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CLIPPING 11 a 16.10.2016 Ministro suspende efeitos de decisões da Justiça do Trabalho sobre ultratividade de acordos.. 2 Salário de juiz e custo do Judiciário no Brasil são 10 vezes mais altos do que nos EUA ............... 2 Odebrecht pagou R$ 11 milhões a filho de ex-ministro do STJ .................................................... 4 MPE recomenda que Correios reforcem segurança em agências para evitar suspensão de renovação contratual .................................................................................................................... 5 Sindicalistas, estudantes e pais lançam "Frente Escola sem Mordaça" no Rio de Janeiro ........... 8 Funcionários dos Correios são presos em operação ................................................................... 10 Senado irá dar o aval na escolha dos presidentes da Petrobras e do BNDES ............................. 10 Petrobras avança em negociação para vender Liquigás à Ultrapar ............................................ 11 Suspensão da Súmula 277: Grave ameaça aos trabalhadores.................................................... 12 Entenda o que é a PEC 241 e como ela pode afetar sua vida ..................................................... 13 Petrobras acusada de abandono de marinheiros em navios fretados ....................................... 16 Economistas lançam documento com críticas à PEC dos gastos públicos .................................. 17 Bancos postais no Mato Grosso são alvo de assaltos ................................................................. 18 Câmara aprova medida provisória que facilita privatizações no setor elétrico.......................... 19 Em campanha salarial, trabalhadores na Scania entregam aviso de greve ................................ 21 Emenda da PEC acaba com valorização do salário mínimo ........................................................ 21 Bancos já suspendem crédito a aposentados por invalidez ....................................................... 23 TJ-SP faz recomendação para evitar assédio moral entre juízes e servidores ............................ 24 Deputados querem alterar lei que acaba com obrigação da Petrobras investir no pré-sal ....... 24 Empresa cria "lista dos horríveis" e terá que indenizar funcionária por dano moral ................. 25 Só a luta te garante: nunca uma frase disse tanto sobre a conjuntura e a vida ......................... 26 Dono do 180graus é condenado a pagar multa de R$ 1 milhão ................................................. 28 Brasileiro já nasce devendo em torno de R$ 27 mil da dívida pública. Entrevista especial com 30 Falta trabalho para 22,7 milhões de brasileiros .......................................................................... 36 Filhos da pátria: comemoração hipócrita do dia das crianças em um país que pede redução da maioridade .................................................................................................................................. 38 'The Intercept': PEC 241 é uma tragédia política e jurídica ........................................................ 40 Petrobras tem nova política de preços ....................................................................................... 41 PF faz operação contra esquema de fraudes nos Correios ......................................................... 41 Juízes e membros do MP apontam inconstitucionalidade da PEC 241 ...................................... 42 Vidas destruídas pelo Poder Judiciário Brasileiro ....................................................................... 43

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CLIPPING 11 a 16.10.2016

Ministro suspende efeitos de decisões da Justiça do Trabalho sobre ultratividade de acordos .. 2

Salário de juiz e custo do Judiciário no Brasil são 10 vezes mais altos do que nos EUA ............... 2

Odebrecht pagou R$ 11 milhões a filho de ex-ministro do STJ .................................................... 4

MPE recomenda que Correios reforcem segurança em agências para evitar suspensão de

renovação contratual .................................................................................................................... 5

Sindicalistas, estudantes e pais lançam "Frente Escola sem Mordaça" no Rio de Janeiro ........... 8

Funcionários dos Correios são presos em operação ................................................................... 10

Senado irá dar o aval na escolha dos presidentes da Petrobras e do BNDES ............................. 10

Petrobras avança em negociação para vender Liquigás à Ultrapar ............................................ 11

Suspensão da Súmula 277: Grave ameaça aos trabalhadores .................................................... 12

Entenda o que é a PEC 241 e como ela pode afetar sua vida ..................................................... 13

Petrobras acusada de abandono de marinheiros em navios fretados ....................................... 16

Economistas lançam documento com críticas à PEC dos gastos públicos .................................. 17

Bancos postais no Mato Grosso são alvo de assaltos ................................................................. 18

Câmara aprova medida provisória que facilita privatizações no setor elétrico .......................... 19

Em campanha salarial, trabalhadores na Scania entregam aviso de greve ................................ 21

Emenda da PEC acaba com valorização do salário mínimo ........................................................ 21

Bancos já suspendem crédito a aposentados por invalidez ....................................................... 23

TJ-SP faz recomendação para evitar assédio moral entre juízes e servidores ............................ 24

Deputados querem alterar lei que acaba com obrigação da Petrobras investir no pré-sal ....... 24

Empresa cria "lista dos horríveis" e terá que indenizar funcionária por dano moral ................. 25

Só a luta te garante: nunca uma frase disse tanto sobre a conjuntura e a vida ......................... 26

Dono do 180graus é condenado a pagar multa de R$ 1 milhão ................................................. 28

Brasileiro já nasce devendo em torno de R$ 27 mil da dívida pública. Entrevista especial com 30

Falta trabalho para 22,7 milhões de brasileiros .......................................................................... 36

Filhos da pátria: comemoração hipócrita do dia das crianças em um país que pede redução da

maioridade .................................................................................................................................. 38

'The Intercept': PEC 241 é uma tragédia política e jurídica ........................................................ 40

Petrobras tem nova política de preços ....................................................................................... 41

PF faz operação contra esquema de fraudes nos Correios ......................................................... 41

Juízes e membros do MP apontam inconstitucionalidade da PEC 241 ...................................... 42

Vidas destruídas pelo Poder Judiciário Brasileiro ....................................................................... 43

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Ministro suspende efeitos de decisões da Justiça do Trabalho sobre ultratividade

de acordos

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu nesta sexta-

feira (14) medida cautelar para suspender todos os processos e efeitos de decisões no

âmbito da Justiça do Trabalho que discutam a aplicação da ultratividade de normas de

acordos e de convenções coletivas. A decisão, a ser referendada pelo Plenário do STF,

foi proferida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 323,

ajuizada pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen),

questionando a Súmula 277 do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Segundo a entidade, ao estabelecer que as cláusulas previstas em convenções ou

acordos coletivos integram os contratos individuais de trabalho, mesmo depois de

expirada sua validade, a súmula contraria os preceitos constitucionais da separação

dos Poderes (artigo 2º da Constituição Federal) e da legalidade (artigo 5º).

A Confenen relata que a alteração jurisprudencial na justiça trabalhista “despreza que

o debate relativo aos efeitos jurídicos das cláusulas coletivas no tempo sempre esteve

localizado no plano infraconstitucional, fato evidenciado pela edição da Lei

8.542/1992, que tratou do tema, mas foi revogada”. Argumenta que a teoria da

ultratividade das normas coletivas sempre esteve condicionada à existência de lei, não

podendo ser extraída diretamente do texto constitucional.

Ao conceder a liminar o ministro justificou que “da análise do caso extrai-se

indubitavelmente que se tem como insustentável o entendimento jurisdicional

conferido pelos tribunais trabalhistas ao interpretar arbitrariamente a norma

constitucional”. Ele ressaltou que a suspensão do andamento de processos "é medida

extrema que deve ser adotada apenas em circunstâncias especiais", mas considerou

que as razões apontadas pela Confederação, bem como a reiterada aplicação do

entendimento judicial consolidado na atual redação da Súmula 277 do TST, "são

questões que aparentam possuir relevância jurídica suficiente a ensejar o acolhimento

do pedido".

Leia a íntegra da decisão.

Salário de juiz e custo do Judiciário no Brasil são 10 vezes mais altos do que nos

EUA

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O Poder Judiciário brasileiro, que está nocentro da crise polícia e econômica do país, é

um dois mais caros do mundo e também um com os maiores salários do mundo.

Para se ter uma ideia, em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) o custo do Poder

Judiciário no Brasil consome 10 vezes mais recursos do que países como Espanha,

Argentina e Estados Unidos. Os salários no Brasil também são astronômicos. O juiz no

Brasil chega a receber 10 vezes mais em relação aos juízes dos Estados Unidos, França

e Portugal.

Além do consumo de recursos públicos ser um dos maiores do mundo, o judiciário

brasileiro é um poço de contradições diante dos péssimos resultados para a

população. É o que se vê na realidade e no diagnóstico do cientista político e

pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luciano Da Ros,

em entrevista ao jornal espanhol El País.

No diagnóstico do pesquisador e da própria população, o Brasil tem um Judiciário que

consome uma enorme quantidade de recursos, é ineficiente, juízes julgam a revelia da

legislação, recebem salários e recursos acima da lei (teto constitucional), é injusto

porque prende sem julgar e não julga setores da elite, além de ser um poder moldado

na Ditadura instalada após o golpe de 64.

Veja alguns dos trechos da entrevista:

‘Um dos efeitos desta enorme autonomia individual dos magistrados é que cada juiz

decide da forma que entende e, desse modo, é impossível ter posições claras de como

o Judiciário, institucionalmente, decide. A melhor forma de ilustrar isso é dizer que não

existe um Poder Judiciário propriamente dito no Brasil, e sim 17.000 magistrados.

Quer dizer, toda a ideia do poder Judiciário é que haja independência exatamente para

que os juízes tenham isenção de julgar sem que seus próprios interesses afetem o

conteúdo da decisão. Para isso, é necessário um bom salário e garantias de que o

magistrado não será exonerado ou removido de seu cargo. Contudo, isso não significa

que, necessariamente, cada juiz pode decidir um caso da forma como ele sozinho

acredita que deve ser decidido. Ele tem que obedecer a legislação, mas também tem

que levar em conta as decisões anteriores que foram tomadas em casos idênticos.

No Brasil, como esses mecanismos de controle da jurisprudência são recentes e o grau

de autonomia dos magistrados individuais é muito alto, ocorre de um juiz decidir de

uma forma e, em uma vara vizinha, outro juiz decidir um caso idêntico de outra forma.

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Isso é terrível, porque toda a ideia de que precisamos da independência do juiz é para

que ele possa aplicar a mesma lei aos mesmos casos, para que haja igualdade e não

diferença.

Em 1990 eram cinco milhões de novos processos a cada ano, agora são 30 milhões.

Para se ter uma ideia, hoje existe cerca de um processo em andamento para cada dois

habitantes. Por fim, isso acaba produzindo uma carga de trabalho enorme e a

consequência é o Judiciário mais caro do planeta. Enquanto os gastos de países como

Espanha, EUA e Inglaterra ficam entre 0,12% e 0,14% do PIB, o do Brasil está na casa

do 1,3%.

Veja, por exemplo, a desigualdade expressa na dificuldade em condenar

definitivamente um político por corrupção, por um lado, e o fato de que hoje temos

200.000 presos sem julgamento no Brasil, por outro. Esse tipo de desigualdade de

tratamento é extremamente danoso em um poder do Estado que deve primar pela

igualdade de tratamento.Salário de juiz no início (vermelho) e no fim de carreira (azul)

A ditadura militar no Brasil operou, grosso modo, com essa arquitetura institucional do

Poder Judiciário que está hoje aí, tanto que a LOMAN [Lei Orgânica da Magistratura

Nacional] é de 1979. De igual forma, não houve grandes expurgos na magistratura

durante a ditadura e basicamente essa máquina que existia agora, existia lá atrás. O

nosso Judiciário, então, conviveu com a ditadura, mas conviveu em um sistema de

acomodação.

O Judiciário foi em grande medida conivente com a ditadura e a ditadura foi conivente

com abusos dentro do Poder Judiciário, permitindo remunerações enormes,

nepotismo, sistemas de loteamento de cargos e um conjunto de práticas que

herdamos e que estamos tentando resolver até hoje’. (Veja entrevista integral no

ElPaís).

EL PAIS

Odebrecht pagou R$ 11 milhões a filho de ex-ministro do STJ

Documento da Polícia Federal na força-tarefa da Lava Jato mostra que o escritório do

advogado Marcos Meira, filho do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) José

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de Castro Meira, recebeu pelo menos R$ 11,2 milhões da Odebrecht entre os anos de

2008 e 2014; o então ministro Meira foi o relator em 2010 de um processo contra a

Braskem, braço petroquímico da Odebrecht, em que ele considerou prescrita uma

dívida de R$ 500 milhões cobra da Fazenda Nacional contra a empresa; processo

começou a tramitar no STJ após a Procuradoria da Fazenda recorrer de um acórdão do

Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região sobre créditos tributários a favor da

Braskem

247 - O escritório do advogado Marcos Meira, filho do ex-ministro do Superior Tribunal

de Justiça (STJ) José de Castro Meira, recebeu pelo menos R$ 11,2 milhões da

Odebrecht entre os anos de 2008 e 2014, segundo laudo da Polícia Federal na

operação Lava Jato.

O então ministro Meira foi o relator em 2010 de um processo contra a Braskem, braço

petroquímico da Odebrecht, em que ele considerou prescrita uma dívida de R$ 500

milhões cobra da Fazenda Nacional contra a empresa. O julgamento no STJ ocorreu em

5 de agosto daquele ano. No dia 16 de novembro, Meira ainda relatou e rejeitou um

recurso da Fazenda Nacional contra a decisão.

O processo começou a tramitar no STJ após a Procuradoria da Fazenda recorrer de um

acórdão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região sobre créditos tributários a

favor da Braskem.

De acordo com texto distribuído na época pelo STJ, "Meira, relator do caso, entendeu

que o prazo para ajuizar a execução fiscal contra a empresa teria expirado em 2001. O

processo envolve uma multa aplicada contra a Copesul, controlada hoje pela

Braskem".

Segundo laudo da Polícia Federal na Operação Lava Jato, divulgado em reportagem de

Rubens Valente, a Odebrecht fez pagamentos a duas firmas do advogado Marcos

Meira, a M Meira Associados e Consultoria e M Meira Advogados Associados e

Consultoria.

A construtora pagou pelo menos R$ 1,1 milhão no ano de 2008, R$ 407 mil em 2009,

R$ 3,1 milhões em 2010, R$ 5,1 milhões em 2012, R$ 231 mil em 2013 e R$ 876 mil em

2014.

O advogado Marcos Meira informou que "presta serviços" à Odebrecht "há cerca de 15

anos em diferentes áreas do direito, objeto e formas de contratação", e disse que não

poderia revelar a natureza dos serviços prestados à empreiteira porque está

"incondicionalmente obrigado ao sigilo sobre sua atuação devido a cláusulas de

confidencialidade".

BRASIL 247

MPE recomenda que Correios reforcem segurança em agências para evitar

suspensão de renovação contratual

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A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) deverá apresentar em até 20 dias

um cronograma de medidas de correção na segurança das agências de Mato Grosso. A

medida visa o combate ao numero alarmante de assaltos à agências dos correios. As

mudanças deverão garantir eficácia na identificação dos criminosos e um ambiente

seguro aos consumidores e empregados. As medidas foram propostas pelo Ministério

Público Federal (MPF), na Recomendação 22/2016 e deverão ser acatadas, sob pena

de impossibilitar a renovação do contrato.

A recomendação é assinada pelos Procuradores da República Guilherme Rocha

Göpfert e Marco Antonio Ghannage Barbosa. Nela, levou-se em conta o que fora

apurado em dois Inquéritos Civis. O MPF constatou um alarmante número de assaltos

às Agências dos Correios nos diversos municípios de Mato Grosso, conforme

constatado pela Superintendência da Polícia Federal no Estado.

No documento, os procuradores citam que somente no ano de 2015, até o mês de

outubro, foram registradas mais de 150 ocorrências de furto e roubo em praticamente

todas as agências dos Correios no estado. “Somente a agência instalada no bairro do

Verdão, em Cuiabá, foi alvo de cinco ocorrências de crime. Em igual sentido, somente a

agência do Coxipó, em Cuiabá, foi alvo de ao menos nove ocorrências de furto e roubo,

entre setembro de 2015 a fevereiro de 2016”, aponta a recomendação.

Somente nos municípios abrangidos pela Procuradoria da República no Município de

Rondonópolis foram instaurados 205 inquéritos policiais entre 2012 e 2016 por furtos

e roubos realizados em agências dos Correios.

A maioria dos crimes ocorridos não foram solucionados:

O MPE explica que isso se deu devido à dificuldade de identificação da autoria. Essa

dificuldade é ocasionada pela falha do aparato de segurança, como, por exemplo,

câmeras de segurança com resolução inadequada e a facilidade de localização do

dispositivo que grava as imagens, sem a utilização de HD falso, por exemplo.

“Não há como se ter serviço bancário nas unidades dos Correios sem que haja uma

estrutura de segurança efetiva. Por isso recomenda-se que, se não forem colocados

como cláusula do novo contrato para o funcionamento do Banco Postal os itens

mínimos de segurança, o serviço não tem condições de ser prestado”, afirmou

Göpfert.

Omissão:

Ainda de acordo com os procuradores, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos –

ECT permanece omissa em tomar as medidas necessárias para a prevenção de danos

aos consumidores e ao patrimônio público, por meio da adoção de um sistema de

segurança eficiente e capaz de desestimular os eventos criminosos, como a instalação

de porta giratória com detector de metais e de vigilância armada, e ressaltam também

o descaso do Banco do Brasil com seus clientes atendidos pelo Banco Postal por não

fornecer a eles a mesma segurança existente nas agências bancárias.

“É preciso que haja um compromisso expresso das instituições com o consumidor, que

é seu cliente, com a segurança destes e de seus bens, e para isso devem ser adotadas

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medidas de segurança”, ressaltou o procurador Marco Antonio Ghannage Barbosa.

Além do prazo para apresentar o cronograma, os Correios terão 15 dias para informar

formalmente ao MPE se cumprirá a recomendação, sendo que a ausência de resposta

será interpretada como recusa no seu atendimento.

Confira as medidas constantes na Recomendação:

I – sistema de backup auxiliar para as câmeras de segurança, devendo o hard disk

auxiliar ser colocado em local externo daquele das gravações, permitindo o

arquivamento das últimas 24 (vinte e quatro) horas de monitoração;

II – proceder à troca das câmeras de monitoração, aumentando a resolução, com

imagens em formato HD, para que seja possível identificar eventuais agentes

criminosos pelas imagens;

III – adotar procedimento padrão de cadastro dos dados pessoais de funcionários de

empresas que prestem serviço no interior das agências, disponibilizando tal

informação aos órgãos policiais;

IV - instalar mecanismo temporizador para retardo na abertura do cofre após a

inserção da senha; ampliando o tempo de retardo, caso já existente;

V – instalar um sistema de pânico que permita aos empregados acioná-lo para

comunicação da central de monitoramento em caso de crimes, devendo providenciar

treinamento aos funcionários e alertá-los sobre a necessidade do uso;

VI – promover estudo sobre a localização dos cofres no interior das agências,

deslocando aqueles em posição mais vulnerável para as áreas mais protegidas;

VII – disponibilizar banco de imagens dos agentes responsáveis por crimes contra as

agências dos Correios e bancos cadastrais relativos a essas ocorrências aos órgãos

policiais, especialmente ao Departamento de Polícia Federal;

VIII – promover a revisão dos contratos de monitoração para aumento do número de

operadores, utilizando-se no mínimo 2 (dois) simultaneamente;

IX – implantar do sistema de transmissão em tempo real das imagens de monitoração

das agências para a empresa terceirizada responsável, indicando com precisão a data

de início do procedimento ou eventuais razões para adoção apenas nas agências de

maior movimento ou mais vulneráveis;

X – promover a instalação de porta giratória com detector de metais nas agências, bem

como de instalação de película antiestilhaço nos vidros que dividem os ambientes das

agências; indicando com precisão a data de início da instalação ou eventuais razões

para adoção apenas nas agências

de maior movimento ou mais vulneráveis;

XI –implantar células de segurança onde devem estar localizados o cofre da agência e

outro cofre menor para depósito da arma do segurança, local com porta mais

resistente, cadeado ou fechadura de grande porte;

XII – implantar alarme de segurança com ultrassom e infravermelho;

XIII – implantar vigilância armada permanente;

XIV – que se abstenha de renovar o contrato Banco Postal caso não haja a menção

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expressa do cronograma de implementação das medidas de segurança acima expostas

em referido contrato;

OLHAR DIRETO

Sindicalistas, estudantes e pais lançam "Frente Escola sem Mordaça" no Rio de

Janeiro

Ato na orla de Copacabana se posicionou contra o projeto Escola sem Partido, a

reforma do ensino médio e a PEC 241

Neste sábado (15), quando se comemora o Dia dos Professores, sindicalistas, docentes,

estudantes, ativistas, mães, pais e responsáveis do Rio de Janeiro (RJ) lançaram a

Frente Estadual Escola sem Mordaça, que se posiciona de forma contrária aos projetos

de lei que instituem a programa Escola sem Partido, à reforma do ensino médio

instituída via medida provisória pelo governo de Michel Temer e à PEC 241, que

congela os gastos do governo por 20 anos – inclusive os da educação e da saúde. O ato

aconteceu na orla da praia de Copacabana.

Suzana Gutierrez, diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE),

lembra que, apenas no Rio de Janeiro, tramita um projeto de lei na Assembleia

Legislativa e dois na Câmara Municipal relacionados à ideia de Escola sem Partido. Para

ela, a proposta vai contra a autonomia pedagógica das escolas.

"A escola é um espaço de pluralidade de ideias, onde você avança no conhecimento,

constrói uma nova sociedade. Então, ela tem que abarcar a pluralidade de ideias, não

pode ser a escola de um pensamento único, que é o que tenta fazer esse projeto",

argumenta.

Sobre a reforma do ensino médio, Gutierrez considera que o maior problema é, ao

dividir o ensino em campos de saber, retirar disciplinas, o que acaba com o caráter da

oferta de um conhecimento diverso e básico nessa fase educacional.

"O estudante não pode ser direcionado só para uma área. Os estudantes têm o direito

de ter o conhecimento de todas as áreas, e o governo quer fazer o contrário:

reduzir currículos, impedindo os nossos estudantes de terem um processo de acesso às

universidades. Então, para nós, é uma reforma que só ataca os currículos e os

estudantes", avalia.

Colégio Pedro II

Um dos colégios mais tradicionais do Rio de Janeiro, o Pedro II, estava representado no

ato por estudantes, pais e funcionários, que também se integraram à Frente recém-

criada.

Elisa Guimarães, diretora do Sindicato dos Servidores da instituição (Sindscope)

e professora do Campus Humaitá II, afirma que o colégio federal já está sofrendo

intervenções baseadas em argumentos da Escola sem Partido, antes mesmo de

qualquer lei ter sido aprovada.

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Uma delas ocorreu no começo do outubro, quando, após a denúncia de um pai, o

Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF-RJ) recomendou à reitoria e aos

diretores-gerais do Colégio que retirassem cartazes nas unidades Realengo II e

Humaitá que tinham a inscrição “Fora Temer, contra o golpe”. Em nota, a reitoria

informou que obedeceu prontamente.

“Toda essa movimentação de cerceamento que existe hoje, inclusive dentro do Colégio

Pedro II, estão vinculadas à discussão da Escola sem Partido, que não é uma escola

sem ideologia. Porque aqueles que a defendem têm uma ideologia, que é a de

defender o neoliberalismo, as reformas que vem sendo implementadas no país desde

a época do Collor, a destruição do patrimônio estatal, as privatizações, a reforma da

Previdência, o fim dos direitos trabalhistas. É isso que esses setores defendem. Então,

tem ideologia, sim”, disse Guimarães.

Ela informa que o sindicato está mobilizado contra o que chamou de "tentativa de

censura e medidas arbitrárias", e vai recolocar as faixas no colégio, além de promover

um ato em frente do Ministério Público na próxima quarta-feira (19).

“A direção do Sindscope foi convocada a prestar depoimento, e eles [MPF-RJ] exigiram

uma série de coisas, como lista de filiados. Não faz sentido num país democrático você

ter esse tipo de cobrança e exigência por parte do Ministério Público. Achamos que é

uma ação abusiva do Ministério Público”, relata a sindicalista.

Ato dos conservadores

De acordo com Guimarães, há pais progressistas, mas também há um grupo de

responsáveis que tem articulado ações ligadas a movimentos e pensamentos

conservadores, e promoveu um ato no dia 1º de outubro a favor da Escola sem Partido

e contra a “ideologia de gênero”, também em Copacabana.

Segundo Cláudia Souza, mãe de uma aluna do 9º ano do Colégio Pedro II que

também é uma das representantes do segmento de pais no Conselho Superior do

Colégio (Consup), alguns pais têm reclamado sobre atos e atividades que abordam

questões como diversidade, gênero e movimentos sociais na escola. Para se organizar

frente a isso e apoiar as decisões do colégio, foi formado o coletivo CPII Diverso e

Democrático, que participou do ato deste sábado.

“Infelizmente, a sociedade está em um momento mais conservador, e não é diferente

com a educação. Então, há um movimento de cercear do ato de ensinar, que vem

junto com o projeto Escola sem Partido. Para se contrapor a isso, nós estamos nos

organizando no movimento Escola sem Mordaça, porque nós entendemos que o

professor tem que ter autonomia e liberdade no ato de ensinar. A gente é contra

qualquer cerceamento de ideias e expressões”, explica Souza.

Estudantes

Leonardo Guimarães, graduando de Direito da UFRJ e presidente da União Estadual de

Estudantes, afirma que dentro das universidades está ocorrendo um movimento

crescente, inclusive entre alguns alunos, que considera que as instituições de ensino

não devem ser centros de reflexão e discussão política.

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“A UEE e a UNE [União Nacional dos Estudantes] têm se somado à luta dos

secundaristas e à luta dos professores por compreender que boa parte de nós,

universitários, seremos professores também, e nós sabemos o que representa os

vários projetos de lei nas câmaras municipais, nas assembleias legislativas e no

Congresso Nacional que visam criminalizar não só a profissão docente, mas também o

entendimento de que a escola é um espaço de reflexão, de pensamento crítico",

defendeu.

Para Guimarães, os modelos de escola dos níveis básicos também precisam ser

debatidos dentro da universidade.

BRASIL DE FATO

Funcionários dos Correios são presos em operação

Polícia Federal descobriu esquema que fraudes que já havia movimentado R$ 647 mil

em dois anos

A Polícia Federal deflagrou uma operação para desarticular esquema de fraudes nos

Correios, na capital e na Grande São Paulo, na manhã desta sexta-feira (14). O

esquema envolvia funcionários da instituição e, em dois anos, o prejuízo estimado foi

de R$ 647 mil.

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Um total de 100 policiais cumpriram nove mandados de prisão, três mandados de

condução coercitiva e 19 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 5ª Vara

Criminal Federal de São Paulo.

Segundo matéria do G1, a investigação, que contou com apoio da Empresa Brasileira

de Correios e Telégrafos (EBCT), aponta que a fraude começava com a recepção das

correspondências e encomendas em sistema semelhante ao padrão, mas, ajustados

com as empresas fraudadoras, os funcionários envolvidos no esquema adulteravam as

pesagens, suprimiam listas de faturamento, inseriam dados falsos nos sistemas de

informações e ainda adicionavam as cargas clandestinas na distribuição dos Correios.

Os investigados tiveram todos os bens bloqueados pela Justiça. Eles responderão, na

medida de suas participações, pelos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa e

associação criminosa, com penas que variam de 1 a 12 anos de prisão.

NOTÍCIAS AO MINUTO

Senado irá dar o aval na escolha dos presidentes da Petrobras e do BNDES

Escolha dos nomes dos presidentes da Petrobras e do Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) será submetida a aprovação do Senado

Federal. Esse será o primeiro item da pauta da Comissão de Serviços de Infraestrutura

(CI), nessa próxima quarta-feira (19), em conformidade com o PLS 271/2015, do

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senador Roberto Rocha (PSB-MA) que prevê que a escolha dos presidentes dos órgãos

seja por voto secreto, após sabatina pública, como ocorre hoje na avaliação dos

dirigentes das agências reguladoras. Depois da análise da CI, o projeto segue para a

Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde será votado em decisão terminativa.

O nome dos novos presidentes terá que receber o aval dos senadores devido à

importância das duas para a economia brasileira e o papel que desempenham nas

políticas governamentais. “A Petrobras, mesmo depois dos recentes problemas

estruturais e de governança que enfrenta, ainda é a maior empresa brasileira e uma

das maiores do mundo”, observa Roberto, acrescentando que o BNDES, tem um ativo

superior ao Banco Mundial e 3,5 vezes maior que o Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID).

Além disso, o BNDES é o principal instrumento de política de investimento do governo

federal, estimulando a iniciativa privada e os setores públicos nos empreendimentos

de interesse nacional. (LR)

Projeto

Senado. O projeto em tramitação no Senado foi analisado pelo senador Acir Gurgacs

(PDT-RO) antes de estar licenciado, e emitiu no seu relatório parecer favorável a

escolha dos presidentes ter o aval do Senado. Nesse documento ele critica a forma

atual de escolha dos presidentes das duas estatais, por nomeação presidencial.

Acrescentando que, o crivo do Senado se justifica depois dos casos de corrupção e má

gestão na Petrobras e falta de transparência nas ações do BNDES.

JORNAL DE UBERABA

Petrobras avança em negociação para vender Liquigás à Ultrapar

Fonte afirmou à Reuters que a proposta da Ultrapar avalia a Liquigás em cerca de 3

bilhões de reais

A Petrobras está em negociações avançadas com a Ultrapar Participações para a venda

da totalidade da Liquigás, distribuidora de gás liquefeito de petróleo (GLP), segundo

fatos relevantes divulgados pelas companhias nesta sexta-feira.

A Petrobras e a Ultrapar limitaram-se a dizer que a transação depende ainda da

finalização das negociações e da aprovação pelas instâncias internas de ambas as

companhias e que fatos julgados relevantes serão divulgados quando for apropriado.

Uma fonte com conhecimento do assunto disse à Reuters nesta sexta-feira que a

proposta da Ultrapar avalia a Liquigás em cerca de 3 bilhões de reais.

A oferta da Ultrapar superou rivais como a Supergasbras, controlada pela holandesa

Dutch SHV, e duas outras empresas brasileiras, segundo a fonte.

A Petrobras prevê desinvestimentos de 34,6 bilhões de dólares entre 2015 e 2018,

como forma de reduzir seu endividamento.

O processo de oferta da Liquigás ao mercado foi anunciado em junho.

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A Liquigás está presente em quase todos os Estados brasileiros, e conta com 23

centros operativos, 19 depósitos, 1 base de armazenagem e carregamento

rodoferroviário e uma rede de aproximadamente 4.800 revendedores autorizados,

com participação de mercado de 23 por cento do mercado, segundo a Petrobras.

ÉPOCA NEGÓCIOS

Suspensão da Súmula 277: Grave ameaça aos trabalhadores

O Brasil vive uma escalada conservadora, de conteúdo neoliberal, cujo alvo são os

trabalhadores e a democracia. A ascensão de forças, vinculadas ao grande capital, não

tem medido esforços para desmontar as conquistas sociais contidas na Constituição de

1988.

Na semana em que se discute a polêmica proposta de congelar investimentos em

saúde, educação e demais áreas por 20 anos, através da PEC 241, eis que surge mais

um retrocesso. Dessa vez pelas mãos do STF.

Em uma decisão liminar, o Ministro Gilmar Mendes, suspendeu os efeitos da Súmula

277 do TST, que estabelecia a ultratividade dos contratos coletivos de trabalho. Pela

Súmula, as cláusulas de um Acordo ou Convenção Coletiva, assinada entre sindicatos

patronais e de empregados, continuariam em vigor até que surgisse novo instrumento

jurídico entre as partes. O objetivo era evitar perda de direitos importantes dos

trabalhadores, pois seriam automaticamente renovados, enquanto não houvesse nova

negociação.

Não é à toa que vários setores empresariais, há anos, brigam pela revogação desta

Súmula. Foi assim que a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino

(Confenen), setor que representa os empresários da educação, ingressou com

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 323 e obteve essa decisão que

beneficia o setor patronal no país.

Pelo julgamento de Mendes, que ainda será apreciado pelo plenário do STF, diversos

direitos de todas as categorias estão ameaçados. Basta que as empresas se recusem a

renovar Acordos firmados com os sindicatos e os direitos ali contidos deixarão de

existir.

Isto enfraquece a posição dos sindicatos, que terão em cada campanha salarial de lutar

para renovar cláusulas que já foram conquistadas anteriormente, aumentando ainda

mais a desigualdade baseada no poder econômico.

Mais preocupante ainda, é que o Ministro aproveitou sua decisão de 57 páginas, para

atacar o Tribunal Superior do Trabalho, alegando que este realiza "zigue-zague"

jurídico. Não é novidade que há uma tentativa clara de esvaziar as atribuições da

justiça do trabalho e até mesmo proposta de sua extinção já houve por parte do

governo.

O discurso de Mendes será aplaudido nos convescotes da elite do país, enquanto a

maior parte da população sairá perdendo mais uma vez. Certamente não veremos esse

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debate na Globo: os patrocinadores agradecem!

A hora é de resistir.

*Augusto Vasconcelos é presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, advogado,

professor universitário. Pós-graduado em Direito do Estado (UFBA), mestre em

políticas sociais e cidadania (UCSal).

Entenda o que é a PEC 241 e como ela pode afetar sua vida

A Câmara dos Deputados passou em primeira votação nesta segunda-feira a proposta

de emenda constitucional que cria uma teto para os gastos públicos, a PEC 241, que

congela as despesas do Governo Federal, com cifras corrigidas pela inflação, por até 20

anos. Com as contas no vermelho, o presidente Michel Temer vê na medida,

considerada umas das maiores mudanças fiscais em décadas, uma saída para sinalizar

a contenção do rombo nas contas públicas e tentar superar a crise econômica. O

mecanismo enfrenta severas críticas da nova oposição, liderada pelo PT, pelo PSOL e

pelo PCdoB, mas também vindas de parte dos especialistas, que veem na fórmula um

freio no investimento em saúde e educação previstos na Constituição. O texto da

emenda, que precisa ser aprovado em uma segunda votação na Câmara e mais duas

no Senado, também modifica a regra de reajuste do salário mínimo oficial, que se

limitará à variação da inflação. Veja como foi a votação nesta segunda aqui. Entenda o

que é a proposta e suas principais consequências.

A reportagem é de Gil Alessi, publicada por El País, 10-10-2016.

A PEC, a iniciativa para modificar a Constituição proposta pelo Governo, tem como

objetivo declarado frear a trajetória de crescimento dos gastos públicos e tentar

equilibrar as contas públicas. A ideia é fixar por 20 anos um limite para as despesas:

será o gasto realizado no ano anterior corrigido pela inflação (na prática, em termos

reais - na comparação do que o dinheiro é capaz de comprar em dado momento - fica

praticamente congelado). Se entrar em vigor em 2017, portanto, o Orçamento

disponível para gastos será o mesmo de 2016, acrescido da inflação daquele ano. A

medida irá valer para os três Poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. Pela

proposta atual, os limites em saúde e educação só começarão a valer em 2018.

Por que o Governo diz que ela é necessária?

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, diz que "não há possibilidade de prosseguir

economicamente no Brasil gastando muito mais do que a sociedade pode pagar. Este

não é um plano meramente fiscal." Para a equipe econômica, mesmo sem atacar

frontalmente outros problemas crônicos das contas, como a Previdência, o mecanismo

vai ajudar "a recuperar a confiança do mercado, a gerar emprego e renda".

Representantes do Governo dizem que a regra é a maneira de conter os gastos

públicos, que estão crescendo ano a ano, sem serem acompanhados pela arrecadação

de impostos. Para uma parte dos especialistas, pela primeira vez o Governo está

atacando os gastos, e não apenas pensando em aumentar as receitas. O Governo

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Temer não cogita, no momento, lançar mão de outras estratégias, como aumento de

impostos ou mesmo uma reforma tributária, para ajudar a sanar o problema do

aumento de gastos no tempo.

O que dizem os críticos da PEC?

Do ponto de vista de atacar o problema do aumento anual dos gastos públicos, uma

das principais críticas é que uma conta importante ficou de fora do pacote de

congelamento: os gastos com a Previdência. É um segmento que abocanha mais de

40% dos gastos públicos obrigatórios. Logo, a PEC colocaria freios em pouco mais de

50% do Orçamento, enquanto que o restante ficaria fora dos limites impostos. A

Fazenda afirmou que a questão da Previdência será tratada de forma separada mais à

frente. "Se não aprovar mudanças na Previdência, um gasto que cresce acima da

inflação todos os anos, vai ter de cortar de outras áreas, como saúde e educação", diz

Márcio Holland, ex-secretário de política econômica da Fazenda. "Nesse sentido, a PEC

deixa para a sociedade, por meio do Congresso, escolher com o que quer gastar",

complementa. Há vários especialistas que dizem que, na prática, o texto determina

uma diminuição de investimento em áreas como saúde e educação, para as quais há

regras constitucionais. Os críticos argumentam que, na melhor das hipóteses, o teto

cria um horizonte de tempo grande demais, ainda mais para um Governo que chegou

ao poder sem ratificação de seu programa nas urnas. Eles dizem ainda que, mesmo

que a economia volte a crescer, o Estado brasileiro já vai ter decidido congelar a

aplicação de recursos em setores considerados críticos e que já não atendem a

população como deveriam e muito menos no nível d os países desenvolvidos. O

investimento em educação pública é considerado um dos motores para diminuir a

desigualdade brasileira.

Quando a PEC começa a valer?

Se aprovada na Câmara e no Senado, começa a valer à partir de 2017. No caso das

áreas de saúde e educação, as mudanças só passariam a valer após 2018, quanto

Temer não será mais o presidente.

Qual o impacto da PEC no salário mínimo?

A proposta também inclui congelamento do valor do salário mínimo, que seria

reajustado apenas segundo a inflação. A regra atual para o cálculo deste valor soma a

inflação à variação (percentual de crescimento real) do PIB de dois anos antes. Em

outras palavras, a nova regra veta a possibilidade de aumento real (acima da inflação),

um fator que ajudou a reduzir o nível de desigualdade dos últimos anos. Além de ser o

piso dos rendimentos de um trabalho formal regular no Brasil, o salário mínimo

também está vinculado ao pagamento de aposentadorias e benefícios como os, por lei,

destinados a deficientes físicos.

O que acontece se a PEC for aprovada e o teto de gastos não for cumprido?

Algumas das sanções previstas no texto da PEC para o não cumprimento dos limites

inclui o veto à realização de concursos públicos, à criação de novos cargos e à

contratação de pessoal. Em outras palavras, pretende ser uma trava muito mais ampla

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que a Lei de Responsabilidade Fiscal, por exemplo, que cria um teto de gastos com

pessoal (vários Estados e outros entes a burlam atualmente).

A PEC do teto vale para os Estados também?

A PEC se aplicará apenas aos gastos do Governo Federal. No entanto, a secretária do

Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, já sinalizou que o Planalto deve encaminhar em

breve uma segunda PEC que limita os gastos estaduais. Por enquanto não há consenso

entre o Executivo Federal e os governadores sobre o assunto.

Quais impactos a PEC pode ter nas áreas de educação e saúde?

Os críticos afirmam que a PEC irá colocar limites em gastos que historicamente

crescem todos os anos em um ritmo acima da inflação, como educação e saúde. Além

disso, gastos com programas sociais também podem ser afetados pelo congelamento.

Segundo especialistas e entidades setoriais, esta medida prejudicaria o alcance e a

qualidade dos serviços públicos oferecidos. Especialistas apontam problemas para

cumprir mecanismos já em vigor, como os investimentos do Plano Nacional de

Educação. Aprovado em 2014, o PNE tem metas de universalização da educação e cria

um plano de carreira para professores da rede pública, uma das categorias mais mal

pagas do país. "A população brasileira está envelhecendo. Deixar de investir na

educação nos patamares necessários, como identificados no PNE, nos vinte a nos de

vigência da emenda proposta – tempo de dois PNEs -, é condenar as gerações que

serão a população economicamente ativa daqui vinte anos, a terem uma baixa

qualificação", disse o consultor legislativo da Câmara dos Deputados, Paulo Sena, ao

site Anped, que reúne especialistas em educação.

Já o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que mais importante do que o

valor despendido com áreas como saúde, educação e segurança, é a qualidade desses

gastos. "Dados da educação e da saúde hoje mostram que a alocação de recursos não

é o problema. É preciso melhorar a qualidade do serviço prestado à população", disse.

"Teremos muito trabalho. O principal deles será o de mostrar que a saúde e educação

não terão cortes, como a oposição tenta fazer a população acreditar", afirmou a líder

do Governo no Congresso, a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES).

A PEC do teto atingirá de maneira igual ricos e pobres?

A população mais pobre, que depende do sistema público de saúde e educação, tende

a ser mais prejudicada com o congelamento dos gastos do Governo do que as classes

mais abastadas. A Associação Brasileira de Saúde Pública, por exemplo, divulgou carta

aberta criticando a PEC. No documento a entidade afirma que a proposta pode

sucatear o Sistema Único de Saúde, utilizado principalmente pela população de baixa

renda que não dispõe de plano de saúde. Além disso, de acordo com o texto da

proposta, o reajuste do salário mínimo só poderá ser feito com base na inflação - e não

pela fórmula antiga que somava a inflação ao percentual de crescimento do PIB.

Isso atingirá diretamente o bolso de quem tem o seu ganho atrelado ao mínimo.

Por que a Procuradoria Geral da República diz que é inconstitucional?

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Em nota técnica divulgada em 7 de outubro o órgão máximo do Ministério Público

Federal afirmou que a PEC é inconstitucional. De acordo com o documento, "as

alterações por ela pretendidas são flagrantemente inconstitucionais, por ofenderem a

independência e a autonomia dos Poderes Legislativo e Judiciário e por ofenderem a

autonomia do Ministério Público e demais instituições constitucionais do Sistema de

Justiça [...] e, por consequência, o princípio constitucional da separação dos poderes, o

que justifica seu arquivamento". A crítica vem pela criação de regras de gastos para os

demais Poderes. Na nota, a procuradoria argumenta que, caso aprovada, a PEC irá

prejudicar a “atuação estatal no combate às demandas de que necessita a sociedade,

entre as quais: o combate à corrupção; o combate ao crime; a atuação na tutela

coletiva; e a defesa do interesse público". A Secretaria de Comunicação Social da

Presidência rebateu a PGR, afirmando que na proposta não existe “qualquer

tratamento discriminatório que possa configurar violação ao princípio da separação

dos poderes".

O que vem depois da PEC, se ela for aprovada tal como está?

A PEC é a prioridade da equipe econômica do Governo Temer, que vai pressionar por

outras reformas nos próximos meses, como a Reforma da Previdência e Reforma

Trabalhista.

INSTITUTO HUMANITAS

Petrobras acusada de abandono de marinheiros em navios fretados

Num dos casos, um juiz obrigou a Petrobras a pagar salários atrasados e repatriar a

tripulação de 12 turcos de um navio alugado pela estatal

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários encaminhou

denúncia contra a Petrobras pelo abandono de marinheiros que trabalham em navios

afretados pela empresa na costa brasileira, o que tem deixado os trabalhadores

vivendo isolados e sem até o suficiente para se alimentar.

Num dos casos, o juiz do Trabalho de Macaé (RJ) obrigou a Petrobras a pagar salários

atrasados e repatriar a tripulação de 12 turcos de um navio alugado pela estatal. A

denúncia seguiu para o Tribunal de Contas da União e para a Agência Nacional de

Transporte Aquaviários e afirma que a Petrobras tem sido omissa na fiscalização dos

navios afretados, que usam tripulação estrangeira além do permitido, e em condições

de “acintosa afronta aos direitos da cidadania”.

A Confederação afirma, ainda, que os problemas no afretamento podem estar

causando prejuízo ao erário já que a Petrobras paga por despesas que seriam do

contratado, como foi o caso do navio em que estava a tripulação de turcos, no qual a

Petrobras pagou a despesa da viagem e dois meses de salários atrasados.

A Petrobras informou que “exige elevado padrão de qualidade técnica das

embarcações e dos sistemas de gestão das empresas que os operam” e que no caso da

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tripulação turca “a companhia assumiu diretamente as providências de fornecer

provisões ao navio e providenciou o retorno da tripulação para seu país de origem”.

FOLHA PE

Economistas lançam documento com críticas à PEC dos gastos públicos

BRASÍLIA - Com o argumento de que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC)

241/16 vai retirar direitos sociais nas área de saúde, educação e assistência social e

não vai ajudar na retomada do crescimento, economistas lançaram nesta segunda-

feira um documento com críticas à proposta. A PEC, que o governo chama de Novo

Regime Fiscal, que obteve aprovação de 366 deputados, contra 111 votos contrários

nesta noite, na votação em primeiro turno na Câmara dos Deputados, limita durante

20 anos o ritmo de crescimento dos gastos da União à taxa de inflação medida pelo

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

No estudo “Austeridade e Retrocesso”, os economistas consideram a PEC dos Gastos

ineficaz para a retomada do crescimento porque vai reduzir os investimentos estatais e

a renda do trabalho em um momento de crise. "Essa PEC não ajusta a questão fiscal do

Brasil, não traz o crescimento econômico e, no fundo, traz outro projeto de país que

não é o que está colocado na Constituição de 1988", disse o economista e professor da

Unicamp Pedro Rossi.

Segundo o estudo, a PEC é uma “medida perversa” e não vai equilibrar as contas do

Estado brasileiro, como alega o governo. Para os autores do texto, a proposta do

governo afetará programas sociais como o Bolsa Família, atingindo a parcela mais

vulnerável da população.

“Para que o teto global da despesa seja cumprido – dado que algumas despesas como

os benefícios previdenciários tendem a crescer acima da inflação –, os demais gastos

(como Bolsa Família e investimentos em infraestrutura) precisarão encolher de 8%

para 4% do PIB [Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos

no país] em 10 anos e para 3% em 20 anos, o que pode comprometer o funcionamento

da máquina pública e o financiamento de atividades estatais básicas”, diz o

documento.

Segundo Rossi, a PEC ataca o gasto primário do governo como sendo responsável pelo

desajuste nas contas de maneira equivocada. O professor ressaltou que as medidas

vão agravar a crise econômica e enfraquecer o mercado interno. “O aumento da nossa

dívida se deu mais pela compra de ativos – não foi o gasto primário que fez com que a

gente chegasse a esse nível de endividamento.”

A pesquisadora Vanessa Petrelli Corrêa, da Sociedade Brasileira de Economia Política,

enfatizou que a PEC não leva em consideração outros fatores que foram

determinantes para o crescimento da dívida pública. “A pesquisa mostra que o

crescimento brutal da dívida do setor público não está vinculado meramente à piora

do resultado primário. Tem a ver com a política monetária e cambial, com a forma

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como o Brasil faz o ajuste fiscal e com a dinâmica financeira que não é analisada por

essa PEC”, disse Vanessa.

O estudo considera mito a ideia de que a crise é fruto da “gastança federal”. Para os

pesquisadores, os gastos federais permaneceram estáveis nos últimos governos. “As

taxas médias de crescimento real foram de 3,9% no segundo mandato de Fernando

Henrique Cardoso; de 5,2% no primeiro mandato de Lula e de 5,5% no segundo e de

3,8% no primeiro mandato de Dilma […]. Os gastos com pessoal crescem

sistematicamente abaixo do PIB, e tiveram menor expansão no primeiro mandato de

Dilma (-0,3%)”, diz o texto.

Os economistas afirmam que, em vez da PEC dos Gastos, uma reforma tributária

progressiva é a solução para as dificuldades de caixa do Estado brasileiro. “Uma

reforma tributária que combine eficiência e equidade poderia atuar incentivando o

crescimento econômico de longo prazo, ao reduzir a tributação do lucro e da produção

das empresas, ao mesmo tempo em que concentra o ajuste fiscal de curto prazo sobre

uma pequena parcela da poupança dos mais ricos, não diretamente relacionada ao

investimento, e, por conseguinte, vinculada a um maior nível de emprego e produto.”

Os autores do estudo dizem ainda que uma reforma tributária daria mais tempo para a

sociedade debater e aprimorar outras propostas de reformas estruturais das despesas.

“Na atual conjuntura de crise, é pouco razoável crer na possibilidade de um equilíbrio

fiscal com baixo crescimento. Isso implica que, no curto prazo, deveríamos no mínimo

assegurar espaço fiscal para o investimento público e para gastos sociais de elevado

impacto sobre o bem-estar das camadas mais vulneráveis da população”, diz o texto.

Protesto

Ainda na tarde desta segunda-feira, um grupo de manifestantes organizou um

protesto contra a PEC, em frente ao Anexo 2 da Câmara dos Deputados. O grupo foi

impedido de entrar no edifício pela Polícia Militar (PM), que fez uma barreira ao redor

da entrada do anexo.

O ato foi puxado por sindicatos ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT). De

acordo com a PM, cerca de 100 pessoas participaram do protesto; os organizadores

calcularam 800 manifestantes.

Houve protestos contra a PEC também na galeria do plenário. O presidente da Casa

determinou a retirada de uma manifestante da galeria.

VALOR ECONOMICO

Bancos postais no Mato Grosso são alvo de assaltos

Ministério Público recomenda que ECT implemente medidas de segurança nas

agências

Levantamento feito pela Superintendência da Polícia Federal (PF) apurou que, até

agosto de 2015, agências dos Correios que funcionam como Banco Postal, nos

municípios do Mato Grosso tiveram mais de 150 ocorrências de roubos e furtos.

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O número alarmante fez com que o Ministério Público Federal (MPF) no estado

emitisse uma recomendação à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). O

documento do Ministério Público pede que a empresa apresente, em 20 dias, um

cronograma para a implementação de medidas de segurança nas agências.

Para o procurador Marco Antônio Barbosa, mesmo com os dados sobre o aumento dos

crimes, a ECT permanece omissa em relação às medidas de segurança.

A demanda por segurança é pauta recorrente dos trabalhadores dos Correios. De

acordo com o diretor de assuntos jurídicos do Sindicato dos Trabalhadores da ECT em

Mato Grosso, Alexandre Aragão, a entidade já entrou até com medidas judiciais para

garantir a segurança dos empregados.

Confira ainda, no Repórter Amazônia desta terça-feira, 11: governo de Roraima vai

parcelar o salário de mais de oito mil servidores; pais tentam driblar a crise para

garantir o presente do dia das crianças. E mais: em Marabá, no Pará, a comemoração

foi antecipada e com direito a passeio dentro de uma aeronave.

O Repórter Amazônia é uma produção da Rede de Rádios Públicas da Amazônia e vai

ao ar, de segunda a sexta-feira, às 18h30 pela Rádio Nacional da Amazônia.

EBC

Câmara aprova medida provisória que facilita privatizações no setor elétrico

Proposta também transfere para o consumidor final o custo extra da energia de Itaipu

comprada do Paraguai e limita o subsídio federal para pagar o combustível usado na

geração de energia para a Região Norte. Texto segue para análise do Senado

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (11), a Medida

Provisória 735/16, que modifica vários pontos da legislação do setor elétrico, facilita a

desestatização de distribuidoras de energia sob controle da Eletrobras, transfere ao

consumidor final o custo extra da energia de Itaipu comprada do Paraguai e limita o

subsídio federal para pagar o combustível usado na geração de energia para a Região

Norte. A matéria será analisada ainda pelo Senado.

Conforme o projeto de lei de conversão aprovado, do deputado José Carlos Aleluia

(DEM-BA), o custo adicional de 240 milhões de dólares ao ano (cerca de R$ 900

milhões em 2016) que o Brasil paga ao Paraguai pela sobra de sua energia de Itaipu

não será mais arcado pelo Tesouro Nacional e sim repassado ao público.

A medida atinge os consumidores do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, pois o Norte e o

Nordeste não consomem energia de Itaipu. Segundo cálculos do setor, o aumento

deverá ser em torno de 0,3% nas contas. Como o efeito é retroativo a janeiro de 2016,

o reajuste do próximo ano deverá contemplar o passivo de 2016 e os recursos para

2017.

Flávio Soares/Câmara dos Deputados

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Texto aprovado pelo Plenário prevê anistia de 80% das multas contratuais de

geradoras que tiveram a concessão revogada por atraso no funcionamento

O aumento do preço da energia comprada do Paraguai ocorreu em 2009 a partir de

acordo provocado pelos paraguaios, que ameaçaram recorrer a cortes internacionais

para contestar os termos do acordo de 1973 de construção da usina.

Esse acordo prevê que, até 2023, o Paraguai pode vender a energia excedente

somente ao Brasil diretamente, sem passar pelo mercado livre nacional, no qual o

preço poderia ser maior.

Esse adicional não tem sido pago desde janeiro e um projeto de lei de crédito

orçamentário (PLN 4/16) para pagar o montante foi retirado de tramitação pelo

governo como parte de seu ajuste fiscal. A novidade no projeto de conversão é a

autorização para a União repactuar os termos do acordo com o Paraguai.

Anistia

Para empreendimentos de geração de energia que, nos últimos 24 meses, tiveram sua

concessão ou autorização revogada por atraso no funcionamento, Aleluia propõe um

perdão de 80% das multas contratuais, com rescisão dos contratos de venda de

energia, isenção do pagamento pelo uso de bem público de aproveitamento

hidrelétrico e liberação ou restituição de 70% das garantias.

A rescisão do contrato também prevê que a empresa não será impedida de participar

de novas outorgas e será ressarcida de custos pela elaboração de estudos ou projetos

de aproveitamento hidrelétrico.

Transferência de controle

Para facilitar a venda de distribuidoras de energia elétrica assumidas pela Eletrobras na

década de 1990, a MP permite à União transferir o controle acionário dessas empresas

por 30 anos ao vencedor do leilão.

A Eletrobras terá, entretanto, segundo o projeto de conversão, de manter a forma de

garantia prevista nos contratos existentes de fornecimento de energia e gás natural

celebrados, pois algumas distribuidoras do sistema isolado também geram energia

com termelétricas.

Em 1998, a sociedade de economia mista foi obrigada a assumir distribuidoras com

dificuldades operacionais e financeiras, que levavam risco à oferta de energia aos

consumidores.

Naquela época, foram compradas a Companhia Energética de Alagoas (Ceal), a

Companhia Energética do Piauí (Cepisa), a Centrais Elétricas de Rondônia S.A. (Ceron) e

a Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre). Mais recentemente, em 2012, a Celg

foi outra empresa federalizada.

Com a MP, argumenta o governo, a União não precisaria apurar o valor dos bens

reversíveis e pagá-los à Eletrobras, controladora dessas distribuidoras. Seriam evitadas

assim a liquidação oficial da empresa, demissões de seu pessoal e interrupção dos

contratos com fornecedores. Para garantir isso, o relator incluiu dispositivo que

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determina ao novo controlador manter, por um mínimo de dois anos, 70% do total

atual de empregados.

Se a empresa privatizada por esse processo for originalmente controlada pelo Poder

Público, os empregados poderão ser alocados em outras empresas públicas ou

sociedades de economia mista sob seu controle.

O relatório de Aleluia prevê o uso do mesmo mecanismo para empresas dos estados,

do Distrito Federal e dos municípios.

Concessão extinta

A transferência de controle implicará o arquivamento do processo de extinção da

concessão dessas empresas a partir de um plano de transferência do controle

acionário aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Esse plano

deverá demonstrar a viabilidade da troca desse controle e sua adequação ao serviço

prestado.

Nos primeiros cinco anos a partir dessa transferência de controle, um termo aditivo

definirá novos prazos para o cumprimento de metas de qualidade exigidas das

empresas pela Aneel.

AGENCIA CAMARA

Em campanha salarial, trabalhadores na Scania entregam aviso de greve

Em assembleia realizada na tarde desta terça-feira (11), os trabalhadores na Scania,

em São Bernardo, aprovaram a entrega de aviso de greve à empresa. Em campanha

salarial, os metalúrgicos rejeitaram a proposta apresentada pela montadora, de 4% de

reajuste salarial em janeiro mais abono. “Nossa referência é o índice de reajuste de

9,62%, que repõe a inflação do período pelo INPC”, explica Carlos Caramelo, diretor do

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e trabalhador na Scania.

Entre as montadoras da base, somente na Scania a campanha salarial ainda está em

negociação. Nas demais, o rejuste deste ano já está previsto em acordos firmados

anteriormente, com validade para mais de um ano.

OUTRAS EMPRESAS – O restante da categoria segue em negociação com seus grupos

patronais, conduzida pela FEM-CUT (Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT-

SP). Na próxima quinta-feira (13), haverá uma assembleia na regional Diadema do

Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, às 18h, para apreciação de propostas e definição

dos próximos passos. A data-base da categoria é 1º de setembro e estão em campanha

202.200 trabalhadores de toda base da FEM no Estado de São Paulo.

DIARIO DO ABC

Emenda da PEC acaba com valorização do salário mínimo

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Política atual prevê aumentos acima da inflação, o que é vedado na proposta aprovada

ontem em primeira votação. Se PEC 241 já fosse válida, mínimo seria hoje de R$ 509

em vez de R$ 880.

A reportagem é de Vitor Nuzzi e publicada por Rede Brasil Atual – RBA, 11-10-2016.

A política de valorização do salário mínimo, uma conquista do movimento sindical a

partir de manifestações no início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, acaba com a

implementação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, entre outras

consequências preocupantes para a área social. Emenda ao artigo 104 incluída no

substitutivo do deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), aprovado ontem (10) em

primeira votação na Câmara, é explícita em relação ao tema. O item não constava do

texto original. Na definição de Perondi, é um dos aprimoramentos propostos.

"Não há nenhuma hipótese, no curso desse processo, que o salário mínimo possa ter

aumento real (acima da inflação)", diz o analista político Antônio Augusto de Queiroz,

o Toninho, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Ele

lembra que se trata de uma forte transferência de renda, com prejuízo para os mais

pobres, além da eliminação de uma política importante para a economia.

"Foi o que manteve a economia dos municípios funcionando, manteve gente nos

estados, estabeleceu nova referência para os pisos salariais", observou. Se a PEC

estivesse em vigor desde 2003 – primeiro ano de mandato do ex-presidente Lula –, diz

o analista, o salário mínimo estaria hoje em R$ 509, em vez dos atuais R$ 880.

Os sucessivos reajustes do mínimo permitiram certa recuperação de poder aquisitivo.

Segundo estudo do Dieese, de 2003 até este ano houve aumento nominal de 340%,

enquanto o INPC acumulado no período foi de 148,34%, o que resultou em um

aumento real de 77,18%. "O salário mínimo, em um processo de elevação contínua e

acelerada, deve ser considerado como um instrumento para buscar um patamar

civilizatório de nível superior para o Brasil, atendendo aos anseios da maioria dos

brasileiros", diz o Dieese.

A política de valorização foi consequência de uma campanha lançada pelas centrais em

2004, com a realização de marchas conjuntas para Brasília. Em 2007, foi fixada uma

política permanente, que consiste em aumento tendo como base a variação do

Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes e o INPC do ano anterior.

Por exemplo, neste ano o salário mínimo foi reajustado em 11,68%, passando de R$

788 para R$ 880. Isso levou em conta a variação de 0,1% do PIB em 2014 e um INPC de

11,28% em 2015. Para 2017, ainda não há valor definido. No projeto da Lei de

Diretrizes Orçamentárias (LDO), o governo (ainda na gestão Dilma Rousseff) propôs R$

946, que significaria reajuste de 7,5%, já sem aumento real – o PIB caiu 3,8% em 2015.

O Dieese estima que 48 milhões têm rendimento com referência no salário mínimo,

entre beneficiários do INSS, empregados, trabalhadores por conta própria e

domésticos. Com o aumento de R$ 92 em 2016, o incremento de renda na economia

foi calculado R$ 57 bilhões, além de quase R$ 31 bilhões de arrecadação tributária

adicional.

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INSITUTO HUMANITAS

Bancos já suspendem crédito a aposentados por invalidez

O esforço do governo para estancar o déficit da Previdência está trazendo

consequências negativas para a oferta de crédito, já bastante restrita no país. Alguns

bancos de médio porte, com forte atuação no segmento de empréstimos consignados

a aposentados e pensionistas, começaram a suspender esse tipo de financiamento a

clientes com menos de 60 anos que estão aposentados por invalidez. Isso porque 1,1

milhão desses benefícios, concedidos há mais de dois anos, estão sendo revisados, e

quem for considerado apto a voltar ao mercado de trabalho ou não comparecer à

perícia perderá a aposentadoria, segundo informou o Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS). Como a prestação do consignado é descontada diretamente na folha de

pagamento do INSS, os bancos temem que muitos desses clientes possam ficar

inadimplentes.

Em comunicado enviado a seus correspondentes bancários, financeiras encarregadas

de captar clientes, o banco Daycoval, por exemplo, já informa que o crédito

consignado a aposentados por invalidez só deve ser concedido a pessoas com mais de

60 anos, faixa etária que ficou fora da convocação feita pelo INSS. Ou seja, o

consignado para pensionistas com menos de 60 anos está suspenso no Daycoval.

— Não estamos fazendo mais consignados para quem tem menos de 60 anos e foi

aposentado por invalidez para vários bancos — diz o funcionário de um

correspondente bancário que, além do Daycoval, atende outros bancos.

Procurado pelo GLOBO, o Daycoval não se pronunciou sobre o assunto. Outras

instituições como o Safra e o China Construction Bank (CCB, que comprou o BicBanco,

muito ativo nesse segmento de crédito) também enviaram circulares a seus

correspondentes bancários informando que não “atendem aposentados pelo código

32”, que identifica o aposentado por invalidez, com menos de 60 anos. Procurado, o

Safra disse que não comentaria o assunto. E nenhum representante do CCB foi

encontrado para falar sobre a decisão.

O diretor de Estudos Econômicos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças

(Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, estima que os bancos médios representam cerca

de 30% da oferta de crédito consignado.

SUSPENSÃO DEVE CRESCER

Segundo especialistas em crédito, essa restrição deve chegar a outros bancos médios

que operam nesse segmento, já que o lastro da operação consignada é a

aposentadoria do cliente e, se ela for suspensa, não há como tomar esse tipo de

crédito. Procurada, a Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que representa as

instituições médias, informou que desconhece a suspensão do consignado para

aposentados por invalidez e que não há nenhuma orientação aos bancos sobre o

assunto.

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Aposentada por invalidez há mais de 20 anos após descobrir que tinha uma doença

crônica, Silvânia Januária, de 48 anos, nunca passou por perícias do INSS. Ela faz

tratamento médico e possui todos os exames para comprovar seu estado de saúde

debilitado, mas terá que fazer a revisão de seu benefício, de cerca de R$ 2 mil, por ter

menos de 60 anos. A aposentadoria é sua principal fonte de renda. Na semana

passada, já teve negado um empréstimo consignado, que usaria para tirar a carteira de

habilitação do filho.

— Eles me informaram que estava suspenso o consignado para aposentados por

invalidez — disse ela, decepcionada, já que o filho precisa do documento para

trabalhar.

Nos grandes bancos, esse movimento ainda não foi detectado, mas também não está

descartado, segundo especialistas. O Banco do Brasil informou “que não adotou

qualquer restrição de crédito por conta desse tema”. O Bradesco disse que “o banco

está operando normalmente” no consignado. Já o Itaú Unibanco, que no fim de

setembro fechou a compra de 40% do Itaú BMG Consignado, que tem forte atuação no

segmento de consignado, não se pronunciou. O Santander, que fez uma joint-venture

com o banco Bonsucesso, e formou o Olé Consignado, também não se pronunciou.

Também a Caixa Econômica Federal não respondeu se vai ou não suspender sua linha

a aposentados por invalidez.

Fonte: O Globo

TJ-SP faz recomendação para evitar assédio moral entre juízes e servidores

O Tribunal de Justiça de São Paulo publicou na terça-feira (11/10) uma recomendação

para que juízes e chefes de unidades administrativas e cartorárias acabem com

práticas de assédio moral na corte e “zelem pelo exercício do trabalho em condições

de respeito, urbanidade e equilíbrio”.

O texto foi assinado pelo presidente do tribunal, desembargador Paulo Dimas

Mascaretti, “considerando a existência de denúncias concernentes à prática de assédio

moral no âmbito de trabalho (...), por meio de comentários indevidos, gracejos,

constrangimentos e humilhações, de forma reiterada e frequente”.

Mascaretti afirma que quem comete esse tipo de prática pode receber pena de

advertência, suspensão ou demissão, conforme a Lei Estadual 12.250/2006, e ainda

responder por ato de improbidade administrativa, como já reconheceu o Superior

Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.286.466.

CONJUR

Deputados querem alterar lei que acaba com obrigação da Petrobras investir no

pré-sal

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Os partidos de esquerda vão tentar reverter no plenário da Câmara parte das decisões

da lei que acabou com a obrigatoriedade da participação da Petrobras no pré-sal.

Três emendas ao projeto de Lei 4.567/2016, que trata do pré-sal, devem ser votadas

na semana que vem. As emendas 1 e 8, de autoria dos deputados André Figueiredo

(PDT/CE) e Carlos Zerattini (PT/SP) obrigam a Petrobras a ser a operadora de 30% dos

poços com volume potencial de exploração de 500 milhões de barris. A emenda 4, de

autoria do deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA), já estabelece o teto em 1 bilhão de

barris.

É mais um esforço da esquerda para garantir à Petrobras a participação apenas em

áreas estratégicas de maior rentabilidade. Mas, como admitem seus articuladores,

“mantida a linha de confronto com a base do governo da semana passada, fica difícil

aprovar”.

OS DIVERGENTES

Empresa cria "lista dos horríveis" e terá que indenizar funcionária por dano

moral

Vendedora submetida a uma série de constrangimentos, como figurar em "lista dos

horríveis", por não ter atingido as metas estipuladas pela empresa, receberá R$ 10 mil

de indenização por danos morais de loja de varejo. A decisão é da 8ª turma do TRT da

1ª região.

A trabalhadora conta que foi admitida em novembro de 2003, para exercer a função

de vendedora interna, e dispensada sem justa causa em março de 2014. Durante o

tempo de atividade, afirma que foi vítima de diversas arbitrariedades por parte da

empresa.

Entre as situações vexatórias, reuniões em grupo nas quais tinha de dançar ao som de

música, com nariz de palhaço ou chapéu de burro; uso de bóton preso à camisa, de cor

diferenciada conforme o rendimento de suas vendas; encher balões de gás e decorar a

loja; além da inscrição na lista "Os Horríveis do Seguro e Garantia".

A profissional também relatou que, quando as vendas não correspondiam ao

esperado, era colocada em frente ao caixa como castigo e somente poderia sair dali

após a realização de duas vendas, com pagamento de carnê no dia. Com isso, era

prejudicada, uma vez que, se ficasse no seu setor, teria mais facilidade na realização

das vendas (inclusive a crédito).

Ainda de acordo com a inicial, ao não atingir as metas, muitas vezes a autora era

deslocada para o setor de saldo – onde se vendem produtos imperfeitos – e lá tinha a

obrigação de ficar por duas horas, como punição. As testemunhas ouvidas pelo juízo

de 1º grau teriam confirmado que a profissional foi submetida às situações vexatórias.

Limites

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Para a relatora do recurso, desembargadora Dalva Amélia de Oliveira, na hipótese dos

autos restou confirmado que a autora era tratada com "menoscabo e desrespeito" por

parte dos prepostos do réu.

"Muito embora o modelo de produção capitalista, no qual nos inserimos, estimule a

competição e a produtividade dos trabalhadores - estando subentendido em sua lógica

que os funcionários que não correspondam às exigências dos empregadores serão

substituídos por outros que as atendam -, a cobrança por resultados deve ser levada a

efeito de modo a não ferir a dignidade do trabalhador."

Segundo a magistrada, a ação dos prepostos da ré exorbitou o poder diretivo a ela

conferido pela relação de trabalho, "afetando direitos pessoais da autora", razão pela

qual concluiu que decidiu com acerto a sentença na indenização deferida.

JUSBRASIL

Só a luta te garante: nunca uma frase disse tanto sobre a conjuntura e a vida

Em cenário de crise econômica, turbulência política e ataque aos direitos dos

trabalhadores, campanha dos bancários foi vitoriosa

'Iniciamos a mais longa greve da categoria, que ligeiro adquiriu uma força que

surpreendeu os banqueiros'

Começamos a Campanha Nacional deste ano num cenário de crise econômica, de

instabilidade política, de violentos ataques aos trabalhadores e em plena efervescência

do processo de impeachment da presidenta Dilma.

Apesar desta conjuntura desestimuladora, sabíamos estar iniciando uma negociação

com o setor que mais lucra na economia do país. Não deveriam ter problemas de

ordem financeira para atender nossas reivindicações. Entretanto, escaldados pela

campanha de 2015, antevíamos confusão.

A cuidadosa escolha da imagem e do mote da campanha dialogaram com a delicadeza

da rosa vermelha para lembrar as discriminações que as pessoas sofrem nos bancos. A

construção da figura da rosa somou os símbolos da igualdade, resistência, luta e

tolerância.

Como mote adotamos a frase “Só a luta te garante!”, lembrando que não adianta ficar

passivo no local de trabalho sem envolvimento na greve. A demissão, o assédio moral,

o adoecimento, as discriminações e a exploração atingem principalmente as pessoas

que não se defendem. Foram escolhas muito felizes.

No aspecto da organização, cumprimos todos os rituais de nossa campanha. A consulta

nacional, os debates nos sindicatos, as conferências regionais e a Conferência

Nacional. Entregamos nossa Minuta de Reivindicações aos banqueiros no dia 9 de

agosto e iniciamos as negociações em 18 e 19 de agosto.

Rapidamente percebemos que os banqueiros pretendiam impor uma derrota exemplar

para os bancários. Após infrutíferas rodadas de negociação, os banqueiros só foram

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capazes de nos apresentar uma proposta de reajuste de salários de 6,5%, feita no dia

29 de agosto, diante de uma inflação de 9,62%.

No dia seguinte a esta proposta a presidenta Dilma foi impedida, assumindo a

presidência o seu vice, Temer. As coisas ficavam mais claras.

O Comando Nacional dos Bancários avaliou que esta proposta insuficiente estava

seguramente vinculada à mudança de direção do governo, afinal o presidente que

assumia nunca escondeu seus objetivos de atacar direitos fundamentais dos

trabalhadores.

A coordenação do Comando comunicou aos banqueiros que levaria a proposta às

assembleias de avaliação, mas que defenderia a sua recusa. Nada disso alterou a

posição intransigente dos bancos.

As assembleias decidiram por quase unanimidade que a gente entraria em greve a

partir do dia 6 de setembro. Isto de cara era um desafio. Seríamos a primeira grande

categoria a entrar em greve após a posse de um governo golpista, privatista e

neoliberal.

Tudo apontava para um feroz enfrentamento. De um lado os bancários, uma categoria

de grande mobilização, articulados em uma unidade nacional de grande poder de

ação. De outro os banqueiros, o segmento mais poderoso da economia e os

organizadores da linha macroeconômica do governo. Foram os escalados para dar uma

demonstração de força para o movimento sindical, mostrando que os tempos

mudaram e que agora o jogo é bruto.

Iniciamos a mais longa greve da categoria, que ligeiro adquiriu uma força que

surpreendeu os banqueiros. Diferente do que tinham projetado, tiveram de ir

mudando suas ofertas e retomando as negociações interrompidas para desestabilizar

o movimento.

Desde o primeiro dia da greve os nossos dirigentes assumiram o protagonismo do

enfrentamento. Resolveram que era preciso resistir. Não aceitaram a derrota que os

banqueiros queriam impor.

Surpreendentemente animados, com bom humor e coragem, a greve cresceu.

Começamos com a adesão de 7.359 agências e no 14º dia já estávamos com mais de

13 mil agências e 36 centros administrativos paralisados, número superior ao 21° dia

da greve de 2015.

Os bancários e bancárias da base, que não haviam entendido as lutas dos sindicatos

desde o início do ano em defesa da democracia e de nossos direitos, começaram a se

reaproximar por entenderem que coisa pior estava por trás da dureza dos banqueiros.

Sentiram confiança e que estavam bem representados. Isto estimulou e redobrou a

coragem dos dirigentes sindicais.

O Comando Nacional, por sua vez, conseguiu rapidamente decodificar, ter clareza e

serenidade para tomar as decisões corretas em meio aos diferentes caminhos e

escolhas que se apresentaram no processo das negociações.

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Foram 31 dias de lutas, de ansiedade e de muita força de vontade até a assembleia

que aceitou a proposta que conquistamos dos bancos. É bem verdade que não

conseguimos a reposição de inflação, mas conseguimos algo muito maior, a

oportunidade de politização e o respeito da categoria que representamos. Se o acordo

não é o dos nossos sonhos, está longe também de ser a derrota que os banqueiros

desejavam nos impor.

Inauguramos uma nova era nas nossas negociações com o acordo inédito de dois anos.

Um novo momento se apresenta para o movimento sindical bancário brasileiro.

Chegou a hora de provar que a nossa luta não é só por índice de reajuste. Vamos nos

organizar mais e defender as pautas que também são fundamentais, para além da

remuneração. O tiro dos banqueiros saiu pela culatra.

A conquista do abono dos dias parados coroou a campanha e calou os que duvidavam

da nossa capacidade de luta na conjuntura adversa. Prevista para ser utilizada como

punição para todos os trabalhadores e seus sindicatos, foi derrotada pela nossa

tenacidade.

Agora é a oportunidade de render homenagens aos dirigentes sindicais que tiveram a

capacidade de dobrar os banqueiros e sair vitoriosos da primeira grande greve, num

momento de virada na correlação de forças e na luta de classes. Cada sindicato

participou orgulhosamente e todos os dias mandaram para a Contraf suas fotos, suas

conquistas e suas ousadias. Não ficaram na defensiva.

Mas temos que parabenizar principalmente a categoria bancária, esta categoria

orgulhosa da sua mobilização e da sua unidade. Cada bancário e cada bancária, por

todo o Brasil, em todas as cidades, estiveram disciplinadamente, pacificamente e

convictos na frente de uma agência ou centro administrativo conversando com os

companheiros de trabalho, animando, encorajando, convencendo, dizendo que

coragem não é não ter medo. É dominar o medo. Foram dias e dias de paciência e de

fé verdadeiras.

Outras categorias imediatamente homenagearam nossa Campanha Nacional pela

coragem e pelo resultado. Diversos textos de análise acadêmica relataram o ineditismo

da campanha e a magnitude da nossa resistência.

Se o governo e os banqueiros pretendiam nos derrotar e fazer da nossa derrota um

aviso para todas as outras categorias, não deu certo. Pelo contrário, mostramos que é

possível lutar contra eles. Mostramos que com mobilização, com a unidade e com a

capacidade de negociação dos trabalhadores podemos garantir direitos e avançar,

mesmo nas condições mais imprevisíveis.

Somos um exemplo de luta, de criatividade e de resistência.

Só a luta te garante!

REDE BRASIL ATUAL

Dono do 180graus é condenado a pagar multa de R$ 1 milhão

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Baseado em denuncia de assedio moral contra funcionários da empresa feita por

Jessyca Lages

A juíza Tânia Lima Ferro, titular da 1ª Vara Federal do Trabalho, condenou o dono do

Portal 180 graus, Helder Eugênio a pagar R$ 1 milhão, em ação civil pública movida

pelo Ministério Publico do Trabalho, baseado em denuncia de assédio moral contra

funcionários da empresa feita por Jéssyca Lages.

O dinheiro será destinado a várias entidades beneficentes. Na sentença, a juíza inclui o

Portal 180 graus, BRVox e o Instituto Galax e Gráfica 180 “em face de reclamatória

trabalhista com pedido de antecipação de tutela”.

Na decisão, Tânia Lima Ferro fixa forma de conduta e de convivência a serem seguidas

pelo dono do portal 180 graus.

Veja:

“Obrigações de Fazer:

1 - Respeitar os limites legais estabelecidos na Constituição Federal acerca da jornada

de trabalho e prorrogações;

2 - Confeccionar cartilhas acerca de assedio moral, conforme modelo fornecido pelo

MPT, entregando-as, mediante recibo, a todos os empregados, inclusive aos novos

contratados;

3 - Divulgar no Portal 180 graus e em todos os impressos em que publicar, notas sobre

assédio moral, que serão fornecidas pelo MPT, durante o período de um ano.

Obrigações de Não Fazer:

1 - Estabelecer metas verbais e sem parâmetros objetivos, ou que sejam

reconhecidamente de difícil alcance, com cobrança destas mediante exposição dos

empregados em ou rankings qualquer outra forma que resultem em violação da

imagem dos obreiros ou que possa produzir abalo psicológico nestes;

2 - Fazer cobranças de metas fora do horário de expediente, mediante mensagens em

aplicativos ou através de ligações telefônicas;

3 - Estabelecer viagens com longos períodos de duração, de forma que o trabalhador

não possa usufruir de repouso semanal remunerado ou implique impedimento de

retorno às suas residências em intervalo razoável, que aqui estabeleço em quinze dias

dada às peculiaridades dos serviços realizados pelas empresas;

4 - Adotar métodos de trabalho que possam resultar em ameaças, pressões,

humilhações/constrangimentos ou ofensas aos empregados, bem como intromissões

na vida pessoal/intima/sexual dos empregados, inclusive com controle de perfis nas

redes sociais e amizades;

5 - Submeter os empregados a brincadeiras, castigos e treinamentos que violem a

dignidade humana destes;

6 - Emitir comentários preconceituosos e discriminatórios, impondo às empregadas um

perfil de beleza previamente estabelecido, sem considerar o padrão genético de cada

uma e estabelecendo um controle excessivo acerca das vestimentas e aparências dos

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empregados (exigindo roupas de griffe e alisamento de cabelos), excetuando-se, por

óbvio, um padrão mínimo e necessário para o desempenho das atividades;

7 - Utilizar a imagem dos empregados, ainda que mediante a assinatura de termo

específico, de forma vexatória e humilhante;

8 - Prestar informações desabonadoras acerca de empregados ou ex-empregados.”

Helder Eugênio deverá pagar indenização por danos morais coletivos, no importe de

um milhão de reais, com destinação às seguintes entidades AEV Piauí, Cincacre, Casa

Sorriso, Lar das Flores de Maria e AMA.

Denúncias

Entre as denúncias feitas pelo MPT estão: Rigor excessivo no estabelecimento e

cobrança do cumprimento de metas e regras da empresa; Imposição de jornadas de

trabalho exaustivas, incluindo trabalho em dias de domingos e feriados; Discriminação

entre empregados, com bonificações pessoais dirigidas somente a determinadas

pessoas; Submissão dos empregados a xingamentos, humilhações, constrangimentos,

difamações, ameaças e violência física; Interferência na vida privada e intimidade dos

empregados, inclusive com controle das redes sociais pessoais dos mesmos; Exposição

indevida da imagem dos empregados, com violação da dignidade dos mesmos;

Utilização das redes pessoais dos empregados para divulgação de fatos e eventos de

interesse da empresa, inclusive com finalidades eleitorais; Controle excessivo da

aparência dos empregados; Prestação de informações desabonadoras sobre ex-

empregados;- Critérios seletivos discriminatórios; Desvio de função.

CAPITAL TERESINA

Brasileiro já nasce devendo em torno de R$ 27 mil da dívida pública. Entrevista

especial com

A advogada Carmen Cecilia Bressane, coordenadora do Núcleo São Paulo da Auditoria

Cidadã da Dívida, faz uma matemática simples para chegar a um dado impressionante:

ao dividir o total da dívida pública federal pelo número de brasileiros, constata que

cada cidadão nasce como se estivesse devendo em torno de R$ 27 mil. Claro, na

prática não é assim, mas o número ajuda a dimensionar a situação grave e que

mobiliza muito do tempo de Carmen.

A Lei de Responsabilidade é rigorosa para controlar gastos ou investimentos em áreas

sociais, mas ela não limita, em âmbito federal, o endividamento público. Carmen

alerta: “O chamado ajuste fiscal, um grupo de projetos em curso no país que teria

como objetivo contornar a crise econômica, é voltado a privilegiar o capital, com a

economia e o enxugamento de investimentos nas áreas sociais, já tão carentes, bem

como com o corte dos direitos trabalhistas e previdenciários para pagamento de dívida

pública e seus juros exorbitantes”.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Carmen questiona: “Que

dívida é essa?”. Ela afirma que é indispensável realizar uma auditoria da dívida pública,

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mecanismo previsto na Constituição Federal e até hoje não cumprido. “Não se trata de

calote, temos que pagar, mas apenas o que é realmente devido, e isso somente uma

auditoria, com participação da sociedade, poderá determinar com precisão.”

Carmen Cecilia Bressane é auditora fiscal aposentada da Receita Federal. Foi diretora

fundadora da Fundação Assistencial dos Servidores do Ministério da Fazenda – Assefaz

e presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (gestão 2005/2007).

A entrevista foi publicada na revista IHU On-Line, 492 cujo tema de capa é

Financeirização, Crise Sistêmica e Políticas Públicas.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – De que forma a financeirização fez emergir um novo tipo de sujeito

social, o homem endividado?

Carmen Cecilia Bressane - Hoje, nossa dívida pública federal, interna e externa,

ultrapassa a casa dos R$ 5,5 trilhões. Considerando que, segundo recentes dados

divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a população do

país é de 206 milhões de habitantes, cada brasileiro que nasce já está na condição de

devedor de um valor em torno de R$ 27 mil. Some-se a isso o fato de que a maior

parte dos estados e municípios também têm dívidas em valores elevadíssimos, o que

aumenta mais ainda essa conta devedora dos indivíduos. Quem fez tantos

empréstimos? Quem contraiu uma dívida tão elevada? Para que serviu esse

endividamento? Se, por um lado, as respostas oficiais a essas perguntas são evasivas e

obscuras, por outro lado, quem efetivamente paga essa dívida pública somos nós,

cidadãos.

IHU On-Line – Como o homem endividado se conecta à perspectiva da dívida pública?

De que forma a dívida pública impacta na vida social dos sujeitos?

Não há limite, em âmbito federal, para o endividamento público, nem para os

mecanismos que geram mais dívida

Carmen Cecilia Bressane - A dívida pública tem tido sempre prevalência. A Lei de

Responsabilidade Fiscal [1] é rigorosa no que diz respeito aos gastos ou investimentos

nas áreas sociais, tais como saúde e educação, saneamento, cultura, segurança.

Porém, não há limite, em âmbito federal, para o endividamento público, nem para os

mecanismos que geram mais dívida. Está liberado contrair ou produzir dívida à

vontade, não há nenhum limite de responsabilidade para isso. O chamado ajuste fiscal,

um grupo de projetos em curso no país que teria como objetivo contornar a crise

econômica, é voltado a privilegiar o capital, com a economia e o enxugamento de

investimentos nas áreas sociais, já tão carentes, bem como com o corte dos direitos

trabalhistas e previdenciários para pagamento de dívida pública e seus juros

exorbitantes.

Um desses projetos, a Proposta de Emenda à Constituição - PEC 241/2016 [2], propõe

o congelamento por 20 anos das despesas primárias. Pela proposta, ainda que o país

recupere uma enorme pujança econômica, as verbas não poderão ser destinadas aos

setores sociais por 20 anos! Ora, não há dúvida de que esta emenda constitucional

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agravaria ainda mais a situação do país precarizando os serviços públicos, os servidores

públicos e todos os serviços essenciais. Por outro lado, fica garantida régia

remuneração para o setor financeiro que, mesmo em meio à grave crise econômica

brasileira, vem batendo recordes de lucratividade.

Ademais, essa mesma PEC 241/2016 reserva recursos também para “estatais não

dependentes”, que são exatamente as empresas que estão surgindo em diversos entes

federados, como a Companhia Paulista de Securitização – CEPSEC, em São Paulo, que

emitem debêntures e, na prática, geram dívida pública de forma ilegal, sem

contrapartida alguma. Há um projeto de lei complementar no Senado (PLS

204/2016 [3]) que visa a “legalizar” esse esquema, possibilitando aprofundamento

brutal da financeirização no país. Esse esquema provocará danos incalculáveis, que

recairão sobre a vida das pessoas.

IHU On-Line – E o “Estado endividado” é resultado de quê? Podemos compreendê-lo

como o resultado de uma mesma lógica?

Carmen Cecilia Bressane - A Auditoria Cidadã da Dívida, associação sem fins lucrativos,

vem estudando com profundidade a questão da dívida pública brasileira há 16 anos.

Nossos estudos também incluem o endividamento em diversos outros países, tanto na

América Latina como em outros continentes. Temos insistido que a dívida pública, para

ser estudada, compreendida e combatida, precisa ser enfocada como um sistema.

Trata-se do Sistema da Dívida, que se constitui de:

• Grande mídia - a grande mídia também é patrocinada, principalmente, por grandes

empresas, em especial do sistema financeiro. Ora, falar contra o patrocinador significa

perder o patrocínio. Dessa forma, não se veiculam informações sobre a questão da

dívida ou são veiculadas de forma inexata.

• Sistema político – o sistema político também fica subjugado ao poderio econômico.

Um dos caminhos é o financiamento privado de campanhas eleitorais, resultando que

políticos eleitos fiquem atrelados às grandes empresas que os financiaram, atendendo

aos seus interesses, em vez de lutar pelas causas sociais.

• Privilégios financeiros – o Sistema da Dívida garante enorme privilégio ao setor

financeiro, evidenciado no orçamento federal que destina quase a metade dos

recursos, todo ano, para o serviço da dívida. Mesmo com o país em crise, os bancos

não param de lucrar. Essa mágica se viabiliza por conta dos mecanismos de geração da

dívida pública, remunerando magistralmente o mercado.

• Modelo econômico – totalmente equivocado, assentado em metas estéreis de

controle de inflação e de responsabilidade nas contas públicas. Sob o pretexto de

controlar a inflação, pratica-se no Brasil uma taxa de juros elevadíssima, totalmente

incompatível com as taxas praticadas internacionalmente. Todavia, a inflação que

temos decorre, principalmente, do aumento dos preços controlados, tais como

combustível, energia elétrica, água, gás e de algum produto agrícola sazonal, como foi

o recente caso do tomate e do feijão. De que adianta aumentar a taxa de juros nesse

tipo de inflação? De nada adianta, como não tem adiantado. O aumento de

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combustível, por exemplo, é um disparador de preços em cascata que nenhuma taxa

de juros segura. Aumentar os juros tem servido exclusivamente para remunerar cada

vez mais os credores. A outra meta estéril de “responsabilidade nas contas públicas”

significa tão somente cortes no custeio e investimentos nas áreas sociais. Não é crível

que tais áreas, que já recebem tão poucos recursos, sejam responsáveis pelo

esgotamento de nossos recursos. É preciso mudar esse modelo econômico e conter o

ralo por onde escoa parcela significativa das receitas do Tesouro Nacional: a dívida

pública.

• Sistema legal – para garantir e dar legalidade às operações que proporcionam tais

benesses ao mercado, é mantido um arcabouço legal que garante a execução do

modelo econômico e a lucratividade ao sistema financeirizado. Os recentes PLP 257

[4], PEC 241, PLS 204 são exemplos de atos legais editados para garantir o privilégio da

dívida.

• Corrupção - uma cortina que esconde o maior sistema de desvio de recursos do país:

o sistema da dívida. Se perguntarmos à população em geral qual o motivo das verbas

públicas não retornarem em forma de benefícios sociais, as pessoas dirão que é por

causa da corrupção, mas ninguém dirá que é por causa da dívida. E a dívida consome

muito mais recursos do Estado do que todas as corrupções anunciadas pela grande

mídia.

• Organismos internacionais – Esse modelo econômico implementado no Brasil tem

sido pensado por organismos internacionais. As linhas do ajuste fiscal em curso e as

medidas econômicas em geral estão delineadas em documentos, por exemplo, o

denominado Financial Sector Assessment Program Brazil – Detailed Assessment of

Implementation, elaborado pelo Fundo Monetário Internacional - FMI e pelo Banco

Mundial, com recomendações para a economia brasileira. Toda a política monetária

que amarra o Brasil é definida nesses documentos, e as orientações propõem

invariavelmente cortes de investimentos na área social, nos direitos trabalhistas e

previdenciários e nos direitos do funcionalismo público, além de privatizações de

setores estratégicos, garantindo economias para plena remuneração dos rentistas.

IHU On-Line – Qual o principal sintoma do endividamento público, a má gestão nas

contas ou a má gestão na auditoria da dívida?

Em 2015, quase R$ 1 trilhão foi destinado ao serviço da dívida. Todo esse montante

deixou de ser investido nas áreas sociais. Que dívida é essa?

Carmen Cecilia Bressane - A dívida pública é correlata à dívida social. Ao analisar o

orçamento federal, constatamos que, ano após ano, quase a metade das receitas é

destinada ao serviço da dívida. Segundo estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de

Planejamento Tributário - IBPT, o país ficou pela quinta vez seguida na última

colocação, entre 30 países, no ranking que mede o retorno oferecido em termos de

serviços públicos de qualidade à população em relação ao que o contribuinte paga em

tributos. O grande ralo por onde escoam os recursos é a chamada dívida pública. Em

2015, quase R$ 1 trilhão foi destinado ao serviço da dívida. Todo esse montante deixou

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de ser investido nas áreas sociais. Que dívida é essa? Os estudos da Auditoria Cidadã

da Dívida, aliados aos resultados da CPI da dívida pública, encerrada na Câmara dos

Deputados em 2010, não deixam dúvidas de que se trata de uma dívida sem

contrapartida para a sociedade, fruto de mecanismos ilegítimos e até mesmo ilegais. É

indispensável, portanto, realizar a auditoria da dívida, prevista na Constituição Federal,

no artigo 26 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, até hoje não

cumprido. Não se trata de calote, temos que pagar, mas apenas o que é realmente

devido, e isso somente uma auditoria, com participação da sociedade, poderá

determinar com precisão.

IHU On-Line – Como o desejo de privatização de serviços públicos, como a Previdência

Social e o Sistema Único de Saúde – SUS, incorporam a lógica financista?

Carmen Cecilia Bressane - A recém aprovada Proposta de Emenda à Constituição - PEC

31/2016 aumentou de 20% para 30% a Desvinculação de Receitas da União - DRU [5],

viabilizando transferir mais verbas carimbadas das áreas sociais para o setor

financeiro. A referida PEC ainda cria a Desvinculação de Receitas de Estados e

Municípios - DREM, retirando também destes entes federados verbas que seriam

aplicadas nas áreas sociais, inclusive saúde e previdência. O projeto de reforma da

Previdência Social, propalado pela grande mídia, é um claro exemplo de como os

assuntos da economia são manipulados de forma a enganar a população. A

previdência não é deficitária como vem sendo divulgado pois, com o auxílio da DRU,

suas verbas têm sido sistematicamente desviadas para garantir o superávit primário –

pagamento de juros.

Nos cálculos do “rombo” previdenciário apresentado pelo governo, são computadas

como receitas apenas os valores recebidos a título de contribuições previdenciárias;

“esquecem” de colocar na conta as receitas dos tributos criados para subsidiar a

Seguridade Social composta pela Previdência, pela Saúde e pela Assistência Social. Um

desses tributos é a Cofins, cujo próprio nome indica sua destinação: Contribuição para

Financiamento da Seguridade Social. Esses valores não entram nas contas

apresentadas pelo governo e, assim, recursos da previdência e da saúde vêm sendo

usurpados. Com base nesse falso diagnóstico das contas da Seguridade Social,

propalam a hipótese de privatização da Previdência e até da saúde. Um grande perigo

social. Qual o interesse que bancos que oferecem fundos privados, de alto risco, e

demais empresas privadas, que visam ao lucro, terão em atender às classes menos

favorecidas? E não podemos esquecer o exemplo do que já ocorreu em diversos

outros países, quando as empresas multinacionais de previdência privada, após

destinarem enormes quantias de lucros para suas matrizes no exterior, apresentaram

balanços com prejuízos, quebraram e deixaram a população sem nenhum benefício.

IHU On-Line – De que forma a financeirização conforma um modo de ser na

contemporaneidade?

A financeirização tem subjugado povos em todo o planeta

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Carmen Cecilia Bressane - A financeirização tem subjugado povos em todo o planeta. O

seu modus operandi é através de um sistema que age com amplo espectro, conforme

explicamos acima, e que reveste situações espúrias e ilegítimas com uma fachada de

legalidade, relegando os cidadãos e a infraestrutura social à precariedade e até ao

total abandono. Em nosso país, que tem a maior área agriculturável do mundo, não se

cogita a reforma agrária, ao contrário, a produção agrícola está pautada não para

trazer alimento farto e barato para a população, mas em função das commodities para

a balança comercial e o lucro do agronegócio. A moradia também não é tratada como

um direito básico, mas como investimento para rentistas.

O PLS 204/2016, que está em plenário do Senado, materializa a Financeirização no

país, utilizando a estrutura do Estado, fazendo uma propaganda de que a “dívida

ativa”, que corresponde em grande parte a créditos incobráveis, estaria sendo vendida

a investidores privados e isso seria um bom negócio. Na realidade, a dívida ativa não é

vendida e continua sendo cobrada pelos órgãos públicos que detêm tal competência.

O que é vendido é um papel financeiro, com desconto que pode chegar a 50% e que

paga juros de mais de 20% sobre o valor de face. Um grande negócio que, em menos

de dois anos, vai gerar dívida pública, sem que o Estado tenha recebido um centavo, e

ainda gastou com consultoria, serviços financeiros etc. É preciso levar ao

conhecimento dos cidadãos a realidade dessa farsa da financeirização e inverter esse

processo perverso.

IHU On-Line – Em que medida abrir a caixa preta da dívida pública pode ajudar a

explicar os processos de financeirização que movem as sociedades contemporâneas?

Carmen Cecilia Bressane - A auditoria da dívida permitirá trazer à tona os esquemas

que têm justificado o favorecimento dos rentistas em uma sociedade financeirizada,

no contexto de um falido modelo econômico neoliberal. Operações, como o swap

cambial [6], que somaram, no período de setembro de 2014 a setembro de 2015, R$

207 bilhões de prejuízo ao Banco Central e que se transformaram em dívida pública;

operações compromissadas que acumulam mais de R$ 1 trilhão de dívida pública sem

contrapartida social; a ilegal prática de juros sobre juros com as maiores taxas do

mercado internacional são exemplos de mecanismos que não trazem à sociedade o

menor benefício e somente enriquecem o setor que está sempre acima de qualquer

crise: o setor financeiro, que não para de criar esquemas cada vez mais sofisticados —

a exemplo do já citado PLS 204 — para gerar “dívida pública” sem contrapartida

alguma à sociedade que só é chamada para pagar a conta.

É por este motivo que conclamamos todos os setores da sociedade a participarem

conosco dessa empreitada e exigir que seja feita a auditoria cidadã da dívida, buscando

uma vida com menos desigualdades e com dignidade para os cidadãos.

Notas:

[1] Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF: oficialmente Lei Complementar Nº 101, de 4

de maio de 2000, tem o objetivo de controlar os gastos da União, dos estados, do

Distrito Federal e dos municípios, levando em conta a capacidade de arrecadação de

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tributos. Ela foi decorrência do costume de gestores públicos gastarem, ao final dos

seus mandatos, mais do que a capacidade financeira permitiria, deixando a dívida para

seus sucessores. A LRF estabeleceu mecanismos mais transparentes para o controle

dos gastos públicos. (Nota da IHU On-Line)

[2] Proposta de Emenda Constitucional – PEC 241: de autoria do Executivo, quando o

presidente Michel Temer ainda estava na condição de interino, estabelece um limite

para os gastos públicos e prevê o congelamento de gastos públicos por 20 anos.

Conforme especialistas no setor de Saúde, pode resultar na redução de R$ 12 bilhões

em repasses para a área, nos próximos dois anos. Para saber mais sobre a PEC 241,

acesse a entrevista com Grazielle David, intitulada PEC 241/16: Uma afronta à saúde,

aos direitos sociais e à Constituição, publicada nas Notícias do Dia de 11-07-2016, no

sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU. (Nota da IHU On-Line)

[3] Projeto de Lei do Senado - PLS 204/2016: de autoria do então senador José Serra

(PSDB-SP), dispõe sobre a cessão de direitos creditórios originados de créditos

tributários e não tributários dos entes da Federação. Permite aos entes da federação,

mediante autorização legislativa, ceder direitos creditórios originados de créditos

tributários e não tributários, objeto de parcelamentos administrativos ou judiciais,

inscritos ou não em dívida ativa, a pessoas jurídicas de direito privado. Confira a

íntegra e tramitação do projeto. (Nota da IHU On-Line)

[4] Projeto de Lei Complementar - PLP 257/2016: estabelece o Plano de Auxílio aos

Estados e ao Distrito Federal e medidas de estímulo ao reequilíbrio fiscal. Confira a

íntegra. (Nota da IHU On-Line)

[5] Desvinculação de Receitas da União (DRU): por meio desse mecanismo, o governo

federal pode utilizar livremente 30% dos tributos federais vinculados por lei a fundos

ou despesas. Por meio deste expediente, o governo consegue aplicar recursos de áreas

como educação, saúde e previdência social em qualquer despesa considerada

prioritária e na formação de superávit primário. Outra aplicação prevista é a

destinação desses recursos para o pagamento de juros da dívida pública. (Nota da IHU

On-Line)

[6] Swap cambial: conforme o Banco Central do Brasil (BCB), é um instrumento

derivativo que permite a troca de rentabilidade dos ativos. Consiste na troca de taxa

de variação cambial (variação do preço do dólar americano) por taxa de juros pós-

fixados. (Nota da IHU On-Line)

INSTITUTO HUMANITAS

Falta trabalho para 22,7 milhões de brasileiros

Há no Brasil ao menos 22,7 milhões de pessoas em idade produtiva, mas que estão

sem trabalho ou trabalham menos do que poderiam. O número, referente ao segundo

trimestre deste ano, corresponde à soma dos desempregados, subocupados e inativos

com potencial para trabalhar no País. O dado foi divulgado nesta quinta-feira pelo

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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e é um complemento da Pnad

Contínua, a pesquisa oficial de emprego do instituto.

O complemento traz novos detalhes sobre o mercado de trabalho, mas não muda o

resultado do desemprego para o segundo trimestre deste ano - em julho, a taxa de

desocupação bateu 11,3%, com 11,6 milhões de desempregados. No trimestre

encerrado em agosto - dado mais atualizado -, o número de desempregados chegou a

12 milhões e a taxa, a 11,8%.

Os dados mostram pela primeira vez indicadores de subocupação - que são pessoas

que trabalham menos de 40 horas semanais, mas gostariam de trabalhar mais.

Segundo a pesquisa, 4,8 milhões de pessoas estiveram nessa condição ao final do

segundo trimestre do ano, o que representa alta de 17% em relação ao verificado no

primeiro trimestre deste ano, de 4,1 milhões de pessoas. O dado é o mais alto desde o

terceiro trimestre de 2015, quando o indicador havia batido 5,5 milhões.

A força de trabalho potencial atingiu 6,2 milhões de pessoas no primeiro trimestre. O

resultado é o mais alto da série histórica investigada pelo IBGE, que começa no

primeiro trimestre de 2012, quando o contingente era de 6,7 milhões de pessoas. Do

primeiro para o segundo trimestre deste ano, houve aumento de 16% no contingente,

com 900 mil pessoas chegando a esta condição ao final de julho.

Ao somar os três indicadores - desocupados (11,6 milhões), subocupados e força de

trabalho potencial -, o instituto chegou aos números de 22,7 milhões de pessoas. O

número representa 13,6% dos 166,3 milhões de pessoas com idade para trabalhar. O

IBGE segue a orientação da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e considera

que já se pode trabalhar a partir dos 14 anos.

Taxa de pessoas empregadas há mais de dois anos cresce

O percentual de trabalhadores com mais de dois anos no emprego atual aumentou

para 70,6% no segundo trimestre do ano, o maior patamar para o período desde o

início da série histórica da Pesquisa por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad

Contínua), iniciada em 2012 pelo IBGE. No segundo trimestre de 2015, esse percentual

era de 68,9%.

"Esse aumento pode ser em função de que não está entrando gente no mercado.

Então, se não está entrando, demitir gente que está há muito tempo no trabalho é

mais custoso. Mais fácil demitir quem tem menos tempo. Então esse dado que parece

ser uma coisa positiva é na verdade em função da crise", explicou Cimar Azeredo,

coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Quanto ao tipo de contratação, 88,4% dos trabalhadores ocupados no segundo

trimestre eram contratados por tempo indeterminado, enquanto 11,6% foram

admitidos através de contrato temporário.

A pesquisa informa ainda que cerca de 2,5 milhões de pessoas, ou o equivalente a

2,8% de todos os ocupados, tinham dois ou mais trabalhos no segundo trimestre de

2016. Quatro anos antes, esse total chegava a 3,5% dos ocupados. Segundo Azeredo, o

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recuo também se deve à crise, já que ficou mais difícil inclusive se manter fazendo

"bicos" na informalidade.

No caso dos trabalhadores domésticos, 73,2% dos 6,2 milhões de empregados

domésticos atuavam em apenas um domicílio, contra 74,7% no mesmo período do ano

anterior. Já a proporção de empregados domésticos atuando em mais de uma

residência cresceu de 25,3% para 26,8% no mesmo período. O resultado deve-se ao

aumento no número de diaristas.

"Esse aumento é esperado. Porque as pessoas perderam seu emprego em outros

nichos de atividade e migraram para esse emprego doméstico. É diarista", confirmou

Azeredo. Na categoria dos militares ou empregados do setor público, entre os 11,3

milhões de ocupados no segundo trimestre, 53,8% estavam na esfera municipal, 31,4%

atuavam na esfera estadual, e 14,8% trabalhavam na esfera federal.

JORNAL DO COMERCIO RS

Filhos da pátria: comemoração hipócrita do dia das crianças em um país que pede

redução da maioridade

Ao menino de rua que sofre com o vento e que dorme com a lua

Dizem: “Eu te arrebento”.

Ao menino que trabalha dia e noite na labuta e ganha só migalha

Dizem: “Filho da Puta”.

Do menino sonhador, ontem órfão esquecido hoje homem sem amor

Dizem: “é um bandido”

Mas o menino de rua que abraça o relento e beija a estátua nua

Diz: “sou teu rebento”.

Por: Renato da Fonseca Janon - Juiz do Trabalho

Hoje pela manhã, ao ir de casa para o trabalho, eu me deparei com uma cena que me

fez refletir sobre uma forma de infanticídio mais cruel do que aquela prevista no

código penal (1): a hipocrisia. A procissão de carros enfileirados aguardava

religiosamente pelo próximo sinal. Do lado de fora, um menino franzino tentava

vender doces para motoristas amargos, que desviavam o olhar, como se não tivessem

coragem de encará-lo. Era um garoto maltrapilho, sem rosto, sem nome, sem futuro.

Talvez por isso ninguém queria vê-lo, quem sabe temendo enxergar, no reflexo dos

seus olhos, o retrato da nossa indiferença assassina.

Indiferença que mata a infância de milhões de crianças país afora. São milhares de

Josés, pedindo esmolas ou lavando vidros nas esquinas das nossas cidades. Milhares

de Marias, meninas do interior, trazidas para serem domésticas em nossas casas e

tratadas como “da família”, sem salário e sem herança. Milhares de Pedros, obrigados

a abandonarem a escola desde tenra idade para garantirem o sustento de seus pais

com o suor do seu rosto. São os órfãos da pátria “mãe gentil”, abandonados como os

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capitães de Areia, de Jorge Amado, explorados como os meninos carvoeiros, de

Manuel Bandeira. São os filhos da nossa insensatez.

Segundo o observatório da criança, mantido pela Fundação Abrinq (2), existem mais de

3,3 milhões de crianças e adolescentes (entre 5 e 17 anos) em situação de trabalho

infantil no Brasil, o que leva a uma evasão escolar sem precedentes entre os países em

desenvolvimento. O guia “Cenário da Infância e Adolescência – 2016″ aponta, ainda,

que, das crianças entre 0 e 14 anos, 44% encontram-se em situação de pobreza e 17%

na condição de extrema pobreza, engrossando um enorme contingente de miseráveis.

Daí por que, segundo o estudo, quase 188 mil crianças estão desnutridas e 69 mil

muito abaixo do peso, em estado de risco de vida iminente. Em pleno século XXI,

enquanto parte da classe média bate suas panelas teflon, indignada com o preço do

caviar, essas crianças não têm, sequer, um prato de comida e, ainda por cima, são

tratadas como indesejáveis.

Quem nunca ouviu alguém dizer que a culpa é dos pobres, que fazem muitos filhos?

Ou então que é melhor as crianças estarem trabalhando do que na rua roubando,

como se não houvesse a opção de estarem na escola estudando? É o cinismo nosso de

cada dia, alimentado pela moral seletiva daqueles que defendem a redução da

maioridade penal e veem o trabalho infantil como “um mal menor”, ao mesmo tempo

em que criam seus filhos sem limites e sem respeito, legando uma geração de crianças

mimadas e inconsequentes.

Hipocrisia assassina, que mata de fome e de bala. Não é por outra razão que quase

20% dos homicídios no país são praticados contra crianças e adolescentes, sendo 80%

deles com arma de fogo. Por dia, 29 crianças e adolescentes são assassinadas no Brasil,

de acordo com estudo da Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (Flacso),

divulgado em junho deste ano (3). Essas mortes brutais colocam o país em terceiro

lugar em número de homicídios de crianças e adolescentes em uma lista de 85 nações.

E para quem ainda diz que não existe racismo, vai mais uma triste constatação: o

número de vítimas negras é quase três vezes maior que o de brancas.

De acordo com relatório Violência Letal Contra as Crianças e Adolescentes do Brasil, da

Flacso, os homicídios são a principal causa do aumento drástico das mortes de crianças

e adolescentes por fatores externos. Os assassinatos representam cerca de 2,5% do

total de mortes até os 11 anos e têm um crescimento acentuado na entrada da

adolescência, aos 12 anos, quando causam 6,7% do total de mortes nessa faixa etária.

Entre as mortes ao 14 anos, 25,1% são por homicídio, percentual que atinge 48,2% na

análise dos óbitos aos 17 anos. E cada um de nós, que vira o seu rosto para esses

menores, ajuda a puxar o gatilho da arma que os mata. Quantos não se calaram diante

do Chacina da Candelária ou não incentivaram os linchamentos de menores pegos

praticando pequenos furtos? Basta ler os comentários hidrofóbicos que infestam as

redes sociais quando alguém adolescente comete um ato infracional. Ninguém mais

espera por justiça ou pela recuperação do infrator. A opinião pública – instigada pela

opinião publicada – clama, brada, esbraveja por vingança. O país que matou Pixote e

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consagrou a lei do mais forte é o mesmo que, hipocritamente, ainda se pergunta

porque nossas esquinas andam tão violentas ou porque tantos jovens se perdem nas

ruas das nossas cidades. E continuamos fingindo que não temos nada a ver com isso,

virando o rosto para não enxergarmos a realidade.

Nessa semana, em que muitos irão celebrar o dia das crianças, devemos nos perguntar

se, de fato, temos algo a comemorar. Enquanto compramos brinquedos para os nossos

filhos, milhões de crianças estão condenadas a virarem adultos em plena infância. O

menino do farol continua aguardando na esquina, à espera de alguém que lhe estenda

a mão. Ele não quer presentes. Ele quer apenas um futuro. Até quando vamos

continuar desviando o nosso olhar? Como dizia José Saramago: “Se podes olhar, vê. Se

podes ver, repara.”

Renato da Fonseca Janon é Juiz Titular da 2ª. Vara do Trabalho de São Carlos.

JUSBRASIL

'The Intercept': PEC 241 é uma tragédia política e jurídica

Texto publicado pelo site The Intercept nesta quinta-feira (13) conta que no curto

debate que aconteceu antes da primeira votação da PEC 241 na Câmara, chamou a

atenção uma estratégia para torná-la compreensível e plausível para a maioria da

população.

A reportagem do Intercept destaca que o congelamento das despesas públicas por um

prazo de 20 anos acirraria a disputa entre diferentes segmentos sociais por acesso a

recursos públicos e pressionaria o Congresso a colocar em primeiro plano as

necessidades da maioria da população, em especial aquelas envolvendo saúde e

educação. Residiria aí uma incompreendida virtude da proposta.

De acordo com o noticiário a comparação poderia até fazer sentido se não

estivéssemos falando de um país que, há exatos 28 anos, entendeu que mesmo os

conflitos distributivos seriam limitados por um compromisso mínimo de gastos em

saúde e educação. Os defensores da PEC 241 dizem que essas vinculações já vinham

sendo desrespeitadas por expedientes como a Desvinculação de Receitas

Orçamentárias (DRU) ou, no caso da saúde, a Emenda Constitucional 86, que

flexibilizam ou escalonam a necessidade de atendimento dos patamares estabelecidos

como mínimos em 1988.

O site afirma que o fato é que a vinculação jamais deixou de viger. Ao contrário, sua

natureza “programática” inspirou grandes avanços, como as metas de investimento do

Plano Nacional de Educação e a destinação de verbas para educação e saúde no Fundo

Social do Pré-Sal. Avanços a que a PEC 241 põe fim, ao reduzir o orçamento dessas

áreas pelos próximos 20 anos aos valores reais gastos em 2017. Cálculos recentes do

Ipea estimam que tais medidas podem gerar um prejuízo de até R$ 1 trilhão para o

orçamento da saúde, em comparação com o regime atual.

Fonte: Jornal do Brasil

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Petrobras tem nova política de preços

Com a mudança, valor da gasolina nas refinarias será reduzido em 3,2%

A partir do primeiro minuto deste sábado (15), os preços da gasolina e do diesel

estarão 3,2% e 2,7%, respectivamente, mais baratos na porta das refinarias de todo o

país. A decisão foi anunciada nesta sexta-feira (14) pela Petrobras que mudou a

política de preços para os derivados que vigorava há cerca de uma década. Com a

diminuição de preços, nos postos de gasolina o diesel deverá cair em média 1,8% e a

gasolina 1,4%, em ambos os casos uma queda de R$ 0,05 por litro.

A nova política, que também passará a vigorar a partir de amanhã, terá como base os

preços do petróleo praticados no mercado internacional e avaliações mensais para

reajustes ou não dos preços dos combustíveis para cima ou para baixo, dependendo da

oscilação do preço dos produtos no mercado global. Para por em prática essa nova

política, a Petrobras criou o Grupo Executivo de Mercado e Preços, que, já em sua

primeira reunião, decidiu pela redução hoje anunciada. Segundo a assessoria de

imprensa da Petrobras, essa é a primeira vez que a redução de preços dos derivados

ocorre desde junho de 2009, quando o diesel caiu 15% e a gasolina, 4,5%.

O presidente da estatal, Pedro Parente, disse que o impacto da decisão nas bombas de

todo o país vai depender das redes de distribuição e dos donos dos postos. Parente

explicou a nova política que a empresa estará praticando a partir de amanhã. “Ela é

baseada na paridade internacional de preços, que é assim que funciona quando você

está lidando com derivados. Sobre essa paridade você coloca a margem da empresa

[que leva em conta vários fatores], e também coloca os tributos e impostos. E, ao

anunciar essa nova política, nós achamos também que seria importante fazer um

movimento de preços levando em conta que tem havido um aumento de importações,

especialmente de diesel, mas também da gasolina, além da sazonalidade do mercado

mundial de derivados”, contextualizou.

Parente também afirmou que a decisão pela redução não trará impacto nas contas da

Petrobras, uma vez que, ao estipular o preço, você tem que olhar também o market

share e a utilização da capacidade instalada das refinarias, e não só o preço de venda.

E, de acordo com os nossos parâmetros internos e com o nosso planejamento

estratégico, a decisão não coloca em risco o cumprimento das metas anunciadas [no

Plano de Negócios e Gestão 2017-2021 da companhia].

AMANHÃ

PF faz operação contra esquema de fraudes nos Correios

A Polícia Federal deflagrou, na manhã de hoje (14), em São Paulo, a Operação Mala

Direta com o objetivo de desarticular esquema de fraudes no envio de mercadorias

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pelos Correios, envolvendo funcionários concursados da empresa. Foram cumpridos

nove mandados de prisão, três mandados de condução coercitiva e 19 mandados de

busca e apreensão, na capital e na Grande São Paulo.

As investigações começaram em junho de 2015, depois de a área de segurança da

Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) denunciar um sistema paralelo e

clandestino de postagens de boletos, revistas e malas diretas, usando a estrutura dos

Correios, mas desviando os valores para outras empresas de transporte de

encomendas postais.

“A investigação, que contou com apoio integral da EBCT, aponta que a fraude

começava com a recepção das correspondências e encomendas em sistema

semelhante ao padrão, mas, ajustados com as empresas fraudadoras, os funcionários

envolvidos no esquema adulteravam as pesagens, suprimiam listas de faturamento,

inseriam dados falsos nos sistemas de informações e ainda adicionavam as cargas

clandestinas na distribuição dos Correios, gerando um prejuízo estimado de R$ 147

milhões, em dois anos”, informou a PF, por meio de nota.

A pedido da PF, os investigados tiveram todos os bens bloqueados pela Justiça. Eles

responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de corrupção passiva,

corrupção ativa e associação criminosa, com penas que variam de 1 a 12 anos de

prisão.

Por meio de nota, os Correios informaram que a própria empresa enviou à Polícia

Federal as informações sobre possíveis irregularidades em postagens de boletos,

revistas e malas diretas. "Tais informações deram início às investigações da PF, que

culminaram na operação realizada esta manhã. A empresa continua aprimorando seus

processos de controle contra ilícitos postais e segue colaborando com as

investigações", diz a empresa.

* Texto atualizado às 16h30 para acréscimo do posicionamento dos Correios

AGENCIA BRASIL

Juízes e membros do MP apontam inconstitucionalidade da PEC 241

Juízes, membros do Ministério Público e advogados públicos assinam nota técnica

conjunta contra a Proposta de Emenda à Constituição 241, a PEC do Teto dos Gastos,

já aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados. De acordo com a

manifestação, os investimentos previstos na Constituição Federal para as áreas de

saúde e educação são cláusulas pétreas, garantem direitos que não podem ser

negados ou diminuídos. Portanto, não podem sofrer alterações.

A proposta de autoria do Poder Executivo diz que, a partir de 2018, o investimento

mínimo em educação e saúde deve ser equivalente à despesa do ano anterior corrigida

pelo IPCA. Atualmente, a Constituição Federal determina que a União invista

em educação, no mínimo, 18% da arrecadação com impostos. Na área da saúde, o

mínimo de investimento equivale a 13,2% da Receita Corrente Líquida em 2016.

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"Assim como os benefícios previdenciários, esses pisos continuarão a ser concedidos,

independentemente do teto da PEC 241. Os cidadãos continuarão a ter o direito de

exigir, até judicialmente se necessário for, educação e saúde", diz trecho da nota.

Se aprovada a PEC 241, segundo a nota, deve explodir o número de ações judiciais em

busca de direitos não garantidos à população e, como consequência, "teremos a

transformação explosiva dos pisos em precatórios".

Para os juízes, integrantes do MP e advogados públicos que assinaram o documento,

há grave risco fiscal quanto ao adensamento da “judicialização” da saúde e da

educação nos próximos 20 anos, caso a PEC do Teto Fiscal seja aprovada com o texto

atual.

"Não cabe impor, via ADCT, uma espécie de 'estado de sítio fiscal' que suspenda a

eficácia dos direitos fundamentais por 20 (vinte) anos, a pretexto de teto global de

despesa primária, como a PEC 241 pretende, independentemente do comportamento

da riqueza na economia e da arrecadação governamental", diz a nota, afirmando que

nenhuma proposta de reforma constitucional pode pretender substituir a própria

Constituição.

"Eis a última fronteira que assegura a sobrevivência do Estado Democrático de Direito,

tal como a sociedade brasileira o inaugurou em 1988 e que cabe a nós, atual geração,

defender em todas as instâncias cabíveis, até mesmo no âmbito da republicana

sistemática de freios e contrapesos."

CONJUR

Vidas destruídas pelo Poder Judiciário Brasileiro

Um dos maiores equívocos da história da Justiça brasileira ressurgiu na semana

passada e provou que as mazelas do sistema criminal ainda prevalecem. Na quarta-

feira 13, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu afastar a juíza Clarice Maria de

Andrade, que condenou uma garota de 15 anos a ficar em uma cela com 30 homens

em Abaetetuba, no Pará, em 2007. O que em princípio parecia uma punição justa é na

verdade um privilégio e um erro inaceitável dos magistrados brasileiros.

A jovem foi vítima de agressões e violência sexual durante os 26 dias em que

permaneceu na cadeia. O caso se tornou um dos mais graves registros de violação aos

direitos humanos no País. Hoje, nove anos depois, enquanto a menina ainda luta para

enfrentar o trauma, a juíza continuará a receber seu salário proporcional ao tempo de

trabalho, sem prejuízos.

Além deste, outros casos mancharam a Justiça brasileira. Não há dados que apontem

quantas pessoas são presas indevidamente no País, o que deixa ainda mais obscura a

situação das vítimas. Uma pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande

do Sul, coordenada pela psicóloga Lilian Milnitsky Stein, revela, porém, que o Brasil

está pelo menos 30 anos atrasado na coleta de provas testemunhais e de

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reconhecimento utilizadas por policiais e juízes, o que compromete a perícia e as

provas técnicas, essenciais para a comprovação de culpa.

Trauma na prisão

O mestre de obras Gabriel Afonso de Araújo, de 38 anos, embarga a voz toda vez que

se lembra dos 21 dias em que ficou confinado em uma cela de 15 metros quadrados,

com 29 presos, na Casa de Prisão Provisória de Aparecida de Goiânia, em Goiás.

“Passei pelos dias mais tristes da minha vida”, diz. O detalhe é que Araújo foi preso por

engano. Desde a quinta-feira 6, quando reconquistou sua liberdade, ele sai às ruas

com dois alvarás de soltura.

Para tentar reconstruir sua vida, pretende entrar com um recurso na Justiça que altera

seu sobrenome, já que ter perdido os documentos há mais de 15 anos foi o principal

motivo que o levou a ser confundido com um criminoso procurado pela polícia de

Minas Gerais. “Eu falava que era inocente, mas ninguém acreditava”, afirma ele.

Como faltam provas técnicas, exames de DNA e perícias avançadas no Brasil, 90% dos

profissionais de justiça atribuem importância massiva às provas testemunhais ou de

reconhecimento, que dependem quase que exclusivamente das lembranças das

vítimas. A sequência de erros começa quando a POLÍCIA MILITAR faz o reconhecimento

de uma região e prende um suspeito.

“O delegado ratifica a voz de prisão do policial, sem mais investigações”, afirma José

Carlos Abissamra Filho, advogado do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais. O drama

do dentista André Luiz Medeiros Biazucci Cardoso, 29 anos, dá a dimensão do que um

falso reconhecimento pode causar. Acusado de ser o autor de seis estupros e um

roubo, ele se tornou alvo da polícia depois de uma mulher ter mencionado a placa de

seu carro à polícia.

A informação, porém, foi coletada dois anos após a denúncia. O jovem foi preso em

outubro de 2013. No dia do reconhecimento, as cinco vítimas afirmaram que Cardoso

era o autor dos crimes. Ele permaneceu preso por seis meses e 26 dias no Rio de

Janeiro. Enquanto estava na prisão, pediu para confrontar seus exames de DNA com as

provas biológicas do agressor. E foi considerado INOCENTE. “Tudo leva a crer que a

POLÍCIA induziu as vítimas durante os depoimentos”, diz.

Um dos casos mais emblemáticos de falhas da Justiça ocorreu com a dona de casa

Daniele Toledo, hoje com 31 anos. Em junho deste ano, ela foi inocentada pelo

assassinato da filha, Victória, após passar 37 dias na prisão, onde foi torturada e

espancada até perder a audição e a visão direita. O bebê de um ano e três meses sofria

convulsões e tinha uma rotina médica intensa. No dia 28 de outubro de 2006, em uma

dessas crises, Victoria foi levada ao Pronto Socorro de Taubaté, em São Paulo e teve

três paradas cardiorrespiratórias. “Foi quando a médica me acusou de tê-la matado de

overdose de cocaína.

SAMA