cognicao

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COGNIÇÃO, CULTURA E SUBJETIVIDADE DOMÍNIOS DA PSICOLOGIA NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM Rosa Cristina Monteiro * Eu considero a mentalidade aberta como uma disposição para construir conhecimento e valores a partir de perspectivas múltiplas, sem perda de comprometimento com os nossos próprios valores. Mentalidade aberta é a pedra fundamental do que nós denominamos cultura democrática. Nós aprendemos com muita dor, que a cultura democrática não é divinamente decretada nem deve ser tacitamente assumida como perene. Como todas as culturas ela se fundamenta em valores que geram distintos estilos de vida, com as correspondentes concepções de realidade. [...] Eu considero o construtivismo da psicologia cultural como uma expressão profunda da cultura democrática. Jerome Bruner COGNIÇÃO Começarei esta exposição pedindo que focalizem o paradigma da evolução das espécies e, mais precisamente,o ponto em que vemos surgir, na escala evolutiva, o fenômeno cognitivo. O conhecimento é, antes de tudo, uma ação efetiva que faz surgir um mundo, conforme nos esclarecem Maturana e Varela (2001). A cognição é um domínio comportamental que pressupõe a existência de um sistema nervoso que por sua plasticidade é capaz de expandir de forma dramática a capacidade de interação entre os organismos. “o funcionamento do sistema nervoso é plenamente consistente com sua participação numa unidade autônoma, na qual todo estado de atividade leva a outro estado de atividade nela mesma, dado que seu modo de operar é circular, ou em clausura operacional. Portanto, por sua arquitetura, o sistema nervoso não viola, e sim enriquece, esses caráter autônomo do ser vivo [...] Todo processo de conhecer está necessariamente baseado no organismo como uma unidade no fechamento operacional de seu sistema nervoso. Daí se segue que todo conhecer é fazer, como * Psicóloga (UFRJ), Mestre em psicologia social (ISOP/FGV), PhD em ciências sociais (CPDA/UFRRJ). Professora Adjunto IV DEPSI/IE/UFRRJ. E-mail: [email protected]

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  • COGNIO, CULTURA E SUBJETIVIDADE DOMNIOS DA

    PSICOLOGIA NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

    Rosa Cristina Monteiro*

    Eu considero a mentalidade aberta como uma disposio para

    construir conhecimento e valores a partir de perspectivas mltiplas,

    sem perda de comprometimento com os nossos prprios valores.

    Mentalidade aberta a pedra fundamental do que ns denominamos

    cultura democrtica. Ns aprendemos com muita dor, que a cultura

    democrtica no divinamente decretada nem deve ser tacitamente

    assumida como perene. Como todas as culturas ela se fundamenta em

    valores que geram distintos estilos de vida, com as correspondentes

    concepes de realidade. [...] Eu considero o construtivismo da

    psicologia cultural como uma expresso profunda da cultura

    democrtica.

    Jerome Bruner

    COGNIO

    Comearei esta exposio pedindo que focalizem o paradigma da evoluo das

    espcies e, mais precisamente,o ponto em que vemos surgir, na escala evolutiva, o

    fenmeno cognitivo. O conhecimento , antes de tudo, uma ao efetiva que faz

    surgir um mundo, conforme nos esclarecem Maturana e Varela (2001).

    A cognio um domnio comportamental que pressupe a existncia de um

    sistema nervoso que por sua plasticidade capaz de expandir de forma dramtica a

    capacidade de interao entre os organismos.

    o funcionamento do sistema nervoso plenamente consistente com sua participao numa unidade autnoma, na qual todo

    estado de atividade leva a outro estado de atividade nela mesma,

    dado que seu modo de operar circular, ou em clausura

    operacional. Portanto, por sua arquitetura, o sistema nervoso no

    viola, e sim enriquece, esses carter autnomo do ser vivo [...]

    Todo processo de conhecer est necessariamente baseado no

    organismo como uma unidade no fechamento operacional de seu

    sistema nervoso. Da se segue que todo conhecer fazer, como

    * Psicloga (UFRJ), Mestre em psicologia social (ISOP/FGV), PhD em cincias sociais

    (CPDA/UFRRJ). Professora Adjunto IV DEPSI/IE/UFRRJ. E-mail: [email protected]

  • 2

    correlaes sensrio-efetoras nos domnios de acoplamento

    estrutural1 em que existe o sistema nervoso. (Maturana e

    Varela, 2001, p. 185)

    De um modo geral, pode-se dizer que um ato cognitivo corresponde a uma ao

    efetiva no domnio do qual se espera uma resposta. (op. citada, p. 193). Trata-se de

    um domnio de interaes que aumenta na medida em que o sistema nervoso adquire

    plasticidade, alcanando sua mxima expresso nos seres humanos, cuja riqueza e

    vastido do sistema nervoso permitem interaes complexas. No limite de expanso

    das interaes propriamente humanas situam-se a linguagem e a auto-conscincia.

    A dinmica das interaes humanas baseadas na linguagem e o modo como esta

    dinmica singulariza nossa espcie podem ser assim descritos.

    No caso humano, para o observador as palavras em geral denotam elementos do domnio comum entre seres humanos,

    sejam objetos, estados de nimo, intenes e assim por diante.

    Em si essa condio no peculiar ao homem, embora sua

    variedade de termos semnticos seja muito maior do que de

    outros animais. O fundamental, no caso do homem, que o

    observador percebe que as descries podem ser feitas

    tratando outras descries como se fossem objetos ou

    elementos do domnio de interaes. Ou seja, o prprio

    domnio lingustico passa a ser parte do meio de possveis

    interaes. Somente quando se produz essa reflexo

    lingustica existe linguagem, o observador surge e os

    organismos participantes de um domnio lingustico passam a

    funcionar num domnio semntico. Do mesmo modo, s

    quando isso acontece que o domnio semntico passa a ser parte

    do meio no qual os que nele operam conservam sua adaptao.

    Isso acontece a ns, humanos: existimos em nosso

    funcionamento na linguagem, e conservamos nossa adaptao no

    domnio de significados que isso faz surgir. Fazemos descries

    das descries que fazemos... (como o faz esta frase)... Somos

    observadores e existimos num domnio semntico criado pelo

    nosso modo lingustico. (op. citada, p. 233)

    1 Por acoplamento estrutural entende-se as interaes entre unidades (por exemplo, o ser vivo e o

    meio) que provocam perturbaes mtuas e deencadeiam mutuamente mudanas de estado.

  • 3

    Apesar de reconhecer o enraizamento biolgico do fenmeno cognitivo e a

    possibilidade de trat-lo na continuidade de todos os fenmenos que caracterizam a

    vida, desde suas manifestaes mais simples, ao focalizar o domnio lingustico na

    especificidade da condio humana, as reflexes que aqui fazemos nos separam das

    pesquisas cognitivas que trabalham na interseo entre as neurocincias e as

    tecnologias de processamento de informao.

    Em tais pesquisas, que representam uma vertente fecunda no panorama

    contemporneo, a cognio reduzida s ocorrncias neurocerebrais e/ou aos

    modelos computacionais. Nestes casos, os resultados obtidos projetam um horizonte

    de artificializao da cognio.

    O processamento de informaes inscreve mensagens em um endereo, ou as busca atravs de instrues guardadas na

    memria, a partir de uma unidade de controle central, ou as

    mantm temporariamente armazenadas em um buffer e ento as

    manipula de formas predeterminadas: ele lista, ordena, combina,

    compara informaes pr-codificadas. O sistema que faz todas

    estas coisas cego em relao a se o que est armazenando so

    palavras dos sonetos de Shakespeare ou algarismos de uma

    tabela e nmeros aleatrios. De acordo com a teoria da

    informao clssica, uma mensagem informativa quando reduz

    as alternativas de escolha. Isso implica um cdigo de escolhas

    possveis previamente estabelecidas. As categorias do possvel, e

    as instncias por elas abrangidas so processadas de acordo com

    a sintaxe do sistema, definidora dos movimentos possveis. Nessa distribuio a informao capaz de lidar com

    significados apenas no sentido do dicionrio: acessar

    informaes lexicais armazenadas de acordo com um endereo

    codificado. H outras operaes semelhantes a significaes , como permutar um conjunto de dados a fim de testar os

    resultados em relao a um critrio, como nos anagramas.

    Porm, o processamento de informaes no pode lidar com a

    impreciso, com a polissemia, com conexes conotativas ou

    metafricas. (Bruner, 1997, p. 18).

    Se por um lado as pesquisas sobre processamento de informaes avanam em

    algumas funes, potencializando as operaes que tendem ao domnio lgico-formal

    atravs dos recursos tecnolgicos, por outro lado permanecem limitadas quanto s

    dimenses criativas da cognio humana.

  • 4

    neste ponto que nos vemos orientados para as intersees entre a cincia

    cognitiva e a antropologia, introduzindo a cultura como dimenso indispensvel na

    compreenso da atividade cognitiva humana.

    CULTURA

    A cultura um fenmeno que transcende a condio biolgica e no se reproduz

    no meio tcnico. A cultura se produz a partir do surgimento e da propagao da

    conduta comunicativa, estruturada em linguagens.

    Chamaremos de condutas culturais as configuraes comportamentais que, adquiridas ontogeneticamente na dinmica

    comunicativa de um meio social, so estveis atravs de

    geraes. Esse nome no deve surpreender, porque se refere

    precisamente a todo o conjunto de interaes comunicativas de

    determinao ontogentica que permitem uma certa invarincia

    na histria de um grupo, ultrapassando a histria particular dos

    indivduos participantes. (Maturana e Varela, 2001, p. 223)

    Na medida em que produzem cultura, as coletividades humanas modulam

    crenas, intenes, desejos e valores que orientam e controlam os atos individuais.

    Em uma rica e fecunda abordagem da cognio humana, o filsofo norte-

    americano Daniel Dennet formula a teoria dos atos intencionais, que desemboca na

    chamada psicologia popular.

    A idia central do funcionalismo de Dennet consiste em sustentar que nossos estados mentais, sobretudos as intenes,

    crenas, desejos, etc. [...] nada mais so do que um sistema

    hipottico de conceitos articuladores que utilizamos para tornar

    inteligveis os comportamentos de outros seres humanos. (Teixeira, 200, p.146)

    O pertencimento cultural assegura ao indivduo a participao nos sistemas

    simblicos que ele utiliza, ento, para explicar e predizer os comportamentos.

  • 5

    O interesse pelo estudo dos sistemas simblicos e seu papel na cognio foi

    alimentado pelos estudos antropolgicos que descreveram as matrizes semnticas

    construdas por diferentes sociedades para sua verso particular do que constitui a

    realidade.

    No domnio da psicologia, a questo da cognio fica situada na maneira como,

    em cada cultura, um sujeito de desejo negocia sua auto-imagem e seu auto-conceito

    frente aos cnones da cultura, tornando-se um sujeito psicolgico, ou self; o modo

    como cada indivduo particulariza o si-mesmo.

    Nas verses mais avanadas da psicologia cognitiva um valor preponderante

    colocado sobre o ato narrativo. no processo de narrar que a subjetividade se produz.

    A estrutura narrativa da psicologia popular resulta da tenso entre os estados

    percebidos do mundo e os desejos da pessoa.

    Segundo Jerome Bruner (1997), a narrativa comparece como elemento analtico

    da psicologia popular na medida em que se apresenta como modo privilegiado de

    organizar a experincia; a narrativa permite a ultrapassagem da realidade factual

    histrica, mesclando-se com a imaginao e oferecendo os meios necessrios para

    manejar os afastamentos em relao aos cnones da cultura. Isto possvel porque a

    narrativa apresenta trs caractersticas essenciais.

    Talvez sua propriedade principal seja sua seqencialidade: uma narrativa composta por uma seqncia singular de

    eventos, estados mentais, ocorrncias, envolvendo seres

    humanos como personagens ou autores. Estes so seus

    constituintes. Mas estes constituintes, por assim dizer, no tm

    vida ou significado prprios. Seu significado dado pelo lugar

    que ocupam na configurao geral da seqncia como um todo,

    seu enredo, ou fbula. (Bruner, 1997, p. 46)

    Desta caracterstica decorre uma segunda, que ainda mais esclarece a importncia

    da narrativa como dado primordial da pesquisa sobre a cognio humana.

    Uma segunda caracterstica da narrativa que ela pode ser real ou imaginria sem perder seu poder como histria. Quer dizer, o significado e a referncia da histria guardam um

    relacionamento anmalo entre si. A indiferena da histria

    realidade extralingustica sublinha o fato de que ela tem uma

    estrutura interna ao discurso. Em outras palavras, a seqncia das

  • 6

    suas sentenas, e no a verdade ou falsidade de quaisquer dessas

    sentenas, o que determina sua configurao geral ou enredo.

    essa seqencialidade singular que indispensvel para a

    significncia de uma histria e para o modo de organizao

    mental em cujos termos ser captada. (op. citada, p.47)

    Alm destas duas caractersticas, o que torna a narrativa, definitivamente, um

    instrumento da psicologia popular, sua potencialidade de formar ligaes entre o

    que cannico e o que excepcional nas experincias de construo da relao

    indivduo/sociedade, ou sujeito psicolgico/cultura.

    A psicologia popular investida de canonicidade. Ela focaliza o previsvel e/ou o usual da condio humana. Ela dota

    de legitimidade ou autoridade estes dois aspectos. Ainda assim,

    possui meios poderosos que tm como propsito interpretar o

    excepcional e o incomum de uma forma compreensvel [...], a

    viabilidade de uma cultura inerente sua capacidade para

    resolver conflitos, explicar diferenas e renegociar significados

    comuns [...] Os significados negociados [...] so possibilitados pelo aparelhamento do narrador para lidar simultaneamente com

    canonicidade e excepcionalidade. Dessa forma, embora uma

    cultura deva conter um conjunto de normas, ela deve tambm

    conter um conjunto de procedimentos para tornar o abandono

    dessas normas significativo em termos do padro estabelecido

    pela crena. (op. citada, p. 49)

    A esta altura j podemos constatar o quanto a dimenso cultural nos mantm

    distantes do estudo da cognio que se pauta no processamento da informao.

    A amplitude da experincia focalizada nos estudos culturais da cognio em nada

    coincide com as tendncias da informtica, da telemtica e da robtica, na busca da

    Inteligncia Artificial.

    O sujeito psicolgico visado nas orientaes culturalistas da pesquisa

    cognitivista constitudo na densa espessura dos contextos abrangentes que criam e

    transmitem significados.

    A realidade psquica contm, desde seus primitivos estgios ontogenticos, um

    conjunto de predisposies para interpretar o mundo social de uma forma particular

    e para agir sobre nossas interpretaes. (op. citada, p.69)

  • 7

    Entre as categorias centrais da narrativa, aquela que se destaca na dimenso

    psicolgica a de um agente que se afirma poderosamente na condio de si-mesmo.

    SUBJETIVIDADE

    possvel focalizar o self no surgimento de um domnio particular de

    acoplamento humano que, atravs das torcas lingusticas, estabelece uma contnua

    recurso descritiva que chamamos de eu - , que nos permite conservar nossa

    coerncia operacional lingustica e nossa adaptao ao domnio da linguagem.

    (Maturana e Varela, 2001, p. 255)

    A partir desta proposio lingustica as narrativas pessoais e culturais organizam

    a experincia na maior proximidade possvel, dando origem a um mundo que

    consideramos ntimo e que sustenta nossas trocas com um mundo considerado

    exterior.

    Durante muito tempo, e na maior parte da psicologia moderna, este eu (sujeito

    psicolgico) foi buscado no imediatismo de uma conscincia auto-evidente.

    Substancializou-se deste modo uma essncia e imaginou-se um fundo formado de

    personalidades, normais, algumas vezes, transtornadas, quase sempre.

    A pesquisa antropolgica e o consequentes avanos dos estudos cognitivos

    culturalistas obrigaram a reviso desta noo de eu e apontaram para a perspectiva

    de um sujeito que constri e se constri nas interaes com o mundo (os outros),

    atravs da poderosa mediao da linguagem. O eu passou ento a ser buscado nas

    concepes que cada um capaz de fazer de si-mesmo.

    O si-mesmo foi abordado como conceito auto-conceito.

    Por algum tempo, mesmo entendido como conceito, a perspectiva de um sujeito

    nuclear, fixado em uma conscincia privada/privatista prevaleceu. A busca pela

    identidade substituiu o anseio das personalidades.

    Hoje dispomos de referncias tericas e empricas suficientes para compreender

    o si-mesmo como formao sempre historicamente circunstanciada e culturalmente

    contingenciada. Sendo assim, qualquer praxis que aponte para a produo subjetiva

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    deve considerar a formao de si-mesmos mltiplos, distribudos interpessoalmente

    (Bruner), e correlativos s prticas dos agentes em interao. O si-mesmo no

    simples resultado da reflexo contemplativa (Bruner), mas negociado nas diversas

    situaes em que a praxis produz significados. No sentido distributivo, ento, o si-

    mesmo pode ser visto como um produto das situaes em que ele opera (Bruner,

    2001, p.96).

    Podemos focalizar o si-mesmo sob uma dupla condio: a de um si-mesmo

    estendido, incorporando nossa famlia, amigos, posses...; ou, como nas felizes

    palavras de Markus e Nurius, citadas por Bruner (2001): somos uma colnia de

    Possveis si-mesmos, incluindo alguns que so temidos e alguns que so desejados,

    todos se acotovelando para tomar posse de um si-mesmo que corresponda ao

    momento que vivemos.

    Em qualquer caso, o que vemos surgir na pesquisa psicolgica a subjetivao

    como processo. J muito longe do sujeito abstrato (dos universalismos

    epistemolgicos), a subjetividade se produz na possibilidade do animal humano ser,

    em muitas circunstncias, solicitado a tornar-se sujeito (Badiou).

    ENSINO-APRENDIZAGEM

    Descartados os principais equvocos a respeito dos processos cognitivos, de que

    eles seriam, essencialmente, atributos permanentes de um sujeito epistmico

    universal, cabe revisitar a questo da educao.

    Se o meio no mais aquilo que instrui um sujeito pr-determinado, cabe

    revisitar a relao professor-aluno.

    Estamos aptos a compreender agora que o ato educacional um ato

    comunicativo e que, enquanto tal, tem potencialidade para produzir mudanas de

    estado a partir de acoplamentos estruturais onde as polaridades se afetam

    reciprocamente. Nem professor, nem muito menos, aluno.

    O ato educacional nos coloca diante do imperativo de reconhecer que, sobre

    todos os fenmenos cognitivos, prevalece, no humano, a possibilidade de conhecer o

    prprio conhecimento e reconhecer-se no reconhecimento do outro.

  • 9

    A questo professor-aluno, assim desfeita, substituda pelo domnio da tica.

    Todo ato humano ocorre na linguagem. Toda ao na linguagem produz o mundo que se cria com os outros, no ato de

    convivncia que d origem ao humano. Por isso, toda ao

    humana tem sentido tico. Essa ligao do humano ao humano ,

    em ltima instncia, o fundamento de toda tica como reflexo

    sobre a legitimidade da presena do outro. (Maturana e Varela, 2001, p. 11).

    A gigantesca usina do crebro humano, como vimos, responde apenas pela parte

    mais rgida da experincia cognitiva. Sobre esta base o humano cria, agencia, enuncia

    e codifica a realidade, modificando-se, reinventando e recriando constantemente o si-

    mesmo.

    Privado desta possibilidade, o humano se retrai...

    No ensinamos, criamos mundos!!

    Quanta responsabilidade.

    Referncias Bibliogrficas.

    BADIOU, A. Para uma nova teoria do sujeito conferncias barsileiras. Rio de Janeiro: Relume-Dumar, 1994.

    BRUNER, J. Atos de significao. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1997.

    TEIXEIRA, J. Mente, crebro, cognio. Petrpolis, RJ: Vozes, 2000.

    MATURANA, H.; VARELA, F. A rvore do conhecimento as bases biolgicas da compreenso humana. So Paulo: Pala Athenas, 2001.