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1 Viver em Português – Portugal e a Europa Instituto de Emprego e Formação Profissional, IP INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL Delegação Regional do Norte Centro de Emprego e Formação Profissional do Porto VIVER EM PORTUGUÊS UFCD 6651 – PORTUGAL E A EUROPA

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Viver em Português – Portugal e a EuropaInstituto de Emprego e Formação Profissional, IP

INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONALDelegação Regional do NorteCentro de Emprego e Formação Profissional do Porto

VIVER EM PORTUGUÊSUFCD 6651 – PORTUGAL E A EUROPA

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ÍndiceResultados da aprendizagem………………………………………………………..……………………………..1.Organização do Estado Democrático……………………………………………………..

1.1.O Estado de Direito – a Constituição…………………………………………………………….1.1.1.A génese da nossa Constituição……………………………………………………..1.1.2.A prevalência da Lei Fundamental face a outras normas ou leis…………1.1.3.Princípios, direitos e garantias………………………………………………………..1.1.4.Organização política…………………………………………………………………….

2.Os Órgãos de Soberania – sua composição, competências e interligação…….2.1.Presidência da República, Assembleia da República, Governo e Tribunais………

3.A Administração Pública……………………………………………………………………3.1.Algumas competências a nível central, regional e local…………………………………

4.Integração de Portugal na União Europeia……………………………………………4.1.Principais motivações do pedido de adesão e implicações decorrentes da

integração……………………………………………………………………………………………………………….5.A Europa, o cidadão e o trabalho…………………………………………………………

5.1.Estados-Membros: sucessivos alargamentos……………………………………………….5.2.Mercado Único Europeu…………………………………………………………………………….5.3.Adesão à moeda única………………………………………………………………………………5.4.Os principais Tratados da União Europeia……………………………………………………5.5.As instituições europeias……………………………………………………………………………5.6.O cidadão/profissional europeu………………………………………………………………….

6.A Europa e o Mundo………………………………………………………………………….6.1.As principais organizações internacionais: organizações intergovernamentais (ONU, OTAN, entre outras) e organizações não-governamentais………………………..6.2.Nível de intervenção na resolução de problemas mundiais……………………………

Bibliografia…………………………………………………………………………………………………………..….

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1.Organização do Estado Democrático

Cidadão e cidadania e estados democráticos

Etimologicamente, a palavra cidadão ou cidadã tem origem na palavra “civitas”, que em latim significa cidade e tem o seu equivalente grego na palavra “politikos” – aquele que habita na cidade. Assim, começou por significar “habitante de uma cidade”. Atualmente, cidadão é todo aquele (individuo, homem, sujeito) que pertence a um país politicamente organizado com leis que o protegem e onde diariamente pode exercer direitos e deveres. Ser cidadão é ter direitos civis, políticos e sociais. Por direitos civis entende-se ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei; por direitos políticos podemos referir participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos, sendo os direitos sociais o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo e à saúde entre outros.

Para se ser cidadão é muito importante cumprir os nossos deveres, fazer valer os nossos direitos, respeitar os outros e o meio em que vivemos, saber viver em grupo ser participativo, ou seja, cidadão é ser chamado às responsabilidades para lutar pela defesa da vida com qualidade e do bem-estar geral.

A cidadania pode ser entendida como um estatuto político que confere direitos e responsabilidades definidas na lei (ex: votar). É a participação na vida pública (política, económica e social) dos cidadãos na sociedade. Daí que a educação para a cidadania seja essencial para a democracia e consequentemente para os estados democráticos. Em democracia é de grande importância a existência de cidadãos ativos, informados e responsáveis para assumir o seu papel na sociedade e contribuir para o processo político. Neste contexto a educação para a cidadania é essencial e deve começar com os mais jovens na medida em que lhes confere práticas e experiências necessárias à compreensão dos direitos e responsabilidades e prepara para as mudanças e oportunidades da vida adulta.

Os estados democráticos não só dependem de cidadãos que sejam conscientes dos seus direitos e responsabilidades; informados sobre aspetos políticos e sociais; preocupados com os outros; responsáveis e ativos na vida da comunidade, como também têm o dever de assegurar direitos fundamentais dos cidadãos, tais como: educação, saúde, justiça, liberdade de expressão e acesso à informação.

1. Leia, atentamente, o texto.2. Troque ideias com o seu grupo de trabalho sobre as seguintes questões:

A. Distinga os conceitos de cidadão e cidadania. B. Refira a importância da cidadania para a democracia e estados democráticos.C. Identifique os direitos e as liberdades dos cidadãos asseguradas pelo Estado.D. Em que situações do seu quotidiano observa boas e más práticas de cidadania?

1.1.O Estado de Direito – a Constituição1.1.1.A génese da nossa Constituição

Portugal é uma república desde 5 de Outubro de 1910, antes dessa data, desde a fundação do reino de Portugal, em 1143, vigorou a monarquia (tipo de governo em que apenas uma pessoa – o monarca - detém o poder soberano, geralmente, de forma vitalícia ou, até, abdicação).

Assim, o período compreendido entre 1910 e 1926 ficou conhecido como a primeira república, de 1926 a 1974 por estado novo e a partir de 1974 por estado democrático.

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A Democracia é um regime de governo onde o poder de tomar decisões políticas importantes reside no povo, que pode exercer esse poder, directa ou indirectamente, por meio de representantes eleitos. Em democracia são os cidadãos que escolhem os seus governantes.

A democracia repousa sobre a liberdade, a igualdade, o princípio da escolha da maioria e o estado de direito. A democracia directa refere-se ao sistema onde os cidadãos decidem directamente cada assunto por votação, enquanto que na democracia representativa ou indirecta, os cidadãos elegem representantes, em intervalos regulares, que então votam os assuntos em seu favor.

Muitas democracias representativas modernas incorporam alguns elementos da democracia directa, normalmente na modalidade de referendo. A Democracia opõe-se à ditadura e ao totalitarismo onde o poder reside num grupo auto-eleito.

Portugal viveu durante cerca de quarenta e oito anos um período de ditadura, caracterizado pela concentração de poderes, restrição das liberdades de opinião e de imprensa.

Portugal enfrentava uma guerra nos territórios das então colónias de Angola, Moçambique e Guiné, iniciada em 1961, e vivia isolado no contexto internacional onde era reivindicada a autodeterminação e a independência dos, à data considerados, territórios africanos de Portugal (Angola, Moçambique, Guiné, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde). Este período é conhecido por Estado Novo.

Foi na madrugada de 25 de Abril de 1974 que o Movimento da Forças Armada (MFA) “derrubou” a ditadura e deu início a uma marcha, algo conturbada, para restituir aos portugueses os direitos e liberdades fundamentais e implantar a democracia no País.

Um ano depois foram organizadas eleições livres para a escolha dos deputados à Assembleia Constituinte. Por se tratar do primeiro ato de liberdade e de responsabilidade cívica, a maioria da população com idade para exercer o direito de voto deslocou-se em massa às urnas. Foi esta Assembleia que elaborou a Constituição de 1976 onde ficaram plasmados os grandes objectivos da revolução.

De acordo com o artigo 2.º da Constituição

“ A República Portuguesa é um Estado democrático, baseado […] no respeito e na garantia dos direitos e liberdades fundamentais e no pluralismo de expressão e organização democrática.”

A Constituição garantiu, ainda, os direitos cívicos, económicos e sociais dos cidadãos. É a mesma Constituição, com algumas alterações ocorridas posteriormente, em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001, 2004 e 2005, que continua hoje em vigor.Desde 1975 foram realizadas várias eleições, que contribuíram para a institucionalização do regime democrático. Constituição da República Portuguesa (CRP)

A Constituição da República Portuguesa (CRP) é o normativo supremo do ordenamento jurídico de estado. É ela que define a formação, a composição, a competência e o funcionamento dos órgãos de soberania e prevê os direitos e garantias fundamentais.

A Constituição da República elaborada em 1976, à semelhança das modernas constituições políticas e demais legislação de numerosos estados, inspira-se, no campo dos direitos e liberdades fundamentais, na Declaração Universal dos Direitos do Homem (n.º 2 do artigo 16.º da CRP).´

A Constituição da República Portuguesa (CRP) consagra um conjunto de direitos, liberdades e garantias para todos os cidadãos. De igual modo, diferentes leis e regulamentos nacionais corporizam e densificam as normas constitucionais aplicáveis nesta matéria.

1.1.2.A prevalência da Lei Fundamental face a outras normas ou leisNa medida em que os preceitos constitucionais são a referência de todo o sistema político de um Estado, as leis ordinárias são-lhes subordinadas e não podem contradizê-los nem alterá-los.

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A conformidade das leis ordinárias à Constituição é salvaguardada por órgãos competentes (no caso português, na actualidade, pelo Tribunal Constitucional) e a revisão do diploma fundamental tem que obedecer a determinadas formalidades, definidas na própria Constituição.

1.1.3.Princípios, direitos e garantias da CRP Direitos, liberdades e garantias pessoais Direitos, liberdades e garantias de participação política Direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores Direitos e deveres económicos, sociais e culturais

1.1.4.Organização políticaPrincípios gerais

Titularidade e exercício do poder O poder político pertence ao povo e é exercido nos termos da Constituição.

Participação política dos cidadãos A participação directa e activa de homens e mulheres na vida política constitui condição e instrumento fundamental de

consolidação do sistema democrático, devendo a lei promover a igualdade no exercício dos direitos cívicos e políticos e a não discriminação em função do sexo no acesso a cargos políticos.

Órgãos de soberania São órgãos de soberania o Presidente da República, a Assembleia da República, o Governo e os Tribunais. A formação, a composição, a competência e o funcionamento dos órgãos de soberania são os definidos na Constituição.

Separação e interdependência Os órgãos de soberania devem observar a separação e a interdependência estabelecidas na Constituição. Nenhum órgão de soberania, de região autónoma ou de poder local pode delegar os seus poderes noutros órgãos, a não

ser nos casos e nos termos expressamente previstos na Constituição e na lei.

Atos normativos São actos legislativos as leis, os decretos-leis e os decretos legislativos regionais.

Princípios gerais de direito eleitoral O sufrágio directo, secreto e periódico constitui a regra geral de designação dos titulares dos órgãos electivos da

soberania, das regiões autónomas e do poder local. O recenseamento eleitoral é oficioso, obrigatório, permanente e único para todas as eleições por sufrágio directo e

universal.

Partidos políticos e direito de oposição Os partidos políticos participam nos órgãos baseados no sufrágio universal e directo, de acordo com a sua

representatividade eleitoral. É reconhecido às minorias o direito de oposição democrática, nos termos da Constituição e da lei.

Referendo Os cidadãos eleitores recenseados no território nacional podem ser chamados a pronunciar-se directamente, a título

vinculativo, através de referendo, por decisão do Presidente da República, mediante proposta da Assembleia da República ou do Governo, em matérias das respectivas competências, nos casos e nos termos previstos na Constituição e na lei.

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Órgãos colegiais As reuniões das assembleias que funcionem como órgãos de soberania, das regiões autónomas ou do poder local são

públicas, excepto nos casos previstos na lei. As deliberações dos órgãos colegiais são tomadas com a presença da maioria do número legal dos seus membros.

Estatuto dos titulares de cargos políticos Os titulares de cargos políticos respondem política, civil e criminalmente pelas acções e omissões que pratiquem no

exercício das suas funções. A lei dispõe sobre os deveres, responsabilidades e incompatibilidades dos titulares de cargos políticos, as consequências

do respectivo incumprimento, bem como sobre os respectivos direitos, regalias e imunidades. A lei determina os crimes de responsabilidade dos titulares de cargos políticos, bem como as sanções aplicáveis e os

respectivos efeitos, que podem incluir a destituição do cargo ou a perda do mandato.

2.Os Órgãos de Soberania – sua composição, competências e interligação2.1.Presidência da República, Assembleia da República, Governo e Tribunais

A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e na organização política e democrática, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais.

Órgãos de soberania São órgãos de soberania o Presidente da República, a Assembleia da República, o Governo e os Tribunais. A função, a composição, a competência e o funcionamento dos órgãos de soberania são os definidos na Constituição.

Os órgãos de soberania que exercem o poder político (o Presidente, a Assembleia e o Governo) de acordo com a Constituição Portuguesa, constituem um sistema de equilíbrio de poderes. Os tribunais funcionam como ramo independente em relação às instâncias do poder político supremo.

Este sistema de governo deve reunir as seguintes condições: Separação e equilíbrio de poderes; Limitação e controlo mútuo dos órgãos de poder; Estabilidade do sistema político; Eficácia do governo; Capacidade de superação de impasse político.

O princípio da separação e da interdependência de poderes, entre o poder legislativo, o poder executivo e o Presidente da República constitui uma das características do sistema do governo português (Artigo 111.º da CRP).

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Leia o texto seguinte:

O Big Brother e a democracia

Ao vermos pedaços de certos reality shows…não podemos deixar de pensar que qualquer Governo é demasiado bom para aquelas pessoas. Daqui até pôr em causa a democracia é um pequeno passo.

Será aquela gente… que deverá eleger o Governo do país?Aqui reside, provavelmente, a questão mais delicada da democracia. Que só pode ser resolvida do seguinte modo: os

governos são eleitos pelo povo, mas não podem ter como objetivo agradar ao povo.Não seriam necessários, de resto, os reality shows para o provar.A esmagadora maioria das pessoas, se fosse questionada a respeito do trabalho e dos impostos, responderia que

gostava de trabalhar menos, ganhar mais e pagar menos impostos.Ora isso, obviamente, é impossível.Nenhum Governo pode, portanto, ter como meta tomar sempre decisões capazes de suscitar o aplauso das massas.

Pelo contrário: tem de ser, por vezes, antipático. Tem de enfrentar a “opinião pública”. Tem de ser capaz de prever o futuro e adotar medidas que façam com que o país seja, amanhã, melhor do que é hoje. Mesmo que isso implique sacrifícios.

É uma ilusão pensar que a democracia significa governar com simpatia. Democracia significa ser eleito por todos – o que é diferente…

O Governo do país não pode descer ao nível do Big Brother. Porque se o fizer, mesmo os adeptos dos reality shows amanhã não lhe agradecerão.

José António Saraiva, Expresso, 26 de Maio de 2001 (com supressões)

1. Deve ou não um Governo eleito democraticamente ter como meta agradar o povo?2. A democracia poderá evitar a demagogia?3. Quais as vantagens de um regime democrático relativamente a outros não democráticos?

Presidente da RepúblicaO Presidente da República ocupa, nos termos da Constituição, um dos três vértices do sistema de

órgãos de soberania que exercem o poder político.O Presidente da República representa a República Portuguesa, garante a independência nacional e a

unidade do Estado e regula o funcionamento das instituições democráticas. É, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas. (art.º 120.º da CRP).

O Presidente da República é eleito por sufrágio universal, directo e secreto, dos cidadãos portugueses eleitores recenseados no território nacional, bem como dos cidadãos portugueses residentes no estrangeiro, que mantenham laços de efectiva ligação à comunidade nacional, nos termos da lei. A idade mínima para exercer o direito de voto é de 18 anos.

Nos termos do artigo 1.º, na redacção dada pela Lei Orgânica n.º 2/2006, de 17 de Abril que procedeu à quarta alteração à Lei n.º 37/81, de 3 de Outubro (lei da nacionalidade), são portugueses de origem:

a) Os filhos de mãe portuguesa ou de pai português nascidos no território português;b) Os filhos de mãe portuguesa ou de pai português nascidos no estrangeiro se o progenitor português aí se encontrar ao serviço do Estado Português;c) Os filhos de mãe portuguesa ou de pai português nascidos no estrangeiro se tiverem o seu nascimento inscrito no registo civil português ou se declararem que querem ser portugueses;

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d) Os indivíduos nascidos no território português, filhos de estrangeiros, se pelo menos um dos progenitores também aqui tiver nascido e aqui tiver residência, independentemente de título, ao tempo do nascimento;e) Os indivíduos nascidos no território português, filhos de estrangeiros que não se encontrem ao serviço do respectivo estado, se declararem que querem ser portugueses e desde que, no momento do nascimento, um dos progenitores aqui resida legalmente há pelo menos cinco anos;f) Os indivíduos nascidos em território português e que não possuam outra nacionalidade.

Assembleia da RepúblicaA Assembleia da República é a assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses. É na Assembleia da República que são feitas as leis e são debatidos os grandes projectos nacionais.O Primeiro-Ministro e os restantes membros do Governo prestam contas a esta Assembleia. A

Assembleia tem o mínimo de 180 e o máximo de 230 deputados, nos termos eleitorais.As candidaturas para deputados são apresentadas, nos termos da lei, pelos partidos políticos, isoladamente ou em

coligação. As listas podem integrar cidadãos não inscritos nos respectivos partidos políticos. Os deputados representam todo o país e não os círculos por que são eleitos. Os deputados eleitos por cada partido ou coligação de partidos podem constituir-se em grupo parlamentar.

GovernoO Governo é o órgão encarregue de conduzir a política geral do país e é, ao mesmo tempo, o órgão superior da administração pública.O Governo é constituído pelo Primeiro-ministro, pelos Ministros e pelos Secretários e Subsecretários de Estado e pode incluir um ou mais Vice Primeiro-ministro. Os membros do Governo reúnem-se em

Conselho de Ministros.O Primeiro-Ministro é nomeado pelo Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da

República e tendo em conta os resultados eleitorais. Os restantes membros do governo são nomeados pelo Presidente da República, sob proposta do Primeiro-ministro.

O programa do governo é o instrumento onde constam as principais orientações políticas e medidas a adoptar, ou a propor, nos diversos domínios da actividade governamental.Tribunais

Os tribunais são órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo. É nos tribunais que os cidadãos, cujos direitos são violados, podem exigir a efectivação desses mesmos direitos. Os tribunais são independentes e apenas estão sujeitos à lei.

As decisões dos tribunais devem ser fundamentadas na forma prevista na lei. As decisões do tribunal são obrigatórias para todas as entidades públicas e privadas.

Existem as seguintes categorias de tribunais: Tribunal Constitucional Supremo Tribunal de Justiça Tribunais Judiciais de Primeira e Segunda Instância Supremo Tribunal Administrativo Tribunais Administrativos e Fiscais.

O MUSEU DA PRESIDÊNCIA

Cavaco Silva tem-se demitido quase todos os dias, desde que foi eleito.

Na segunda-feira, o Presidente da República foi homenageado por centenas de figuras notáveis do País, que lhe elogiaram a honestidade e a nobreza de carácter. Infelizmente, foi o Presidente da República que chefiou o Estado entre 1976 e

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1986. Antes disso, na semana passada, o Presidente da República tinha mobilizado centenas de cidadãos, de todos os quadrantes políticos, para um combate em defesa da lei e da justiça. Infelizmente, foi o Presidente da República que exerceu as funções entre 1986 e 1996. O atual Presidente da República não mobilizou ninguém nem recebeu louvores. Uma injustiça. Por azar, Marcel Marceau, requintado apreciador de silêncios, morreu em 2007, e por isso não pode organizar homenagens a distintos companheiros de profissão. A Escola Superior de Artes Decorativas da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva continua a adiar o tributo ao homem que, juntamente com o naperon sobre o televisor e os cães de loiça, mais fez pela decoração lusa. Sobretudo numa altura de ressurgimento do kitsch, não se entende que Cavaco Silva continue a ser esquecido, quer pela academia, quer pela sociedade civil.

A recusa, tão injusta quanto obstinada, de reconhecer o valor e o mérito do atual Presidente, manifesta-se no pedido absurdo para que Cavaco Silva se demita. Cavaco Silva tem-se demitido quase todos os dias, desde que foi eleito: demite-se de responsabilidades no estado do País, apesar de ter ocupado os mais altos cargos durante cerca de 20 anos; demite-se das suas funções sendo conivente com tendência do Governo para a ilegalidade; demite-se do seu papel de árbitro protegendo sempre os mesmos. O Presidente não tem feito outra coisa senão demitir-se. Exigir-lhe que se demita, francamente, é embirração.

Além do mais, pede-se demasiado a Cavaco Silva. Pretende-se que o Presidente seja mais ativo a pedir ao Tribunal Constitucional a fiscalização preventiva de leis manifestamente iníquas. No entanto, é aí que reside um dos problemas fundamentais da nossa democracia. Toda a gente já percebeu que o funcionamento das instituições devia estar invertido: tudo seria mais fácil e rápido se o Tribunal Constitucional pudesse pedir a fiscalização preventiva do Presidente da República. Concluía-se que não estava conforme à Constituição e íamos todos para casa.

(Ricardo Araújo Pereira, 5 de dezembro de 2013, in Visão)

A. Explique a ironia evidente ao longo do primeiro parágrafo.B. Comente a frase: “Cavaco Silva tem-se demitido quase todos os dias, desde que foi eleito.”.C. Prove que o Presidente da República, de acordo com o cronista, não está a cumprir com as suas funções.D. Elabore um comentário pessoal sobre a crónica que acabou de ler.

Símbolos da República

Os símbolos nacionais pretendem unir pessoas criando representações visuais, verbais ou icónicas do povo, dos valores, objetivos ou da história nacional.

Estes símbolos são frequentemente mobilizados como parte de celebrações de patriotismo ou de aspirações nacionalistas (tais como em movimentos de independência, autonomia ou separatismo) e são projetados para ser inclusivos e representativos de todas as pessoas da comunidade nacional.

A Constituição da República determina, no seu artigo 11º, nºs. 1 e 2:

1 – A Bandeira Nacional, símbolo da soberania da República, da independência, da unidade e integridade de Portugal é a adotada pela República instaurada pela Revolução de 5 de outubro de 1910.

2 – O Hino Nacional é A Portuguesa.

A Bandeira Nacional, símbolo da soberania da República, da independência, da unidade e da integridade de Portugal, é a adoptada pela República, instaurada pela Revolução de 5 de Outubro de 1910.

Significado das cores da Bandeira: O vermelho significa a alegria e o sangue derramado

pelos portugueses; O verde representa a esperança; A esfera armilar representa os descobrimentos

portugueses;

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A faixa com os sete castelos representa a independência nacional; O escudo com as quinas é uma homenagem à bravura e feitos dos portugueses que lutaram pela independência.

O Hino Nacional é A Portuguesa:Heróis do mar, nobre PovoNação valente, imortal,Levantai hoje de novoO esplendor de Portugal!Entre as brumas da memóriaÓ Pátria, sente-se a vozDos teus egrégios avós,Que há-de guiar-te à vitóriaÀs armas, às armas!Sobre a terra, sobre o mar,Às armas, às armas!Pela Pátria lutarContra os canhões marchar, marchar!

(Composição: Alfredo Keil/ Henrique Lopes de Mendonça).

"A Portuguesa" foi composta em 1890, com letra de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil, e foi utilizada desde cedo como símbolo patriótico mas também republicano. Aliás, em 31 de Janeiro de 1891, numa tentativa falhada de golpe de Estado que pretendia implantar a república em Portugal, esta canção já aparecia como a opção dos republicanos para hino nacional, o que aconteceu, efetivamente, quando, após a instauração da República a 5 de Outubro de 1910, a Assembleia Nacional Constituinte a consagrou como símbolo nacional em 19 de Junho de 1911.

A Portuguesa, proibida pelo regime monárquico, que originalmente tinha uma letra um tanto ou quanto diferente (mesmo a música foi sofrendo algumas alterações) — onde hoje se diz "contra os canhões", dizia-se "contra os bretões", ou seja, os ingleses.

Em 1956, existiam no entanto várias versões do hino, não só na linha melódica, mas também nas instrumentações, especialmente para banda, pelo que o governo nomeou uma comissão encarregada de estudar uma versão oficial de A Portuguesa. Essa comissão elaborou uma proposta que seria aprovada em Conselho de Ministros a 16 de Julho de 1957, mantendo-se o hino inalterado deste então.

Nota-se na música uma influência clara do hino nacional francês, La Marseillaise, também ele um símbolo revolucionário.A Portuguesa é executada oficialmente em cerimónias nacionais, civis e militares, onde é prestada homenagem à Pátria,

à Bandeira Nacional ou ao Presidente da República. Do mesmo modo, em cerimónias oficiais no território português por receção de chefes de Estado estrangeiros, a sua execução é obrigatória depois de ouvido o hino do país representado.

Deve ser ouvido e cantado de pé, em sinal de respeito.

1. Refira quais os símbolos nacionais presentes no documento que acabou de ler.2. O que se entende por símbolo nacional?3. Qual o objetivo da existência desses símbolos nacionais?4. Quem tiver ações de desrespeito para com a bandeira nacional é punido perante a lei.

Concorda com tal punição? Fundamenta a tua resposta.

3.A Administração Pública3.1.Algumas competências a nível central, regional e local

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Administração Pública

O Decreto-Lei n.º 135/99, de 22 de Abril, estabelece que os Serviços e Organismos da Administração Pública estão ao serviço do cidadão e devem orientar a sua acção de acordo com os princípios da qualidade, da protecção, da confiança, da comunicação eficaz e transparente, da simplicidade, da responsabilidade e da gestão participativa (art.º. 2).

Estes princípios são também os que regem as relações entre a Administração e os cidadãos imigrantes, já que nada na lei ou na Constituição justifica a existência de qualquer desigualdade de tratamento (Vide art.º 15 da Constituição da República Portuguesa).

A Administração Pública, nos termos do Código de Procedimento Administrativo, deve, nas suas relações com os particulares, respeitar sempre diversos princípios, dos quais se destacam:

Princípio da legalidade (deve obedecer à Lei e ao Direito); Princípio da igualdade (é-lhe vedado favorecer ou desfavorecer alguém, por todas as razões previstas no artigo 13.º n.º 2

da CRP); Princípio da imparcialidade (ser isento, não se deixar influenciar por razões subjectivas ou pessoais); Princípio da decisão (dever de decidir sobre quaisquer assuntos que lhe sejam apresentados).

Regiões AutónomasOs Açores e a Madeira gozam de autonomia regional, exercida através de um regime político-administrativo próprio, que se fundamenta nas suas características geográficas, económicas, sociais e culturais.

A autonomia regional materializa-se nas eleições de assembleias locais, pelos residentes das respectivas regiões, bem como na formação de um governo regional.

Órgãos das Regiões Autónomas Assembleia Regional - Presidente da Assembleia Regional Governo Regional - Presidente do Governo Regional

A soberania da República é especialmente representada, em cada uma das regiões autónomas, por um Ministro da República.

Poder local Para além do poder central e das regiões autónomas, a Constituição de 1976 institucionalizou em Portugal o poder local.

O País está dividido em Distritos, estes em Municípios, que por sua vez, se dividem em Freguesias.

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Autarquias locais A organização democrática do Estado compreende a existência de autarquias locais. As autarquias locais são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que visam a prossecução de

interesses próprios das populações respectivas.

Categorias de autarquias locais e divisão administrativa No continente as autarquias locais são as freguesias, os municípios e as regiões administrativas. As regiões autónomas dos Açores e da Madeira compreendem freguesias e municípios. Nas grandes áreas urbanas e nas ilhas, a lei poderá estabelecer, de acordo com as suas condições específicas, outras

formas de organização territorial autárquica. A divisão administrativa do território será estabelecida por lei.

O Município é a autarquia local que visa a prossecução de interesses próprios da população residente na circunscrição concelhia, mediante órgãos representativos por ela eleitos. As Freguesias são autarquias locais que, dentro do território municipal, visam a prossecução de interesses próprios da população residente em cada circunscrição paroquial.

Municípios Assembleia Municipal Câmara Municipal

Assembleia MunicipalA assembleia municipal é o órgão deliberativo do município. É formada pelos presidentes das Juntas de Freguesia e por membros eleitos por sufrágio universal, directo e secreto. Competências da Assembleia Municipal

Acompanhar e fiscalizar a actividade da Câmara; Aprovar o plano de actividades, orçamento e suas revisões, propostos pela Câmara Municipal, bem como o relatório, balanço e a conta de gerência; Aprovar o Plano Director Municipal.

Câmara MunicipalA Câmara Municipal é constituída por um presidente e por vereadores. É o órgão executivo colegial do município, eleito pelos cidadãos eleitores recenseados na sua área.

Algumas áreas da intervenção da Câmara Municipal: Acção Social – disponibiliza apoio técnico e financeiro nas áreas da infância, idosos, pessoas com deficiência, sem

abrigo, minorias e desenvolvimento comunitário; Educação – disponibiliza apoio a projectos da Escola de todos os níveis do ensino, do pré-escolar ao secundário; Acção Social Escolar - cantinas e actividades de tempos livres, transportes escolares, colónias de férias, suplemento

alimentar; Habitação Social; Reabilitação Urbana; Cultura; Desporto.

Os municípios dispõem ainda de serviços no âmbito do atendimento municipal que têm por função genérica atender e encaminhar os munícipes, bem como receber e encaminhar todos os assuntos que o munícipe pretenda apresentar à Câmara.

Freguesias Assembleia de Freguesia Junta de Freguesia

Assembleia de FreguesiaA Assembleia de Freguesia é eleita por sufrágio universal, directo e secreto dos cidadãos recenseados na área da freguesia, segundo o sistema de representação proporcional.

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Constituição da Junta de FreguesiaA Junta de Freguesia é o órgão colegial da freguesia. É constituída por um presidente e por vogais, sendo que dois exercerão as funções de secretário e de tesoureiro.

Competências da Junta de Freguesia As Juntas de Freguesia têm competências próprias e competências delegadas pela Câmara Municipal. Compete à Junta de Freguesia, nomeadamente: Deliberar as formas de apoio a entidades e organismos legalmente existentes, com vista à prossecução de obras ou

eventos de interesse para a freguesia, bem como à informação e defesa dos direitos dos cidadãos; Lavrar termos de identidade e justificação administrativa; Passar atestados nos termos da lei; Celebrar protocolos de colaboração com instituições públicas, particulares e cooperativas que desenvolvam a sua

actividade na área da freguesia.

1. Em grupo, e com o suporte teórico fornecido pelo formador, preparem um debate, subordinado ao tema:“Fusão de freguesias: poupança inevitável ou perda de poder local?”

4.Integração de Portugal na União Europeia4.1.Principais motivações do pedido de adesão e implicações decorrentes da integraçãoAntecedentes Portugal embora não tenha participado na IIª. Guerra Mundial (1939-1945), não deixou de estar envolvido nos movimentos que lhe sucederam no sentido de se criarem na Europa organizações de cooperação entre os vários Estados. A manutenção das suas colónias de Portugal em África, Ásia e Oceânia rapidamente se tornaram num obstáculo a esta cooperação, acabando por isolar progressivamente o país no contexto internacional. A partir dos anos 60 a situação tornou-se insustentável. A manutenção das colónias, com tudo o que elas implicaram, representou um obstáculo brutal ao desenvolvimento numa fase de expansão económica do mundo ocidental.

A Opção Europeia (1974-1985)O derrube da ditadura, a 25 de Abril de 1974, marcou uma profunda mudança em todo o país, um dos mais pobres em toda a Europa. A longa guerra colonial (1961-1974) absorveu a maior parte dos recursos económicos e humanos do país condicionando de forma brutal o seu desenvolvimento. Foi por isso que o fim do "Império Colonial" (1974/75) só por si implicou uma verdadeira revolução:

Economia . Estava dependente das colónias, o seu fim implicava uma completa reorganização da economia. Muitas das grandes empresas do país encerraram, sectores económicos inteiros entraram em ruptura. O desemprego não tardou a subir.

População . O fim das colónias implicou o regresso de cerca de um milhão de pessoas. As guerras civis que depois se desencadearam em Angola, Moçambique, Timor e Guiné-Bissau trouxeram para Portugal até aos anos 90, centenas de milhares de refugiados. A população tornou-se mais heterogénea, contribuindo para agravar os problemas sociais já existentes.

Estado . O aparelho de Estado, com uma vasta organização para dirigir o Império Colonial, entrou em colapso. Não tardou em ser assaltado vários grupos profissionais que se apropriaram das suas estruturas para manterem privilégios ou criarem outros. A cultura parasitária, típica do Estado colonial, persistiu embora sob novas formas.

Finanças Públicas .

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A inflação neste período chegou a atingir valores superiores a 29%. O escudo foi desvalorizado várias vezes. As finanças públicas estiveram à beira da bancarrota. Por duas vezes Portugal foi obrigado a negociar um acordo com o FMI (1977 e 1983).

A conflitualidade social neste período foi sempre muito intensa. É neste quadro que surge a opção Europeia e em particular o pedido de adesão à CEE (1977). Tinha em vista atingir três objectivos:

a) Evitar o isolamento do país; b) Obter apoios externos para consolidar o regime democrático; c) Conseguir ajudas económicas para relançar a economia e fazer as reformas necessárias no país.

Embora a situação do país fosse pouco favorável, em dez anos de democracia registaram-se enormes progressos em todos os indicadores sociais e nas infra-estruturas. O balanço era francamente positivo.

3. Adesão à CEE (1986-1992)No dia 1 de Janeiro de 1986 Portugal entrava na CEE. A entrada representou uma efectiva abertura económica e um aumento na confiança interna da população. O Estado pouco ou quase nada se reformou, as clientelas do costume continuaram a engordar. Apesar de tudo avançou-se bastante em termos da concretização de muitos direitos sociais (habitação, saúde, educação, etc.). As infra-estruturas começaram a renovar-se a bom um ritmo. O crescimento económico atingiu valores surpreendentes, impulsionada pelas obras públicas e o aumento de consumo interno. Graças a uma política económica conduzida por iberistas, as empresas espanholas tiveram uma entrada facilitada em sectores estratégicos de Portugal, o que contribuiu para o colapso das exportações nacionais.

4. União EuropeiaA CEE, em 1992, dá origem à União Europeia. No horizonte está agora a criação de uma moeda única, uma política externa comum, e a longo prazo a união política (federação de estados). Portugal acompanha todo o processo. Portugal adere ao Euro que, em 2002, substituiu a moeda nacional - o escudo. Este facto que só por si implicava no curto prazo uma revolução na economia portuguesa.

O país:a) Passava a ter uma moeda forte, mas deixava de a poder desvalorizar para tornar competitivos os seus produtos; b) O simples fabrico de artigos de baixo valor acrescentado, como os têxteis ou o calçado, deixou de ser competitivo; c) O crédito tornou-se mais barato, provocando desde logo o aumentando do consumo interno, fazendo subir o endividamento das famílias; As poupanças das famílias desceram a pique.d ) As importações começaram a crescer mais do que as exportações.

Os resultados não se fizeram esperar. Entre 1986 e 1998, o PIB português crescia a uma média de 5% ao ano, depois baixou para zero. O desemprego, em 1998, estava nos 5% subiu para 8% em 2005. A divida pública era 55% do PIB subiu para 64%. O rendimento "per capita", em 1998, era 71% da média europeia desceu para 66% em 2005. Apenas a inflação estabilizou entre 1998 e 2005 (2,2 e 2,3, respectivamente).

5. DecepçãoO alargamento da União Europeia (UE), fez disparar em Portugal a concorrência interna, agravada com o impacto da globalização. A moeda forte, adoptada em 2002, implicava e implica uma revolução completa na economia portuguesa, mas tal não aconteceu.As consequências deste processo, a partir de 2002, tornaram-se catastróficas: estagnação económica, encerramento de muitas empresas, aumento do desemprego, etc. O desempenho económico de Portugal tornou-se decepcionante, e a crise não tardou a instalar-se. Algo semelhante ocorreu em outros países europeus, como a Grécia, Espanha, Itália e a Irlanda. O crédito fácil fez disparar os níveis de endividamento dos estados, famílias e empresas. As estruturas produtivas foram abandonadas, em favor de uma economia de serviços e de especulação imobiliária.A crise que se se instalou na economia mundial após 2009, teve efeitos devastadores nestes países, que se traduziu no aumento brutal dos seus custos de financiamento externo. Os juros subiram, obrigando os estados a cortarem nas despesas, nomeadamente nos apoios sociais.

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A UE, e em especial os países da zona Euro, dividiram-se. Os que haviam sido menos afectados pela crise financeira, acusaram os restantes de ser perdulários, pouco empreendedores e de se terem habituado a viver à custa de dinheiro barato, pensando que se podiam endividar indefinidamente. Devido a uma incrível sucessão de políticos incompetentes, sustentados em aparelhos partidários que se alimentam da corrupção que grassa no Estado, autarquias e empresas públicas, os resultados globais não tem sido os melhores para o país. Portugal não pára de divergir no seu desenvolvimento da média europeia.

6. AlternativasOs portugueses depois de 2011 tiveram a clara consciência que cometeram um claro erro estratégico em relação à União Europeia. A excessiva focalização das suas relações económicas e políticas na UE, reforçaram o carácter periférico do país periférico em relação ao centro da Europa, e tornaram-no refém de grandes potências como a Alemanha. A crise económica internacional, em que foram mergulhados, foi habilmente aproveitado pelos alemães para imporem a Portugal regras benéficas para as suas empresas, como já haviam imposto à Grécia. A única alternativa viável é a da diversificação das relações económicas e políticas fora do espaço da União Europeia, tirando partido da globalização e de laços históricos com outras regiões do mundo.A insatisfação em relação à UE, comum à maioria dos outros estados membros, está ligada aos problemas económicos que Portugal atravessa, mas também em relação à falta de democraticidade no funcionamento da UE e a enorme incerteza quanto ao seu futuro. Apesar disto é um facto que a União Europeia (UE), tal como a CEE trouxe para Portugal enormes benefícios, permitindo melhorar as condições de vida da maior parte da população.

5.A Europa, o cidadão e o trabalho5.1.Estados-Membros: sucessivos alargamentos

A União Europeia é uma parceria económica e política de características únicas entre 28 países europeus que, em conjunto, abrangem uma grande parte do continente europeu. Desde a sua criação, a UE tornou-se um grande mercado único com uma moeda comum, o euro. Aquilo que começara como uma união puramente económica, converteu-se numa organização activa em inúmeras áreas, que vão desde a ajuda ao desenvolvimento até ao ambiente.A UE baseia-se nos princípios do Estado de Direito. Isto significa que todas as medidas tomadas pela UE assentam em tratados, que foram voluntária e democraticamente aprovados

por todos os países membros. Neles estão consagrados os objectivos da UE em numerosos domínios de intervenção. Um dos seus objetivos centrais é promover os direitos humanos tanto na UE como no resto do mundo. A UE assenta nos valores da dignidade humana, liberdade, democracia, igualdade, Estado de Direito e respeito pelos direitos humanosA União Europeia está aberta a todos os países europeus que respeitem os critérios democráticos, políticos e económicos necessários.Sucessivos alargamentos fizeram crescer a União Europeia de seis para 28 membros. Desde 2010, outros países estão a negociar a adesão (a Islândia e a Turquia, entre outros) ou encontram-se em fases diferentes de preparação. A última adesão foi a da Croácia.Cada tratado de adesão de um novo membro requer a aprovação unânime de todos os Estados-Membros. Além disso, antes de cada nova adesão, a União Europeia tem de avaliar a sua própria capacidade de absorção do ou dos novos membros e garantir que as suas instituições continuem a funcionar correctamente.Os alargamentos da União Europeia têm ajudado a reforçar e estabilizar a democracia e a segurança da Europa e aumentado o seu potencial de comércio e crescimento económico.

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1.Em 9 de Maio de 1950, a Declaração Schuman propôs a criação de uma Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, que veio a tornar-se realidade com o Tratado de Paris de 18 de Abril de 1951, instituindo um mercado comum do carvão e do aço entre os seis Estados fundadores (Bélgica, República Federal da Alemanha, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos). Poucos anos decorridos sobre o fim da Segunda Guerra Mundial, o seu objectivo primordial era assegurar a paz entre as nações europeias vencedoras e vencidas, associando-as num sistema institucional comum regido pelos princípios da igualdade e da cooperação.

2.Os Seis decidiram depois, em 25 de Março de 1957, com os Tratados de Roma, criar uma Comunidade da Energia Atómica Europeia (Euratom) e uma Comunidade Económica Europeia (CEE). Esta última envolveria a construção de um mercado comum mais alargado e que abrangesse toda uma série de bens e serviços. Os direitos aduaneiros entre os seis países foram abolidos em 1 de Julho de 1968 e, ao longo da mesma década, foram definidas políticas comuns, nomeadamente nos domínios do comércio e da agricultura.

3.O sucesso obtido pelos Seis levou a Dinamarca, a Irlanda e o Reino Unido a decidirem aderir. Este primeiro alargamento, de seis para nove membros, teve lugar em 1973 e foi acompanhado pela introdução de novas políticas sociais e ambientais, bem como pela criação do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) em 1975.

4.Em Junho de 1979, foi dado um importante passo em frente, com as primeiras eleições para o Parlamento Europeu por sufrágio universal directo. Estas eleições realizam-se de cinco em cinco anos.

5.Em 1981, a Grécia aderiu às Comunidades, no que foi seguida, em 1986, por Espanha e Portugal. Este alargamento das Comunidades à Europa do Sul tornou mais urgente a execução de programas de auxílio regional.

6.A recessão económica mundial do início da década de 80 trouxe consigo uma onda de «europessimismo». No entanto, a esperança renasceu em 1985, quando a Comissão Europeia, sob a presidência de Jacques Delors, publicou um livro branco que estabelecia um calendário para concluir a realização do mercado interno europeu até 1 de Janeiro de 1993. Este ambicioso objectivo ficou consagrado no Acto Único Europeu, que foi assinado em Fevereiro de 1986 e entrou em vigor em 1 de Julho de 1987.

7.A morfologia política da Europa foi profundamente alterada pela queda do muro de Berlim, em 1989, que conduziu à reunificação da Alemanha, em Outubro de 1990, e à democratização dos países da Europa Central e Oriental, libertados da tutela soviética. A própria União Soviética deixou de existir em Dezembro de 1991.Entretanto, os Estados-Membros da CEE negociavam um novo tratado, que veio a ser adoptado pelo Conselho Europeu (a reunião de chefes de Estado e de Governo), em Maastricht, em Dezembro de 1991. Acrescentando a cooperação intergovernamental (em áreas como a política externa e a segurança interna) ao sistema da Comunidade existente, o Tratado de Maastricht criou a União Europeia. Este tratado entrou em vigor em 1 de Novembro de 1993.

8. Em 1995, três outros países — a Áustria, a Finlândia e a Suécia — aderiram à União Europeia, que passou a contar com 15 membros. Na altura, a Europa já enfrentava os desafios crescentes da globalização. As novas tecnologias e a utilização cada vez maior da Internet contribuíam para a modernização das economias, embora comportassem também tensões sociais e culturais. Ao mesmo tempo, o desemprego e o custo crescente dos regimes de pensões exerciam pressão sobre as economias nacionais, tornando a necessidade de reformas ainda mais premente. Os eleitores exigiam cada vez mais aos seus governos que encontrassem soluções concretas para estes problemas.Por conseguinte, em Março de 2000, os chefes de Estado e de Governo da EU adoptaram a «Estratégia de Lisboa». A estratégia visava ajudar a União Europeia a concorrer no mercado mundial com outros grandes protagonistas, como os Estados Unidos e os novos países industrializados. O objectivo era incentivar a inovação e o investimento nas empresas e assegurar que os sistemas educativos europeus respondiam às necessidades da sociedade da informação.

9.Em meados da década de 90, começaram os preparativos para o maior alargamento da história da União Europeia. Foram recebidas as candidaturas de seis antigos países do bloco soviético (Bulgária, República Checa, Hungria, Polónia, Roménia e Eslováquia), dos três Estados bálticos que haviam feito parte da União Soviética (Estónia, Letónia e Lituânia), de uma das repúblicas da antiga Jugoslávia (Eslovénia) e de dois países mediterrânicos (Chipre e Malta).

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A União congratulou-se com essa oportunidade de ajudar a estabilizar o continente europeu e de alargar os benefícios da integração europeia às jovens democracias.As negociações foram iniciadas em Dezembro de 1997 e 10 dos países candidatos aderiram à União Europeia em 1 de Maio de 2004. Seguiram-se a Bulgária e a Roménia, em 1 de Janeiro de 2007, posteriormente, a 1 de julho de 2013, Croácia, aumentando para 28 o número de membros da União Europeia.

5.2.Mercado Único EuropeuO mercado interno é uma das maiores realizações da União Europeia. Gradualmente, as restrições ao comércio e à livre concorrência entre os Estados-Membros foram sendo eliminadas, contribuindo para a melhoria dos níveis de vida.O mercado interno ainda não se tornou uma economia única: alguns sectores de actividade (em especial, os serviços de interesse público) continuam a estar sujeitos às leis nacionais. A livre prestação de serviços é positiva, porque estimula a actividade económica.A crise financeira de 2008-2009 obrigou a União Europeia a reforçar a sua legislação financeira.Ao longo dos anos, a União Europeia tem introduzido uma série de políticas (de transporte, concorrência, etc.) que ajudam a garantir que a abertura do mercado interno beneficia o maior número possível de empresas e consumidores.

5.3.Adesão à moeda únicaO euro é a moeda única da União Europeia, partilhada por 17 dos 28 Estados-Membros. Foi introduzida para transacções não financeiras em 1999 e para todo o tipo de pagamentos em 2002, quando as moedas e as notas entraram em circulação.Cada novo Estado-Membro deverá entrar na área do euro assim que preencha os critérios necessários. Prevê-se que praticamente todos os Estados-Membros entrem na área do euro a longo prazo.

O euro comporta várias vantagens para os consumidores europeus. Os viajantes são poupados ao custo e ao incómodo de terem de cambiar moeda.Os compradores podem comparar directamente preços nos diferentes países. Os preços mantêm-se estáveis graças ao Banco Central Europeu, cuja função é assegurar esta estabilidade. De resto, o euro tornou-se uma das principais moedas de reserva, ao lado do dólar.

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Durante a crise financeira de 2008, os países da área do euro mantiveram-se protegidos da desvalorização concorrencial e dos ataques dos especuladores graças à moeda comum.A fraqueza estrutural das economias de alguns Estados-Membros torna, todavia, o euro vulnerável a ataques especulativos. Para combater este risco, as instituições da União Europeia e os 28 Estados-Membros decidiram, em 9 de Maio de 2010, constituir um «mecanismo de estabilização financeira» no montante de 750 mil milhões de euros.A questão prioritária para o futuro é garantir uma maior coordenação e solidariedade económica entre os Estados-Membros, que são responsáveis por assegurar uma boa governação das suas finanças públicas e a redução dos seus défices orçamentais.

5.4.Os principais Tratados da União EuropeiaOs tratados (o chamado «direito primário») estão na origem de um vasto corpo de «direito derivado», que tem incidência directa na vida quotidiana dos cidadãos da UE. O direito derivado consiste, principalmente, em regulamentos, directivas e recomendações adoptados pelas instituições da União Europeia.Esta legislação, tal como as políticas da União em geral, é o resultado de decisões tomadas pelo Conselho (que representa os governos nacionais), pelo Parlamento Europeu (que representa os cidadãos) e pela Comissão Europeia (órgão independente dos governos dos Estados-Membros que representa o interesse colectivo dos europeus).

1951 - TRATADO DE PARIS (CECA)Tratado que institui a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). Foi assinado, em Paris, pela Bélgica, França, República Federal da Alemanha, Luxemburgo e Países Baixos. Entrou em vigor por um período de 50 anos. O Tratado entrou em vigor em 24 de Julho de 1952, com uma vigência limitada a 50 anos. O Tratado caducou em 23 de Julho de 2002.O objectivo deste Tratado era contribuir, graças ao mercado comum do carvão e do aço, para a expansão económica, para o aumento do emprego e para a melhoria do nível de vida.Com vista à criação do mercado comum, o Tratado instaurou a livre circulação dos produtos, sem direitos aduaneiros nem encargos. Proibiu igualmente as medidas ou práticas discriminatórias, as subvenções, os auxílios e os encargos especiais impostos pelo Estado, bem como as práticas restritivas.

1957 - TRATADO DE ROMATratado que institui a Comunidade Económica Europeia (CEE)Em 25 de Março de 1957, foram assinados dois tratados – o Tratado que institui a CEE e o Tratado que institui a Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA ou EURATOM)A CEE prevê o progresso dos seus Estados-Membros mediante uma acção comum que reduza as desigualdades e assegure uma melhoria das condições de vida. Estabelece um mercado nuclear e prevê a criação de empresas comuns neste domínio.

1992 - TRATADO DE MAASTRICHTAo entrar em vigor, a 1 de Novembro de 1993, o Tratado da União Europeia, assinado a 7 de Fevereiro de 1992, em Maastricht, na Holanda, conferiu uma nova dimensão à construção europeia.De acordo com o Tratado, a União assenta em três pilares: as Comunidades Europeias (primeiro pilar) e duas áreas de cooperação adicionais (segundo e terceiro pilares): Política Externa e de Segurança Comum (PESC) e Justiça e Assuntos Internos (JAI).

Características: A criação da União Europeia Substituição da sigla CEE (Comunidade Económica Europeia) por CE (Comunidade Europeia); Previsão da construção de uma união económica e monetária (UEM); Promoção de uma política externa de segurança comum (PESC); Criação de uma cooperação dos Estados-Membros no domínio da segurança interna e da justiça; Coordenação das políticas de emprego; Livre circulação e segurança dos cidadãos;

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Criação de uma instituição de cidadania europeia; Desenvolvimento de diversas políticas comunitárias.

1997 - TRATADO DE AMSTERDÃOO Tratado de Amesterdão foi assinado na cidade holandesa de Amesterdão, a 17 de Junho de 1997, e tem por base quatro grandes objetivos:

Fazer dos direitos dos cidadãos o ponto essencial da União Europeia e introduzir um novo capítulo sobre o emprego; Suprimir os últimos entraves à livre circulação e reforçar a segurança; Permitir um reforço da importância da Europa no mundo; Tornar mais eficaz a arquitectura institucional da União Europeia, tendo em vista os próximos alargamentos.

2001 - TRATADO DE NICEO Tratado de Nice foi assinado a 26 de Fevereiro de 2001, com cinco grandes objectivos:

Reformar as instituições e os métodos de trabalho para viabilizar o alargamento; Reforçar a protecção dos direitos fundamentais; Criação de uma Política Europeia de Segurança e defesa (PESD); Cooperação judiciária em matéria penal; Futuro da UE.

2007 - TRATADO DE LISBOAO Tratado de Lisboa, assinado a 13 de Dezembro de 2007, visa dotar a União Europeia de um quadro jurídico que lhe permita funcionar num mundo globalizado. Prevê também diversas disposições destinadas a aproximar a União e as suas instituições dos cidadãos, conferindo mais poder ao Parlamento Europeu e um papel de maior relevo aos parlamentos nacionais dos Estados-Membros. Por ser hoje inegável a importância da União Europeia como actor global, foram introduzidas reformas para tornar mais eficaz e coerente o relacionamento da Europa com o mundo.

5.5.As instituições europeiasConselho EuropeuO Conselho Europeu é a principal instituição política da União Europeia. É composta pelos chefes de Estado e de Governo — os presidentes e/ou primeiros-ministros — de todos os países membros da UE e pelo presidente da Comissão Europeia (ver mais adiante). Reúne-se, regra geral, quatro vezes por ano em Bruxelas.

Tem um presidente permanente, a quem cabe coordenar os trabalhos do Conselho Europeu e assegurar a sua continuidade. O presidente permanente é eleito (por maioria qualificada dos votos dos membros) por um mandato de dois anos e meio e pode ser reeleito uma vez. O Conselho Europeu estabelece os objectivos da União e define as formas de os alcançar. Constitui o centro impulsionador das principais iniciativas políticas da EU e toma decisões sobre questões difíceis em relação às quais o Conselho de ministros não tenha conseguido chegar a um acordo. O Conselho Europeu aborda ainda problemas da actualidade internacional através da «Política Externa e

de Segurança Comum», que constitui um mecanismo de coordenação das políticas externas dos Estados-Membros da União Europeia.

Conselho da União EuropeiaO Conselho (também conhecido por Conselho de ministros) é composto por ministros dos governos nacionais da UE. Os Estados-Membros exercem rotativamente a Presidência do Conselho por um período de seis meses. Nas reuniões do Conselho participa um ministro de cada Estado-Membro. Os ministros participantes variam em função da matéria inscrita na ordem de trabalhos: negócios estrangeiros, agricultura,

indústria, transportes, ambiente, etc.

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A principal função do Conselho consiste em aprovar legislação da União Europeia. Esta responsabilidade é normalmente partilhada com o Parlamento Europeu. O Parlamento Europeu e o Conselho partilham igualmente idêntica responsabilidade na adopção do orçamento da União Europeia. É também o Conselho que assina os acordos internacionais negociados pela Comissão.Segundo o Tratado de Lisboa, o Conselho delibera por maioria simples, por maioria qualificada ou por unanimidade, consoante a matéria em questão.

Parlamento EuropeuO Parlamento Europeu (PE) é o órgão eleito que representa os cidadãos da União. Controla as actividades da UE e participa no processo legislativo, juntamente com o Conselho. Desde 1979, os seus membros são eleitos por sufrágio universal directo, de cinco em cinco anos.Os principais debates parlamentares têm lugar nas sessões mensais (conhecidas por «sessões plenárias»), onde estão presentes normalmente todos os membros do Parlamento Europeu. Em geral, as sessões plenárias têm lugar em Estrasburgo e todas as sessões extraordinárias são realizadas em Bruxelas. O trabalho administrativo diário do Parlamento é realizado pelo Secretariado-Geral, no

Luxemburgo e em Bruxelas. Cada grupo político possui ainda um secretariado próprio.O Parlamento Europeu é o órgão de controlo democrático da União, em especial da Comissão Europeia. Tem igualmente o poder de demitir toda a Comissão, a qualquer momento, aprovando uma moção de censura por maioria de dois terços dos seus membros.O Parlamento controla ainda a gestão corrente das políticas comuns, formulando perguntas orais e escritas à Comissão e ao Conselho.

Comissão Europeia

A Comissão é uma instituição-chave da União Europeia. É a única que pode elaborar novas propostas de legislação, que depois transmite ao Conselho e ao Parlamento para discussão e aprovação.Os seus membros são nomeados por cinco anos de comum acordo pelos Estados-Membros, após aprovação do Parlamento Europeu (como acima descrito).A Comissão é responsável perante o Parlamento e é obrigada a demitir-se em bloco se for objecto de uma moção de censura aprovada por esta instituição.Há um membro da Comissão («comissário») por cada Estado-Membro da União Europeia, incluindo o

presidente e o alto-representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, que é um dos vice-presidentes da Comissão.Em 9 de Fevereiro de 2010, o Parlamento Europeu aprovou a nova Comissão. O antigo primeiro-ministro de Portugal, José Manuel Barroso, foi designado para um segundo mandato de cinco anos como presidente da Comissão.A Comissão goza de um grau de independência considerável no exercício das suas atribuições. A sua missão é defender o interesse comum, o que significa que não deve sofrer pressões de qualquer governo nacional. Enquanto «guardiã dos tratados», deve assegurar que os regulamentos e directivas adoptados pelo Conselho e pelo Parlamento estão a ser aplicados nos Estados-Membros. Se assim não for, a Comissão pode recorrer ao Tribunal de Justiça para impor a aplicação do direito da União.Como órgão executivo da UE, a Comissão põe em prática as decisões tomadas pelo Conselho, em domínios como a política agrícola comum, por exemplo. Dispõe de amplos poderes na condução das políticas comuns da União Europeia como sejam a investigação e a tecnologia, o auxílio externo e o desenvolvimento regional, cujos orçamentos lhe estão confiados.Os comissários são assistidos por uma administração dividida em 43 departamentos e serviços, sedeados principalmente em Bruxelas e no Luxemburgo. Existem ainda várias agências constituídas para executarem determinadas tarefas em nome da Comissão, sedeadas, na sua maioria, noutras cidades europeias.

Tribunal de Justiça

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O Tribunal de Justiça da União Europeia, sedeado no Luxemburgo, é composto por um juiz por cada Estado-Membro e assistido por oito advogados-gerais, designados por comum acordo entre os governos dos Estados-Membros para um mandato renovável de seis anos. A sua independência está assegurada. A missão do Tribunal de Justiça é garantir o cumprimento do direito da UE e a interpretação e aplicação correctas dos tratados.

Banco Central EuropeuO Banco Central Europeu (BCE), sedeado em Frankfurt, é responsável pela gestão do euro e da política monetária da União

Europeia. A sua principal responsabilidade consiste em garantir a estabilidade dos preços na área do euro. O Banco Central conquistou o estatuto de instituição da União Europeia ao abrigo do Tratado de Lisboa.

5.6.O cidadão/profissional europeuA cidadania da União Europeia está consagrada no Tratado da União Europeia: «É cidadão da União qualquer pessoa que tenha a nacionalidade de um Estado-Membro. A cidadania da União acresce à cidadania nacional e não a substitui» (artigo 20.º, n.º 1, do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia).Mas o que significa na prática ser um cidadão da União Europeia?

I. CIRCULAR, RESIDIR E TRABALHAR NA EUROPASe é um cidadão da União, tem o direito de circular, residir e trabalhar em qualquer ponto da União Europeia.Se concluiu uma formação universitária com a duração mínima de três anos, o grau atribuído é reconhecido em qualquer país da União, pois os Estados-Membros têm confiança na qualidade dos sistemas nacionais de educação e de formação profissional.Pode trabalhar em qualquer país da União Europeia nos setores da saúde, da educação ou de outros serviços públicos (à excepção da polícia, forças armadas, etc.). Na verdade, nada mais natural do que contratar um professor britânico para ensinar inglês em Roma ou incentivar um jovem licenciado belga a concorrer para funcionário público em França.Antes de viajar dentro da União Europeia, pode obter um cartão europeu de seguro de doença, emitido pelas suas autoridades nacionais, que lhe facilita a cobertura das despesas médicas se adoecer noutro país.

II. EXERCER OS SEUS DIREITOS DE CIDADÃO EUROPEUEnquanto cidadão da União Europeia, não é apenas um trabalhador ou um consumidor: tem, também, direitos políticos específicos. Desde a entrada em vigor do Tratado de Maastricht que, independentemente da sua nacionalidade, tem o direito de eleger e de ser eleito nas eleições autárquicas e nas eleições para o Parlamento Europeu no Estado-Membro em que reside.Desde Dezembro de 2009 (com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa), que também goza do direito de pedir à Comissão que apresente uma proposta de legislação, desde que a sua petição tenha sido assinada por um milhão de pessoas de um número representativo de países da União Europeia.

III. DIREITOS FUNDAMENTAISA Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia foi redigida por uma Convenção constituída por deputados dos parlamentos nacionais e do Parlamento Europeu, representantes dos governos nacionais e um membro da Comissão Europeia. Os primeiros artigos são consagrados à dignidade humana, ao direito à vida, ao direito à integridade do ser humano e ao direito de liberdade de expressão e de consciência. O capítulo relativo à solidariedade reúne, de forma inovadora, direitos sociais e económicos, tais como:

O direito à greve; O direito à informação e à consulta dos trabalhadores na empresa; O direito a conciliar a vida familiar e a vida profissional;

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O direito de acesso às prestações de segurança social, aos serviços sociais e à protecção da saúde em toda a União Europeia.

A Carta promove também a igualdade entre homens e mulheres e introduz direitos como a protecção dos dados pessoais, a proibição das práticas eugénicas e da clonagem reprodutiva de seres humanos, o direito à protecção do ambiente, os direitos das crianças e das pessoas idosas e o direito a uma boa administração.

1. Atente no ponto II. Imagine que um movimento que defende valores antidemocráticos e xenófobos consegue reunir as referidas assinaturas de um milhão de pessoas de um número representativo de países da União Europeia. Terá esse movimento legitimidade para exigir que seja feita uma qualquer legislação por ele defendida? Justifique.

2. Atente, agora, no ponto III. Considera que os direitos estipulados na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia são respeitados na realidade atual, nacional e internacional? Justifique a sua opinião.

a. Indique outros direitos que lhe parecem importantes, para além dos que são indicados no texto.

3. Complete as seguintes frases:a) O direito à greve é fundamental, porque…b) A vida familiar não pode ser esquecida, para que…c) A igualdade entre homens e mulheres tem de ser respeitada, se…d) Devemos estar mais atentos à situação profissional dos portugueses, quando…

3.1. Qual o valor semântico dos elementos sublinhados nas frases?

IV. A EUROPA DA CULTURA E DA EDUCAÇÃOO sentimento de pertencer a uma mesma comunidade e de partilhar um destino comum não pode ser criado artificialmente. Só poderá nascer de uma consciência cultural comum, e é por isso que a Europa tem de se centrar não apenas na dimensão económica, mas também na educação, na cidadania e na cultura.A «Europa 2020» tem programas que promovem intercâmbios educativos, permitindo aos jovens receber educação ou formação no estrangeiro, aprender novas línguas e ainda participar em atividades conjuntas com escolas e colégios noutros países. São estes programas:

Comenius (ensino secundário), Erasmus (ensino superior), Leonardo da Vinci (formação profissional), Grundtvig (educação para adultos) Jean Monnet (ensino universitário e investigação no domínio da integração europeia).

Os países europeus uniram esforços — através do «Processo de Bolonha» — para criar um espaço europeu do ensino superior. Isto significa, por exemplo, que os cursos universitários de todos os países participantes têm equivalência e os graus conferidos são reconhecidos mutuamente (licenciatura, mestrado e doutoramento).Uma das principais características da Europa é a diversidade de línguas e a preservação dessa característica é um objectivo importante da União Europeia. O multilinguismo é, efectivamente, essencial à forma de funcionamento da União Europeia. A legislação da União é disponibilizada obrigatoriamente nas 23 línguas oficiais e todos os deputados do PE têm o direito de se expressar na sua língua materna durante os debates parlamentares.

1. Considere a seguinte afirmação: “O multiculturalismo e o multilinguismo são uma mais-valia, pois na diversidade encontramos riqueza. Além do mais, devemos ter em atenção os efeitos nefastos

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da homogeneização cultural. Contrapondo aos movimentos globais culturais as identidades regionais e locais devidamente conciliadas, estaremos a preservar a nossa identidade e a nossa História.”

a. Concorda com esta ideia? Justifique.b. Em que contextos lhe parece mais útil existir este multiculturalismo e multilinguismo?

2. Colocaria ou coloca a hipótese de um dia estudar no estrangeiro? Justifique a sua opinião.3. E quanto a trabalhar num país estrangeiro, coloca essa hipótese? Porquê?

3.1. Elabore um documento onde reúna informação sobre os cuidados que devemos ter quando optamos por emigrar (direitos e deveres, cuidados de saúde, instituições a que podemos recorrer, perigos e riscos, etc.)

4. Qual a diferença entre emigrar e imigrar? Qual a relação que se estabelece entre estas duas palavras?4.1. Que outras relações de significado, grafia e fonia consegue enumerar (apresentando exemplos)?

V. O PROVEDOR DE JUSTIÇA E O DIREITO DE PETIÇÃO AO PARLAMENTOO Parlamento Europeu nomeia o Provedor de Justiça pelo período da sua legislatura. A função do Provedor de Justiça é examinar queixas contra as instituições e os órgãos da União Europeia. As queixas podem ser apresentadas por qualquer cidadão da UE ou por qualquer pessoa ou organização residente ou sedeada num país da União. O Provedor procura encontrar uma solução amigável entre as partes. Qualquer residente num país da União tem o direito de apresentar petições ao Parlamento Europeu, o que constitui outra forma importante de ligação entre as instituições da União Europeia e os cidadãos.

VI. UM SENTIMENTO DE PERTENÇAA ideia de uma «Europa dos cidadãos» é muito recente. Já existem alguns símbolos de uma identidade europeia comum, como o passaporte europeu, em uso desde 1985, e a carta de condução da União Europeia, emitida em todos os Estados-Membros desde 1996. Além disso, a União Europeia tem uma divisa, «Unida na diversidade», e o dia 9 de Maio é o «Dia da Europa».O hino da Europa (a «Ode à Alegria», da Nona Sinfonia de Beethoven) e a bandeira da Europa (um círculo de doze estrelas douradas sobre fundo azul) foram explicitamente mencionados no projecto de Constituição da União Europeia de 2004, mas foram retirados do Tratado de Lisboa que a substituiu. Apesar disso, não deixaram de ser símbolos da União, que podem ser utilizados pelos Estados-Membros, pelas autoridades locais e pelos cidadãos individuais se assim o desejarem. No entanto, as pessoas não se sentem parte da União Europeia se não conhecerem as diversas ações da UE e os motivos subjacentes. As instituições da União Europeia e seus Estados - Membros têm de fazer muito mais para explicar os assuntos da União numa linguagem clara e simples.O sentido de pertença provém, acima de tudo, da sensação de se estar pessoalmente envolvido na tomada de decisões da União Europeia. Todos os cidadãos adultos da União têm o direito de participar nas eleições para o Parlamento Europeu, o que constitui um alicerce da legitimidade democrática da UE. Esta legitimidade tem aumentado à medida que são atribuídos mais poderes ao Parlamento Europeu, que os parlamentos nacionais participam mais nos assuntos da União Europeia e que os cidadãos europeus se envolvem cada vez mais em ONG, em movimentos políticos e na criação de partidos políticos europeus. Se desejar dar o seu contributo para a elaboração da agenda europeia e influenciar as políticas da União, pode fazê-lo de várias maneiras. Por exemplo, pode participar em fóruns de discussão em linha dedicados a assuntos da União Europeia e colocar os seus comentários nos blogs de comissários ou deputados do PE. É ainda possível contactar directamente a Comissão e o Parlamento, quer por via electrónica quer através de uma das suas representações no seu país.A União Europeia foi criada para servir os povos da Europa e o seu futuro terá de ser construído com a participação activa de pessoas das mais variadas proveniências. Os fundadores da União Europeia estavam bem cientes disto. «Não coligamos Estados, unimos pessoas», disse Jean Monnet em 1952. A sensibilização da opinião pública para a União e o envolvimento dos cidadãos nas suas actividades continuam a constituir um dos maiores desafios com que se defrontam atualmente as instituições da União Europeia.

Atente no texto VI.1. Comente a frase destacada, baseando-se na sua experiência.2. De acordo com o texto, temos várias formas de influenciar as políticas da UE.

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a. Indique-as.b. Concorda com esta consideração? Justifique. c. Que outras formas de o conseguir lhe pareceriam igualmente (ou mais) úteis?

3. Qual a diferença entre dizer “A UE foi criada para servir os povos da Europa” e dizer “Estás proibido de contrariar os princípios da UE? Justifique. (NOTA – Atos de fala)

6.A Europa e o Mundo6.1.As principais organizações internacionais: organizações intergovernamentais (ONU, OTAN, entre outras) e organizações não-governamentais

1. Já ouviu falar em alguma das organizações referidas em cima? Quais? E em que contexto?

Organizações intergovernamentaisOrganização das Nações Unidas (ONU)A Segunda Guerra Mundial relançou a ideia da criação de um organismo supranacional capaz de arbitrar conflitos, de impedir a resolução de problemas de relacionamento entre estados pelo recurso às armas, de garantir a igualdade entre os estados e de fazer respeitar os direitos humanos.

Para a implementação dos seus objectivos, a ONU criou organismos especializados diversos, dedicados a desenvolver esforços em áreas específicas.É grande o prestígio de que estas ramificações da organização desfrutam, particularmente em países do Terceiro Mundo que têm beneficiado de programas educacionais, de promoção económica e social das suas populações ou de campanhas de erradicação de doenças, de educação sanitária ou de combate a epidemias.No âmbito das Nações Unidas, foram empreendidas ao longo de décadas ações com resultados positivos na defesa da paz, como é o caso da interposição de forças militares entre contendores, como sucedeu na

dividida Ilha de Chipre ou em Angola. Não quer isto dizer que a ONU tenha eliminado totalmente os conflitos, embora tenha contribuído grandemente para os atenuar e encaminhar para uma solução negociada, no sentido da paz. Nos últimos anos, a organização tem-se visto confrontada com a necessidade de intervir em numerosos conflitos regionais, nem sempre tendo sabido manter uma atitude claramente neutral em relação às forças que se enfrentam em cada situação, o que levanta reservas por parte dos que se consideram lesados.A ONU é neste momento uma organização em crise de credibilidade, aparentemente com muitas dificuldades para acompanhar a alteração profunda da política mundial após o fim da guerra fria e o desmantelamento dos blocos político-militares, mas é sobretudo uma organização em crise financeira, dado que os países membros protelam o pagamento das quotizações a que são obrigados, sabendo-se que esta atitude de não cooperação é igualmente resultante da perda de credibilidade que afecta a organização. A 24 de Outubro, comemora-se o Dia das Nações Unidas.

Organização do Tratado do Atlântico Norte – NATOA sigla NATO corresponde à expressão inglesa North Atlantic Treaty Organization.A organização foi criada em 1949, no contexto da Guerra Fria, com o objetivo de constituir uma frente oposta ao bloco comunista, que, aliás, poucos anos depois lhe haveria de contrapor o Pacto de Varsóvia.Os estados signatários do tratado de 1949 estabeleceram um compromisso de cooperação estratégica em tempo de paz e contraíram uma obrigação de auxílio mútuo em caso de ataque a qualquer dos países-membros. Os estados que integram a NATO são a Alemanha (antes da reunificação alemã, a República Federal da Alemanha), a Bélgica, o Canadá, a Dinamarca, a Espanha, os Estados Unidos da América, a França, a Grécia, a Holanda, a Islândia, a Itália, o Luxemburgo, a Noruega, Portugal, o Reino Unido e a Turquia.

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Com o desmoronamento do Bloco de Leste no final dos anos 80, surgiu a necessidade de redefinição do papel da NATO no contexto da nova ordem internacional, pois o que motivou o aparecimento da organização e o objectivo que a norteou durante quatro décadas desapareceram, subitamente. A organização dedicou-se, pois, a esta nova tarefa, com o objectivo de se tornar o eixo da política de segurança de toda a Europa (isto é, considerando também os países que antes formavam o bloco adversário) e América do Norte. Assim, começou a tratar-se do alargamento a leste (considerando, nomeadamente, a adesão da Polónia, da Hungria e da República Checa) e, em 1997, criou-se o Conselho de Parceria Euro-Atlântica, um órgão consultivo e de coordenação onde têm também assento os países aliados da NATO, incluindo os países da Europa de Leste, numa atitude que desagrada à Rússia, por os ver afastarem-se da sua esfera de influência. Aliás, em Março de 1999, formalizou-se a adesão da Hungria, da Polónia e da República Checa, três países do antigo Pacto de Varsóvia.

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE)Organização internacional fundada em 1961 com o objectivo de promover o desenvolvimento económico e o comércio internacional.

A convenção que estabeleceu a OCDE foi assinada, a 14 de Dezembro de 1960, por dezoito países europeus e pelo Canadá, tendo entrado em vigor a 30 de Setembro de 1961. A OCDE sucedeu à Organização Europeia de Cooperação Económica (OECE), estabelecida em 1948 para coordenar a implantação do Plano Marshall na Europa.Nos anos 80, faziam parte da OCDE os seguintes países: Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Nova Zelândia, Portugal, Reino Unido, República Federal da Alemanha, Suécia, Suíça e

Turquia.A OCDE é uma organização que carece de poder decisório. É sobretudo uma assembleia consultiva que realiza congressos, conferências, seminários e publicações várias. A organização mantém-se em contacto com várias entidades oficiais e privadas, publicando anualmente estatísticas sobre a agricultura, a investigação científica, o mercado de capitais, os impostos, os recursos energéticos e outros assuntos. Aos relatórios da OCDE é atribuída grande credibilidade, pelo que eles constituem um dos instrumentos habitualmente utilizados para avaliar a evolução da economia mundial e de cada estado.

ONGAs ONG, Organizações Não Governamentais, são associações benévolas que contribuem de diversas formas para o desenvolvimento das áreas mais carenciadas. Podemos apontar como exemplos a ACEP (Associação para a Cooperação entre Povos), a AMI (Fundação Assistência Médica Internacional), a Amnistia Internacional, o Banco Alimentar Contra a Fome, SOS Racismo, entre muitas outras.Os fundos reunidos por estas organizações resultam de donativos particulares que provêm, na sua maioria, da Suécia, Suíça, Noruega, Alemanha e do Estado em que estão implantadas. As Organizações Não Governamentais representam uma importante faceta da política internacional desde meados do século XIX.Em 1909, as ONG eram pouco mais de 200; em meados dos anos 90, e em grande medida devido ao desenvolvimento da comunicação global, estavam registadas mais de 2000. Hoje em dia, estas organizações beneficiam do facto de desempenharem um papel de relevo em organizações multilaterais como a Organização das Nações Unidas, a Organização para a Segurança e Cooperação Europeia (OSCE) ou a União Europeia. Com notória voz activa e um largo apoio, o papel das ONG é cada vez mais decisivo na resolução de problemas internacionais mais ou menos dramáticos. A sua estrutura e forma de actuação tornaram possível, por exemplo, contactos e trocas de informação em fronteiras ou espaços de crise sem qualquer envolvimento dos governos.Hoje em dia o seu papel é amplamente reconhecido; a tal ponto que há quem considere que, dada a sua influência política, correm muitas vezes o risco de instrumentalização.

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Outra crítica que habitualmente se lhes faz diz respeito às "agendas apertadas" que as impede de tornar duradoura a sua actuação, e a falta de uma contabilidade eficaz que, para além de afastar algumas suspeitas de fraudes, permita uma perfeita aplicação dos fundos acumulados.

Após a leitura dos textos, responda às seguintes questões:1. Quais as vantagens da existência destas organizações? Enumere-as.2. E considera existirem limitações ou, até, desvantagens no que diz respeito à sua existência? Justifique.3. Que nome se dá ao processo de formação de palavras como ONU, AMI ou NATO?4. Recolha informação sobre uma ONG, de forma a preparar uma apresentação da mesma aos seus colegas.6.2.Nível de intervenção na resolução de problemas mundiais

A União Europeia defende os seus valores e interesses a nível internacional, sendo, simultaneamente, o principal parceiro comercial e o principal fornecedor de ajuda aos países em desenvolvimento no mundo. Para garantir a liberdade, a segurança e a prosperidade no seu território, a Europa terá de assumir plenamente o seu papel na cena mundial. Num mundo globalizado, a resposta a desafios como o aprovisionamento energético, as alterações climáticas, o desenvolvimento sustentável, a competitividade económica ou o terrorismo não pode ser dada individualmente por cada país, exigindo a intervenção da União Europeia no seu conjunto.Ao ligar diferentes aspetos da política externa da União Europeia, como a diplomacia, a segurança, o comércio, o desenvolvimento, a ajuda humanitária e as negociações internacionais, o Tratado de Lisboa deu à União Europeia uma voz clara nas relações com os países parceiros e as organizações internacionais.O impacto da intervenção da União Europeia também é reforçado com a criação de um novo serviço europeu para a ação externa, aproveitando recursos das instituições da União Europeia e dos Estados-Membros, que terá como missão apoiar o Alto Representante.A União Europeia exerce maior influência na cena mundial quando fala a uma só voz em questões internacionais, como negociações comerciais. Com este objetivo em mente, e para reforçar o perfil internacional da União Europeia, em 2009, o Conselho Europeu passou a ter um presidente permanente e foi nomeado o primeiro alto-representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.Na área da defesa, cada país da União Europeia, independentemente de ser membro da NATO ou de ter um estatuto de neutralidade, mantém plena soberania. No entanto, os Estados-Membros estão a desenvolver uma cooperação militar em missões de manutenção de paz.A União Europeia é um dos principais atores do comércio internacional e, no seio da Organização Mundial do Comércio, trabalha a favor da abertura dos mercados e de um sistema de comércio baseados em regras.Por razões históricas e geográficas, a União Europeia dedica uma atenção especial a África (através de políticas de ajuda ao desenvolvimento, preferências comerciais, ajuda alimentar e promoção do respeito pelos direitos humanos).A cooperação da UE para o desenvolvimento visa dar a povos desfavorecidos do terceiro mundo a possibilidade de controlarem o seu próprio desenvolvimento. O mesmo é dizer atacar as causas da sua vulnerabilidade, nomeadamente, a falta de acesso a alimentos e água potável, ou à saúde, à educação, ao emprego e a um ambiente são. Significa igualmente combater doenças e promover o acesso a medicamentos baratos, para lutar contra flagelos como a sida, bem como tomar medidas para reduzir o fardo da dívida, que, para reembolsar credores dos países industrializados, obriga a desviar dos investimentos públicos essenciais recursos já escassos. A UE também utiliza a cooperação para o desenvolvimento como meio para promover os direitos humanos e a igualdade entre homens e mulheres ou para prevenir conflitos.

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Bibliografia

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