coleÇÃo lua crescente sugestÕes de trabalho · sugestões de trabalho com os livros da coleção...

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1 COLEÇÃO LUA CRESCENTE SUGESTÕES DE TRABALHO Licenciada em Letras pela PUC-SP, é professora e assessora de Língua Portuguesa em escolas da rede pública e particular de São Paulo, desde 1986. Pela Editora Moderna, traduziu e adaptou os módulos do curso Compreensão Leitora – Ler e Viver e colaborou com a coleção didática Projeto Araribá, para o ciclo 2 do Ensino Fundamental. Elaboradas pela professora ROSANA CORREA PEREIRA EL KADRI

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COLEÇÃO LUA CRESCENTE

SUGESTÕES DE TRABALHO

Licenciada em Letras pela PUC-SP,é professora e assessora de Língua Portuguesa em escolas da rede pública e particular de São Paulo, desde 1986.

Pela Editora Moderna, traduziu e adaptou os módulos do curso Compreensão Leitora – Ler e Viver e colaborou com a coleção didática Projeto Araribá, para o ciclo 2 do Ensino Fundamental.

Elaboradas pela professoraROSANA CORREA PEREIRA EL KADRI

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Sumário

Apresentação, 4

A fantasia e a aventura na literatura infanto-juvenil, 5

Sugestões de trabalho com os livros da Coleção, 7

Leitura compartilhada, 7

Sugestões gerais de atividades de leitura compartilhada,8 Sugestões específicas de atividades de leitura compartilhada,10

Agura Trat, de Roald Dahl, 10

Rosalinde não pára de pensar, de Christine Nöstlinger, 12

Desventuras de um irmão mais velho, de Judy Blume, 14

O jardim das crianças encantadas, de Janet Taylor Lisle, 16

O fantasma do sol do meio-dia, de Sid Fleischman, 19

Um livro mágico, de Nina Bernstein, 22

O jardim da meia-noite, de Philippa Pearce, 26

Proposta de trabalho com os livros em conjunto, 28

Atividades sugeridas com Um livro mágico, O jardim das crianças

encantadas, O jardim da meia-noite e Rosalinde não pára de

pensar, 28

Atividades sugeridas com Um livro mágico e O fantasma do sol do

meio-dia, 28

Observações finais, 31

Bibliografia comentada, 31

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COLEÇÃO LUA CRESCENTE

[...] a obra literária é um objeto social. Para que ela exista, é preciso que alguém aescreva e que outro alguém a leia. Ela só existe enquanto obra neste intercâmbio

social. [...] É a relação que as palavras estabelecem com o contexto, com asituação de produção e leitura que instaura a natureza literária de um texto.

LAJOLO, Marisa. O que é literatura. 8. ed. São Paulo: Brasiliense. 1987.

(Coleção Primeiros Passos)

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Apresentação

Não é exagero afirmar que a literatura nasceu quase ao mesmo tempo que o homem, quando este sentiu necessidade de contar aos outros alguma história, que poderia ser significativa

para a comunidade em que vivia.

Foi a narrativa oral que possibilitou o aparecimento de vários outros gêneros narrativos, como é o caso, por exemplo, dos contos, do romance, das peças teatrais.

Ainda que a literatura seja tão antiga, podemos afirmar que a infantil ou infanto-juvenil — aquela produzida especialmente para crianças e jovens — é muito mais recente.

Ela apareceu durante o século XVIII, decorrente da ascensão da família burguesa — comer-ciantes, artesãos, profissionais liberais e, mais tarde, industriais —, do novo status concedido às crianças na sociedade — que até então eram consideradas “adultos em miniatura” — e da reor-ganização da escola para garantir a estabilidade e o funcionamento da nova organização social.

Seu surgimento está diretamente relacionado à pedagogia, já que as histórias eram elaboradas com o objetivo de passar algum ensinamento ou formação moral, deixando os aspectos estéticos e literários em segundo plano.

O aspecto meramente lúdico de um texto não justificava a publicação, apenas o critério de utilidade educativa legitimava a difusão de histórias infantis. Esse didatismo prepondera maciçamente até o surgimento de obras como Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, A ilha do tesouro, de Robert L. Stevenson, e as histórias de Mark Twain, As aventuras de Tom Sawyer e As aventuras de Huckleberry Finn.1

Na segunda metade do século XIX ocorre uma modificação na literatura infantil: as histórias passam a ter crianças como heróis. A ação passa a ser contemporânea e apresenta o confronto entre o mundo do herói-criança e o mundo dos adultos, ocorre também uma valorização do aspecto estético e lúdico, além de uma identificação maior com seu público leitor. A literatura

infantil passa a ser formadora, mas não educativa, no sentido pedagógico do termo.

1 MAGALHÃES, Lígia Cademartori. História infantil e pedagogia. In: ZILBERMAN, Regina e ___, Literatura infantil: autorita-rismo e emancipação. São Paulo: Ática, 1982.

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A fantasia e a aventura na literatura infanto-juvenil

Em um artigo denominado “As dimensões da aventura”, o poeta e ensaísta José Paulo Paes cita

Northrop Frye para falar da “função arquetípica da literatura”, que leva a

“visualizar o mundo do desejo não como uma fuga da ‘realidade’, mas

como a forma genuína do mundo que a vida humana tenta imitar”, mundo

que é, segundo o mesmo Frye, “o mundo dos sonhos que criamos com nossos

desejos”.2

A Coleção Lua Crescente foi pensada para jovens leitores de 8 a 12-13 anos que se encan-

tam com a aventura e a descoberta. Todos os seus autores são premiados internacionalmente, e

seu trabalho se caracteriza não só por um alto nível de qualidade, como também por atender às

necessidades e ao gosto dos leitores dessa faixa etária.

Ela inicia com sete livros, especialmente selecionados, de autores contemporâneos consagra-

dos no mundo: Agura Trat, de Roald Dahl; Rosalinde não pára de pensar, de Christine Nöstlinger;

O jardim das crianças encantadas, de Janet Taylor Lisle; Um livro mágico, de Nina Bernstein;

O jardim da meia-noite, de Philippa Pearce; O fantasma do sol do meio-dia, de Sid Fleischman; e

Desventuras de um irmão mais velho, de Judy Blume.

Com exceção de Agura Trat, todas as obras da coleção centralizam os eventos narrados em

heróis infantis. Isso possibilita estabelecer um vínculo maior entre o leitor e as obras, valorizando

seu mundo.

Por meio de personagens-crianças, os livros O jardim das crianças encantadas, Um livro mágico e

O jardim da meia-noite tematizam aspectos importantes da condição infantil. A fantasia é o aspec-

to privilegiado na vivência das personagens dessas obras. De um lado, porque aciona o imaginário

do leitor; de outro, porque é o cenário onde os heróis resolvem seus dilemas pessoais e sociais.

[...] não é a saída [para o mundo da fantasia] que coloca o herói perante o

mundo, mas sua volta; o primeiro movimento leva o protagonista ao encontro

de si mesmo – esta é sua grande aventura, a qual lhe permitirá enfrentar o

contexto circundante, confiando em si ou conformado com sua falta de poder.

Em razão disto, a fantasia configura a condição de funcionamento do gênero,

pois este impõe um modelo narrativo que se desenvolve à medida que o pro-

tagonista abandona o setor familiar e ingressa em horizontes sobrenaturais,

voltando depois à posição primeira, agora mais experiente ou sábio.3

2 PAES, José Paulo. A aventura literária. São Paulo: Cia das Letras, 1990. p 17. A obra de N. Frye citada se encontra no livro A anatomia da crítica (São Paulo, Cultrix, 1973.).3 ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil: fantasia e exemplaridade. In: Op. cit, p. 132.

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A obra O fantasma do sol do meio-dia e o primeiro momento de Um livro mágico apresentam

a aventura como ingrediente especial, gênero que desde seus primórdios voltou-se preferencial-

mente para o público infanto-juvenil, despertando em gerações de jovens leitores o prazer da

leitura e preparando-os para a posterior fruição de obras literárias mais complexas.

A palavra aventura entrou para o português por meio da palavra francesa aventure que, por sua vez, vem do verbo latino adventurus, que significa “o que vai acontecer”.

Segundo José Paulo Paes,

[...] já era corrente no português medieval [o uso de derivados da palavra aventura] sob a forma de dois adjetivos, “bem-aventurado” e “mal-aventurado”, nos quais ressalta a idéia de “fado, destino, sorte”. Outras idéias intimamente correlatas desta são, de um lado, as de futuro, imprevisibilidade, surpresa, e, de outro, as de perigo, risco, azar; como se vê, idéias em tudo e por tudo opostas ao estatuto convencional da vida do dia-a-dia no que esta possa ter de rotina, mesmice e segurança.4

As histórias de aventura apresentam três ingredientes básicos: um herói5 — também chamado protagonista —, o desconhecido e o perigo.

O herói merece destaque, pois é a personagem que consegue vencer todos os problemas que surgem à sua volta. Às vezes, possui talentos especiais que só aparecem quando é colocado à prova.

Ao deixar o convívio familiar, por vontade própria, por obra do acaso ou por imposição, o herói-criança enfrenta o medo diante da maldade presente no mundo dos adultos, encarnada nas figuras dos piratas, no caso de O fantasma do sol do meio-dia, e dos poderosos corruptos da cidade de Nottingham, no caso de Um livro mágico. A aventura vivida, quer no mundo real quer no mundo da fantasia, transforma as personagens, tornando-as mais maduras e experientes. É por isso que José Paulo Paes, no artigo citado, menciona o trabalho de vários teóricos que consideram o “romance de aventura” um desdobramento do conto de fadas de origem oral.

As obras Agura Trat, Rosalinde não pára de pensar e Desventuras de um irmão mais velho tratam dos relacionamentos entre as pessoas. A personagem Rosalinde confronta seus desejos com as normas da sociedade e ao mesmo tempo tenta entender como funciona o mundo dos adultos. Peter, personagem-narrador de Desventuras de um irmão mais velho, tenta lidar com os sentimentos antagônicos que tem por seu irmão mais novo, Fudge, e entender por que os pais agem de forma diferente com ele e com o irmão. (Isso sem nos esquecermos, é claro, de que temos apenas o ponto de vista de Peter, já que ele é o narrador.)

Agura Trat trata do relacionamento entre adultos, mas sem deixar de lado o aspecto lúdico na resolução do conflito principal, já que o senhor Hoppy age como uma criança crescida e, de

certa forma, lança-se numa arriscada empreitada para conquistar seu amor.

4 PAES, José Paulo. Op. cit., p. 18-9.5 Herói é o personagem que vive grandes aventuras e consegue vencer todos os problemas que surgem à sua volta. Por isso é considerado o personagem principal, cujas ações, pensamentos e sentimentos acompanhamos com maior interesse. O herói é também chamado protagonista da história. (MACHADO, Irene. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994. Coleção Série Didática – Classes de magistério. p. 45.)

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Sugestões de trabalho com os livros da coleção

Os livros desta coleção podem ser lidos de forma livre, pelo simples prazer de ler, pois são

histórias que com certeza vão interessar leitores entre 8 e 12-13 anos. Entretanto, como se tra-

tam de textos de qualidade, de reconhecidos escritores modernos, as histórias oferecem uma

grande oportunidade para se trabalhar com as características das narrativas literárias.

Assim, caso você queira desenvolver com seus alunos um trabalho mais profundo nesse sen-

tido, apresentamos a seguir algumas sugestões de trabalho.

Leitura compartilhada

A leitura compartilhada, segundo Isabel Solé6, é aquela na qual o professor ou um aluno

assume a responsabilidade de organizar a tarefa de leitura e de envolver os outros nela. Nessa

atividade, quatro estratégias responsáveis pela compreensão durante a leitura podem ser incen-

tivadas:

• Formular previsões sobre o texto a ser lido.

• Formular perguntas sobre o que foi lido.

• Esclarecer possíveis dúvidas sobre o texto.

• Resumir as idéias do texto.

Essas estratégias, segundo Solé, não podem ser ensinadas à margem da atividade de leitura, mas

no que ela denomina tarefas de leitura compartilhada, como no exemplo:

O professor e os alunos devem ler um texto, ou um trecho de um texto,

em silêncio (embora também possa haver leitura em voz alta). Depois da

leitura, o professor conduz os alunos através das quatro estratégias básicas.

Primeiro se encarrega de fazer um resumo do que foi lido para o grupo

e solicita sua concordância. Depois pode pedir explicações ou esclareci-

6 SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 118-9.

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mentos sobre determinadas dúvidas do texto. Mais tarde formula uma

ou algumas perguntas às crianças, cuja resposta torna a leitura necessária.

Depois dessa atividade, estabelece previsões sobre o que ainda não foi lido,

reiniciando-se deste modo o ciclo (ler, resumir, solicitar esclarecimentos,

prever) [...]7

Consideramos essas tarefas de leitura compartilhada ao formular a seqüência de atividades

para os livros desta coleção. As seqüências podem apresentar variações, de acordo com o poten-

cial de cada grupo leitor. As atividades estão divididas em três momentos: antes da leitura,

durante a leitura e depois da leitura.

SUGESTÕES GERAIS DE ATIVIDADES DE LEITURA COMPARTILHADA

As sugestões a seguir se destinam aos livros da coleção de uma forma geral. Mais à frente, há

indicações específicas para cada livro.

Antes da leituraqCombine com os alunos a data em que todos devem ter o livro. Se possível, provi-

dencie a compra, para que todos o tenham em mãos no mesmo dia.

qLeia o título e faça com os alunos uma exploração da ilustração da capa. Pergunte

como esperam que seja a história de um livro com esse título e essa capa. Anote

as hipóteses dos alunos.

qPergunte se conhecem o autor ou alguma história dele. Se conhecerem, peça-lhes

que falem como é o estilo desse autor, que tipo de histórias escreveu. Faça uma

leitura compartilhada da biografia do autor.

qSe o livro apresentar sumário, leia-o com os alunos e vá discutindo as hipóte-

ses sobre os fatos que poderão acontecer na história a partir do título de cada

capítulo.

qLeia a sinopse da quarta capa e verifique com os alunos quais hipóteses já podem

ser confirmadas ou descartadas.

Durante a leituraqLeia com os alunos apenas o início da história e marque uma data para a leitura

até determinado capítulo.

qNa data determinada: peça a alguns alunos que resumam o que leram, expliquem

o que entenderam da história, e relacionem esta com outras histórias ou filmes

etc. Peça-lhes que façam previsões quanto à continuação da história.

qConverse com eles sobre o que entenderam da organização da história, do gêne-

ro, do tema etc.

7 Idem, ibidem. Negritos nossos.

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qMarque uma data para a leitura de mais alguns capítulos. Se alguns já tiverem

terminado a leitura, peça-lhes que façam aos colegas questões de previsão.

qPeça que terminem a leitura para uma data determinada.

Depois da leituraqProponha uma discussão do livro. Nesse momento os alunos farão uma aprecia-

ção sobre ela, se gostaram ou não, e por quê, se ela foi emocionante, intrigante,

se prendeu a atenção, se foi engraçada etc. É fundamental que os alunos se

manifestem criticamente sobre a obra que leram, pois o objetivo principal é a

formação do leitor. E o ensino do uso de estratégias de leitura tem também esse

objetivo.

qPeça aos alunos que leiam as biografias dos autores e ilustradores, que se encon-

tram nas páginas finais dos livros. Todas elas terminam com um comentário do

autor sobre sua obra em geral, ou aquele livro em particular. Peça-lhes que anali-

sem esses comentários e confiram se eles são coerentes com a obra lida. Peça-lhes

também para avaliar a qualidade das ilustrações e sua função na leitura.

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SUGESTÕES ESPECíFICAS DE ATIVIDADES DE LEITURA COMPARTILHADA

Agura Trat,

Roald Dahl

Resumo e breve análise

Criatividade, fatos e personagens inusitados não faltam às histórias

do inglês Roald Dahl, um dos autores preferidos das crianças do mundo

todo. Muitos de seus livros já foram adaptados para o cinema na forma

de filmes e desenhos animados.

Neste livro, Dahl contou com as ilustrações do grande artista gráfico Quentin Blake, com

quem, durante a vida, desenvolveu uma criativa parceria, para ajudá-lo a contar uma divertida

história.

Em Agura Trat, um homem solitário e tímido, o senhor Hoppy, inveja os carinhos que a

vizinha do apartamento logo abaixo do seu, a senhora Silver, por quem ele está secretamente

apaixonado, dispensa a uma tartaruga de nome Alfie.

O senhor Hoppy não tem coragem de iniciar uma conversa mais longa com a vizinha, até

que um dia resolve perguntar como vai a tartaruga. A senhora Silver demonstra preocupação,

porque a tartaruga não cresce. Isso dá ao senhor Hoppy uma idéia um tanto inusitada, que pode

ajudá-lo a conquistar sua amada. Valendo-se do artifício de escrever palavras invertidas (Agura

Trat é “tartaruga”, escrito ao contrário), ele cria um “feitiço” que faria tartarugas crescerem e o

oferece à senhora Silver. Ao mesmo tempo, compra uma enorme quantidade de tartarugas pare-

cidas com Alfie, só que de tamanhos diferentes, e constrói um engenhoso instrumento que lhe

permite retirar Alfie da sacada da vizinha e trocá-lo por uma outra tartaruga um pouco maior.

Essa obra, apesar de apresentar personagens adultos, mostra uma forma lúdica e criativa de

conquista: o jogo de palavras que o autor cria como mágica para o crescimento e encolhimento

da tartaruga; a compra de uma enorme quantidade de tartarugas parecidas e um pouco maiores

que Alfie e, finalmente, o pega-tartarugas.

O livro Agura Trat (Esio Trot, em inglês) foi publicado originalmente em 1972, na Inglaterra,

e o próprio autor se encarrega de dar aos leitores uma explicação sobre a brincadeira que fez,

ao permitir que seu personagem comprasse tantas tartarugas, pois na época em que o livro foi

escrito não havia a preocupação ecológica de evitar a importação de animais da fauna de outros

países.

Atividades Sugeridas

Antes da leituraqLeia o título e peça aos alunos que observem a ilustração da capa e pergunte qual

a relação que eles percebem entre o título e a ilustração.

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qLeia com os alunos a apresentação das personagens e do pega-tartarugas.

Pergunte-lhes qual seria a utilidade desse objeto.

qLeia também a Nota do Autor. Pergunte-lhes por que o autor teria colocado no

livro essa nota? Pergunte-lhes se conhecem projetos ambientais relacionados à

proteção de tartarugas — no Brasil, existe o projeto Tamar (www.tamar.org.br/).

Depois da leituraqQuestões para orientar a discussão. Sugira que os alunos respondam às questões

no caderno antes da discussão, apenas para organizar as idéias.

1. Qual a sua opinião sobre a solução que o senhor Hoppy encontrou para conquis-

tar sua amada?

2. Será que a senhora Silver não desconfiou em nenhum momento da troca de

animais? Justifique sua opinião.

3. Quando se está apaixonado por alguém, vale a pena bolar um plano tão enge-

nhoso para conquistar o seu amor? Justifique.

qPropostas de produção de texto.

1. Para criar a “linguagem de tartaruga”, o senhor Hoppy escreveu as palavras de

trás para frente. Crie uma “linguagem de tartaruga”. Escreva uma “mágica” de

crescimento com um critério diferente do senhor Hoppy. Você pode mudar o

conteúdo também. Depois, você irá trocar a mensagem com um colega e tentar

descobrir como ele criou a linguagem e qual é a mensagem.

2. Imagine que a senhora Silver percebesse a troca das tartarugas, ou que ela encon-trasse o pega-tartarugas.

• Como ela reagiria?

• Como o senhor Hoppy se explicaria?

• Se ela gostasse do senhor Hoppy, que atitude ela poderia ter?

• E se ela encontrasse o “mar de tartarugas” no apartamento do vizinho? Como ele se explicaria?

• Dê um final inusitado para seu texto.Q

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Rosalinde não pára de pensar

Christine Nöstlinger

Resumo e breve análise

Christine Nöstlinger é austríaca, sendo uma das escritoras para

crianças e jovens mais conhecidas em língua alemã. Suas histórias se

caracterizam por uma visão ao mesmo tempo crítica e idealista do

mundo, com personagens vivendo situações comuns ao cotidiano de

muitas crianças. Recebeu a medalha Hans Christian Andersen em

1984 e foi a primeira a receber, em 2003, o Prêmio Em Memória de Astrid Lindgren, dado

pelo governo sueco.

Fábio Sgroi é um jovem ilustrador brasileiro, cuja leveza e humor caracterizam seus

desenhos.

Neste livro, Rosalinde é uma garota que vive com os pais e avós. Enquanto os pais trabalham,

Rosalinde divide seu dia entre a escola e o convívio com os avós. A heroína confronta seus dese-

jos e sua imaginação com as normas e os comportamentos dos adultos.

Rosalinde não sabe que profissão seguir, mas tem simpatia por profissões consideradas mas-

culinas. Ela também gosta de brinquedos pouco convencionais para meninas.

Em determinado momento da história, ela descobre, para sua decepção, uma pequena men-

tira da avó, que esconde o botão do velho ferro de passar para obrigar o avô a comprar um ferro

novo. Rosalinde se questiona sobre o motivo da mentira, mas não faz um julgamento de ordem

moral. Quantas crianças não devem ter vivido esse mesmo dilema e se conformaram com sua

falta de poder para mudar ou entender a realidade naquele momento? Rosalinde percebe que

nem tudo o que pensa, imagina e deseja pode acontecer e, assim, ela amadurece.

Atividades Sugeridas

Antes da leituraqLeia o título e peça aos alunos que observem a ilustração da capa. Como eles

imaginam que seja essa personagem que não pára de pensar? Que tipo de pensa-

mentos ela deve ter?

qEm seguida, leia o texto de quarta capa e a biografia da autora. Observe quais

hipóteses dos alunos já podem ser descartadas.

Depois da leituraqQuestões para orientar a discussão. Sugira que os alunos respondam às questões

no caderno antes da discussão, apenas para organizar as idéias.

1. Rosalinde pensa em profissões e gostaria de ser jogadora de futebol, motorista

de escavadeira, capitã de navio ou piloto de avião a jato. Seu amigo Fred acha

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que meninas não devem ter profissões como essas. Qual a sua opinião? Existem

profissões só para meninas e profissões só para meninos? Por quê?

2. Rosalinde tem pensamentos secretos sobre a avó. O que esses pensamentos reve-

lam a Rosalinde sobre a avó? Por que ela resolve não pensar mais nisso?

Rosalinde se confronta com a mentira de uma pessoa querida. Ela vive um con-

flito. Não pode dizer que a avó estava mentindo e não entende como ela pode

mentir sem que os outros percebam. Ela toma consciência de que não pode

mudar isso, que esses pensamentos têm de ficar só com ela, pois ela ama a avó.

3. É possível conhecer tão bem uma pessoa a ponto de saber no que ela está pen-

sando, como diz o avô de Rosalinde? Explique.

qProposta de produção de texto.

Você já teve pensamentos como os de Rosalinde? O que você gostaria de fazer

quando crescer? Já teve pensamentos secretos sobre alguém? Como foram? Escreva

sobre seus pensamentos e desejos, bem como sobre pensamentos secretos.

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Desventuras de um irmão mais velho

Judy Blume

Resumo e breve análise

Judy Blume é uma das mais populares escritoras americanas para

crianças e jovens. Seus livros são bem humorados, e as histórias retra-

tam personagens vivendo situações muito parecidas ao cotidiano real

das crianças. Peter e Fudge, seu irmãozinho menor, estão entre os per-

sonagens mais populares que ela criou, chegando a dar origem a uma

série só deles. Os desenhos do livro são de Alcy Linares, cartunista e ilustrador brasileiro que há

anos se dedica aos livros para crianças e jovens.

Peter é um menino de 9 anos, habitante de Manhattan, Nova York. No aniversário de seu

melhor amigo, Jimmy, Peter ganha de presente uma pequena tartaruga. Ele fica feliz, pois não

tem um animal de estimação. O único problema será tentar manter seu irmãozinho de dois anos,

Fudge, longe do bichinho. A história é narrada em 1ª pessoa, portanto, sob o ponto de vista de

Peter, que se sente vítima das artes de seu irmãozinho. Segundo ele, Fudge está sempre no seu

caminho. Peter só gosta do irmão quando este está dormindo e faz um barulhinho agradável ao

chupar os dedos.

Peter narra vários episódios em que Fudge é o autor das maiores trapalhadas: fazer o pai

perder um cliente importante, destruir o trabalho de escola de Peter, desaparecer dentro do

cinema e, finalmente, engolir sua tartaruga de estimação. Não há como não se identificar com

as contrariedades e angústias desse irmão mais velho, que, ainda por cima, é apresentado como

exemplo para Fudge.

Quando Fudge destrói o trabalho de escola do irmão e corta os próprios cabelos, Peter afir-

ma para a mãe que o odeia. A mãe diz que o castigou e argumenta que Peter não odeia Fudge,

apenas pensa que odeia, porque está com raiva.

No episódio em que Fudge engole a tartaruga, Peter pensa primeiro na falta que sentirá do

bichinho e que os pais nem se importaram com isso. Depois, ao ver o irmão passar dias no hos-

pital, começa a sentir sua falta e perceber que gosta dele. Mas esse sentimento

muda ao saber que a tartaruga está morta, já que ele tinha a esperança ingê-

nua de que ela estivesse viva.

As relações entre irmãos sob a ótica de uma criança, as reflexões de Peter

sobre o comportamento do irmão, sobre o seu próprio comportamento e os

sentimentos antagônicos que sente por Fudge tornam o livro particularmente

atraente para os jovens leitores.

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Atividades Sugeridas

Antes da leituraqPeça aos alunos que observem a capa e leiam o título. Pergunte o significado da

palavra desventura8. Solicite que relacionem a ilustração com o título. Quais pode-

riam ser as desventuras do irmão mais velho? Qual a possível diferença de idade

entre esses irmãos? Pergunte se eles têm irmãos mais novos ou mais velhos e peça-

lhes que falem um pouco da relação que têm com eles. Leia em seguida a quarta

capa e a biografia da autora na página final do livro.

Depois da leituraqQuestões para discussão. Sugira que os alunos respondam às questões no caderno

antes da discussão apenas para organizar as idéias.

1. Como eram os sentimentos de Peter em relação ao irmão?

2. Em sua opinião, esses sentimentos são comuns entre irmãos? Por quê?

3. Muitas vezes Peter se sentiu injustiçado pelos pais. Será que ele tinha razão? Por quê?

4. Fudge também tem sentimentos pelo irmão. Em sua opinião, quais seriam eles?

5. O livro é narrado em 1ª pessoa, por Peter. A história seria a mesma se quem nar-

rasse fosse a mãe ou Fudge? Por quê?

qNa análise da estrutura narrativa, chamar a atenção para o tipo de narrador e de

texto: o narrador é em 1ª pessoa, Peter, o irmão mais velho que se sente vítima das

travessuras do irmão mais novo. Ressaltar que a narrativa em primeira pessoa faz

com que o leitor viva a história junto com as personagens. Temos só o ponto de

vista de Peter, sua visão pessoal dos fatos e sua análise das situações e das outras

personagens. Se o narrador fosse outro, as análises poderiam ser diferentes.

qChame a atenção deles para as ilustrações: são engraçadas? Os personagens foram

representados da forma como eles os imaginaram?

qProposta de produção de texto.

Considerando as características de Fudge, como ele trataria o cachorro de Peter?

Imagine um episódio, narrado por Peter, em 1ª pessoa.

— Como seria o comportamento do filhote logo que chegou à casa de Peter?

— Como Fudge poderia se aproximar do cachorro e dos seus pertences (vasilha de

comida, de água, brinquedos, ossos etc.)?

— Que travessuras o irmãozinho de Peter poderia fazer com o cão?

— Como Peter poderia reagir a essas travessuras? E o cão?

— Dê um final intrigante para seu texto.

8 Desventura s.f. ausência de ventura; má fortuna; desgraça; desaventura; infortúnio. ETIM. des+ventura. [...]Ventura s.f. 1. sorte (boa ou má); fortuna, destino, acaso. 2. boa sorte, fortuna favorável, dita. 3. felicidade. 4. risco, perigo. [...] Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 1a. ed.

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O jardim das crianças encantadas

Janet Taylor Lisle

Resumo e breve análise

Janet Taylor Lisle é uma escritora e jornalista norte-americana.

Uma característica interessante de suas histórias é que elas se situam

numa tênue fronteira entre a realidade e a fantasia. Embora elfos, fadas

e outras criaturas sempre apareçam nelas, nunca fica claro se são reais

ou imaginárias. Ela deixa para o leitor essa decisão.

A brasileira Cris Eich, com seu traço delicado, ilustrou esta bonita história.

Janet se utiliza da fantasia para que as heroínas Olívia (9) e Nália (5) possam lidar com a dolo-

rosa perda da mãe e a ausência do pai que, impossibilitado de ficar com as filhas por causa do seu

trabalho, as leva para passar o verão na casa de tia Minda, sua tia-avó.

A diferença de idade entre a tia e as meninas é muito grande, a casa é antiga e não apresenta

nenhum tipo de divertimento. As meninas estão muito tristes e apegadas uma à outra. O único

consolo de Olívia são os inúmeros livros que a tia tem. Ela se interessa por um em especial,

O jardim das crianças encantadas, de Ellis Bellwether (um escritor provavelmente criado pela

autora), que descreve um jardim muito parecido com o de tia Minda, apesar de todo o mato

que o cobre. Nália também se interessa pela história, na qual duendes transformam crianças

em flores. O encanto só poderá ser quebrado se um jogo de porcelana chinesa for encontrado

no jardim.

A busca anima as meninas, que passam a fazer escavações no jardim, ao mesmo tempo que

começam a cuidar dele, eliminando as ervas daninhas que o cobriam e enfeavam.

A princípio, o jardim abandonado e malcuidado de tia Minda reflete os sentimentos das

meninas, que se sentem também abandonadas e malcuidadas. À medida que buscam as xícaras e

o bule de chá e cuidam do jardim, as meninas se transformam, trabalham a sua perda e se abrem

para novas amizades e sentimentos.

Janet Taylor trata de um assunto delicado, como a perda da mãe, recorrendo à fantasia que a

leitura pode proporcionar e à própria função transformadora da literatura.

As heroínas amadurecem, da mesma forma que o jardim floresce. A história sai do livro e

passa a fazer parte do cotidiano das meninas. Olívia e Nália são as crianças transformadas em

flores e cercadas de mato. Olívia era uma criança transformada em “mãe precoce” de sua irmã

mais nova. Nália era uma criança birrenta e dependente de Olívia. Ambas se transformam:

Olívia percebe que ainda é criança, pode ter amigos e se divertir sem o compromisso de cuidar

da irmã. Nália se torna uma menina auto-suficiente e confiante.

Dois encantos que se quebram: o retorno das crianças aprisionadas pela perda da mãe e o

encontro da criança que ainda habita o corpo da velha tia Minda.

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9 Encantado, adj. 1. objeto de encantamento ou sortilégio. 2. que se deixou arrebatar ou seduzir; deslumbrado, maravilhado. [...] Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 1ª. ed. Os dois significados podem ser considerados no contexto do título e até do livro, tanto as crianças que sofreram encantamento quanto as que foram seduzidas pelo jardim (as personagens Olívia e Nália).

O final do livro é muito instigante: seria o jardim de tia Minda o mesmo jardim do conto de

Ellis Bellwether? O bule encontrado seria aquele que quebraria o encanto do jardim? Tia Minda

seria a criança que sobrou e passou a cuidar do jardim?

Atividades Sugeridas

Antes da leituraqPeça aos alunos que observem a ilustração da capa e descrevam o que estão

vendo. Pergunte o que um bule de chá estaria fazendo no meio das plantas.

Pergunte quais os possíveis significados do adjetivo “encantadas” no contexto.9

Depois da leituraqQuestões para orientar a discussão. Sugira que os alunos respondam às questões

no caderno antes da discussão, apenas para organizar as idéias.

1. Quais as principais mudanças que as personagens Nália e Olívia sofrem durante

a história?

2. Que elemento é fundamental para que essas mudanças ocorram?

3. O que você imagina que aconteceria depois que o conjunto de porcelana estives-

se completo? Explique.

qDiscuta a estrutura da narrativa

1. O cruzamento entre as duas histórias (o conto de Ellis Bellwether e a história das

irmãs), que permite ao leitor — assim como a Olívia — duvidar da veracidade da

história.

2. O final em aberto, que leva o leitor a pensar e — por que não? — a participar da

história.

qDiscuta a estrutura do livro: o cruzamento entre as duas histórias — o conto de

Ellis Bellwether e a história das irmãs; a dúvida do leitor é a mesma que a de

Olívia quanto à veracidade da história, e o final em aberto que o leva a pensar e

— por que não? — a participar da história.

qChame a atenção deles para a diagramação do texto: por que as páginas de 44 a

53 estão diagramadas de forma diferente das demais?

qConverse sobre as ilustrações: as personagens são como eles imaginaram? Como

seria o jardim?

qProposta de produção de texto

O que poderia acontecer depois que o bule de chá fosse desenterrado? Use sua

imaginação e escreva uma continuação para a história.

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Livro e filme com temas relacionadosqSe houver oportunidade, apresente aos alunos o livro O jardim secreto, de Frances

Hodgson Burnett, transformado em filme, em 1993, pela Warner Bros. Este é um maravilhoso

clássico da literatura inglesa, em que a imagem de um jardim foi usada como metáfora para a

vida interior. Duas crianças encontram-se sob cuidados de uma severa governanta. Mary é uma

menina órfã e rebelde, seu primo Colin é um garoto mimado e hipocondríaco. Dickon, um

menino alegre e atencioso, é irmão de uma das criadas e torna-se amigo de Mary e Colin. Juntos

eles passam a cuidar do jardim abandonado que Mary encontrou e que pertence sua tia morta.

Enquanto o jardim se transforma em um lugar cheio de flores, pássaros e vida, Mary e Colin

se tornam grandes amigos, conseguem resolver suas perdas e recuperar a alegria. (E, também, a

alegria do pai de Colin, que havia trancado o jardim.)

qVocê pode passar o filme e promover uma discussão entre os alunos. Compare a situação

das irmãs Olívia e Nália com as de Mary e Colin. Como eles sofrem perdas e como se recu-

peram. Tanto numa história quanto na outra, as personagens têm objetivos: em O jardim das crianças encantadas, recuperar as xícaras e quebrar um encanto; em O jardim secreto, recuperar

o jardim e a saúde de Colin. No primeiro, Olívia encarna o papel de “responsável” por Nália,

obrigando-se a crescer antes da hora. No segundo, a personagem Mary não consegue viver ple-

namente sua infância. Ambas recuperam a infância. Esses são apenas alguns dos aspectos que

podem ser trabalhados.

qDiscuta as diferenças entre as linguagens cinematográfica e verbal.

CRI

S EI

CH

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O fantasma do sol do meio-dia

Sid Fleischman

Resumo e breve análiseSid Fleischman é um escritor divertido e versátil. Já escreveu sobre

o Velho Oeste, fantasmas, piratas, e foi indicado para a medalha Hans

Christian Andersen como representante dos EUA. Alguns de seus livros

já foram transformados em filmes, como esta história de piratas.

Os desenhos do livro são de Gilberto Miadaira, ilustrador brasileiro

dono de um estilo moderno que conseguiu captar bem o imaginário e o humor da história de

Fleischman.

Este livro foi originalmente escrito em 1965, mas retrata com fidelidade o século XVII,

a época da colonização espanhola nas Américas Central e do Sul. O objetivo das viagens dos

navios piratas para essa região era capturar navios espanhóis carregados de metais e pedras pre-

ciosas ou navios mercantes que faziam a rota das Índias Orientais, com porões carregados de

riquezas do Oriente. Os piratas eram, em geral, marujos desempregados que se engajavam numa

viagem, combinavam sua parte sobre o que seria apreendido e assinavam com uma cruz. O autor

procurou manter-se fiel à reconstituição da época.

Oliver é filho de um marinheiro de navio baleeiro e sonha em navegar com o pai. Enquanto

isso não acontece, vive na hospedaria da tia.

No seu aniversário de doze anos chega um estranho visitante, Scratch, capitão de um navio

mais estranho ainda, o Sweet Molly. Todos os hóspedes parabenizam Oliver pelo seu aniversário.

Quando o estranho capitão descobre que Oliver nascera na batida da meia-noite, mostra um

inesperado interesse por ele.

Ao levar um caldeirão de sopa de peixe para o Sweet Molly, Oliver se torna prisioneiro do

capitão e, de maneira inesperada, se vê realizando seu desejo de navegar. O capitão acredita que

Oliver, por ter nascido à meia-noite, tem o poder de ver fantasmas. É com esse poder que ele

espera resgatar o tesouro enterrado numa ilha pelo falecido capitão do Sweet Molly, Gentleman

Jack.

Oliver descobre que o Sweet Molly é um navio pirata, o Bloody Hand, e que sua sobrevivência

está garantida até o momento em que ele vir o fantasma do capitão e localizar o tesouro. Ele

vive momentos de verdadeiro terror e medo. Seus únicos consolos são a companhia do gato de

sua tia, Jibboom, que embarcara atrás dele no navio, e a inesperada amizade com dois piratas:

Jack o’Lantern e John Ringrose.

Ao longo das peripécias narradas em 1a pessoa pelo próprio Oliver, o herói vai descobrindo

meios de lidar com o medo e vencê-lo, de enganar os piratas e lutar pela sua vida — um difícil

aprendizado que leva ao crescimento e à maturidade do protagonista. O verdadeiro tesouro que

ele conquista é justamente a experiência vivida. Além disso, sua perspicácia, mais do que “seu

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poder de ver os mortos”, o leva ao tesouro, que, ao final, torna-se secundário, se comparado ao bem maior que foi a preservação da sua vida.

Atividades Sugeridas

Antes da leituraqPeça aos alunos que leiam o título e observem a ilustração da capa. Em que lugar

e época eles imaginam que a história está ambientada? Quem seriam as perso-nagens dessa história? Que relações conseguem estabelecer entre a ilustração e o título do livro?

qLeia o sumário e solicite que verifiquem que hipóteses levantadas pela leitura da capa podem ser descartadas e por quê.

Depois da leituraqDiscuta a estrutura do livro e o seu gênero. É um romance de aventuras, que

apresenta um herói-criança, narrado em primeira pessoa pelo próprio protago-nista. Ele é levado contra sua vontade para uma viagem num navio pirata a um lugar desconhecido e exótico. Está exposto a vários perigos, desde reação alérgica a plantas venenosas até a perda da própria vida. Ele precisa usar de suas habi-lidades para sobreviver: é inteligente — descobriu a localização do tesouro por indícios e relacionando fatos (o suco de jenipapo que desapareceu da sua roupa e também da roupa de Gentleman Jack; descobriu que havia uma única árvore dessa fruta na ilha, deixou o canivete para mostrar a localização do “fantasma” etc.) —, apesar de sentir medo, mostra-se corajoso nos momentos em que isso é necessário.

qQuestões para discussão. Sugira que os alunos respondam às questões no caderno antes da discussão, apenas para organizar os pensamentos.

1. Que características especiais esse herói possui? Em que momentos essas caracte-rísticas se manifestam? Explique.

2. O que caracteriza esse romance como de aventura?

3. Na sua opinião, Oliver teria conseguido escapar dos piratas sem a ajuda de Jack o’Lantern e John Ringrose? Por quê?

qProposta de produção de texto

Imagine uma continuação para a história. O que poderia ter acontecido ao Capitão Scratch depois que foi abandonado na ilha?

— Será que ele percebeu que estava vivo?

— Se percebeu, como conseguiu sobreviver na ilha?

— Quem poderia tê-lo encontrado lá?

— Será que ele conseguiria escapar? Como?

— Ele tentaria encontrar o Bloody Hand e Oliver? Como?

— Dê um final intrigante para seu texto.

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Livro e filme com temas relacionadosqSe achar conveniente, apresente a seus alunos o clássico A ilha do tesouro, de Robert

Louis Stevenson.

qSe julgar pertinente, apresente a eles o filme Piratas do Caribe – a maldição do Pérola Negra e sua seqüência, Piratas do Caribe – o baú da morte, ambos da Walt Disney Pictures. É pro-

vável que alguns alunos tenham assistido aos dois filmes. Ambos têm como heróis Will Turner,

um ferreiro, filho de um pirata, e como “anti-herói”, Jack Sparrow, capitão do Pérola Negra, um

navio pirata. A heroína, Elizabeth, filha do governador da ilha, é uma moça linda e atrevida. No

segundo filme da série, ela chega a se vestir de homem para estar a bordo de um navio onde só

há homens, em busca do noivo, Will Turner. Ela acaba na afamada ilha de Tortuga, reduto de

piratas sanguinários.

qOs dois filmes apresentam algumas semelhanças com o livro, que podem ser trabalhadas:

a reconstrução da época; o caráter ambíguo de alguns piratas — no livro, John Ringrose e Jack

o’Lantern, no filme, Jack Sparrow — que lutam pela sobrevivência, vivem de saques, mas man-

têm um “código de honra”; a busca por um tesouro; as superstições e como lidam com elas etc.

A grande diferença é que nos filmes há fantasmas e, no livro, apenas uma encenação dos piratas

amigos de Oliver.

qDiscuta as diferenças entre linguagem cinematográfica e verbal. Por exemplo: no filme

há um diretor, e muitas informações transmitidas pelas imagens; no livro, o narrador recorre à

descrição dos lugares e personagens para que o leitor construa a representação do cenário e as

características das personagens.

MIA

DA

IRA

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Um livro mágico

Nina Bernstein

Resumo e breve análiseNina Bernstein é norte-americana, jornalista do New York Times.

Este é seu primeiro livro para crianças e jovens, mas a paixão que

viveu em sua infância pelos clássicos é a bagagem que Nina explo-

ra deliciosamente nesta pequena novela, cujo tema é a própria

literatura.

As ilustrações são do artista russo Boris Kulikov, atualmente, morador de Nova York.

Apesar deste livro ter sido publicado no ano de 2005, a época retratada é bem anterior, antes

da década de 1980, conforme se percebe por algumas referências à Guerra Fria10, ou pelo fato de a

mãe dos meninos utilizar uma máquina de escrever para produzir seus artigos sobre jardinagem.

Os personagens do livro fazem incursões por obras literárias, como As aventuras de Robin Hood, um nobre inglês fiel ao rei Ricardo Coração de Leão, de quem o príncipe John usurpa

o trono, enquanto o rei estava fora, lutando nas Cruzadas. John persegue os fiéis súditos do rei

Ricardo, inclusive Robin Hood, que perde suas terras e passa a viver na floresta de Sherwood,

onde lidera o bando que “rouba dos ricos para dar aos pobres”.

“Entram” em Guerra e Paz, de Leon Tolstoi. Esse clássico da literatura russa é dividido em

três momentos: a campanha de Napoleão na Áustria, a invasão da Rússia e a retirada das tropas

francesas, abarcando de 1805 a 1813. O autor procura esclarecer o papel das personagens his-

tóricas na guerra, introduzindo novos episódios e atribuindo especial participação do exército e

dos camponeses. A obra combina romance, epopéia militar e filosofia.

A autora também faz referência a histórias clássicas, como O quebra-nozes, e a obras de

escritores de língua inglesa para crianças, como Edith Nesbit e Edward Eager, além de poemas

e baladas antigas.

Embora Guerra e Paz se destine a adultos e a maior parte das obras citadas não esteja tradu-

zida para o português, tudo é tão bem contextualizado que o leitor consegue viver junto com os

personagens a magia das histórias originais.

Na obra de Nina Bernstein, três crianças são as protagonistas — os irmãos Anne (11), Emily

(9) e Will (7). Como em O jardim das crianças encantadas, a porta de entrada para a fantasia é

a literatura. Anne e Emily adoram ler. Will ainda não aprendeu, mas gosta de livros ilustrados e

de ouvir histórias lidas e contadas por seus pais e irmãs.

No início da história, as irmãs pegaram na biblioteca vários livros para ler durante o verão.

Depois de lerem a maioria deles, encontram, no fundo da cesta, um pequeno e velho livro. Não

se lembravam de tê-lo tomado emprestado na biblioteca e imaginaram que tivesse ido parar ali

10 Época em que EUA e a extinta URSS patrocinavam guerras entre países aliados. Os EUA lideravam o bloco de países capita-listas e a URSS, o bloco de países comunistas.

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por engano. Não conseguiam ler as letras douradas, quase todas apagadas, na lombada. Ao abrir o

livro, elas se surpreendem ao ler o início de uma história da qual elas fazem parte e, subitamente,

ambas se vêem “dentro do livro”. Aí começa a primeira aventura, dentro da história de Robin

Hood. Anne e Emily precisam trabalhar unidas e vencer os seus medos para conseguir escapar

das garras do terrível xerife de Nottingham e do nobre Pomfret, para ajudar Robin Hood a salvar

Will Scarlet e poderem, assim, voltar à realidade de suas vidas.

A segunda aventura é vivida por Will, o irmão mais novo, que penetra no livro também por

acaso e mergulha numa floresta onde se depara com alguns gnomblins — seres mágicos prote-

tores da terra — que o reconhecem como um príncipe que salvará Jardínia, como afirma um

poema rúnico. Will precisa, como um herói de contos de fadas, enfrentar três tarefas para libertar

Jardínia do domínio do terrível feiticeiro e tirano Forfícula. Para isso, ele conta com o auxílio dos

seres e armas mágicos, mas deverá vencer os desafios com seus próprios talentos. O desenvolvi-

mento da história também remete aos contos de fadas. Will, que a princípio se sente inseguro

— como quando é chamado para ler e não consegue, — a cada tarefa vai ganhando confiança e

se modificando. Ao final da história, vence seu maior desafio: conseguir penetrar na floresta das

letras e aprender a ler. O grande desejo de Will era aprender a ler. E o meio para ele conseguir

a realização do seu desejo foi o livro mágico, numa bem construída metáfora da aprendizagem

da leitura e dos desafios que a criança deve vencer para conquistá-la.

Depois da aventura de Will, os três irmãos resolvem passar a maior parte do tempo juntos,

com a intenção de entrarem também juntos no livro mágico. Mas o livro se recusa a mostrar a

próxima história.

A oportunidade surge quando há uma festa no jardim da casa. Anne não se sente animada:

está passando pelas modificações da pré-adolescência. Ainda é criança? Está se tornando ado-

lescente? Até os livros que escolheu oscilam entre uma leitura adulta e juvenil.

Começam a chegar os convidados e, entre eles, um homem estranhamente vestido com

um casaco de gola de pele, em pleno verão. Anne começa a segui-lo e o encontra com o livro

mágico nas mãos. Ele a adverte que aquele não é um livro para crianças, que não pertence de

forma alguma a este mundo e que não se pode brincar com ele. Mas Anne chama pelos irmãos

e se agarra ao casaco do desconhecido, indo parar no interior do livro, num lugar repleto de

neve. Ela está inconsciente e é acordada por uma jovem parecida com ela. Seu reflexo ou a

criança e a pré-adolescente juntas? Ela está fantasiada de hussardo — cavaleiro húngaro — e,

ao mesmo tempo, de jovem dama, que dança no salão.

Logo em seguida, chegam Emily e Will, também fantasiados. Os irmãos misturaram todos

os tabuleiros para inventar um novo jogo, o livro mágico mistura várias histórias. Para Emily, é

O quebra-nozes; para Anne, Guerra e Paz. Há as canções que a mãe cantava para eles das quais

Will se lembra. Além disso, há um lobisomem ou um vampiro. Eles querem recuperar o livro,

mas não entraram numa história que eles escolheram. Devem encontrar o desconhecido para

voltar para casa.

Ao se falar em sortes e adivinhações, a dona da casa desafia as jovens a participarem de

um jogo de adivinhação. Anne se oferece para participar. Ela acredita que essa é a forma de

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conseguir voltar para casa, já que nesse jogo um desconhecido, que só pode ser observado

por meio de seu reflexo no espelho, faz nove perguntas que devem ser respondidas pela

jovem. Anne não consegue se lembrar de todas as respostas, mas, com a ajuda dos irmãos,

consegue vencer o desafio e recuperar o livro. No entanto, como voltar para casa? Anne

escreve na neve o final da aventura e os três saem do livro.

Novamente, um desafio que o herói, neste caso, heroína, tem de vencer e uma transformação,

dessa vez para Anne, que entra para o mundo da adolescência ao perder o medo de deixar de

ser criança.

O livro todo é uma metáfora sobre a leitura e a literatura e sua função transformadora.

Atividades Sugeridas

Antes e durante a leituraqPedir que observem a ilustração da capa e descrevam-na. O que seria um livro

mágico? ou: Que mágica um livro pode conter, considerando as ilustrações e o

título?

qÉ importante que se fale um pouco do contexto. Sugerimos que a leitura seja

dividida em três momentos, de acordo com as três “entradas” no livro mágico, e

que os alunos sejam informados sobre as obras a que o livro faz referência, assim

que iniciarem a leitura de cada história. Por exemplo, inicie a leitura da primeira

história. Pergunte quem conhece as histórias de Robin Hood e quem saberia

falar um pouco sobre esse herói. Se ninguém souber, dê algumas informações

que apresentamos anteriormente e outras que julgar convenientes. Faça o mesmo

com a terceira história. Na história de Will há muitos nomes de insetos. Se neces-

sário, peça aos alunos que pesquisem sobre eles.

qCombine com os alunos três datas para fazer uma roda de leitura, isto é, a dis-

cussão do trecho referente a cada “entrada” no livro mágico.

Depois da leituraqQuestões para orientar a discussão. Sugira que os alunos respondam às questões

no caderno antes da discussão apenas para organizar as idéias.

1. As personagens se modificam no decorrer da história? Como? Qual o fator que

provoca a mudança?

2. Na sua opinião, por que a fantasia das histórias do livro mágico é diferente para

cada uma das personagens?

qProposta de produção de texto.

Suponha que você encontrasse o livro mágico.

— Em que história gostaria de entrar?

— Que aventura gostaria de viver?

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— Que personagem gostaria de ajudar a resolver um problema?

— Que solução diferente da história original escolhida você proporia?

Livro e filme com temas relacionadosqSe julgar pertinente, apresente aos alunos o filme Robin Hood, o príncipe dos ladrões, de

1991, com Kevin Costner, realizado pela Warner Bros. Em meados do século XII, o nobre Robin

de Locksley e o mouro Azeem escapam dos turcos e voltam à Inglaterra. Ao chegar, descobrem

que o pai de Robin fora morto pelo xerife de Nottingham e suas terras usurpadas. Robin e

Azeem fogem para a Floresta de Sherwood e se juntam a um grupo de aldeões exilados, entre

eles João Pequeno e Will Scarlet. Robin torna-se líder do grupo que assalta as carruagens e cava-

leiros que atravessam a floresta.

Compare a versão cinematográfica com a história apresentada no livro. Discuta as diferenças entre as linguagens cinematográfica e verbal; a caracterização de época; a estrutura do filme de aventuras e do romance de aventuras.

qOutro filme que pode gerar uma boa discussão é A história sem fim, de 1984, realizado pela Warner Bros. Baseado no livro do escritor alemão Michael Ende, o filme e o próprio livro permitem uma boa comparação com Um livro mágico. Da mesma forma que os três irmãos, Bastian, personagem principal do livro e do filme, encontra numa livraria um estranho livro. Ao abri-lo, vê-se dentro de uma história, na qual ele é o herói que, com a ajuda de elemen-tos mágicos, deve salvar a Fantasia. Para Bastian, em A história sem fim, assim como para os irmãos, em Um livro mágico, o mergulho na fantasia é uma forma de resolver os problemas da sua realidade — ele perdera a mãe e sofria perseguições de seus colegas de escola — e de

tornar-se mais confiante.

BORI

S KU

LIN

OV

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O jardim da meia-noite

Philippa Pearce

Este livro foi escrito em 1958, época em que a vacina para o saram-

po ainda não havia sido desenvolvida, o que veio a ocorrer na década

de 1960. Até então, a doença, transmitida por secreções respiratórias,

como espirros e tosse, e extremamente contagiosa, provocava a morte

de muitas crianças e também adultos. Após o início do uso da vacina, o

sarampo tornou-se raro nos países que a utilizam.

Quem convivia com doentes de sarampo precisava ficar em quarentena — o que significava não ter contato com outras pessoas durante quarenta dias — até ter certeza de que não havia contraído a doença.

Nessa época, nem todas as famílias tinham aparelhos de televisão — que eram bastante caros —, os jogos eletrônicos como conhecemos hoje ainda não existiam e os computadores estavam longe de ser uma utilidade doméstica.

Resumo e breve análise

No final de década de 1950, Tom Long precisa sair de casa e ficar de quarentena na casa dos tios, porque seu irmão está com sarampo. Os tios vivem num casarão dividido em apartamentos e não têm jardim, o que para Tom é muito triste, pois havia planejado passar suas férias de verão brincando com o irmão no pequeno jardim da família.

Ao chegar, o que lhe chama a atenção é um relógio de pêndulo no hall de entrada do prédio. O tio lhe diz que o relógio pertence à senhoria, a senhora Bartholomew, e que nunca batia as horas corretamente.

Tom deve ficar preso no apartamento sem ter muito que fazer, a não ser ler os livros “para moças” da tia. Ele não consegue dormir depois de passar o dia todo inativo. Acostuma-se a ouvir as badaladas do relógio do hall, até que um dia ouve o relógio bater treze vezes. Tom fica intrigado, resolve investigar e descobre um magnífico jardim nos fundos da casa. Ao questionar os tios sobre o jardim, estes ficam perplexos. Não havia jardim na casa. Tom verifica e descobre que durante o dia o jardim realmente não existe. Estaria sonhando? Ou teria criado seu próprio mundo com o desejo de ter um jardim? A fantasia e as aventuras no jardim surgem como resolução para o dilema pessoal e social de Tom. Não ter amigos, não se relacionar bem com o tio, ter de respeitar as regras rígidas da quarentena.

O garoto passa a visitar o jardim todas as noites e lá encontra pessoas de outra época: um jar-dineiro, três adolescentes e uma garota. Os únicos que conseguem vê-lo são Abel, o jardineiro, e Hatty, a garota. Ela é muito solitária e encontra em Tom um parceiro de brincadeiras. No relógio de pêndulo há uma inscrição: Não haverá mais tempo. No jardim da meia-noite, não existe tempo.

Tom encontra Hatty em vários momentos de sua vida, mas nunca numa ordem cronológica. Tom deseja trocar o tempo comum e real por um tempo eterno no jardim com Hatty, o que tam-bém pode significar não querer crescer, manter-se sempre criança e feliz, brincando para sempre.

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Até que Tom e o irmão se encontram num sonho em que o desejo de Peter o transporta ao lugar em que o irmão está: a torre da Catedral de Ely. Lá, Peter fica desapontado ao encontrar Hatty adulta e não ver o jardim. Tom não aceita que Hatty seja adulta. Para ele, ela ainda é a mesma garota de sempre. Mas, finalmente, quando descobre que Hatty e a senhora Bartholomew são a mesma pessoa, Tom termina por enxergar nela a companheira de brincadeiras ainda meni-na. E descobre que o tempo no jardim é determinado pelos sonhos, desejos e lembranças dessa senhora e, portanto, não existe, como na teoria da relatividade de Einstein11.

Atividades Sugeridas

Antes e durante a leituraqPeça aos alunos que leiam o título e observem a ilustração da capa. Onde o garo-

to está? Como está vestido? O que estaria fazendo nesse lugar? Qual a relação entre essa ilustração e o título do livro?

qÉ importante que se fale um pouco do contexto, pois o livro é de 1958, escrito para os leitores daquela época. Algumas informações, como “quarentena” ou “sarampo” como epidemia, não fazem parte do repertório dos leitores de hoje.

qCombine com os alunos algumas datas para fazer uma roda de leitura, isto é, a discussão das partes que foram lidas e do levantamento de hipóteses quanto à continuação da história.

Depois da leituraqQuestões para discussão. Sugira que os alunos respondam às questões no caderno

antes da discussão, apenas para organizar as idéias.

1. Pode-se dizer que a cada nova entrada no jardim da meia-noite Tom vivia uma aventura? Por quê?

2. Na sua opinião, por que apenas Hatty e Abel conseguiam ver Tom?

3. Tom imagina que Hatty e os outros são fantasmas, Hatty acredita que Tom seja um fantasma e Abel acredita que Tom seja um espírito do mal. Na sua opinião, por que isso ocorre?

4. Por que Peter consegue chegar até Tom e Hatty, apesar de estar em outro lugar? Defenda sua opinião.

qPropostas de produção de texto.

1. Suponha que Tom tivesse feito amizade com o garoto James e não com Hatty. Crie uma aventura da qual os dois participem juntos.

2. Imagine que Tom e Peter tenham ido passar o verão do ano seguinte na casa dos tios. Como seria o encontro dos dois com Hatty? Escreva sobre esse encontro e

crie uma aventura para os três.

11 De acordo com essa teoria, o Universo não é plano como na geometria euclidiana, nem o tempo é absoluto, mas ambos se combinam em um espaço-tempo curvo, assim, nossa percepção da realidade é relativa. Einstein deu maleabilidade ao espaço e ao tempo, destruindo sua rigidez. http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u13268.shtml.

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PROPOSTA DE TRABALHO COM OS LIVROS EM CONJUNTO

Alguns livros da Coleção Lua Crescente apresentam temas em comum, como o relaciona-

mento entre irmãos ou com pessoas mais velhas, fantasia e aventura. Dessa forma, a leitura de

um pode complementar e enriquecer a do outro, criando na sala um clima propício para con-

versas muito interessantes.

Atividades sugeridas com Um livro mágico, O jardim das crianças encantadas, O jardim da meia-noite e Rosalinde não pára de pensarqDepois de ler e discutir os livros, proponha uma comparação entre eles, para discutir o

tema relacionamento.

1. Como é o relacionamento entre as crianças e os adultos — pais, avós e tia — em cada livro?

2. Em que medida os personagens adultos das histórias colaboram para a modificação e

ocrescimento das personagens infantis?

3. Como é o relacionamento entre irmãos em cada livro?

4. Qual a função da literatura na vida das personagens? E na nossa vida? Qual seria a função

dela?

qNessas histórias, os livros desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento

do enredo e das personagens. Discuta a forma como isso acontece em cada uma delas.

Atividades sugeridas com Um livro mágico e O fantasma do sol do meio-diaLeitura e produção de histórias de aventura

As atividades a seguir podem ser organizadas para durar um bimestre, sendo intercaladas com o

cotidiano da sala de aula. Pode-se reservar uma aula por semana para esse trabalho.

qAntes de propor a leitura dos livros, comece perguntando aos alunos o que é para eles uma

história de aventura e de quais histórias desse tipo eles se lembram. Faça no quadro um

levantamento das que foram citadas. Neste momento valem filmes, livros, contos etc.

qFaça uma reflexão com os alunos sobre o que é narrativa de aventura e sobre as caracte-

rísticas do gênero, a partir dos conhecimentos que eles já têm do tema.

QU

ENTI

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LAKE

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Estrutura O fantasma do sol do meio-dia Um livro mágico

NarradorEm 1ª pessoa – o próprio herói (pro-tagonista) faz uma análise dos fatos sob seu ponto de vista.

Em 3a pessoa – onisciente – conhe-ce todos os pensamentos e senti-mentos das personagens.

Heróis protagonistas Oliver. Anne, Emily e Will.

Personagens antagonistas (que se opõem ao desejo do herói)

Os piratas mausNa primeira aventura, o xerife e Lord Pomfret. Na segunda, os inse-tos e o tirano Forfícula.

Personagens auxiliares Os piratas “bons”, John Ringrose e Jack o’Lantern.

Na aventura das irmãs, elas se tor-nam as protagonistas, a ação fica centrada nelas, e Robin Hood e seu bando viram auxiliares. Na aventura de Will, os auxiliares são os seres mágicos de Jardínia.

Características e talentos especiais

Inteligência, coragem (apesar de ser gerada pelo medo), capacidade de aprender e ser útil, poder de obser-vação.

Anne e Emily – grandes leitoras e conhecedoras de muitas histó-rias; coragem (também gerada pelo medo), poder de improvisação.Will – grande conhecedor de inse-tos; coragem, poder de improvi-sação.

Época (tempo) Século XVII, época da colonização das Américas e da pirataria.

Século XX, antes da década de 1980, no tempo “real”. Na primeira aventura, Idade Média; na aventura de Will, tempo indeterminado.

Lugar e suas característicasNavio pirata e ilha deserta, com árvores desconhecidas e um possível fantasma.

Floresta de Sherwood, cidade de Nottingham, na primeira aventura, e país imaginário de Jardínia, na aventura de Will.

Como chegam aos lugares De navio. Por meio do livro mágico, da fan-tasia.

Os perigos e riscos que devem correr e os desafios que devem enfrentar

O desconhecido, a maldade dos pira-tas, naufrágio, fome, risco de morte. O desafio de sobreviver.

O desconhecido, a maldade dos vilões – antagonistas. O desafio de viver fora do livro.

O desejo do herói Voltar para casa. Voltar para casa.

qPeça a eles que leiam um dos livros. Inicie com a leitura compartilhada e vá discutindo

os trechos lidos semanalmente. Faça o mesmo com o outro livro.

qFaça a análise das estruturas narrativas dos dois livros. Você pode pedir aos alunos, indivi-

dualmente, em duplas ou grupos pequenos, que preencham um quadro como o sugerido

a seguir:

qProponha aos alunos que releiam o quadro que preencheram para discutir com seus

colegas.

1. Por que os lugares de cada um dos livros são propícios para viver aventuras?

2. As personagens viveram as aventuras por vontade própria ou por acaso? Explique.

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3. Quais as diferenças entre a forma como as personagens chegaram nos lugares onde vive-

ram suas aventuras?

qPeça aos alunos que assistam a filmes de aventura, além dos sugeridos anteriormente.

Sugestões:

• A trilogia de Indiana Jones: Os caçadores da arca perdida (1981); Indiana Jones e o templo da perdição (1984); Indiana Jones e a última cruzada (1989);

• Náufrago (2000);

• Tainá, uma aventura na Amazônia (2000); entre outros.

Analise a estrutura dos filmes, orientando-se pelo quadro anterior.

qProponha aos alunos que criem uma ou duas histórias de aventura, com ou sem fantasia.

Possibilidades:

1. Pesquisar uma época da história na qual gostariam de ambientar a história. Esta atividade

pode relacionar-se com o conteúdo trabalhando em História (Idade Média, século XIX,

início ou meados do século XX etc.).

2. Determinar em que lugar a aventura vai ocorrer. Pesquisar sobre o lugar.

3. Criar um herói e descrever suas características e talentos especiais.

4. Criar personagens antagonistas, que vão se opor ao desejo do herói.

5. Determinar como os heróis chegarão no lugar da aventura.

6. Descrever, a partir do lugar escolhido e dos antagonistas, que perigos e desafios o herói

vai enfrentar.

7. Criar personagens auxiliares.

qOutra proposta de produção de texto é a criação de uma aventura que acontece nos dias

de hoje. Fazer uma discussão sobre os lugares propícios para viver aventuras, enfrentar desafios

e correr riscos nos dias atuais. Utilizar um mapa-múndi ou um geoatlas para localizar e analisar

esses lugares (Amazônia, ilhas ainda desertas, Antártida, deserto do Saara etc.).

qProponha uma pesquisa, a descrição desses lugares e os possíveis perigos que os heróis

poderiam enfrentar.

qSeguir os 7 passos enumerados anteriormente.

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Observações finaisAs atividades apresentadas não esgotam todas as possibilidades de trabalho com os livros da

coleção. São sugestões que podem e devem ser adaptadas às características e necessidades de

seus alunos e à dinâmica que se desenvolver dentro da sua turma.

Sua criatividade e sensibilidade como professor(a) com certeza vão lhe inspirar outras ati-

vidades.

Desejamos a você e seus alunos um excelente trabalho e momentos deliciosos de leitura e

conversa!

Bibliografia comentada LAJOLO, Marisa. O que é literatura. São Paulo: Brasiliense, 1987. (Coleção Primeiros Passos)

Em linguagem acessível, a autora discute as diferentes concepções de literatura e o que caracte-riza um texto como literário.

MACHADO, Irene A. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994. (Série Didática – Classes de magistério)

Nos capítulos 2 e 3 — “Conto popular” e “O conto maravilhoso”, respectivamente — a autora explica a origem e as principais características desses gêneros.

PAES, José Paulo. A aventura literária. Ensaios sobre ficção e ficções. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

O primeiro ensaio, “As dimensões da aventura” [sobre romance de aventuras], faz uma análise desse gênero tomando como exemplo alguns clássicos, como A ilha do tesouro, de Robert L. Stevenson.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.

A obra traz informações e reflexões sobre a compreensão leitora, focalizando o ensino de estra-tégias de leitura na escola.

ZILBERMAN, Regina. MAGALHÃES, Lígia C. Literatura infantil: autoritarismo e emancipação. São Paulo: Ática, 1982. (Coleção Ensaios)

Os ensaios reunidos nessa obra discutem a função da literatura dirigida ao público infantil, além de apresentar a história da formação desse tipo de literatura e do leitor mirim.

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