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Clipping - 02 de fevereiro de 2014 – domingo A íntegra das matérias está disponível na sequência da relação de manchetes. Gazeta do Povo Editorial / Como coibir o vandalismo? - Coluna Do Leitor / Copa do Mundo 1 - Copa do Mundo 2 - Conexão Vigiada / E-mails da polícia do Paraná são violados - Procedimentos / Polícias conduzem investigações; caso foi encaminhado ao Nuciber - Reinaldo Bessa / Carta na mesa 1 - Carta na mesa 2 - Carta na mesa 3 - Educação / Jornada escolar de sete horas voltará a ser debatida - Transporte / Cenário histórico aponta para queda da tarifa - Finanças Públicas / Se o Paraná fosse uma empresa... - Situação federal não é crítica, mas contas estão piorando - Governos não podem falir, mas falta de dinheiro afeta serviço público - Início do Ano Legislativo / Contas estaduais tendem a concentrar discussões na volta da Assembleia - Plano Diretor, IPTU, Copa e tarifa de ônibus estão na pauta dos vereadores – Polêmicas - Celso Nascimento / Fruet num ‘pacau de bico’ - Olho vivo / Últimos atos - Em trânsito 1 - Em trânsito 2 - Notas políticas / TJ do Paraná - Estatização 1 - Estatização 2 - Lei anticorrupção / “Precisava que doesse no bolso”, diz chefe da CGU - Turismo / Ninguém fiscaliza agência de viagem - Estádio / Curitibano crê que Arena ficará pronta no prazo - Programação / Curitiba terá semana decisiva na briga para continuar na Copa - Manifestação / Grupo promete receber a Fifa com protesto na Baixada - Literatura / Leitura obrigatória dos imortais Folha de Londrina Opinião da Folha / Educação em crise - Política / Informe Folha - Irineu de volta ao IFPR - Investigações em andamento - Em Londrina - Novo comando do TRE - Famílias invadem terreno na Zona Norte - Resultado do concurso da Saúde deve sair esta semana - Pesquisa vai investigar saúde de docentes - Indisciplina de alunos gera frustração - Promotor defende responsabilização Gazeta do Povo Editorial / Como coibir o vandalismo? A ideia equivocada de que a polícia é “culpada até prova em contrário” levou a um enfraquecimento da ação policial diante de casos de depredação nos protestos recentes O preço das passagens de ônibus e os gastos com a realização da Copa do Mundo levaram, neste início de 2014, a uma repetição dos protestos de rua que marcaram os meses de junho e julho do ano passado. No entanto, o remake pulou a parte boa e começou já com as cenas que deveriam ter sido cortadas: a depredação e o vandalismo deram as caras já nas primeiras manifestações. Em São Paulo, ato contra a Copa do Mundo teve um veículo da Guarda Civil Metropolitana depredado, um carro particular incendiado, caixas eletrônicos de bancos incendiados e um manifestante baleado pela polícia. Em Porto Alegre, houve vidraças quebradas, contêineres de lixo incendiados, jornalistas hostilizados, uma banca de jornais depredada e pichações. Em Curitiba, um ônibus foi apedrejado no Terminal Guadalupe, houve pichações e vidraças quebradas no prédio da Prefeitura, e o protesto terminou com uma invasão ao Shopping Mueller. Os protagonistas da confusão, como em 2013, não eram os cidadãos comuns que porventura estivessem indignados com os custos da construção dos estádios da Copa, mas os black blocs mascarados, mais uma vez afrontando a Constituição que garante a liberdade de expressão, mas veda o anonimato. Em algumas cidades, já estão marcados novos protestos em São Paulo, por exemplo, a data combinada pelas mídias sociais é 22 de fevereiro. A população, bem sabemos, rejeita a violência mascarada, e foi por causa dela que o ímpeto das manifestações do ano

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Clipping - 02 de fevereiro de 2014 – domingo

A íntegra das matérias está disponível na sequência da relação de manchetes. Gazeta do Povo Editorial / Como coibir o vandalismo? - Coluna Do Leitor / Copa do Mundo 1 - Copa do Mundo 2 - Conexão Vigiada / E-mails da polícia do Paraná são violados - Procedimentos / Polícias conduzem investigações; caso foi encaminhado ao Nuciber - Reinaldo Bessa / Carta na mesa 1 - Carta na mesa 2 - Carta na mesa 3 - Educação / Jornada escolar de sete horas voltará a ser debatida - Transporte / Cenário histórico aponta para queda da tarifa - Finanças Públicas / Se o Paraná fosse uma empresa... - Situação federal não é crítica, mas contas estão piorando - Governos não podem falir, mas falta de dinheiro afeta serviço público - Início do Ano Legislativo / Contas estaduais tendem a concentrar discussões na volta da Assembleia - Plano Diretor, IPTU, Copa e tarifa de ônibus estão na pauta dos vereadores – Polêmicas - Celso Nascimento / Fruet num ‘pacau de bico’ - Olho vivo / Últimos atos - Em trânsito 1 - Em trânsito 2 - Notas políticas / TJ do Paraná - Estatização 1 - Estatização 2 - Lei anticorrupção / “Precisava que doesse no bolso”, diz chefe da CGU - Turismo / Ninguém fiscaliza agência de viagem - Estádio / Curitibano crê que Arena ficará pronta no prazo - Programação / Curitiba terá semana decisiva na briga para continuar na Copa - Manifestação / Grupo promete receber a Fifa com protesto na Baixada - Literatura / Leitura obrigatória dos imortais Folha de Londrina Opinião da Folha / Educação em crise - Política / Informe Folha - Irineu de volta ao IFPR - Investigações em andamento - Em Londrina - Novo comando do TRE - Famílias invadem terreno na Zona Norte - Resultado do concurso da Saúde deve sair esta semana - Pesquisa vai investigar saúde de docentes - Indisciplina de alunos gera frustração - Promotor defende responsabilização Gazeta do Povo Editorial / Como coibir o vandalismo? A ideia equivocada de que a polícia é “culpada até prova em contrário” levou a um enfraquecimento da ação policial diante de casos de depredação nos protestos recentes O preço das passagens de ônibus e os gastos com a realização da Copa do Mundo levaram, neste início de 2014, a uma repetição dos protestos de rua que marcaram os meses de junho e julho do ano passado. No entanto, o remake pulou a parte boa e começou já com as cenas que deveriam ter sido cortadas: a depredação e o vandalismo deram as caras já nas primeiras manifestações. Em São Paulo, ato contra a Copa do Mundo teve um veículo da Guarda Civil Metropolitana depredado, um carro particular incendiado, caixas eletrônicos de bancos incendiados e um manifestante baleado pela polícia. Em Porto Alegre, houve vidraças quebradas, contêineres de lixo incendiados, jornalistas hostilizados, uma banca de jornais depredada e pichações. Em Curitiba, um ônibus foi apedrejado no Terminal Guadalupe, houve pichações e vidraças quebradas no prédio da Prefeitura, e o protesto terminou com uma invasão ao Shopping Mueller. Os protagonistas da confusão, como em 2013, não eram os cidadãos comuns que porventura estivessem indignados com os custos da construção dos estádios da Copa, mas os black blocs mascarados, mais uma vez afrontando a Constituição que garante a liberdade de expressão, mas veda o anonimato. Em algumas cidades, já estão marcados novos protestos em São Paulo, por exemplo, a data combinada pelas mídias sociais é 22 de fevereiro. A população, bem sabemos, rejeita a violência mascarada, e foi por causa dela que o ímpeto das manifestações do ano

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passado arrefeceu. Mas falta a ação decisiva de um elemento importante para que as metrópoles não voltem a ser reféns do caos: a polícia. Como sabemos, é ao Estado que cabe o monopólio do uso da força. Em condições normais (ou seja, quando não é preciso colocar as Forças Armadas na rua), é a polícia que exerce este monopólio em nome do poder público. E, quando está em jogo a defesa do cidadão e do patrimônio público ou privado, espera-se, sim, o uso da força. É assim em todo o mundo civilizado como se percebeu, tempos atrás, quando a Europa foi palco de inúmeros protestos contra as medidas de austeridade econômica impostas como tentativa de tirar a zona do euro do buraco causado pela crise financeira internacional. É claro que este uso obedece a algumas exigências, como a proporcionalidade. Abusos sempre serão inaceitáveis. No entanto, no Brasil observa-se uma inversão perversa: enquanto em praticamente todo o Ocidente a ação policial é vista como plenamente legítima, por aqui a polícia é considerada “culpada até prova em contrário”. Para a criação dessa imagem contribuíram não apenas casos reais de exageros policiais que infelizmente ocorrem com alguma frequência, mas também uma eficiente máquina de propaganda operada por aqueles que normalmente são os antagonistas das forças policiais (máquina essa que, é preciso admitir, encontra eco também na imprensa, que tende a ver a violência mascarada ou “engajada” com mais benevolência que os eventuais abusos da polícia). Essa reprovação a priori da ação policial leva as próprias forças de segurança, temerosas da repercussão de seus atos, a deliberadamente evitar o confronto na hora de coibir a violência ou a depredação em alguns casos, os policiais, mesmo diante dos atos de vandalismo, não intervieram. Em outras palavras, o que se tem é uma polícia impotente. Mas o que a sociedade precisa não é de uma polícia acuada, mas de uma polícia realmente disposta a cumprir sua missão de defender os cidadãos e impedir a destruição do patrimônio público ou privado. Que seja enérgica sem ser irresponsável. Que use e abuse da inteligência em todos os sentidos: desde o trabalho prévio de conhecer as intenções dos vândalos e a infiltração em grupos dedicados a promover o caos até a inteligência no momento da ação, o que inclui o próprio registro dos acontecimentos para evitar quaisquer acusações infundadas feitas posteriormente. O que não se pode é perpetuar essa “presunção de culpabilidade” atribuída às polícias. Só assim as ruas serão o espaço do brasileiro que deseja protestar pacificamente, e não do vândalo que só tem compromisso com a destruição. Coluna Do Leitor / Copa do Mundo 1 O debate em torno das manifestações sobre a Copa (Gazeta, 31/1) vai muito além do evento em si. O que nos leva às ruas é a intensa “atenção” (recursos) para a Copa, e a pouca atenção ao nosso futuro. O impacto das manifestações nos debates eleitorais será muito forte, mesmo que os candidatos decidam ignorá-lo, tentando minimizar a importância de nossa participação nas ruas. Quem vai para rua não é necessariamente quem assiste aos jogos; em sua maioria são jovens que cresceram em um cenário de falsa democracia. Lizandra Rocha Souza, estudante da UFPR Copa do Mundo 2 Os protestos contra a Copa vão ser uma arma a ser utilizada pelos candidatos e suas hipocrisias. Muitos até vão querer se apropriar desses protestos que partiram da população sem qualquer vínculo com partidos. Caberá ao eleitor avaliar o que terá de positivo nisso tudo. Airton Kraismann Conexão Vigiada / E-mails da polícia do Paraná são violados “Usuário secreto” da Celepar interceptou também mensagens de auditores fiscais e de agentes do Gaeco. Relatório pede abertura de inquérito para investigar espionagem Diego Ribeiro e Felippe Aníbal Policiais de todos os escalões das forças de segurança do Paraná tiveram e-mails interceptados de forma ilegal por uma conta administrada pela Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar). A Gazeta do Povo obteve documentos sigilosos que revelam que um “usuário secreto” teve acesso ao fluxo de dados eletrônicos das polícias Científica, Civil e Militar, inclusive a informações confidenciais.

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Um parecer técnico da Polícia Científica aponta a ilegalidade e pede a abertura de inquérito policial para investigar o responsável pela interceptação das mensagens eletrônicas. Fontes no executivo estadual e nas polícias classificam a ação como espionagem. A invasão não se limitou aos órgãos de segurança. Auditores da Receita Estadual também tiveram os e-mails monitora­dos. Um policial militar que integra força-tarefa da PM com a Polícia Federal e outros agentes lotados no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Or­ganizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual (MP-PR), igualmente tiveram seus correios eletrônicos invadidos. A violação de e-mails atingiu até mesmo um funcionário do serviço de inteligência da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), que trabalha na aplicação de “grampos” legais em investigações. A descoberta expõe a vulnerabilidade dos policiais e auditores estaduais, servidores públicos que mais atuam com informações sigilosas e têm como função proteger tais dados. Por isso, costumam contar com estrutura e proteção reforçadas. A invasão A espionagem das mensagens eletrônicas ocorre pelo Expresso Livre Mail, ferramenta de e-mail desenvolvida pela Celepar e usada por 23 secretarias de estado, Casa Civil, Casa Militar, Procuradoria-Geral do Estado, Ministério Público do Paraná e todas as autarquias e entidades ligadas a elas, além de 19 prefeituras do Paraná. E-mails funcionais do Expresso Livre foram invadidos por um usuário secreto, identificado como “Administrador Expresso Sesp”. Ele tinha acesso a todas as caixas postais e inclusive privilégios para excluir e até alterar e enviar mensagens, se fazendo passar pelo dono da conta. No relatório técnico da Polícia Científica, o perito orienta que seja feito requerimento à Justiça para autorizar uma busca e apreensão de todos os cadastros de usuários do aplicativo Expresso, com o objetivo de identificar quando o “compartilhamento não autorizado foi implantado e de onde (endereços de IP) partiam acessos à conta ‘Administrador Expresso Sesp’”. Uma investigação da Polícia Civil excluiu a possibilidade de a invasão ter sido cometida por um agente externo e concluiu que o monitoramento ocorreu a partir da estrutura do estado. Entretanto, ainda não se sabe quem é o operador da espionagem e se há alguma determinação interna para a ação ilegal. Orientação A Polícia Científica orientou as forças de segurança do estado a não usarem os e-mails institucionais, por conta de sua vulnerabilidade. Segundo o perito, os órgãos da Segurança Pública não têm “autonomia e controle” sobre a infraestrutura dos sistemas gerenciados pela Celepar. “(...) Recomenda-se que não se trafegue informações e comunicações sensíveis à Segurança Pública através do aplicativo Expresso Livre até que se encontre uma solução compatível com os requisitos de segurança e sigilo que demandam os órgãos de segurança”, apontou o perito. A dúvida sobre a segurança do sistema já fazia com que alguns órgãos evitassem usar o e-mail corporativo. O Grupo Tigre, elite da Polícia Civil, não utiliza o Boletim Eletrônico Unificado, por exemplo. Pente-fino O Instituto de Criminalística (IC) fez um pente-fino por amostragem em 50 e-mails. Do total, 39 apresentavam uma opção de compartilhamento com a conta “Administrador Expresso Sesp”. Essa conta tinha acesso ilimitado às contas de e-mails, com permissões para ler, apagar, enviar, criar e salvar o conteúdo. Como o administrador tem a possibilidade de a qualquer momento eliminar os rastros da invasão, há possibilidade de que o número de endereços monitorados seja maior. “Dentre as contas de e-mail verificadas, a maioria delas de cargos de chefia, inclusive do diretor do Instituto de Criminalística [Dr. Marco Aurélio Bertoldi Pimpão] apresentavam tal habilitação”, explica o texto do perito.

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Procedimentos / Polícias conduzem investigações; caso foi encaminhado ao Nuciber Além da Polícia Científica, as polícias Civil e Militar abriram procedimentos internos para investigar a invasão de contas de e-mail de seus servidores. O delegado-geral da Polícia Civil, Riad Farhat, considera “preocupante” o fato de as mensagens serem monitoradas, mas diz que as investigações constataram que “a instituição não sofreu prejuízos com a invasão”. As apurações na Polícia Civil são realizadas pelo setor de informática da instituição e conduzidas pelo delegado Eduardo Castela. Além disso, o caso também foi encaminhado ao Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber). “No momento estamos mais preocupados em sanar o problema do que em identificar a pessoa responsável”, disse o delegado-geral. A Polícia Militar abriu uma investigação em que tenta também apurar a responsabilidade. A informação consta no relatório da Polícia Científica, que explica ter realizado a análise a pedido da PM. A reportagem tentou entrevistar o comandante-geral da corporação, coronel César Kogut, mas ele não foi localizado. A Polícia Federal disse que não conhecia a denúncia e, por isso, não se pronunciaria. A Secretaria de Estado da Fazenda afirmou não conhecer o assunto. Punições Interceptação de dados sem autorização da Justiça é crime. Veja o que diz a lei: Lei Federal nº 9.296/96. Art. 10 Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena: reclusão de dois a quatro anos e multa. Código Penal Art. 153 - § 1ª Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública Pena: reclusão de seis meses a um ano e multa. Quem é o espião?

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Apesar da referência à sigla da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), o agente por trás dessa conta de administrador deve estar na Celepar. Segundo a Polícia Científica, o compartilhamento do conteúdo dos e-mails não poderia ser autorizado por um administrador de gerência institucional. Resposta A Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar) informou, por meio da assessoria de imprensa, que não conhece o teor da denúncia e que não tem conhecimento sobre interceptação ilegal de e-mails dos servidores públicos mencionados. A assessoria disse ainda que não recebeu relatos das forças de segurança sobre o caso. Denúncia Leia amanhã na Gazeta do Povo: Policiais vão denunciar espionagem à Organização Internacional do Trabalho, órgão vinculado à Organização Mundial das Nações Unidas. Reinaldo Bessa / Carta na mesa 1 Está no gabinete do ministro da Agricultura, Antônio Andrade, o processo para a cassação da Carta Patente do Jockey Club do Paraná. O parecer pela cassação foi dado pelo Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade (Depros), do Ministério, responsável pela concessão do documento. A decisão, em segunda instância, sem direito a recurso, aguarda apenas a assinatura do ministro para ser efetivada, o que deve ocorrer nos próximos dias, segundo a coluna apurou. Carta na mesa 2 A cassação da licença de funcionamento do Jockey Club do Paraná se deve a irregularidades cometidas pela atual diretoria, presidida por Cresus Coutinho Camargo, atualmente de licença por problemas de saúde. Há mais de dois meses não há corridas no hipódromo do Tarumã. A coluna tentou ouvir a direção do JC, mas não localizou nenhum diretor na tarde de sexta-feira para falar a respeito. O site da entidade informa que as corridas serão retomadas a partir do próximo dia 21. Carta na mesa 3 Após a cassação da Carta Patente, o Jockey Club não poderá realizar corridas durante pelo menos um ano, podendo funcionar apenas como centro de treinamento. Internamente já se cogita a convocação de uma assembleia geral extraordinária para constituir uma nova diretoria ou a nomeação de um interventor por decisão judicial. O Jockey Club do Paraná é o segundo mais antigo do país, fundado em 1873. Educação / Jornada escolar de sete horas voltará a ser debatida Folhapress Uma proposta de emenda à Constituição que amplia a jornada escolar da rede pública para sete horas é considerada prioritária para os líderes partidários na Câmara dos Deputados (PEC 134/07). O assunto divide opiniões entre parlamentares e professores. Pelo texto, a ampliação da carga horária valerá para a educação infantil e os ensinos fundamental e médio regulares. As escolas teriam até 2020 para implantar a nova jornada, que deve incluir também atividades opcionais extraclasse, após as sete horas diárias mínimas de educação formal. O Plano Nacional de Educação (PNE PL 8035/10), em discussão na Câmara, já prevê a meta de oferecer tempo integral, gradativamente, pelos próximos dez anos, nas escolas públicas do país. O relator do PNE, deputado Angelo Vanhoni (PT-PR), considera o ensino integral um instrumento fundamental para melhorar a qualidade da educação no Brasil. “Todas as pesquisas demonstram que, para as crianças que frequentam o regime integral, o desenvolvimento educacional é muito mais facilitado do que no regime que temos hoje, que é de quatro horas”, afirma o relator. “O que nós precisamos é institucionalizar um programa nacional de apoio, de estímulo e de meta, porque a aprendizagem, a qualidade da educação muda no Brasil a partir do momento em que tivermos a maior parte das nossas crianças na educação integral”, acrescenta Vanhoni. A diretora do Sindicato dos Professores no Distrito Federal, Rosilene Corrêa, avalia que obrigar as escolas a ampliarem a carga horária sem as condições para isso pode tornar precário o sistema educacional. “Primeiro, as escolas não têm espaço físico adequado para manter esses alunos lá o dia todo. Em muitos casos, estão considerando como tempo integral, mas os alunos são remanejados para atividades em outras áreas, como por exemplo, escolas-parque”, diz a sindicalista.

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“O aluno vem de uma escola regular e é atendido uma ou duas vezes por semana na escola-parque e isso entra na cota de tempo integral. Outro dia, ele vai para o CIL (Centro Interescolar de Línguas). Enfim, uma acomodação, porque nossas escolas não estão preparadas, não estão estruturadas para isso. Para ter o aluno o tempo todo na escola, você tem que reduzir o número de alunos em cada escola, para que tenha espaço físico para manter esse aluno lá”, acrescenta Rosilene. A proposta de emenda à Constituição em discussão na Câmara determina que para a implantação progressiva do ensino integral, estados e municípios contarão com “apoio técnico e financeiro” da União. Estima-se que seriam necessários R$ 20 bilhões para adotar a jornada de sete horas em todas as escolas públicas do país. Transporte / Cenário histórico aponta para queda da tarifa Nos últimos cinco anos, somente em um deles o reajuste da tarifa técnica foi superior à redução de 14,33% determinada agora pelo TCE Raphael Marchiori O valor pago pelo usuário de ônibus de Curitiba poderá baixar se o reajuste da tarifa técnica, previsto para ocorrer neste mês, for inferior à redução de R$ 0,43 imposta pelo Tribunal de Contas do Estado Paraná (TCEPR). A média de aumento dos últimos anos mostra que o cenário é possível. De acordo com dados da Urbanização de Curitiba (Urbs), nos últimos cinco anos o aumento médio da tarifa real e da tarifa técnica foram de 8,68 % e 7,45 %, respectivamente. A queda determinada pelo TCEPR foi de 14,33% de R$ 2,9994 para R$ 2,5694 valor hoje inferior ao cobrado dos usuários (R$ 2,70). Como a Gazeta do Povo mostrou na reportagem de sábado, o tribunal se baseou em um valor errado da tarifa técnica para determinar a redução. Atualmente, a remuneração paga para as empresas é de R$ 2,9353 por passageiro, índice reajustado em novembro. Nesses cinco anos, apenas no reajuste de 2008 para 2009 os percentuais foram superiores ao aplicado pelo Tribunal (respectivamente, 15,79 % e 14,45% para as tarifas real e técnica). No ano passado, o reajuste das tarifas técnica e real passou a valer em 14 de março. Neste ano, de acordo com a prefeitura de Curitiba, ele deve ocorrer até o final deste mês. O contrato de concessão, por sua vez, determina que o reajuste ocorra sempre no dia 26 de fevereiro. Essa data nem sempre é cumprida porque este também é o mês da database dos motoristas e cobradores de ônibus da cidade. O reajuste concedido aos trabalhadores impacta bastante na conta da tarifa técnica. Mesmo contando com o reajuste salarial da categoria, é improvável que um simples aumento na tarifa técnica supere o porcentual de queda da liminar cautelar do TCEPR. Em 2012 e 2013, por exemplo, os reajustes da tarifa técnica acabaram, respectivamente, em 12,11% e 4,18%. Nesses dois anos, os motoristas tiveram 10,5% de reajuste com ganhos reais que superaram a casa dos 3 % s maiores desde 1999. “Complicado” De qualquer modo, Anderson Teixeira, presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba (Sindimoc), vê um possível impacto na decisão de mexer no cofre dos empresários para a negociação salarial da categoria. “Já estava bem complicada a negociação, com os empresários alegando dificuldade. Com essa redução, fica ainda mais e não podemos pensar em não termos uma recomposição salarial”, argumenta. Empresários do setor preferiram não se manifestar sobre o assunto. Procurado pela reportagem, Gelson Forlin, diretor-operacional do grupo do grupo Gulin responsável pelo Consórcio Pontual disse que as empresas não se manifestariam isoladamente e que qualquer comunicado aconteceria apenas após a decisão do corpo jurídico do Setransp, sindicato patronal dos consórcios, que também ainda não apontou qual medida adotará. Sem resposta A Urbs ainda não se manifestou especificamente sobre os impactos da decisão do Tribunal de Contas. Na última quinta, a administração municipal disse que a tarifa técnica e a paga pelo usuário, a serem definidas no fim de fevereiro, levarão em consideração as decisões do Tribunal, mas também eventuais manifestações judiciais. Isso porque, tanto ela quanto as empresas de ônibus ainda podem recorrer da medida no próprio Tribunal ou na justiça.

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Finanças públicas / Se o Paraná fosse uma empresa... ... correria o risco de ser obrigado a adotar um processo de recuperação judicial, a antiga concordata. Governo paranaense tem dívidas com fornecedores de R$ 1,1 bilhão. Nesta segunda-feira, estado apresenta cronograma de pagamento José Marcos Lopes O anúncio de que o governo do Paraná tem dívidas de R$ 1,1 bilhão com prestadores de serviço, feito no último dia 24 pela secretária estadual da Fazenda, Jozélia Nogueira, acendeu a luz amarela no Palácio Iguaçu. A lei brasileira não prevê a falência de entes públicos. Mas, se fosse

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uma empresa privada, a administração estadual correria o sério risco de ser obrigada pela Justiça a adotar um processo de recuperação judicial, a antiga concordata, último passo antes de ter a falência decretada. Pela Lei Federal n.º 11.101, de 2005, no Brasil uma empresa pode entrar em um processo de recuperação judicial após um credor acioná-la na Justiça, caso o valor devido seja maior que 40 salários mínimos (R$ 28.690 em valores atuais). O juiz pode decretar a falência quando a empresa não apresenta um plano de recuperação no prazo estabelecido, rejeita o plano ou descumpre qualquer obrigação acertada. Depois disso, todos os bens e o capital da empresa são destinados a pagar os credores (com prioridade para os créditos trabalhistas). Em seu artigo 2.º, no entanto, a lei deixa claro que as medidas não se aplicam a “empresa pública e sociedade de economia mista” nem a “instituição financeira pública”. Função social Teoricamente, um Estado não pode falir por ter atribuições diferentes das de uma empresa, que visa lucro. Quando investe em saúde ou educação, por exemplo, o Poder Executivo não está à espera de retorno financeiro – o que, em princípio, inviabiliza as análises cruzadas de receita e investimento, que têm resultados positivos e negativos dependendo da rentabilidade. Além disso, governos dispõem de outros meios para superar crises: pode cobrar mais impostos, emitir moeda (no caso da União) ou adotar o empréstimo compulsório. “A principal diferença entre um Estado e uma empresa é que o Estado tem condições de exigir dinheiro dos particulares, pode coagi-los, por meio de sanções e penas, a pagar mais impostos”, afirma Rodrigo Kanayama, professor de Direito Administra­­tivo da UFPR. Especialista em recuperação judicial e falência, o advogado Luiz Eduardo Vacção Carvalho lembra que, apesar de não existir a possibilidade de entes públicos falirem, eles podem sofrer intervenção. “No Brasil não existe nenhuma previsão nesse sentido [de o Estado falir]. No caso norte-americano sim, mas há maneiras previstas para se sair dessa situação”, afirma o advogado. “O ente público não pode falir, mas pode haver intervenção. O estado deve procurar o município, e o estado a União, para buscar uma solução.” O cientista político Ricardo Oliveira, também professor da UFPR, lembra que a Lei de Responsabilidade Fiscal impõe limites para os administradores públicos, com o objetivo de evitar o estado de insolvência. “O ideal seria até mesmo prever a responsabilização dos gestores pela inadimplência”, comenta. No caso do Paraná, há um atenuante: o estado deve R$ 1,1 bilhão para fornecedores, mas negocia a liberação de cinco empréstimos, no total de R$ 2 bilhões, que ainda não foram aprovados pela Secretaria do Tesouro Nacional. Além disso, o governo do Paraná está montando um cronograma para pagar os credores, que deve ser anunciado nesta segunda-feira. Situação federal não é crítica, mas contas estão piorando A situação do governo federal não é tão crítica quanto a do Paraná, mas também não é das melhores. De acordo com o Branco Central, com o crescimento dos gastos da União, o superávit primário em 2013 ficou em R$ 91,3 bilhões – menor patamar desde 1998. Influenciada pelas emissões de moeda para ajudar bancos oficiais, em dezembro do ano passado a dívida pública federal atingiu o recorde de R$ 2,1 trilhões (alta de R$ 11,6 bilhões em relação ao fim de 2012), segundo o Tesouro Nacional. Só para pagar os juros da dívida ao longo de 2014 foi reservado R$ 1 trilhão – ou 42% do total do orçamento federal deste ano. Além disso, a Previdência terminou 2013 com um déficit de R$ 51,2 bilhões (alta de 14,8% sobre o rombo em dezembro de 2012). Ranking mundial Apesar disso, o governo do Brasil estaria muito longe de uma “falência” financeiro e como Estado. Segundo um ranking da ONG norte-americana Fund for Peace, o Brasil é o 126.º país com mais possibilidade de falir. O levantamento, chamado “The Failed States Index 2013”, leva em conta 12 aspectos que envolvem crise econômica, pressões demográficas, movimento massivo de refugiados, falta de legitimidade do Estado, perseguição a grupos políticos ou religiosos, deterioração dos serviços e crise nas forças de segurança, entre outros.

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Os quatros primeiros colocados, considerados em situação crítica, são países africanos: Somália, República Democrática do Congo, Sudão e Sudão do Sul. Os governos mais estáveis, segundo o levantamento, são os da Noruega, Suécia e Finlândia.

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Detroit / Com dívidas de US$ 25 bilhões, cidade dos EUA pede falência Se no Brasil um ente público não pode falir, nos Estados Unidos a prefeitura de Detroit, um antigo centro da indústria automobilística do país, apresentou um pedido de falência em agosto do ano passado. A prefeitura deve US$ 25 bilhões para mais de 100 mil credores. A crise pela qual passa a cidade se reflete na população: de 1,8 milhão de habitantes em 1950, atualmente Detroit tem apenas 700 mil. A cidade enfrenta os efeitos do endividamento e da falta de recursos: quase metade dos semáforos e dos postes de iluminação não funcionam, a polícia não tem materiais para trabalhar e construções em bairros afastados do centro se deterioram. A atividade econômica cai a cada ano, enquanto as taxas de homicídios crescem. Recentemente, credores têm cobrado a venda do acervo do Detroit Institute of Arts, com obras de artistas como Caravaggio, Matisse e Picasso. “Diferentemente do Brasil, nos Estados Unidos existe previsão de falência de entes públicos. Mas a saída não é apenas vender os bens da cidade. Existe a previsão de várias maneiras de sair desse estado”, diz o advogado Luiz Eduardo Vacção Carvalho, especialista em falências e concordatas. A falência de entes públicos acaba sempre gerando a busca por mais recursos públicos: em 2010, o Congresso americano aprovou um pacote de US$ 26 bilhões para evitar demissão de professores e reforçar salários de servidores e verba da saúde pública. Governos não podem falir, mas falta de dinheiro afeta serviço público Um Estado não pode falir como uma empresa privada, mas corre o risco de deixar de prestar serviços básicos. Como um governo ou uma prefeitura não deixarão de existir devido à falta de recursos ou ao endividamento, a avaliação de especialistas é que o ente público sempre terá de buscar receitas para superar a crise. A “falência” do Estado, portanto, significa a ausência de serviços públicos. “O Estado terá de arranjar alguma forma de continuar. Ele existe independentemente dos recursos, vai ter que achar uma forma de pagar suas dívidas, pode ser emprestando dinheiro de outro ente federativo”, afirma o professor de Direito Administrativo Rodrigo Kanayama, da UFPR. “[Se o Estado falisse], deixaria de prestar serviços, não poderia pagar a polícia, comprar gasolina. Não haveria mais serviços públicos. Não poderia obrigar as pessoas a cumprirem a lei. Seria o caos na sociedade.” Efeitos O governo do Paraná já começou a sentir os efeitos da crise financeira: em dezembro, parte das viaturas da Polícia Militar em Curitiba e região metropolitana ficaram sem combustível. Muitas ficaram em oficinas, à espera de manutenção. Na época, postos da PM informaram que o abastecimento das bombas internas estava suspenso por tempo indeterminado. Em novembro, a falta de pagamento deixou a polícia sem telefone e internet. A Secretaria da Segurança Pública também ficou sem fazer ligações. No Siate, ambulâncias não tinham óleo diesel. “Estamos vendo a possibilidade de falência em serviços públicos da mais alta importância, e eles podem entrar em colapso”, diz o cientista político Ricardo Oliveira. “Essa situação de inadimplência afeta o desempenho da administração pública, que passa a enfrentar cobranças ainda maiores.” Início do Ano Legislativo / Contas estaduais tendem a concentrar discussões na volta da Assembleia Governo quer criar fundação que permitiria a contração de médicos sem comprometer as finanças. Oposição vai questionar situação dos cofres do Paraná Rogerio Waldrigues Galindo Os problemas financeiros do governo do Paraná devem dar o tom da volta das sessões da Assembleia Legislativa, a partir desta segunda-feira. O principal projeto de interesse do governo, que cria a Fundação Estadual de Saúde, tem relação direta com o aspecto financeiro. Por meio da fundação, uma entidade jurídica de natureza privada, o estado poderá contratar funcionários da área médica fora do quadro geral de servidores – o que evitaria que o governo ultrapasse os limites de comprometimento com gastos de pessoal exigidos pela Lei de

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Responsabilidade Fiscal. Além disso, a oposição pretende cobrar informações do Executivo sobre a situação dos cofres públicos. Desde que a Assembleia entrou em recesso, no fim do ano passado, várias notícias mostraram que a situação financeira do Paraná está crítica. Sem conseguir acessar empréstimos que vem solicitando, o governo admitiu que a dívida com fornecedores está em R$ 1,1 bilhão. Primeiro passo A criação da fundação, tentada pelo governo no ano passado, seria um primeiro passo para melhorar as contas e ainda atender à demanda por melhoria da saúde pública sem ferir a legislação. Dos oito primeiros quadrimestres da gestão, o estado ultrapassou o limite prudencial de gastos com pessoal em cinco ocasiões. Para conseguir os empréstimos que aliviaria as contas, o governo precisa provar que está dentro do que exige a Lei de Responsabilidade Fiscal. Para piorar, o senador Roberto Requião (PMDB) fez uma denúncia de que os números apresentados pelo governo à Secretaria do Tesouro Nacional para conseguir os financiamentos no fim do ano estariam maquiados. No entanto, segundo o líder do governo Beto Richa (PSDB) no Legislativo, deputado Ademar Traiano (PSDB), a intenção ao colocar de novo a proposta da criação da fundação em pauta não é meramente financeira. “O principal é dar um atendimento melhor à população na ponta”, diz. A fundação permitiria contratações mais rápidas para substituir médicos, por exemplo, evitando falta de pessoal, afirma o governo. Mas, quando o projeto foi posto em debate, em 2013, não foi assim que foi visto. Servidores protestaram e forçaram a um recuo do Executivo, que deve voltar agora à carga. Traiano acredita que agora tudo será aprovado, depois de conversas com os deputados. A oposição, porém, pretende questionar essa e outras medidas apresentadas pelo governo relativas às contas públicas. “O governo não conseguiu resolver os problemas que se apresentavam no fim do ano passado, pelo contrário”, afirma Tadeu Veneri (PT). “Além da dívida bilionária, pretendemos questionar o fato de o governo ter acessado contas com depósitos judiciais não tributários sem autorização”, diz. O governo admitiu que sacou dinheiro de 23 contas judiciais indevidamente, mas disse que se tratou de um engano burocrático e já devolveu o dinheiro. Plano Diretor, IPTU, Copa e tarifa de ônibus estão na pauta dos vereadores Na Câmara de Curitiba, que também retoma as sessões nesta segunda-feira, o grande assunto do ano promete ser a revisão do Plano Diretor da cidade. A prefeitura está preparando um projeto amplo, que irá mexer em vários pontos sensíveis da legislação, como o zoneamento, a planta genérica e as regras para uso do solo. As normas estão entre as mais importantes de qualquer cidade: definem o que pode ser construído em cada lugar e têm influência direta sobre a construção civil e sobre o bolso do consumidor. “Ainda não recebemos o projeto, mas quero começar desde já essa discussão, com audiências públicas e debates”, afirma o presidente da Câmara, vereador Paulo Salamuni (PV). A prefeitura ainda não antecipou exatamente o teor da revisão, embora o prefeito Gustavo Fruet (PDT) venha dando sinais de que será necessário em algum momento rever a planta genérica para atualizar o valor venal dos imóveis da cidade, que é usado como base para cobrança do IPTU – o que, portanto, pode significar aumento do imposto. Salamuni diz que ele próprio pretende sugerir uma mudança na legislação para garantir que a planta não fique permanentemente defasada, como ocorre hoje. “Nenhum prefeito vai mexer nisso por vontade própria. Então proponho incluir na Lei Orgânica uma obrigação de que a revisão seja feita a cada três anos. Assim, em todos os mandatos teríamos pelo menos uma atualização”, afirma. Feriados Há também decisões relativas à Copa do Mundo esperando votação, como é o caso dos feriados em dias de jogos na cidade. “Primeiro temos de esperar para ver o que acontece no dia 18 de fevereiro, quando a Fifa dirá se haverá ou não Copa em Curitiba. Depois, discutiremos isso”, afirma o líder do prefeito na Câmara, Pedro Paulo (PT). Os vereadores também pretendem aproveitar para discutir as obras públicas relacionadas à Copa. O transporte coletivo e o subsídio estadual à tarifa dos ônibus também devem ser discutidos no primeiro mês de sessões. “Convidamos a secretária de Estado da Fazenda, Jozélia Nogueira, e

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ela falará conosco sobre isso [o subsídio]”, diz o líder do prefeito na Câmara, Pedro Paulo (PT). Em fevereiro, a prefeitura decide o novo valor da tarifa. Outro tema que será discutido é a instalação da Ouvidoria de Curitiba. Entre as outras propostas que esperam votação estão a criação do Conselho Municipal de Trânsito e a nova Política de Trânsito sugerida pela prefeitura. Polêmicas O Legislativo estadual tem outros assuntos polêmicos para discutir no início do ano. Veja alguns deles: • O Tribunal de Justiça apresentou projeto criando um auxílio-moradia para os magistrados paranaenses. A Assembleia começa a analisar a proposta em fevereiro, mas o fato de o projeto não trazer detalhes sobre qual o valor a ser pago, por exemplo, deve causar polêmica. • A CPI do Pedágio, iniciada no ano passado, retoma os trabalhos neste mês tendo três sessões já marcadas. O prazo para encerrar a investigação é março. • A revisão do Regimento Interno da Assembleia ainda tem pontos pendentes, como o fim do instrumento conhecido como Comissão Geral, usado para dar poderes ao plenário de substituir simultaneamente todas as comissões do Legislativo. Com isso, projetos polêmicos podem ser aprovados em um único dia, reduzindo a exposição dos parlamentares. • Pode entrar em pauta a possibilidade de o governo do estado legislar sobre o Zoneamento Ecológico-Econômico do estado por decreto, o que desagrada aos deputados. • A Comissão de Utilidade Pública, criada para revisar os 6 mil títulos do gênero concedidos pela Assembleia ao longo dos anos, tem de votar todas as suas resoluções até o fim de fevereiro. Celso Nascimento / Fruet num ‘pacau de bico’ Na quinta-feira à tarde, quando estava no salão de embarque do aeroporto de Guarulhos, de onde partiria para uma permanência de cinco dias em Joanesburgo, África do Sul, foi que o prefeito Gustavo Fruet tomou conhecimento superficial da liminar do Tribunal de Contas determinando a redução da tarifa técnica dos ônibus de Curitiba em 43 centavos. Como não tinha detalhes dos argumentos do TC, atravessou o Atlântico com incógnitas que só enfrentará de verdade no seu retorno a Curitiba, na quinta-feira. Uma das incógnitas: a liminar do TC determina que seja retirada da planilha de cálculo da tarifa técnica a taxa de 4% que a Urbs retém para administrar o sistema. Esse gerenciamento, é indiscutível, envolve custos – como o da fiscalização dos horários e frequências dos ônibus, só para citar um exemplo. Alguém tem de arcar com esses custos. Se não for incluído no valor da passagem, o dinheiro necessário sairá de onde? Dos cofres da prefeitura de Curitiba? E, nesse caso, em benefício dos outros 13 municípios que se servem da Rede Integrada? Tirar a taxa de administração da Urbs equivaleria a, na outra ponta, obrigar o poder público a elevar ainda mais o subsídio que já paga para manter a passagem mais barata do que seu custo real. Esse é um dos temas que Fruet obrigatoriamente vai pedir que o TC rediscuta. Em compensação, há outros pontos em que a opinião do prefeito certamente converge com a do relatório do TC. Um deles é o fato de que também é o passageiro que paga o Imposto de Renda devido pelas empresas de ônibus ao Leão. Elas tiram dos passageiros 4,14% a título de impostos que deveriam ser de sua exclusiva responsabilidade após apurados os lucros da operação. A menos que as concessionárias estejam recolhendo ao Fisco menos do que deveriam (e aí seria um caso de sonegação, como desconfiou a CPI da Câmara Municipal em seu relatório), não haveria ilegalidade formal no procedimento delas. Por uma simples razão: o contrato de concessão firmado em 2010 pelo então prefeito Beto Richa previa que o imposto seria pago pelos passageiros, incluindo-o na tarifa técnica. Logo, as empresas estariam agindo de conformidade com o contrato. O que seria preciso? Mudar o contrato. E isso só se faz se houver acordo entre as partes ou se a Justiça julgar a cláusula ilegal – discussão para mais de metro.

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Assim como podem ser juridicamente discutidas todas as demais disposições do relatório do Tribunal de Contas que concluíram que a tarifa técnica estava “superfaturada” em 43 centavos. Se havia “superfaturamento” – isto é, se, no fim da linha, o passageiro estava pagando mais do que o justo durante tantos anos –, o outro lado estava ganhando mais do que era preciso durante o mesmo tempo. Se o TC estiver correto, as concessionárias terão de devolver o dinheiro que receberam a mais? Trata-se de uma situação que chega à beira do surreal – mas com a qual Fruet terá de se confrontar às vésperas da data marcada para o reajuste do transporte coletivo. Como diria o vulgo: o prefeito estará diante de um “pacau de bico”. Olho vivo / Últimos atos Um dos últimos atos da senadora Gleisi Hoffmann em sua despedida da Casa Civil foi incluir no programa de concessões rodoviárias dois trechos importantes para o Paraná. Envolvem as BRs 476 e 153. No território paranaense, o trecho da 476 liga os municípios mais importantes do Sul do estado – Lapa, São Mateus e União da Vitória. A partir daí, pela 153, chega-se a Chapecó, em Santa Catarina. Os trechos incluídos fazem parte dos cinco novos lotes de concessões anunciados pela presidente Dilma Rousseff na última sexta-feira, dentre os quais uma nova licitação para a exploração da ponte Rio-Niterói. Gleisi reassume o Senado nesta semana e passa a ter participação mais direta nas articulações políticas para o lançamento de sua candidatura ao governo estadual. Em trânsito 1 O Detran oficializou o cancelamento de uma licitação milionária, colocada sob suspeita desde seu lançamento. Tratava-se de editoras para publicação de livros de educação de trânsito para o milhão de alunos que frequenta o ensino fundamental no Paraná. Em trânsito 2 Quatro editoras se inscreveram. Uma empresa paulista pediu R$ 20 milhões, quase no limite máximo do edital; duas outras apresentaram propostas intermediárias; e o menor preço foi de uma editora paranaense, de R$ 10 milhões. O Detran desclassificou as três de menores preços e deu como vencedora a editora mais cara. Até o conselheiro Ivan Bonilha, amigo nomeado pelo governador Beto Richa como conselheiro do Tribunal de Contas, recomendou o cancelamento por considerar estranhíssimo o resultado. As alegações do Detran para desclassificar as de menor preço não eram convincentes, o que leva a crer que tinha muito valor a qualidade do trabalho da empresa vencedora. Notas políticas / TJ do Paraná O Tribunal de Justiça do estado revelou nesta semana que julgou 45% dos casos de corrupção. Em agosto, o tribunal dizia ter cumprido 99% da meta estabelecida pelo Conselho Nacional de Justiça. Estatização 1 Quem precisar de serviços das 1ª, 2ª e 3ª Varas da Fazenda Pública da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba nos próximos dias pode ter alguns problemas. Isso porque o Tribunal de Justiça (TJ-PR) estatizou as unidades, o que impõem medidas restritivas no atendimento ao público e na regularização dos trâmites processuais, incluindo a suspensão dos prazos. As Varas estão atendendo apenas casos urgentes em regime de plantão. Estatização 2 Além da estatização, o TJ-PR também anunciou a transferência de todas as Varas da Fazenda Pública, Falências e Recuperação Judicial para um único endereço em Curitiba. A nova sede fica no Edifício Champagnat Center, localizado na Avenida Cândido Hartmann, 590, próximo à Praça da Ucrânia. Lei anticorrupção / “Precisava que doesse no bolso”, diz chefe da CGU Jorge Hage, ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU) O ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, é um otimista em relação à eficácia da nova lei anticorrupção, em vigência desde a quarta-feira passada, que pune com multas pesadas empresas que corromperem agentes públicos e políticos. Ele afirma que o rigor das penas se deve à falta da cultura do jogo limpo entre governo e iniciativa privada no Brasil. A nova lei vai pegar? Vai pegar como pegou a Lei de Acesso à Informação. Tudo é um processo gradual. A relação entre o privado e o governo sempre foi promíscua, eivada de ilicitudes. Todos sabemos o que

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ocorre nas licitações, o conluio, o superfaturamento, e sempre há atuação de agentes públicos. O que tínhamos até agora eram mecanismos só para punir o agente público. Precisávamos chegar a uma penalidade que doesse no bolso. Isso é uma coisa que fará o empresário pensar duas vezes. Qual é sua expectativa? Há um conjunto de penas tão severas que apostamos nelas não necessariamente para aplicá-las, mas, sim, no seu poder dissuasório. O mais importante é que deixe de acontecer o ilícito, em função da punição. Essa lei vai nesse caminho, porque não tínhamos uma cultura de jogo limpo na relação entre o privado e o governo. Como conseguimos fazer uma lei baseada na responsabilização objetiva – que não precisa provar a culpa –, a empresa vai responder por qualquer preposto, seja funcionários ou empresas subcontratadas, que praticar o ato ilícito. Mas a empresa pode recorrer à Justiça... Pode, mas conto com o seguinte: aplicamos 4,5 mil demissões de agentes públicos, inclusive de altos escalões. Alguns recorreram à Justiça. Mas o percentual de reversão foi entre 10% e 12%. Acredito que o mesmo se dará com essa lei em relação às empresas. A nova lei parece ser dirigida às grandes empresas. Mas e as pequenas? Do ponto de vista de conscientização, a lei não vai chegar às pequenas e médias empresas no mesmo momento em que chega às grandes. Chegar a elas é uma etapa adiante, que vai ocorrer com o efeito dominó. Para as pequenas, vamos ter de apostar na repressão. Turismo / Ninguém fiscaliza agência de viagem Agência O Globo A fiscalização no mercado de agências de viagem no país é uma obra de ficção. Legislação vaga, quadro de fiscais desconhecido, dificuldades para multar e reembolso improvável ao consumidor em caso de não cumprimento de contrato. No setor, não há nenhum acompanhamento financeiro por parte das autoridades – e, muitas vezes, as agências vendam pacotes sem ter condições econômicas de honrá-los. Existem no país 16.727 agências de turismo funcionando regularmente. A fiscalização do setor é de responsabilidade do Ministério do Turismo, conveniado com as secretarias estaduais – que, no entanto, não têm estrutura suficiente para fiscalizar nem poder para multar. Segundo o ministério, a fiscalização ocorria até agora por denúncia e sensibilização de empresários reconhecidos em cadastro do governo. A entrada em vigor, na semana que vem, da portaria 311, de 3 de dezembro, é uma tentativa de regulamentar a fiscalização do setor, ampliar as multas, que podem chegar a cerca de R$ 1 milhão, e, quem sabe, evitar casos como os de Soletur, Shangri-lá e Tia Augusta, entre outras agências. A Soletur, uma das maiores operadoras de turismo da América Latina, quebrou em outubro de 2001, com um saldo de 7 mil clientes com pacotes comprados. Nenhum cliente foi reembolsado. “No caso da Soletur, estamos pagando apenas 20% do crédito trabalhista, e tudo indica que não restará dinheiro para pagar mais nada. Ou seja, não há a menor chance de os clientes lesados receberem”, afirma a juíza Marcia Cunha, da 2.ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que cuida do caso. Em 2012, fecharam as portas pelo menos três grandes operadoras, Trip&Fun, Tia Augusta e Shangri-lá, deixando cerca de 7,5 mil clientes na mão. As empresas que quebraram eram formalizadas e muito conhecidas no mercado. A má gestão é apontada pela Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav), entidade que representa as agências, como a principal causa dos problemas. A concorrência de agências on-line também explica as derrocadas. O Ministério do Turismo informa, no entanto, que mesmo com a entrada em vigor da portaria, não existirá acompanhamento financeiro das empresas. A portaria prevê o treinamento de fiscais. “Vamos treinar multiplicadores em uma ação mais completa. Não havia sistematização da fiscalização. O pessoal do ministério era e é muito reduzido”, reconhece o ministro Gastão Vieira. Em casos de quebra, muitos consumidores acionam o Código de Defesa do Consumidor (CDC), alegando a responsabilidade solidária de prestadoras de serviço envolvidas na venda dos pacotes. Assim, o setor propõe a criação de um fundo que reembolse os consumidores em caso

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de falência. Para as entidades de defesa do consumidor, a ideia é bem-vinda, desde que não onere os clientes. “Temos uma lei injusta, no sentido de que a agência é chamada a ter uma responsabilidade solidária (quando uma operadora quebra). O cenário é complicado, já que as agências podem falir quando uma grande operadora quebra”, afirma o advogado da Abav, Marcelo de Oliveira. 16.727 agências de turismo funcionam regularmente no Brasil. Mas, como não há nenhum acompanhamento das finanças delas por parte das autoridades, muitas vendem pacotes sem ter condições econômicas de honrá-los. Estádio / Curitibano crê que Arena ficará pronta no prazo Levantamento da Paraná Pesquisas mostra também que população culpa Atlético pelo atraso e reprova nova injeção de dinheiro público na obra Leonardo Mendes Júnior Curitiba confia na conclusão da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014, mas não quer saber de injeção de dinheiro público no estádio. Este é o diagnóstico apresentado por levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas, a pedido da Gazeta do Povo, logo após o ultimato dado pela Fifa aos organizadores do Mundial no Paraná. Desde a visita à cidade do secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, no dia 21 de janeiro, Atlético, prefeitura de Curitiba e governo estadual trabalham em conjunto para implantar um plano emergencial para acelerar o ritmo da obra. A data-limite é 18 de fevereiro, quando a Fifa dará seu veredicto sobre a permanência da subsede no programa. As entrevistas para a pesquisa começaram exatamente uma semana depois do “chute no traseiro” dado pelo secretário-geral e duraram três dias. Já sob o impacto da liberação de mais R$ 39 milhões para a obra, das primeiras deliberações do novo comitê gestor e dos primeiros reforços no contingente de operários, apresentaram um otimismo – tímido, é verdade – da população na conclusão do estádio. Para 54% dos curitibanos, a Arena estará pronta. É o mesmo índice apresentado em levantamento feito pelo mesmo instituto em julho do ano passado, porém com uma diferença crucial. Se naquele momento faltava um semestre inteiro para a entrega do estádio, agora são pouco mais de duas semanas para convencer a Fifa a manter Curitiba na Copa e outros dois meses para efetivamente abrir os portões da Baixada pela primeira vez. “Considerando que a Fifa deu um prazo, é natural que parte [46%] demonstre preocupação. Mas é representativo ver a maioria acreditando que esse novo processo permitirá a entrega da obra a tempo”, diz o coordenador-geral de Copa no Paraná, Mario Celso Cunha. “[O otimismo da maioria] indica o acerto de ter montado uma comissão para entrar na obra”, complementa o secretário municipal de Copa, Reginaldo Cordeiro. Principais interlocutores do poder público na operação Copa em Curitiba, Cunha e Cordeiro representam os órgãos que, ao mesmo tempo, são vistos como culpados pelo atraso e salvação para que o estado não fique fora do Mundial. Somados, os governos estadual (21%), federal (15%) e municipal (13%) são, para os entrevistados, mais responsáveis do que o Atlético (40%) por a Arena ainda não estar pronta. E também é do poder público que virá a solução para o atraso para 45% daqueles que acreditam na conclusão da Arena. Uma solução acompanhada de uma ressalva: sem injeção de dinheiro público. Para 70% dos entrevistados, prefeitura e estado não devem cobrir a diferença de orçamento, que passou de R$ 265,4 milhões para R$ 319 milhões – valor ainda sob auditoria na Fomento Paraná para ser oficializado. “A maioria da população é a favor da Copa, a forma como o dinheiro é dado é que acaba sendo o grande questionamento. O povo não admite mais dinheiro público em estádio. Se tudo tivesse sido feito de maneira clara e transparente desde o começo, toda essa história já estaria encerrada e estaríamos curtindo os estádios novos”, afirmou o diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo. Em todas as entrevistas, representantes da prefeitura e do governo do estado têm negado qualquer possibilidade de injeção direta de dinheiro público. Convicção reforçada pelo resultado da pesquisa.

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“Há um equívoco quando se fala em dinheiro público, Todos os valores repassados ao Atlético são financiamentos. Todos os valores repassados foram através da Fomento Paraná, que é um banco”, diz Cunha. “É como o prefeito Gus­­tavo Fruet tem dito. Se não tem nem orçamento fechado, não podemos passar um cheque em branco”, finaliza Cordeiro.

Programação / Curitiba terá semana decisiva na briga para continuar na Copa Curitiba terá uma semana de agenda cheia, com eventos importantes para encaminhar a decisão da Fifa sobre manter a cidade como subsede da Copa. O ponto alto será a visita de Charles Botta à Arena da Baixada, na quinta-feira. Responsável pelo relatório que fez Jérôme Valcke dar um

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ultimato à capital paranaense, o consultor de estádios chega na quarta à noite e passa a manhã seguinte na obra. Suas impressões vão balizar a decisão do dia 18 de fevereiro. Por isso, o comitê gestor da reforma quer o canteiro recheado de operários, um dos pedidos de Botta na última passagem pela Rua Buenos Aires. Quando o homem da Fifa descer no Aeroporto Afonso Pena, provavelmente cruzará com uma ampla comitiva do Ministério do Esporte e do Comitê Organizador Local (COL). Chefiado pelo ministro Aldo Rebelo, o grupo realizará uma reunião operacional sobre Copa. Um check-list sobre todos os serviços relacionados ao Mundial: estádio, segurança, saúde, mobilidade, transporte etc. Será possível traçar um diagnóstico da preparação geral da cidade, naturalmente contaminado pelas dificuldades de conclusão da Arena. Serviços de tecnologia da informação e montagem de estruturas temporárias dentro e fora do estádio, por exemplo, dependem do avanço da obra. É este avanço que Atlético, prefeitura e governo estadual pretendem mostrar de maneira palpável nesta semana. Manifestação / Grupo promete receber a Fifa com protesto na Baixada Pedro Brodbeck O próximo protesto contra a realização da Copa do Mundo em Curitiba será realizado no dia 18 de fevereiro, em frente à Arena da Baixada. A data, escolhida em reunião do grupo “Não vai ter Copa”, na tarde de ontem, é estratégica. Nesse dia, a Fifa terá repre­­sentantes na capital paranaense que decidirão se a cidade seguirá como subsede do Mundial. A ideia dos manifestantes é protestar no momento em que o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, e os técnicos das 32 seleções do Mundial realizarão a vistoria no estádio. O estafe, que estará reunido em Florianópolis para um congresso técnico, vai visitar todos os estádios da competição e, em Curitiba, vai também analisar se a Arena terá condições de receber as partidas do evento. O grupo, no entanto, rechaçou qualquer plano de confronto com a polícia. “Não queremos confronto com a [torcida organizada] Fa­­náticos ou com a polícia. Só vamos protestar pelos abusos da realiza­­ção da Copa no país”, afirmou um dos integrantes – nenhum dos dez manifestantes presentes na reunião, realizada na Praça Santos Andrade e marcada pelas redes sociais, quis se identificar. O grupo também reiterou que não pretende entrar no terreno da praça esportiva. Em um dos protestos de junho do ano passado, manifestantes tentaram se aproximar da Arena, mas foram recepcionados por integrantes da torcida organizada Os Fa­­náticos, do Atlético. Brigas e cenas de violência tomaram as ruas da região até a chegada da polícia. Literatura / Leitura obrigatória dos imortais Projeto de lei gera polêmica ao tentar obrigar vestibulares a cobrar livros escritos por membros da Academia Paranaense de Letras Sandro Moser Um projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa do Paraná, caso seja votado e aprovado pelos parlamentares, obrigará todas as universidades paranaenses a incluir pelo menos um livro de “autores paranaenses” no programa de suas provas. O projeto 290/13, de autoria do deputado Leonaldo Paranhos (PSC), define como autor paranaense “aquele que integra ou integrou a Academia Paranaense de Letras”. Aprovado pelas comissões de Constituição e Justiça e de Cultura da Assembleia, o projeto de lei pode entrar na pauta de votações a partir de amanhã, quando começam os trabalhos legislativos de 2014. O projeto tem sido muito criticado por escritores e professores das universidades do estado por reduzir o universo da literatura paranaense aos 39 integrantes da Academia. Em artigo publicado na Gazeta do Povo, na semana passada, o escritor Marcos Peres disse que “a Lei cria muitos leitores e poucos escritores”. “Não é razoável uma lei favorecer uma entidade de 40 membros. Menos razoável é imaginar que os deputados queiram meter o bedelho no conceito de quem é escritor”, escreveu. Para o professor de Teoria Literária e Literatura Brasileira do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), “obrigar a indicação de obras de membros da Academia é regredir ao tempo da ditadura militar e engessar a formação de leitores novamente”.

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Jornalista e escritor paranaense (nascido, entretanto, em Santa Catarina) e membro da Academia Paranaense de Letras, Dante Mendonça discorda do espírito do projeto. “Por princípio, sou contra qualquer obrigatoriedade. Não é o Estado que tem de direcionar a leitura deste ou daquele livro”, explica. “Por outro lado, não seria nada mal que bons autores paranaenses, aqueles quem têm uma obra que merece ser estudada pelos alunos, entrassem por seus próprios méritos nestas listas”, pondera. Ele conta que nenhum membro da Academia foi procurado pelo deputado para discutir o projeto. “Teria sido melhor se ele, antes da proposta, tivesse nos procurado para trocar uma ideia e elaborar, talvez, um pouco melhor este projeto”, sugere. Criada em 1936, a Acade­­mia Paranaense de Letras é uma entidade que reúne escritores, advogados, jornalistas e empresários que têm livros publicados ou guardam alguma afinidade com a literatura (confira a lista dos atuais membros da instituição no quadro ao lado). Outro lado Para o deputado Paranhos, o projeto é necessário para “valorizar a cultura paranaense” (leia a entrevista abaixo). Nos vestibulares das quatro maiores universidades públicas do estado em 2014 (UFPR, UEL, UEM e UEPG) nenhum livro de autor paranaense foi indicado aos vestibulandos. Imortais / Confira quem são os atuais membros da Academia Paranaense de Letras. Uma das 40 cadeiras (Nº 27) está vaga: Dante Mendonça; Ernani Buchmann; René Ariel Dotti; Eduardo Rocha Virmond; Paulo Venturelli; Oriovisto Guimarães; Ney José de Freitas; Rafael Greca de Macedo; Ário Taborda Dergint de Rawicz; Flora Munhoz da Rocha; João Manuel Simões; Ernani Costa Straube; Rui Cavallin Pinto; Guido Viaro; Adélia Maria Woellner; Paulo Torres; Clemente Ivo Juliatto; Laurentino Gomes; Carlos Alberto Sanches; Luiz Geraldo Mazza; Albino de Brito Freire; João José Bigarella; Jeorling Cordeiro Cleve; Chloris Casagrande Justen; Paulo Vítola; Léo de Almeida Neves; Belmiro Valverde Jobim Castor; Darci Piana; Lauro Grein Filho; José Wanderlei Resende; Roberto Muggiati; Antônio Celso Mendes; Ricardo Pasquini; Apollo Taborda França; Clotilde de Lourdes Branco Germiniani; Vaga; Cecília Vieira Helm; Valério Hoerner Júnior. Entrevista / “Tinha que ter um critério” Entrevista com Leonaldo Paranhos (PSC), deputado estadual Sandro Moser O que o motivou a propor este projeto de lei? Fui procurado por algumas pessoas e também para motivar o interesse pela leitura. Com a apresentação do projeto a gente conseguiu falar dos valores do Paraná. Estimula a leitura destas obras e estes valores paranaenses. O senhor acha que cabe ao legislativo decidir quais livros as universidades devem escolher? Eu acho até que não, mas isso tem acontecido? Se houver por parte da universidade um comprometimento, se elas entenderam que dá pra atender a esta demanda. Eu não me apego à lei. Fui procurado e acho que valoriza nossos talentos. Porque o senhor definiu que o escritor paranaense é o membro da Academia Paranaense de Letras? É um critério e disso cabe emenda quando for ao plenário. Tinha que ter um critério e nós estudamos isso. Preferimos colocar a Academia como uma referência. A Academia é um espaço reconhecido. Quem chega até lá chega ao suprassumo deste setor. A APL tem 39 membros, o senhor acha que ela representa toda a literatura paranaense? O senhor conhece a instituição? Eu conheço como a maioria da população, das peças, dos contos e pela mídia. Não tenho nenhum amigo pessoal que é escritor. Mas eu não posso legislar para os meus amigos, tenho de legislar para as pessoas que eu não conheço e para as obras importantes. O senhor falou com alguém da APL? Não, com nenhum profissional. Falei com pessoas ligadas a mim. O senhor tem o hábito da leitura?

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Leio quando possível. Claro que me concentro nas questões do dia a dia. Mais do que ler, eu tenho a sensibilidade como deputado estadual e é uma obrigação minha reconhecer os talentos. O senhor pode citar um livro paranaense que o senhor leu e gostou? Olha, eu vou entrar no avião agora... Folha de Londrina Opinião da Folha / Educação em crise Talvez seja o momento de toda a sociedade repensar o tipo de educação dada aos menores e a geração que está sendo formada Que a educação enfrenta uma grave crise no Brasil não chega a ser novidade. Escolas com estruturas precárias, corpo docente mal preparado e desmotivado e alunos desinteressados são uma realidade em todo o País. O resultado acaba por refletir diretamente nos indicadores educacionais: grande número de analfabetos e de analfabetos funcionais, repetência e, por fim, profissionais sem preparo para enfrentar o mercado de trabalho. Reportagem de hoje da Folha aborda a estressante rotina enfrentada pelos professores. A indisciplina e a falta de comprometimento de parte dos estudantes somadas às condições de trabalho nem sempre adequadas, que incluem pressão por resultados, jornadas extensas e assédio moral, têm refletido diretamente na saúde dos docentes. O resultado é um grande número de afastamentos, segundo levantamento da Secretaria Estadual de Administração e Previdência. Em 2012, 12% do total de funcionários cerca de 9,55 mil pessoas foram afastados por transtornos mentais ou comportamentais. Outros 5 mil profissionais se afastaram por doenças do sistema osteomuscular e tecido conjuntivo. Os números são preocupantes e refletem, sobretudo, a falta de valores éticos e morais que assola a sociedade. O respeito aos mais velhos e a educação parecem ter sido esquecidos, em alguns casos, tanto por crianças e adolescentes como pelos pais. Talvez seja o momento de toda a sociedade repensar o tipo de educação dada aos menores e a geração que está sendo formada. A permissividade e a falta de limites não têm contribuído positivamente para o desenvolvimento humano. A educação é o principal fator que pode contribuir para o crescimento do País. Pode ajudar a reverter importantes indicadores, tanto de capacitação profissional, melhoria da mão de obra e produtividade do trabalhador, como índices de criminalidade e de desenvolvimento econômico. E, nesse processo, deve entrar a qualificação e a valorização dos professores. Política / Informe Folha Irineu de volta ao IFPR Depois de cinco meses afastado do cargo, o reitor do Instituto Federal do Paraná (IFPR), o ex-deputado federal pelo PT Irineu Colombo, voltou ao cargo ontem. A confirmação do retorno dele foi publicada no portal do instituto na internet, na sexta-feira. Colombo esteve afastado da reitoria, por determinação judicial, desde o mês de agosto do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Sinapse, pela Polícia Federal (PF), que culminou na prisão de 18 pessoas, suspeitas de envolvimento no desvio de R$ 6 milhões por meio de convênios fraudulentos com Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips). O afastamento de Colombo foi prorrogado pela Justiça uma vez, no mês de dezembro. Investigações em andamento Além da investigação iniciada pela PF atualmente no Ministério Público Federal (MPF) para oferecimento da denúncia também a Controladoria Geral da União (CGU) apura a participação de servidores nas supostas irregularidades no IFPR. O processo administrativo está em curso e o seu teor, segundo a CGU, não será divulgado até a conclusão. Não está descartado, porém, um novo afastamento do reitor e de outros envolvidos no procedimento. Em Londrina O campus Londrina do IFPR também foi alvo de recente busca e apreensão pela PF. No mês de dezembro, a ação recolheu documentos e computadores da diretoria a pedido do MPF, que apura, entre outras coisas, a suposta fraude em cartões ponto de professores do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

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Novo comando do TRE O desembargador Edson Luiz Vidal Pinto toma posse amanhã na presidência do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, em substituição ao desembargador Rogério Coelho. O desembargador Jucimar Novochadlo também assume a função de vice-presidente e corregedor do TRE. A solenidade de posse está marcada para as 17 horas. A nova cúpula diretiva será a responsável pela condução das eleições gerais de 2014. Famílias invadem terreno na Zona Norte Na quarta invasão irregular deste ano, cerca de 20 famílias ocuparam área pertencente à Cohab; ordem judicial prevê multa a transgressores Micaela Orikasa Londrina - Nas primeiras horas da manhã de sábado, cerca de 80 famílias ocuparam um terreno pertencente à Companhia de Habitação (Cohab), na Rua Rodolfo Keilhold, no Conjunto Semíramis 1 (Zona Norte). Muitas famílias demarcavam o terreno e outras, cerca de 20, já estavam com os barracos erguidos quando representantes da Cohab chegaram ao local, acompanhados de um oficial de Justiça, Polícia Militar e Guarda Municipal. Esta é a quarta invasão registrada desde o início do ano em Londrina. As demais ocorreram em áreas dos bairros São Jorge, Maria Cecília e Primavera, todas na região Norte, e são justificadas pelos ocupantes como uma reivindicação à casa própria. "Eu moro de favor e não tenho como pagar aluguel. Depois de uma reunião, quem estava desesperado optou por ocupar a área. Medo do que vai acontecer, todo mundo tem, mas é a forma que encontramos para ver se conseguimos alguma coisa", comentou Josiane da Silva, que afirmou ter cadastro na Cohab, mas que "por problemas de documentação", disse não conseguir dar andamento ao processo. Raissa Aparecida da Silva também estava montado o barraco onde pretende morar com a irmã e a filha pequena. "A gente precisa de um lugar. Sou mãe solteira e vivo de favor com mais sete pessoas na casa da minha avó. Ameaçaram tirar a gente daqui com um monte de papel, mas enquanto tiver gente, eu vou ficar", garantiu. A área ocupada é de aproximadamente quatro quadras. Ao longo da manhã, muitas famílias iam chegando e demarcando o local escolhido. Um oficial de Justiça tentava conversar, explicando que há uma ordem judicial de interdito proibitório, o que significa que a área não pode ser ocupada, sob pena de multa diária de R$ 1 mil para cada transgressor, que também poderá responder pelo crime de desobediência. A maioria das famílias veio do Jardim José Belinati, nas proximidades. "Fizemos um acordo com a Cohab para não tirar ninguém daqui até que a gente decida o que vai fazer", ressaltou Aldemiro Santos, presidente da Associação de Moradores do Jardim José Belinati, que marcou uma reunião para a tarde de ontem entre os ocupantes para definirem o que fazer. Moradora há mais de 30 anos no bairro, Darlene Kopinski ponderou que todo mundo tem direito à moradia, saúde, lazer e educação. "São direitos básicos da Constituição, mas não acho que o caminho é a invasão", apontou. A reportagem procurou o presidente da Cohab, José Roberto Hoffman, mas ele preferiu não se pronunciar sobre o caso. Resultado do concurso da Saúde deve sair esta semana MS Concursos divulgou a lista preliminar de aprovados na reavaliação da prova de títulos; candidatos têm até terça-feira para apresentar recursos Micaela Orikasa Londrina Na noite de sexta-feira, a MS Concursos divulgou o resultado preliminar da reavaliação da prova de títulos do concurso público da Secretaria Municipal de Saúde. A divulgação, prevista anteriormente para o dia 21 de janeiro, foi adiada após denúncias apresentadas por candidatos referentes a diferenças nas pontuações. "Foi feita uma recontagem dos pontos e dos títulos", afirma o secretário de Saúde, Mohamad El Kadri. O resultado pode ser conferido no no site www.msconcursos.com.br. O prazo para os candidatos apresentarem recursos é até terça-feira, mediante preenchimento do formulário

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próprio (Anexo V do edital) disponível no mesmo site. A homologação final está prevista para quinta-feira. O concurso para contratar servidores da saúde apresentou várias irregularidades desde julho de 2013, quando a própria Autarquia Municipal de Saúde ficou responsável pela realização da seleção. Com várias denúncias de questões plagiadas e uma recomendação do Ministério Público (MP), o concurso foi cancelado. Um novo concurso foi realizado no mês de dezembro, agora pela MS Concursos. Na ocasião, as provas para três cargos foram canceladas (condutor socorrista, assistente de enfermagem em Saúde da Família e Atenção Domiciliar e técnico de enfermagem em Urgência e Emergência), mas reaplicadas na primeira semana de janeiro. A prova para cargo de médico da Saúde da Família também foi cancelada após constatação de plágio e reaplicada no dia 12 de janeiro. Na semana passada, candidatos preocupados com as falhas no processo estiveram reunidos com a Comissão de Seguridade Social da Câmara e o secretário municipal de Saúde. Eles questionam a validade do concurso e não descartam entrar na Justiça. Pesquisa vai investigar saúde de docentes Doenças como depressão, estresse pós-traumático e Síndrome de Burnout fazem cada vez mais parte da ficha médica da categoria Carolina Avansini Dirigentes dos sindicatos que representam os professores nas redes pública e particular enfatizam que a atividade de docência, em muitos casos, representa riscos à saúde dos profissionais. Doenças como estresse, depressão, estresse pós-traumático e Síndrome de Burnout (caracterizada pela estafa profissional) fazem cada vez mais parte da ficha médica da categoria. Em 2009, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP Sindicato) realizou uma pesquisa empírica e constatou que, dos 7 mil entrevistados, 30% relatou afastamento do trabalho por depressão. Diante das evidências sobre as más condições de saúde dos professores, a Secretaria de Saúde e Previdência da APP-Sindicato e o Núcleo de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná (UFPR) iniciam nas próximas semanas a coleta de dados para uma pesquisa científica sobre o sofrimento mental docente. "Outra queixa recorrente são as doenças osteomusculares", afirma Idemar Vanderlei Beki, responsável pela Secretaria de Saúde e Previdência da APP-Sindicato. "Sabemos que a situação é alarmante, mas queremos um diagnóstico preciso sobre o que leva ao adoecimento para termos subsídios e cobrar soluções", argumenta. A pesquisa, segundo ele, será feita via internet, através de um site onde os professores poderão responder a um questionário. O trabalho é conduzido pelo professor Guilherme Albuquerque, da UFPR. "Faremos uma campanha de divulgação direcionada aos docentes para que participem das pesquisa", adianta. Para Beki, um dos principais fatores de adoecimento é a carga horária extensa, que obriga o professor a assumir várias turmas em vários períodos. "Por isso, estamos lutando para ampliar as horas-atividade de 30% para 33% da carga horária total." O ambiente escolar, que inclui a recorrente indisciplina, também contribui para o quadro. "O professor não é preparado para lidar com situações externas à atividade de docência, como por exemplo os problemas sociais da região da escola", comenta, acrescentando que a instituição absorve todos os problemas de seu entorno sem condições de conseguir dar conta. "Tem também a questão da frustração, de ir para a sala com a aula preparada e não conseguir realizar o trabalho", diz. O dirigente lembra que uma das consequências do sofrimento mental é o afastamento da sala de aula para funções burocráticas. "Em casos mais graves, acabam se aposentando por invalidez e sofrem rebaixamento do salário. Este professor é punido duas vezes: pela doença e pela redução dos rendimentos." Particulares Para os professores da rede particular, o grande fantasma da atividade docente é o assédio moral, conforme explicou André Cunha, presidente do Sindicato dos Professores das Escolas Particulares de Londrina e Norte do Paraná (Sinpro).

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Ele esclarece que o ritmo de trabalho dos professores se modificou bastante nos últimos cinco anos, com o amplo acesso dos alunos à internet. "Trabalha-se quatro a cinco vezes mais do que há dez anos para dar conta do volume de demandas imposto pelas novas tecnologias", afirma. Com relação à indisciplina dos alunos, o presidente comenta que a rotina dos professores da rede particular é marcada por um paradoxo: ao mesmo tempo em que deveriam ser a autoridade da sala, são cobrados pelos gestores das escolas para não desagradarem os "clientes". "Muitos gestores inclusive permitem o assédio dos pais aos professores sem qualquer filtro, até mesmo fornecendo o telefone particular", denuncia. Indisciplina de alunos gera frustração Professor de duas escolas particulares em Londrina, um educador ouvido pela reportagem da Folha, que não quis se identificar, relata que a falta de respeito por parte dos alunos faz parte da rotina. "Eles gritam, não atendem quando peço para sentarem, colocam apelidos nos professores e falam todo tipo de palavrões. É frustrante preparar a aula e não conseguir transmitir o que foi planejado por causa do tumulto", lamenta. As lembranças da época em que dava aulas na rede estadual não são diferentes. Em uma ocasião, o professor confessa que quase perdeu a razão quando foi ameaçado por um aluno que seguidamente assobiava quando ele apagava a luz da sala para tentar exibir um vídeo. "Quando consegui identificar quem estava tumultuando e pedi para sair da sala, ele se negou e veio para cima de mim. Quase perdi o controle, mas pensei na minha família", disse. Outra reclamação do mestre é sobre a pressão para dar muitas chances aos alunos sem condições de serem aprovados. "A preocupação em não perder a clientela afeta o trabalho do professor", acredita ele, que não se sente uma autoridade diante dos estudantes. "Infelizmente, a autoridade é de quem paga a mensalidade", afirma. Um dos pontos de discórdia do professor com relação aos gestores das escolas é sobre o uso de celular. "É liberado porque os pais podem querer falar com os filhos. Não seria mais fácil ligar na escola e passar um recado?", questiona. Além de provocarem distração, os equipamentos também ameaçam a privacidade dos professores e dos outros alunos, visto que muitos adolescentes tiram fotos durante as aulas. "Quando consigo perceber, mando apagar as fotos. Mas tem ocasiões que só vejo a foto quando já está nas redes sociais", diz. Em uma realidade parecida, apesar das diferenças sociais da clientela, um outro professor da rede estadual conta que a indisciplina dos alunos é tratada como se fosse inerente ao trabalho do docente pelos trabalhadores da Educação. "Os alunos conversam muito, não obedecem e não respeitam a autoridade do professor. É quase impossível dar uma aula expositiva de mais de dez minutos", desabafa ele, que apesar de não se ofender com o comportamento dos alunos, se sente constantemente desgastado. "É complicado ter que gritar para ser ouvido", diz. Entre os episódios que marcaram a carreira do profissional com relação à indisciplina, ele lembra da ocasião em que uma aluna, "por brincadeira", puxou a cadeira onde ia se sentar para fazer a chamada, fazendo-o cair no chão. "Era uma menina que inclusive demonstrava apreço por mim, mas não sabia obedecer regras. Não interpreto como falta de educação, mas como falta de cidadania. A aluna achou que o ambiente da escola era conivente com esse tipo de 'brincadeira'", disse, acrescentando que o mal-estar foi resolvido com um pedido formal de desculpas. Em outra ocasião, logo após fechar a porta da sala de aula ao final do intervalo, um aluno que ficou para fora, porque não voltou após a "tolerância de tempo" oferecida pelo professor aos retardatários, chutou a porta em questão para ter acesso à classe. "Eu estava atrás e fui atingido na cabeça. O problema também foi resolvido de forma interna, mas, para falar a verdade, nem lembro o desfecho. Eu tinha que me preocupar com os outros 40 alunos", diz. O professor comenta que não gosta de ser autoritário, o que algumas vezes acaba gerando interpretação errada por parte das crianças e adolescentes, que confundem liberdade com permissividade. "Tento lidar com a indisciplina de forma assertiva, solucionando os conflitos na própria sala. Infelizmente, não funciona para todos os alunos", lamenta. Promotor defende responsabilização

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O promotor Marcelo Briso, da Vara da Infância e Juventude de Londrina, informou que denúncias de desacato e ameaça aos professores por parte dos alunos fazem parte da rotina da Vara, mas acredita que os casos sejam subnotificados. Observa, também, que a promotoria está disponível para contribuir com o enfrentamento do problema. "Mas os fatos precisam ser trazidos até nós", enfatiza. Segundo ele, constituem atos infracionais passíveis de punição pela Justiça alguns casos recorrentes nas escolas que, muitas vezes, são confundidos com mera indisciplina. São eles os atos de xingar ou ofender o professor (chamados de crimes de injúria), lesões corporais ou vias de fato, perturbação do sossego e as ameaças. O crime de injúria, inclusive, engloba as ofensas proferidas publicamente pelas redes sociais da internet. "Criticar o professor não é crime", ressalva, explicando que os alunos têm direito, por exemplo, de expressar sua opinião sobre os métodos didáticos adotados pelo docente. Ele recomenda às escolas utilizar um primeiro filtro para avaliar o ato de indisciplina, pois o problema pode ser episódico e passível de ser resolvido internamente. "Já as situações recorrentes, mesmo que não sejam graves, devem ser levadas à promotoria para responsabilização", adverte. As medidas aplicáveis a cada caso são diversas, mas têm o objetivo comum de levar o adolescente a refletir sobre os próprios atos. "Pode ser desde uma advertência até a internação, nos casos mais graves, passando pela prestação de serviços à comunidade", afirma. Segundo o promotor, a Vara da Juventude existe para atender essas situações, mas as escolas não utilizam o serviço. "Existe uma cultura de décadas que determina que não se deve levar o ato infracional escolar à Justiça. É um ranço ideológico de que a Justiça é um instrumento de opressão", opina. Ele lembra que os atos infracionais, quando não há responsabilização, prejudicam o ambiente escolar, que deveria ser protegido. "Grande parte dos alunos quer e tem direito a um local adequado para a aprendizagem."