colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das...

20
111111 Casoteca de Gestão Pública Colaboração em momento de crise: A atuação do Departamento de Defesa durante o furacão Katrina 1 Elaborado por Donald P. Moynihan Introdução Na terça-feira, 23 de agosto de 2005, o Centro Nacional de Furacões observou uma depressão tropical 2 a cerca de 321 km no sudeste de Bahamas. Uma semana depois, o furacão Katrina se tornaria o maior desastre natural na memória dos cidadãos dos Estados Unidos, afetando 148 km 2 , deixando 1.800 mortos e destruindo grande parte de uma importante cidade. O furacão Katrina deixou uma série de imagens marcantes. Uma cidade devastada por um dilúvio. Vítimas sinalizando em desespero por socorro. Mortos e desabrigados. Essas imagens eram o retrato do fracasso do governo, que também acumulou alguns sucessos limitados. Michael Brown, diretor da Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema), foi convocado pelo presidente George W. Bush para um “baita trabalho”, poucos dias antes de ser chamado de volta a Washington e pedir demissão. O general Russel Honoré, que liderou a resposta militar ao Katrina, transmitiu uma imagem contrastante de autoridade e urgência. O então prefeito de Nova Orleans, Ray Nagin, o descreveu como uma pessoa ao estilo John Wayne. A chegada de Honoré em Nova Orleans desencadeou um retorno gradativo da ordem. Muitos moradores, ainda ilhados na cidade, ecoavam os sentimentos da garotinha que gritou para um comboio da tropa que adentrava a cidade: “Obrigada, sr. Exército!”. Este caso ganhou menção honrosa na competição de estudos de caso e simulações sobre “Gerenciamento Público Colaborativo, Governança Colaborativa e Soluções Colaborativas de Problemas”, realizada em 2008, pelo Programa para o Avanço de Pesquisas sobre Conflito e Colaboração (Parcc). O estudo foi avaliado anonimamente por um comitê

Upload: vannhan

Post on 11-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina1

Elaborado por Donald P Moynihan

Introduccedilatildeo

Na terccedila-feira 23 de agosto de 2005 o Centro Nacional de Furacotildees

observou uma depressatildeo tropical2 a cerca de 321 km no sudeste de

Bahamas Uma semana depois o furacatildeo Katrina se tornaria o maior

desastre natural na memoacuteria dos cidadatildeos dos Estados Unidos afetando

148 km2 deixando 1800 mortos e destruindo grande parte de uma

importante cidade

O furacatildeo Katrina deixou uma seacuterie de imagens marcantes Uma cidade

devastada por um diluacutevio Viacutetimas sinalizando em desespero por socorro

Mortos e desabrigados Essas imagens eram o retrato do fracasso do

governo que tambeacutem acumulou alguns sucessos limitados Michael

Brown diretor da Agecircncia Federal de Gestatildeo de Emergecircncias (Fema)

foi convocado pelo presidente George W Bush para um ldquobaita trabalhordquo

poucos dias antes de ser chamado de volta a Washington e pedir

demissatildeo O general Russel Honoreacute que liderou a resposta militar ao

Katrina transmitiu uma imagem contrastante de autoridade e urgecircncia

O entatildeo prefeito de Nova Orleans Ray Nagin o descreveu como uma

pessoa ao estilo John Wayne A chegada de Honoreacute em Nova Orleans

desencadeou um retorno gradativo da ordem Muitos moradores ainda

ilhados na cidade ecoavam os sentimentos da garotinha que gritou para

um comboio da tropa que adentrava a cidade ldquoObrigada sr Exeacutercitordquo

Este caso ganhou menccedilatildeo honrosa na competiccedilatildeo de

estudos de caso e simulaccedilotildees sobre ldquoGerenciamento Puacuteblico

Colaborativo Governanccedila Colaborativa e Soluccedilotildees

Colaborativas de Problemasrdquo realizada em 2008 pelo Programa

para o Avanccedilo de Pesquisas sobre Conflito e Colaboraccedilatildeo

(Parcc) O estudo foi avaliado anonimamente por um comitecirc

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

31 bull w

bullr--

~~Zf middot middot~-~~ ~- l~~

fj ~middot ~ bull -

middot~ _

ltgt -~

ii 1 l

- ~ L ft Iacute i __ -~--~ ~-middot-_ ~ ____ ~-~ ~ ~~ - _

de acadecircmicos e profissionais Foi escrito por Donald P

Moynihan da Universidade de Madison-Wisconsin e editado

por Khris Dodson Este caso deve ser utilizado para discussatildeo

em sala de aula e natildeo pretende sugerir soluccedilotildees eficazes ou

ineficazes para a situaccedilatildeo descrita Eacute apresentado a vocecirc pela

ENAP sob autorizaccedilatildeo do E-Parcc fonte virtual de materiais de

ensino do Parcc da Iniciativa de Governanccedila Colaborativa da

Escola Maxwell da Universidade de Syracuse (EUA) Este

material pode ser copiado quantas vezes forem necessaacuterias

contanto que seja dado creacutedito total aos seus autores

Estas imagens representam uma narrativa simples do que aconteceu

por causa do furacatildeo Katrina A Fema e sua organizaccedilatildeo superior o

Departamento de Seguranccedila Interna (DHS) falharam Seu fracasso foi

parcialmente remediado pelos esforccedilos militares Haacute certa verdade nessa

afirmaccedilatildeo mas ela tambeacutem eacute ilusoacuteria uma vez que representa a resposta

ao Katrina de acordo com a capacidade das organizaccedilotildees em termos

individuais Isso nos leva a pensar que resolver ldquoproblemas terriacuteveisrdquo eacute

uma questatildeo de encontrar a organizaccedilatildeo certa3

A resposta mal dada ao Katrina natildeo foi somente um fracasso de

organizaccedilotildees mas tambeacutem um fracasso de colaboraccedilatildeo Qualidade

necessaacuteria a respostas para uma crise a colaboraccedilatildeo eacute fundamental

porque natildeo haacute uma uacutenica organizaccedilatildeo que possa responder sozinha a

uma crise de larga escala Eacute necessaacuteria uma rede de organizaccedilotildees

responsaacuteveis pela resposta A proacutepria Fema eacute uma agecircncia relativamente

pequena e natildeo tem capacidade para responder diretamente nem mesmo

22 Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

a um desastre de meacutedio porte Seu papel principal em um desastre eacute

estimular a coordenaccedilatildeo estadual local e de outros oacutergatildeos federais

responsaacuteveis assim como de atores privados e de organizaccedilotildees sem

fins lucrativos A Fema depende da vontade de outras organizaccedilotildees de

se engajar na rede de resposta agrave crise que eacute entatildeo impulsionada pelas

responsabilidades de cada organizaccedilatildeo pelas decisotildees estrateacutegicas que

seus liacutederes tomam e por sua cultura organizacional

Este caso examina a colaboraccedilatildeo entre a Fema e a organizaccedilatildeo mais

importante durante o Katrina o Departamento de Defesa (DOD) Por

vaacuterias vezes o DOD apareceu tomado pela ineacutercia enquanto em outras

Ray Nagin entatildeo prefeito de Nova Orleans Michael Brown entatildeo diretor da FEMA George W Bush entatildeo presidente dos EUA e a Kathleen Blanco entatildeo governadora de Louisiana copy Jim WatsonAFPGetty Images

ocasiotildees ignorou regras para providenciar recursos antes mesmo de a

Fema solicitar A natureza complexa da relaccedilatildeo entre essas duas

organizaccedilotildees ressalta que mesmo quando atores diferentes

compartilham o mesmo objetivo e a coordenaccedilatildeo eacute tida como essencial

trabalhar em conjunto nem sempre eacute faacutecil Para entender o contexto

dessa relaccedilatildeo primeiramente devemos revisitar alguns fatos

antecedentes sobre o Katrina bem como compreender as poliacuteticas

federais que devem estimular a colaboraccedilatildeo em meio a uma crise

Histoacuterico Furacatildeo Katrina

Agraves 11h da sexta-feira no dia 26 de agosto o Serviccedilo Nacional de

Meteorologia alertou que o furacatildeo Katrina estava indo em direccedilatildeo a

Nova Orleans A governadora de Louisiana agrave eacutepoca Kathleen Blanco

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

33

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

preocupou-se a ponto de declarar estado de emergecircncia Mais tarde o

Serviccedilo Nacional de Meteorologia revisou sua previsatildeo Agraves 16h a

tempestade estava prevista para atingir a costa do Mississipi Agraves 4h do

saacutebado Nova Orleans novamente esperava ser atingida Nesse mesmo

dia evacuaccedilotildees voluntaacuterias comeccedilaram em Louisiana O presidente Bush

declarou estado de emergecircncia e a Fema e outros oacutergatildeos puacuteblicos

encarregados das situaccedilotildees de emergecircncia comeccedilaram operaccedilotildees de 24

horas Agraves 19h do saacutebado o Serviccedilo Nacional de Meteorologia alertou

que barragens poderiam transbordar em Nova Orleans causando

inundaccedilotildees catastroacuteficas

O entatildeo prefeito de Nova Orleans Ray Nigan ordenou uma evacuaccedilatildeo

obrigatoacuteria agraves 9h30 da manhatilde de domingo e o estaacutedio Superdome foi

usado como abrigo improvisado O Katrina atingiu a costa agraves 6h10 da

manhatilde de segunda-feira Mais tarde nessa mesma manhatilde as barragens

comeccedilaram a transbordar e romper-se levando a inundaccedilotildees

catastroacuteficas embora o Departamento de Seguranccedila Interna (DHS) e a

Casa Branca natildeo soubessem disso ateacute a manhatilde de terccedila-feira As

operaccedilotildees de busca e salvamento comeccedilaram na segunda-feira agrave tarde

mas a comunicaccedilatildeo tambeacutem comeccedilou a falhar nesse momento O

secretaacuterio do DHS Michael Chertoff declarou ldquoIncidente de Significacircncia

Nacionalrdquo na terccedila-feira agrave noite Na quinta-feira alguns ocircnibus

finalmente chegaram para comeccedilar as evacuaccedilotildees do Superdome e de

outro abrigo no Centro de Convenccedilatildeo Morial embora tais evacuaccedilotildees

natildeo tenham sido concluiacutedas ateacute saacutebado e algumas pessoas tenham

permanecido ilhadas nas rodovias ateacute segunda-feira

Uma cataacutestrofe da magnitude do Katrina eacute diferente de outros

desastres Ela requer mais de tudo principalmente no que diz respeito

a recursos e encarregados Ao mesmo tempo a tempestade reduziu a

capacidade de resposta especialmente com relaccedilatildeo a recursos estaduais

e locais Mesmo com os encarregados trabalhando no limite de suas

capacidades o Katrina criou uma demanda sem precedentes por accedilotildees

e serviccedilos como alimentos aacutegua evacuaccedilatildeo busca e salvamento e

abrigos A tiacutetulo de exemplo nos dias conseguintes ao Katrina 563

abrigos da Cruz Vermelha ou de emergecircncia em Louisiana abrigaram

146292 pessoas que natildeo tinham comida aacutegua serviccedilos meacutedicos e

saneamento baacutesico adequados

Coordenando a resposta agrave crise

O governo dos Estados Unidos lutou para encontrar a melhor maneira

de lidar com o desafio de estimular a colaboraccedilatildeo interorganizacional

em meio agrave crise A cataacutestrofe de 11 de Setembro viu o receacutem-criado DHS

exigir modelo uacutenico para coordenaccedilatildeo de resposta agrave crise Tal modelo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

44

r

Comando

1

1 1 1 r -- r r -- r --

Operaccedilotildees Logiacutestica Planejamento Financcedilas

Administraccedilatildeo

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

foi o Sistema de Comando de Incidentes (ICS) O ICS foi uma inovaccedilatildeo

dos responsaacuteveis para conter os incecircndios florestais na Califoacuternia no

iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo XX O sistema procurava encontrar uma

linguagem comum conceitos de gerenciamento e meios de

comunicaccedilatildeo que facilitassem a coordenaccedilatildeo A principal inovaccedilatildeo do

ICS foi centralizar temporariamente a autoridade para liderar vaacuterias

organizaccedilotildees Para isso designa-se um comandante especiacutefico para a

situaccedilatildeo que direciona e coordena os esforccedilos taacuteticos das vaacuterias

organizaccedilotildees utilizando funccedilotildees padronizadas de resposta agrave crise em

relaccedilatildeo a operaccedilotildees logiacutestica planejamento financcedilas e administraccedilatildeo

(veja Figura 1 e Apecircndice 1 para mais detalhes)

Figura 1 O Sistema de Comando de Incidentes

Nos anos seguintes agrave criaccedilatildeo do ICS alguns profissionais perceberam

que o sistema conseguia reduzir os problemas de coordenaccedilatildeo e

aprimorar a efetividade de resposta agraves queimadas Enquanto sua

reputaccedilatildeo crescia os encarregados de gerenciar crises fora da Califoacuternia

comeccedilaram a utilizaacute-lo para combater as queimadas nas florestas e para

outras tarefas como limpeza de materiais toacutexicos terremotos e

inundaccedilotildees

Em 2004 o DHS estabeleceu o novo Plano Nacional de Respostas

(NRP) que exigia que todos os encarregados federais utilizassem a

abordagem ICS assim como quaisquer responsaacuteveis estaduais e locais

que recebessem subvenccedilotildees do DHS O Katrina foi o primeiro grande

desastre que ocorreu apoacutes a introduccedilatildeo das novas poliacuteticas de

gerenciamento de crises e representou seu primeiro teste criacutetico

Contudo o ICS natildeo foi capaz de fornecer unidade de comando e direccedilatildeo

clara aos encarregados Nenhum oacutergatildeo assumiu a responsabilidade nas

primeiras etapas do desastre Havia trecircs grandes comandos operacionais

com funcionaacuterios federais em campo durante o Katrina

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

55

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

bull O Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto e o Coordenador

Federal (FCO) O NRP designa o FCO (William Lokey da Fema) como

comandante federal da resposta agrave crise O FCO forma um comando

unificado com o coordenador estadual que eacute responsaacutevel por coordenar

as necessidades e accedilotildees estaduais e locais com as accedilotildees federais De

acordo com o modelo claacutessico do ICS o Gabinete de Trabalho de Campo

Conjunto eacute a unidade de comando Mas no caso do Katrina existiam

dois outros comandos

bull O Diretor Federal (PFO) O NRP criou o cargo de PFO para agir

como os olhos e ouvidos do DHS no territoacuterio mas natildeo para tomar

decisotildees operacionais O secretaacuterio Chertoff nomeou Michael Brown

como PFO na terccedila-feira um dia antes da chegada do furacatildeo Mas Brown

natildeo tinha a formaccedilatildeo necessaacuteria para funccedilatildeo e pensava que o cargo seria

uma distraccedilatildeo desnecessaacuteria de seus deveres Brown fez um trabalho

tatildeo deficiente de comunicaccedilatildeo com Chertoff que o secretaacuterio do DHS

finalmente disse a ele que parasse de se movimentar e ficasse em Baton

Rouge Os funcionaacuterios do DHS ficaram confusos em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo do

PFO Alguns pareciam achar que era efetivamente a funccedilatildeo do

comandante de campo ultrapassando o FCO Em um exerciacutecio de resposta

preacute-Katrina essa confusatildeo havia sido evidenciada mas natildeo fora

solucionada O PFO que sucedeu Brown o almirante Thad Allen natildeo

esclareceu a confusatildeo Em vez disso estabeleceu um comando separado

que tomava decisotildees operacionais sem trabalhar em conjunto com o

gabinete Na praacutetica essa tensatildeo soacute foi resolvida quando Allen assumiu

tambeacutem o cargo de FCO

bull Forccedila-Tarefa Katrina Esse comando direcionou as forccedilas do DOD

O general Honoreacute que liderou a Forccedila-Tarefa recebeu pedidos dos

governos estadual e local e realizou accedilotildees descoordenadas com o

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto

De acordo com o NRP autoridades estaduais e locais deveriam ter

trabalhado por meio do Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto Mas

a multiplicidade de comandos entre os encarregados federais dificultou

o estabelecimento de linhas claras de coordenaccedilatildeo intergovernamental

Outros fatores limitaram o potencial de colaboraccedilatildeo entre autoridades

federais estaduais e locais Grande parte da infraestrutura de

emergecircncia local e estadual foi destruiacuteda e ateacute mesmo os primeiros

encarregados foram viacutetimas das enchentes Muitos encarregados locais

perderam materiais de auxiacutelio agrave resposta tendo que evacuar ou ficar

isolados pela inundaccedilatildeo Em Nova Orleans por exemplo os ocircnibus

urbanos foram inundados apesar de estarem em aacutereas que natildeo haviam

sido inundadas em tempestades anteriores Em todo caso os motoristas

em potencial jaacute haviam sido evacuados Centros de operaccedilotildees

emergenciais preacute-designados foram considerados inutilizaacuteveis devido

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

66

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

agrave inundaccedilatildeo ou em funccedilatildeo de outro tipo de dano eliminando bases de

operaccedilotildees de comando e resultando em coordenaccedilatildeo deficiente e tempo

perdido enquanto os responsaacuteveis procuravam por novos locais Os

encarregados federais estavam sempre distantes para que suas

intervenccedilotildees fossem efetivas e o transporte estava em sua maioria

inutilizado Os meios de comunicaccedilatildeo tambeacutem foram gravemente

afetados limitando a capacidade de tomar conhecimento sobre a

situaccedilatildeo compartilhar informaccedilotildees e coordenar accedilotildees Mais de 3 milhotildees

de linhas telefocircnicas foram perdidas nos estados afetados inclusive

linhas do serviccedilo 190 Celulares tambeacutem foram afetados com

aproximadamente 2 mil serviccedilos de telefonia inoperantes e poucos locais

para carregar os aparelhos por causa da falta de energia eleacutetrica

Mas o potencial para colaboraccedilatildeo intergovernamental tambeacutem foi

sabotado antes do furacatildeo Katrina por conta de uma seacuterie de mudanccedilas

poliacuteticas poacutes-11 de Setembro A Fema foi transferida para o receacutem-criado

DHS em 2002 reduzindo a habilidade de manter seu papel tradicional

como o elemento central de coesatildeo das relaccedilotildees emergenciais

intergovernamentais A agecircncia perdeu recursos que permitiam reunir

esforccedilos intergovernamentais de planejamento fundamentais agrave construccedilatildeo

de tais relaccedilotildees Tambeacutem perdeu influecircncia poliacutetica e autoridade para

conceder subsiacutedios aos esforccedilos estaduais e locais de prevenccedilatildeo dando

aos governos estadual e local menos razotildees para prestar atenccedilatildeo agrave agecircncia

Como a Fema entrou em decliacutenio sua moral tambeacutem foi abalada

Funcionaacuterios antigos do alto escalatildeo saiacuteram levando consigo deacutecadas de

relaccedilotildees com parceiros dos governos estaduais e locais

A visatildeo do DOD de resposta agrave crise

Para as agecircncias federais o NRP havia identificado preliminarmente

as responsabilidades especiacuteficas do desastre a fim de reduzir a confusatildeo

quando a crise ocorresse O DHS esperava que com isso estabeleceria

uma base para a colaboraccedilatildeo no momento de crise A Fema identificaria

uma necessidade e comunicaria aos oacutergatildeos federais competentes que

forneceriam os recursos requisitados Refletindo sua extrema

importacircncia o DOD tinha responsabilidades em quase todas as funccedilotildees

de apoio emergencial identificadas pela NRP (ver Apecircndice 2)

Mas o processo eacute complicado pela compreensatildeo do DOD sobre seu

papel na resposta agrave crise O departamento tem suas proacuteprias diretrizes

que refletem uma relutacircncia em se engajar na resposta agrave crise e

preocupaccedilotildees especiacuteficas em relaccedilatildeo agrave colaboraccedilatildeo interagencial4 Essa

poliacutetica decreta que o DOD se envolveraacute ldquoapenas quando outros recursos

locais estaduais ou federais estiverem indisponiacuteveis e apenas se o seu

apoio na resposta agrave crise natildeo interferir na sua missatildeo primaacuteria ou na sua

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

77

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

habilidade para responder a contingecircncias operacionaisrdquo A posiccedilatildeo

oficial do departamento eacute a de que ele natildeo pode fazer parte de nenhum

comando de incidente que natildeo esteja sob o controle de seus

funcionaacuterios Isto eacute quando em articulaccedilatildeo com outros oacutergatildeos federais

o DOD natildeo pode ser comandado por qualquer civil que natildeo seja o

presidente e o proacuteprio secretaacuterio

Diante dessas limitaccedilotildees o DOD oferece duas formas de capacidade

de resposta agrave crise Primeiramente quando for necessaacuterio o

departamento estaacute disposto a fornecer ajuda agraves autoridades civis mas

encara as solicitaccedilotildees de missatildeo mais como pedidos de auxiacutelio do que

como ordens de um comando O DOD facilita essa coordenaccedilatildeo colocando

o coordenador de Defesa para trabalhar com o coordenador federal no

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto no local do incidente O

Gabinete de Coordenaccedilatildeo de Defesa eacute o comando local dos recursos do

DOD a natildeo ser que um comando separado seja estabelecido

Em segundo lugar se o evento for grave o suficiente as Forccedilas

Armadas podem decidir pelo estabelecimento de um comando

separado para direcionar suas proacuteprias forccedilas No Katrina isso resultou

na formaccedilatildeo da Forccedila-Tarefa liderada pelo general Russel L Honoreacute

Um conjunto de regras auto-impostas configura restriccedilatildeo adicional

na colaboraccedilatildeo do DOD durante a crise O processo para revisar pedidos

de auxiacutelio eacute estabelecido pela Diretriz DOD 302515 de 1997 Os pedidos

devem ir do coordenador federal para o de Defesa que entatildeo

repassa-os por meio do Comando do Norte (Northcom ndash a parte do

departamento cujo teatro de operaccedilotildees inclui os Estados Unidos) ao

Gabinete do secretaacuterio executivo de Defesa e por fim ao diretor de

Apoio Militar Conjunto (Jdoms) A validade e legalidade do pedido

satildeo revisadas a cada etapa e espera-se que o pedido estime o periacuteodo

em que o auxiacutelio seraacute necessaacuterio O Jdoms deve considerar o impacto

no orccedilamento do DOD se eacute do interesse do departamento participar

a legalidade da accedilatildeo possiacuteveis danos aos civis e os efeitos sobre a

prontidatildeo das missotildees no exterior A recomendaccedilatildeo do Jdoms eacute

normalmente passada para o Colegiado do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e requer aprovaccedilatildeo presidencial mas em tempos de

desastre ou se autoridades locais precisam de ajuda imediata o DOD

pode se movimentar mais rapidamente

A cautela do DOD em relaccedilatildeo ao seu papel na resposta agrave crise reflete

preocupaccedilatildeo de ser arrastado para missotildees natildeo militares e se tornar

subserviente a outras organizaccedilotildees Tal preocupaccedilatildeo natildeo eacute nova Em

sua anaacutelise claacutessica das relaccedilotildees civil-militar Samuel Huntington

argumentou que o DOD procurava e precisava de uma margem de

autonomia Em troca as Forccedilas Armadas manteriam profissionalismo

eacutetico que enfatizasse a obediecircncia a um comando civil

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

88

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

O general do Exeacutercito americano Russel Honoreacute (esquerda) comandante da Forccedila-Tarefa Katrina o general do Exeacutercito americano Bill Caldwell comandante da 82ordf Divisatildeo Aeacuterea e o entatildeo secretaacuterio da Defesa Donald H Rumsfeld discutem soluccedilotildees para o desastre do furacatildeo Katrina enquanto caminham pelo aeroporto de Nova Orleans em 4 de setembro de 2005 Fotografia do Departamento de Defesa feita pelo sargento da Forccedila Aeacuterea americana Kevin K Gruenwald

Uma resistecircncia agrave cooperaccedilatildeo interagencial marca a histoacuteria do DOD

Dentro do proacuteprio departamento diferentes culturas organizacionais e

rivalidades internas restringiram a coordenaccedilatildeo A desconfianccedila de

trabalhar com outros se tornou mais problemaacutetica quando o DOD foi

convocado para realizar uma seacuterie de novas tarefas que exigem

coordenaccedilatildeo com agentes externos como a luta contra o terrorismo a

diplomacia a reconstruccedilatildeo de naccedilotildees a guerra contra as drogas a

manutenccedilatildeo da paz e respostas a crises Muitos nas Forccedilas Armadas

consideram tais atividades um desvio da missatildeo pois natildeo estatildeo

diretamente relacionadas a vencer guerras Na verdade tais

responsabilidades tecircm seu proacuteprio nome Operaccedilotildees Militares Fora de

Guerra (MOOTW)

Um antigo chefe do Colegiado do Estado Maior das Forccedilas Armadas

zombou da agonia do Pentaacutegono sobre o desvio de missatildeo afirmando

com frequecircncia que ldquohomem que eacute homem natildeo faz MOOTWrdquo O

estrategista militar Michael Barnett nota que aqueles favoraacuteveis a essa

categoria de operaccedilotildees tiveram de enfrentar uma cultura hostil no

departamento ldquoNo mundo dos machotildees do militarismo natildeo era difiacutecil

ver quem perderia essa batalha doutrinaacuteria obviamente que eacute o cara que

apenas fala de lsquooutras coisas aleacutem do tema guerrarsquo Quem afinal de contas

entra nas Forccedilas Armadas para fazer qualquer outra coisa que natildeo seja

guerra Quer dizer isso natildeo eacute coisa do chamado Corpo de Pazrdquo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

99

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

O DOD durante o Katrina

Muitos dos encarregados de dar uma resposta agrave crise inclusive os

funcionaacuterios do DOD consideraram que a resposta do departamento ao

Katrina foi lenta Outros funcionaacuterios defenderam a resposta dada por

eles destacando que haviam deixado regras burocraacuteticas de lado Ambas

as posiccedilotildees satildeo precisas na medida em que refletem duas etapas distintas

da resposta do DOD No primeiro periacuteodo antes e imediatamente apoacutes a

chegada do furacatildeo o departamento assumiu postura essencialmente

reativa ao esperar por requisiccedilotildees de auxiacutelio das autoridades civis No

segundo periacuteodo iniciado na terccedila-feira um dia apoacutes a chegada do

furacatildeo o DOD adotou postura mais proativa caracterizada por uma cultura

de ldquopoder-fazerrdquo militar que levou o departamento a deixar de lado suas

regras e procedimentos buscando mais efetividade

Periacuteodo um ldquoPor que o excesso de burocracia natildeo estaacute sendo

evitadordquo

Os funcionaacuterios da Fema e do Estado de Lousiana descreveram a

resposta inicial do DOD como devagar e demasiadamente burocraacutetica

Scott Wells um agente de Coordenaccedilatildeo Federal da Fema com 30 anos

de experiecircncia militar considerou o processo Jdoms estranho ldquoEacute mais

que complicado Simplesmente leva muito tempo para ser executadordquo

A equipe da Fema estava frustrada com os casos em que o DOD

poderia ter sido mais eficaz no processamento das requisiccedilotildees Levou

24 horas por exemplo para que o departamento processasse pedidos

de helicoacutepteros para analisar os prejuiacutezos A Fema requisitou oito

equipes de resgate com botes salva-vidas tropas treinadas e equipadas

para trabalhar em uma cidade inundada equipamentos de duas bases

da Forccedila Aeacuterea na Califoacuternia (Travis e March) Os intermediaacuterios da

agecircncia trabalharam durante toda a noite na elaboraccedilatildeo da solicitaccedilatildeo

e ficaram sabendo pela manhatilde que o secretaacuterio Rumsfeld natildeo estava

disponiacutevel para aprovaacute-la ndash Rumsfeld estava em San Diego e seu

itineraacuterio incluiacutea um jogo de beisebol do San Diego Padres Em certo

ponto quando ouviram que as regras do Pentaacutegono natildeo permitiam a

aquisiccedilatildeo imediata de um bote para salvar os desabrigados o diretor

da Fema Michael Brown perguntou ldquoPor que a burocracia excessiva

natildeo estaacute sendo cortadardquo

Funcionaacuterios do governo estadual encontraram burocracia excessiva

semelhante Andy Kopplin chefe de Gabinete da governadora de

Lousiana pediu ao Pentaacutegono permissatildeo para o uso de quatro

helicoacutepteros que estavam na Base Aacuterea Fort Polk em Louisiana Na

manhatilde de terccedila-feira a governadora telefonou para a base e soube

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1010

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

que seria necessaacuterio solicitar junto ao DOD a liberaccedilatildeo dos helicoacutepteros

Apoacutes passar quatro horas ao telefone com um funcionaacuterio do Pentaacutegono

a permissatildeo foi dada Mas os helicoacutepteros soacute foram liberados no dia

seguinte Como os pilotos haviam passado o dia ociosos na pista do

aeroporto aguardando ordens acabaram excedendo seu tempo de voo

permitido e natildeo foram autorizados a voar

O DOD argumentou que a maioria dos atrasos no processamento das

solicitaccedilotildees aconteceu em funccedilatildeo de pedidos vagos da Fema Do ponto de

vista dos funcionaacuterios da agecircncia que estavam trabalhando sob condiccedilotildees

precaacuterias o departamento exigiu um alto niacutevel de detalhes criando um

padratildeo de informaccedilatildeo impossiacutevel de satisfazer em meio ao caos do Katrina

Scott Wells insinuou que o DOD queria ldquosaber de 80 a 90 das informaccedilotildees

antes de providenciar um auxiacuteliordquo Uma vez que o DOD revisava o pedido

ele frequentemente voltava agrave Fema para mais esclarecimentos

Alguns funcionaacuterios do DOD que estavam na linha de frente

compartilharam da frustraccedilatildeo de outros responsaacuteveis O capitatildeo Michael

McDaniel representante da Marinha perante a Fema ilustrou a situaccedilatildeo

ldquoO Jdoms ficou famoso lsquoBem vocecirc natildeo pode pedir para ele dessa forma

tem que pedir assimrsquo Entatildeo diga-me como eu devo pedir Soacute preciso de

alguns helicoacutepteros laacute embaixordquo O coronel Don Harrington da cuacutepula

do DOD e representante da Guarda Nacional perante a Fema concordou

que houve alguns atrasos por ldquo9153 razotildees diferentesrdquo o que gerou

certa anguacutestia ldquoEu acho que eacute algo cultural que vem de muito antes

Soacute uma relutacircncia cultural jaacute que eles querem ter certeza de que a

anaacutelise da missatildeo estaacute feita e todas as opccedilotildees foram exploradas antes

de recorrer ao DODrdquo disse o coronel

O general Honoreacute tambeacutem pediu uma abordagem mais proativa Na

noite de domingo ele entrou em contato com a Northcom pedindo que

considerassem quais tipos de apoio poderiam ser fornecidos e

buscassem uma resposta ateacute 2h da manhatilde seguinte Entretanto sem

receber orientaccedilotildees sobre como dispor de recursos do Jdoms a Northcom

relutou em apresentar opccedilotildees atrasando a capacidade do DOD de tornar-

se participante ativo na resposta agrave crise O general Richard Rowe diretor

de operaccedilotildees da Northcom notou que ldquoo Comando das Forccedilas Armadas

e o Estado Maior natildeo fizeram nadardquo e natildeo queriam ver nenhuma

solicitaccedilatildeo iniciada dentro das Forccedilas Armadas ateacute que a Fema emitisse

os pedidos Essa abordagem prejudicou a capacidade de Rowe de detalhar

os tipos de apoio que o departamento poderia providenciar de imediato

Em e-mail ao general Honoreacute 12 horas apoacutes a chegada do Katrina Rowe

explicou que o atraso em providenciar tal informaccedilatildeo se devia ao fato

de que ldquode alguma forma estavam paralisados pelo desejo do Jdoms de

esperar [por solicitaccedilotildees de auxiacutelio]rdquo

Esperando por solicitaccedilotildees especiacuteficas e cautelosamente

examinando-as por meio do Jdoms o DOD atrasou sua proacutepria capacidade

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1111

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

de resposta Os funcionaacuterios do DOD culparam a Fema por natildeo conseguir

preparar pedidos adequados de assistecircncia Isso indicou que o

departamento no iniacutecio tratou o Katrina como um desastre como

qualquer outro No comeccedilo o DOD empregou uma orientaccedilatildeo ldquopuxerdquo ndash

assumindo que a resposta a uma crise deveria ocorrer de baixo para

cima ndash em detrimento de uma abordagem ldquoempurrerdquo Caso tivesse

lanccedilado matildeo desta uacuteltima veriacuteamos o DOD se movimentar rapidamente

para dispor de recursos sem pedidos formais e estabelecer um comando

separado O departamento soacute aplicou a abordagem ldquoempurrerdquo quando

seus funcionaacuterios mais graduados perceberam a extensatildeo da cataacutestrofe

A decisatildeo de avanccedilar para essa abordagem foi tomada em reuniatildeo da

cuacutepula do DOD na terccedila-feira de manhatilde

Periacuteodo dois o cheque em branco

Como outros funcionaacuterios federais que natildeo estavam em Louisiana

a cuacutepula do DOD supocircs que Nova Orleans havia ldquoesquivado-se de uma

balardquo na noite de segunda-feira Na terccedila de manhatilde o subsecretaacuterio

Paul McHale o secretaacuterio adjunto Gordon England (que estava

substituindo Rumsfeld) e o chefe do Estado Maior general Richard

Myers encontraram-se Eles estavam preocupados com uma possiacutevel

amenizaccedilatildeo dos danos por parte da miacutedia e temiam que a Fema natildeo

estivesse encaminhando as solicitaccedilotildees no tempo adequado O

secretaacuterio adjunto England disse ao chefe do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e aos representantes dos serviccedilos militares que eles deveriam

ldquoficar mais atentosrdquo e que a Northcom teria de fornecer tudo o que

fosse necessaacuterio Na tarde de terccedila-feira o general Myers repetiu esses

compromissos aos chefes de serviccedilo acrescentando que eles poderiam

proceder sob o comando verbal dele ou do secretaacuterio adjunto England

para providenciar os recursos necessaacuterios ao comandante da Northcom

Almirante Tomothy Keating England disse a Keating que ele teria um

ldquocheque em brancordquo para responder ao Katrina Uma ordem posterior

deu mais autonomia aos responsaacuteveis do DOD expandindo a autoridade

de Myers para permitir que os comandantes reagissem onde quer que

encontrassem necessidades

As autoridades do DOD anteciparam que toda a atenccedilatildeo da Casa Branca

se voltava para o Katrina e como resultado seu papel seria

significativamente ampliado O almirante Ed Giambastiani chefe

adjunto do Estado Maior das Forccedilas Armadas enviou e-mail ao almirante

Keating agraves 1659 na terccedila-feira dizendo ldquoTudo o que vocecirc pensar e

conseguir movimentar para ontem ndash carregadores helicoacutepteros

caminhotildees navios anfiacutebios C-17s C-130s equipes meacutedicas ndash qualquer

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1212

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 2: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

31 bull w

bullr--

~~Zf middot middot~-~~ ~- l~~

fj ~middot ~ bull -

middot~ _

ltgt -~

ii 1 l

- ~ L ft Iacute i __ -~--~ ~-middot-_ ~ ____ ~-~ ~ ~~ - _

de acadecircmicos e profissionais Foi escrito por Donald P

Moynihan da Universidade de Madison-Wisconsin e editado

por Khris Dodson Este caso deve ser utilizado para discussatildeo

em sala de aula e natildeo pretende sugerir soluccedilotildees eficazes ou

ineficazes para a situaccedilatildeo descrita Eacute apresentado a vocecirc pela

ENAP sob autorizaccedilatildeo do E-Parcc fonte virtual de materiais de

ensino do Parcc da Iniciativa de Governanccedila Colaborativa da

Escola Maxwell da Universidade de Syracuse (EUA) Este

material pode ser copiado quantas vezes forem necessaacuterias

contanto que seja dado creacutedito total aos seus autores

Estas imagens representam uma narrativa simples do que aconteceu

por causa do furacatildeo Katrina A Fema e sua organizaccedilatildeo superior o

Departamento de Seguranccedila Interna (DHS) falharam Seu fracasso foi

parcialmente remediado pelos esforccedilos militares Haacute certa verdade nessa

afirmaccedilatildeo mas ela tambeacutem eacute ilusoacuteria uma vez que representa a resposta

ao Katrina de acordo com a capacidade das organizaccedilotildees em termos

individuais Isso nos leva a pensar que resolver ldquoproblemas terriacuteveisrdquo eacute

uma questatildeo de encontrar a organizaccedilatildeo certa3

A resposta mal dada ao Katrina natildeo foi somente um fracasso de

organizaccedilotildees mas tambeacutem um fracasso de colaboraccedilatildeo Qualidade

necessaacuteria a respostas para uma crise a colaboraccedilatildeo eacute fundamental

porque natildeo haacute uma uacutenica organizaccedilatildeo que possa responder sozinha a

uma crise de larga escala Eacute necessaacuteria uma rede de organizaccedilotildees

responsaacuteveis pela resposta A proacutepria Fema eacute uma agecircncia relativamente

pequena e natildeo tem capacidade para responder diretamente nem mesmo

22 Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

a um desastre de meacutedio porte Seu papel principal em um desastre eacute

estimular a coordenaccedilatildeo estadual local e de outros oacutergatildeos federais

responsaacuteveis assim como de atores privados e de organizaccedilotildees sem

fins lucrativos A Fema depende da vontade de outras organizaccedilotildees de

se engajar na rede de resposta agrave crise que eacute entatildeo impulsionada pelas

responsabilidades de cada organizaccedilatildeo pelas decisotildees estrateacutegicas que

seus liacutederes tomam e por sua cultura organizacional

Este caso examina a colaboraccedilatildeo entre a Fema e a organizaccedilatildeo mais

importante durante o Katrina o Departamento de Defesa (DOD) Por

vaacuterias vezes o DOD apareceu tomado pela ineacutercia enquanto em outras

Ray Nagin entatildeo prefeito de Nova Orleans Michael Brown entatildeo diretor da FEMA George W Bush entatildeo presidente dos EUA e a Kathleen Blanco entatildeo governadora de Louisiana copy Jim WatsonAFPGetty Images

ocasiotildees ignorou regras para providenciar recursos antes mesmo de a

Fema solicitar A natureza complexa da relaccedilatildeo entre essas duas

organizaccedilotildees ressalta que mesmo quando atores diferentes

compartilham o mesmo objetivo e a coordenaccedilatildeo eacute tida como essencial

trabalhar em conjunto nem sempre eacute faacutecil Para entender o contexto

dessa relaccedilatildeo primeiramente devemos revisitar alguns fatos

antecedentes sobre o Katrina bem como compreender as poliacuteticas

federais que devem estimular a colaboraccedilatildeo em meio a uma crise

Histoacuterico Furacatildeo Katrina

Agraves 11h da sexta-feira no dia 26 de agosto o Serviccedilo Nacional de

Meteorologia alertou que o furacatildeo Katrina estava indo em direccedilatildeo a

Nova Orleans A governadora de Louisiana agrave eacutepoca Kathleen Blanco

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

33

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

preocupou-se a ponto de declarar estado de emergecircncia Mais tarde o

Serviccedilo Nacional de Meteorologia revisou sua previsatildeo Agraves 16h a

tempestade estava prevista para atingir a costa do Mississipi Agraves 4h do

saacutebado Nova Orleans novamente esperava ser atingida Nesse mesmo

dia evacuaccedilotildees voluntaacuterias comeccedilaram em Louisiana O presidente Bush

declarou estado de emergecircncia e a Fema e outros oacutergatildeos puacuteblicos

encarregados das situaccedilotildees de emergecircncia comeccedilaram operaccedilotildees de 24

horas Agraves 19h do saacutebado o Serviccedilo Nacional de Meteorologia alertou

que barragens poderiam transbordar em Nova Orleans causando

inundaccedilotildees catastroacuteficas

O entatildeo prefeito de Nova Orleans Ray Nigan ordenou uma evacuaccedilatildeo

obrigatoacuteria agraves 9h30 da manhatilde de domingo e o estaacutedio Superdome foi

usado como abrigo improvisado O Katrina atingiu a costa agraves 6h10 da

manhatilde de segunda-feira Mais tarde nessa mesma manhatilde as barragens

comeccedilaram a transbordar e romper-se levando a inundaccedilotildees

catastroacuteficas embora o Departamento de Seguranccedila Interna (DHS) e a

Casa Branca natildeo soubessem disso ateacute a manhatilde de terccedila-feira As

operaccedilotildees de busca e salvamento comeccedilaram na segunda-feira agrave tarde

mas a comunicaccedilatildeo tambeacutem comeccedilou a falhar nesse momento O

secretaacuterio do DHS Michael Chertoff declarou ldquoIncidente de Significacircncia

Nacionalrdquo na terccedila-feira agrave noite Na quinta-feira alguns ocircnibus

finalmente chegaram para comeccedilar as evacuaccedilotildees do Superdome e de

outro abrigo no Centro de Convenccedilatildeo Morial embora tais evacuaccedilotildees

natildeo tenham sido concluiacutedas ateacute saacutebado e algumas pessoas tenham

permanecido ilhadas nas rodovias ateacute segunda-feira

Uma cataacutestrofe da magnitude do Katrina eacute diferente de outros

desastres Ela requer mais de tudo principalmente no que diz respeito

a recursos e encarregados Ao mesmo tempo a tempestade reduziu a

capacidade de resposta especialmente com relaccedilatildeo a recursos estaduais

e locais Mesmo com os encarregados trabalhando no limite de suas

capacidades o Katrina criou uma demanda sem precedentes por accedilotildees

e serviccedilos como alimentos aacutegua evacuaccedilatildeo busca e salvamento e

abrigos A tiacutetulo de exemplo nos dias conseguintes ao Katrina 563

abrigos da Cruz Vermelha ou de emergecircncia em Louisiana abrigaram

146292 pessoas que natildeo tinham comida aacutegua serviccedilos meacutedicos e

saneamento baacutesico adequados

Coordenando a resposta agrave crise

O governo dos Estados Unidos lutou para encontrar a melhor maneira

de lidar com o desafio de estimular a colaboraccedilatildeo interorganizacional

em meio agrave crise A cataacutestrofe de 11 de Setembro viu o receacutem-criado DHS

exigir modelo uacutenico para coordenaccedilatildeo de resposta agrave crise Tal modelo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

44

r

Comando

1

1 1 1 r -- r r -- r --

Operaccedilotildees Logiacutestica Planejamento Financcedilas

Administraccedilatildeo

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

foi o Sistema de Comando de Incidentes (ICS) O ICS foi uma inovaccedilatildeo

dos responsaacuteveis para conter os incecircndios florestais na Califoacuternia no

iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo XX O sistema procurava encontrar uma

linguagem comum conceitos de gerenciamento e meios de

comunicaccedilatildeo que facilitassem a coordenaccedilatildeo A principal inovaccedilatildeo do

ICS foi centralizar temporariamente a autoridade para liderar vaacuterias

organizaccedilotildees Para isso designa-se um comandante especiacutefico para a

situaccedilatildeo que direciona e coordena os esforccedilos taacuteticos das vaacuterias

organizaccedilotildees utilizando funccedilotildees padronizadas de resposta agrave crise em

relaccedilatildeo a operaccedilotildees logiacutestica planejamento financcedilas e administraccedilatildeo

(veja Figura 1 e Apecircndice 1 para mais detalhes)

Figura 1 O Sistema de Comando de Incidentes

Nos anos seguintes agrave criaccedilatildeo do ICS alguns profissionais perceberam

que o sistema conseguia reduzir os problemas de coordenaccedilatildeo e

aprimorar a efetividade de resposta agraves queimadas Enquanto sua

reputaccedilatildeo crescia os encarregados de gerenciar crises fora da Califoacuternia

comeccedilaram a utilizaacute-lo para combater as queimadas nas florestas e para

outras tarefas como limpeza de materiais toacutexicos terremotos e

inundaccedilotildees

Em 2004 o DHS estabeleceu o novo Plano Nacional de Respostas

(NRP) que exigia que todos os encarregados federais utilizassem a

abordagem ICS assim como quaisquer responsaacuteveis estaduais e locais

que recebessem subvenccedilotildees do DHS O Katrina foi o primeiro grande

desastre que ocorreu apoacutes a introduccedilatildeo das novas poliacuteticas de

gerenciamento de crises e representou seu primeiro teste criacutetico

Contudo o ICS natildeo foi capaz de fornecer unidade de comando e direccedilatildeo

clara aos encarregados Nenhum oacutergatildeo assumiu a responsabilidade nas

primeiras etapas do desastre Havia trecircs grandes comandos operacionais

com funcionaacuterios federais em campo durante o Katrina

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

55

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

bull O Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto e o Coordenador

Federal (FCO) O NRP designa o FCO (William Lokey da Fema) como

comandante federal da resposta agrave crise O FCO forma um comando

unificado com o coordenador estadual que eacute responsaacutevel por coordenar

as necessidades e accedilotildees estaduais e locais com as accedilotildees federais De

acordo com o modelo claacutessico do ICS o Gabinete de Trabalho de Campo

Conjunto eacute a unidade de comando Mas no caso do Katrina existiam

dois outros comandos

bull O Diretor Federal (PFO) O NRP criou o cargo de PFO para agir

como os olhos e ouvidos do DHS no territoacuterio mas natildeo para tomar

decisotildees operacionais O secretaacuterio Chertoff nomeou Michael Brown

como PFO na terccedila-feira um dia antes da chegada do furacatildeo Mas Brown

natildeo tinha a formaccedilatildeo necessaacuteria para funccedilatildeo e pensava que o cargo seria

uma distraccedilatildeo desnecessaacuteria de seus deveres Brown fez um trabalho

tatildeo deficiente de comunicaccedilatildeo com Chertoff que o secretaacuterio do DHS

finalmente disse a ele que parasse de se movimentar e ficasse em Baton

Rouge Os funcionaacuterios do DHS ficaram confusos em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo do

PFO Alguns pareciam achar que era efetivamente a funccedilatildeo do

comandante de campo ultrapassando o FCO Em um exerciacutecio de resposta

preacute-Katrina essa confusatildeo havia sido evidenciada mas natildeo fora

solucionada O PFO que sucedeu Brown o almirante Thad Allen natildeo

esclareceu a confusatildeo Em vez disso estabeleceu um comando separado

que tomava decisotildees operacionais sem trabalhar em conjunto com o

gabinete Na praacutetica essa tensatildeo soacute foi resolvida quando Allen assumiu

tambeacutem o cargo de FCO

bull Forccedila-Tarefa Katrina Esse comando direcionou as forccedilas do DOD

O general Honoreacute que liderou a Forccedila-Tarefa recebeu pedidos dos

governos estadual e local e realizou accedilotildees descoordenadas com o

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto

De acordo com o NRP autoridades estaduais e locais deveriam ter

trabalhado por meio do Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto Mas

a multiplicidade de comandos entre os encarregados federais dificultou

o estabelecimento de linhas claras de coordenaccedilatildeo intergovernamental

Outros fatores limitaram o potencial de colaboraccedilatildeo entre autoridades

federais estaduais e locais Grande parte da infraestrutura de

emergecircncia local e estadual foi destruiacuteda e ateacute mesmo os primeiros

encarregados foram viacutetimas das enchentes Muitos encarregados locais

perderam materiais de auxiacutelio agrave resposta tendo que evacuar ou ficar

isolados pela inundaccedilatildeo Em Nova Orleans por exemplo os ocircnibus

urbanos foram inundados apesar de estarem em aacutereas que natildeo haviam

sido inundadas em tempestades anteriores Em todo caso os motoristas

em potencial jaacute haviam sido evacuados Centros de operaccedilotildees

emergenciais preacute-designados foram considerados inutilizaacuteveis devido

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

66

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

agrave inundaccedilatildeo ou em funccedilatildeo de outro tipo de dano eliminando bases de

operaccedilotildees de comando e resultando em coordenaccedilatildeo deficiente e tempo

perdido enquanto os responsaacuteveis procuravam por novos locais Os

encarregados federais estavam sempre distantes para que suas

intervenccedilotildees fossem efetivas e o transporte estava em sua maioria

inutilizado Os meios de comunicaccedilatildeo tambeacutem foram gravemente

afetados limitando a capacidade de tomar conhecimento sobre a

situaccedilatildeo compartilhar informaccedilotildees e coordenar accedilotildees Mais de 3 milhotildees

de linhas telefocircnicas foram perdidas nos estados afetados inclusive

linhas do serviccedilo 190 Celulares tambeacutem foram afetados com

aproximadamente 2 mil serviccedilos de telefonia inoperantes e poucos locais

para carregar os aparelhos por causa da falta de energia eleacutetrica

Mas o potencial para colaboraccedilatildeo intergovernamental tambeacutem foi

sabotado antes do furacatildeo Katrina por conta de uma seacuterie de mudanccedilas

poliacuteticas poacutes-11 de Setembro A Fema foi transferida para o receacutem-criado

DHS em 2002 reduzindo a habilidade de manter seu papel tradicional

como o elemento central de coesatildeo das relaccedilotildees emergenciais

intergovernamentais A agecircncia perdeu recursos que permitiam reunir

esforccedilos intergovernamentais de planejamento fundamentais agrave construccedilatildeo

de tais relaccedilotildees Tambeacutem perdeu influecircncia poliacutetica e autoridade para

conceder subsiacutedios aos esforccedilos estaduais e locais de prevenccedilatildeo dando

aos governos estadual e local menos razotildees para prestar atenccedilatildeo agrave agecircncia

Como a Fema entrou em decliacutenio sua moral tambeacutem foi abalada

Funcionaacuterios antigos do alto escalatildeo saiacuteram levando consigo deacutecadas de

relaccedilotildees com parceiros dos governos estaduais e locais

A visatildeo do DOD de resposta agrave crise

Para as agecircncias federais o NRP havia identificado preliminarmente

as responsabilidades especiacuteficas do desastre a fim de reduzir a confusatildeo

quando a crise ocorresse O DHS esperava que com isso estabeleceria

uma base para a colaboraccedilatildeo no momento de crise A Fema identificaria

uma necessidade e comunicaria aos oacutergatildeos federais competentes que

forneceriam os recursos requisitados Refletindo sua extrema

importacircncia o DOD tinha responsabilidades em quase todas as funccedilotildees

de apoio emergencial identificadas pela NRP (ver Apecircndice 2)

Mas o processo eacute complicado pela compreensatildeo do DOD sobre seu

papel na resposta agrave crise O departamento tem suas proacuteprias diretrizes

que refletem uma relutacircncia em se engajar na resposta agrave crise e

preocupaccedilotildees especiacuteficas em relaccedilatildeo agrave colaboraccedilatildeo interagencial4 Essa

poliacutetica decreta que o DOD se envolveraacute ldquoapenas quando outros recursos

locais estaduais ou federais estiverem indisponiacuteveis e apenas se o seu

apoio na resposta agrave crise natildeo interferir na sua missatildeo primaacuteria ou na sua

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

77

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

habilidade para responder a contingecircncias operacionaisrdquo A posiccedilatildeo

oficial do departamento eacute a de que ele natildeo pode fazer parte de nenhum

comando de incidente que natildeo esteja sob o controle de seus

funcionaacuterios Isto eacute quando em articulaccedilatildeo com outros oacutergatildeos federais

o DOD natildeo pode ser comandado por qualquer civil que natildeo seja o

presidente e o proacuteprio secretaacuterio

Diante dessas limitaccedilotildees o DOD oferece duas formas de capacidade

de resposta agrave crise Primeiramente quando for necessaacuterio o

departamento estaacute disposto a fornecer ajuda agraves autoridades civis mas

encara as solicitaccedilotildees de missatildeo mais como pedidos de auxiacutelio do que

como ordens de um comando O DOD facilita essa coordenaccedilatildeo colocando

o coordenador de Defesa para trabalhar com o coordenador federal no

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto no local do incidente O

Gabinete de Coordenaccedilatildeo de Defesa eacute o comando local dos recursos do

DOD a natildeo ser que um comando separado seja estabelecido

Em segundo lugar se o evento for grave o suficiente as Forccedilas

Armadas podem decidir pelo estabelecimento de um comando

separado para direcionar suas proacuteprias forccedilas No Katrina isso resultou

na formaccedilatildeo da Forccedila-Tarefa liderada pelo general Russel L Honoreacute

Um conjunto de regras auto-impostas configura restriccedilatildeo adicional

na colaboraccedilatildeo do DOD durante a crise O processo para revisar pedidos

de auxiacutelio eacute estabelecido pela Diretriz DOD 302515 de 1997 Os pedidos

devem ir do coordenador federal para o de Defesa que entatildeo

repassa-os por meio do Comando do Norte (Northcom ndash a parte do

departamento cujo teatro de operaccedilotildees inclui os Estados Unidos) ao

Gabinete do secretaacuterio executivo de Defesa e por fim ao diretor de

Apoio Militar Conjunto (Jdoms) A validade e legalidade do pedido

satildeo revisadas a cada etapa e espera-se que o pedido estime o periacuteodo

em que o auxiacutelio seraacute necessaacuterio O Jdoms deve considerar o impacto

no orccedilamento do DOD se eacute do interesse do departamento participar

a legalidade da accedilatildeo possiacuteveis danos aos civis e os efeitos sobre a

prontidatildeo das missotildees no exterior A recomendaccedilatildeo do Jdoms eacute

normalmente passada para o Colegiado do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e requer aprovaccedilatildeo presidencial mas em tempos de

desastre ou se autoridades locais precisam de ajuda imediata o DOD

pode se movimentar mais rapidamente

A cautela do DOD em relaccedilatildeo ao seu papel na resposta agrave crise reflete

preocupaccedilatildeo de ser arrastado para missotildees natildeo militares e se tornar

subserviente a outras organizaccedilotildees Tal preocupaccedilatildeo natildeo eacute nova Em

sua anaacutelise claacutessica das relaccedilotildees civil-militar Samuel Huntington

argumentou que o DOD procurava e precisava de uma margem de

autonomia Em troca as Forccedilas Armadas manteriam profissionalismo

eacutetico que enfatizasse a obediecircncia a um comando civil

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

88

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

O general do Exeacutercito americano Russel Honoreacute (esquerda) comandante da Forccedila-Tarefa Katrina o general do Exeacutercito americano Bill Caldwell comandante da 82ordf Divisatildeo Aeacuterea e o entatildeo secretaacuterio da Defesa Donald H Rumsfeld discutem soluccedilotildees para o desastre do furacatildeo Katrina enquanto caminham pelo aeroporto de Nova Orleans em 4 de setembro de 2005 Fotografia do Departamento de Defesa feita pelo sargento da Forccedila Aeacuterea americana Kevin K Gruenwald

Uma resistecircncia agrave cooperaccedilatildeo interagencial marca a histoacuteria do DOD

Dentro do proacuteprio departamento diferentes culturas organizacionais e

rivalidades internas restringiram a coordenaccedilatildeo A desconfianccedila de

trabalhar com outros se tornou mais problemaacutetica quando o DOD foi

convocado para realizar uma seacuterie de novas tarefas que exigem

coordenaccedilatildeo com agentes externos como a luta contra o terrorismo a

diplomacia a reconstruccedilatildeo de naccedilotildees a guerra contra as drogas a

manutenccedilatildeo da paz e respostas a crises Muitos nas Forccedilas Armadas

consideram tais atividades um desvio da missatildeo pois natildeo estatildeo

diretamente relacionadas a vencer guerras Na verdade tais

responsabilidades tecircm seu proacuteprio nome Operaccedilotildees Militares Fora de

Guerra (MOOTW)

Um antigo chefe do Colegiado do Estado Maior das Forccedilas Armadas

zombou da agonia do Pentaacutegono sobre o desvio de missatildeo afirmando

com frequecircncia que ldquohomem que eacute homem natildeo faz MOOTWrdquo O

estrategista militar Michael Barnett nota que aqueles favoraacuteveis a essa

categoria de operaccedilotildees tiveram de enfrentar uma cultura hostil no

departamento ldquoNo mundo dos machotildees do militarismo natildeo era difiacutecil

ver quem perderia essa batalha doutrinaacuteria obviamente que eacute o cara que

apenas fala de lsquooutras coisas aleacutem do tema guerrarsquo Quem afinal de contas

entra nas Forccedilas Armadas para fazer qualquer outra coisa que natildeo seja

guerra Quer dizer isso natildeo eacute coisa do chamado Corpo de Pazrdquo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

99

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

O DOD durante o Katrina

Muitos dos encarregados de dar uma resposta agrave crise inclusive os

funcionaacuterios do DOD consideraram que a resposta do departamento ao

Katrina foi lenta Outros funcionaacuterios defenderam a resposta dada por

eles destacando que haviam deixado regras burocraacuteticas de lado Ambas

as posiccedilotildees satildeo precisas na medida em que refletem duas etapas distintas

da resposta do DOD No primeiro periacuteodo antes e imediatamente apoacutes a

chegada do furacatildeo o departamento assumiu postura essencialmente

reativa ao esperar por requisiccedilotildees de auxiacutelio das autoridades civis No

segundo periacuteodo iniciado na terccedila-feira um dia apoacutes a chegada do

furacatildeo o DOD adotou postura mais proativa caracterizada por uma cultura

de ldquopoder-fazerrdquo militar que levou o departamento a deixar de lado suas

regras e procedimentos buscando mais efetividade

Periacuteodo um ldquoPor que o excesso de burocracia natildeo estaacute sendo

evitadordquo

Os funcionaacuterios da Fema e do Estado de Lousiana descreveram a

resposta inicial do DOD como devagar e demasiadamente burocraacutetica

Scott Wells um agente de Coordenaccedilatildeo Federal da Fema com 30 anos

de experiecircncia militar considerou o processo Jdoms estranho ldquoEacute mais

que complicado Simplesmente leva muito tempo para ser executadordquo

A equipe da Fema estava frustrada com os casos em que o DOD

poderia ter sido mais eficaz no processamento das requisiccedilotildees Levou

24 horas por exemplo para que o departamento processasse pedidos

de helicoacutepteros para analisar os prejuiacutezos A Fema requisitou oito

equipes de resgate com botes salva-vidas tropas treinadas e equipadas

para trabalhar em uma cidade inundada equipamentos de duas bases

da Forccedila Aeacuterea na Califoacuternia (Travis e March) Os intermediaacuterios da

agecircncia trabalharam durante toda a noite na elaboraccedilatildeo da solicitaccedilatildeo

e ficaram sabendo pela manhatilde que o secretaacuterio Rumsfeld natildeo estava

disponiacutevel para aprovaacute-la ndash Rumsfeld estava em San Diego e seu

itineraacuterio incluiacutea um jogo de beisebol do San Diego Padres Em certo

ponto quando ouviram que as regras do Pentaacutegono natildeo permitiam a

aquisiccedilatildeo imediata de um bote para salvar os desabrigados o diretor

da Fema Michael Brown perguntou ldquoPor que a burocracia excessiva

natildeo estaacute sendo cortadardquo

Funcionaacuterios do governo estadual encontraram burocracia excessiva

semelhante Andy Kopplin chefe de Gabinete da governadora de

Lousiana pediu ao Pentaacutegono permissatildeo para o uso de quatro

helicoacutepteros que estavam na Base Aacuterea Fort Polk em Louisiana Na

manhatilde de terccedila-feira a governadora telefonou para a base e soube

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1010

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

que seria necessaacuterio solicitar junto ao DOD a liberaccedilatildeo dos helicoacutepteros

Apoacutes passar quatro horas ao telefone com um funcionaacuterio do Pentaacutegono

a permissatildeo foi dada Mas os helicoacutepteros soacute foram liberados no dia

seguinte Como os pilotos haviam passado o dia ociosos na pista do

aeroporto aguardando ordens acabaram excedendo seu tempo de voo

permitido e natildeo foram autorizados a voar

O DOD argumentou que a maioria dos atrasos no processamento das

solicitaccedilotildees aconteceu em funccedilatildeo de pedidos vagos da Fema Do ponto de

vista dos funcionaacuterios da agecircncia que estavam trabalhando sob condiccedilotildees

precaacuterias o departamento exigiu um alto niacutevel de detalhes criando um

padratildeo de informaccedilatildeo impossiacutevel de satisfazer em meio ao caos do Katrina

Scott Wells insinuou que o DOD queria ldquosaber de 80 a 90 das informaccedilotildees

antes de providenciar um auxiacuteliordquo Uma vez que o DOD revisava o pedido

ele frequentemente voltava agrave Fema para mais esclarecimentos

Alguns funcionaacuterios do DOD que estavam na linha de frente

compartilharam da frustraccedilatildeo de outros responsaacuteveis O capitatildeo Michael

McDaniel representante da Marinha perante a Fema ilustrou a situaccedilatildeo

ldquoO Jdoms ficou famoso lsquoBem vocecirc natildeo pode pedir para ele dessa forma

tem que pedir assimrsquo Entatildeo diga-me como eu devo pedir Soacute preciso de

alguns helicoacutepteros laacute embaixordquo O coronel Don Harrington da cuacutepula

do DOD e representante da Guarda Nacional perante a Fema concordou

que houve alguns atrasos por ldquo9153 razotildees diferentesrdquo o que gerou

certa anguacutestia ldquoEu acho que eacute algo cultural que vem de muito antes

Soacute uma relutacircncia cultural jaacute que eles querem ter certeza de que a

anaacutelise da missatildeo estaacute feita e todas as opccedilotildees foram exploradas antes

de recorrer ao DODrdquo disse o coronel

O general Honoreacute tambeacutem pediu uma abordagem mais proativa Na

noite de domingo ele entrou em contato com a Northcom pedindo que

considerassem quais tipos de apoio poderiam ser fornecidos e

buscassem uma resposta ateacute 2h da manhatilde seguinte Entretanto sem

receber orientaccedilotildees sobre como dispor de recursos do Jdoms a Northcom

relutou em apresentar opccedilotildees atrasando a capacidade do DOD de tornar-

se participante ativo na resposta agrave crise O general Richard Rowe diretor

de operaccedilotildees da Northcom notou que ldquoo Comando das Forccedilas Armadas

e o Estado Maior natildeo fizeram nadardquo e natildeo queriam ver nenhuma

solicitaccedilatildeo iniciada dentro das Forccedilas Armadas ateacute que a Fema emitisse

os pedidos Essa abordagem prejudicou a capacidade de Rowe de detalhar

os tipos de apoio que o departamento poderia providenciar de imediato

Em e-mail ao general Honoreacute 12 horas apoacutes a chegada do Katrina Rowe

explicou que o atraso em providenciar tal informaccedilatildeo se devia ao fato

de que ldquode alguma forma estavam paralisados pelo desejo do Jdoms de

esperar [por solicitaccedilotildees de auxiacutelio]rdquo

Esperando por solicitaccedilotildees especiacuteficas e cautelosamente

examinando-as por meio do Jdoms o DOD atrasou sua proacutepria capacidade

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1111

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

de resposta Os funcionaacuterios do DOD culparam a Fema por natildeo conseguir

preparar pedidos adequados de assistecircncia Isso indicou que o

departamento no iniacutecio tratou o Katrina como um desastre como

qualquer outro No comeccedilo o DOD empregou uma orientaccedilatildeo ldquopuxerdquo ndash

assumindo que a resposta a uma crise deveria ocorrer de baixo para

cima ndash em detrimento de uma abordagem ldquoempurrerdquo Caso tivesse

lanccedilado matildeo desta uacuteltima veriacuteamos o DOD se movimentar rapidamente

para dispor de recursos sem pedidos formais e estabelecer um comando

separado O departamento soacute aplicou a abordagem ldquoempurrerdquo quando

seus funcionaacuterios mais graduados perceberam a extensatildeo da cataacutestrofe

A decisatildeo de avanccedilar para essa abordagem foi tomada em reuniatildeo da

cuacutepula do DOD na terccedila-feira de manhatilde

Periacuteodo dois o cheque em branco

Como outros funcionaacuterios federais que natildeo estavam em Louisiana

a cuacutepula do DOD supocircs que Nova Orleans havia ldquoesquivado-se de uma

balardquo na noite de segunda-feira Na terccedila de manhatilde o subsecretaacuterio

Paul McHale o secretaacuterio adjunto Gordon England (que estava

substituindo Rumsfeld) e o chefe do Estado Maior general Richard

Myers encontraram-se Eles estavam preocupados com uma possiacutevel

amenizaccedilatildeo dos danos por parte da miacutedia e temiam que a Fema natildeo

estivesse encaminhando as solicitaccedilotildees no tempo adequado O

secretaacuterio adjunto England disse ao chefe do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e aos representantes dos serviccedilos militares que eles deveriam

ldquoficar mais atentosrdquo e que a Northcom teria de fornecer tudo o que

fosse necessaacuterio Na tarde de terccedila-feira o general Myers repetiu esses

compromissos aos chefes de serviccedilo acrescentando que eles poderiam

proceder sob o comando verbal dele ou do secretaacuterio adjunto England

para providenciar os recursos necessaacuterios ao comandante da Northcom

Almirante Tomothy Keating England disse a Keating que ele teria um

ldquocheque em brancordquo para responder ao Katrina Uma ordem posterior

deu mais autonomia aos responsaacuteveis do DOD expandindo a autoridade

de Myers para permitir que os comandantes reagissem onde quer que

encontrassem necessidades

As autoridades do DOD anteciparam que toda a atenccedilatildeo da Casa Branca

se voltava para o Katrina e como resultado seu papel seria

significativamente ampliado O almirante Ed Giambastiani chefe

adjunto do Estado Maior das Forccedilas Armadas enviou e-mail ao almirante

Keating agraves 1659 na terccedila-feira dizendo ldquoTudo o que vocecirc pensar e

conseguir movimentar para ontem ndash carregadores helicoacutepteros

caminhotildees navios anfiacutebios C-17s C-130s equipes meacutedicas ndash qualquer

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1212

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 3: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

a um desastre de meacutedio porte Seu papel principal em um desastre eacute

estimular a coordenaccedilatildeo estadual local e de outros oacutergatildeos federais

responsaacuteveis assim como de atores privados e de organizaccedilotildees sem

fins lucrativos A Fema depende da vontade de outras organizaccedilotildees de

se engajar na rede de resposta agrave crise que eacute entatildeo impulsionada pelas

responsabilidades de cada organizaccedilatildeo pelas decisotildees estrateacutegicas que

seus liacutederes tomam e por sua cultura organizacional

Este caso examina a colaboraccedilatildeo entre a Fema e a organizaccedilatildeo mais

importante durante o Katrina o Departamento de Defesa (DOD) Por

vaacuterias vezes o DOD apareceu tomado pela ineacutercia enquanto em outras

Ray Nagin entatildeo prefeito de Nova Orleans Michael Brown entatildeo diretor da FEMA George W Bush entatildeo presidente dos EUA e a Kathleen Blanco entatildeo governadora de Louisiana copy Jim WatsonAFPGetty Images

ocasiotildees ignorou regras para providenciar recursos antes mesmo de a

Fema solicitar A natureza complexa da relaccedilatildeo entre essas duas

organizaccedilotildees ressalta que mesmo quando atores diferentes

compartilham o mesmo objetivo e a coordenaccedilatildeo eacute tida como essencial

trabalhar em conjunto nem sempre eacute faacutecil Para entender o contexto

dessa relaccedilatildeo primeiramente devemos revisitar alguns fatos

antecedentes sobre o Katrina bem como compreender as poliacuteticas

federais que devem estimular a colaboraccedilatildeo em meio a uma crise

Histoacuterico Furacatildeo Katrina

Agraves 11h da sexta-feira no dia 26 de agosto o Serviccedilo Nacional de

Meteorologia alertou que o furacatildeo Katrina estava indo em direccedilatildeo a

Nova Orleans A governadora de Louisiana agrave eacutepoca Kathleen Blanco

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

33

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

preocupou-se a ponto de declarar estado de emergecircncia Mais tarde o

Serviccedilo Nacional de Meteorologia revisou sua previsatildeo Agraves 16h a

tempestade estava prevista para atingir a costa do Mississipi Agraves 4h do

saacutebado Nova Orleans novamente esperava ser atingida Nesse mesmo

dia evacuaccedilotildees voluntaacuterias comeccedilaram em Louisiana O presidente Bush

declarou estado de emergecircncia e a Fema e outros oacutergatildeos puacuteblicos

encarregados das situaccedilotildees de emergecircncia comeccedilaram operaccedilotildees de 24

horas Agraves 19h do saacutebado o Serviccedilo Nacional de Meteorologia alertou

que barragens poderiam transbordar em Nova Orleans causando

inundaccedilotildees catastroacuteficas

O entatildeo prefeito de Nova Orleans Ray Nigan ordenou uma evacuaccedilatildeo

obrigatoacuteria agraves 9h30 da manhatilde de domingo e o estaacutedio Superdome foi

usado como abrigo improvisado O Katrina atingiu a costa agraves 6h10 da

manhatilde de segunda-feira Mais tarde nessa mesma manhatilde as barragens

comeccedilaram a transbordar e romper-se levando a inundaccedilotildees

catastroacuteficas embora o Departamento de Seguranccedila Interna (DHS) e a

Casa Branca natildeo soubessem disso ateacute a manhatilde de terccedila-feira As

operaccedilotildees de busca e salvamento comeccedilaram na segunda-feira agrave tarde

mas a comunicaccedilatildeo tambeacutem comeccedilou a falhar nesse momento O

secretaacuterio do DHS Michael Chertoff declarou ldquoIncidente de Significacircncia

Nacionalrdquo na terccedila-feira agrave noite Na quinta-feira alguns ocircnibus

finalmente chegaram para comeccedilar as evacuaccedilotildees do Superdome e de

outro abrigo no Centro de Convenccedilatildeo Morial embora tais evacuaccedilotildees

natildeo tenham sido concluiacutedas ateacute saacutebado e algumas pessoas tenham

permanecido ilhadas nas rodovias ateacute segunda-feira

Uma cataacutestrofe da magnitude do Katrina eacute diferente de outros

desastres Ela requer mais de tudo principalmente no que diz respeito

a recursos e encarregados Ao mesmo tempo a tempestade reduziu a

capacidade de resposta especialmente com relaccedilatildeo a recursos estaduais

e locais Mesmo com os encarregados trabalhando no limite de suas

capacidades o Katrina criou uma demanda sem precedentes por accedilotildees

e serviccedilos como alimentos aacutegua evacuaccedilatildeo busca e salvamento e

abrigos A tiacutetulo de exemplo nos dias conseguintes ao Katrina 563

abrigos da Cruz Vermelha ou de emergecircncia em Louisiana abrigaram

146292 pessoas que natildeo tinham comida aacutegua serviccedilos meacutedicos e

saneamento baacutesico adequados

Coordenando a resposta agrave crise

O governo dos Estados Unidos lutou para encontrar a melhor maneira

de lidar com o desafio de estimular a colaboraccedilatildeo interorganizacional

em meio agrave crise A cataacutestrofe de 11 de Setembro viu o receacutem-criado DHS

exigir modelo uacutenico para coordenaccedilatildeo de resposta agrave crise Tal modelo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

44

r

Comando

1

1 1 1 r -- r r -- r --

Operaccedilotildees Logiacutestica Planejamento Financcedilas

Administraccedilatildeo

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

foi o Sistema de Comando de Incidentes (ICS) O ICS foi uma inovaccedilatildeo

dos responsaacuteveis para conter os incecircndios florestais na Califoacuternia no

iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo XX O sistema procurava encontrar uma

linguagem comum conceitos de gerenciamento e meios de

comunicaccedilatildeo que facilitassem a coordenaccedilatildeo A principal inovaccedilatildeo do

ICS foi centralizar temporariamente a autoridade para liderar vaacuterias

organizaccedilotildees Para isso designa-se um comandante especiacutefico para a

situaccedilatildeo que direciona e coordena os esforccedilos taacuteticos das vaacuterias

organizaccedilotildees utilizando funccedilotildees padronizadas de resposta agrave crise em

relaccedilatildeo a operaccedilotildees logiacutestica planejamento financcedilas e administraccedilatildeo

(veja Figura 1 e Apecircndice 1 para mais detalhes)

Figura 1 O Sistema de Comando de Incidentes

Nos anos seguintes agrave criaccedilatildeo do ICS alguns profissionais perceberam

que o sistema conseguia reduzir os problemas de coordenaccedilatildeo e

aprimorar a efetividade de resposta agraves queimadas Enquanto sua

reputaccedilatildeo crescia os encarregados de gerenciar crises fora da Califoacuternia

comeccedilaram a utilizaacute-lo para combater as queimadas nas florestas e para

outras tarefas como limpeza de materiais toacutexicos terremotos e

inundaccedilotildees

Em 2004 o DHS estabeleceu o novo Plano Nacional de Respostas

(NRP) que exigia que todos os encarregados federais utilizassem a

abordagem ICS assim como quaisquer responsaacuteveis estaduais e locais

que recebessem subvenccedilotildees do DHS O Katrina foi o primeiro grande

desastre que ocorreu apoacutes a introduccedilatildeo das novas poliacuteticas de

gerenciamento de crises e representou seu primeiro teste criacutetico

Contudo o ICS natildeo foi capaz de fornecer unidade de comando e direccedilatildeo

clara aos encarregados Nenhum oacutergatildeo assumiu a responsabilidade nas

primeiras etapas do desastre Havia trecircs grandes comandos operacionais

com funcionaacuterios federais em campo durante o Katrina

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

55

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

bull O Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto e o Coordenador

Federal (FCO) O NRP designa o FCO (William Lokey da Fema) como

comandante federal da resposta agrave crise O FCO forma um comando

unificado com o coordenador estadual que eacute responsaacutevel por coordenar

as necessidades e accedilotildees estaduais e locais com as accedilotildees federais De

acordo com o modelo claacutessico do ICS o Gabinete de Trabalho de Campo

Conjunto eacute a unidade de comando Mas no caso do Katrina existiam

dois outros comandos

bull O Diretor Federal (PFO) O NRP criou o cargo de PFO para agir

como os olhos e ouvidos do DHS no territoacuterio mas natildeo para tomar

decisotildees operacionais O secretaacuterio Chertoff nomeou Michael Brown

como PFO na terccedila-feira um dia antes da chegada do furacatildeo Mas Brown

natildeo tinha a formaccedilatildeo necessaacuteria para funccedilatildeo e pensava que o cargo seria

uma distraccedilatildeo desnecessaacuteria de seus deveres Brown fez um trabalho

tatildeo deficiente de comunicaccedilatildeo com Chertoff que o secretaacuterio do DHS

finalmente disse a ele que parasse de se movimentar e ficasse em Baton

Rouge Os funcionaacuterios do DHS ficaram confusos em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo do

PFO Alguns pareciam achar que era efetivamente a funccedilatildeo do

comandante de campo ultrapassando o FCO Em um exerciacutecio de resposta

preacute-Katrina essa confusatildeo havia sido evidenciada mas natildeo fora

solucionada O PFO que sucedeu Brown o almirante Thad Allen natildeo

esclareceu a confusatildeo Em vez disso estabeleceu um comando separado

que tomava decisotildees operacionais sem trabalhar em conjunto com o

gabinete Na praacutetica essa tensatildeo soacute foi resolvida quando Allen assumiu

tambeacutem o cargo de FCO

bull Forccedila-Tarefa Katrina Esse comando direcionou as forccedilas do DOD

O general Honoreacute que liderou a Forccedila-Tarefa recebeu pedidos dos

governos estadual e local e realizou accedilotildees descoordenadas com o

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto

De acordo com o NRP autoridades estaduais e locais deveriam ter

trabalhado por meio do Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto Mas

a multiplicidade de comandos entre os encarregados federais dificultou

o estabelecimento de linhas claras de coordenaccedilatildeo intergovernamental

Outros fatores limitaram o potencial de colaboraccedilatildeo entre autoridades

federais estaduais e locais Grande parte da infraestrutura de

emergecircncia local e estadual foi destruiacuteda e ateacute mesmo os primeiros

encarregados foram viacutetimas das enchentes Muitos encarregados locais

perderam materiais de auxiacutelio agrave resposta tendo que evacuar ou ficar

isolados pela inundaccedilatildeo Em Nova Orleans por exemplo os ocircnibus

urbanos foram inundados apesar de estarem em aacutereas que natildeo haviam

sido inundadas em tempestades anteriores Em todo caso os motoristas

em potencial jaacute haviam sido evacuados Centros de operaccedilotildees

emergenciais preacute-designados foram considerados inutilizaacuteveis devido

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

66

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

agrave inundaccedilatildeo ou em funccedilatildeo de outro tipo de dano eliminando bases de

operaccedilotildees de comando e resultando em coordenaccedilatildeo deficiente e tempo

perdido enquanto os responsaacuteveis procuravam por novos locais Os

encarregados federais estavam sempre distantes para que suas

intervenccedilotildees fossem efetivas e o transporte estava em sua maioria

inutilizado Os meios de comunicaccedilatildeo tambeacutem foram gravemente

afetados limitando a capacidade de tomar conhecimento sobre a

situaccedilatildeo compartilhar informaccedilotildees e coordenar accedilotildees Mais de 3 milhotildees

de linhas telefocircnicas foram perdidas nos estados afetados inclusive

linhas do serviccedilo 190 Celulares tambeacutem foram afetados com

aproximadamente 2 mil serviccedilos de telefonia inoperantes e poucos locais

para carregar os aparelhos por causa da falta de energia eleacutetrica

Mas o potencial para colaboraccedilatildeo intergovernamental tambeacutem foi

sabotado antes do furacatildeo Katrina por conta de uma seacuterie de mudanccedilas

poliacuteticas poacutes-11 de Setembro A Fema foi transferida para o receacutem-criado

DHS em 2002 reduzindo a habilidade de manter seu papel tradicional

como o elemento central de coesatildeo das relaccedilotildees emergenciais

intergovernamentais A agecircncia perdeu recursos que permitiam reunir

esforccedilos intergovernamentais de planejamento fundamentais agrave construccedilatildeo

de tais relaccedilotildees Tambeacutem perdeu influecircncia poliacutetica e autoridade para

conceder subsiacutedios aos esforccedilos estaduais e locais de prevenccedilatildeo dando

aos governos estadual e local menos razotildees para prestar atenccedilatildeo agrave agecircncia

Como a Fema entrou em decliacutenio sua moral tambeacutem foi abalada

Funcionaacuterios antigos do alto escalatildeo saiacuteram levando consigo deacutecadas de

relaccedilotildees com parceiros dos governos estaduais e locais

A visatildeo do DOD de resposta agrave crise

Para as agecircncias federais o NRP havia identificado preliminarmente

as responsabilidades especiacuteficas do desastre a fim de reduzir a confusatildeo

quando a crise ocorresse O DHS esperava que com isso estabeleceria

uma base para a colaboraccedilatildeo no momento de crise A Fema identificaria

uma necessidade e comunicaria aos oacutergatildeos federais competentes que

forneceriam os recursos requisitados Refletindo sua extrema

importacircncia o DOD tinha responsabilidades em quase todas as funccedilotildees

de apoio emergencial identificadas pela NRP (ver Apecircndice 2)

Mas o processo eacute complicado pela compreensatildeo do DOD sobre seu

papel na resposta agrave crise O departamento tem suas proacuteprias diretrizes

que refletem uma relutacircncia em se engajar na resposta agrave crise e

preocupaccedilotildees especiacuteficas em relaccedilatildeo agrave colaboraccedilatildeo interagencial4 Essa

poliacutetica decreta que o DOD se envolveraacute ldquoapenas quando outros recursos

locais estaduais ou federais estiverem indisponiacuteveis e apenas se o seu

apoio na resposta agrave crise natildeo interferir na sua missatildeo primaacuteria ou na sua

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

77

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

habilidade para responder a contingecircncias operacionaisrdquo A posiccedilatildeo

oficial do departamento eacute a de que ele natildeo pode fazer parte de nenhum

comando de incidente que natildeo esteja sob o controle de seus

funcionaacuterios Isto eacute quando em articulaccedilatildeo com outros oacutergatildeos federais

o DOD natildeo pode ser comandado por qualquer civil que natildeo seja o

presidente e o proacuteprio secretaacuterio

Diante dessas limitaccedilotildees o DOD oferece duas formas de capacidade

de resposta agrave crise Primeiramente quando for necessaacuterio o

departamento estaacute disposto a fornecer ajuda agraves autoridades civis mas

encara as solicitaccedilotildees de missatildeo mais como pedidos de auxiacutelio do que

como ordens de um comando O DOD facilita essa coordenaccedilatildeo colocando

o coordenador de Defesa para trabalhar com o coordenador federal no

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto no local do incidente O

Gabinete de Coordenaccedilatildeo de Defesa eacute o comando local dos recursos do

DOD a natildeo ser que um comando separado seja estabelecido

Em segundo lugar se o evento for grave o suficiente as Forccedilas

Armadas podem decidir pelo estabelecimento de um comando

separado para direcionar suas proacuteprias forccedilas No Katrina isso resultou

na formaccedilatildeo da Forccedila-Tarefa liderada pelo general Russel L Honoreacute

Um conjunto de regras auto-impostas configura restriccedilatildeo adicional

na colaboraccedilatildeo do DOD durante a crise O processo para revisar pedidos

de auxiacutelio eacute estabelecido pela Diretriz DOD 302515 de 1997 Os pedidos

devem ir do coordenador federal para o de Defesa que entatildeo

repassa-os por meio do Comando do Norte (Northcom ndash a parte do

departamento cujo teatro de operaccedilotildees inclui os Estados Unidos) ao

Gabinete do secretaacuterio executivo de Defesa e por fim ao diretor de

Apoio Militar Conjunto (Jdoms) A validade e legalidade do pedido

satildeo revisadas a cada etapa e espera-se que o pedido estime o periacuteodo

em que o auxiacutelio seraacute necessaacuterio O Jdoms deve considerar o impacto

no orccedilamento do DOD se eacute do interesse do departamento participar

a legalidade da accedilatildeo possiacuteveis danos aos civis e os efeitos sobre a

prontidatildeo das missotildees no exterior A recomendaccedilatildeo do Jdoms eacute

normalmente passada para o Colegiado do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e requer aprovaccedilatildeo presidencial mas em tempos de

desastre ou se autoridades locais precisam de ajuda imediata o DOD

pode se movimentar mais rapidamente

A cautela do DOD em relaccedilatildeo ao seu papel na resposta agrave crise reflete

preocupaccedilatildeo de ser arrastado para missotildees natildeo militares e se tornar

subserviente a outras organizaccedilotildees Tal preocupaccedilatildeo natildeo eacute nova Em

sua anaacutelise claacutessica das relaccedilotildees civil-militar Samuel Huntington

argumentou que o DOD procurava e precisava de uma margem de

autonomia Em troca as Forccedilas Armadas manteriam profissionalismo

eacutetico que enfatizasse a obediecircncia a um comando civil

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

88

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

O general do Exeacutercito americano Russel Honoreacute (esquerda) comandante da Forccedila-Tarefa Katrina o general do Exeacutercito americano Bill Caldwell comandante da 82ordf Divisatildeo Aeacuterea e o entatildeo secretaacuterio da Defesa Donald H Rumsfeld discutem soluccedilotildees para o desastre do furacatildeo Katrina enquanto caminham pelo aeroporto de Nova Orleans em 4 de setembro de 2005 Fotografia do Departamento de Defesa feita pelo sargento da Forccedila Aeacuterea americana Kevin K Gruenwald

Uma resistecircncia agrave cooperaccedilatildeo interagencial marca a histoacuteria do DOD

Dentro do proacuteprio departamento diferentes culturas organizacionais e

rivalidades internas restringiram a coordenaccedilatildeo A desconfianccedila de

trabalhar com outros se tornou mais problemaacutetica quando o DOD foi

convocado para realizar uma seacuterie de novas tarefas que exigem

coordenaccedilatildeo com agentes externos como a luta contra o terrorismo a

diplomacia a reconstruccedilatildeo de naccedilotildees a guerra contra as drogas a

manutenccedilatildeo da paz e respostas a crises Muitos nas Forccedilas Armadas

consideram tais atividades um desvio da missatildeo pois natildeo estatildeo

diretamente relacionadas a vencer guerras Na verdade tais

responsabilidades tecircm seu proacuteprio nome Operaccedilotildees Militares Fora de

Guerra (MOOTW)

Um antigo chefe do Colegiado do Estado Maior das Forccedilas Armadas

zombou da agonia do Pentaacutegono sobre o desvio de missatildeo afirmando

com frequecircncia que ldquohomem que eacute homem natildeo faz MOOTWrdquo O

estrategista militar Michael Barnett nota que aqueles favoraacuteveis a essa

categoria de operaccedilotildees tiveram de enfrentar uma cultura hostil no

departamento ldquoNo mundo dos machotildees do militarismo natildeo era difiacutecil

ver quem perderia essa batalha doutrinaacuteria obviamente que eacute o cara que

apenas fala de lsquooutras coisas aleacutem do tema guerrarsquo Quem afinal de contas

entra nas Forccedilas Armadas para fazer qualquer outra coisa que natildeo seja

guerra Quer dizer isso natildeo eacute coisa do chamado Corpo de Pazrdquo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

99

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

O DOD durante o Katrina

Muitos dos encarregados de dar uma resposta agrave crise inclusive os

funcionaacuterios do DOD consideraram que a resposta do departamento ao

Katrina foi lenta Outros funcionaacuterios defenderam a resposta dada por

eles destacando que haviam deixado regras burocraacuteticas de lado Ambas

as posiccedilotildees satildeo precisas na medida em que refletem duas etapas distintas

da resposta do DOD No primeiro periacuteodo antes e imediatamente apoacutes a

chegada do furacatildeo o departamento assumiu postura essencialmente

reativa ao esperar por requisiccedilotildees de auxiacutelio das autoridades civis No

segundo periacuteodo iniciado na terccedila-feira um dia apoacutes a chegada do

furacatildeo o DOD adotou postura mais proativa caracterizada por uma cultura

de ldquopoder-fazerrdquo militar que levou o departamento a deixar de lado suas

regras e procedimentos buscando mais efetividade

Periacuteodo um ldquoPor que o excesso de burocracia natildeo estaacute sendo

evitadordquo

Os funcionaacuterios da Fema e do Estado de Lousiana descreveram a

resposta inicial do DOD como devagar e demasiadamente burocraacutetica

Scott Wells um agente de Coordenaccedilatildeo Federal da Fema com 30 anos

de experiecircncia militar considerou o processo Jdoms estranho ldquoEacute mais

que complicado Simplesmente leva muito tempo para ser executadordquo

A equipe da Fema estava frustrada com os casos em que o DOD

poderia ter sido mais eficaz no processamento das requisiccedilotildees Levou

24 horas por exemplo para que o departamento processasse pedidos

de helicoacutepteros para analisar os prejuiacutezos A Fema requisitou oito

equipes de resgate com botes salva-vidas tropas treinadas e equipadas

para trabalhar em uma cidade inundada equipamentos de duas bases

da Forccedila Aeacuterea na Califoacuternia (Travis e March) Os intermediaacuterios da

agecircncia trabalharam durante toda a noite na elaboraccedilatildeo da solicitaccedilatildeo

e ficaram sabendo pela manhatilde que o secretaacuterio Rumsfeld natildeo estava

disponiacutevel para aprovaacute-la ndash Rumsfeld estava em San Diego e seu

itineraacuterio incluiacutea um jogo de beisebol do San Diego Padres Em certo

ponto quando ouviram que as regras do Pentaacutegono natildeo permitiam a

aquisiccedilatildeo imediata de um bote para salvar os desabrigados o diretor

da Fema Michael Brown perguntou ldquoPor que a burocracia excessiva

natildeo estaacute sendo cortadardquo

Funcionaacuterios do governo estadual encontraram burocracia excessiva

semelhante Andy Kopplin chefe de Gabinete da governadora de

Lousiana pediu ao Pentaacutegono permissatildeo para o uso de quatro

helicoacutepteros que estavam na Base Aacuterea Fort Polk em Louisiana Na

manhatilde de terccedila-feira a governadora telefonou para a base e soube

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1010

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

que seria necessaacuterio solicitar junto ao DOD a liberaccedilatildeo dos helicoacutepteros

Apoacutes passar quatro horas ao telefone com um funcionaacuterio do Pentaacutegono

a permissatildeo foi dada Mas os helicoacutepteros soacute foram liberados no dia

seguinte Como os pilotos haviam passado o dia ociosos na pista do

aeroporto aguardando ordens acabaram excedendo seu tempo de voo

permitido e natildeo foram autorizados a voar

O DOD argumentou que a maioria dos atrasos no processamento das

solicitaccedilotildees aconteceu em funccedilatildeo de pedidos vagos da Fema Do ponto de

vista dos funcionaacuterios da agecircncia que estavam trabalhando sob condiccedilotildees

precaacuterias o departamento exigiu um alto niacutevel de detalhes criando um

padratildeo de informaccedilatildeo impossiacutevel de satisfazer em meio ao caos do Katrina

Scott Wells insinuou que o DOD queria ldquosaber de 80 a 90 das informaccedilotildees

antes de providenciar um auxiacuteliordquo Uma vez que o DOD revisava o pedido

ele frequentemente voltava agrave Fema para mais esclarecimentos

Alguns funcionaacuterios do DOD que estavam na linha de frente

compartilharam da frustraccedilatildeo de outros responsaacuteveis O capitatildeo Michael

McDaniel representante da Marinha perante a Fema ilustrou a situaccedilatildeo

ldquoO Jdoms ficou famoso lsquoBem vocecirc natildeo pode pedir para ele dessa forma

tem que pedir assimrsquo Entatildeo diga-me como eu devo pedir Soacute preciso de

alguns helicoacutepteros laacute embaixordquo O coronel Don Harrington da cuacutepula

do DOD e representante da Guarda Nacional perante a Fema concordou

que houve alguns atrasos por ldquo9153 razotildees diferentesrdquo o que gerou

certa anguacutestia ldquoEu acho que eacute algo cultural que vem de muito antes

Soacute uma relutacircncia cultural jaacute que eles querem ter certeza de que a

anaacutelise da missatildeo estaacute feita e todas as opccedilotildees foram exploradas antes

de recorrer ao DODrdquo disse o coronel

O general Honoreacute tambeacutem pediu uma abordagem mais proativa Na

noite de domingo ele entrou em contato com a Northcom pedindo que

considerassem quais tipos de apoio poderiam ser fornecidos e

buscassem uma resposta ateacute 2h da manhatilde seguinte Entretanto sem

receber orientaccedilotildees sobre como dispor de recursos do Jdoms a Northcom

relutou em apresentar opccedilotildees atrasando a capacidade do DOD de tornar-

se participante ativo na resposta agrave crise O general Richard Rowe diretor

de operaccedilotildees da Northcom notou que ldquoo Comando das Forccedilas Armadas

e o Estado Maior natildeo fizeram nadardquo e natildeo queriam ver nenhuma

solicitaccedilatildeo iniciada dentro das Forccedilas Armadas ateacute que a Fema emitisse

os pedidos Essa abordagem prejudicou a capacidade de Rowe de detalhar

os tipos de apoio que o departamento poderia providenciar de imediato

Em e-mail ao general Honoreacute 12 horas apoacutes a chegada do Katrina Rowe

explicou que o atraso em providenciar tal informaccedilatildeo se devia ao fato

de que ldquode alguma forma estavam paralisados pelo desejo do Jdoms de

esperar [por solicitaccedilotildees de auxiacutelio]rdquo

Esperando por solicitaccedilotildees especiacuteficas e cautelosamente

examinando-as por meio do Jdoms o DOD atrasou sua proacutepria capacidade

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1111

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

de resposta Os funcionaacuterios do DOD culparam a Fema por natildeo conseguir

preparar pedidos adequados de assistecircncia Isso indicou que o

departamento no iniacutecio tratou o Katrina como um desastre como

qualquer outro No comeccedilo o DOD empregou uma orientaccedilatildeo ldquopuxerdquo ndash

assumindo que a resposta a uma crise deveria ocorrer de baixo para

cima ndash em detrimento de uma abordagem ldquoempurrerdquo Caso tivesse

lanccedilado matildeo desta uacuteltima veriacuteamos o DOD se movimentar rapidamente

para dispor de recursos sem pedidos formais e estabelecer um comando

separado O departamento soacute aplicou a abordagem ldquoempurrerdquo quando

seus funcionaacuterios mais graduados perceberam a extensatildeo da cataacutestrofe

A decisatildeo de avanccedilar para essa abordagem foi tomada em reuniatildeo da

cuacutepula do DOD na terccedila-feira de manhatilde

Periacuteodo dois o cheque em branco

Como outros funcionaacuterios federais que natildeo estavam em Louisiana

a cuacutepula do DOD supocircs que Nova Orleans havia ldquoesquivado-se de uma

balardquo na noite de segunda-feira Na terccedila de manhatilde o subsecretaacuterio

Paul McHale o secretaacuterio adjunto Gordon England (que estava

substituindo Rumsfeld) e o chefe do Estado Maior general Richard

Myers encontraram-se Eles estavam preocupados com uma possiacutevel

amenizaccedilatildeo dos danos por parte da miacutedia e temiam que a Fema natildeo

estivesse encaminhando as solicitaccedilotildees no tempo adequado O

secretaacuterio adjunto England disse ao chefe do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e aos representantes dos serviccedilos militares que eles deveriam

ldquoficar mais atentosrdquo e que a Northcom teria de fornecer tudo o que

fosse necessaacuterio Na tarde de terccedila-feira o general Myers repetiu esses

compromissos aos chefes de serviccedilo acrescentando que eles poderiam

proceder sob o comando verbal dele ou do secretaacuterio adjunto England

para providenciar os recursos necessaacuterios ao comandante da Northcom

Almirante Tomothy Keating England disse a Keating que ele teria um

ldquocheque em brancordquo para responder ao Katrina Uma ordem posterior

deu mais autonomia aos responsaacuteveis do DOD expandindo a autoridade

de Myers para permitir que os comandantes reagissem onde quer que

encontrassem necessidades

As autoridades do DOD anteciparam que toda a atenccedilatildeo da Casa Branca

se voltava para o Katrina e como resultado seu papel seria

significativamente ampliado O almirante Ed Giambastiani chefe

adjunto do Estado Maior das Forccedilas Armadas enviou e-mail ao almirante

Keating agraves 1659 na terccedila-feira dizendo ldquoTudo o que vocecirc pensar e

conseguir movimentar para ontem ndash carregadores helicoacutepteros

caminhotildees navios anfiacutebios C-17s C-130s equipes meacutedicas ndash qualquer

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1212

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 4: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

preocupou-se a ponto de declarar estado de emergecircncia Mais tarde o

Serviccedilo Nacional de Meteorologia revisou sua previsatildeo Agraves 16h a

tempestade estava prevista para atingir a costa do Mississipi Agraves 4h do

saacutebado Nova Orleans novamente esperava ser atingida Nesse mesmo

dia evacuaccedilotildees voluntaacuterias comeccedilaram em Louisiana O presidente Bush

declarou estado de emergecircncia e a Fema e outros oacutergatildeos puacuteblicos

encarregados das situaccedilotildees de emergecircncia comeccedilaram operaccedilotildees de 24

horas Agraves 19h do saacutebado o Serviccedilo Nacional de Meteorologia alertou

que barragens poderiam transbordar em Nova Orleans causando

inundaccedilotildees catastroacuteficas

O entatildeo prefeito de Nova Orleans Ray Nigan ordenou uma evacuaccedilatildeo

obrigatoacuteria agraves 9h30 da manhatilde de domingo e o estaacutedio Superdome foi

usado como abrigo improvisado O Katrina atingiu a costa agraves 6h10 da

manhatilde de segunda-feira Mais tarde nessa mesma manhatilde as barragens

comeccedilaram a transbordar e romper-se levando a inundaccedilotildees

catastroacuteficas embora o Departamento de Seguranccedila Interna (DHS) e a

Casa Branca natildeo soubessem disso ateacute a manhatilde de terccedila-feira As

operaccedilotildees de busca e salvamento comeccedilaram na segunda-feira agrave tarde

mas a comunicaccedilatildeo tambeacutem comeccedilou a falhar nesse momento O

secretaacuterio do DHS Michael Chertoff declarou ldquoIncidente de Significacircncia

Nacionalrdquo na terccedila-feira agrave noite Na quinta-feira alguns ocircnibus

finalmente chegaram para comeccedilar as evacuaccedilotildees do Superdome e de

outro abrigo no Centro de Convenccedilatildeo Morial embora tais evacuaccedilotildees

natildeo tenham sido concluiacutedas ateacute saacutebado e algumas pessoas tenham

permanecido ilhadas nas rodovias ateacute segunda-feira

Uma cataacutestrofe da magnitude do Katrina eacute diferente de outros

desastres Ela requer mais de tudo principalmente no que diz respeito

a recursos e encarregados Ao mesmo tempo a tempestade reduziu a

capacidade de resposta especialmente com relaccedilatildeo a recursos estaduais

e locais Mesmo com os encarregados trabalhando no limite de suas

capacidades o Katrina criou uma demanda sem precedentes por accedilotildees

e serviccedilos como alimentos aacutegua evacuaccedilatildeo busca e salvamento e

abrigos A tiacutetulo de exemplo nos dias conseguintes ao Katrina 563

abrigos da Cruz Vermelha ou de emergecircncia em Louisiana abrigaram

146292 pessoas que natildeo tinham comida aacutegua serviccedilos meacutedicos e

saneamento baacutesico adequados

Coordenando a resposta agrave crise

O governo dos Estados Unidos lutou para encontrar a melhor maneira

de lidar com o desafio de estimular a colaboraccedilatildeo interorganizacional

em meio agrave crise A cataacutestrofe de 11 de Setembro viu o receacutem-criado DHS

exigir modelo uacutenico para coordenaccedilatildeo de resposta agrave crise Tal modelo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

44

r

Comando

1

1 1 1 r -- r r -- r --

Operaccedilotildees Logiacutestica Planejamento Financcedilas

Administraccedilatildeo

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

foi o Sistema de Comando de Incidentes (ICS) O ICS foi uma inovaccedilatildeo

dos responsaacuteveis para conter os incecircndios florestais na Califoacuternia no

iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo XX O sistema procurava encontrar uma

linguagem comum conceitos de gerenciamento e meios de

comunicaccedilatildeo que facilitassem a coordenaccedilatildeo A principal inovaccedilatildeo do

ICS foi centralizar temporariamente a autoridade para liderar vaacuterias

organizaccedilotildees Para isso designa-se um comandante especiacutefico para a

situaccedilatildeo que direciona e coordena os esforccedilos taacuteticos das vaacuterias

organizaccedilotildees utilizando funccedilotildees padronizadas de resposta agrave crise em

relaccedilatildeo a operaccedilotildees logiacutestica planejamento financcedilas e administraccedilatildeo

(veja Figura 1 e Apecircndice 1 para mais detalhes)

Figura 1 O Sistema de Comando de Incidentes

Nos anos seguintes agrave criaccedilatildeo do ICS alguns profissionais perceberam

que o sistema conseguia reduzir os problemas de coordenaccedilatildeo e

aprimorar a efetividade de resposta agraves queimadas Enquanto sua

reputaccedilatildeo crescia os encarregados de gerenciar crises fora da Califoacuternia

comeccedilaram a utilizaacute-lo para combater as queimadas nas florestas e para

outras tarefas como limpeza de materiais toacutexicos terremotos e

inundaccedilotildees

Em 2004 o DHS estabeleceu o novo Plano Nacional de Respostas

(NRP) que exigia que todos os encarregados federais utilizassem a

abordagem ICS assim como quaisquer responsaacuteveis estaduais e locais

que recebessem subvenccedilotildees do DHS O Katrina foi o primeiro grande

desastre que ocorreu apoacutes a introduccedilatildeo das novas poliacuteticas de

gerenciamento de crises e representou seu primeiro teste criacutetico

Contudo o ICS natildeo foi capaz de fornecer unidade de comando e direccedilatildeo

clara aos encarregados Nenhum oacutergatildeo assumiu a responsabilidade nas

primeiras etapas do desastre Havia trecircs grandes comandos operacionais

com funcionaacuterios federais em campo durante o Katrina

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

55

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

bull O Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto e o Coordenador

Federal (FCO) O NRP designa o FCO (William Lokey da Fema) como

comandante federal da resposta agrave crise O FCO forma um comando

unificado com o coordenador estadual que eacute responsaacutevel por coordenar

as necessidades e accedilotildees estaduais e locais com as accedilotildees federais De

acordo com o modelo claacutessico do ICS o Gabinete de Trabalho de Campo

Conjunto eacute a unidade de comando Mas no caso do Katrina existiam

dois outros comandos

bull O Diretor Federal (PFO) O NRP criou o cargo de PFO para agir

como os olhos e ouvidos do DHS no territoacuterio mas natildeo para tomar

decisotildees operacionais O secretaacuterio Chertoff nomeou Michael Brown

como PFO na terccedila-feira um dia antes da chegada do furacatildeo Mas Brown

natildeo tinha a formaccedilatildeo necessaacuteria para funccedilatildeo e pensava que o cargo seria

uma distraccedilatildeo desnecessaacuteria de seus deveres Brown fez um trabalho

tatildeo deficiente de comunicaccedilatildeo com Chertoff que o secretaacuterio do DHS

finalmente disse a ele que parasse de se movimentar e ficasse em Baton

Rouge Os funcionaacuterios do DHS ficaram confusos em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo do

PFO Alguns pareciam achar que era efetivamente a funccedilatildeo do

comandante de campo ultrapassando o FCO Em um exerciacutecio de resposta

preacute-Katrina essa confusatildeo havia sido evidenciada mas natildeo fora

solucionada O PFO que sucedeu Brown o almirante Thad Allen natildeo

esclareceu a confusatildeo Em vez disso estabeleceu um comando separado

que tomava decisotildees operacionais sem trabalhar em conjunto com o

gabinete Na praacutetica essa tensatildeo soacute foi resolvida quando Allen assumiu

tambeacutem o cargo de FCO

bull Forccedila-Tarefa Katrina Esse comando direcionou as forccedilas do DOD

O general Honoreacute que liderou a Forccedila-Tarefa recebeu pedidos dos

governos estadual e local e realizou accedilotildees descoordenadas com o

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto

De acordo com o NRP autoridades estaduais e locais deveriam ter

trabalhado por meio do Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto Mas

a multiplicidade de comandos entre os encarregados federais dificultou

o estabelecimento de linhas claras de coordenaccedilatildeo intergovernamental

Outros fatores limitaram o potencial de colaboraccedilatildeo entre autoridades

federais estaduais e locais Grande parte da infraestrutura de

emergecircncia local e estadual foi destruiacuteda e ateacute mesmo os primeiros

encarregados foram viacutetimas das enchentes Muitos encarregados locais

perderam materiais de auxiacutelio agrave resposta tendo que evacuar ou ficar

isolados pela inundaccedilatildeo Em Nova Orleans por exemplo os ocircnibus

urbanos foram inundados apesar de estarem em aacutereas que natildeo haviam

sido inundadas em tempestades anteriores Em todo caso os motoristas

em potencial jaacute haviam sido evacuados Centros de operaccedilotildees

emergenciais preacute-designados foram considerados inutilizaacuteveis devido

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

66

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

agrave inundaccedilatildeo ou em funccedilatildeo de outro tipo de dano eliminando bases de

operaccedilotildees de comando e resultando em coordenaccedilatildeo deficiente e tempo

perdido enquanto os responsaacuteveis procuravam por novos locais Os

encarregados federais estavam sempre distantes para que suas

intervenccedilotildees fossem efetivas e o transporte estava em sua maioria

inutilizado Os meios de comunicaccedilatildeo tambeacutem foram gravemente

afetados limitando a capacidade de tomar conhecimento sobre a

situaccedilatildeo compartilhar informaccedilotildees e coordenar accedilotildees Mais de 3 milhotildees

de linhas telefocircnicas foram perdidas nos estados afetados inclusive

linhas do serviccedilo 190 Celulares tambeacutem foram afetados com

aproximadamente 2 mil serviccedilos de telefonia inoperantes e poucos locais

para carregar os aparelhos por causa da falta de energia eleacutetrica

Mas o potencial para colaboraccedilatildeo intergovernamental tambeacutem foi

sabotado antes do furacatildeo Katrina por conta de uma seacuterie de mudanccedilas

poliacuteticas poacutes-11 de Setembro A Fema foi transferida para o receacutem-criado

DHS em 2002 reduzindo a habilidade de manter seu papel tradicional

como o elemento central de coesatildeo das relaccedilotildees emergenciais

intergovernamentais A agecircncia perdeu recursos que permitiam reunir

esforccedilos intergovernamentais de planejamento fundamentais agrave construccedilatildeo

de tais relaccedilotildees Tambeacutem perdeu influecircncia poliacutetica e autoridade para

conceder subsiacutedios aos esforccedilos estaduais e locais de prevenccedilatildeo dando

aos governos estadual e local menos razotildees para prestar atenccedilatildeo agrave agecircncia

Como a Fema entrou em decliacutenio sua moral tambeacutem foi abalada

Funcionaacuterios antigos do alto escalatildeo saiacuteram levando consigo deacutecadas de

relaccedilotildees com parceiros dos governos estaduais e locais

A visatildeo do DOD de resposta agrave crise

Para as agecircncias federais o NRP havia identificado preliminarmente

as responsabilidades especiacuteficas do desastre a fim de reduzir a confusatildeo

quando a crise ocorresse O DHS esperava que com isso estabeleceria

uma base para a colaboraccedilatildeo no momento de crise A Fema identificaria

uma necessidade e comunicaria aos oacutergatildeos federais competentes que

forneceriam os recursos requisitados Refletindo sua extrema

importacircncia o DOD tinha responsabilidades em quase todas as funccedilotildees

de apoio emergencial identificadas pela NRP (ver Apecircndice 2)

Mas o processo eacute complicado pela compreensatildeo do DOD sobre seu

papel na resposta agrave crise O departamento tem suas proacuteprias diretrizes

que refletem uma relutacircncia em se engajar na resposta agrave crise e

preocupaccedilotildees especiacuteficas em relaccedilatildeo agrave colaboraccedilatildeo interagencial4 Essa

poliacutetica decreta que o DOD se envolveraacute ldquoapenas quando outros recursos

locais estaduais ou federais estiverem indisponiacuteveis e apenas se o seu

apoio na resposta agrave crise natildeo interferir na sua missatildeo primaacuteria ou na sua

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

77

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

habilidade para responder a contingecircncias operacionaisrdquo A posiccedilatildeo

oficial do departamento eacute a de que ele natildeo pode fazer parte de nenhum

comando de incidente que natildeo esteja sob o controle de seus

funcionaacuterios Isto eacute quando em articulaccedilatildeo com outros oacutergatildeos federais

o DOD natildeo pode ser comandado por qualquer civil que natildeo seja o

presidente e o proacuteprio secretaacuterio

Diante dessas limitaccedilotildees o DOD oferece duas formas de capacidade

de resposta agrave crise Primeiramente quando for necessaacuterio o

departamento estaacute disposto a fornecer ajuda agraves autoridades civis mas

encara as solicitaccedilotildees de missatildeo mais como pedidos de auxiacutelio do que

como ordens de um comando O DOD facilita essa coordenaccedilatildeo colocando

o coordenador de Defesa para trabalhar com o coordenador federal no

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto no local do incidente O

Gabinete de Coordenaccedilatildeo de Defesa eacute o comando local dos recursos do

DOD a natildeo ser que um comando separado seja estabelecido

Em segundo lugar se o evento for grave o suficiente as Forccedilas

Armadas podem decidir pelo estabelecimento de um comando

separado para direcionar suas proacuteprias forccedilas No Katrina isso resultou

na formaccedilatildeo da Forccedila-Tarefa liderada pelo general Russel L Honoreacute

Um conjunto de regras auto-impostas configura restriccedilatildeo adicional

na colaboraccedilatildeo do DOD durante a crise O processo para revisar pedidos

de auxiacutelio eacute estabelecido pela Diretriz DOD 302515 de 1997 Os pedidos

devem ir do coordenador federal para o de Defesa que entatildeo

repassa-os por meio do Comando do Norte (Northcom ndash a parte do

departamento cujo teatro de operaccedilotildees inclui os Estados Unidos) ao

Gabinete do secretaacuterio executivo de Defesa e por fim ao diretor de

Apoio Militar Conjunto (Jdoms) A validade e legalidade do pedido

satildeo revisadas a cada etapa e espera-se que o pedido estime o periacuteodo

em que o auxiacutelio seraacute necessaacuterio O Jdoms deve considerar o impacto

no orccedilamento do DOD se eacute do interesse do departamento participar

a legalidade da accedilatildeo possiacuteveis danos aos civis e os efeitos sobre a

prontidatildeo das missotildees no exterior A recomendaccedilatildeo do Jdoms eacute

normalmente passada para o Colegiado do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e requer aprovaccedilatildeo presidencial mas em tempos de

desastre ou se autoridades locais precisam de ajuda imediata o DOD

pode se movimentar mais rapidamente

A cautela do DOD em relaccedilatildeo ao seu papel na resposta agrave crise reflete

preocupaccedilatildeo de ser arrastado para missotildees natildeo militares e se tornar

subserviente a outras organizaccedilotildees Tal preocupaccedilatildeo natildeo eacute nova Em

sua anaacutelise claacutessica das relaccedilotildees civil-militar Samuel Huntington

argumentou que o DOD procurava e precisava de uma margem de

autonomia Em troca as Forccedilas Armadas manteriam profissionalismo

eacutetico que enfatizasse a obediecircncia a um comando civil

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

88

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

O general do Exeacutercito americano Russel Honoreacute (esquerda) comandante da Forccedila-Tarefa Katrina o general do Exeacutercito americano Bill Caldwell comandante da 82ordf Divisatildeo Aeacuterea e o entatildeo secretaacuterio da Defesa Donald H Rumsfeld discutem soluccedilotildees para o desastre do furacatildeo Katrina enquanto caminham pelo aeroporto de Nova Orleans em 4 de setembro de 2005 Fotografia do Departamento de Defesa feita pelo sargento da Forccedila Aeacuterea americana Kevin K Gruenwald

Uma resistecircncia agrave cooperaccedilatildeo interagencial marca a histoacuteria do DOD

Dentro do proacuteprio departamento diferentes culturas organizacionais e

rivalidades internas restringiram a coordenaccedilatildeo A desconfianccedila de

trabalhar com outros se tornou mais problemaacutetica quando o DOD foi

convocado para realizar uma seacuterie de novas tarefas que exigem

coordenaccedilatildeo com agentes externos como a luta contra o terrorismo a

diplomacia a reconstruccedilatildeo de naccedilotildees a guerra contra as drogas a

manutenccedilatildeo da paz e respostas a crises Muitos nas Forccedilas Armadas

consideram tais atividades um desvio da missatildeo pois natildeo estatildeo

diretamente relacionadas a vencer guerras Na verdade tais

responsabilidades tecircm seu proacuteprio nome Operaccedilotildees Militares Fora de

Guerra (MOOTW)

Um antigo chefe do Colegiado do Estado Maior das Forccedilas Armadas

zombou da agonia do Pentaacutegono sobre o desvio de missatildeo afirmando

com frequecircncia que ldquohomem que eacute homem natildeo faz MOOTWrdquo O

estrategista militar Michael Barnett nota que aqueles favoraacuteveis a essa

categoria de operaccedilotildees tiveram de enfrentar uma cultura hostil no

departamento ldquoNo mundo dos machotildees do militarismo natildeo era difiacutecil

ver quem perderia essa batalha doutrinaacuteria obviamente que eacute o cara que

apenas fala de lsquooutras coisas aleacutem do tema guerrarsquo Quem afinal de contas

entra nas Forccedilas Armadas para fazer qualquer outra coisa que natildeo seja

guerra Quer dizer isso natildeo eacute coisa do chamado Corpo de Pazrdquo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

99

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

O DOD durante o Katrina

Muitos dos encarregados de dar uma resposta agrave crise inclusive os

funcionaacuterios do DOD consideraram que a resposta do departamento ao

Katrina foi lenta Outros funcionaacuterios defenderam a resposta dada por

eles destacando que haviam deixado regras burocraacuteticas de lado Ambas

as posiccedilotildees satildeo precisas na medida em que refletem duas etapas distintas

da resposta do DOD No primeiro periacuteodo antes e imediatamente apoacutes a

chegada do furacatildeo o departamento assumiu postura essencialmente

reativa ao esperar por requisiccedilotildees de auxiacutelio das autoridades civis No

segundo periacuteodo iniciado na terccedila-feira um dia apoacutes a chegada do

furacatildeo o DOD adotou postura mais proativa caracterizada por uma cultura

de ldquopoder-fazerrdquo militar que levou o departamento a deixar de lado suas

regras e procedimentos buscando mais efetividade

Periacuteodo um ldquoPor que o excesso de burocracia natildeo estaacute sendo

evitadordquo

Os funcionaacuterios da Fema e do Estado de Lousiana descreveram a

resposta inicial do DOD como devagar e demasiadamente burocraacutetica

Scott Wells um agente de Coordenaccedilatildeo Federal da Fema com 30 anos

de experiecircncia militar considerou o processo Jdoms estranho ldquoEacute mais

que complicado Simplesmente leva muito tempo para ser executadordquo

A equipe da Fema estava frustrada com os casos em que o DOD

poderia ter sido mais eficaz no processamento das requisiccedilotildees Levou

24 horas por exemplo para que o departamento processasse pedidos

de helicoacutepteros para analisar os prejuiacutezos A Fema requisitou oito

equipes de resgate com botes salva-vidas tropas treinadas e equipadas

para trabalhar em uma cidade inundada equipamentos de duas bases

da Forccedila Aeacuterea na Califoacuternia (Travis e March) Os intermediaacuterios da

agecircncia trabalharam durante toda a noite na elaboraccedilatildeo da solicitaccedilatildeo

e ficaram sabendo pela manhatilde que o secretaacuterio Rumsfeld natildeo estava

disponiacutevel para aprovaacute-la ndash Rumsfeld estava em San Diego e seu

itineraacuterio incluiacutea um jogo de beisebol do San Diego Padres Em certo

ponto quando ouviram que as regras do Pentaacutegono natildeo permitiam a

aquisiccedilatildeo imediata de um bote para salvar os desabrigados o diretor

da Fema Michael Brown perguntou ldquoPor que a burocracia excessiva

natildeo estaacute sendo cortadardquo

Funcionaacuterios do governo estadual encontraram burocracia excessiva

semelhante Andy Kopplin chefe de Gabinete da governadora de

Lousiana pediu ao Pentaacutegono permissatildeo para o uso de quatro

helicoacutepteros que estavam na Base Aacuterea Fort Polk em Louisiana Na

manhatilde de terccedila-feira a governadora telefonou para a base e soube

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1010

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

que seria necessaacuterio solicitar junto ao DOD a liberaccedilatildeo dos helicoacutepteros

Apoacutes passar quatro horas ao telefone com um funcionaacuterio do Pentaacutegono

a permissatildeo foi dada Mas os helicoacutepteros soacute foram liberados no dia

seguinte Como os pilotos haviam passado o dia ociosos na pista do

aeroporto aguardando ordens acabaram excedendo seu tempo de voo

permitido e natildeo foram autorizados a voar

O DOD argumentou que a maioria dos atrasos no processamento das

solicitaccedilotildees aconteceu em funccedilatildeo de pedidos vagos da Fema Do ponto de

vista dos funcionaacuterios da agecircncia que estavam trabalhando sob condiccedilotildees

precaacuterias o departamento exigiu um alto niacutevel de detalhes criando um

padratildeo de informaccedilatildeo impossiacutevel de satisfazer em meio ao caos do Katrina

Scott Wells insinuou que o DOD queria ldquosaber de 80 a 90 das informaccedilotildees

antes de providenciar um auxiacuteliordquo Uma vez que o DOD revisava o pedido

ele frequentemente voltava agrave Fema para mais esclarecimentos

Alguns funcionaacuterios do DOD que estavam na linha de frente

compartilharam da frustraccedilatildeo de outros responsaacuteveis O capitatildeo Michael

McDaniel representante da Marinha perante a Fema ilustrou a situaccedilatildeo

ldquoO Jdoms ficou famoso lsquoBem vocecirc natildeo pode pedir para ele dessa forma

tem que pedir assimrsquo Entatildeo diga-me como eu devo pedir Soacute preciso de

alguns helicoacutepteros laacute embaixordquo O coronel Don Harrington da cuacutepula

do DOD e representante da Guarda Nacional perante a Fema concordou

que houve alguns atrasos por ldquo9153 razotildees diferentesrdquo o que gerou

certa anguacutestia ldquoEu acho que eacute algo cultural que vem de muito antes

Soacute uma relutacircncia cultural jaacute que eles querem ter certeza de que a

anaacutelise da missatildeo estaacute feita e todas as opccedilotildees foram exploradas antes

de recorrer ao DODrdquo disse o coronel

O general Honoreacute tambeacutem pediu uma abordagem mais proativa Na

noite de domingo ele entrou em contato com a Northcom pedindo que

considerassem quais tipos de apoio poderiam ser fornecidos e

buscassem uma resposta ateacute 2h da manhatilde seguinte Entretanto sem

receber orientaccedilotildees sobre como dispor de recursos do Jdoms a Northcom

relutou em apresentar opccedilotildees atrasando a capacidade do DOD de tornar-

se participante ativo na resposta agrave crise O general Richard Rowe diretor

de operaccedilotildees da Northcom notou que ldquoo Comando das Forccedilas Armadas

e o Estado Maior natildeo fizeram nadardquo e natildeo queriam ver nenhuma

solicitaccedilatildeo iniciada dentro das Forccedilas Armadas ateacute que a Fema emitisse

os pedidos Essa abordagem prejudicou a capacidade de Rowe de detalhar

os tipos de apoio que o departamento poderia providenciar de imediato

Em e-mail ao general Honoreacute 12 horas apoacutes a chegada do Katrina Rowe

explicou que o atraso em providenciar tal informaccedilatildeo se devia ao fato

de que ldquode alguma forma estavam paralisados pelo desejo do Jdoms de

esperar [por solicitaccedilotildees de auxiacutelio]rdquo

Esperando por solicitaccedilotildees especiacuteficas e cautelosamente

examinando-as por meio do Jdoms o DOD atrasou sua proacutepria capacidade

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1111

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

de resposta Os funcionaacuterios do DOD culparam a Fema por natildeo conseguir

preparar pedidos adequados de assistecircncia Isso indicou que o

departamento no iniacutecio tratou o Katrina como um desastre como

qualquer outro No comeccedilo o DOD empregou uma orientaccedilatildeo ldquopuxerdquo ndash

assumindo que a resposta a uma crise deveria ocorrer de baixo para

cima ndash em detrimento de uma abordagem ldquoempurrerdquo Caso tivesse

lanccedilado matildeo desta uacuteltima veriacuteamos o DOD se movimentar rapidamente

para dispor de recursos sem pedidos formais e estabelecer um comando

separado O departamento soacute aplicou a abordagem ldquoempurrerdquo quando

seus funcionaacuterios mais graduados perceberam a extensatildeo da cataacutestrofe

A decisatildeo de avanccedilar para essa abordagem foi tomada em reuniatildeo da

cuacutepula do DOD na terccedila-feira de manhatilde

Periacuteodo dois o cheque em branco

Como outros funcionaacuterios federais que natildeo estavam em Louisiana

a cuacutepula do DOD supocircs que Nova Orleans havia ldquoesquivado-se de uma

balardquo na noite de segunda-feira Na terccedila de manhatilde o subsecretaacuterio

Paul McHale o secretaacuterio adjunto Gordon England (que estava

substituindo Rumsfeld) e o chefe do Estado Maior general Richard

Myers encontraram-se Eles estavam preocupados com uma possiacutevel

amenizaccedilatildeo dos danos por parte da miacutedia e temiam que a Fema natildeo

estivesse encaminhando as solicitaccedilotildees no tempo adequado O

secretaacuterio adjunto England disse ao chefe do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e aos representantes dos serviccedilos militares que eles deveriam

ldquoficar mais atentosrdquo e que a Northcom teria de fornecer tudo o que

fosse necessaacuterio Na tarde de terccedila-feira o general Myers repetiu esses

compromissos aos chefes de serviccedilo acrescentando que eles poderiam

proceder sob o comando verbal dele ou do secretaacuterio adjunto England

para providenciar os recursos necessaacuterios ao comandante da Northcom

Almirante Tomothy Keating England disse a Keating que ele teria um

ldquocheque em brancordquo para responder ao Katrina Uma ordem posterior

deu mais autonomia aos responsaacuteveis do DOD expandindo a autoridade

de Myers para permitir que os comandantes reagissem onde quer que

encontrassem necessidades

As autoridades do DOD anteciparam que toda a atenccedilatildeo da Casa Branca

se voltava para o Katrina e como resultado seu papel seria

significativamente ampliado O almirante Ed Giambastiani chefe

adjunto do Estado Maior das Forccedilas Armadas enviou e-mail ao almirante

Keating agraves 1659 na terccedila-feira dizendo ldquoTudo o que vocecirc pensar e

conseguir movimentar para ontem ndash carregadores helicoacutepteros

caminhotildees navios anfiacutebios C-17s C-130s equipes meacutedicas ndash qualquer

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1212

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 5: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

r

Comando

1

1 1 1 r -- r r -- r --

Operaccedilotildees Logiacutestica Planejamento Financcedilas

Administraccedilatildeo

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

foi o Sistema de Comando de Incidentes (ICS) O ICS foi uma inovaccedilatildeo

dos responsaacuteveis para conter os incecircndios florestais na Califoacuternia no

iniacutecio dos anos 70 do seacuteculo XX O sistema procurava encontrar uma

linguagem comum conceitos de gerenciamento e meios de

comunicaccedilatildeo que facilitassem a coordenaccedilatildeo A principal inovaccedilatildeo do

ICS foi centralizar temporariamente a autoridade para liderar vaacuterias

organizaccedilotildees Para isso designa-se um comandante especiacutefico para a

situaccedilatildeo que direciona e coordena os esforccedilos taacuteticos das vaacuterias

organizaccedilotildees utilizando funccedilotildees padronizadas de resposta agrave crise em

relaccedilatildeo a operaccedilotildees logiacutestica planejamento financcedilas e administraccedilatildeo

(veja Figura 1 e Apecircndice 1 para mais detalhes)

Figura 1 O Sistema de Comando de Incidentes

Nos anos seguintes agrave criaccedilatildeo do ICS alguns profissionais perceberam

que o sistema conseguia reduzir os problemas de coordenaccedilatildeo e

aprimorar a efetividade de resposta agraves queimadas Enquanto sua

reputaccedilatildeo crescia os encarregados de gerenciar crises fora da Califoacuternia

comeccedilaram a utilizaacute-lo para combater as queimadas nas florestas e para

outras tarefas como limpeza de materiais toacutexicos terremotos e

inundaccedilotildees

Em 2004 o DHS estabeleceu o novo Plano Nacional de Respostas

(NRP) que exigia que todos os encarregados federais utilizassem a

abordagem ICS assim como quaisquer responsaacuteveis estaduais e locais

que recebessem subvenccedilotildees do DHS O Katrina foi o primeiro grande

desastre que ocorreu apoacutes a introduccedilatildeo das novas poliacuteticas de

gerenciamento de crises e representou seu primeiro teste criacutetico

Contudo o ICS natildeo foi capaz de fornecer unidade de comando e direccedilatildeo

clara aos encarregados Nenhum oacutergatildeo assumiu a responsabilidade nas

primeiras etapas do desastre Havia trecircs grandes comandos operacionais

com funcionaacuterios federais em campo durante o Katrina

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

55

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

bull O Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto e o Coordenador

Federal (FCO) O NRP designa o FCO (William Lokey da Fema) como

comandante federal da resposta agrave crise O FCO forma um comando

unificado com o coordenador estadual que eacute responsaacutevel por coordenar

as necessidades e accedilotildees estaduais e locais com as accedilotildees federais De

acordo com o modelo claacutessico do ICS o Gabinete de Trabalho de Campo

Conjunto eacute a unidade de comando Mas no caso do Katrina existiam

dois outros comandos

bull O Diretor Federal (PFO) O NRP criou o cargo de PFO para agir

como os olhos e ouvidos do DHS no territoacuterio mas natildeo para tomar

decisotildees operacionais O secretaacuterio Chertoff nomeou Michael Brown

como PFO na terccedila-feira um dia antes da chegada do furacatildeo Mas Brown

natildeo tinha a formaccedilatildeo necessaacuteria para funccedilatildeo e pensava que o cargo seria

uma distraccedilatildeo desnecessaacuteria de seus deveres Brown fez um trabalho

tatildeo deficiente de comunicaccedilatildeo com Chertoff que o secretaacuterio do DHS

finalmente disse a ele que parasse de se movimentar e ficasse em Baton

Rouge Os funcionaacuterios do DHS ficaram confusos em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo do

PFO Alguns pareciam achar que era efetivamente a funccedilatildeo do

comandante de campo ultrapassando o FCO Em um exerciacutecio de resposta

preacute-Katrina essa confusatildeo havia sido evidenciada mas natildeo fora

solucionada O PFO que sucedeu Brown o almirante Thad Allen natildeo

esclareceu a confusatildeo Em vez disso estabeleceu um comando separado

que tomava decisotildees operacionais sem trabalhar em conjunto com o

gabinete Na praacutetica essa tensatildeo soacute foi resolvida quando Allen assumiu

tambeacutem o cargo de FCO

bull Forccedila-Tarefa Katrina Esse comando direcionou as forccedilas do DOD

O general Honoreacute que liderou a Forccedila-Tarefa recebeu pedidos dos

governos estadual e local e realizou accedilotildees descoordenadas com o

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto

De acordo com o NRP autoridades estaduais e locais deveriam ter

trabalhado por meio do Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto Mas

a multiplicidade de comandos entre os encarregados federais dificultou

o estabelecimento de linhas claras de coordenaccedilatildeo intergovernamental

Outros fatores limitaram o potencial de colaboraccedilatildeo entre autoridades

federais estaduais e locais Grande parte da infraestrutura de

emergecircncia local e estadual foi destruiacuteda e ateacute mesmo os primeiros

encarregados foram viacutetimas das enchentes Muitos encarregados locais

perderam materiais de auxiacutelio agrave resposta tendo que evacuar ou ficar

isolados pela inundaccedilatildeo Em Nova Orleans por exemplo os ocircnibus

urbanos foram inundados apesar de estarem em aacutereas que natildeo haviam

sido inundadas em tempestades anteriores Em todo caso os motoristas

em potencial jaacute haviam sido evacuados Centros de operaccedilotildees

emergenciais preacute-designados foram considerados inutilizaacuteveis devido

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

66

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

agrave inundaccedilatildeo ou em funccedilatildeo de outro tipo de dano eliminando bases de

operaccedilotildees de comando e resultando em coordenaccedilatildeo deficiente e tempo

perdido enquanto os responsaacuteveis procuravam por novos locais Os

encarregados federais estavam sempre distantes para que suas

intervenccedilotildees fossem efetivas e o transporte estava em sua maioria

inutilizado Os meios de comunicaccedilatildeo tambeacutem foram gravemente

afetados limitando a capacidade de tomar conhecimento sobre a

situaccedilatildeo compartilhar informaccedilotildees e coordenar accedilotildees Mais de 3 milhotildees

de linhas telefocircnicas foram perdidas nos estados afetados inclusive

linhas do serviccedilo 190 Celulares tambeacutem foram afetados com

aproximadamente 2 mil serviccedilos de telefonia inoperantes e poucos locais

para carregar os aparelhos por causa da falta de energia eleacutetrica

Mas o potencial para colaboraccedilatildeo intergovernamental tambeacutem foi

sabotado antes do furacatildeo Katrina por conta de uma seacuterie de mudanccedilas

poliacuteticas poacutes-11 de Setembro A Fema foi transferida para o receacutem-criado

DHS em 2002 reduzindo a habilidade de manter seu papel tradicional

como o elemento central de coesatildeo das relaccedilotildees emergenciais

intergovernamentais A agecircncia perdeu recursos que permitiam reunir

esforccedilos intergovernamentais de planejamento fundamentais agrave construccedilatildeo

de tais relaccedilotildees Tambeacutem perdeu influecircncia poliacutetica e autoridade para

conceder subsiacutedios aos esforccedilos estaduais e locais de prevenccedilatildeo dando

aos governos estadual e local menos razotildees para prestar atenccedilatildeo agrave agecircncia

Como a Fema entrou em decliacutenio sua moral tambeacutem foi abalada

Funcionaacuterios antigos do alto escalatildeo saiacuteram levando consigo deacutecadas de

relaccedilotildees com parceiros dos governos estaduais e locais

A visatildeo do DOD de resposta agrave crise

Para as agecircncias federais o NRP havia identificado preliminarmente

as responsabilidades especiacuteficas do desastre a fim de reduzir a confusatildeo

quando a crise ocorresse O DHS esperava que com isso estabeleceria

uma base para a colaboraccedilatildeo no momento de crise A Fema identificaria

uma necessidade e comunicaria aos oacutergatildeos federais competentes que

forneceriam os recursos requisitados Refletindo sua extrema

importacircncia o DOD tinha responsabilidades em quase todas as funccedilotildees

de apoio emergencial identificadas pela NRP (ver Apecircndice 2)

Mas o processo eacute complicado pela compreensatildeo do DOD sobre seu

papel na resposta agrave crise O departamento tem suas proacuteprias diretrizes

que refletem uma relutacircncia em se engajar na resposta agrave crise e

preocupaccedilotildees especiacuteficas em relaccedilatildeo agrave colaboraccedilatildeo interagencial4 Essa

poliacutetica decreta que o DOD se envolveraacute ldquoapenas quando outros recursos

locais estaduais ou federais estiverem indisponiacuteveis e apenas se o seu

apoio na resposta agrave crise natildeo interferir na sua missatildeo primaacuteria ou na sua

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

77

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

habilidade para responder a contingecircncias operacionaisrdquo A posiccedilatildeo

oficial do departamento eacute a de que ele natildeo pode fazer parte de nenhum

comando de incidente que natildeo esteja sob o controle de seus

funcionaacuterios Isto eacute quando em articulaccedilatildeo com outros oacutergatildeos federais

o DOD natildeo pode ser comandado por qualquer civil que natildeo seja o

presidente e o proacuteprio secretaacuterio

Diante dessas limitaccedilotildees o DOD oferece duas formas de capacidade

de resposta agrave crise Primeiramente quando for necessaacuterio o

departamento estaacute disposto a fornecer ajuda agraves autoridades civis mas

encara as solicitaccedilotildees de missatildeo mais como pedidos de auxiacutelio do que

como ordens de um comando O DOD facilita essa coordenaccedilatildeo colocando

o coordenador de Defesa para trabalhar com o coordenador federal no

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto no local do incidente O

Gabinete de Coordenaccedilatildeo de Defesa eacute o comando local dos recursos do

DOD a natildeo ser que um comando separado seja estabelecido

Em segundo lugar se o evento for grave o suficiente as Forccedilas

Armadas podem decidir pelo estabelecimento de um comando

separado para direcionar suas proacuteprias forccedilas No Katrina isso resultou

na formaccedilatildeo da Forccedila-Tarefa liderada pelo general Russel L Honoreacute

Um conjunto de regras auto-impostas configura restriccedilatildeo adicional

na colaboraccedilatildeo do DOD durante a crise O processo para revisar pedidos

de auxiacutelio eacute estabelecido pela Diretriz DOD 302515 de 1997 Os pedidos

devem ir do coordenador federal para o de Defesa que entatildeo

repassa-os por meio do Comando do Norte (Northcom ndash a parte do

departamento cujo teatro de operaccedilotildees inclui os Estados Unidos) ao

Gabinete do secretaacuterio executivo de Defesa e por fim ao diretor de

Apoio Militar Conjunto (Jdoms) A validade e legalidade do pedido

satildeo revisadas a cada etapa e espera-se que o pedido estime o periacuteodo

em que o auxiacutelio seraacute necessaacuterio O Jdoms deve considerar o impacto

no orccedilamento do DOD se eacute do interesse do departamento participar

a legalidade da accedilatildeo possiacuteveis danos aos civis e os efeitos sobre a

prontidatildeo das missotildees no exterior A recomendaccedilatildeo do Jdoms eacute

normalmente passada para o Colegiado do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e requer aprovaccedilatildeo presidencial mas em tempos de

desastre ou se autoridades locais precisam de ajuda imediata o DOD

pode se movimentar mais rapidamente

A cautela do DOD em relaccedilatildeo ao seu papel na resposta agrave crise reflete

preocupaccedilatildeo de ser arrastado para missotildees natildeo militares e se tornar

subserviente a outras organizaccedilotildees Tal preocupaccedilatildeo natildeo eacute nova Em

sua anaacutelise claacutessica das relaccedilotildees civil-militar Samuel Huntington

argumentou que o DOD procurava e precisava de uma margem de

autonomia Em troca as Forccedilas Armadas manteriam profissionalismo

eacutetico que enfatizasse a obediecircncia a um comando civil

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

88

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

O general do Exeacutercito americano Russel Honoreacute (esquerda) comandante da Forccedila-Tarefa Katrina o general do Exeacutercito americano Bill Caldwell comandante da 82ordf Divisatildeo Aeacuterea e o entatildeo secretaacuterio da Defesa Donald H Rumsfeld discutem soluccedilotildees para o desastre do furacatildeo Katrina enquanto caminham pelo aeroporto de Nova Orleans em 4 de setembro de 2005 Fotografia do Departamento de Defesa feita pelo sargento da Forccedila Aeacuterea americana Kevin K Gruenwald

Uma resistecircncia agrave cooperaccedilatildeo interagencial marca a histoacuteria do DOD

Dentro do proacuteprio departamento diferentes culturas organizacionais e

rivalidades internas restringiram a coordenaccedilatildeo A desconfianccedila de

trabalhar com outros se tornou mais problemaacutetica quando o DOD foi

convocado para realizar uma seacuterie de novas tarefas que exigem

coordenaccedilatildeo com agentes externos como a luta contra o terrorismo a

diplomacia a reconstruccedilatildeo de naccedilotildees a guerra contra as drogas a

manutenccedilatildeo da paz e respostas a crises Muitos nas Forccedilas Armadas

consideram tais atividades um desvio da missatildeo pois natildeo estatildeo

diretamente relacionadas a vencer guerras Na verdade tais

responsabilidades tecircm seu proacuteprio nome Operaccedilotildees Militares Fora de

Guerra (MOOTW)

Um antigo chefe do Colegiado do Estado Maior das Forccedilas Armadas

zombou da agonia do Pentaacutegono sobre o desvio de missatildeo afirmando

com frequecircncia que ldquohomem que eacute homem natildeo faz MOOTWrdquo O

estrategista militar Michael Barnett nota que aqueles favoraacuteveis a essa

categoria de operaccedilotildees tiveram de enfrentar uma cultura hostil no

departamento ldquoNo mundo dos machotildees do militarismo natildeo era difiacutecil

ver quem perderia essa batalha doutrinaacuteria obviamente que eacute o cara que

apenas fala de lsquooutras coisas aleacutem do tema guerrarsquo Quem afinal de contas

entra nas Forccedilas Armadas para fazer qualquer outra coisa que natildeo seja

guerra Quer dizer isso natildeo eacute coisa do chamado Corpo de Pazrdquo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

99

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

O DOD durante o Katrina

Muitos dos encarregados de dar uma resposta agrave crise inclusive os

funcionaacuterios do DOD consideraram que a resposta do departamento ao

Katrina foi lenta Outros funcionaacuterios defenderam a resposta dada por

eles destacando que haviam deixado regras burocraacuteticas de lado Ambas

as posiccedilotildees satildeo precisas na medida em que refletem duas etapas distintas

da resposta do DOD No primeiro periacuteodo antes e imediatamente apoacutes a

chegada do furacatildeo o departamento assumiu postura essencialmente

reativa ao esperar por requisiccedilotildees de auxiacutelio das autoridades civis No

segundo periacuteodo iniciado na terccedila-feira um dia apoacutes a chegada do

furacatildeo o DOD adotou postura mais proativa caracterizada por uma cultura

de ldquopoder-fazerrdquo militar que levou o departamento a deixar de lado suas

regras e procedimentos buscando mais efetividade

Periacuteodo um ldquoPor que o excesso de burocracia natildeo estaacute sendo

evitadordquo

Os funcionaacuterios da Fema e do Estado de Lousiana descreveram a

resposta inicial do DOD como devagar e demasiadamente burocraacutetica

Scott Wells um agente de Coordenaccedilatildeo Federal da Fema com 30 anos

de experiecircncia militar considerou o processo Jdoms estranho ldquoEacute mais

que complicado Simplesmente leva muito tempo para ser executadordquo

A equipe da Fema estava frustrada com os casos em que o DOD

poderia ter sido mais eficaz no processamento das requisiccedilotildees Levou

24 horas por exemplo para que o departamento processasse pedidos

de helicoacutepteros para analisar os prejuiacutezos A Fema requisitou oito

equipes de resgate com botes salva-vidas tropas treinadas e equipadas

para trabalhar em uma cidade inundada equipamentos de duas bases

da Forccedila Aeacuterea na Califoacuternia (Travis e March) Os intermediaacuterios da

agecircncia trabalharam durante toda a noite na elaboraccedilatildeo da solicitaccedilatildeo

e ficaram sabendo pela manhatilde que o secretaacuterio Rumsfeld natildeo estava

disponiacutevel para aprovaacute-la ndash Rumsfeld estava em San Diego e seu

itineraacuterio incluiacutea um jogo de beisebol do San Diego Padres Em certo

ponto quando ouviram que as regras do Pentaacutegono natildeo permitiam a

aquisiccedilatildeo imediata de um bote para salvar os desabrigados o diretor

da Fema Michael Brown perguntou ldquoPor que a burocracia excessiva

natildeo estaacute sendo cortadardquo

Funcionaacuterios do governo estadual encontraram burocracia excessiva

semelhante Andy Kopplin chefe de Gabinete da governadora de

Lousiana pediu ao Pentaacutegono permissatildeo para o uso de quatro

helicoacutepteros que estavam na Base Aacuterea Fort Polk em Louisiana Na

manhatilde de terccedila-feira a governadora telefonou para a base e soube

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1010

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

que seria necessaacuterio solicitar junto ao DOD a liberaccedilatildeo dos helicoacutepteros

Apoacutes passar quatro horas ao telefone com um funcionaacuterio do Pentaacutegono

a permissatildeo foi dada Mas os helicoacutepteros soacute foram liberados no dia

seguinte Como os pilotos haviam passado o dia ociosos na pista do

aeroporto aguardando ordens acabaram excedendo seu tempo de voo

permitido e natildeo foram autorizados a voar

O DOD argumentou que a maioria dos atrasos no processamento das

solicitaccedilotildees aconteceu em funccedilatildeo de pedidos vagos da Fema Do ponto de

vista dos funcionaacuterios da agecircncia que estavam trabalhando sob condiccedilotildees

precaacuterias o departamento exigiu um alto niacutevel de detalhes criando um

padratildeo de informaccedilatildeo impossiacutevel de satisfazer em meio ao caos do Katrina

Scott Wells insinuou que o DOD queria ldquosaber de 80 a 90 das informaccedilotildees

antes de providenciar um auxiacuteliordquo Uma vez que o DOD revisava o pedido

ele frequentemente voltava agrave Fema para mais esclarecimentos

Alguns funcionaacuterios do DOD que estavam na linha de frente

compartilharam da frustraccedilatildeo de outros responsaacuteveis O capitatildeo Michael

McDaniel representante da Marinha perante a Fema ilustrou a situaccedilatildeo

ldquoO Jdoms ficou famoso lsquoBem vocecirc natildeo pode pedir para ele dessa forma

tem que pedir assimrsquo Entatildeo diga-me como eu devo pedir Soacute preciso de

alguns helicoacutepteros laacute embaixordquo O coronel Don Harrington da cuacutepula

do DOD e representante da Guarda Nacional perante a Fema concordou

que houve alguns atrasos por ldquo9153 razotildees diferentesrdquo o que gerou

certa anguacutestia ldquoEu acho que eacute algo cultural que vem de muito antes

Soacute uma relutacircncia cultural jaacute que eles querem ter certeza de que a

anaacutelise da missatildeo estaacute feita e todas as opccedilotildees foram exploradas antes

de recorrer ao DODrdquo disse o coronel

O general Honoreacute tambeacutem pediu uma abordagem mais proativa Na

noite de domingo ele entrou em contato com a Northcom pedindo que

considerassem quais tipos de apoio poderiam ser fornecidos e

buscassem uma resposta ateacute 2h da manhatilde seguinte Entretanto sem

receber orientaccedilotildees sobre como dispor de recursos do Jdoms a Northcom

relutou em apresentar opccedilotildees atrasando a capacidade do DOD de tornar-

se participante ativo na resposta agrave crise O general Richard Rowe diretor

de operaccedilotildees da Northcom notou que ldquoo Comando das Forccedilas Armadas

e o Estado Maior natildeo fizeram nadardquo e natildeo queriam ver nenhuma

solicitaccedilatildeo iniciada dentro das Forccedilas Armadas ateacute que a Fema emitisse

os pedidos Essa abordagem prejudicou a capacidade de Rowe de detalhar

os tipos de apoio que o departamento poderia providenciar de imediato

Em e-mail ao general Honoreacute 12 horas apoacutes a chegada do Katrina Rowe

explicou que o atraso em providenciar tal informaccedilatildeo se devia ao fato

de que ldquode alguma forma estavam paralisados pelo desejo do Jdoms de

esperar [por solicitaccedilotildees de auxiacutelio]rdquo

Esperando por solicitaccedilotildees especiacuteficas e cautelosamente

examinando-as por meio do Jdoms o DOD atrasou sua proacutepria capacidade

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1111

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

de resposta Os funcionaacuterios do DOD culparam a Fema por natildeo conseguir

preparar pedidos adequados de assistecircncia Isso indicou que o

departamento no iniacutecio tratou o Katrina como um desastre como

qualquer outro No comeccedilo o DOD empregou uma orientaccedilatildeo ldquopuxerdquo ndash

assumindo que a resposta a uma crise deveria ocorrer de baixo para

cima ndash em detrimento de uma abordagem ldquoempurrerdquo Caso tivesse

lanccedilado matildeo desta uacuteltima veriacuteamos o DOD se movimentar rapidamente

para dispor de recursos sem pedidos formais e estabelecer um comando

separado O departamento soacute aplicou a abordagem ldquoempurrerdquo quando

seus funcionaacuterios mais graduados perceberam a extensatildeo da cataacutestrofe

A decisatildeo de avanccedilar para essa abordagem foi tomada em reuniatildeo da

cuacutepula do DOD na terccedila-feira de manhatilde

Periacuteodo dois o cheque em branco

Como outros funcionaacuterios federais que natildeo estavam em Louisiana

a cuacutepula do DOD supocircs que Nova Orleans havia ldquoesquivado-se de uma

balardquo na noite de segunda-feira Na terccedila de manhatilde o subsecretaacuterio

Paul McHale o secretaacuterio adjunto Gordon England (que estava

substituindo Rumsfeld) e o chefe do Estado Maior general Richard

Myers encontraram-se Eles estavam preocupados com uma possiacutevel

amenizaccedilatildeo dos danos por parte da miacutedia e temiam que a Fema natildeo

estivesse encaminhando as solicitaccedilotildees no tempo adequado O

secretaacuterio adjunto England disse ao chefe do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e aos representantes dos serviccedilos militares que eles deveriam

ldquoficar mais atentosrdquo e que a Northcom teria de fornecer tudo o que

fosse necessaacuterio Na tarde de terccedila-feira o general Myers repetiu esses

compromissos aos chefes de serviccedilo acrescentando que eles poderiam

proceder sob o comando verbal dele ou do secretaacuterio adjunto England

para providenciar os recursos necessaacuterios ao comandante da Northcom

Almirante Tomothy Keating England disse a Keating que ele teria um

ldquocheque em brancordquo para responder ao Katrina Uma ordem posterior

deu mais autonomia aos responsaacuteveis do DOD expandindo a autoridade

de Myers para permitir que os comandantes reagissem onde quer que

encontrassem necessidades

As autoridades do DOD anteciparam que toda a atenccedilatildeo da Casa Branca

se voltava para o Katrina e como resultado seu papel seria

significativamente ampliado O almirante Ed Giambastiani chefe

adjunto do Estado Maior das Forccedilas Armadas enviou e-mail ao almirante

Keating agraves 1659 na terccedila-feira dizendo ldquoTudo o que vocecirc pensar e

conseguir movimentar para ontem ndash carregadores helicoacutepteros

caminhotildees navios anfiacutebios C-17s C-130s equipes meacutedicas ndash qualquer

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1212

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 6: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

bull O Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto e o Coordenador

Federal (FCO) O NRP designa o FCO (William Lokey da Fema) como

comandante federal da resposta agrave crise O FCO forma um comando

unificado com o coordenador estadual que eacute responsaacutevel por coordenar

as necessidades e accedilotildees estaduais e locais com as accedilotildees federais De

acordo com o modelo claacutessico do ICS o Gabinete de Trabalho de Campo

Conjunto eacute a unidade de comando Mas no caso do Katrina existiam

dois outros comandos

bull O Diretor Federal (PFO) O NRP criou o cargo de PFO para agir

como os olhos e ouvidos do DHS no territoacuterio mas natildeo para tomar

decisotildees operacionais O secretaacuterio Chertoff nomeou Michael Brown

como PFO na terccedila-feira um dia antes da chegada do furacatildeo Mas Brown

natildeo tinha a formaccedilatildeo necessaacuteria para funccedilatildeo e pensava que o cargo seria

uma distraccedilatildeo desnecessaacuteria de seus deveres Brown fez um trabalho

tatildeo deficiente de comunicaccedilatildeo com Chertoff que o secretaacuterio do DHS

finalmente disse a ele que parasse de se movimentar e ficasse em Baton

Rouge Os funcionaacuterios do DHS ficaram confusos em relaccedilatildeo agrave funccedilatildeo do

PFO Alguns pareciam achar que era efetivamente a funccedilatildeo do

comandante de campo ultrapassando o FCO Em um exerciacutecio de resposta

preacute-Katrina essa confusatildeo havia sido evidenciada mas natildeo fora

solucionada O PFO que sucedeu Brown o almirante Thad Allen natildeo

esclareceu a confusatildeo Em vez disso estabeleceu um comando separado

que tomava decisotildees operacionais sem trabalhar em conjunto com o

gabinete Na praacutetica essa tensatildeo soacute foi resolvida quando Allen assumiu

tambeacutem o cargo de FCO

bull Forccedila-Tarefa Katrina Esse comando direcionou as forccedilas do DOD

O general Honoreacute que liderou a Forccedila-Tarefa recebeu pedidos dos

governos estadual e local e realizou accedilotildees descoordenadas com o

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto

De acordo com o NRP autoridades estaduais e locais deveriam ter

trabalhado por meio do Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto Mas

a multiplicidade de comandos entre os encarregados federais dificultou

o estabelecimento de linhas claras de coordenaccedilatildeo intergovernamental

Outros fatores limitaram o potencial de colaboraccedilatildeo entre autoridades

federais estaduais e locais Grande parte da infraestrutura de

emergecircncia local e estadual foi destruiacuteda e ateacute mesmo os primeiros

encarregados foram viacutetimas das enchentes Muitos encarregados locais

perderam materiais de auxiacutelio agrave resposta tendo que evacuar ou ficar

isolados pela inundaccedilatildeo Em Nova Orleans por exemplo os ocircnibus

urbanos foram inundados apesar de estarem em aacutereas que natildeo haviam

sido inundadas em tempestades anteriores Em todo caso os motoristas

em potencial jaacute haviam sido evacuados Centros de operaccedilotildees

emergenciais preacute-designados foram considerados inutilizaacuteveis devido

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

66

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

agrave inundaccedilatildeo ou em funccedilatildeo de outro tipo de dano eliminando bases de

operaccedilotildees de comando e resultando em coordenaccedilatildeo deficiente e tempo

perdido enquanto os responsaacuteveis procuravam por novos locais Os

encarregados federais estavam sempre distantes para que suas

intervenccedilotildees fossem efetivas e o transporte estava em sua maioria

inutilizado Os meios de comunicaccedilatildeo tambeacutem foram gravemente

afetados limitando a capacidade de tomar conhecimento sobre a

situaccedilatildeo compartilhar informaccedilotildees e coordenar accedilotildees Mais de 3 milhotildees

de linhas telefocircnicas foram perdidas nos estados afetados inclusive

linhas do serviccedilo 190 Celulares tambeacutem foram afetados com

aproximadamente 2 mil serviccedilos de telefonia inoperantes e poucos locais

para carregar os aparelhos por causa da falta de energia eleacutetrica

Mas o potencial para colaboraccedilatildeo intergovernamental tambeacutem foi

sabotado antes do furacatildeo Katrina por conta de uma seacuterie de mudanccedilas

poliacuteticas poacutes-11 de Setembro A Fema foi transferida para o receacutem-criado

DHS em 2002 reduzindo a habilidade de manter seu papel tradicional

como o elemento central de coesatildeo das relaccedilotildees emergenciais

intergovernamentais A agecircncia perdeu recursos que permitiam reunir

esforccedilos intergovernamentais de planejamento fundamentais agrave construccedilatildeo

de tais relaccedilotildees Tambeacutem perdeu influecircncia poliacutetica e autoridade para

conceder subsiacutedios aos esforccedilos estaduais e locais de prevenccedilatildeo dando

aos governos estadual e local menos razotildees para prestar atenccedilatildeo agrave agecircncia

Como a Fema entrou em decliacutenio sua moral tambeacutem foi abalada

Funcionaacuterios antigos do alto escalatildeo saiacuteram levando consigo deacutecadas de

relaccedilotildees com parceiros dos governos estaduais e locais

A visatildeo do DOD de resposta agrave crise

Para as agecircncias federais o NRP havia identificado preliminarmente

as responsabilidades especiacuteficas do desastre a fim de reduzir a confusatildeo

quando a crise ocorresse O DHS esperava que com isso estabeleceria

uma base para a colaboraccedilatildeo no momento de crise A Fema identificaria

uma necessidade e comunicaria aos oacutergatildeos federais competentes que

forneceriam os recursos requisitados Refletindo sua extrema

importacircncia o DOD tinha responsabilidades em quase todas as funccedilotildees

de apoio emergencial identificadas pela NRP (ver Apecircndice 2)

Mas o processo eacute complicado pela compreensatildeo do DOD sobre seu

papel na resposta agrave crise O departamento tem suas proacuteprias diretrizes

que refletem uma relutacircncia em se engajar na resposta agrave crise e

preocupaccedilotildees especiacuteficas em relaccedilatildeo agrave colaboraccedilatildeo interagencial4 Essa

poliacutetica decreta que o DOD se envolveraacute ldquoapenas quando outros recursos

locais estaduais ou federais estiverem indisponiacuteveis e apenas se o seu

apoio na resposta agrave crise natildeo interferir na sua missatildeo primaacuteria ou na sua

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

77

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

habilidade para responder a contingecircncias operacionaisrdquo A posiccedilatildeo

oficial do departamento eacute a de que ele natildeo pode fazer parte de nenhum

comando de incidente que natildeo esteja sob o controle de seus

funcionaacuterios Isto eacute quando em articulaccedilatildeo com outros oacutergatildeos federais

o DOD natildeo pode ser comandado por qualquer civil que natildeo seja o

presidente e o proacuteprio secretaacuterio

Diante dessas limitaccedilotildees o DOD oferece duas formas de capacidade

de resposta agrave crise Primeiramente quando for necessaacuterio o

departamento estaacute disposto a fornecer ajuda agraves autoridades civis mas

encara as solicitaccedilotildees de missatildeo mais como pedidos de auxiacutelio do que

como ordens de um comando O DOD facilita essa coordenaccedilatildeo colocando

o coordenador de Defesa para trabalhar com o coordenador federal no

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto no local do incidente O

Gabinete de Coordenaccedilatildeo de Defesa eacute o comando local dos recursos do

DOD a natildeo ser que um comando separado seja estabelecido

Em segundo lugar se o evento for grave o suficiente as Forccedilas

Armadas podem decidir pelo estabelecimento de um comando

separado para direcionar suas proacuteprias forccedilas No Katrina isso resultou

na formaccedilatildeo da Forccedila-Tarefa liderada pelo general Russel L Honoreacute

Um conjunto de regras auto-impostas configura restriccedilatildeo adicional

na colaboraccedilatildeo do DOD durante a crise O processo para revisar pedidos

de auxiacutelio eacute estabelecido pela Diretriz DOD 302515 de 1997 Os pedidos

devem ir do coordenador federal para o de Defesa que entatildeo

repassa-os por meio do Comando do Norte (Northcom ndash a parte do

departamento cujo teatro de operaccedilotildees inclui os Estados Unidos) ao

Gabinete do secretaacuterio executivo de Defesa e por fim ao diretor de

Apoio Militar Conjunto (Jdoms) A validade e legalidade do pedido

satildeo revisadas a cada etapa e espera-se que o pedido estime o periacuteodo

em que o auxiacutelio seraacute necessaacuterio O Jdoms deve considerar o impacto

no orccedilamento do DOD se eacute do interesse do departamento participar

a legalidade da accedilatildeo possiacuteveis danos aos civis e os efeitos sobre a

prontidatildeo das missotildees no exterior A recomendaccedilatildeo do Jdoms eacute

normalmente passada para o Colegiado do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e requer aprovaccedilatildeo presidencial mas em tempos de

desastre ou se autoridades locais precisam de ajuda imediata o DOD

pode se movimentar mais rapidamente

A cautela do DOD em relaccedilatildeo ao seu papel na resposta agrave crise reflete

preocupaccedilatildeo de ser arrastado para missotildees natildeo militares e se tornar

subserviente a outras organizaccedilotildees Tal preocupaccedilatildeo natildeo eacute nova Em

sua anaacutelise claacutessica das relaccedilotildees civil-militar Samuel Huntington

argumentou que o DOD procurava e precisava de uma margem de

autonomia Em troca as Forccedilas Armadas manteriam profissionalismo

eacutetico que enfatizasse a obediecircncia a um comando civil

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

88

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

O general do Exeacutercito americano Russel Honoreacute (esquerda) comandante da Forccedila-Tarefa Katrina o general do Exeacutercito americano Bill Caldwell comandante da 82ordf Divisatildeo Aeacuterea e o entatildeo secretaacuterio da Defesa Donald H Rumsfeld discutem soluccedilotildees para o desastre do furacatildeo Katrina enquanto caminham pelo aeroporto de Nova Orleans em 4 de setembro de 2005 Fotografia do Departamento de Defesa feita pelo sargento da Forccedila Aeacuterea americana Kevin K Gruenwald

Uma resistecircncia agrave cooperaccedilatildeo interagencial marca a histoacuteria do DOD

Dentro do proacuteprio departamento diferentes culturas organizacionais e

rivalidades internas restringiram a coordenaccedilatildeo A desconfianccedila de

trabalhar com outros se tornou mais problemaacutetica quando o DOD foi

convocado para realizar uma seacuterie de novas tarefas que exigem

coordenaccedilatildeo com agentes externos como a luta contra o terrorismo a

diplomacia a reconstruccedilatildeo de naccedilotildees a guerra contra as drogas a

manutenccedilatildeo da paz e respostas a crises Muitos nas Forccedilas Armadas

consideram tais atividades um desvio da missatildeo pois natildeo estatildeo

diretamente relacionadas a vencer guerras Na verdade tais

responsabilidades tecircm seu proacuteprio nome Operaccedilotildees Militares Fora de

Guerra (MOOTW)

Um antigo chefe do Colegiado do Estado Maior das Forccedilas Armadas

zombou da agonia do Pentaacutegono sobre o desvio de missatildeo afirmando

com frequecircncia que ldquohomem que eacute homem natildeo faz MOOTWrdquo O

estrategista militar Michael Barnett nota que aqueles favoraacuteveis a essa

categoria de operaccedilotildees tiveram de enfrentar uma cultura hostil no

departamento ldquoNo mundo dos machotildees do militarismo natildeo era difiacutecil

ver quem perderia essa batalha doutrinaacuteria obviamente que eacute o cara que

apenas fala de lsquooutras coisas aleacutem do tema guerrarsquo Quem afinal de contas

entra nas Forccedilas Armadas para fazer qualquer outra coisa que natildeo seja

guerra Quer dizer isso natildeo eacute coisa do chamado Corpo de Pazrdquo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

99

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

O DOD durante o Katrina

Muitos dos encarregados de dar uma resposta agrave crise inclusive os

funcionaacuterios do DOD consideraram que a resposta do departamento ao

Katrina foi lenta Outros funcionaacuterios defenderam a resposta dada por

eles destacando que haviam deixado regras burocraacuteticas de lado Ambas

as posiccedilotildees satildeo precisas na medida em que refletem duas etapas distintas

da resposta do DOD No primeiro periacuteodo antes e imediatamente apoacutes a

chegada do furacatildeo o departamento assumiu postura essencialmente

reativa ao esperar por requisiccedilotildees de auxiacutelio das autoridades civis No

segundo periacuteodo iniciado na terccedila-feira um dia apoacutes a chegada do

furacatildeo o DOD adotou postura mais proativa caracterizada por uma cultura

de ldquopoder-fazerrdquo militar que levou o departamento a deixar de lado suas

regras e procedimentos buscando mais efetividade

Periacuteodo um ldquoPor que o excesso de burocracia natildeo estaacute sendo

evitadordquo

Os funcionaacuterios da Fema e do Estado de Lousiana descreveram a

resposta inicial do DOD como devagar e demasiadamente burocraacutetica

Scott Wells um agente de Coordenaccedilatildeo Federal da Fema com 30 anos

de experiecircncia militar considerou o processo Jdoms estranho ldquoEacute mais

que complicado Simplesmente leva muito tempo para ser executadordquo

A equipe da Fema estava frustrada com os casos em que o DOD

poderia ter sido mais eficaz no processamento das requisiccedilotildees Levou

24 horas por exemplo para que o departamento processasse pedidos

de helicoacutepteros para analisar os prejuiacutezos A Fema requisitou oito

equipes de resgate com botes salva-vidas tropas treinadas e equipadas

para trabalhar em uma cidade inundada equipamentos de duas bases

da Forccedila Aeacuterea na Califoacuternia (Travis e March) Os intermediaacuterios da

agecircncia trabalharam durante toda a noite na elaboraccedilatildeo da solicitaccedilatildeo

e ficaram sabendo pela manhatilde que o secretaacuterio Rumsfeld natildeo estava

disponiacutevel para aprovaacute-la ndash Rumsfeld estava em San Diego e seu

itineraacuterio incluiacutea um jogo de beisebol do San Diego Padres Em certo

ponto quando ouviram que as regras do Pentaacutegono natildeo permitiam a

aquisiccedilatildeo imediata de um bote para salvar os desabrigados o diretor

da Fema Michael Brown perguntou ldquoPor que a burocracia excessiva

natildeo estaacute sendo cortadardquo

Funcionaacuterios do governo estadual encontraram burocracia excessiva

semelhante Andy Kopplin chefe de Gabinete da governadora de

Lousiana pediu ao Pentaacutegono permissatildeo para o uso de quatro

helicoacutepteros que estavam na Base Aacuterea Fort Polk em Louisiana Na

manhatilde de terccedila-feira a governadora telefonou para a base e soube

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1010

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

que seria necessaacuterio solicitar junto ao DOD a liberaccedilatildeo dos helicoacutepteros

Apoacutes passar quatro horas ao telefone com um funcionaacuterio do Pentaacutegono

a permissatildeo foi dada Mas os helicoacutepteros soacute foram liberados no dia

seguinte Como os pilotos haviam passado o dia ociosos na pista do

aeroporto aguardando ordens acabaram excedendo seu tempo de voo

permitido e natildeo foram autorizados a voar

O DOD argumentou que a maioria dos atrasos no processamento das

solicitaccedilotildees aconteceu em funccedilatildeo de pedidos vagos da Fema Do ponto de

vista dos funcionaacuterios da agecircncia que estavam trabalhando sob condiccedilotildees

precaacuterias o departamento exigiu um alto niacutevel de detalhes criando um

padratildeo de informaccedilatildeo impossiacutevel de satisfazer em meio ao caos do Katrina

Scott Wells insinuou que o DOD queria ldquosaber de 80 a 90 das informaccedilotildees

antes de providenciar um auxiacuteliordquo Uma vez que o DOD revisava o pedido

ele frequentemente voltava agrave Fema para mais esclarecimentos

Alguns funcionaacuterios do DOD que estavam na linha de frente

compartilharam da frustraccedilatildeo de outros responsaacuteveis O capitatildeo Michael

McDaniel representante da Marinha perante a Fema ilustrou a situaccedilatildeo

ldquoO Jdoms ficou famoso lsquoBem vocecirc natildeo pode pedir para ele dessa forma

tem que pedir assimrsquo Entatildeo diga-me como eu devo pedir Soacute preciso de

alguns helicoacutepteros laacute embaixordquo O coronel Don Harrington da cuacutepula

do DOD e representante da Guarda Nacional perante a Fema concordou

que houve alguns atrasos por ldquo9153 razotildees diferentesrdquo o que gerou

certa anguacutestia ldquoEu acho que eacute algo cultural que vem de muito antes

Soacute uma relutacircncia cultural jaacute que eles querem ter certeza de que a

anaacutelise da missatildeo estaacute feita e todas as opccedilotildees foram exploradas antes

de recorrer ao DODrdquo disse o coronel

O general Honoreacute tambeacutem pediu uma abordagem mais proativa Na

noite de domingo ele entrou em contato com a Northcom pedindo que

considerassem quais tipos de apoio poderiam ser fornecidos e

buscassem uma resposta ateacute 2h da manhatilde seguinte Entretanto sem

receber orientaccedilotildees sobre como dispor de recursos do Jdoms a Northcom

relutou em apresentar opccedilotildees atrasando a capacidade do DOD de tornar-

se participante ativo na resposta agrave crise O general Richard Rowe diretor

de operaccedilotildees da Northcom notou que ldquoo Comando das Forccedilas Armadas

e o Estado Maior natildeo fizeram nadardquo e natildeo queriam ver nenhuma

solicitaccedilatildeo iniciada dentro das Forccedilas Armadas ateacute que a Fema emitisse

os pedidos Essa abordagem prejudicou a capacidade de Rowe de detalhar

os tipos de apoio que o departamento poderia providenciar de imediato

Em e-mail ao general Honoreacute 12 horas apoacutes a chegada do Katrina Rowe

explicou que o atraso em providenciar tal informaccedilatildeo se devia ao fato

de que ldquode alguma forma estavam paralisados pelo desejo do Jdoms de

esperar [por solicitaccedilotildees de auxiacutelio]rdquo

Esperando por solicitaccedilotildees especiacuteficas e cautelosamente

examinando-as por meio do Jdoms o DOD atrasou sua proacutepria capacidade

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1111

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

de resposta Os funcionaacuterios do DOD culparam a Fema por natildeo conseguir

preparar pedidos adequados de assistecircncia Isso indicou que o

departamento no iniacutecio tratou o Katrina como um desastre como

qualquer outro No comeccedilo o DOD empregou uma orientaccedilatildeo ldquopuxerdquo ndash

assumindo que a resposta a uma crise deveria ocorrer de baixo para

cima ndash em detrimento de uma abordagem ldquoempurrerdquo Caso tivesse

lanccedilado matildeo desta uacuteltima veriacuteamos o DOD se movimentar rapidamente

para dispor de recursos sem pedidos formais e estabelecer um comando

separado O departamento soacute aplicou a abordagem ldquoempurrerdquo quando

seus funcionaacuterios mais graduados perceberam a extensatildeo da cataacutestrofe

A decisatildeo de avanccedilar para essa abordagem foi tomada em reuniatildeo da

cuacutepula do DOD na terccedila-feira de manhatilde

Periacuteodo dois o cheque em branco

Como outros funcionaacuterios federais que natildeo estavam em Louisiana

a cuacutepula do DOD supocircs que Nova Orleans havia ldquoesquivado-se de uma

balardquo na noite de segunda-feira Na terccedila de manhatilde o subsecretaacuterio

Paul McHale o secretaacuterio adjunto Gordon England (que estava

substituindo Rumsfeld) e o chefe do Estado Maior general Richard

Myers encontraram-se Eles estavam preocupados com uma possiacutevel

amenizaccedilatildeo dos danos por parte da miacutedia e temiam que a Fema natildeo

estivesse encaminhando as solicitaccedilotildees no tempo adequado O

secretaacuterio adjunto England disse ao chefe do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e aos representantes dos serviccedilos militares que eles deveriam

ldquoficar mais atentosrdquo e que a Northcom teria de fornecer tudo o que

fosse necessaacuterio Na tarde de terccedila-feira o general Myers repetiu esses

compromissos aos chefes de serviccedilo acrescentando que eles poderiam

proceder sob o comando verbal dele ou do secretaacuterio adjunto England

para providenciar os recursos necessaacuterios ao comandante da Northcom

Almirante Tomothy Keating England disse a Keating que ele teria um

ldquocheque em brancordquo para responder ao Katrina Uma ordem posterior

deu mais autonomia aos responsaacuteveis do DOD expandindo a autoridade

de Myers para permitir que os comandantes reagissem onde quer que

encontrassem necessidades

As autoridades do DOD anteciparam que toda a atenccedilatildeo da Casa Branca

se voltava para o Katrina e como resultado seu papel seria

significativamente ampliado O almirante Ed Giambastiani chefe

adjunto do Estado Maior das Forccedilas Armadas enviou e-mail ao almirante

Keating agraves 1659 na terccedila-feira dizendo ldquoTudo o que vocecirc pensar e

conseguir movimentar para ontem ndash carregadores helicoacutepteros

caminhotildees navios anfiacutebios C-17s C-130s equipes meacutedicas ndash qualquer

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1212

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 7: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

agrave inundaccedilatildeo ou em funccedilatildeo de outro tipo de dano eliminando bases de

operaccedilotildees de comando e resultando em coordenaccedilatildeo deficiente e tempo

perdido enquanto os responsaacuteveis procuravam por novos locais Os

encarregados federais estavam sempre distantes para que suas

intervenccedilotildees fossem efetivas e o transporte estava em sua maioria

inutilizado Os meios de comunicaccedilatildeo tambeacutem foram gravemente

afetados limitando a capacidade de tomar conhecimento sobre a

situaccedilatildeo compartilhar informaccedilotildees e coordenar accedilotildees Mais de 3 milhotildees

de linhas telefocircnicas foram perdidas nos estados afetados inclusive

linhas do serviccedilo 190 Celulares tambeacutem foram afetados com

aproximadamente 2 mil serviccedilos de telefonia inoperantes e poucos locais

para carregar os aparelhos por causa da falta de energia eleacutetrica

Mas o potencial para colaboraccedilatildeo intergovernamental tambeacutem foi

sabotado antes do furacatildeo Katrina por conta de uma seacuterie de mudanccedilas

poliacuteticas poacutes-11 de Setembro A Fema foi transferida para o receacutem-criado

DHS em 2002 reduzindo a habilidade de manter seu papel tradicional

como o elemento central de coesatildeo das relaccedilotildees emergenciais

intergovernamentais A agecircncia perdeu recursos que permitiam reunir

esforccedilos intergovernamentais de planejamento fundamentais agrave construccedilatildeo

de tais relaccedilotildees Tambeacutem perdeu influecircncia poliacutetica e autoridade para

conceder subsiacutedios aos esforccedilos estaduais e locais de prevenccedilatildeo dando

aos governos estadual e local menos razotildees para prestar atenccedilatildeo agrave agecircncia

Como a Fema entrou em decliacutenio sua moral tambeacutem foi abalada

Funcionaacuterios antigos do alto escalatildeo saiacuteram levando consigo deacutecadas de

relaccedilotildees com parceiros dos governos estaduais e locais

A visatildeo do DOD de resposta agrave crise

Para as agecircncias federais o NRP havia identificado preliminarmente

as responsabilidades especiacuteficas do desastre a fim de reduzir a confusatildeo

quando a crise ocorresse O DHS esperava que com isso estabeleceria

uma base para a colaboraccedilatildeo no momento de crise A Fema identificaria

uma necessidade e comunicaria aos oacutergatildeos federais competentes que

forneceriam os recursos requisitados Refletindo sua extrema

importacircncia o DOD tinha responsabilidades em quase todas as funccedilotildees

de apoio emergencial identificadas pela NRP (ver Apecircndice 2)

Mas o processo eacute complicado pela compreensatildeo do DOD sobre seu

papel na resposta agrave crise O departamento tem suas proacuteprias diretrizes

que refletem uma relutacircncia em se engajar na resposta agrave crise e

preocupaccedilotildees especiacuteficas em relaccedilatildeo agrave colaboraccedilatildeo interagencial4 Essa

poliacutetica decreta que o DOD se envolveraacute ldquoapenas quando outros recursos

locais estaduais ou federais estiverem indisponiacuteveis e apenas se o seu

apoio na resposta agrave crise natildeo interferir na sua missatildeo primaacuteria ou na sua

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

77

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

habilidade para responder a contingecircncias operacionaisrdquo A posiccedilatildeo

oficial do departamento eacute a de que ele natildeo pode fazer parte de nenhum

comando de incidente que natildeo esteja sob o controle de seus

funcionaacuterios Isto eacute quando em articulaccedilatildeo com outros oacutergatildeos federais

o DOD natildeo pode ser comandado por qualquer civil que natildeo seja o

presidente e o proacuteprio secretaacuterio

Diante dessas limitaccedilotildees o DOD oferece duas formas de capacidade

de resposta agrave crise Primeiramente quando for necessaacuterio o

departamento estaacute disposto a fornecer ajuda agraves autoridades civis mas

encara as solicitaccedilotildees de missatildeo mais como pedidos de auxiacutelio do que

como ordens de um comando O DOD facilita essa coordenaccedilatildeo colocando

o coordenador de Defesa para trabalhar com o coordenador federal no

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto no local do incidente O

Gabinete de Coordenaccedilatildeo de Defesa eacute o comando local dos recursos do

DOD a natildeo ser que um comando separado seja estabelecido

Em segundo lugar se o evento for grave o suficiente as Forccedilas

Armadas podem decidir pelo estabelecimento de um comando

separado para direcionar suas proacuteprias forccedilas No Katrina isso resultou

na formaccedilatildeo da Forccedila-Tarefa liderada pelo general Russel L Honoreacute

Um conjunto de regras auto-impostas configura restriccedilatildeo adicional

na colaboraccedilatildeo do DOD durante a crise O processo para revisar pedidos

de auxiacutelio eacute estabelecido pela Diretriz DOD 302515 de 1997 Os pedidos

devem ir do coordenador federal para o de Defesa que entatildeo

repassa-os por meio do Comando do Norte (Northcom ndash a parte do

departamento cujo teatro de operaccedilotildees inclui os Estados Unidos) ao

Gabinete do secretaacuterio executivo de Defesa e por fim ao diretor de

Apoio Militar Conjunto (Jdoms) A validade e legalidade do pedido

satildeo revisadas a cada etapa e espera-se que o pedido estime o periacuteodo

em que o auxiacutelio seraacute necessaacuterio O Jdoms deve considerar o impacto

no orccedilamento do DOD se eacute do interesse do departamento participar

a legalidade da accedilatildeo possiacuteveis danos aos civis e os efeitos sobre a

prontidatildeo das missotildees no exterior A recomendaccedilatildeo do Jdoms eacute

normalmente passada para o Colegiado do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e requer aprovaccedilatildeo presidencial mas em tempos de

desastre ou se autoridades locais precisam de ajuda imediata o DOD

pode se movimentar mais rapidamente

A cautela do DOD em relaccedilatildeo ao seu papel na resposta agrave crise reflete

preocupaccedilatildeo de ser arrastado para missotildees natildeo militares e se tornar

subserviente a outras organizaccedilotildees Tal preocupaccedilatildeo natildeo eacute nova Em

sua anaacutelise claacutessica das relaccedilotildees civil-militar Samuel Huntington

argumentou que o DOD procurava e precisava de uma margem de

autonomia Em troca as Forccedilas Armadas manteriam profissionalismo

eacutetico que enfatizasse a obediecircncia a um comando civil

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

88

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

O general do Exeacutercito americano Russel Honoreacute (esquerda) comandante da Forccedila-Tarefa Katrina o general do Exeacutercito americano Bill Caldwell comandante da 82ordf Divisatildeo Aeacuterea e o entatildeo secretaacuterio da Defesa Donald H Rumsfeld discutem soluccedilotildees para o desastre do furacatildeo Katrina enquanto caminham pelo aeroporto de Nova Orleans em 4 de setembro de 2005 Fotografia do Departamento de Defesa feita pelo sargento da Forccedila Aeacuterea americana Kevin K Gruenwald

Uma resistecircncia agrave cooperaccedilatildeo interagencial marca a histoacuteria do DOD

Dentro do proacuteprio departamento diferentes culturas organizacionais e

rivalidades internas restringiram a coordenaccedilatildeo A desconfianccedila de

trabalhar com outros se tornou mais problemaacutetica quando o DOD foi

convocado para realizar uma seacuterie de novas tarefas que exigem

coordenaccedilatildeo com agentes externos como a luta contra o terrorismo a

diplomacia a reconstruccedilatildeo de naccedilotildees a guerra contra as drogas a

manutenccedilatildeo da paz e respostas a crises Muitos nas Forccedilas Armadas

consideram tais atividades um desvio da missatildeo pois natildeo estatildeo

diretamente relacionadas a vencer guerras Na verdade tais

responsabilidades tecircm seu proacuteprio nome Operaccedilotildees Militares Fora de

Guerra (MOOTW)

Um antigo chefe do Colegiado do Estado Maior das Forccedilas Armadas

zombou da agonia do Pentaacutegono sobre o desvio de missatildeo afirmando

com frequecircncia que ldquohomem que eacute homem natildeo faz MOOTWrdquo O

estrategista militar Michael Barnett nota que aqueles favoraacuteveis a essa

categoria de operaccedilotildees tiveram de enfrentar uma cultura hostil no

departamento ldquoNo mundo dos machotildees do militarismo natildeo era difiacutecil

ver quem perderia essa batalha doutrinaacuteria obviamente que eacute o cara que

apenas fala de lsquooutras coisas aleacutem do tema guerrarsquo Quem afinal de contas

entra nas Forccedilas Armadas para fazer qualquer outra coisa que natildeo seja

guerra Quer dizer isso natildeo eacute coisa do chamado Corpo de Pazrdquo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

99

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

O DOD durante o Katrina

Muitos dos encarregados de dar uma resposta agrave crise inclusive os

funcionaacuterios do DOD consideraram que a resposta do departamento ao

Katrina foi lenta Outros funcionaacuterios defenderam a resposta dada por

eles destacando que haviam deixado regras burocraacuteticas de lado Ambas

as posiccedilotildees satildeo precisas na medida em que refletem duas etapas distintas

da resposta do DOD No primeiro periacuteodo antes e imediatamente apoacutes a

chegada do furacatildeo o departamento assumiu postura essencialmente

reativa ao esperar por requisiccedilotildees de auxiacutelio das autoridades civis No

segundo periacuteodo iniciado na terccedila-feira um dia apoacutes a chegada do

furacatildeo o DOD adotou postura mais proativa caracterizada por uma cultura

de ldquopoder-fazerrdquo militar que levou o departamento a deixar de lado suas

regras e procedimentos buscando mais efetividade

Periacuteodo um ldquoPor que o excesso de burocracia natildeo estaacute sendo

evitadordquo

Os funcionaacuterios da Fema e do Estado de Lousiana descreveram a

resposta inicial do DOD como devagar e demasiadamente burocraacutetica

Scott Wells um agente de Coordenaccedilatildeo Federal da Fema com 30 anos

de experiecircncia militar considerou o processo Jdoms estranho ldquoEacute mais

que complicado Simplesmente leva muito tempo para ser executadordquo

A equipe da Fema estava frustrada com os casos em que o DOD

poderia ter sido mais eficaz no processamento das requisiccedilotildees Levou

24 horas por exemplo para que o departamento processasse pedidos

de helicoacutepteros para analisar os prejuiacutezos A Fema requisitou oito

equipes de resgate com botes salva-vidas tropas treinadas e equipadas

para trabalhar em uma cidade inundada equipamentos de duas bases

da Forccedila Aeacuterea na Califoacuternia (Travis e March) Os intermediaacuterios da

agecircncia trabalharam durante toda a noite na elaboraccedilatildeo da solicitaccedilatildeo

e ficaram sabendo pela manhatilde que o secretaacuterio Rumsfeld natildeo estava

disponiacutevel para aprovaacute-la ndash Rumsfeld estava em San Diego e seu

itineraacuterio incluiacutea um jogo de beisebol do San Diego Padres Em certo

ponto quando ouviram que as regras do Pentaacutegono natildeo permitiam a

aquisiccedilatildeo imediata de um bote para salvar os desabrigados o diretor

da Fema Michael Brown perguntou ldquoPor que a burocracia excessiva

natildeo estaacute sendo cortadardquo

Funcionaacuterios do governo estadual encontraram burocracia excessiva

semelhante Andy Kopplin chefe de Gabinete da governadora de

Lousiana pediu ao Pentaacutegono permissatildeo para o uso de quatro

helicoacutepteros que estavam na Base Aacuterea Fort Polk em Louisiana Na

manhatilde de terccedila-feira a governadora telefonou para a base e soube

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1010

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

que seria necessaacuterio solicitar junto ao DOD a liberaccedilatildeo dos helicoacutepteros

Apoacutes passar quatro horas ao telefone com um funcionaacuterio do Pentaacutegono

a permissatildeo foi dada Mas os helicoacutepteros soacute foram liberados no dia

seguinte Como os pilotos haviam passado o dia ociosos na pista do

aeroporto aguardando ordens acabaram excedendo seu tempo de voo

permitido e natildeo foram autorizados a voar

O DOD argumentou que a maioria dos atrasos no processamento das

solicitaccedilotildees aconteceu em funccedilatildeo de pedidos vagos da Fema Do ponto de

vista dos funcionaacuterios da agecircncia que estavam trabalhando sob condiccedilotildees

precaacuterias o departamento exigiu um alto niacutevel de detalhes criando um

padratildeo de informaccedilatildeo impossiacutevel de satisfazer em meio ao caos do Katrina

Scott Wells insinuou que o DOD queria ldquosaber de 80 a 90 das informaccedilotildees

antes de providenciar um auxiacuteliordquo Uma vez que o DOD revisava o pedido

ele frequentemente voltava agrave Fema para mais esclarecimentos

Alguns funcionaacuterios do DOD que estavam na linha de frente

compartilharam da frustraccedilatildeo de outros responsaacuteveis O capitatildeo Michael

McDaniel representante da Marinha perante a Fema ilustrou a situaccedilatildeo

ldquoO Jdoms ficou famoso lsquoBem vocecirc natildeo pode pedir para ele dessa forma

tem que pedir assimrsquo Entatildeo diga-me como eu devo pedir Soacute preciso de

alguns helicoacutepteros laacute embaixordquo O coronel Don Harrington da cuacutepula

do DOD e representante da Guarda Nacional perante a Fema concordou

que houve alguns atrasos por ldquo9153 razotildees diferentesrdquo o que gerou

certa anguacutestia ldquoEu acho que eacute algo cultural que vem de muito antes

Soacute uma relutacircncia cultural jaacute que eles querem ter certeza de que a

anaacutelise da missatildeo estaacute feita e todas as opccedilotildees foram exploradas antes

de recorrer ao DODrdquo disse o coronel

O general Honoreacute tambeacutem pediu uma abordagem mais proativa Na

noite de domingo ele entrou em contato com a Northcom pedindo que

considerassem quais tipos de apoio poderiam ser fornecidos e

buscassem uma resposta ateacute 2h da manhatilde seguinte Entretanto sem

receber orientaccedilotildees sobre como dispor de recursos do Jdoms a Northcom

relutou em apresentar opccedilotildees atrasando a capacidade do DOD de tornar-

se participante ativo na resposta agrave crise O general Richard Rowe diretor

de operaccedilotildees da Northcom notou que ldquoo Comando das Forccedilas Armadas

e o Estado Maior natildeo fizeram nadardquo e natildeo queriam ver nenhuma

solicitaccedilatildeo iniciada dentro das Forccedilas Armadas ateacute que a Fema emitisse

os pedidos Essa abordagem prejudicou a capacidade de Rowe de detalhar

os tipos de apoio que o departamento poderia providenciar de imediato

Em e-mail ao general Honoreacute 12 horas apoacutes a chegada do Katrina Rowe

explicou que o atraso em providenciar tal informaccedilatildeo se devia ao fato

de que ldquode alguma forma estavam paralisados pelo desejo do Jdoms de

esperar [por solicitaccedilotildees de auxiacutelio]rdquo

Esperando por solicitaccedilotildees especiacuteficas e cautelosamente

examinando-as por meio do Jdoms o DOD atrasou sua proacutepria capacidade

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1111

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

de resposta Os funcionaacuterios do DOD culparam a Fema por natildeo conseguir

preparar pedidos adequados de assistecircncia Isso indicou que o

departamento no iniacutecio tratou o Katrina como um desastre como

qualquer outro No comeccedilo o DOD empregou uma orientaccedilatildeo ldquopuxerdquo ndash

assumindo que a resposta a uma crise deveria ocorrer de baixo para

cima ndash em detrimento de uma abordagem ldquoempurrerdquo Caso tivesse

lanccedilado matildeo desta uacuteltima veriacuteamos o DOD se movimentar rapidamente

para dispor de recursos sem pedidos formais e estabelecer um comando

separado O departamento soacute aplicou a abordagem ldquoempurrerdquo quando

seus funcionaacuterios mais graduados perceberam a extensatildeo da cataacutestrofe

A decisatildeo de avanccedilar para essa abordagem foi tomada em reuniatildeo da

cuacutepula do DOD na terccedila-feira de manhatilde

Periacuteodo dois o cheque em branco

Como outros funcionaacuterios federais que natildeo estavam em Louisiana

a cuacutepula do DOD supocircs que Nova Orleans havia ldquoesquivado-se de uma

balardquo na noite de segunda-feira Na terccedila de manhatilde o subsecretaacuterio

Paul McHale o secretaacuterio adjunto Gordon England (que estava

substituindo Rumsfeld) e o chefe do Estado Maior general Richard

Myers encontraram-se Eles estavam preocupados com uma possiacutevel

amenizaccedilatildeo dos danos por parte da miacutedia e temiam que a Fema natildeo

estivesse encaminhando as solicitaccedilotildees no tempo adequado O

secretaacuterio adjunto England disse ao chefe do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e aos representantes dos serviccedilos militares que eles deveriam

ldquoficar mais atentosrdquo e que a Northcom teria de fornecer tudo o que

fosse necessaacuterio Na tarde de terccedila-feira o general Myers repetiu esses

compromissos aos chefes de serviccedilo acrescentando que eles poderiam

proceder sob o comando verbal dele ou do secretaacuterio adjunto England

para providenciar os recursos necessaacuterios ao comandante da Northcom

Almirante Tomothy Keating England disse a Keating que ele teria um

ldquocheque em brancordquo para responder ao Katrina Uma ordem posterior

deu mais autonomia aos responsaacuteveis do DOD expandindo a autoridade

de Myers para permitir que os comandantes reagissem onde quer que

encontrassem necessidades

As autoridades do DOD anteciparam que toda a atenccedilatildeo da Casa Branca

se voltava para o Katrina e como resultado seu papel seria

significativamente ampliado O almirante Ed Giambastiani chefe

adjunto do Estado Maior das Forccedilas Armadas enviou e-mail ao almirante

Keating agraves 1659 na terccedila-feira dizendo ldquoTudo o que vocecirc pensar e

conseguir movimentar para ontem ndash carregadores helicoacutepteros

caminhotildees navios anfiacutebios C-17s C-130s equipes meacutedicas ndash qualquer

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1212

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 8: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

habilidade para responder a contingecircncias operacionaisrdquo A posiccedilatildeo

oficial do departamento eacute a de que ele natildeo pode fazer parte de nenhum

comando de incidente que natildeo esteja sob o controle de seus

funcionaacuterios Isto eacute quando em articulaccedilatildeo com outros oacutergatildeos federais

o DOD natildeo pode ser comandado por qualquer civil que natildeo seja o

presidente e o proacuteprio secretaacuterio

Diante dessas limitaccedilotildees o DOD oferece duas formas de capacidade

de resposta agrave crise Primeiramente quando for necessaacuterio o

departamento estaacute disposto a fornecer ajuda agraves autoridades civis mas

encara as solicitaccedilotildees de missatildeo mais como pedidos de auxiacutelio do que

como ordens de um comando O DOD facilita essa coordenaccedilatildeo colocando

o coordenador de Defesa para trabalhar com o coordenador federal no

Gabinete de Trabalho de Campo Conjunto no local do incidente O

Gabinete de Coordenaccedilatildeo de Defesa eacute o comando local dos recursos do

DOD a natildeo ser que um comando separado seja estabelecido

Em segundo lugar se o evento for grave o suficiente as Forccedilas

Armadas podem decidir pelo estabelecimento de um comando

separado para direcionar suas proacuteprias forccedilas No Katrina isso resultou

na formaccedilatildeo da Forccedila-Tarefa liderada pelo general Russel L Honoreacute

Um conjunto de regras auto-impostas configura restriccedilatildeo adicional

na colaboraccedilatildeo do DOD durante a crise O processo para revisar pedidos

de auxiacutelio eacute estabelecido pela Diretriz DOD 302515 de 1997 Os pedidos

devem ir do coordenador federal para o de Defesa que entatildeo

repassa-os por meio do Comando do Norte (Northcom ndash a parte do

departamento cujo teatro de operaccedilotildees inclui os Estados Unidos) ao

Gabinete do secretaacuterio executivo de Defesa e por fim ao diretor de

Apoio Militar Conjunto (Jdoms) A validade e legalidade do pedido

satildeo revisadas a cada etapa e espera-se que o pedido estime o periacuteodo

em que o auxiacutelio seraacute necessaacuterio O Jdoms deve considerar o impacto

no orccedilamento do DOD se eacute do interesse do departamento participar

a legalidade da accedilatildeo possiacuteveis danos aos civis e os efeitos sobre a

prontidatildeo das missotildees no exterior A recomendaccedilatildeo do Jdoms eacute

normalmente passada para o Colegiado do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e requer aprovaccedilatildeo presidencial mas em tempos de

desastre ou se autoridades locais precisam de ajuda imediata o DOD

pode se movimentar mais rapidamente

A cautela do DOD em relaccedilatildeo ao seu papel na resposta agrave crise reflete

preocupaccedilatildeo de ser arrastado para missotildees natildeo militares e se tornar

subserviente a outras organizaccedilotildees Tal preocupaccedilatildeo natildeo eacute nova Em

sua anaacutelise claacutessica das relaccedilotildees civil-militar Samuel Huntington

argumentou que o DOD procurava e precisava de uma margem de

autonomia Em troca as Forccedilas Armadas manteriam profissionalismo

eacutetico que enfatizasse a obediecircncia a um comando civil

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

88

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

O general do Exeacutercito americano Russel Honoreacute (esquerda) comandante da Forccedila-Tarefa Katrina o general do Exeacutercito americano Bill Caldwell comandante da 82ordf Divisatildeo Aeacuterea e o entatildeo secretaacuterio da Defesa Donald H Rumsfeld discutem soluccedilotildees para o desastre do furacatildeo Katrina enquanto caminham pelo aeroporto de Nova Orleans em 4 de setembro de 2005 Fotografia do Departamento de Defesa feita pelo sargento da Forccedila Aeacuterea americana Kevin K Gruenwald

Uma resistecircncia agrave cooperaccedilatildeo interagencial marca a histoacuteria do DOD

Dentro do proacuteprio departamento diferentes culturas organizacionais e

rivalidades internas restringiram a coordenaccedilatildeo A desconfianccedila de

trabalhar com outros se tornou mais problemaacutetica quando o DOD foi

convocado para realizar uma seacuterie de novas tarefas que exigem

coordenaccedilatildeo com agentes externos como a luta contra o terrorismo a

diplomacia a reconstruccedilatildeo de naccedilotildees a guerra contra as drogas a

manutenccedilatildeo da paz e respostas a crises Muitos nas Forccedilas Armadas

consideram tais atividades um desvio da missatildeo pois natildeo estatildeo

diretamente relacionadas a vencer guerras Na verdade tais

responsabilidades tecircm seu proacuteprio nome Operaccedilotildees Militares Fora de

Guerra (MOOTW)

Um antigo chefe do Colegiado do Estado Maior das Forccedilas Armadas

zombou da agonia do Pentaacutegono sobre o desvio de missatildeo afirmando

com frequecircncia que ldquohomem que eacute homem natildeo faz MOOTWrdquo O

estrategista militar Michael Barnett nota que aqueles favoraacuteveis a essa

categoria de operaccedilotildees tiveram de enfrentar uma cultura hostil no

departamento ldquoNo mundo dos machotildees do militarismo natildeo era difiacutecil

ver quem perderia essa batalha doutrinaacuteria obviamente que eacute o cara que

apenas fala de lsquooutras coisas aleacutem do tema guerrarsquo Quem afinal de contas

entra nas Forccedilas Armadas para fazer qualquer outra coisa que natildeo seja

guerra Quer dizer isso natildeo eacute coisa do chamado Corpo de Pazrdquo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

99

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

O DOD durante o Katrina

Muitos dos encarregados de dar uma resposta agrave crise inclusive os

funcionaacuterios do DOD consideraram que a resposta do departamento ao

Katrina foi lenta Outros funcionaacuterios defenderam a resposta dada por

eles destacando que haviam deixado regras burocraacuteticas de lado Ambas

as posiccedilotildees satildeo precisas na medida em que refletem duas etapas distintas

da resposta do DOD No primeiro periacuteodo antes e imediatamente apoacutes a

chegada do furacatildeo o departamento assumiu postura essencialmente

reativa ao esperar por requisiccedilotildees de auxiacutelio das autoridades civis No

segundo periacuteodo iniciado na terccedila-feira um dia apoacutes a chegada do

furacatildeo o DOD adotou postura mais proativa caracterizada por uma cultura

de ldquopoder-fazerrdquo militar que levou o departamento a deixar de lado suas

regras e procedimentos buscando mais efetividade

Periacuteodo um ldquoPor que o excesso de burocracia natildeo estaacute sendo

evitadordquo

Os funcionaacuterios da Fema e do Estado de Lousiana descreveram a

resposta inicial do DOD como devagar e demasiadamente burocraacutetica

Scott Wells um agente de Coordenaccedilatildeo Federal da Fema com 30 anos

de experiecircncia militar considerou o processo Jdoms estranho ldquoEacute mais

que complicado Simplesmente leva muito tempo para ser executadordquo

A equipe da Fema estava frustrada com os casos em que o DOD

poderia ter sido mais eficaz no processamento das requisiccedilotildees Levou

24 horas por exemplo para que o departamento processasse pedidos

de helicoacutepteros para analisar os prejuiacutezos A Fema requisitou oito

equipes de resgate com botes salva-vidas tropas treinadas e equipadas

para trabalhar em uma cidade inundada equipamentos de duas bases

da Forccedila Aeacuterea na Califoacuternia (Travis e March) Os intermediaacuterios da

agecircncia trabalharam durante toda a noite na elaboraccedilatildeo da solicitaccedilatildeo

e ficaram sabendo pela manhatilde que o secretaacuterio Rumsfeld natildeo estava

disponiacutevel para aprovaacute-la ndash Rumsfeld estava em San Diego e seu

itineraacuterio incluiacutea um jogo de beisebol do San Diego Padres Em certo

ponto quando ouviram que as regras do Pentaacutegono natildeo permitiam a

aquisiccedilatildeo imediata de um bote para salvar os desabrigados o diretor

da Fema Michael Brown perguntou ldquoPor que a burocracia excessiva

natildeo estaacute sendo cortadardquo

Funcionaacuterios do governo estadual encontraram burocracia excessiva

semelhante Andy Kopplin chefe de Gabinete da governadora de

Lousiana pediu ao Pentaacutegono permissatildeo para o uso de quatro

helicoacutepteros que estavam na Base Aacuterea Fort Polk em Louisiana Na

manhatilde de terccedila-feira a governadora telefonou para a base e soube

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1010

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

que seria necessaacuterio solicitar junto ao DOD a liberaccedilatildeo dos helicoacutepteros

Apoacutes passar quatro horas ao telefone com um funcionaacuterio do Pentaacutegono

a permissatildeo foi dada Mas os helicoacutepteros soacute foram liberados no dia

seguinte Como os pilotos haviam passado o dia ociosos na pista do

aeroporto aguardando ordens acabaram excedendo seu tempo de voo

permitido e natildeo foram autorizados a voar

O DOD argumentou que a maioria dos atrasos no processamento das

solicitaccedilotildees aconteceu em funccedilatildeo de pedidos vagos da Fema Do ponto de

vista dos funcionaacuterios da agecircncia que estavam trabalhando sob condiccedilotildees

precaacuterias o departamento exigiu um alto niacutevel de detalhes criando um

padratildeo de informaccedilatildeo impossiacutevel de satisfazer em meio ao caos do Katrina

Scott Wells insinuou que o DOD queria ldquosaber de 80 a 90 das informaccedilotildees

antes de providenciar um auxiacuteliordquo Uma vez que o DOD revisava o pedido

ele frequentemente voltava agrave Fema para mais esclarecimentos

Alguns funcionaacuterios do DOD que estavam na linha de frente

compartilharam da frustraccedilatildeo de outros responsaacuteveis O capitatildeo Michael

McDaniel representante da Marinha perante a Fema ilustrou a situaccedilatildeo

ldquoO Jdoms ficou famoso lsquoBem vocecirc natildeo pode pedir para ele dessa forma

tem que pedir assimrsquo Entatildeo diga-me como eu devo pedir Soacute preciso de

alguns helicoacutepteros laacute embaixordquo O coronel Don Harrington da cuacutepula

do DOD e representante da Guarda Nacional perante a Fema concordou

que houve alguns atrasos por ldquo9153 razotildees diferentesrdquo o que gerou

certa anguacutestia ldquoEu acho que eacute algo cultural que vem de muito antes

Soacute uma relutacircncia cultural jaacute que eles querem ter certeza de que a

anaacutelise da missatildeo estaacute feita e todas as opccedilotildees foram exploradas antes

de recorrer ao DODrdquo disse o coronel

O general Honoreacute tambeacutem pediu uma abordagem mais proativa Na

noite de domingo ele entrou em contato com a Northcom pedindo que

considerassem quais tipos de apoio poderiam ser fornecidos e

buscassem uma resposta ateacute 2h da manhatilde seguinte Entretanto sem

receber orientaccedilotildees sobre como dispor de recursos do Jdoms a Northcom

relutou em apresentar opccedilotildees atrasando a capacidade do DOD de tornar-

se participante ativo na resposta agrave crise O general Richard Rowe diretor

de operaccedilotildees da Northcom notou que ldquoo Comando das Forccedilas Armadas

e o Estado Maior natildeo fizeram nadardquo e natildeo queriam ver nenhuma

solicitaccedilatildeo iniciada dentro das Forccedilas Armadas ateacute que a Fema emitisse

os pedidos Essa abordagem prejudicou a capacidade de Rowe de detalhar

os tipos de apoio que o departamento poderia providenciar de imediato

Em e-mail ao general Honoreacute 12 horas apoacutes a chegada do Katrina Rowe

explicou que o atraso em providenciar tal informaccedilatildeo se devia ao fato

de que ldquode alguma forma estavam paralisados pelo desejo do Jdoms de

esperar [por solicitaccedilotildees de auxiacutelio]rdquo

Esperando por solicitaccedilotildees especiacuteficas e cautelosamente

examinando-as por meio do Jdoms o DOD atrasou sua proacutepria capacidade

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1111

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

de resposta Os funcionaacuterios do DOD culparam a Fema por natildeo conseguir

preparar pedidos adequados de assistecircncia Isso indicou que o

departamento no iniacutecio tratou o Katrina como um desastre como

qualquer outro No comeccedilo o DOD empregou uma orientaccedilatildeo ldquopuxerdquo ndash

assumindo que a resposta a uma crise deveria ocorrer de baixo para

cima ndash em detrimento de uma abordagem ldquoempurrerdquo Caso tivesse

lanccedilado matildeo desta uacuteltima veriacuteamos o DOD se movimentar rapidamente

para dispor de recursos sem pedidos formais e estabelecer um comando

separado O departamento soacute aplicou a abordagem ldquoempurrerdquo quando

seus funcionaacuterios mais graduados perceberam a extensatildeo da cataacutestrofe

A decisatildeo de avanccedilar para essa abordagem foi tomada em reuniatildeo da

cuacutepula do DOD na terccedila-feira de manhatilde

Periacuteodo dois o cheque em branco

Como outros funcionaacuterios federais que natildeo estavam em Louisiana

a cuacutepula do DOD supocircs que Nova Orleans havia ldquoesquivado-se de uma

balardquo na noite de segunda-feira Na terccedila de manhatilde o subsecretaacuterio

Paul McHale o secretaacuterio adjunto Gordon England (que estava

substituindo Rumsfeld) e o chefe do Estado Maior general Richard

Myers encontraram-se Eles estavam preocupados com uma possiacutevel

amenizaccedilatildeo dos danos por parte da miacutedia e temiam que a Fema natildeo

estivesse encaminhando as solicitaccedilotildees no tempo adequado O

secretaacuterio adjunto England disse ao chefe do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e aos representantes dos serviccedilos militares que eles deveriam

ldquoficar mais atentosrdquo e que a Northcom teria de fornecer tudo o que

fosse necessaacuterio Na tarde de terccedila-feira o general Myers repetiu esses

compromissos aos chefes de serviccedilo acrescentando que eles poderiam

proceder sob o comando verbal dele ou do secretaacuterio adjunto England

para providenciar os recursos necessaacuterios ao comandante da Northcom

Almirante Tomothy Keating England disse a Keating que ele teria um

ldquocheque em brancordquo para responder ao Katrina Uma ordem posterior

deu mais autonomia aos responsaacuteveis do DOD expandindo a autoridade

de Myers para permitir que os comandantes reagissem onde quer que

encontrassem necessidades

As autoridades do DOD anteciparam que toda a atenccedilatildeo da Casa Branca

se voltava para o Katrina e como resultado seu papel seria

significativamente ampliado O almirante Ed Giambastiani chefe

adjunto do Estado Maior das Forccedilas Armadas enviou e-mail ao almirante

Keating agraves 1659 na terccedila-feira dizendo ldquoTudo o que vocecirc pensar e

conseguir movimentar para ontem ndash carregadores helicoacutepteros

caminhotildees navios anfiacutebios C-17s C-130s equipes meacutedicas ndash qualquer

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1212

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 9: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

O general do Exeacutercito americano Russel Honoreacute (esquerda) comandante da Forccedila-Tarefa Katrina o general do Exeacutercito americano Bill Caldwell comandante da 82ordf Divisatildeo Aeacuterea e o entatildeo secretaacuterio da Defesa Donald H Rumsfeld discutem soluccedilotildees para o desastre do furacatildeo Katrina enquanto caminham pelo aeroporto de Nova Orleans em 4 de setembro de 2005 Fotografia do Departamento de Defesa feita pelo sargento da Forccedila Aeacuterea americana Kevin K Gruenwald

Uma resistecircncia agrave cooperaccedilatildeo interagencial marca a histoacuteria do DOD

Dentro do proacuteprio departamento diferentes culturas organizacionais e

rivalidades internas restringiram a coordenaccedilatildeo A desconfianccedila de

trabalhar com outros se tornou mais problemaacutetica quando o DOD foi

convocado para realizar uma seacuterie de novas tarefas que exigem

coordenaccedilatildeo com agentes externos como a luta contra o terrorismo a

diplomacia a reconstruccedilatildeo de naccedilotildees a guerra contra as drogas a

manutenccedilatildeo da paz e respostas a crises Muitos nas Forccedilas Armadas

consideram tais atividades um desvio da missatildeo pois natildeo estatildeo

diretamente relacionadas a vencer guerras Na verdade tais

responsabilidades tecircm seu proacuteprio nome Operaccedilotildees Militares Fora de

Guerra (MOOTW)

Um antigo chefe do Colegiado do Estado Maior das Forccedilas Armadas

zombou da agonia do Pentaacutegono sobre o desvio de missatildeo afirmando

com frequecircncia que ldquohomem que eacute homem natildeo faz MOOTWrdquo O

estrategista militar Michael Barnett nota que aqueles favoraacuteveis a essa

categoria de operaccedilotildees tiveram de enfrentar uma cultura hostil no

departamento ldquoNo mundo dos machotildees do militarismo natildeo era difiacutecil

ver quem perderia essa batalha doutrinaacuteria obviamente que eacute o cara que

apenas fala de lsquooutras coisas aleacutem do tema guerrarsquo Quem afinal de contas

entra nas Forccedilas Armadas para fazer qualquer outra coisa que natildeo seja

guerra Quer dizer isso natildeo eacute coisa do chamado Corpo de Pazrdquo

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

99

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

O DOD durante o Katrina

Muitos dos encarregados de dar uma resposta agrave crise inclusive os

funcionaacuterios do DOD consideraram que a resposta do departamento ao

Katrina foi lenta Outros funcionaacuterios defenderam a resposta dada por

eles destacando que haviam deixado regras burocraacuteticas de lado Ambas

as posiccedilotildees satildeo precisas na medida em que refletem duas etapas distintas

da resposta do DOD No primeiro periacuteodo antes e imediatamente apoacutes a

chegada do furacatildeo o departamento assumiu postura essencialmente

reativa ao esperar por requisiccedilotildees de auxiacutelio das autoridades civis No

segundo periacuteodo iniciado na terccedila-feira um dia apoacutes a chegada do

furacatildeo o DOD adotou postura mais proativa caracterizada por uma cultura

de ldquopoder-fazerrdquo militar que levou o departamento a deixar de lado suas

regras e procedimentos buscando mais efetividade

Periacuteodo um ldquoPor que o excesso de burocracia natildeo estaacute sendo

evitadordquo

Os funcionaacuterios da Fema e do Estado de Lousiana descreveram a

resposta inicial do DOD como devagar e demasiadamente burocraacutetica

Scott Wells um agente de Coordenaccedilatildeo Federal da Fema com 30 anos

de experiecircncia militar considerou o processo Jdoms estranho ldquoEacute mais

que complicado Simplesmente leva muito tempo para ser executadordquo

A equipe da Fema estava frustrada com os casos em que o DOD

poderia ter sido mais eficaz no processamento das requisiccedilotildees Levou

24 horas por exemplo para que o departamento processasse pedidos

de helicoacutepteros para analisar os prejuiacutezos A Fema requisitou oito

equipes de resgate com botes salva-vidas tropas treinadas e equipadas

para trabalhar em uma cidade inundada equipamentos de duas bases

da Forccedila Aeacuterea na Califoacuternia (Travis e March) Os intermediaacuterios da

agecircncia trabalharam durante toda a noite na elaboraccedilatildeo da solicitaccedilatildeo

e ficaram sabendo pela manhatilde que o secretaacuterio Rumsfeld natildeo estava

disponiacutevel para aprovaacute-la ndash Rumsfeld estava em San Diego e seu

itineraacuterio incluiacutea um jogo de beisebol do San Diego Padres Em certo

ponto quando ouviram que as regras do Pentaacutegono natildeo permitiam a

aquisiccedilatildeo imediata de um bote para salvar os desabrigados o diretor

da Fema Michael Brown perguntou ldquoPor que a burocracia excessiva

natildeo estaacute sendo cortadardquo

Funcionaacuterios do governo estadual encontraram burocracia excessiva

semelhante Andy Kopplin chefe de Gabinete da governadora de

Lousiana pediu ao Pentaacutegono permissatildeo para o uso de quatro

helicoacutepteros que estavam na Base Aacuterea Fort Polk em Louisiana Na

manhatilde de terccedila-feira a governadora telefonou para a base e soube

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1010

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

que seria necessaacuterio solicitar junto ao DOD a liberaccedilatildeo dos helicoacutepteros

Apoacutes passar quatro horas ao telefone com um funcionaacuterio do Pentaacutegono

a permissatildeo foi dada Mas os helicoacutepteros soacute foram liberados no dia

seguinte Como os pilotos haviam passado o dia ociosos na pista do

aeroporto aguardando ordens acabaram excedendo seu tempo de voo

permitido e natildeo foram autorizados a voar

O DOD argumentou que a maioria dos atrasos no processamento das

solicitaccedilotildees aconteceu em funccedilatildeo de pedidos vagos da Fema Do ponto de

vista dos funcionaacuterios da agecircncia que estavam trabalhando sob condiccedilotildees

precaacuterias o departamento exigiu um alto niacutevel de detalhes criando um

padratildeo de informaccedilatildeo impossiacutevel de satisfazer em meio ao caos do Katrina

Scott Wells insinuou que o DOD queria ldquosaber de 80 a 90 das informaccedilotildees

antes de providenciar um auxiacuteliordquo Uma vez que o DOD revisava o pedido

ele frequentemente voltava agrave Fema para mais esclarecimentos

Alguns funcionaacuterios do DOD que estavam na linha de frente

compartilharam da frustraccedilatildeo de outros responsaacuteveis O capitatildeo Michael

McDaniel representante da Marinha perante a Fema ilustrou a situaccedilatildeo

ldquoO Jdoms ficou famoso lsquoBem vocecirc natildeo pode pedir para ele dessa forma

tem que pedir assimrsquo Entatildeo diga-me como eu devo pedir Soacute preciso de

alguns helicoacutepteros laacute embaixordquo O coronel Don Harrington da cuacutepula

do DOD e representante da Guarda Nacional perante a Fema concordou

que houve alguns atrasos por ldquo9153 razotildees diferentesrdquo o que gerou

certa anguacutestia ldquoEu acho que eacute algo cultural que vem de muito antes

Soacute uma relutacircncia cultural jaacute que eles querem ter certeza de que a

anaacutelise da missatildeo estaacute feita e todas as opccedilotildees foram exploradas antes

de recorrer ao DODrdquo disse o coronel

O general Honoreacute tambeacutem pediu uma abordagem mais proativa Na

noite de domingo ele entrou em contato com a Northcom pedindo que

considerassem quais tipos de apoio poderiam ser fornecidos e

buscassem uma resposta ateacute 2h da manhatilde seguinte Entretanto sem

receber orientaccedilotildees sobre como dispor de recursos do Jdoms a Northcom

relutou em apresentar opccedilotildees atrasando a capacidade do DOD de tornar-

se participante ativo na resposta agrave crise O general Richard Rowe diretor

de operaccedilotildees da Northcom notou que ldquoo Comando das Forccedilas Armadas

e o Estado Maior natildeo fizeram nadardquo e natildeo queriam ver nenhuma

solicitaccedilatildeo iniciada dentro das Forccedilas Armadas ateacute que a Fema emitisse

os pedidos Essa abordagem prejudicou a capacidade de Rowe de detalhar

os tipos de apoio que o departamento poderia providenciar de imediato

Em e-mail ao general Honoreacute 12 horas apoacutes a chegada do Katrina Rowe

explicou que o atraso em providenciar tal informaccedilatildeo se devia ao fato

de que ldquode alguma forma estavam paralisados pelo desejo do Jdoms de

esperar [por solicitaccedilotildees de auxiacutelio]rdquo

Esperando por solicitaccedilotildees especiacuteficas e cautelosamente

examinando-as por meio do Jdoms o DOD atrasou sua proacutepria capacidade

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1111

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

de resposta Os funcionaacuterios do DOD culparam a Fema por natildeo conseguir

preparar pedidos adequados de assistecircncia Isso indicou que o

departamento no iniacutecio tratou o Katrina como um desastre como

qualquer outro No comeccedilo o DOD empregou uma orientaccedilatildeo ldquopuxerdquo ndash

assumindo que a resposta a uma crise deveria ocorrer de baixo para

cima ndash em detrimento de uma abordagem ldquoempurrerdquo Caso tivesse

lanccedilado matildeo desta uacuteltima veriacuteamos o DOD se movimentar rapidamente

para dispor de recursos sem pedidos formais e estabelecer um comando

separado O departamento soacute aplicou a abordagem ldquoempurrerdquo quando

seus funcionaacuterios mais graduados perceberam a extensatildeo da cataacutestrofe

A decisatildeo de avanccedilar para essa abordagem foi tomada em reuniatildeo da

cuacutepula do DOD na terccedila-feira de manhatilde

Periacuteodo dois o cheque em branco

Como outros funcionaacuterios federais que natildeo estavam em Louisiana

a cuacutepula do DOD supocircs que Nova Orleans havia ldquoesquivado-se de uma

balardquo na noite de segunda-feira Na terccedila de manhatilde o subsecretaacuterio

Paul McHale o secretaacuterio adjunto Gordon England (que estava

substituindo Rumsfeld) e o chefe do Estado Maior general Richard

Myers encontraram-se Eles estavam preocupados com uma possiacutevel

amenizaccedilatildeo dos danos por parte da miacutedia e temiam que a Fema natildeo

estivesse encaminhando as solicitaccedilotildees no tempo adequado O

secretaacuterio adjunto England disse ao chefe do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e aos representantes dos serviccedilos militares que eles deveriam

ldquoficar mais atentosrdquo e que a Northcom teria de fornecer tudo o que

fosse necessaacuterio Na tarde de terccedila-feira o general Myers repetiu esses

compromissos aos chefes de serviccedilo acrescentando que eles poderiam

proceder sob o comando verbal dele ou do secretaacuterio adjunto England

para providenciar os recursos necessaacuterios ao comandante da Northcom

Almirante Tomothy Keating England disse a Keating que ele teria um

ldquocheque em brancordquo para responder ao Katrina Uma ordem posterior

deu mais autonomia aos responsaacuteveis do DOD expandindo a autoridade

de Myers para permitir que os comandantes reagissem onde quer que

encontrassem necessidades

As autoridades do DOD anteciparam que toda a atenccedilatildeo da Casa Branca

se voltava para o Katrina e como resultado seu papel seria

significativamente ampliado O almirante Ed Giambastiani chefe

adjunto do Estado Maior das Forccedilas Armadas enviou e-mail ao almirante

Keating agraves 1659 na terccedila-feira dizendo ldquoTudo o que vocecirc pensar e

conseguir movimentar para ontem ndash carregadores helicoacutepteros

caminhotildees navios anfiacutebios C-17s C-130s equipes meacutedicas ndash qualquer

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1212

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 10: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

O DOD durante o Katrina

Muitos dos encarregados de dar uma resposta agrave crise inclusive os

funcionaacuterios do DOD consideraram que a resposta do departamento ao

Katrina foi lenta Outros funcionaacuterios defenderam a resposta dada por

eles destacando que haviam deixado regras burocraacuteticas de lado Ambas

as posiccedilotildees satildeo precisas na medida em que refletem duas etapas distintas

da resposta do DOD No primeiro periacuteodo antes e imediatamente apoacutes a

chegada do furacatildeo o departamento assumiu postura essencialmente

reativa ao esperar por requisiccedilotildees de auxiacutelio das autoridades civis No

segundo periacuteodo iniciado na terccedila-feira um dia apoacutes a chegada do

furacatildeo o DOD adotou postura mais proativa caracterizada por uma cultura

de ldquopoder-fazerrdquo militar que levou o departamento a deixar de lado suas

regras e procedimentos buscando mais efetividade

Periacuteodo um ldquoPor que o excesso de burocracia natildeo estaacute sendo

evitadordquo

Os funcionaacuterios da Fema e do Estado de Lousiana descreveram a

resposta inicial do DOD como devagar e demasiadamente burocraacutetica

Scott Wells um agente de Coordenaccedilatildeo Federal da Fema com 30 anos

de experiecircncia militar considerou o processo Jdoms estranho ldquoEacute mais

que complicado Simplesmente leva muito tempo para ser executadordquo

A equipe da Fema estava frustrada com os casos em que o DOD

poderia ter sido mais eficaz no processamento das requisiccedilotildees Levou

24 horas por exemplo para que o departamento processasse pedidos

de helicoacutepteros para analisar os prejuiacutezos A Fema requisitou oito

equipes de resgate com botes salva-vidas tropas treinadas e equipadas

para trabalhar em uma cidade inundada equipamentos de duas bases

da Forccedila Aeacuterea na Califoacuternia (Travis e March) Os intermediaacuterios da

agecircncia trabalharam durante toda a noite na elaboraccedilatildeo da solicitaccedilatildeo

e ficaram sabendo pela manhatilde que o secretaacuterio Rumsfeld natildeo estava

disponiacutevel para aprovaacute-la ndash Rumsfeld estava em San Diego e seu

itineraacuterio incluiacutea um jogo de beisebol do San Diego Padres Em certo

ponto quando ouviram que as regras do Pentaacutegono natildeo permitiam a

aquisiccedilatildeo imediata de um bote para salvar os desabrigados o diretor

da Fema Michael Brown perguntou ldquoPor que a burocracia excessiva

natildeo estaacute sendo cortadardquo

Funcionaacuterios do governo estadual encontraram burocracia excessiva

semelhante Andy Kopplin chefe de Gabinete da governadora de

Lousiana pediu ao Pentaacutegono permissatildeo para o uso de quatro

helicoacutepteros que estavam na Base Aacuterea Fort Polk em Louisiana Na

manhatilde de terccedila-feira a governadora telefonou para a base e soube

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1010

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

que seria necessaacuterio solicitar junto ao DOD a liberaccedilatildeo dos helicoacutepteros

Apoacutes passar quatro horas ao telefone com um funcionaacuterio do Pentaacutegono

a permissatildeo foi dada Mas os helicoacutepteros soacute foram liberados no dia

seguinte Como os pilotos haviam passado o dia ociosos na pista do

aeroporto aguardando ordens acabaram excedendo seu tempo de voo

permitido e natildeo foram autorizados a voar

O DOD argumentou que a maioria dos atrasos no processamento das

solicitaccedilotildees aconteceu em funccedilatildeo de pedidos vagos da Fema Do ponto de

vista dos funcionaacuterios da agecircncia que estavam trabalhando sob condiccedilotildees

precaacuterias o departamento exigiu um alto niacutevel de detalhes criando um

padratildeo de informaccedilatildeo impossiacutevel de satisfazer em meio ao caos do Katrina

Scott Wells insinuou que o DOD queria ldquosaber de 80 a 90 das informaccedilotildees

antes de providenciar um auxiacuteliordquo Uma vez que o DOD revisava o pedido

ele frequentemente voltava agrave Fema para mais esclarecimentos

Alguns funcionaacuterios do DOD que estavam na linha de frente

compartilharam da frustraccedilatildeo de outros responsaacuteveis O capitatildeo Michael

McDaniel representante da Marinha perante a Fema ilustrou a situaccedilatildeo

ldquoO Jdoms ficou famoso lsquoBem vocecirc natildeo pode pedir para ele dessa forma

tem que pedir assimrsquo Entatildeo diga-me como eu devo pedir Soacute preciso de

alguns helicoacutepteros laacute embaixordquo O coronel Don Harrington da cuacutepula

do DOD e representante da Guarda Nacional perante a Fema concordou

que houve alguns atrasos por ldquo9153 razotildees diferentesrdquo o que gerou

certa anguacutestia ldquoEu acho que eacute algo cultural que vem de muito antes

Soacute uma relutacircncia cultural jaacute que eles querem ter certeza de que a

anaacutelise da missatildeo estaacute feita e todas as opccedilotildees foram exploradas antes

de recorrer ao DODrdquo disse o coronel

O general Honoreacute tambeacutem pediu uma abordagem mais proativa Na

noite de domingo ele entrou em contato com a Northcom pedindo que

considerassem quais tipos de apoio poderiam ser fornecidos e

buscassem uma resposta ateacute 2h da manhatilde seguinte Entretanto sem

receber orientaccedilotildees sobre como dispor de recursos do Jdoms a Northcom

relutou em apresentar opccedilotildees atrasando a capacidade do DOD de tornar-

se participante ativo na resposta agrave crise O general Richard Rowe diretor

de operaccedilotildees da Northcom notou que ldquoo Comando das Forccedilas Armadas

e o Estado Maior natildeo fizeram nadardquo e natildeo queriam ver nenhuma

solicitaccedilatildeo iniciada dentro das Forccedilas Armadas ateacute que a Fema emitisse

os pedidos Essa abordagem prejudicou a capacidade de Rowe de detalhar

os tipos de apoio que o departamento poderia providenciar de imediato

Em e-mail ao general Honoreacute 12 horas apoacutes a chegada do Katrina Rowe

explicou que o atraso em providenciar tal informaccedilatildeo se devia ao fato

de que ldquode alguma forma estavam paralisados pelo desejo do Jdoms de

esperar [por solicitaccedilotildees de auxiacutelio]rdquo

Esperando por solicitaccedilotildees especiacuteficas e cautelosamente

examinando-as por meio do Jdoms o DOD atrasou sua proacutepria capacidade

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1111

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

de resposta Os funcionaacuterios do DOD culparam a Fema por natildeo conseguir

preparar pedidos adequados de assistecircncia Isso indicou que o

departamento no iniacutecio tratou o Katrina como um desastre como

qualquer outro No comeccedilo o DOD empregou uma orientaccedilatildeo ldquopuxerdquo ndash

assumindo que a resposta a uma crise deveria ocorrer de baixo para

cima ndash em detrimento de uma abordagem ldquoempurrerdquo Caso tivesse

lanccedilado matildeo desta uacuteltima veriacuteamos o DOD se movimentar rapidamente

para dispor de recursos sem pedidos formais e estabelecer um comando

separado O departamento soacute aplicou a abordagem ldquoempurrerdquo quando

seus funcionaacuterios mais graduados perceberam a extensatildeo da cataacutestrofe

A decisatildeo de avanccedilar para essa abordagem foi tomada em reuniatildeo da

cuacutepula do DOD na terccedila-feira de manhatilde

Periacuteodo dois o cheque em branco

Como outros funcionaacuterios federais que natildeo estavam em Louisiana

a cuacutepula do DOD supocircs que Nova Orleans havia ldquoesquivado-se de uma

balardquo na noite de segunda-feira Na terccedila de manhatilde o subsecretaacuterio

Paul McHale o secretaacuterio adjunto Gordon England (que estava

substituindo Rumsfeld) e o chefe do Estado Maior general Richard

Myers encontraram-se Eles estavam preocupados com uma possiacutevel

amenizaccedilatildeo dos danos por parte da miacutedia e temiam que a Fema natildeo

estivesse encaminhando as solicitaccedilotildees no tempo adequado O

secretaacuterio adjunto England disse ao chefe do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e aos representantes dos serviccedilos militares que eles deveriam

ldquoficar mais atentosrdquo e que a Northcom teria de fornecer tudo o que

fosse necessaacuterio Na tarde de terccedila-feira o general Myers repetiu esses

compromissos aos chefes de serviccedilo acrescentando que eles poderiam

proceder sob o comando verbal dele ou do secretaacuterio adjunto England

para providenciar os recursos necessaacuterios ao comandante da Northcom

Almirante Tomothy Keating England disse a Keating que ele teria um

ldquocheque em brancordquo para responder ao Katrina Uma ordem posterior

deu mais autonomia aos responsaacuteveis do DOD expandindo a autoridade

de Myers para permitir que os comandantes reagissem onde quer que

encontrassem necessidades

As autoridades do DOD anteciparam que toda a atenccedilatildeo da Casa Branca

se voltava para o Katrina e como resultado seu papel seria

significativamente ampliado O almirante Ed Giambastiani chefe

adjunto do Estado Maior das Forccedilas Armadas enviou e-mail ao almirante

Keating agraves 1659 na terccedila-feira dizendo ldquoTudo o que vocecirc pensar e

conseguir movimentar para ontem ndash carregadores helicoacutepteros

caminhotildees navios anfiacutebios C-17s C-130s equipes meacutedicas ndash qualquer

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1212

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 11: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

que seria necessaacuterio solicitar junto ao DOD a liberaccedilatildeo dos helicoacutepteros

Apoacutes passar quatro horas ao telefone com um funcionaacuterio do Pentaacutegono

a permissatildeo foi dada Mas os helicoacutepteros soacute foram liberados no dia

seguinte Como os pilotos haviam passado o dia ociosos na pista do

aeroporto aguardando ordens acabaram excedendo seu tempo de voo

permitido e natildeo foram autorizados a voar

O DOD argumentou que a maioria dos atrasos no processamento das

solicitaccedilotildees aconteceu em funccedilatildeo de pedidos vagos da Fema Do ponto de

vista dos funcionaacuterios da agecircncia que estavam trabalhando sob condiccedilotildees

precaacuterias o departamento exigiu um alto niacutevel de detalhes criando um

padratildeo de informaccedilatildeo impossiacutevel de satisfazer em meio ao caos do Katrina

Scott Wells insinuou que o DOD queria ldquosaber de 80 a 90 das informaccedilotildees

antes de providenciar um auxiacuteliordquo Uma vez que o DOD revisava o pedido

ele frequentemente voltava agrave Fema para mais esclarecimentos

Alguns funcionaacuterios do DOD que estavam na linha de frente

compartilharam da frustraccedilatildeo de outros responsaacuteveis O capitatildeo Michael

McDaniel representante da Marinha perante a Fema ilustrou a situaccedilatildeo

ldquoO Jdoms ficou famoso lsquoBem vocecirc natildeo pode pedir para ele dessa forma

tem que pedir assimrsquo Entatildeo diga-me como eu devo pedir Soacute preciso de

alguns helicoacutepteros laacute embaixordquo O coronel Don Harrington da cuacutepula

do DOD e representante da Guarda Nacional perante a Fema concordou

que houve alguns atrasos por ldquo9153 razotildees diferentesrdquo o que gerou

certa anguacutestia ldquoEu acho que eacute algo cultural que vem de muito antes

Soacute uma relutacircncia cultural jaacute que eles querem ter certeza de que a

anaacutelise da missatildeo estaacute feita e todas as opccedilotildees foram exploradas antes

de recorrer ao DODrdquo disse o coronel

O general Honoreacute tambeacutem pediu uma abordagem mais proativa Na

noite de domingo ele entrou em contato com a Northcom pedindo que

considerassem quais tipos de apoio poderiam ser fornecidos e

buscassem uma resposta ateacute 2h da manhatilde seguinte Entretanto sem

receber orientaccedilotildees sobre como dispor de recursos do Jdoms a Northcom

relutou em apresentar opccedilotildees atrasando a capacidade do DOD de tornar-

se participante ativo na resposta agrave crise O general Richard Rowe diretor

de operaccedilotildees da Northcom notou que ldquoo Comando das Forccedilas Armadas

e o Estado Maior natildeo fizeram nadardquo e natildeo queriam ver nenhuma

solicitaccedilatildeo iniciada dentro das Forccedilas Armadas ateacute que a Fema emitisse

os pedidos Essa abordagem prejudicou a capacidade de Rowe de detalhar

os tipos de apoio que o departamento poderia providenciar de imediato

Em e-mail ao general Honoreacute 12 horas apoacutes a chegada do Katrina Rowe

explicou que o atraso em providenciar tal informaccedilatildeo se devia ao fato

de que ldquode alguma forma estavam paralisados pelo desejo do Jdoms de

esperar [por solicitaccedilotildees de auxiacutelio]rdquo

Esperando por solicitaccedilotildees especiacuteficas e cautelosamente

examinando-as por meio do Jdoms o DOD atrasou sua proacutepria capacidade

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1111

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

de resposta Os funcionaacuterios do DOD culparam a Fema por natildeo conseguir

preparar pedidos adequados de assistecircncia Isso indicou que o

departamento no iniacutecio tratou o Katrina como um desastre como

qualquer outro No comeccedilo o DOD empregou uma orientaccedilatildeo ldquopuxerdquo ndash

assumindo que a resposta a uma crise deveria ocorrer de baixo para

cima ndash em detrimento de uma abordagem ldquoempurrerdquo Caso tivesse

lanccedilado matildeo desta uacuteltima veriacuteamos o DOD se movimentar rapidamente

para dispor de recursos sem pedidos formais e estabelecer um comando

separado O departamento soacute aplicou a abordagem ldquoempurrerdquo quando

seus funcionaacuterios mais graduados perceberam a extensatildeo da cataacutestrofe

A decisatildeo de avanccedilar para essa abordagem foi tomada em reuniatildeo da

cuacutepula do DOD na terccedila-feira de manhatilde

Periacuteodo dois o cheque em branco

Como outros funcionaacuterios federais que natildeo estavam em Louisiana

a cuacutepula do DOD supocircs que Nova Orleans havia ldquoesquivado-se de uma

balardquo na noite de segunda-feira Na terccedila de manhatilde o subsecretaacuterio

Paul McHale o secretaacuterio adjunto Gordon England (que estava

substituindo Rumsfeld) e o chefe do Estado Maior general Richard

Myers encontraram-se Eles estavam preocupados com uma possiacutevel

amenizaccedilatildeo dos danos por parte da miacutedia e temiam que a Fema natildeo

estivesse encaminhando as solicitaccedilotildees no tempo adequado O

secretaacuterio adjunto England disse ao chefe do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e aos representantes dos serviccedilos militares que eles deveriam

ldquoficar mais atentosrdquo e que a Northcom teria de fornecer tudo o que

fosse necessaacuterio Na tarde de terccedila-feira o general Myers repetiu esses

compromissos aos chefes de serviccedilo acrescentando que eles poderiam

proceder sob o comando verbal dele ou do secretaacuterio adjunto England

para providenciar os recursos necessaacuterios ao comandante da Northcom

Almirante Tomothy Keating England disse a Keating que ele teria um

ldquocheque em brancordquo para responder ao Katrina Uma ordem posterior

deu mais autonomia aos responsaacuteveis do DOD expandindo a autoridade

de Myers para permitir que os comandantes reagissem onde quer que

encontrassem necessidades

As autoridades do DOD anteciparam que toda a atenccedilatildeo da Casa Branca

se voltava para o Katrina e como resultado seu papel seria

significativamente ampliado O almirante Ed Giambastiani chefe

adjunto do Estado Maior das Forccedilas Armadas enviou e-mail ao almirante

Keating agraves 1659 na terccedila-feira dizendo ldquoTudo o que vocecirc pensar e

conseguir movimentar para ontem ndash carregadores helicoacutepteros

caminhotildees navios anfiacutebios C-17s C-130s equipes meacutedicas ndash qualquer

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1212

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 12: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

de resposta Os funcionaacuterios do DOD culparam a Fema por natildeo conseguir

preparar pedidos adequados de assistecircncia Isso indicou que o

departamento no iniacutecio tratou o Katrina como um desastre como

qualquer outro No comeccedilo o DOD empregou uma orientaccedilatildeo ldquopuxerdquo ndash

assumindo que a resposta a uma crise deveria ocorrer de baixo para

cima ndash em detrimento de uma abordagem ldquoempurrerdquo Caso tivesse

lanccedilado matildeo desta uacuteltima veriacuteamos o DOD se movimentar rapidamente

para dispor de recursos sem pedidos formais e estabelecer um comando

separado O departamento soacute aplicou a abordagem ldquoempurrerdquo quando

seus funcionaacuterios mais graduados perceberam a extensatildeo da cataacutestrofe

A decisatildeo de avanccedilar para essa abordagem foi tomada em reuniatildeo da

cuacutepula do DOD na terccedila-feira de manhatilde

Periacuteodo dois o cheque em branco

Como outros funcionaacuterios federais que natildeo estavam em Louisiana

a cuacutepula do DOD supocircs que Nova Orleans havia ldquoesquivado-se de uma

balardquo na noite de segunda-feira Na terccedila de manhatilde o subsecretaacuterio

Paul McHale o secretaacuterio adjunto Gordon England (que estava

substituindo Rumsfeld) e o chefe do Estado Maior general Richard

Myers encontraram-se Eles estavam preocupados com uma possiacutevel

amenizaccedilatildeo dos danos por parte da miacutedia e temiam que a Fema natildeo

estivesse encaminhando as solicitaccedilotildees no tempo adequado O

secretaacuterio adjunto England disse ao chefe do Estado Maior das Forccedilas

Armadas e aos representantes dos serviccedilos militares que eles deveriam

ldquoficar mais atentosrdquo e que a Northcom teria de fornecer tudo o que

fosse necessaacuterio Na tarde de terccedila-feira o general Myers repetiu esses

compromissos aos chefes de serviccedilo acrescentando que eles poderiam

proceder sob o comando verbal dele ou do secretaacuterio adjunto England

para providenciar os recursos necessaacuterios ao comandante da Northcom

Almirante Tomothy Keating England disse a Keating que ele teria um

ldquocheque em brancordquo para responder ao Katrina Uma ordem posterior

deu mais autonomia aos responsaacuteveis do DOD expandindo a autoridade

de Myers para permitir que os comandantes reagissem onde quer que

encontrassem necessidades

As autoridades do DOD anteciparam que toda a atenccedilatildeo da Casa Branca

se voltava para o Katrina e como resultado seu papel seria

significativamente ampliado O almirante Ed Giambastiani chefe

adjunto do Estado Maior das Forccedilas Armadas enviou e-mail ao almirante

Keating agraves 1659 na terccedila-feira dizendo ldquoTudo o que vocecirc pensar e

conseguir movimentar para ontem ndash carregadores helicoacutepteros

caminhotildees navios anfiacutebios C-17s C-130s equipes meacutedicas ndash qualquer

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1212

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 13: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

coisa Melhor sobrar do que faltar O presidente Bush estaacute voltando para

Washington hoje agrave noite soacute para issordquo

A mudanccedila para uma abordagem ldquoempurrerdquo proveacutem da decisatildeo

altamente incomum de confiar em um comando verbal Em quase todos

os casos o deslocamento de recursos segue ordens por escrito rastreadas

eletronicamente O subsecretaacuterio McHale relembrou ldquoA mensagem do

secretaacuterio adjunto de Defesa em consonacircncia com a recomendaccedilatildeo

fornecida pelo chefe do Estado-Maior das Forccedilas Armadas foi para agir

em caraacuteter de urgecircncia e minimizar a burocracia o maacuteximo possiacutevelrdquo O

almirante Keating entendeu a orientaccedilatildeo como ldquovamos deslocar tudo que

achamos que a Fema vai precisar sem objeccedilotildees do DOD ou do Estado

Maiorrdquo A mudanccedila para um comando verbal buscava evitar que os pedidos

por escrito atrasassem a resposta O DOD tomaria decisotildees coerentes com

as necessidades da situaccedilatildeo e providenciaria a papelada mais tarde

A mudanccedila para uma resposta proativa foi sentida imediatamente em

campo O capitatildeo McDaniel notou que ldquoo pecircndulo balanccedilou de um extremo

ao outrordquo ldquoQuero dizer passamos de ter que espiar por entre os dedos do

secretaacuterio Rumsfeld a bordo de um helicoacuteptero e este gorila de 100 kg

simplesmente fala lsquook noacutes entendemosrsquo Boom e entatildeo as comportas se

abremrdquo declarou o capitatildeo Essa nova capacidade de resposta levou as

equipes da Fema e do DHS a elogiar o departamento O secretaacuterio adjunto

do DHS Michael Jackson descreveu isso como ldquoum dos melhores exemplos

de cortar a burocracia e conseguir realizar o trabalhordquo

O DOD natildeo alocava mais os recursos examinando as solicitaccedilotildees da

Fema Se os pedidos natildeo fossem suficientemente especiacuteficos os oficiais

do departamento a partir daquele momento preenchiam os detalhes

e seguiam em frente Aleacutem disso o Departamento de Defesa buscava

antecipar os pedidos da Fema enviando os recursos que considerava

apropriados Quando a agecircncia solicitava recursos o DOD estava pronto

para providenciaacute-los Se o ele sentisse que os recursos poderiam ser

dispostos de modo uacutetil mas a Fema ainda natildeo houvesse solicitado tais

recursos o DOD geralmente os colocava em operaccedilatildeo de qualquer forma

elaborando os proacuteprios pedidos de assistecircncia os quais repassava agrave Fema

para enviar de volta agrave Defesa usando canais oficiais

O Comando de Transportes dos Estados Unidos por exemplo

comeccedilou a decolar do aeroporto de Nova Orleans agraves 8h da manhatilde de

quinta-feira mas o DOD soacute recebeu a tarefa de evacuaccedilatildeo na quinta-

feira agrave noite e esta natildeo foi processada ateacute sexta-feira A maioria dos

recursos militares alocados com valor aproximado de U$ 805 milhotildees jaacute

estavam em processo de execuccedilatildeo no momento em que foram

oficialmente aprovados pelo secretaacuterio de Defesa no dia 5 de setembro

Ao mesmo tempo a designaccedilatildeo de Honoreacute para liderar a Forccedila-Tarefa

Katrina forneceu outros meios pelos quais os obstaacuteculos normais de

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1313

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 14: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

procedimento pudessem ser contornados Honoreacute comeccedilou

encontrando uma forma de mover suas tropas para perto do centro da

accedilatildeo sem esperar ordens ldquoMeu pensamento era lsquochegar laacutersquo porque a

primeira regra de guerra eacute lsquovocecirc tem que chegar laacutersquordquo afirmou Honoreacute

Na ausecircncia de ordens expliacutecitas para mobilizar o general por meio de

um exerciacutecio de treinamento movia suas tropas Ele inventou o

ldquoExerciacutecio Katrinardquo para deslocar suas tropas ao Campo Shelby no

Mississipi antes da chegada do furacatildeo Esperar por um pedido oficial

de auxiacutelio ou ordens de mobilizaccedilatildeo natildeo fazia o estilo de Honoreacute ldquoAgraves

vezes dizem lsquovamos esperar ateacute que peccedilam algorsquo Mas neste caso temos

uma situaccedilatildeo onde precisamos salvar vidas Natildeo podemos esperar [por

uma solicitaccedilatildeo de auxiacutelio] ou natildeo deveriacuteamos esperar por uma Se haacute

capacidade precisamos comeccedilar a nos mexerrdquo

As diretrizes do Jdoms permitem que os comandantes militares locais

faccedilam uso de recursos sem permissatildeo preacutevia para ldquosalvar vidas evitar o

sofrimento humano ou mitigar grandes danos agrave propriedade em face

de condiccedilotildees graves iminentesrdquo Honoreacute em muitas ocasiotildees substituiu

o processo do Jdoms ndash pegando pedidos de funcionaacuterios estaduais e

locais avaliando-os e dispondo recursos Por exemplo os funcionaacuterios

de Louisiana natildeo fizeram pedido formal para que forccedilas ativas fossem

alocadas Eles simplesmente pediram a Honoreacute O pessoal dessas forccedilas

buscou sobreviventes ajudou nos resgates e manteve a ordem

A partir de entatildeo o DOD estava claramente engajado na resposta

Essas eram boas notiacutecias para a Fema A agecircncia que antes havia

testemunhado as preocupaccedilotildees do departamento com o fato de

desempenhar missotildees natildeo militares estava vendo o aspecto ldquopoder-

fazerrdquo da cultura do DOD Mas isso natildeo significava que a Fema e o DOD

naquele momento tinham uma relaccedilatildeo colaborativa Ao se

comprometer em fazer grandes esforccedilos o DOD colocou a Fema

extremamente de lado dizendo agrave agecircncia de que forma os recursos

seriam providos antes mesmo de ela formular os pedidos Em seu

depoimento no Senado Scott Wells da Fema comparou o auxiacutelio do

DOD ao de um gorila de 400 kg ldquoVocecirc tem que cuidar daquele gorila e

ser responsaacutevel por ele mas aquele gorila de 400kg vai fazer o que quer

e quando quiser e como quiser Entatildeo vocecirc perde um pouco do controle

na sua organizaccedilatildeo com a estrutura do Departamento de Defesardquo

O estabelecimento da Forccedila-Tarefa Katrina refletiu a autonomia do

DOD A Forccedila-Tarefa representava essencialmente um comando de

campo separado aleacutem do Gabinete Conjunto e do diretor federal A

Forccedila-Tarefa pouco fez para coordenar os pedidos que recebia de

autoridades estaduais e locais com os outros comandos Isso

enfraqueceu ainda mais a perspectiva de um comando unificado para a

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1414

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 15: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

resposta Por exemplo os funcionaacuterios da Fema haviam elaborado plano

para evacuar o Superdome e pretendiam colocaacute-lo em praacutetica na manhatilde

de quarta-feira Mas o general Honoreacute disse agrave Guarda Nacional no

Superdome para cancelar A pedido da governadora Blanco Honoreacute

implementou evacuaccedilatildeo separada sem informar a Fema Outro exemplo

foi a recuperaccedilatildeo de corpos e serviccedilos funeraacuterios na qual o DOD

impacientou-se com o Departamento de Sauacutede e Serviccedilos Humanos ndash a

principal agecircncia oficial para essa responsabilidade ndash que foi lento na

resposta Finalmente o DOD assumiu a lideranccedila em identificar e

armazenar os corpos Nesses exemplos o departamento simplesmente

seguiu em frente e assumiu tarefas quando parecia que a coordenaccedilatildeo

com outras agecircncias estava atrasando o processo

A resposta agressiva do DOD nesse periacuteodo facilitou o esquecimento

de sua ineacutercia inicial Ele foi muito elogiado no resultado do Katrina

Uma comissatildeo especial do Senado destacou os esforccedilos extraordinaacuterios

do DOD para ajudar a restaurar a ordem mas tambeacutem notou ldquolsquouma

relutacircncia culturalrsquo em comprometer os bens do departamento para

missotildees de apoio civil a natildeo ser quando absolutamente necessaacuteriordquo5

Tal combinaccedilatildeo de elogio e criacutetica refletiu os resultados mistos da

colaboraccedilatildeo FemandashDOD e levantou questotildees Eacute possiacutevel estruturar

colaboraccedilatildeo em tempos de crise Que barreiras limitam tal colaboraccedilatildeo

e como elas podem ser superadas O que motiva a coordenaccedilatildeo entre as

agecircncias Que papel as regras organizacionais a cultura e a lideranccedila

tecircm na hora de formar a colaboraccedilatildeo Encontrar respostas para essas

perguntas eacute um desafio para os formuladores de poliacuteticas puacuteblicas que

buscam desvendar os benefiacutecios de uma resposta agrave crise com a

coordenaccedilatildeo das vaacuterias capacidades do governo federal e outros

responsaacuteveis mas com a rapidez exigida pelas condiccedilotildees da crise

Conclusatildeo

Existem muitas razotildees pelas quais a resposta ao furacatildeo Katrina foi

insuficiente Este caso natildeo tenta lidar com todos esses problemas Em

vez disso foca em apenas uma diacuteade embora ela seja importante na

rede de respostas ao desastre A rede registrou grande nuacutemero de

organizaccedilotildees respondendo a um objetivo central reduzir o sofrimento

e as perdas de vidas resultantes do furacatildeo Mais de 500 organizaccedilotildees

foram identificadas como envolvidas na resposta imediata poacutes-Katrina

(ver Apecircndices 2 e 3)

Eacute difiacutecil prever um comando uacutenico orientando todas as organizaccedilotildees

que responderam ao furacatildeo Katrina Em parte isso se deve ao tamanho

da rede Muitos dos encarregados principalmente dos setores privado

e sem fins lucrativos natildeo se envolveram no planejamento preacute-crise

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1515

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 16: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

natildeo conheciam o ICS e estavam simplesmente tentando ajudar da melhor

maneira possiacutevel Em contrapartida o DOD tinha responsabilidades preacute-

designadas e uma compreensatildeo acima da meacutedia do sistema de ICS

Mesmo com essas vantagens a colaboraccedilatildeo entre o DOD e a Fema nem

sempre foi tranquila Estimular colaboraccedilatildeo intergovernamental e

colaboraccedilatildeo entre o governo e organizaccedilotildees privadas e sem fins lucrativos

apresenta desafio ainda maior Mas se o governo federal se debate para

coordenar a crise entre suas proacuteprias agecircncias eacute improvaacutevel que seja

capaz de promover a colaboraccedilatildeo com outros

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1616

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 17: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 1 Visatildeo do Departamento de Seguranccedila Interna das

caracteriacutesticas de gerenciamento do ICS

bull Terminologia comum

bull Tamanho das equipes gerenciaacutevel

bull Organizaccedilatildeo modular ndash a estrutura do comando pode ser

expandida para atender agrave natureza do incidente enquanto

manteacutem um nuacutemero de subordinados gerenciaacutevel Se a crise

se expandir comandos de incidente adicionais podem ser

acrescentados sob controle de uma uacutenica aacuterea de comando

bull Gerenciamento por objetivos ndash os agentes devem

identificar os objetivos criando tarefas planos procedimentos

e protocolos para atingir tais objetivos Planos de accedilatildeo por

escrito devem ser produzidos regularmente (em geral

diariamente)

bull Instalaccedilotildees e locaccedilotildees de incidentes preacute-designadas ndash o

planejamento deve identificar provaacuteveis locaccedilotildees e instalaccedilotildees

para operaccedilotildees do ICS

bull Gerenciamento amplo de recursos ndash processos de

categorizaccedilatildeo pedidos envios rastreamento e recuperaccedilatildeo

de recursos que forneccedilam tempestivamente informaccedilotildees sobre

a utilizaccedilatildeo de recursos

bull Comunicaccedilotildees integradas

bull Estabelecimento e transferecircncia de comando ndash a agecircncia

com autoridade jurisdicional primaacuteria pode identificar o

comandante do incidente

bull Cadeia de comando e unidade de comando ndash linhas claras

de autoridade em que todos tecircm um supervisor designado

bull Comando unificado ndash se houver competecircncia

compartilhada pode haver mais de um comandante de

incidente Se assim for eles devem trabalhar como uma equipe

uacutenica

bull Responsabilidade ndash os responsaacuteveis devem monitorar

procedimentos de ICS em andamento o plano de accedilatildeo do

incidente deve ser seguido

bull Implementaccedilatildeo ndash o pessoalequipamento responde

apenas quando solicitado ou despachado

bull Gestatildeo de inteligecircncia e informaccedilatildeo ndash um processo deve

ser estabelecido para juntar e compartilhar a inteligecircncia

relacionada ao incidente

Fonte Departamento Americano de Seguranccedila Interna 2004 Sistema Nacional de Gerenciamento de Incidentes

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1717

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 18: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

Apecircndice 2 Papel do DOD na resposta aos desastres no Plano

Nacional de Respostas

IBIJI Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Funccedilatildeo de suporte emergencial

Papel especiacutefico do DOD

1 Transporte Providencia o intermediaacuterio militar para a mesa ESF 1 transporte militar para

movimentar os recursos e auxilia na contrataccedilatildeo de aviotildees civis

2 Comunicaccedilatildeo Utiliza os proacuteprios recursos para se comunicar e coordenar comunicaccedilotildees com o coordenador federal de Situaccedilotildees Emergenciais

3 Obras puacuteblicas e engenharia

O corpo de engenheiros do Exeacutercito fornece assistecircncia teacutecnica engenharia e gerenciamento de construccedilatildeo

4 Combate a incecircndios Conduz combate a incecircndios nas instalaccedilotildees do DOD e ajuda outras agecircncias em aacutereas fora do departamento

5 Gerenciamento suplementar de emergecircncia

Sem funccedilatildeo especificada

6 Cuidado em massa habitaccedilatildeo e serviccedilos

humanos

O corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia gelo e aacutegua inspeciona abrigo para adequabilidade e auxilia na construccedilatildeo de abrigos temporaacuterios e reparos

habitacionais temporaacuterios

7 Apoio com recursos Sem funccedilatildeo especificada

8 Sauacutede puacuteblica e

serviccedilos meacutedicos

Transporta pacientes para as instalaccedilotildees meacutedicas auxilia com serviccedilos funeraacuterios obteacutem e transporta materiais meacutedicos e fornece materiais

meacutedicos produtos derivados do sangue equipe meacutedica serviccedilos laboratoriais e apoio logiacutestico ao DOD

9 Busca e resgate urbanos

Quando solicitado serve como fonte primaacuteria para aeronave rotativa ou de asa

fixa para apoiar operaccedilotildees de busca e resgate urbano e os engenheiros do Exeacutercito providenciam (1) algum treinamento e anaacutelise de integridade estrutural (2) avaliaccedilotildees das condiccedilotildees de seguranccedila para entrar em um

edifiacutecio (3) monitoramento de estabilidade do edifiacutecio e (4) outros serviccedilos

10 Petroacuteleo e substacircncias perigosas

Fornece o coordenador federal em exerciacutecio que orienta as accedilotildees de resposta

para liberaccedilotildees de substacircncias perigosas de seus navios instalaccedilotildees veiacuteculos municcedilotildees e armas e o corpo de engenheiros do Exeacutercito providencia auxiacutelio agrave

resposta e recuperaccedilatildeo envolvendo dispositivos de dispersatildeo radioloacutegica e

dispositivos nucleares improvisados

11 Agricultura e

recursos naturais

Avalia (1) a disponibilidade de alimentos do DOD e instalaccedilotildees de estocagem

(2) equipamento de transporte em postos proacuteximos agraves aacutereas afetadas e (3)

auxiacutelio laboratorial diagnoacutestico e teacutecnico e ajuda em emergecircncias animais desenvolve planos apropriados e os engenheiros do Exeacutercito providenciam

teacutecnica e recursos para ajudar na remoccedilatildeo e eliminaccedilatildeo de cadaacuteveres animais e escombros

12 Energia Coordena equipes com missotildees de emergecircncia restauraccedilatildeo da energia e fornece suporte adequado

13 Seguranccedila puacuteblica Se ordenado pelo presidente combate insurreiccedilotildees e fornece assistecircncia e expertise em meios fiacutesicos e eletrocircnicos de seguranccedila

14 Longo prazo para recuperaccedilatildeo de comunidade

Presta assistecircncia teacutecnica no planejamento da comunidade engenharia civil e avaliaccedilatildeo de risco de desastres naturais e apoia o desenvolvimento da estrateacutegia nacional para a habitaccedilatildeo remoccedilatildeo de entulhos e restauraccedilatildeo de

equipamentos puacuteblicos e infraestrutura

15 Relaccedilotildees exteriores Nenhum papel especiacutefico aleacutem de prestar apoio conforme necessaacuterio

Fonte Relatoacuterio da Comissatildeo sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1818

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 19: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

Fonte definanciamento

Puacuteblico Privado Sem fins Interesse Total lucrativos especial

Niacutevel de jurisdiccedilatildeo N N N N N 1 nternacional 11 21 3 0 6 5 0 9 o 00 19 36

Nacional o 00 24 45 75 141 1 0 2 100 188 Federal 67 12 6 o 00 o 00 o 00 67 126 Regional 1 02 7 13 26 49 o 00 34 64

Estadual 79 148 7 13 4 08 2 04 92 173 Sub-Regional 11 21 12 23 9 17 o 00 32 60 ParoacutequiaCondado 55 103 3 06 1 02 o 00 59 111 Distrito 27 51 2 04 o 00 o 00 29 54

Cidade 53 99 27 51 21 39 o 00 101 189 Total 304 570 85 159 141 265 3 06 533 1000

Tabela 1 Distribuiccedilatildeo de frequecircncia das organizaccedilotildees identificadas no sistema completo de resposta ao furacatildeo Katrina

Fonte Times Picayne Nova Orleans 27 de agosto de 2005 ndash 19 de setembro de 2005

Veja mais casos em httpcasotecaenapgovbr

Apecircndice 3 Quantidade e o tipo de organizaccedilotildees envolvidas na

resposta ao furacatildeo Katrina

Apecircndice 4 Representaccedilatildeo visual da Rede de Resposta ao Furacatildeo

Katrina

Extraiacutedo de Comfort Luisiana A dinacircmica da poliacutetica de aprendizagem trabalho ineacutedito

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

1919

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020

Page 20: Colaboração em momento de crise - maxwell.syr.edu · desastre que ocorreu aps a introdução das novas políticas de gerenciamento de crises e representou seu ... O Gabinete de

111111 Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica

Notas

1 Este estudo de caso foi elaborado por Donald P Moynihan da Escola de Relaccedilotildees Puacuteblicas La Follete (La Follette School of Public Affairs) da Universidade de Madison-Wisconsin Foi feito a partir de vaacuterias fontes especialmente de A Failure of Initiative (Um fracasso de iniciativa) um relatoacuterio do Comitecirc do Senado americano sobre Seguranccedila Interna e Assuntos Governamentais Detalhes bibliograacuteficos completos estatildeo inclusos na nota pedagoacutegica A Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica agradece a permissatildeo de traduccedilatildeo e publicaccedilatildeo do estudo de caso na Casoteca de Gestatildeo Puacuteblica da ENAP concedida pelo Program for the Advancement of Research on Conflict and Collaboration (Parcc ndash wwweparccorg) da The Maxwell School of Syracuse University 2 NT Uma depressatildeo tropical eacute um ciclone tropical com ventos na superfiacutecie em velocidade inferior a 63 km por hora 3 Por exemplo muitos achavam que a liccedilatildeo era que o DOD precisava assumir a resposta agrave crise O Congresso modificou o Ato de Insurreiccedilatildeo para reduzir os obstaacuteculos legais na intervenccedilatildeo do DOD em desastres naturais ou outras crises em 2006 Entretanto todos os 50 governadores objetaram-se a essa nova autoridade federal e o Congresso removeu as provisotildees em 2007 4 Vice-chefe do Estado Maior para Inteligecircncia Comando de Treinamento e Doutrina do Exeacutercito dos Estados Unidos (DCSINT) 2005 DSCINT Handbook No 104 Defense Support of Civilian Authorities 5 Comissatildeo do Senado Americano de Seguranccedila Interna e Assuntos do Governo 2006 Hurricane Katrina a nation still unprepared Washington DC Secretaria de Impressatildeo do Governo p26-19

Colaboraccedilatildeo em momento de crise A atuaccedilatildeo do Departamento de Defesa durante o furacatildeo Katrina ndash Elaborado por Donald P Moynihan

2020