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31 9 CÓDIGO DE BOAS PRÁTICAS NA FAZENDA NESTLÉ O código de Boas Práticas na Fazenda (BPF) é aplicável a todas as propriedades fornecedoras de leite da Nestlé. Os requisitos detalhados neste código são aplicáveis para as propriedades que fornecem leite cru para a Nestlé. O código abrange instalações, manutenção e operação das fazendas de leite. O propósito do código de BPF é providenciar padrões mínimos auditáveis para as operações nas fazendas que fornecem leite cru para a Nestlé, assegurando de forma sustentável o fornecimento de um leite com mais qualidade e segurança. O código se aplica a todos: Produtores individuais, tanques comunitários, associações e cooperativas. Este código foi desenvolvido para auxiliar os proprietários e funcionários da fazenda na compreensão dos requisitos de boas práticas para a produção de leite cru refrigerado para a Nestlé. Os proprietários e funcionários da fazenda devem cumprir com os requisitos do Código BPF. 9.1. Registros e Rastreabilidade É obrigatório fazer os registros e mantê-los adequados para minimizar os riscos de contaminação do leite e permitir a devida rastreabilidade. Exigimos a máxima atenção para assegurar que os registros sejam mantidos continuamente. 9.2. A Propriedade A propriedade e suas instalações fazem parte do sistema de processamento de produção de leite cru. É importante sempre lembrar que estamos produzindo um produto alimentício para venda. A partir de uma percepção do cliente é preciso garantir que ela cumpra os requisitos exigidos e que a sua aparência seja tão importante como a qualidade do leite que produz. A propriedade também precisa ter sistemas e procedimentos para garantir a segurança do leite produzido. 9.2.1. Identificação animal Os animais devem ser identificados a partir de 3 meses de idade, por números ou letras mediante a utilização de brinco, numeração a ferro,

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9 CÓDIGO DE BOAS PRÁTICAS NA FAZENDA NESTLÉ

O código de Boas Práticas na Fazenda (BPF) é aplicável a todas as propriedades fornecedoras de leite da Nestlé. Os requisitos detalhados neste código são aplicáveis para as propriedades que fornecem leite cru para a Nestlé. O código abrange instalações, manutenção e operação das fazendas de leite.

O propósito do código de BPF é providenciar padrões mínimos auditáveis para as operações nas fazendas que fornecem leite cru para a Nestlé, assegurando de forma sustentável o fornecimento de um leite com mais qualidade e segurança.

O código se aplica a todos:• Produtores individuais, tanques comunitários, associações

e cooperativas.

Este código foi desenvolvido para auxiliar os proprietários e funcionários da fazenda na compreensão dos requisitos de boas práticas para a produção de leite cru refrigerado para a Nestlé. Os proprietários e funcionários da fazenda devem cumprir com os requisitos do Código BPF.

9.1. Registros e RastreabilidadeÉ obrigatório fazer os registros e mantê-los adequados para minimizar os riscos de contaminação do leite e permitir a devida rastreabilidade. Exigimos a máxima atenção para assegurar que os registros sejam mantidos continuamente.

9.2. A PropriedadeA propriedade e suas instalações fazem parte do sistema de processamento de produção de leite cru. É importante sempre lembrar que estamos produzindo um produto alimentício para venda. A partir de uma percepção do cliente é preciso garantir que ela cumpra os requisitos exigidos e que a sua aparência seja tão importante como a qualidade do leite que produz. A propriedade também precisa ter sistemas e procedimentos para garantir a segurança do leite produzido.

9.2.1. Identificação animalOs animais devem ser identificados a partir de 3 meses de idade, por números ou letras mediante a utilização de brinco, numeração a ferro,

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tatuagem ou colares. Registros sobre a data de nascimento e/ou data de aquisição do animal e/ou data de reposição do identificador (brinco, colar) devem ser mantidos. Para o registro dos animais será também aceito a utilização de um sistema informatizado, desde que o mesmo possua sistema de “back-up”.

9.2.2. ResponsabilidadeOs procedimentos devem identificar a pessoa responsável pela atividade na propriedade. Assim como os procedimentos devem identificar a pessoa responsável por cada área especifica.

9.2.3. Distâncias mínimasA propriedade deve garantir que o local da ordenha seja exclusivamente para a ordenha das vacas e fornecimento de leite cru. As distâncias mínimas são medidas a partir do ponto de contato com o leite (sala de ordenha ou sala do leite) mais próximo da fonte de contaminação. Qualquer estrutura / equipamento dentro de 20m da dependência de ordenha é considerado como parte da mesma. Assim, ela deve ser incluída nas suas exigências.

As distâncias mínimas de construção de uma nova área de ordenha são as seguintes:

Pocilgas (suínos) 40m

Granjas (aves e suínos) 40m

Armazenamento de grãos 20m

Efluente não leiteiro 40m

Efluente leiteiro 20m

Esterqueiras 40m

Carcaças 40m

Fossa sanitária / descarte animal 40m

Fossa séptica 20m

Armazenamento de químicos não leiteiros 20m

Outras salas / instalações 20m

Bezerreiros 20m

Confinamentos e áreas de produção 20m

Efluentes não oriundos diretamente da produção de leite não devem ser utilizados nas pastagens.

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9.2.4. Acessos de trânsito e da área de colheitaOs acessos de ingresso e trânsito dentro da propriedade devem estar em boas condições, permitindo o deslocamento de veículos em qualquer época do ano, alcançando os seguintes requisitos:• Na época das águas, o produtor deve garantir que os acessos à

propriedade sejam mantidos.

• O acesso do caminhão de leite deve estar sempre livre de obstruções, como árvores, entulhos, construções antigas, implementos, lixo, etc.

• O acesso dos animais à via de trânsito do caminhão deve ser evitado.

• Os acessos de trânsito dos caminhões não devem ser usados como via de acesso pelo gado.

• O acesso para o tanque de leite deve ser mantido higienizado durante todo o ano pelo proprietário e com fácil alcance pelo motorista ao tanque.

9.2.5. Registro da terraOs fornecedores devem demonstrar direito legal à propriedade da terra ou outro direitos de uso da terra pertinentes.

O direito legal de uso da terra é claramente definido e demonstrável (por exemplo, documentado através de um acordo de propriedade, registro oficial, locação ou contrato, ordem judicial, etc.).

9.2.6. Proximidades do local de ordenhaProximidades da dependência de ordenha e vias de trânsito do caminhão devem ser mantidas em boas condições, livres de entulhos, capins e poças. Entulhos incluem: antigas máquinas, embalagens vazias, lixo em geral, etc. quando o lixo é recolhido no local de ordenha, deve ser colocado em um tambor fechado fora dela.

Não capinar favorece a proliferação de roedores. Poças causarão odores e aparecimento de moscas. O ambiente ao redor da dependência de ordenha deve ser bem apresentado e mantido em boas condições. Afinal, o produto deste local é para consumo humano.

9.3. Limpeza de Equipamentos e InstalaçõesOs equipamentos e instalações devem ser mantidos de forma higiênica. A ordenhadeira e qualquer outro equipamento utilizado durante a ordenha devem ser limpos imediatamente após a conclusão da operação. A sala de leite e a sala de ordenha também devem ser limpas imediatamente após a realização da ordenha.

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9.3.1. Borrachas condutoras, incluindo borrachas de leite, borrachas do sistema de limpeza, silicone, vedações e selos.Esses são componentes perecíveis e devem ser substituídos seguindo as recomendações do fabricante ou quando apresentam danos ou algum desgaste. Devem ser inspecionados como parte do sistema de qualidade da fazenda.

A limpeza constante das superfícies externas das borrachas ajuda a estender sua vida útil. Borrachas e componentes de silicone danificados possuem maior suscetibilidade de conterem altos níveis de bactéria e são mais difíceis de manterem limpos e higiênicos.

9.3.2. Coletores / Teteiras / Tubulações e mangueiras de leiteOs coletores, bem como todas as suas borrachas e conexões à linha do leite, incluindo tubulações e teteiras, devem ser mantidos limpos, tanto internos como externamente. As borrachas devem ser substituídas seguindo as recomendações do fabricante.

9.3.3. Linha de leite / Unidade finalA linha de leite e a unidade final devem ser mantidas limpas e livres de resíduos, tanto interna quanto externamente. Todas as borrachas e vedações devem ser substituídas seguindo as recomendações do fabricante.

9.3.4. Bomba de leiteA linha de transferência até a bomba de leite e a própria bomba devem ser mantidas limpas e livres de resíduos, tanto interna quanto externamente. Todas as borrachas e vedações devem ser substituídas seguindo as recomendações do fabricante.

9.3.5. Filtro de leite / Linha de transferênciaTodo o leite deve ser filtrado antes da entrada no tanque.

O refil deve ser usado sempre durante a ordenha e a limpeza do equipamento de ordenha. O refil deve ser usado seguindo as recomendações do fabricante. A linha de leite e o filtro de leite devem ser mantidos limpos e livres de resíduos, tanto interna quanto externamente. Todas as borrachas e vedações devem ser substituídas seguindo as recomendações do fabricante.

Não reutilizar o filtro após a ordenha de animais em tratamento.

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9.3.6. Sistema de vácuoO sistema de vácuo da ordenhadeira deve ser mantido limpo e livre de resíduos, tanto interna quanto externamente. Todas as borrachas e vedações, incluindo tubos de pulso e vedações, devem ser substituídas seguindo as recomendações do fabricante. Pode ser necessária a limpeza periódica do sistema de vácuo da ordenhadeira.

O sistema de vácuo, especialmente o sistema de ar do pulsador, deve ter autocapacidade de drenagem quando o equipamento de ordenha é desligado.

O sistema de vácuo pode requerer limpeza periódica, principalmente depois do enchimento do depósito de vácuo com leite ou após a detecção de uma rachadura na teteira.

9.3.7. Tanque de leiteO tanque de leite, incluindo sua entrada, seu agitador, suas paredes internas e sua saída devem ser mantidos limpos. O exterior do tanque de leite deve ser mantido livre de resíduos, de dejetos de moscas e/ou pássaros. Todas as borrachas e vedações devem ser substituídas seguindo as recomendações do fabricante.

9.3.8. Outros utensíliosTodos os outros utensílios usados, incluindo latas de leite, etc, devem ser mantidos limpos e livres de resíduos, tanto interna quanto externamente. Todas as borrachas e vedações devem ser substituídas seguindo as recomendações do fabricante.

9.3.9. Sala do leiteA sala do leite deve ser mantida livre de sujeira e de resíduos de leite, os quais poderiam afetar a qualidade do leite através de odores e de contaminação aérea. A área deve ser mantida em condições visualmente limpas, e sua limpeza deve ser realizada no mínimo após cada ordenha. Todo lixo deve ser colocado em lixeiras com tampa destinadas para este fim. O acesso de animais, aves, roedores, insetos, etc, deve ser evitado a todo o momento.

9.3.10. Sala de ordenhaA sala de ordenha deve ser mantida livre de sujeira, de dejetos e de resíduos de leite, os quais poderiam afetar a qualidade do leite através de odores e de contaminação aérea. A área deve ser mantida em condições visualmente limpas, e sua limpeza deve ser realizada no

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mínimo após cada ordenha. O acesso de animais (cães, gatos, aves, etc) deve ser evitado a todo o momento. Além de causar estresse ao rebanho, pode causar contaminação e transmissão de doenças.

9.3.11. Sala de espera e seus efluentesA sala de espera deve ser limpa após cada ordenha, garantindo que ela esteja livre de dejetos. As entradas e saídas da área de operação devem ser mantidas limpas, reduzindo o acúmulo de barro e de dejetos. A manutenção do sistema de efluentes deve garantir que não haja acúmulo e não transborde.

9.4. InfraestruturaA infraestrutura e as instalações do local de ordenha devem ser adequadas para garantir a produção de leite cru de alta qualidade. A manutenção deve assegurar que estejam em boas condições de funcionamento.

9.4.1. Equipamento de ordenha / Tanque de leite e sistema de limpeza9.4.1.1. Equipamento de OrdenhaO equipamento de ordenha deve ser desenhado para:• Minimizar os danos ao leite durante a colheita.

• Permitir eficiência na limpeza interna.

• Drenar completamente, uma vez que a lavagem seja concluída.

• Minimizar dano às tetas e ao úbere e manter o rebanho em boas condições de saúde. A adequação do equipamento da ordenha deve seguir as seguintes instruções:

Regulagem de vácuo (conforme Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite - CBQL, 2002):

Tipo de equipamentoVácuo em kilopascals

Balde ao pé 44-50

Equipamento canalizado - linha média central 44-50

Equipamento canalizado - linha baixa 42-46Fonte: conselho brasileiro de qualidade do leite - CBQL, 2002

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Recomendação

Altura da linha de leite (em metros)Vácuo em kilopascals

1,8 48 - 50

1,6 46 - 48

1,4 44 - 46

1,2 42 - 44

A avaliação do nível de vácuo de um equipamento de ordenha pode ser efetuada em diferentes localizações. No Brasil, os padrões legalmente usados sãos os baseados nas normas ISO 3918: 1996, cuja regulamentação foi definida pela Instrução Normativa Nº 48, 12/08/2002, do MAPA.

É consenso entre os especialistas que o local mais adequado para uma avaliação do efeito do nível de vácuo sobre a saúde da glândula mamária e eficácia de ordenha é no copo da teteira, quando o sistema está sob uma condição normal de uso. A interpretação dos resultados da flutuação de vácuo no copo da teteira depende dos procedimentos realizados, sendo que a recomendação é que as avaliações sejam feitas no mínimo de 5 a 20 segundos, durante o pico de fluxo de extração de leite das vacas. É recomendável a avaliação de um mínimo de 10 vacas por rebanho, selecionadas aleatoriamente.

O vácuo médio na teteira, quando avaliado durante o pico de fluxo de leite, é um parâmetro para saber se as vacas são ordenhadas de forma gentil (sem agressões ao tecido mamário), rápida e completa. as recomendações de faixas de variação para esse parâmetro, de acordo com a Norma ISO, é de 32 kPa a 42 kPa,. É importante destacar que as faixas descritas são apenas recomendações e não exigências, uma vez que diversos fatores podem interferir nesses resultados.

Regulagem de pulsadores:- fase a+b de 60 - 65 % – Taxa 55 - 60/min.

• Teteiras compatíveis com os invólucros.

• Alinhamento correto dos conjuntos.

• Seguir as recomendações do conselho brasileiro de qualidade do leite (CBQL).

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Um técnico qualificado deve dar manutenção regularmente no equipamento de ordenha.

Todas as superfícies de contato do leite e do sistema de limpeza devem ser fabricadas a partir de materiais adequados: lisos, isentos de fissuras, fendas e capazes de serem limpos adequadamente durante uma limpeza normal.

Conexões e soldas ruins podem dificultar limpeza do equipamento de ordenha.

As bombas de leite devem ser desenhadas, instaladas e mantidas de forma a minimizar danos à composição do leite.

Um sistema de filtragem do leite deve ser instalado na linha de transferência do leite. O objetivo do filtro de leite é remover materiais insolúveis que tenham entrado no leite, após ter sido ordenhado de um úbere saudável. O filtro deve ser construído de forma a permitir a fácil remoção e substituição do refil.

9.4.1.2. Tanque de leiteOs tanques devem ser fabricados com materiais adequados: lisos e que permitam fácil limpeza das superfícies. Os tanques devem estar equipados com agitadores suficientes para:• Manter o leite homogeneizado.

• Evitar a formação de filme termal (camadas de leite com diferentes temperaturas dentro do tanque).

• Assegurar que o leite seja agitado sem formação de espuma.

Todas as superfícies de contato devem ser de fácil drenagem. Tanques equipados com tampa devem:• Ser resistentes para evitar empenamento.

• Ser desenhados, prevenindo que o líquido externo não entre quando aberto.

• Ser desenhados para que estejam completamente vedados quando fechados.

• Ser desenhados / instalados, para evitar a entrada de pássaros, roedores e material estranho.

Todos os tanques devem ser instalados com um equipamento adequado para medição da temperatura e com dispositivo de visualização. O termômetro deve ser instalado de forma que possa ser

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facilmente localizado pelo motorista. Ele deve ser calibrado anualmente por uma pessoa autorizada e seus registros mantidos. A distância entre a saída do tanque e a coleta do leite não deve ultrapassar 7 metros.

Tanques e latões de leite utilizados para o armazenamento de leite cru não devem ser usados para o armazenamento de qualquer outro produto diferente do leite cru.

9.4.1.3. Ordenha manual e balde ao péO leite deve ser transferido para o tanque de maneira rápida e eficiente. Isto é, não se deve esperar o término da ordenha para levar os latões para o tanque de uma só vez. Eles devem ser levados pouco a pouco, em intervalos curtos durante a ordenha. No caso de ordenhas tipo balde ao pé a mangueira de transferência deverá ter comprimento máximo de 2,5 metros.

9.4.1.4. Tanque comunitárioAo final da ordenha, o leite deve ser transportado para a área de recepção dentro de meia hora. Ele deve ser transportado de maneira rápida e eficiente. Caminhões comunitários ou outras formas de transporte comunitário não devem ser utilizados para transportar o leite para a área de recepção.

9.4.1.5. Sistema de limpezaOs materiais de limpeza devem ser capazes de manter o equipamento de ordenha e o tanque de leite limpos e não devem causar problemas na qualidade do leite, como danos às características organolépticas e/ou degradação. Cada propriedade deve dispor de equipamento de limpeza adequado, incluindo os baldes e as escovas para manter o interior e o exterior do equipamento de ordenha e do tanque de leite limpos e em boa condição sanitária. Os materiais de limpeza devem ser mantidos fora do chão, em lugares limpos e preferencialmente suspensos.

Deve haver uma pia disponível para limpeza e desinfecção dos utensílios e dos equipamentos de trabalho.

9.4.2. Água quenteUm ou mais aquecedores de água devem estar disponíveis no local de ordenha. Estes devem ser capazes de aquecer uma quantidade de água suficiente até a temperatura correta de limpeza. Eles devem ser fabricados com materiais que não liberam substâncias tóxicas na água.

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Recomendação:Para uma ordenha mecânica utiliza-se 7-10 litros de água quente por conjunto. Para ordenha manual, deve-se utilizar água suficiente para limpar e sanitizar adequadamente todos os latões, baldes e utensílios utilizados durante a ordenha. Quando existe um tanque de sistema fechado, utiliza-se um volume de água quente de pelo menos 2% do volume do tanque, com um volume mínimo de 120 litros.

9.4.3. Refrigeração do leite e calibraçãoO sistema de refrigeração do leite deve ser capaz de fazer seu resfriamento de 2-4°c dentro de 3 horas após o final da primeira ordenha do dia e, em seguida, após o leite resfriado, abaixo de 4°C. Deve ser mantida temperatura igual ou inferior a esta até o leite ser recolhido. Registros de verificações devem ser realizados mensalmente para demonstrar a conformidade com a norma acima.

A unidade de refrigeração deve receber manutenção regularmente e o medidor de temperatura do tanque de leite deve ser calibrado anualmente, por uma empresa credenciada, e seus registros arquivados.

Para ordenha manual, o leite deve ser coletado e transportado imediatamente para o tanque capaz de resfriar o leite dentro dos requisitos citados acima.

9.4.4. Detergentes e SanitizantesFabricantes e fornecedores de produtos químicos de limpeza e sanitização devem disponibilizar recomendação e instruções escritas para o uso de seus produtos.Os fabricantes de detergentes devem especificar temperatura e a concentração consideradas ótimas de qualquer detergente ou sanitizante.

Devem ser utilizados apenas detergentes e sanitizantes recomendados para limpeza de equipamentos e utensílios de ordenha que tenham registro na ANVISA e que contenha no rótulo a indicação para limpeza e sanitização de equipamentos e utensílios de ordenha.

O uso inadequado de produtos químicos para limpeza e higienização de tanques de resfriamento, ordenhadeiras e utensílios de ordenha (balde, latão, etc) na fazenda pode ocasionar a presença de resíduos desses produtos no leite. A Nestlé orienta a todos os seus fornecedores que fiquem atentos ao procedimento de limpeza de seus equipamentos e utensílios utilizados na ordenha.

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Fatores que devem ser considerados para uma correta limpeza dos equipamentos e utensílios:

1. Dureza da água 4. Turbulência2. Temperatura da água 5. Dose do produto3. Tempo de limpeza 6. Volume de água

Além de todos esses cuidados o produtor deve estar atento ao produto utilizado. Produtos que contenham Isocianurato em sua composição não devem ser utilizados para limpeza, higienização ou sanitização de equipamentos e utensílios utilizados na ordenha. Fique atento ao rótulo do produto e peça para seu revendedor a troca do produto caso apresente Isocianurato em sua composição. Somente devem ser utilizados produtos livres de Isocianurato.

9.4.5. Qualidade da água para ordenhaDeve existir água suficiente e esta ser disponível na dependência de ordenha, de acordo com os requerimentos para lavagem do local, do sistema de ordenha e do tanque. A água deve estar disponível em pontos específicos para permitir a limpeza de áreas da sala de leite, da sala de ordenha e da sala de espera.

A água utilizada para a limpeza do sistema de ordenha, do tanque e dos equipamentos, além da ordenha manual, deve possuir uma análise anual que atenda no mínimo aos seguintes parâmetros: túrbido <10 NTU e ser negativa para coliformes a 45°c ou termotolerantes/100ml.

No caso de a água não estar dentro dos padrões, deve ser adicionado cloro para atingir o padrão de coliformes a 45°c exigido, ou o desenvolvimento de outro programa de tratamento de água para que possa assegurar a não contaminação do leite. A água clorada deve conter um mínimo de 0,2 mg/l e um máximo de 2 mg/l de cloro ativo.

Os reservatórios de água devem ser limpos e mantidos em conformidade com os procedimentos escritos, no mínimo uma vez a cada seis meses, quando há maior risco de contaminação.

9.4.6. ParedesTodas as paredes devem ser construídas de modo a minimizar o alojamento de aves, roedores, insetos e outros animais e também para minimizar o acúmulo de poeira e de sujeira. As paredes devem ser fabricadas com material cuja superfície seja de fácil limpeza.

Paredes internas e externas devem ser conservadas em bom estado.

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9.4.7. Teto/ Forro / IluminaçãoTodos os tetos e forros devem ser construídos de forma a minimizar o alojamento de aves, roedores, insetos e outros animais e também para minimizar o acúmulo de poeira e sujeira. As coberturas devem ser fabricadas com material cuja superfície seja impermeável e de fácil limpeza.

O local de ordenha deve ter iluminação adequada. Todas as luminárias devem ser protegidas contra quebra para evitar a contaminação do leite e/ou possíveis acidentes pessoais com cacos de vidro.

9.4.8. PisosOs pisos devem ser de material impermeável. Devem ser planos, de fácil limpeza, permitindo a drenagem e evitando acúmulo de água até o ponto de conexão com o sistema de efluentes.

Na área de armazenamento do leite, a drenagem do piso também deve ser controlada pela gravidade (ralo, canaleta, etc) e/ou por um anteparo para evitar acúmulo de água de limpeza e resíduos de leite na área de colheita do caminhão.

A ordenha manual deve ocorrer em local protegido por uma coberta, concretado ou de material similar impermeável. Esta área deve permanecer sempre limpa e livre de dejetos. Cuidados são necessários para assegurar que o leite não seja contaminado durante ou após a ordenha.

9.4.9. Portas / VentilaçãoA sala de leite deve ser segura, impedindo o acesso de animais, pássaros, pragas, moscas, etc. Portas devem ser instaladas na sala de leite e é recomendado que fossem de autofechamento. Também é recomendando que os vãos das janelas sejam telados.

Deve haver boa ventilação na sala de leite.

9.4.10. Sala de esperaA sala de espera deve ser uniformemente inclinada para facilitar a limpeza após cada ordenha, permitindo a drenagem e evitando acúmulo de água / de dejetos até o ponto de conexão com o sistema de efluentes.

Os acessos para entradas e saídas dos animais para as dependências de ordenha devem ser construídos e preservados para garantir o escoamento da água e a não formação de poças, principalmente próximo à sala de espera.

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9.4.11. Sistema de efluentes / Armazenamento de efluentesAs dependências de ordenha devem ter um sistema de efluentes. A caixa de coleta de efluentes deve estar localizada a uma distância de 10m das salas de ordenha e do leite e a tubulação deve ser impermeável e fechada. O reservatório de efluentes deve estar localizado a 40m de distância da área de operação com o efluente canalizado.

Os efluentes não devem ser despejados diretamente no solo ou em cursos d’água, evitando a contaminação do solo e dos recursos hídricos.

9.4.12. Depósitos e ArmazénsA área de operação deve possuir instalações adequadas para o armazenamento de:• Medicamentos animais (armários trancados).

• Registros e outros documentos.

• Equipamentos e produtos de limpeza.

• Material para detecção de mastite.

9.4.13. BanheirosSe há um banheiro no local de ordenha, deve haver uma porta. Porém, a sala de leite e a sala de ordenha não devem ter acesso direto. O banheiro deve estar em uma sala separada com teto e ventilação.

Deve haver um lavatório com sabão e toalhas descartáveis para a higienização das mãos.

Os efluentes dos banheiros não devem entrar no sistema de efluentes da captação da ordenha, nem devem ser utilizados nas pastagens e/ou (change) em outros locais aos quais os animais têm acesso.

9.4.14. TermômetroNo local de ordenha deve estar disponível um termômetro para checar a temperatura do leite e da água de limpeza. O termômetro não deve ser de vidro nem conter mercúrio e não deve ser utilizado com outros propósitos.

9.5. Manejo de ordenhaA ordenha das vacas é uma das atividades mais importantes na propriedade leiteira, porque é o momento:

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• Que a vaca corre o maior risco de adquirir mastite.

• Que apresenta maior risco de contaminação bacteriana do leite.

Para se obter um adequado manejo de ordenha, que previna a transmissão de bactérias e de outros contaminantes, é preciso seguir os seguintes pontos:• Ordenhar somente tetas limpas e secas.

• Estimular a ejeção do leite.

• Extração do leite rápida e eficiente.

• Sempre desinfetar as tetas após a ordenha.

9.5.1. Higienização das mãosRealizar a higienização das mãos antes do início da ordenha e toda vez que julgar necessário durante a ordenha. Instalações adequadas devem estar disponíveis na área de operação para permitir que as mãos sejam lavadas eficientemente. Sabão líquido sem perfume ou detergente neutro mais álcool 70% e toalhas de papel descartáveis devem ser fornecidos.

Durante a ordenha, as mãos devem ser lavadas se ficarem sujas e/ou após ordenhar vacas com mastite.

9.5.2. Preparação das vacas (pré e pós-ordenha)As tetas das vacas devem ser limpas para reduzir a contaminação microbiológica do leite.

Os primeiros três jatos de leite devem ser acondicionados em recipiente adequado para identificação de mastite clínica antes da ordenha. O procedimento deve ser realizado em todas as vacas no mínimo 1 vez por dia. Deve ser assegurado que somente tetos limpos e secos sejam ordenhados.

Os tetos devem ser desinfetados após a ordenha. Este procedimento mantém os tetos em boas condições e reduz a contaminação microbiana e, consequentemente, reduz o risco de mastites.

Quando as vacas são alimentadas durante a ordenha, a área deve ser mantida limpa.

Deve haver um procedimento escrito e visível afixado no local, detalhando a preparação das vacas antes e após a ordenha.

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Para ordenha manual é recomendado o uso do cinturão da qualidade Nestlé.

9.5.3. Separação de leite não destinado ao fornecimentoO leite não destinado ao fornecimento deve ser ordenhado separadamente daquele fornecido para a Nestlé. O leite não destinado à Nestlé deve ser armazenado separadamente e de forma que não permita a coleta acidental pelo motorista do caminhão.

Vacas no início de lactação devem ser separadas durante o período de colostro. O colostro não deve ser misturado com o leite do tanque destinado à Nestlé.

Os seguintes tipos de leite não devem ser vendidos para o consumo público ou para laticínios:• Leite de um animal que foi diagnosticado ou confirmado por um

veterinário estar com doença clínica transmissível ao homem (zoonose), como a leptospirose, a salmonelose, a brucelose e a tuberculose.

• O leite de um animal que está aparentemente doente/insalubre.

• O leite de um animal ainda em fase colostral (no mínimo 4 dias e/ou 8 ordenhas pós-parto).

• O leite com alterações em suas características naturais (odor, sabor, cor, etc.), impuro ou que falhou no teste organoléptico.

• O leite que contém medicamentos, substâncias inibitórias, resíduos químicos ou alguma outra substância que poderia comprometer a segurança alimentar do consumidor.

• O leite que é colhido por uma pessoa que tenha uma doença transmissível de declaração obrigatória.

• O leite que contenha qualquer material estranho ou ao qual se tenha adicionado água.

• O leite que de alguma forma foi adulterado.

• O leite que esteja deteriorado por refrigeração inadequada.

• O leite com temperatura superior de 4 °C na hora da coleta.

O produtor deve notificar a Nestlé de qualquer suspeita de leite contaminado.• Leite inaceitável para fornecimento e de animais doentes não devem

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ser administrados a bezerros ou outros animais destinados ao abate para consumo humano antes de 28 dias.

• Leite de animais tratados não deve ser administrado a outros animais destinados ao abate para consumo humano quando os resíduos dos tratamentos não cumpriram o período de carência para carne ou onde os padrões de resíduos para o mercado interno não sejam respeitados.

• Leite inaceitável para fornecimento e que não é usado na propriedade para a alimentação de outros animais deverão ser descartados da seguinte maneira:Descarte na terraO leite deve ser diluído na razão de 10 litros de água para 1 litro de leite. O leite e água misturados devem ser distribuídos no pasto.Sob nenhuma circunstância será permitido o descarte do leite diretamente nos cursos de água.

• Registros devem ser mantidos e devem incluir a data, método e razão de descarte.

9.6. Bem-estar e saúde animalCom apenas algumas mudanças simples no modo de pensar e agir com os animais, boas instalações, respeito e alguns conhecimentos biológicos dos animais é possível aumentar a eficiência do sistema, melhorar a qualidade do leite e facilitar a ordenha, reduzindo o estresse animal, aumentando a segurança do trabalhador e o bem-estar animal. Isso traz resultados positivos para os animais, melhora a produtividade e a lucratividade da propriedade.

O produtor deve assegurar que os cinco direitos ao bem-estar animal sejam cumpridos com todos os animais relacionados à atividade leiteira.

Direito 1 - ausência de fome e sede, através do acesso à água e à alimentação, para manutenção da saúde e do vigor.

Direito 2 - ausência de desconforto, advindo de um ambiente apropriado com abrigo, sombra e uma área de descanso confortável.

Direito 3 - ausência de dor, trauma ou doença, pela prevenção, diagnóstico rápido e tratamento.

Direito 4 - condição de expressar seu comportamento natural, promovendo-lhe espaço suficiente, infraestrutura adequada e companhia de outros animais da mesma espécie.

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Direito 5 - ausência de medo e estresse através de condições e tratamentos que evitem sofrimento mental.

Com instalações de ordenhadeiras adequadas, respeito aos animais e boas técnicas de reprodução é possível aumentar a eficiência produtiva, melhorar a qualidade de leite, facilitar a ordenha, reduzir o estresse animal, aumentar a segurança no trabalho e o bem-estar do animal.

Processos simples e regulares para diagnosticar mastite, podem diminuir a contagem de células somáticas, o que significa uma redução de custos e mais rentabilidade.

9.6.1. Separação de vacas doentes, tratadas e com colostro.Todos os animais doentes, tratados (em tratamento ou em período de carência) e em fase colostral devem ter seu leite separado do leite destinado à Nestlé. O método de separação deve assegurar que não haja contaminação cruzada.

É recomendado que todos os animais doentes, tratados e em fase colostral fiquem em lotes separados. Todos os animais doentes devem ser excluídos do fornecimento de leite até terem se recuperado. Todas as vacas em tratamento com medicamentos veterinários devem ter seu leite excluído do fornecimento durante o período de carência exigido. Vacas com colostro devem ter seu leite separado durante oito ordenhas consecutivas no mínimo.

Todo animal sofrendo de alguma doença ou ferimento deve ser identificado, separado do rebanho e receber atenção adequada e imediata. Se necessário, a visita de um médico veterinário deve ser providenciada. A propriedade deve ter instalações adequadas para isolar e tratar os animais doentes ou feridos.

9.6.2. Marcação de vacas doentes, tratadas e com colostroTodos os animais doentes, tratados e em fase colostral devem ser claramente marcados para que possam ser facilmente identificados pela equipe de ordenha.

9.6.3. Prescrições e recomendações de medicamentos veterináriosSomente podem ser usados medicamentos registrados e recomendados por um veterinário registrado (CRMV) por meio de receituários, que devem ser arquivados.

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Todos os medicamentos vencidos devem ser descartados.

Uma lista dos medicamentos recomendados deve ser elaborada pelo veterinário e fixada no armário médico.

Recomendação:Hormônios para crescimento ou utilizados para aumentar a produtividade não devem ser usados em vacas em lactação.

9.6.4. Programa sanitárioA propriedade deve ter um programa sanitário que atenda às recomendações técnicas dos programas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no que diz respeito à: febre aftosa, brucelose, Tuberculose bovina, Raiva, encefalopatia espongiforme bovina (Doença da vaca louca), mastite, endo e ectoparasitoses. O programa sanitário deve ser elaborado, datado e assinado pelo veterinário responsável e conter o número do CRMV deste.

9.6.4.1. Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose (PNCEBT)A propriedade deve seguir as recomendações do PNCEBT considerando a legislação brasileira e a Instrução Normativa SDA n° 06 de 08/01/2004 do MAPA, que instituiu o PNCEBT. É recomendado que a propriedade entre no processo de certificação de propriedade livre.

9.6.5. Área de maternidade separadaDeve ser uma área identificada, utilizada exclusivamente para vacas em pré-parto.

Os animais em pré-parto devem receber atenção especial. Cerca de 30 dias antes do parto, o animal deve ser levado para a área de maternidade. Esta deve ser próxima ao local de ordenha para facilitar a observação diária.

9.7. Agrotóxicos e FertilizantesOs agrotóxicos e fertilizantes devem ser utilizados seguindo as instruções do fabricante e de modo a minimizar o risco de contaminação da água, do meio ambiente ou do leite. Agrotóxicos são produtos utilizados para controlar pragas ou doenças que causam danos à pastagem ou às plantações. Devem ser usados com cautela porque apresentam riscos sérios de contaminação do leite. Quando o rebanho se alimenta de pastagem há riscos de contaminação.

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O transporte, o armazenamento, a comercialização, entre outras práticas relacionadas aos defensivos agrícolas, são disciplinadas pela lei 7.802/1989. Os defensivos agrícolas, ou agroquímicos e afins, só poderão ser comercializados diretamente ao usuário mediante apresentação de receituário próprio emitido por profissional legalmente habilitado.

A receita deverá ser expedida em, no mínimo, duas vias, destinando-se a primeira ao usuário e a segunda ao estabelecimento comercial que a manterá à disposição dos órgãos fiscalizadores pelo prazo de dois anos, contados da data de sua emissão.

A receita, específica para cada cultura ou problema, deverá conter, necessariamente: I nome do usuário, da propriedade e sua localização;

II diagnóstico;

III recomendação para que o usuário leia atentamente o rótulo e a bula do produto;

IV recomendação técnica com as seguintes informações:a) nome do(s) produto(s) comercial(ais) que deverá(ão) ser utilizado(s) e de eventual(ais) produto(s) equivalente(s);b) cultura e áreas onde serão aplicados;c) doses de aplicação e quantidades totais a serem adquiridas;d) modalidade de aplicação, com anotação de instruções específicas, quando necessário e, obrigatoriamente,

Nos casos de aplicação aérea;e) época de aplicação;f) intervalo de segurança;g) orientações quanto ao manejo integrado de pragas e de resistência, precauções de uso;h) orientação quanto à obrigatoriedade da utilização de EPI;

V data, nome, CPF e assinatura do profissional que a emitiu, além do seu registro no órgão fiscalizador do exercício profissional.

Os produtos só poderão ser prescritos com observância das recomendações de uso aprovadas em rótulo e bula.

Os agrotóxicos e fertilizantes devem ser aprovados pelos órgãos competentes.

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O local de armazenagem dos agrotóxicos (herbicidas e pesticidas) e fertilizantes deve estar a 30m de distância da dependência de ordenha. A área de armazenamento deve ser:• A construção deve ser de alvenaria, com boa ventilação e iluminação

natural, não permitindo o acesso de animais. Devem ter afixados placas ou cartazes com símbolos de perigo. Se os produtos forem guardados num galpão de máquinas, a área deve ser isolada com parede e mantida fechada a chave;

• O piso deve ser cimentado e o telhado resistente e sem goteiras, para permitir que o depósito fique sempre seco;

• As instalações elétricas devem estar em bom estado de conservação para evitar curto-circuito e incêndios;

• O depósito deve ficar num local livre de inundações e separados de fontes d´água e de outras construções, como residências e instalações para animais (mínimo de 30 metros - NR 31);

• As portas devem permanecer trancadas para evitar a entrada de crianças, animais e pessoas não autorizadas;

• As embalagens devem ser colocadas sobre estrados, evitando contato com o piso, as pilhas devem ser estáveis e afastadas das paredes e do teto;

• Não armazenar produtos fitossanitários junto com alimentos, rações, sementes ou medicamentos. Devem ser armazenados separadamente, com parede de material incombustível. Os produtos inflamáveis serão mantidos em local ventilado, protegidos contra centelhas e outras fontes de combustão;

• Não fazer estoque de produtos além das quantidades para uso em curto prazo, como uma safra agrícola;

• Todos os produtos devem ser mantidos nas embalagens originais. Após uma remoção parcial do conteúdo, as embalagens devem ser novamente fechadas;

• Nunca armazenar restos de produtos em embalagens sem tampa, com vazamentos ou sem identificação;

No caso de rompimento das embalagens, estas devem receber uma sobrecapa, preferencialmente de plástico transparente, com o objetivo de evitar o vazamento de produto. É importante o rótulo permanecer sempre visível ao usuário.

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A mistura de químicos deve ser feita longe do local de ordenha (40m), usando a água fornecida, separada da utilizada nas dependências de ordenha.

Todas as aplicações devem ser registradas com o período de carência e seguir as seguintes recomendações:• Sempre use equipamento de proteção individual. Se houver qualquer

respingo na pele ou roupa, lave-as imediatamente com abundante água é sabão.

• Nas mascaras de proteção, verifique o uso do filtro correto para o pesticida.

• Lave o seu EPI imediatamente após o uso e separado de outras roupas.

• Não aplique agrotóxico ou pesticida em condições atmosféricas adversas (ventania, chuva iminente, horas quentes do dia). Com vento fraco, sempre trabalhe a contravento. Certifique-se de que pessoas ou animais não fiquem expostos à deriva. Não compre pesticidas se a embalagem estiver danificada, ou sem tem rótulo.

• Nunca transporte agrotóxico ou fertilizante juntamente com alimentos, passageiros ou animais. Evite o excesso de empilhamento. Verifique se há pregos ou outros objetos que possam furar as embalagens.

• Aplique o produto na concentração e no intervalo corretos. Sempre use o método de aplicação certo recomendado pelo fabricante ou agrônomo responsável.

• Aplique o produto correto: use sempre um produto especifico.

• Mantenha os pesticidas trancados em lugar vem ventilado. Coloque placas sinalizando “Perigo”. Nunca armazene pesticidas junto com ração, comida, etc.

• Mantenha os pesticidas longe do fogo, chuva, umidade, sol.

• Não permita que crianças ou mulheres grávidas manipulem pesticidas ou equipamentos de proteção individual usados.

• Devolva as embalagens utilizadas nos locais indicados conforme legislação.

• Leia cuidadosamente a etiqueta do produto, siga as instruções e certifique-se de que a pessoa que ira aplicar o produto entenda os riscos.

• Faça a regulagem do equipamento de aplicação de agrotóxicos e pesticidas regularmente.

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• Lave os equipamentos de aplicação de pesticidas imediatamente após o uso. Use EPI para a lavagem! Nunca faça a limpeza perto de cursos de água.

• Não coma, beba ou fume durante o manuseio de agrotóxico-pesticidas.

• Somente compre a quantidade de produto que você vai utilizar. Evite o armazenamento de grandes quantidades de produto. Assim que acabar o pesticida, lave o recipiente e utilize a água do lavado para encher o pulverizador.

Treine os seus colaboradores regularmente. Certifique-se de que eles entendem os perigos no uso de pesticidas e NUNCA deixe que trabalhem sem EPI.

9.7.1. AgrotóxicosAs embalagens vazias e respectivas tampas deverão ser devolvidas aos estabelecimentos autorizados em sua região. São as centrais de coleta ou postos de recebimento de embalagens vazias de defensivos licenciados por órgão ambiental! Mais informações disponíveis no site: www.inpev.org.br. e na Resolução CONAMA 334/2003, que dispõe sobre o licenciamento ambiental de unidades de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos e afins.

Mesmo para guardar as embalagens vazias lavadas, algumas regras básicas devem ser observadas para garantir o armazenamento seguro:• As embalagens lavadas deverão ser armazenadas com as suas

respectivas tampas e rótulos e, preferencialmente, acondicionadas na caixa de papelão original, em local coberto, ao abrigo de chuva, ventilado ou no próprio depósito das embalagens cheias;

• Não armazenar as embalagens dentro de residências ou de alojamentos de pessoas ou animais;

• Não armazenar as embalagens junto com alimentos ou rações;

• Certificar-se de que as embalagens estejam adequadamente lavadas e com o fundo perfurado, evitando assim a sua reutilização.

Guarde sempre os comprovantes de devolução de embalagens vazias, pelo prazo mínimo de 1 (um) ano, pois eles podem ser solicitados pelas autoridades competentes.

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Se você possuir em sua propriedade embalagens contendo defensivos impróprios para uso, por motivos de prazo de validade vencido ou até por que você não aplica mais esse produto em seus cultivos, entre em contato com a empresa fabricante pelo telefone de contato do rótulo e da bula e obtenha informações sobre o recolhimento do produto.

Em caso de derramamentos:• Não deixe que pessoas ou animais se aproximem da área.

• Utilize equipamento de proteção individual para iniciar a limpeza.

• Coloque o recipiente danificado em uma superfície não absorvente.

• Use areia ou serragem para absorver os líquidos. Nunca use água para lavar derramamentos.

• Lave cuidadosamente todas as partes do veículo contaminado longe de cursos de água.

• Resíduos de derramamento, absorventes (areia, serragem) e outros materiais contaminados devem ser armazenados em recipiente fechado, identificado. Contate o revendedor para instruções de devolução desse material.

Em casos de contaminação oral, por contato ou inalação procure atenção medica imediatamente, levando o rotulo do produto.

Lembre-se que a prevenção é a chave para o uso seguro de pesticidas. Na maioria dos casos, a contaminação ocorre devido ao descuido ou falta de informação.

9.7.1.1. Manejo Integrado de Pragas - MIPO objetivo de um programa de MIP é a adoção de estratégias de manejo, mecânicos, biológicos, físicos culturais e outros para evitar o desenvolvimento de pragas na cultura com o objetivo de reduzir o uso de controle químico.

Baseia-se em quatro componentes básicos:1. Definir o nível de dano econômico.A presença de uma única praga na cultura não significa que temos de eliminá-la imediatamente, o ênfase está no controle não na erradicação.

Isso significa que você deve conhecer para cada cultura o número máximo de insetos / plantas daninhas acima do qual ocorrerão perdas econômicas.

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Consulte o seu engenheiro agrônomo sobre o ponto de controle econômico das pragas que podem atacar a sua cultura.

2. Monitore e conheça as pragas.Nem todos os insetos ou plantas daninhas são pragas das culturas, alguns são até benéficos. Você deve conhecer e identificar as pragas com precisão para utilizar os produtos ou estratégias mais efetivos para o seu controle.

Também é importante que você entenda o ciclo de vida do inseto / planta daninha que você deseja controlar. Por exemplo, se você está tentando controlar uma determinada planta é importante fazer um controle mecânico ou químico antes da floração para que as sementes não estejam presentes no próximo ano.

3. PrevençãoA prevenção é a melhor alternativa e inclui entre outras coisas: seleção de áreas agrícolas apropriadas, rotação de culturas, utilização de variedades resistentes, práticas agrícolas corretas e feitas no tempo certo, tratamento de sementes, etc.

4. ControleSempre que possível use métodos de controle biológico (ferormônios, insetos, armadilhas, etc) ou mecânico.

O controle químico sempre deve ser o último recurso. Quando o uso de agrotóxicos é necessário consulte o seu revendedor ou assessor técnico para que você possa usar o produto mais eficaz para atingir a praga.

Quando tenha a possibilidade de escolher entre dois ou mais pesticidas sempre escolha o menos agressivo à saúde humana e ao meio ambiente.

9.7.2. FertilizantesOs fertilizantes são caros e a aplicação incorreta pode levar a perdas econômicas e / ou problemas ambientais.

Ao usar fertilizantes sempre se lembre das quatro regras para manejo de fertilizantes:1. Aplique o produto certo.2. Na hora certa.3. Na quantidade correta.4. No lugar correto.

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Os fertilizantes devem ser utilizados mediante analise de solo e planos de gestão. Analise de solo e planos de gestão ajudam a garantir o correto volume e o tipo de fertilizantes a serem utilizados. Estes procedimentos ajudam a proteger o meio ambiente (inclusive cursos d’água) e reduz custos.

Nunca aplique fertilizante sem o resultado da análise do solo e recomendação de um agrônomo e sempre mantenha o seu equipamento de aplicação regulado e em boas condições de trabalho.

9.8. Alimentação animalOs alimentos e aditivos para os animais de ordenha podem ter um efeito direto na qualidade do leite produzido e na saúde do animal. Portanto, os alimentos precisam ser monitorados e controlados para reduzir os riscos. Cuidados devem ser tomados para garantir que os alimentos corretos sejam fornecidos aos animais de ordenha, e que estes não causarão alterações nas condições naturais do leite (odor, sabor, cor, etc.) ou resíduos de contaminação.

9.8.1. Alimentos aprovadosA cama de frango, farinha de carne, farinha de ossos ou ingredientes de origem animal são proibidos na alimentação do rebanho, conforme Instrução Normativa do MAPA. Deve haver uma declaração assinada pelo produtor assegurando que ele não utiliza estes produtos para alimentação do rebanho leiteiro.

Na aquisição de alimentos com riscos de contaminação com micotoxinas (ração, polpa cítrica, caroço de algodão, etc.) é recomendado solicitar uma análise (laudo) de cada lote adquirido.

9.8.2. Armazenamento / Preparação dos alimentosTodos os ingredientes, alimentos e aditivos devem ser armazenados em um local limpo e seco, livre de mofo, com proteção contra pragas e roedores. Todos os alimentos devem ser identificados com as seguintes informações: produto, composição, fornecedor, data de entrada e data de validade. Os produtos devem ser armazenados afastados da parede e preferencialmente suspensos.

A área de armazenamento deve ter espaços internos adequados a diferentes atividades - armazenamento, processamento, circulação de pessoas, etc. O local de preparação e armazenamento de alimentos

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não deve ser utilizado para nenhuma outra atividade, nem conter outros produtos que não sejam relacionados à alimentação animal.

É recomendado proteger todas as luminárias contra quebra para evitar a contaminação dos alimentos e/ou preparações e possíveis acidentes pessoais com cacos de vidro.

9.8.3. Balanceamento e Qualidade da dietaO balanceamento e a qualidade da dieta são importantes para que não exista nenhum animal desnutrido na fazenda. A composição da alimentação deve ser equilibrada e levar em conta as principais necessidades (energia, proteínas, minerais, etc.) do rebanho.

A ração diária deve ser calculada com base em uma produção esperada do rebanho e levar em consideração parâmetros e a situação individual dos animais.

O planejamento da dieta a ser consumida pelo seu rebanho leiteiro é fundamental para o sucesso da atividade. Junte-se ao técnico de sua fazenda, ou procure orientação para planejar a dieta.

9.9. Meio ambienteOs consumidores, os órgãos reguladores e a indústria estão crescentemente preocupados com o impacto que os produtos e seu processo produtivo têm sobre o meio ambiente. É essencial que os produtores de leite considerem o impacto ambiental de seus sistemas produtivos e assegurem a minimização destes.

Proteger os recursos naturais é dever de todos. O produtor de leite tem uma grande oportunidade de colaborar na preservação dos recursos naturais.

Todas as legislações locais e nacionais relacionadas ao meio ambiente devem ser cumpridas. Os riscos ambientais devem ser identificados e controlados (por exemplo, com um plano de gestão ambiental).

9.9.1. Descarte de Resíduos SólidosA Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei nº 12.305/2010, regula as regras de destinação de produtos descartados pelos consumidores, atribuindo o seu retorno aos respectivos fabricantes, dentro do sistema denominado Logística Reversa.

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São produtos obrigatoriamente sujeitos à Logística Reversa:

• Agroquímicos, seus resíduos e embalagens, e outros produtos em que as embalagens após o uso constituam resíduos perigosos;

• Pilhas e baterias;

• Pneus;

• Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

• Lâmpadas de mercúrio;

• Produtos eletroeletrônicos.

O Decreto 7.404/2010, que regulamentou a Lei, estabelece que, além de observar as regras gerais de acondicionamento, segregação e destinação final de resíduos sólidos, são obrigados a acondicioná-los adequadamente e de forma diferenciada, bem como a disponibilizar os reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução, sempre que estabelecido sistema de coleta seletiva ou quando existentes sistemas de logística reversa. Caso não o faça, estará sujeito à responsabilização.

O fornecedor deve fazer o planejamento da uma coleta seletiva avaliando quais são as melhores opções para a destinação de materiais que podem ser reutilizados em outros locais por outras atividades. Em sua propriedade, organize “baias” que vão servir para o depósito temporário desses materiais, que já devem estar separados e organizados, para facilitar o carregamento e transporte. Pesquise em seu município e nos municípios próximos se já existem pequenos comércios de ferro-velho, que compram sucatas de lata, vidro, plástico, papel e papelão e até mesmo outros materiais para correta destinação.

9.9.2. Descarte de lixo orgânico e biomassa na fazendaO descarte do lixo na propriedade deve ser feito de forma adequada e de acordo com regulamentos governamentais.

O lixo orgânico, proveniente de sobras de alimentos das casas dos funcionários e de cantinas, deverá ser separado em coletores para o processo de compostagem. Neste processo também podem ser adicionadas folhas secas, palha e cinzas. Evite queimar o lixo na sua propriedade.

A matéria orgânica, a biomassa produzida na fazenda, deve ser reciclada nos campos tanto quanto possível na forma de adubação orgânica.

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9.9.3. Reserva Legal / Área de Preservação PermanenteAs áreas de Reserva Legal (RL) e as Áreas de Preservação Permanente (APP), deverão estar de acordo com a legislação vigente.

As nascentes e cursos d’água devem ser protegidos e preservados.

9.9.3.1. Reserva LegalDe acordo com o Novo Código Florestal, a função da Reserva Legal é assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção da fauna silvestre e da flora nativa.

Delimitação da Reserva Legal: A regra geral é a mesma do antigo código florestal, sendo: I localizado na Amazônia Legal:

a) 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;

b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;

c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;

II localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento)

Pelo Novo Código Florestal permaneceu obrigatória a averbação da Reserva Legal na matrícula do imóvel pelo cartório de registro de imóveis até a implementação do CAR. O CAR é o registro de todos os imóveis rurais existentes no país, com a respectiva situação ambiental. Após a regulamentação do CAR pelo Decreto 8.235, de 05 de maio de 2014, e pela IN MMA 02/2014, não há necessidade de averbação da Reserva Legal em cartório, mas deverá ser registrada no órgão ambiental, com base nas informações do CAR. Depois do registro no CAR, aqueles imóveis rurais que eventualmente tiverem alguma pendência para atender à legislação ambiental terão oportunidade de ser regularizados por meio do Programa de Regularização Ambiental – PRA.

O Novo Código Florestal prevê a adesão de proprietários ou possuidores rurais a Programas de Regularização Ambiental PRAs. Por meio do PRA o produtor rural poderá regularizar as suas terras, sendo estabelecidas as condições e prazos em Termo de Compromisso a ser assinado perante o órgão ambiental competente. O PRA deverá ser implantado pela União, Estados e Distrito Federal até 28 de maio de

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2014. Mas, independentemente da implantação do PRA, o produtor rural deve procurar regularizar a Reserva Legal de sua propriedade.

9.9.3.2. Área de Preservação PermanenteO Novo Código Florestal manteve o conceito e a maior parte das restrições previstas no antigo código, relacionadas à ocupação de Áreas de Preservação Permanente (APP). Inovou, em alguns pontos, como a obrigação expressa de recomposição das APPs desmatadas e regras diferenciadas para a recomposição, quando se tratar de pequenas propriedades rurais e em situação de ocupações consolidadas.

Definição de APP: Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas.

São APPs:• Faixas marginais de quaisquer cursos d’água, variando a faixa de

proteção do mínimo de 30 metros até 500 metros, a contar da borda da calha do leito regular.

• Entorno de lagos e lagoas, em faixa de proteção de 30 metros a 100 metros, de acordo com a dimensão do corpo d’água e sua localização, se em área urbana ou rural.

• Entorno de nascentes e também de olhos d’água perenes, em raio mínimo de 50 metros.

• Encostas com declividade superior a 45°.

• As restingas e os manguezais.

• As bordas dos tabuleiros ou chapadas, em faixa igual ou superior a 100 metros.

• No topo de morros, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°.

• Áreas acima de 1.800 metros de altitude.

• Veredas, em faixa marginal mínima de 50 metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado.

O proprietário, possuidor ou ocupante a qualquer título, de APP que tenha sido desmatada, é obrigado a promover a recomposição da

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vegetação. Essa é uma obrigação que não prescreve. Ela acompanha o imóvel e obriga quem o estiver ocupando.

Para adequação de sua Área de Reserva Legal e Área de Preservação Permanente, procure o órgão ambiental de seu Estado ou o IBAMA.

9.9.4. Manejo e Conservação do SoloDevido à sua vocação para o uso agrícola do solo, o Brasil vem se tornando a cada ano uma referência para o cultivo de certas culturas, utilizando-se de Boas Práticas Agrícolas para o melhor uso do solo. Como principais práticas para conservação e uso do solo pode-se citar:• Plantio Direto;

• Integração Lavoura Pecuária;

• Adubação Verde;

• Rotação de Culturas;

• Controle da Erosão;

• Manejo Integrado de Pragas.

• Refúgio.

Boas Práticas de manejo do solo:

1. Classifique o solo segundo o seu “potencial de produção”, ou seja, defina as áreas adequadas para agricultura, pastagens ou reserva.

2. A classificação acima deve ser baseada em declividade, propriedades físicas do solo (rochoso, arenoso), etc.

3. Faça rotações de culturas regularmente para evitar pragas e doenças.

4. Escolha a espécie e variedade mais adaptada á região.

5. Faça anualmente um analises de solo para as áreas agrícolas de forma a planejar a fertilização e correção do solo. Isto evitara a sobre ou a sub-fertilização.

6. Mantenha no arquivo pelo menos a análises de solo dos 5 últimos anos de forma a acompanhar o nível de fertilidade do seu solo.

7. Para pastagens faça uma análise de solo a cada dois anos.

8. Faça controle da erosão plantando árvores e construindo curvas de nível.

9. Nunca deixe o solo nu, utilize culturas de proteção, as mesmas fornecerão matéria orgânica e protegerão o solo da erosão.

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Acompanhe a evolução da matéria orgânica através da análise de solo e trate de implantar praticas para aumentá-la.

10. Praticas a evitar: superpastejo, fogo, solo nu, arar no sentido da pendente.

11. Evite trabalhar o solo úmido, imediatamente após as chuvas, pois isto favorece a compactação.

12. Sempre anote o rendimento que você está esperando para cada cultura e compare-o com o rendimento real. Se o objetivo não for atingido, descubra as causas e procure corrigi-las.

13. Prepara um calendário agrícola. O planejamento é chave para evitar problemas.

14. Somente use adubos e agrotóxicos aprovados pelo MAPA.

9.9.5. Recursos HídricosA proteção da qualidade das águas é destacada já no Código de Águas, de 1934 (Decreto federal 24.643, de 10 de julho de 1934). Ainda em vigor, o Código de Águas determina que “são expressamente proibidas construções capazes de poluir ou inutilizar para o uso ordinário a água do poço ou nascente alheia, a elas preexistentes”, devendo ser demolidas as obras irregulares. Na mesma direção, seguiu a Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997 que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, que destaca a água como um bem de domínio público, um bem de interesse comum, cuja conservação é importante para todos.

Sempre que a água de um rio, poço, lagoa, represa tiver que ser captada para uso na lavoura, indústria etc., ou para receber os efluentes (esgoto tratado doméstico, do campo ou da indústria) o produtor rural terá que obter a Outorga de uso desse recurso hídrico. A captação de água de um rio ou lagoa, desde pequeno volume para um canteiro de obras, até volumes maiores para irrigação ou outras atividades, depende de Outorga de uso de água.

Verifique abaixo quando é necessária a Outorga:• Na implantação de qualquer empreendimento que demande a

utilização de recursos hídricos (superficiais ou subterrâneos);

• Na execução de obras ou serviços que possam alterar o regime (barramentos, canalizações, travessias, proteção de leito etc.);

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• Na execução de obras de extração de águas subterrâneas (poços profundos);

• Na derivação de água de seu curso ou depósito, superficial ou subterrâneo (captações para uso no abastecimento urbano, industrial, irrigação, mineração, geração de energia, comércio e serviços etc.);

• No lançamento de efluentes nos corpos d’água (após o tratamento, o lançamento de esgoto doméstico, ou de efluente industrial em um rio ou lago).

A Outorga de uso de água não pode ser confundida com a Licença Ambiental. A Outorga é uma autorização específica, somente para a captação de água, ou lançamento de efluentes em um corpo hídrico. Quando a atividade tem Licença Ambiental e é necessária a Outorga, normalmente ela é uma condicionante de validade dessa licença. E se a Outorga não for providenciada, a Licença Ambiental pode ser revogada.

Boas Práticas de conservação de recursos hídricos:1. Mantenha rios, córregos, lagoas, cursos d’água protegidos por

faixas de vegetação. Obedeça a legislação ambiental.

2. Evite a entrada do gado nos cursos de água. Utilize bebedouros.

3. Faça anualmente uma avaliação de riscos para prevenir: assoreamento e poluição por: fertilizantes, agrotóxicos, combustíveis, lubrificantes, lixo.

4. É altamente recomendável fazer uma analises anual da água de irrigação e da água de uso geral.

5. Avalie periodicamente as tubulações e instalações para evitar perdas e desperdícios com vazamentos.

9.9.5.1. IrrigaçãoA Política Nacional de Irrigação, instituída pela Lei 12.787, de 11 de janeiro de 2013 (revogando a Lei 6.662/1979), obriga a obtenção de Outorga de uso de água para a irrigação. O produtor rural que pretende realizar projeto de irrigação terá que obter, antes, a respectiva Outorga. Caso contrário, além de poder sofrer sanções ambientais e ter suspenso o seu fornecimento de água, não terá direito ao crédito agrícola para o seu projeto. Para os projetos de irrigação já existentes antes da entrada em vigor da Política Nacional de Irrigação, é recomendável consultar o órgão ambiental de seu Estado para

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confirmar se já vem sendo exigida a obtenção de Outorga para a irrigação já instalada.

O manejo da Irrigação deve seguir os seguintes pontos:• A quantidade de água utilizada deve ser a correta para o tipo de

cultura. Isto ira evitar problemas de stress hídrico por falta de água ou problemas de lixiviação de nutrientes pelo excesso da mesma, o que poderia contaminar os cursos de água.

• Irrigar na hora certa: evite irrigar quando estiver muito quente ou com muito vento. Normalmente a irrigação fora do pico de uso de energia resultará na redução do custo da energia.

• Escolha o método de irrigação apropriado. Sempre consulte um especialista na hora de escolher o melhor método de irrigação.

• Alguns aspectos a considerar: legislação, disponibilidade de água, custos, mão de obra, etc.

• Teste a qualidade da água regularmente (anual).

• Mantenha o seu equipamento de irrigação sempre regulado e faça manutenções preventivas. Evite desperdícios.

• Mantenha um registro da quantidade de água utilizada para cada ciclo de produção.

• Conserve as áreas irrigadas sempre com cobertura, isto irá favorecer a conservação da estrutura do solo, favorecendo a infiltração da agua.

9.9.6. Desmatamento e BiodiversidadeO corte de florestas naturais e a destruição de outros recursos naturais dentro de áreas protegidas não devem ser praticados.

Não deve haver nenhuma exploração da fauna e flora nativa e espécies ameaçadas de extinção e protegidas.

Para explorar vegetação nativa é necessário o Licenciamento ambiental, mediante a aprovação do Plano de Manejo Florestal Sustentável. – PMFS. Estão isentas de apresentar PMFS as florestas plantadas e a exploração não comercial realizada nas propriedades de produtores rurais familiares. São obrigadas à reposição florestal as pessoas físicas ou jurídicas que utilizem matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação, através de PMFS aprovado pelo órgão ambiental. É isento da obrigatoriedade da reposição florestal, matéria-prima florestal oriunda de florestas plantadas.

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De acordo com o Novo Código Florestal Brasileiro, quem desmatou até 22 de julho de 2008 (Lei de crimes ambientais), não precisará pagar multa, mas terá que recompor área desmatada. Quem desmatou após esta data terá que pagar a multa e ainda recompor a área desmatada (salvo casos de desmatamento autorizado).

Instrua os seus empregados e visitantes que é muito importante manter os animais silvestres livres e em seu habitat, pois somente assim eles podem desenvolver seu papel na natureza.

Se em sua propriedade forem realizadas as atividades de guardar, ter em cativeiro ou depósito, utilizar ou transportar ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, você poderá vir a ter problemas junto às autoridades ambientais, com penalidades administrativas (multas e paralisação da atividade) e penais (detenção ou reclusão).

Independentemente do número de espécimes da fauna silvestre, se apenas um ou muitos, a prática de cativeiro e transporte, se não for autorizada, é considerada crime ambiental.

Um plano para proteger a biodiversidade deve contemplar pelo menos as seguintes ações:• Proteger cursos de água, deixando a mata ciliar.

• Utilize defensivos agrícolas aprovados pelo MAPA. Se existem alternativas, sempre escolha os produtos menos tóxicos.

• Respeitar a legislação ambiental.

• Conhecer as espécies importantes e / ou ameaçadas de extinção na sua região. Pense a melhor maneira de protegê-los (Ex: cercar uma área para evitar a entrada do gado, plantio de árvores nativas).

• De forma alguma permita o corte de árvores ou a caça de animais protegidos.

• Evite queimadas e a entrada de pessoas alheias à fazenda para caça e pesca.

Lembre-se que pequenas coisas feitas por muitos agricultores podem ter um impacto muito grande sobre a biodiversidade.

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9.9.7. EnergiaMelhorar a eficiência com que a energia é utilizada ajuda a reduzir os custos e diminui os efeitos da poluição.

O primeiro passo para a otimização do uso da energia (seja energia elétrica ou óleo diesel), é registrando o que está sendo utilizado. Com esta pratica simples você vai começar a enxergar oportunidades para a redução do consumo energético.

Existem varias estratégias para a diminuição do uso da energia; a seguir algumas orientações:• Anote o que você usa. Este é o primeiro passo.

• Desligue as lâmpadas que não estão sendo utilizadas.

• Aplique fertilizante, sementes, pesticidas, da forma mais eficiente possível, seguindo as orientações técnicas, todos esses insumos demandaram energia para serem produzidos e você pagou por essa energia na hora da compra.

• Mantenha todos os equipamentos regulados (tratores, caminhões, bomba de vácuo, pulverizadores, etc.).

• Escolha o equipamento correto para cada trabalho, maquinários super ou subdimensionados são um erro comum.

• O uso de intercambiadores de calor conectado aos tanques de resfriamento pode elevar a temperatura da água até 60 C.

• Mantenha os resfriadores de leite protegidos de luz solar direta.

• Uso de energia solar e outras fontes alternativas.

9.10. Recursos HumanosA legislação trabalhista deve ser respeitada sempre. A equipe deve ser adequadamente treinada para exercer suas funções.

Não são aceitas praticas de trabalho forçado, regime análogo à escravidão, tráfico de pessoas, restringir o direito do trabalhador de associar-se a sindicatos, trabalho infantil ou quaisquer práticas que violem os direitos humanos e as leis trabalhistas.

Os trabalhadores com doenças transmissíveis que representem risco de contaminação do leite devem ser afastados de funções em contato com os animais, tais como ordenha, trato dos animais, etc.

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9.10.1. Leis trabalhistas respeitadasO produtor deve se comprometer a respeitar as leis trabalhistas vigentes. O Trabalho Rural está regulado pela Lei 5.889/73 (alterada pela Lei 11.718/08), pelo Decreto 73.626/74 e pelo Artigo 7º da Constituição Federal de 1988.

A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é obrigatória para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional remunerada. A CTPS é um documento do trabalhador e deve estar sob seu poder.

O empregador deve cumprir a obrigações previstas em lei quanto:• Contratação de Mão de Obra

• Jornada de Trabalho

• Remuneração

Pelo menos uma pessoa na propriedade deve compreender as leis trabalhistas e assegurar que elas sejam cumpridas.

9.10.2. Trabalho infantilCrianças e adolescentes não devem ser expostos a situações perigosas, inseguras ou insalubres dentro da propriedade. O Decreto Federal Nº 6.481 de 2008 estabelece a lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP) as quais menores de 18 anos não devem estar expostos.

De acordo com a legislação brasileira:• Ao menor de 16 anos de idade é vedado qualquer trabalho, salvo na

condição de aprendiz a partir de 14 anos;

• O trabalho do menor aprendiz não poderá ser realizado em locais prejudiciais à sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários e locais que não permitam a frequência à escola;

• Ao menor aprendiz é devido no mínimo o salário-mínimo federal, inclusive é garantido o salário-mínimo hora, uma vez que sua jornada de trabalho será de no máximo 6 horas diárias, ficando vedado prorrogação e compensação de jornada, podendo chegar ao limite de 8 horas diárias, desde que o aprendiz tenha completado o ensino fundamental e se nelas forem computadas as horas destinadas à aprendizagem teórica. Neste caso, o proprietário deverá comprovar que o adolescente

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frequenta a escola regularmente (declaração de frequência escolar) e que os horários (escola e jornada de trabalho) não coincidem.

A propriedade deve fornecer apoio adequado para que as crianças que lá residem frequentem e permaneçam na escola até passar a idade infantil, conforme a recomendação 146 da OIT – Organização Internacional do Trabalho e assegurar que tal criança não esteja empregada durante o horário escolar.

A propriedade não deve se envolver ou apoiar a utilização de trabalho infantil e das Piores Formas de Trabalho Infantil. O emprego de trabalho infantil é proibido. Deve ser assinada uma declaração afirmando que o trabalho infantil não é empregado na propriedade.

9.10.2. Condições de Trabalho e Moradia.A Constituição Federal proíbe a diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de:• Sexo;• Idade;• Cor;• Estado civil;• Portadores de deficiência física.

Fique atento ao procedimento de contratações em sua propriedade rural e ao ambiente de trabalho, pois os atos discriminatórios podem causar prejuízos morais e a pessoa que se considerar prejudicada poderá ingressar com ação perante a Justiça do Trabalho objetivando a reparação do dano. Nos casos de discriminação do trabalho da mulher ou ainda por motivo de raça ou cor, além da responsabilidade civil, o empregador poderá ser responsabilizado criminalmente.

Deve-se disponibilizar água potável e fresca em quantidade sufi ciente nos locais de trabalho. A água potável deve ser disponibilizada em condições higiênicas, sendo proibida a utilização de copos coletivos. (Portaria MS/2914).

O produtor rural (empregador) deve disponibilizar para os seus funcionários as áreas de vivência, que são:a) alojamentos/moradias, quando houver permanência de trabalhadores no estabelecimento nos períodos entre as jornadas de trabalho;

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b) instalações sanitárias;

c) locais para refeição;

d) local adequado para preparo de alimentos (no caso de trabalhadores alojados);

e) lavanderias (no caso de trabalhadores alojados).

Essas áreas de vivência devem atender aos seguintes requisitos:I) condições adequadas de conservação, asseio e higiene;

II) paredes de alvenaria, madeira ou material equivalente;

III) piso cimentado, de madeira ou de material equivalente;

IV) cobertura que proteja contra as intempéries;

V) iluminação e ventilação adequadas.

As áreas de vivência devem ser utilizadas somente para os fins a que se destinam, não podendo servir como depósito de produtos perigosos.

9.10.3. Treinamentos e Uso de Equipamentos de Proteção IndividualOs funcionários devem ser adequadamente treinados para suas funções e para realizarem suas atividades e procedimentos dentro da propriedade. Um registro de treinamento de pessoal é obrigatório.

Os Equipamentos de Proteção Individual – EPIs são ferramentas de trabalho que visam proteger a saúde do trabalhador rural, reduzindo os riscos de intoxicações decorrentes de exposição durante as várias atividades realizadas na propriedade. Os EPIs apropriados devem estar disponíveis aos trabalhadores para realização de suas tarefas.

Deve-se proporcionar capacitação sobre prevenção de acidentes com defensivos agrícolas e utilização correta dos EPIs a todos os trabalhadores expostos diretamente. Procure em sua região órgãos e serviços oficiais de extensão rural, instituições de ensino de nível médio e superior em ciências agrárias, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR, entidades sindicais, associações de produtores rurais, cooperativas de produção agropecuária ou florestal e associações de profissionais que estejam cadastrados para fornecer os treinamentos.

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Produtor, você deve, no mínimo, adotar as seguintes medidas:• Forneça equipamentos de proteção individual e vestimentas

adequadas aos riscos, que não propiciem desconforto térmico prejudicial ao trabalhador;

• Forneça os equipamentos de proteção individual e vestimentas de trabalho em perfeitas condições de uso e devidamente higienizadas, responsabilizando-se pela descontaminação deles ao final de cada jornada de trabalho e substituindo-os sempre que necessário;

• Oriente quanto ao uso correto dos dispositivos de proteção;

• Disponibilize um local adequado para a guarda da roupa de uso pessoal;

• Forneça água, sabão e toalhas para higiene pessoal;

• Garanta que nenhum dispositivo de proteção ou vestimenta contaminada seja levado para fora do ambiente de trabalho;

• Garanta que nenhum dispositivo ou vestimenta de proteção seja reutilizado antes da devida descontaminação;

• Não permita o uso de roupas pessoais quando da aplicação de defensivos agrícolas.

Segundo a NR 31 é obrigação do EMPREGADOR:• Fornecer EPIs adequados ao trabalho.

• Fornecer EPIs em perfeitas condições de uso e devidamente higienizados.

• Instruir e treinar quanto ao uso de EPIs.

• Fiscalizar e exigir o uso dos EPIs.

• Descontaminar o EPI após cada jornada de trabalho.

• Repor EPIs danifi cados.

Segundo a NR 31 é obrigação do EMPREGADO:• Usar e conservar o EPI.

Consulte também os manuais da ANDEF, onde você encontrará todos os detalhes e ilustrações sobre como utilizar de forma correta os EPIs. Os manuais da ANDEF estão disponíveis no site: www.andef.com.br

9.10.4. Saúde e SegurançaAcidentes de trabalho são aqueles que acontecem no exercício do trabalho prestado à empresa e que provocam lesões corporais ou perturbações funcionais que podem resultar em morte ou na perda ou

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em redução, permanente ou temporária, das capacidades físicas ou mentais do trabalhador.

São considerados acidentes de trabalho:• Doenças profissionais provocadas pelo trabalho.

• Doenças causadas pelas condições de trabalho.

• Acidentes que acontecem na prestação de serviços, por ordem da empresa, fora do local de trabalho;

• Acidentes que acontecem em viagens à serviço da empresa;

• Acidentes que ocorram no trajeto entre a casa e o trabalho ou do trabalho para casa.

Após a ocorrência de um acidente de trabalho deve-se buscar atendimento médico imediato. A depender do tipo de acidente e do local onde ele ocorreu, a prestação de socorro será feita pelo próprio empregador ou colegas de trabalho, ou por terceiros, na hipótese de um acidente no percurso da residência para o local de trabalho e vice-versa.

Os acidentes de trabalho podem ser evitados se os empregadores adotarem as medidas de segurança previstas pela legislação, especialmente as Normas Regulamentares expedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, como por exemplo, o fornecimento e fiscalização do uso de equipamentos de proteção individual, a adoção de medidas de proteção coletiva, o treinamento e capacitação dos trabalhadores no desempenho das funções, além de campanhas de conscientização preventivas de acidentes de trabalho.

Recomenda-se que o produtor tenha um protocolo de segurança que contemple:• Identificação e análises dos riscos a saúde e segurança no local

de trabalho: Avaliar todos os equipamentos, maquinarias, áreas de trabalho e processos a fim de identificar as fontes potenciais de risco.

• Medidas de controle para eliminar ou reduzir os riscos identificados: Aplicação de medidas de controle que podem incluir: alteração da estrutura física, controles administrativos, equipamentos de proteção individual.

• Comprometimento da gerencia para controlar os riscos: O comprometimento da gerencia ou dono da fazenda é fundamental para que qualquer programa de controle de riscos funcione.

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• Treinamento dos colaboradores: Os empregados precisam saber como fazer o seu trabalho em forma segura e sem riscos. Preste atenção especial para trabalhadores novos na fazenda.

• Inspeções regulares: Inspeções regulares são uma oportunidade para identificar riscos não detectados anteriormente e para verificar se os processos de segurança em vigor estão funcionando.

• Planos emergenciais: Deve haver um plano de emergência para acidentes potenciais. Deixem em lugar acessível telefones de contato de hospitais, bombeiros, etc.

• Registro e investigação de incidentes: Em caso de acidentes é importante descobrir as causas de forma o que o fato não aconteça novamente.

• Administração do processo: Todo o processo deve ser administrado de forma a que a cadeia inteira participe (gerência, todos os colaboradores).

Funcionários com sintomas de doenças transmissíveis de declaração obrigatória (diarreia, vômitos, etc.) devem comunicar ao seu supervisor ou gerente. Funcionários com essas doenças não devem trabalhar com a atividade leiteira.

Todos os exames médicos realizados pelos funcionários devem ser arquivados. Os empregadores rurais também devem elaborar e implantar o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promover e preservar a saúde do conjunto de seus trabalhadores. O PCMSO deve incluir os exames médicos:a. Admissional;

b. Periódico;

c. De retorno ao trabalho;

d. De mudança de função;

e. Demissional.

Fazer o uso correto do PCMSO trará a você e ao seu negócio mais tranquilidade, pois seus funcionários estarão protegidos enquanto trabalharem com você, e isso fica documentado, evitando problemas futuros.

Deve haver uma pessoa na propriedade treinada em primeiros socorros. Um kit de primeiros socorros deve estar disponível.

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9.11. Gestão da QualidadeSistemas de gestão da qualidade são projetados para fazendas a fim de garantir que o leite esteja apto à sua finalidade, elegível para atender aos mercados e para minimizar o risco de leite não seguro ou de qualidade inaceitável. Eles abrangem os procedimentos, sistemas e registros que são requeridos. Como parte dos requisitos deste código, deve haver na propriedade um sistema vigente de gestão da qualidade.

9.11.1. ProcedimentosA propriedade deve ter procedimentos para as seguintes atividades:

1. Limpeza da ordenhadeira e do tanque de resfriamento do leite.

2. Problemas de resfriamento, qualidade e armazenamento do leite.

3. Limpeza da sala de leite, de ordenha e de espera.

4. Manejo de ordenha.

5. Tratamento, identificação e separação de animais doentes.

6. Separação e descarte de leite de animais tratados e impróprio para fornecimento.

9.11.2. RegistrosOs registros devem conter todos os detalhes da administração de todos os tratamentos dos animais, independentemente do período de carência. Tipos de tratamentos nos quais os registros são necessários, mas não restritos:• Prescrição de medicamento para tratamento animal (antibióticos,

antinflamatórios, analgésicos, etc.).

• Tratamentos hormonais (quando permitido).

• Antiparasitários (oral e pour-on).

• Aplicações de carrapaticidas.

• Aplicação de agrotóxicos e fertilizantes.

• Remédios homeopáticos e naturais.

Recomenda-se também serem mantidos os registros de todos os animais que estão doentes, mas não tratados. Estes registros devem incluir:• Identificação da vaca.

• Data do início da doença.

• Razão do tratamento (onde aplicável).

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• Tratamento utilizado.

• Data do último tratamento (onde aplicável).

• Período de carência (onde aplicável).

• Data que retornou a ordenha/rebanho.

Os seguintes registros também devem ser mantidos:• Troca de borrachas e mangueiras da ordenhadeira e tanque de

resfriamento.

• Manutenção dos equipamentos de ordenha e de refrigeração e seus comprovantes.

• Calibragem do termômetro do tanque de leite e seus comprovantes.

• Resultados das analises de água.

• Alimentos e aditivos animais adquiridos (devem incluir data de chegada, produto, fornecedor e data de validade).

• Relatórios de visitas veterinárias e/ou técnicas.

• Animais vendidos e comprados.

• Animais mortos.

• Aplicação de agrotóxicos.

9.11.3. Verificações mensaisVerificações mensais devem ser realizadas e registradas para:• Funcionamento e limpeza do equipamento de ordenha.

• Funcionamento e limpeza do tanque de refrigeração.

• Limpeza das salas de ordenha, de leite, espera e acessos.

• Temperaturas do leite.

• Manejo dos efluentes e dejetos.