percutâneamente com agulha própria).7. Removeu o soro fisiológico com o qual a bomba é preenchida no bloco

operatório.8. Introduziu o baclofeno até o valor limite da bomba.9. Iniciou o funcionamento da bomba.10. Alterou terapêutica no sentido de suspender a dose diária em 24 horas (já que

esse é o tempo estimado para que a medicação percorra o catéter deste a bomba até a região de administração intratecal).

11. Registou o pprocedimento recolhendo os dados da programação e colocando-os no processo clínico.

12. Deu por acabado o procedimento.

No caso em observação não houve necessidade de explicar à cliente o procedimento e efeitos esperados devido à condição de saúde com um défice cognitivo extremo.

Conclusão:

A infusão intratecal de Baclofeno é um método eficaz de controlo da espasticidade grave dos lesionados medulares. Com este dispositivo é possível obter concentrações no liquor adequadas para a obtenção da redução da hiperactividade/ hipertonia, sem os inconvenientes dos efeitos secundários habituais com as doses elevadas (cerca de 100 vezes maiores) geralmente utilizadas por via oral.A melhoria da espasticidade e da frequência dos espasmos chega a ser superior a 65%. A redução da hipertonia e da frequência dos espasmos mantém-se a longo termo, dependendo de um aumento progressivo das doses de Baclofeno durante os dois primeiros anos com uma eficácia do tratamento de 97%.O alcance destes objectivos em relação ao cliente vai permitir uma acção por parte do

enfermeiro de reabilitação no sentiddo da manutenção dos níveis funcionais das articulações,

possibilitando um posicionamento o mais correcto possível, inibindo assim os efeitos

secundários sobre o sistema respiratório, tegumentar e músculo-esquelético. A qualidade de

vida destes indivíduos é então condicionada pela capacidade que têm de ser mobilizados e

manter posicionamentos, sem dor ou contratura, permitindo de igual modo atingir posturas

mais elevadas e não ficarem restritos ao leito.