clones, seguidores ou sucessores
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Capacitar líderes é uma missão que exige muito mais do que transmitir a alguém tudo o que você sabe, faz e acredita.TRANSCRIPT
Clones, seguidores ou sucessores Capacitar líderes é uma missão que exige muito mais do que transmitir a alguém tudo o que você sabe, faz e acredita.
A Numa indústria trabalhavam três gestores responsáveis por
diferentes áreas do negócio que eram reconhecidos como
competentes pelos seus pares e estavam prestes a se aposentar.
Portanto, profissionais que precisavam acelerar a capacitação de
quem ocuparia estas posições num futuro próximo.
Após elegerem seus substitutos, o primeiro deles intensificou a
transmissão dos conceitos de liderança ao pupilo a fim de que
pudesse enfrentar as mais diferentes situações cotidianas com o
mesmo sucesso que lhe era peculiar. Para isto, grudou o neolíder
ao seu lado e passou a explicar em detalhes tudo o que fazia para
conduzir a equipe de trabalho tão bem e quais princípios de liderança o guiavam.
Enquanto isto, o segundo procurava inspirar o aprendiz contando-lhe como havia lidado com os problemas que
enfrentou ao longo da sua trajetória profissional e se mostrava acessível a maior parte das vezes. Tal
comportamento causava grande admiração naquele que precisava iluminar, especialmente pelo fato de ter
respostas para qualquer questão que aparecia pela frente. E também provocava suspiros: “Algum dia eu serei
como ele”.
Já o terceiro preocupou-se em educar seu formando para que soubesse resolver problemas, sejam eles quais
fossem. Para isto, passou a delegar-lhe boa parte das buchas que apareciam pelo departamento e capacitou-o a
ser sensato nas tomadas de decisão em vez de, simplesmente, prender-se a um método de sucesso.
Um ano após a saída dos três gestores era possível notar resultados muito diferentes em cada uma das áreas. A
primeira permanecia na mesma, com as características positivas e negativas da gestão passada. Até parecia que
os gestores – o antigo e o novo – eram gêmeos siameses. A segunda encontrava-se em ruínas. Com a saída do
antigo gerente, o substituto ficou desnorteado e descobriu que não sabia lidar com os desafios que o cargo
impunha. Por outro lado, a terceira área alcançava recordes de produção e o neolíder já estava com o time nas
mãos.
Por que apenas um deles atingiu o ápice? O primeiro líder dedicou-se a formar um clone que pudesse substituí-lo
com o compromisso de continuar fazendo exatamente aquilo que era realizado até então. O segundo, grande
equívoco de muitos líderes por aí, formou apenas um seguidor, que contemplava seus feitos e não estava pronto
para agir por conta própria. Já o terceiro líder fez o ideal: preparou um sucessor que pudesse encarar o que
viesse pela frente.
Formar clones de si mesmo para tocar um negócio não é uma boa ideia. Sua gestão pode ser ótima e os
resultados atuais simplesmente fantásticos, no entanto o mercado muda muito rápido e manter os mesmos
equívocos e acertos como leis imutáveis é um risco excessivo, especialmente quando se pretende garantir o
futuro da organização.
Outro grande erro é querer angariar seguidores. Este tipo de gestão cria uma dependência do grupo quanto à
pessoa do líder, que passa a ser venerado como insubstituível e senhor da verdade. Por conseguinte, em sua
ausência nada acontece e os candidatos a substituto passam apuros, pois as pessoas logo os comparam com o
semideus que ainda não deixou a empresa.
Capacitar líderes é uma missão que exige muito mais do que transmitir a alguém tudo o que você sabe, faz e
acredita. Demanda a humildade de preparar sucessores para que superem os feitos que mais o orgulham e o
esforço de habilitá-los a resolver problemas que ainda nem existem, mas certamente os afligirão no futuro se não
forem tratados com medidas preventivas.
Para isto, seja inteligente e contrate pessoas que tenham o potencial de serem melhores do que você. Indivíduos
que não temam confrontá-lo de vez em quando e que sempre aparecem com duas ou três alternativas quando
estão diante de um problema. Este é o melhor remédio para fugir à tentação de criar clones ou se contentar com
seguidores.
Wellington Moreira Palestrante e consultor empresarial