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CLAUDIANE WAGNER REDUÇÃO DE CUSTOS ATRAVÉS DA AFIAÇÃO DE FERRAMENTAS DE CORTE: O CASO DE UMA EMPRESA DO SETOR METAL - MECÂNICO JOINVILLE 2008

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CLAUDIANE WAGNER

REDUÇÃO DE CUSTOS ATRAVÉS DA AFIAÇÃO DE FERRAMENTAS

DE CORTE: O CASO DE UMA EMPRESA DO SETOR METAL -

MECÂNICO

JOINVILLE

2008

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

CLAUDIANE WAGNER

REDUÇÃO DE CUSTOS ATRAVÉS DA AFIAÇÃO DE FERRAMENTAS

DE CORTE: O CASO DE UMA EMPRESA DO SETOR METAL -

MECÂNICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Estadual de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção e Sistemas.

Orientador: Msc. Janduhy Camilo Passos

JOINVILLE-SC

2008

2

CLAUDIANE WAGNER

REDUÇÃO DE CUSTOS ATRAVÉS DA AFIAÇÃO DE FERRAMENTAS

DE CORTE: O CASO DE UMA EMPRESA DO SETOR METAL -

MECÂNICO

Trabalho aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro, no curso de

graduação em Engenharia de Produção e Sistemas, da Universidade do Estado de Santa

Catarina – UDESC.

Banca Examinadora

Orientador: ___________________________________________________________ Janduhy Camilo Passos, Msc. UDESC - CCT

Membro: ___________________________________________________________ Evandro Bittencourt, Dr. UDESC - CCT

Membro: ___________________________________________________________ Nélvio Dal Cortivo, Dr. UDESC - CCT

Joinville/SC, 12 de Novembro de 2008

3

A todas as pessoas que me ajudaram de alguma forma para que eu alcançasse mais esta vitória em minha vida. Aos meus pais e ao meu grande amor, pessoas essenciais para mim.

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter me dado forças em todos os momentos desta caminhada

na vida acadêmica e colocado em minha vida pessoas maravilhosas que me auxiliaram para

que eu alcançasse a vitória em mais esta empreitada.

Aos meus pais, que me ajudaram de todas as maneiras com apoio e conselhos, me

propiciando condições de tomar decisões importantes em minha vida.

À minha irmã que sempre me apoiou nas decisões tomadas e nos momentos difíceis

me mostrando os caminhos a seguir e me fazendo enxergar a vitória no horizonte.

Ao meu amor que com toda ternura e companheirismo caminha ao meu lado nesta

jornada, pessoa que me motivou e me ajudou a dar muitos passos nesta longa caminhada.

Aos amigos que souberam me auxiliar nos momentos em que precisei de ajuda e que

tornaram minha vida acadêmica mais alegre, compartilhando comigo momentos divertidos.

Aos meus colegas de trabalho que com paciência e dedicação me ajudaram a conciliar

os conhecimentos obtidos na universidade com a prática no ambiente organizacional.

5

CLAUDIANE WAGNER

REDUÇÃO DE CUSTOS ATRAVÉS DA AFIAÇÃO DE FERRAMENTAS DE

CORTE: O CASO DE UMA EMPRESA DO SETOR METAL - MECÂNICO

RESUMO

O mercado exige alta qualidade de fabricação e produtividade com custos reduzidos, especialmente na indústria automotiva a necessidade crescente pela flexibilidade de produção soma-se a complexidade e ao alto grau de desenvolvimento tecnológico de seus processos e produtos. Como as ferramentas de corte representam o elo entre o processo de fabricação e as máquinas- ferramenta, elas são fundamentais para que se utilize o máximo da capacidade dos recursos produtivos. Entre as diversas atividades exercidas pelo Gerenciamento de Ferramentas encontra-se a afiação de ferramentas, elemento básico ao uso de ferramentas de corte que demandam alta precisão e grande oportunidade na redução de custos, visto que uma ferramenta afiada pode alcançar o mesmo rendimento de uma nova a um custo muito inferior. Partindo desse contexto, o objetivo geral deste trabalho é expor os conceitos e a finalidade do gerenciamento de ferramentas, assim como, as técnicas utilizadas nas indústrias do setor metal-mecânico contempladas pela literatura. No que tange aos objetivos específicos, este trabalho apresenta o intuito de explanar as vantagens obtidas através do recondicionamento das ferramentas de corte em termos de redução de custos, apresentando o fluxo de afiação e o acompanhamento das pastilhas afiadas na produção em uma empresa de Joinville/SC. Para tanto, a metodologia usada consistiu em pesquisa descritiva e observação direta dos processos. Como resultados, observou-se que a afiação de pastilhas intercambiáveis proporcionou a referida empresa uma redução de 47% nos custos com o consumo mensal desta ferramenta, impactando em até 9% de redução com o consumo total de ferramentas de corte.

Palavras-chave: Gerenciamento de Ferramentas. Afiação. Redução de custos.

6

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA .................................... 12

1.2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 14

1.3 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 15

1.4 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO .................................................................................. 15

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................... 16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 17

2.1 PROCESSOS DE USINAGEM ......................................................................................... 17 2.1.1 Processo de Fresamento .................................................................................................. 18

2.2 GERENCIAMENTO DE FERRAMENTAS .................................................................... 19

2.3 IMPORTANCIA DO GERENCIAMENTO DE FERRAMENTAS DE CORTE ............ 20

2.4 PROBLEMAS RELACIONADOS ÀS FERRAMENTAS DE CORTE .......................... 22

2.5 OBJETIVOS DO GERENCIAMENTO DE FERRAMENTAS ....................................... 24

2.6 ÁREAS DO GERENCIAMENTO DE FERRAMENTAS ............................................... 25 2.6.1 Planejamento Estratégico ................................................................................................ 26 2.6.2 Planejamento Logístico ................................................................................................... 27 2.6.3 Planejamento Técnico ..................................................................................................... 28

2.7 SOFTWARES GERENCIADORES DE FERRAMENTAS ............................................. 29 2.7.1 Planejamento de Processos/Engenharia Industrial ......................................................... 32 2.7.2 Compras .......................................................................................................................... 32 2.7.3 Almoxarifado .................................................................................................................. 32 2.7.4 Projeto ............................................................................................................................. 33

7

2.7.5 Preparação (presetting) ................................................................................................... 33 2.7.6 Produção ......................................................................................................................... 33

2.8 TERCEIRIZAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE FERRAMENTAS ............................. 34 2.8.1 Função Suprimentos / Logística ..................................................................................... 35 2.8.2 Função Presetting ou Preparação ................................................................................... 36 2.8.3 Módulo Reafiação ........................................................................................................... 36 2.8.4 Módulo Engenharia de Aplicação ................................................................................... 37

2.9 PASTILHAS INTERCAMBIÁVEIS E DESGASTE DE FERRAMENTAS ................... 38 2.9.1 Pastilhas Intercambiáveis ................................................................................................ 38 2.9.2 Desgaste de Ferramentas ................................................................................................ 39 2.9.2.1 Formas de desgaste ...................................................................................................... 40 2.9.2.2 Causas para o aparecimento do desgaste ..................................................................... 41 2.9.3 Processo de Afiação de Ferramentas de Corte ................................................................ 42

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................... 44

3.1 UNIVERSO E AMBIENTE DA PESQUISA ................................................................... 44

3.2 SUJEITO E OBJETO DE PESQUISA .............................................................................. 45

3.3 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................................ 45

3.4 MÉTODO DE COLETA ................................................................................................... 46 3.4.1 Documentação Direta .................................................................................................... 46 3.4.2 Documentação Indireta ................................................................................................... 46

3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ..................................................................... 47

4 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................... 48

4.1 HISTÓRICO E APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ........................................................ 48 4.1.1 Missão da Divisão Automotiva ....................................................................................... 49 4.1.2 Visão da Divisão Automotiva ......................................................................................... 49

4.2 ETAPAS DO PROJETO DE REDUÇÃO DE CUSTOS .................................................. 49 4.2.1 Problema encontrado ...................................................................................................... 49 4.2.2 Alternativa proposta ........................................................................................................ 51 4.2.3 Desenvolvimento de fornecedores .................................................................................. 55 4.2.4 Testes das pastilhas afiadas pelo Fornecedor 1 .............................................................. 56 4.2.5 Testes das pastilhas afiadas pelo Fornecedor 2 .............................................................. 56 4.2.6 Análise e interpretação dos resultados ............................................................................ 58 4.2.7 Outras melhorias ............................................................................................................. 59

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 65

5.1 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 65

5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................ 66

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 67

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Departamentos envolvidos com o Gerenciamento de Ferramentas ...................... 26

Figura 02 - Exemplos de diferentes tipos de ferramentas de torneamento e fresamento ........ 38

Figura 03 - Ferramentas multicortantes utilizadas no processo de fresamento ....................... 39

Figura 04 - Classificação de diferentes tipos de desgaste em ferramentas de corte ................ 40

Figura 05 - Consumo de ferramentas de 2007 ......................................................................... 50

Figura 06 - Consumo de ferramentas de 2008 ......................................................................... 50

Figura 07 - Gráfico de Pareto do consumo mensal de ferramentas ......................................... 51

Figura 08 - Pastilha ALFA nova .............................................................................................. 52

Figura 09 - Fluxo de ferramentas de corte de rápido desgaste ................................................ 53

Figura 10 - Fluxo de ferramentas de corte utilizando afiação ................................................. 54

Figura 11 - Consumo mensal das pastilhas ALFA .................................................................. 55

9

Figura 12 - Relatório da qualidade .......................................................................................... 57

Figura 13 – Gráfico de Pareto de julho, agosto e setembro ..................................................... 59

Figura 14 – Fluxo de afiação da pastilha ALFA ...................................................................... 60

Figura 15 – Futuro fluxo de afiação da pastilha ALFA ........................................................... 63

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 01– Propriedades físicas do nitreto de silício. ............................................................. 53

Tabela 02 – Resultados obtidos ............................................................................................... 58

Tabela 03 – Preço das pastilhas novas e afiadas ...................................................................... 61

Tabela 04 – Custos utilizando pastilhas ALFA afiadas ........................................................... 62

Tabela 05 – Custos antes do projeto de afiação das pastilhas ALFA ...................................... 62

Tabela 06 – Custos utilizando o futuro fluxo de afiação da pastilha ALFA ........................... 63

11

LISTA DE ABREVIATURAS

CAD - Computer Aided Design

CAM - Computer Aided Manufacturing

CAPP - Computer Aided Process Planning

CIMM - Centro de Informação Metal Mecânica

ERP - Enterprise Resource Planning

TMS - Tool Management Systems

12

1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA

Nas indústrias do setor metal-mecânico, principalmente na indústria automotiva, a

necessidade crescente de diferenciação pelos baixos custos e flexibilidade está somada à

complexidade e alto grau de desenvolvimento tecnológico de seus processos e produtos. O

mercado exige alta qualidade de fabricação e produtividade com custos reduzidos. Neste

segmento, uma parcela significativa dos custos é representada pelos processos de usinagem de

componentes, e grande parte destes custos vem do uso de ferramentas de corte.

Dentro deste contexto, o gerenciamento de ferramentas de corte é um método para

aproveitar, de maneira econômica, o potencial das novas tecnologias de usinagem, auxiliando

as empresas na redução de custos e no aumento da produtividade, para que estas se adéqüem

as novas exigências do mercado (FAVARETTO, 2005).

Embora o controle preciso dos gastos e consumo de ferramentas seja de extrema

importância para o controle de custos, a atuação de um gerenciamento de ferramentas não se

limita apenas a fazer um controle sobre esses dados, o objetivo é atuar no processo de

usinagem como um todo, envolvendo todas as variáveis possíveis pertinentes ao processo de

fabricação. Com isto busca-se aumentar a produtividade, eliminar os desperdícios e melhorar

a qualidade dos produtos mediante a redução dos distúrbios nas linhas de produção. Estes

distúrbios apresentam-se na forma de interrupções no fluxo normal, que ocorrem quando há

desgastes prematuros de ferramentas, quebras inesperadas, indisponibilidade e baixa

qualidade nas peças entre outros (GOLDONI, 2003).

De acordo com Zonta (2007), apesar de toda a importância de um gerenciamento de

ferramentas eficaz, o termo gerenciamento de ferramentas começou a ser utilizado apenas no

início da década de 80 nas indústrias metal-mecânicas norte-americanas e européias, após

pesquisadores do setor constatarem índices de produtividade e nível organizacional

preocupantes nas mesmas. Esta preocupação acentuou-se a partir do momento em que os

13

produtos japoneses começaram a invadir os mercados norte-americano e europeu com preços

altamente competitivos. A partir deste momento ambos os mercados começaram a assimilar

as filosofias que as indústrias japonesas estavam adotando, como o Just in Time e o Lean

Manufacturing, focadas na excelência na produtividade e na organização.

A situação foi a mesma no Brasil, pois, com a abertura de mercado no início da década

de 90, a indústria brasileira deparou-se com a grande competitividade existente no mercado

externo, obrigando-se a modernizar o parque fabril e adotar novas técnicas administrativas.

Atualmente é notável o crescente número de indústrias metal-mecânicas brasileiras que vêm

adotando algumas práticas relacionadas ao Gerenciamento de Ferramenta, fortalecendo sua

competitividade no mercado.

Embora os gastos com ferramentas de corte sejam apenas uma pequena parcela dos

custos totais de manufatura nos processos de usinagem em uma indústria metal-mecânica, as

conseqüências da falta de ferramentas ou de uma classificação errada são críticas, visto que as

ferramentas representam o elo entre o processo de fabricação e as máquinas-ferramentas

sendo fundamentais para que se utilize o máximo da capacidade destes recursos.

De acordo com Castro (2005), a operação de gerenciamento de ferramentas não

influencia apenas o custo com aquisição, que gira em torno de 3% a 5% do custo total de

fabricação, mas sim outros fatores que formam o referido custo como, troca de ferramentas;

parada de máquina; compras emergenciais entre outros. As ferramentas refletem diretamente

no ganho de produtividade e tanto fatores atrelados diretamente ao processo de usinagem,

quanto fatores externos ao processo relacionados ao controle de ferramentas, devem ser

considerados importantes dentro de uma indústria.

Dentro de todo o processo de gerenciamento de ferramentas encontra-se a atividade de

afiação de ferramentas de rápido desgaste, elemento básico ao uso de ferramentas de corte que

demandam alta precisão, situação em que qualquer problema pode se transformar em refugo e

parada de produção no momento do emprego das ferramentas. Por outro lado, a afiação das

ferramentas de corte mostra-se como grande oportunidade na redução de custos, tendo em

vista que uma ferramenta recondicionada pode alcançar o mesmo rendimento de uma

ferramenta nova com custo que pode variar até 10% aquele de uma nova. Porém, todo este

processo de afiação de ferramentas requer uma logística eficaz destas ferramentas, assim

como um controle rigoroso de informações.

Em se tratando de processos mecânicos, observa-se que diversos municípios

brasileiros têm a sua economia alimentada pela existência de distritos industriais que

congregam diversos tipos de empresas. Em muitos casos, destacam-se as empresas do setor

14

metal mecânico, como é o caso de Joinville, em Santa Catarina. Assim, acredita-se que o

desenvolvimento de um estudo que englobe a realidade dessas organizações poderá trazer

esclarecimentos que permitirão o entendimento da relevância do controle eficiente das

informações relacionadas a ferramentas de corte para o alcance da otimização dos processos

de usinagem e redução de custos. Desta forma, compreendendo a importância do

gerenciamento de ferramentas e as vantagens da atividade de afiação das ferramentas de corte

dentro deste processo, o problema que essa pesquisa busca resolver pode ser estruturado da

seguinte maneira:

Quais os ganhos organizacionais e produtivos adquiridos com o processo de

afiação de ferramentas de corte em uma empresa do setor metal-mecânico situada em

Joinville/SC?

1.2 JUSTIFICATIVA

O mercado exige alta qualidade de fabricação e produtividade com custos reduzidos e

com o desenvolvimento de ferramentas cada vez mais sofisticadas tecnologicamente, e em

termos de geometria, tornou-se complexo o trabalho de sua manutenção e recondicionamento.

Por este fato, torna-se imprescindível para o gerenciamento de ferramentas um controle eficaz

das informações relacionadas aos procedimentos de afiação, tanto para as ferramentas que são

afiadas internamente quanto para as que têm seu processo de recondicionamento terceirizado

por empresas especializadas no ramo (OSTRONOFF, 2007).

Considerando que alguns tipos de ferramentas podem ser afiadas até 4 ou 5 vezes,

percebe-se uma grande oportunidade de redução de custos nos processos de usinagem através

da afiação das ferramentas de corte de rápido desgaste. Entretanto, ferramentas afiadas

inadequadamente podem quebrar, ter seu desempenho comprometido ou gerar refugos

provocando aumento de custos e prejudicando o fluxo de produção. A falta de controle das

quantidades e códigos de ferramentas disponíveis para afiação por empresas terceirizadas traz

insegurança no que tange ao abastecimento do estoque necessário para a manutenção do fluxo

produtivo. Neste sentido torna-se imprescindível a existência de uma logística interna do setor

de Gerenciamento de Ferramentas que controle o fluxo desses materiais assim como as

informações necessárias para um controle efetivo deste processo.

15

1.3 OBJETIVOS

O objetivo geral deste trabalho é analisar o processo de recondicionamento das

ferramentas de corte para fins de redução de custos em uma empresa do setor metal-mecânico

situada em Joinville/SC.

Como objetivos específicos este trabalho apresenta:

explanar os conceitos, objetivos e técnicas contempladas pela literatura relacionadas

ao gerenciamento de ferramentas;

expor as reduções de custo adquiridas com o processo de afiação/recondicionamento

na empresa estudada;

apresentar o fluxo de afiação e reafiação estabelecido para as ferramentas de corte na

empresa;

mostrar o processo de estudo e acompanhamento dos insertos afiados na empresa

enfocada, buscando garantir a qualidade da produção.

1.4 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO

O estudo deste trabalho se limita à exposição do tema Gerenciamento de Ferramentas

e as práticas utilizadas no setor metal-mecânico que atuam com processos de usinagem, bem

como, os recursos utilizados como terceirização de algumas atividades e uso de sistemas

especializados para gerenciamento de ferramentas. Posteriormente será abordada a temática

da oportunidade de redução de custos através da atividade de afiação de ferramentas de corte,

em especifico a afiação de pastilhas intercambiáveis, implementada por uma empresa de

Joinville/SC que atua no setor automotivo.

16

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está dividido em 5 capítulos, sendo que o capítulo 1 apresenta a

introdução do trabalho, expondo o tema, o problema, a justificativa, assim como, os objetivos

gerais e específicos da pesquisa.

O capítulo 2 aborda o referencial teórico relacionado à processos de usinagem

especificamente, o fresamento, bem como, conceitos relacionados ao Gerenciamento de

Ferramentas. Assim, apresenta a definição desta prática, a importância das ferramentas, os

problemas relacionados às ferramentas de corte, as áreas de atuação e planejamento, recursos

e outras técnicas relacionadas ao tema. O referido capítulo expõe também conceitos referentes

a pastilhas intercambiáveis e desgaste de ferramentas de corte.

O capítulo 3 trata da metodologia utilizada para a elaboração da pesquisa de campo e

proposta de melhoria, assim como a elaboração deste trabalho.

No capítulo 4 é feita a apresentação da empresa objeto de estudo e todo o projeto de

redução de custos a partir da afiação de pastilhas intercambiáveis é detalhado.

Por último, o capítulo 5 apresenta a conclusão obtida com o desenvolvimento do

trabalho e as sugestões para trabalhos futuros.

17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O presente capítulo tem como objetivo expor a fundamentação teórica que servirá de

base para a compreensão do estudo de caso que será apresentado no capítulo 04. Para tanto,

inicialmente contempla os conceitos referentes aos processos de usinagem, em específico o

fresamento.

Em seguida são apresentadas definições relacionadas ao Gerenciamento de

Ferramentas, sua importância e os principais problemas relacionados às ferramentas de corte,

assim como, os objetivos e as áreas do Gerenciamento de Ferramentas.

Posteriormente, será apresentada a utilização de softwares gerenciadores e as práticas

de terceirização desta atividade. Finalmente, o capítulo apresenta o conceito de pastilhas

intercambiáveis e explora conceitos relacionados ao desgaste de ferramentas, assuntos estes,

relacionados ao caso objeto de estudo deste trabalho.

2.1 PROCESSOS DE USINAGEM

De acordo com Ferraresi (1924), como processos de usinagem pode-se definir as

operações que ao conferir à peça a forma, ou as dimensões ou o acabamento, ou ainda uma

combinação destes três itens, produzem cavaco. Segundo a definição do autor entende-se

como cavaco, a porção de material da peça, retirada pela ferramenta, caracterizando-se por

apresentar forma geométrica irregular.

Em todas as operações de usinagem dos metais uma ferramenta em forma de cunha é forçada através do material para remover cavaco da peça e deixar sobre esta, superfícies geometricamente perfeitas. O tipo de superfície produzida pela operação depende do formato da ferramenta e da trajetória descrita por esta através do material da peça (DOYLE, 1962, p. 334).

18

De acordo com König e Klocke apud Deschamps (2004), o processo de usinagem é

um processo de fabricação que constitui na separação de material da peça, material este com

forma geométrica irregular (também chamado de cavaco), sob processamento com

ferramentas de geometria definida.

De acordo com Jesus (2004) os processos de fabricação por remoção de material são

comumente conhecidos como processos de usinagem e são normalmente considerados

secundários porque tem como matéria-prima materiais previamente obtidos por processos

primários (fundição, conformação). Dificilmente ocorre a presença isolada de um ou outro

destes processos na fabricação de peças ou componentes. Por ser considerado um processo

secundário, a usinagem normalmente atua como processo complementar em relação aos

demais processos.

2.1.1 Processo de fresamento

Segundo Ferraresi (1977), a operação de fresamento pode ser definida como um

processo mecânico de usinagem destinado à obtenção de superfícies quaisquer, onde o

material é removido pela rotação de ferramentas geralmente multicortantes, denominadas

fresas, sendo que cada “dente” remove uma pequena quantidade de material em cada

revolução. Para tanto, a ferramenta gira e a peça ou a ferramenta se deslocam segundo uma

trajetória qualquer.

Conforme afirma Silva et al (S/D), o fresamento tem como principal característica o

fato de possuir corte interrompido, que é gerado devido ao fato de cada inserto (pastilha)

passar por uma fase ativa, aquela em que ele corta o material e uma fase inativa, em que não

retira material da peça usinada. Este ciclo ativo e inativo ocasiona mudanças bruscas de

temperaturas e tensões na ferramenta cortante, o que pode provocar avarias, que levam até

mesmo à perda da ferramenta.

Santos (2001) afirma que as características que diferenciam o processo de fresamento

em relação aos outros processos de usinagem são:

as interrupções no corte que ocorrem na entrada e saída dos dentes da ferramenta na

peça;

o pequeno tamanho relativo dos cavacos gerados no corte;

a variação na espessura de cada cavaco gerado.

19

As ferramentas de corte são elementos responsáveis pela retirada de cavaco da peça

bruta em processos de usinagem, através do contato de forma controlada e planejada com a

mesma.

Existem diversos tipos de ferramentas de corte atualmente, para atender às

características e necessidades de cada processo de usinagem. Elas diferem em sua geometria,

material de composição, tipo de revestimento, podendo ainda ser mono ou multicortantes.

Estas características influenciam significativamente alguns parâmetros de um processo de

usinagem, como por exemplo, a formação dos cavacos, forças de corte, o desgaste das

ferramentas, dentre outros (KLOCKE e KONIG, 2002 apud PAVIM, 2005).

Há muitas razões para justificar o gerenciamento de ferramentas, mas nenhuma delas é

tão importante quanto à redução dos custos de produção. O impacto na redução de custos

através do gerenciamento é um quesito que poucas vezes é reconhecido, sendo que este ponto

é o caminho principal da filosofia do gerenciamento de ferramentas (PLUTE, 1998 apud

BUSS, 2006).

Em virtude da grande importância que as ferramentas de corte têm nos processos de

usinagem e, conseqüentemente, na competitividade de uma empresa que atua no setor metal-

mecânico, os próximos itens tem a finalidade de expor assuntos relacionados ao

gerenciamento de ferramentas.

2.2 GERENCIAMENTO DE FERRAMENTAS

O termo gerenciamento iniciou-se com a primeira definição clássica apresentada por

Henry Fayol. Apesar de não existir uma aceitação geral sobre o termo “gerenciamento” como

atividade, a definição geral dada por Fayol (1942) continua se mantendo válida após 66 anos e

tem sido somente adaptada pelos escritores recentes, como apresentado a seguir: “Gerenciar é

prever e planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar.” (FAYOL, 1942 apud ZONTA,

2007, p. 7).

Na metade dos anos de 1980, Frederick Mason já apresentava a primeira definição de

gerenciamento de ferramentas. Afirmava que se trata não apenas de um simples controle de

estoque de ferramentas, mas sim de um conjunto de atitudes e recursos que, empregados

juntos, garantem que a ferramenta certa estará sempre disponível no local e no momento certo

(MASON, 1993).

20

O gerenciamento de ferramentas é considerado hoje importante diferencial

competitivo, existindo para eles distintas definições. Boehs (2002) afirma que o

Gerenciamento de Ferramentas é uma filosofia com abordagem disciplinada, que administra

informações para a tomada de decisão, fornecendo as ferramentas na quantidade necessária,

no local desejado, no momento certo e na qualidade especificada.

O gerenciamento é uma abordagem organizada, que tem como meta garantir as

ferramentas disponíveis para se alcançar os objetivos da produção, de forma a contribuir para

o aumento da produtividade e eficiência. Com relação ao gerenciamento de ferramentas

existem abordagens distintas que de acordo com Boogert (1994 apud FAVARETTO, 2005)

em sua maioria enfocam aspectos específicos do gerenciamento tais como, informações,

controle de fluxo, alocação e reposição de ferramentas.

O gerenciamento de ferramentas é uma estratégia que visa à resolução de problemas relacionados com as várias atividades que envolvem o uso de ferramentas, incluindo aquisição, armazenagem, desenvolvimento de base de dados de ferramentas, seleção e alocação de ferramentas, inspeção, preparação (presetting), entrega às linhas, troca, monitoramento e controle de inventário. (MASINE, 1998 apud FAVARETTO, 2005, p. 40).

As indústrias metal-mecânicas em específico as que utilizam o processo de usinagem,

gerenciam diariamente informações sobre dados técnicos de ferramentas, novas peças a serem

fabricadas, processos de fabricação e controle, indicadores de produção, custos envolvidos

com ferramentas e logística das ferramentas de corte no chão de fábrica, informações estas

que culminam em tomada de ações estratégicas por parte de seus administradores.

2.3 IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE FERRAMENTAS DE CORTE

Segundo Plute (1998, apud ZONTA, 2007), as ferramentas afetam a estabilidade

financeira de qualquer empresa, pois o seu uso, eficiente ou não, contribui nos custos de

produção. O mesmo autor cita que atualmente, com o aumento do custo de ferramentas e a

necessidade das mesmas estarem disponíveis de maneira cada vez mais imediata, o valor e a

disponibilidade das ferramentas no estoque estão se tornando fatores importantes. As

ferramentas podem representar uma fatia substancial do investimento de capital anual. O

controle destes gastos não somente repercute na economia em compra de ferramentas, mas

21

tem impacto em todas as áreas de produção através de potenciais reduções de custo e aumento

da eficiência.

Sabe-se que, geralmente os custos diretos de ferramentas representam de 3% a 5% dos

custos da produção de uma peça. Mas isso é relativo apenas ao custo de aquisição. Os

verdadeiros custos de utilização destes itens, quase sempre estão ocultos e são desconhecidos

pelas empresas. Estes custos indiretos podem fazer com que as ferramentas representem até

30% do custo total de produção de uma peça (CASTRO, 2005).

Este percentual envolve, além do consumo normal de ferramentas, perdas por uso

indevido ou inadequado, perdas atribuídas ao uso de ferramentas obsoletas ou improdutivas,

gastos com manutenção das ferramentas, investimentos em estoques de tamanhos

inadequados, despesas com armazenamento e transporte, perda de tempo devido à dificuldade

de localização de ferramentas no chão de fábrica, dificuldades envolvendo o Projeto e o

Planejamento dos Processos, devido à falta de informações para a produção.

Mason (1993) e Mumm (2001, apud ZONTA, 2007) apontam para os seguintes fatores

que frequentemente contribuem para este percentual:

de 30% a 60% das ferramentas da empresa podem estar dispersas no chão de fábrica;

16% das produções programas não podem ser efetivadas devido à falta de ferramentas;

o supervisor gasta de 40% a 80% de seu tempo de trabalho à procura e na expedição

de ferramentas;

os operadores podem utilizar 20% do seu tempo de trabalho à procura de ferramentas,

o equivalente a até três semanas de trabalho por ano;

super ou subdimensionamento do estoque (quantidade e variedade);

obsolescência do estoque, que pode chegar a até 50% do total de ferramentas e

compras emergenciais e/ou incorretas.

De acordo com Mason (1993) a falta de gerenciamento dos recursos relacionados às

ferramentas de corte pode ser considerada como um crime culposo por negligência. Se as

matérias-primas ou trabalhos fossem manipulados igualmente, os administradores seriam

considerados maus profissionais ou incompetentes.

22

2.4 PROBLEMAS RELACIONADOS ÀS FERRAMENTAS DE CORTE

Conforme afirmações de Mason (1993), diariamente, as empresas que atuam em

processos de usinagem encontram uma série de problemas relacionados com ferramentas de

corte. Estes problemas podem ser divididos em três grupos, segundo a sua natureza. São eles:

problemas operacionais, administrativos e técnicos. Como principais problemas de ordem

operacional pode-se citar os seguintes:

falta de conhecimento das ferramentas realmente disponíveis na fábrica;

falta de informações técnicas e comerciais sobre as ferramentas disponíveis;

falta de critérios e meios que facilitem a seleção e utilização das ferramentas;

morosidade na seleção e preparação das ferramentas com conseqüente aumento no

tempo de setup das máquinas;

dificuldade na identificação das ferramentas, devido à diversidade de formas, de

materiais e de fornecedores.

Com relação à ordem administrativa e logística são encontrados diversos problemas,

sendo que os mais relevantes são:

desconhecimento do local onde as ferramentas se encontram;

as condições de alocação de ferramental variam desde locais totalmente desordenados

a locais organizados, mas dificilmente aspectos como ergonomia, funcionalidade,

movimentação e facilitação da procura são levados em conta;

permanência em estoque de ferramentas já obsoletas e improdutivas;

problemas com o super ou subdimensionamento do estoque;

ausência de sistemas de informações facilitadores do controle de estoque e inventário;

ineficácia do controle adotado para acompanhar a movimentação das ferramentas

durante o turno de trabalho;

compras desnecessárias, baseadas em critérios e procedimentos inadequados;

processo de compra não sistematizado ou sincronizado com as necessidades atuais da

fábrica (compras com atraso e em regime de urgência);

ausência de troca de informações entre os diversos setores da fábrica, mais

precisamente planejamento/processos/engenharia industrial/compras/almoxarifado.

Os problemas de ordem técnica relacionados ao gerenciamento de ferramentas de

corte referem-se às atividades relacionadas à seleção e otimização, sendo eles:

23

falta de critérios de padronização de formas, dimensões e de materiais;

falta de conhecimento sobre o estado de manutenção e do tempo de utilização das

ferramentas;

faltam critérios e métodos para a manutenção das ferramentas, sendo que muitas vezes

estas se encontram em estado desaconselhável para a produção;

conhecimento parcial da intercambiabilidade de ferramentas e suportes de fixação na

máquina;

utilização das ferramentas sem observar suas condições ótimas para o trabalho, tendo

em vista a produtividade e/ou os custos de produção;

planejamento dos Processos, em linhas gerais, tem gradualmente aderindo à utilização

do auxílio do computador em suas tarefas, como por exemplo, a utilização de

softwares CAPP, CAM e CAD, estes últimos extremamente difundidos. No entanto, o

detalhamento dos processos ainda é muito deficiente, pois não satisfaz plenamente a

necessidade de descrição de ferramentas, locais de guarda, etc.;

conhecimentos técnicos a respeito de utilização e características das principais

ferramentas de posse somente de funcionários com maior experiência, ou seja,

conhecimentos técnicos restritos a poucas pessoas;

por fim, há uma ausência de sistematização no controle de compras, trocas, análise de

vida útil, localização na fábrica, existência física, quebras, entre outros.

A solução para combater e resolver estes problemas, é a utilização eficaz da

informação. Certamente, o volume de informações que deverão ser levantadas dependerá do

número de ferramental da empresa e do grau de organização que se está pretendendo atingir

(CIMM, 2008).

A principal característica de uma empresa que não emprega o Gerenciamento de

Ferramentas é a grande quantidade de pedidos de compra emergenciais (HARPER, 2003 apud

ZONTA, 2007). Para solucionar parte destes problemas, deve-se também analisar estas

ferramentas no momento da liberação por parte da engenharia de processo deixando-se de

tratar o Gerenciamento de Ferramentas como simplesmente um problema logístico

(MARCZINSKI, 2002 apud ZONTA, 2007).

Seguindo esta linha de pensamento, é possível identificar algumas fontes de

ineficiência, tais como (MARCZINSKI, 2002 apud ZONTA, 2007):

grande número de componentes distintos que o chão de fábrica necessita gerenciar;

variedade de itens redundantes inclusos através de diferentes fontes;

24

diferentes layouts de ferramentas;

erros de cadastramento de informações nos sistema de controle do chão de fábrica.

Esta lista sugere que muitas das decisões que afetam diretamente o Gerenciamento de

Ferramentas são criadas antes do início do controle físico das ferramentas. De fato, 70% das

dificuldades encontradas no chão de fábrica são criadas na Engenharia de Processo. Neste

momento o layout da ferramenta é desenvolvido juntamente com os fornecedores e as

operações do processo. Portanto, 70% dos custos no ciclo de vida da ferramenta de corte são

determinados na engenharia de processo (MARCZINSKI, 2002 apud ZONTA, 2007).

2.5 OBJETIVOS DO GERENCIAMENTO DE FERRAMENTAS

Goldoni apud Zonta (2007, pg 15) afirma que “o propósito primordial do

Gerenciamento de Ferramentas é aumentar a produtividade, eliminar os desperdícios e

melhorar a qualidade dos produtos mediante a redução das interrupções no fluxo normal, que

ocorrem quando há desgastes prematuros de ferramentas, quebras inesperadas,

indisponibilidade e baixa qualidade nas peças, entre outros distúrbios que podem ocorrer nas

linhas produtivas”.

Boogert (1994, apud ZONTA, 2007) definiu os seguintes objetivos principais do

Gerenciamento de Ferramentas:

minimizar distúrbios no processo de produção;

maximizar a utilização dos recursos (máquinas e ferramentas);

minimizar a quantidade de refugos;

reduzir os custos gerais com ferramentas pela padronização e racionalização.

Baseado nos objetivos gerais citados acima, Favaretto (2005), resumiu os objetivos

específicos do Gerenciamento de Ferramentas da seguinte forma:

reduzir estoques e obsolescência;

padronizar as ferramentas utilizadas;

eliminar a falta de ferramentas;

aumentar a produtividade;

reduzir o custo com ferramentas;

controlar a localização e fluxo de ferramentas no chão de fábrica;

25

reduzir os tempos de preparação de máquinas;

reduzir quebras de ferramentas;

garantir a disponibilidade de informação precisa e atualizada;

fortalecer relacionamento com fornecedores;

garantir a qualidade dos serviços de recondicionamento e preparação de ferramentas;

garantir a qualidade da peça produzida;

garantir atualização tecnológica;

garantir o uso ecologicamente correto de ferramentas de corte.

Também são objetivos específicos do gerenciamento de ferramentas de corte garantir:

a qualidade dos serviços de afiação e preparação de ferramentas;

produto manufaturado com excelência;

atualização tecnológica e

uso ecologicamente correto das ferramentas corte.

Embora o controle preciso dos gastos e consumo de ferramentas seja de extrema

importância para o controle dos custos, a atuação de um gerenciamento de ferramentas não se

limita apenas a fazer um controle sobre estes dados, pois ao atuar com um time especializado,

o objetivo é focar o processo de usinagem como um todo, envolvendo todas as variáveis

possíveis pertinentes ao processo de fabricação, como por exemplo, a redução do tempo de

setup de máquinas, aumento da produtividade, implantação de novas tecnologias ao processo,

treinamento para o pessoal envolvido na cadeia produtiva, suporte ao cliente no

desenvolvimento de novos produtos, atuação imediata na solução de problemas, ou seja, todo

trabalho é orientado para a redução de custos e desperdícios (CIMM, 2008).

2.6 ÁREAS DO GERENCIAMENTO DE FERRAMENTAS

Boogert (1994, apud FAVARETTO, 2005) afirma que para ambos os tipos de

produção, seja com tamanho de lote pequeno ou grande, a disponibilidade de ferramentas e a

exatidão de informações técnicas de usinagem, são fatores críticos para a confiabilidade do

processo de produção.

Em virtude destes aspectos, Boogert (1994, apud ZONTA, 2007) cita que ocorrências

que estagnam a produção, como por exemplo, quebra ou desgaste prematuro da ferramenta as

26

quais necessitam de reposicionamento imediato, ferramentas as quais não estão disponíveis a

tempo ou peça usinada de inferior qualidade, são problemas resultados de falhas no:

Planejamento técnico;

Planejamento logístico;

Planejamento estratégico.

Favaretto (2005) afirma que o Gerenciamento de Ferramentas deve ser tratado como

uma estratégia interdepartamental, tendo o apoio e comprometimento da alta gerência. Os

objetivos somente serão plenamente atingidos através do pleno entendimento, cooperação e

compartilhamento de objetivos e informações entre todos os departamentos da empresa

envolvidos com o gerenciamento. A figura 1 representa os departamentos comumente

envolvidos com o gerenciamento de ferramentas.

Figura 01: Departamentos envolvidos com o Gerenciamento de Ferramentas. Fonte: Favaretto, 2005, p. 47.

2.6.1 Planejamento Estratégico

De acordo com Jaimes (1995) o planejamento estratégico ocupa-se da padronização

das ferramentas, diminuição de variedades, compras de ferramentas, redução dos

componentes em estoque e do acompanhamento preciso do consumo. A otimização de

processos e recursos resulta em melhorias na fabricação, o que equivale a aumento de

produtividade e redução de custos. A sistematização e racionalização de informações e dos

próprios meios físicos são fatores da maior relevância neste contexto.

27

As decisões estratégicas lidam com a expansão ou redução da capacidade dos recursos produtivos. Padronização e racionalização dos recursos produtivos podem também necessitar redução dos custos com ferramentas. Investimentos em ferramentas modulares aumentam a flexibilidade com relação à composição dos componentes de ferramenta nas montagens e eliminam a necessidade de jogos de ferramentas exclusivos para máquinas-ferramenta específicas (BOOGERT, 1994 apud ZONTA, 2007, p. 20).

Conforme aponta Favaretto (2005), as atividades relacionadas ao planejamento

estratégico são:

definição de indicadores de desempenho e metas, tais como, consumo de ferramentas

no período e quantidade de itens obsoletos em estoque;

gerenciamento do relacionamento com fornecedores de ferramentas de corte,

desenvolvendo melhorias junto ao fornecedor;

questões ambientais relacionadas ao uso racional de ferramentas, escolha do material

da ferramenta e descarte;

padronização de ferramentas, buscando minimizar a quantidade de itens em estoque.

2.6.2 Planejamento Logístico

O planejamento logístico envolve duas questões principais: fluxo de informações e

fluxo físico de ferramentas. Boogert (1994, apud ZONTA) comenta que o planejamento

logístico é responsável pela disponibilização dos recursos produtivos no local certo e na

quantidade necessária. A situação atual no chão de fábrica é importante para alocação das

ferramentas às máquinas, especialmente nos casos de ferramentas quebradas ou desgastadas, o

que necessita uma reposição imediata.

O planejamento logístico está relacionado com a disponibilidade dos recursos das

ferramentas, no lugar, na quantidade e no momento certo. A capacidade dos recursos deve ser

verificada antes que os componentes das ferramentas sejam alocados para os respectivos lotes

de produção. Isto evita a ocorrência de perturbações no chão de fábrica por causa das

ferramentas perdidas, e permite a qualquer instante (CRAPART, 1994):

localizar a estação de trabalho onde está a ferramenta;

saber o lote no qual está trabalhando;

qual é a operação que está desenvolvendo;

o estado em que se encontra;

e quando ela está disponível para outra tarefa.

28

Favaretto (2003) lista como sendo atividades relacionadas ao planejamento logístico:

estoque de ferramentas de corte;

estoque de porta-ferramentas e componentes auxiliares de reposição;

estratégia de reposição de ferramentas para as linhas de produção;

quantidade de conjuntos em giro;

determinação do fluxo de ferramentas dentro do setor de ferramentas;

estratégias para envio a serviços externos.

Jaimes (1995) comenta que se constituem ainda como funções importantes no

planejamento logístico do gerenciamento de ferramentas, a preparação e armazenamento de

componentes e montagens de ferramentas, assim como o transporte destes para as máquinas

para contribuir na diminuição nos tempos secundários da usinagem.

2.6.3 Planejamento Técnico

Boogert (1994, apud FAVARETTO, 2005) afirma que o planejamento técnico lida

com a seleção e o uso de ferramentas, baseado na habilidade de usinar produtos de forma

econômica obedecendo à necessária qualidade do produto. O departamento de planejamento

de processos deve selecionar as ferramentas de corte corretas e projetar adequadamente a sua

montagem de forma que a produção possa ser executada. A preparação de informações para

usinagem deve ser geométrica e tecnologicamente correta com o objetivo de:

evitar tempos ociosos de máquina devido a testes extensivos;

obter um processo de corte confiável sem distúrbios inesperados como quebras ou

qualidade de superfície ruim;

realizar um processo de corte otimizado respeitando tempo e/ou custos.

Favaretto (2003) expõe como as principais atividades e adoção de outros recursos da

qualidade envolvidos no planejamento tecnológico as ações a seguir:

criação e manutenção de base de dados para ferramentas;

sistema de identificação de ferramentas;

seleção de ferramentas, parâmetros de corte, e geração de programas NC;

controle e minimização de distúrbios no processo devido a problemas com

ferramentas;

controle, prevenção e redução de quebra de ferramentas;

redução do custo por peça;

29

redução de tempos de processo;

procedimento sistêmico para teste e substituição de ferramentas;

capabilidade do processo: Para evitar a ocorrência de refugos e retrabalhos, é

importante conhecer a influência das ferramentas no comportamento do processo e as

alterações que ocorrem na capabilidade devido a desgastes e/ou trocas de ferramenta;

controle de vida de ferramentas;

determinação de quantidade e tipo de componentes auxiliares em estoque;

troca rápida de ferramentas;

manutenção de documentos atualizados;

desenvolvimento de novos produtos;

qualificação da mão-de-obra;

trabalho padronizado;

kaizen (melhorias contínuas).

A teoria apresentada até o momento descreve em que consiste o gerenciamento de

ferramentas e a importância das ferramentas de corte nos processos de usinagem. Os objetivos

e principais problemas encontrados no gerenciamento de ferramentas¸ assim como os tipos de

planejamento relacionados a ele também foram expostos. Os itens 2.7 e 2.8 explanarão dois

meios de efetuar o gerenciamento de ferramentas, o primeiro deles expõe conceitos sobre a

utilização de softwares enquanto que o segundo menciona a terceirização deste serviço.

2.7 SOFTWARES GERENCIADORES DE FERRAMENTAS

Uma série de recursos é empregada para gerenciar melhor o ferramental. Entre eles,

incluem-se desde soluções simples e de baixo custo (o que não as torna menos eficazes), até

as mais avançadas, que precisam de algum investimento.

Conforme aponta Mason (1993) entre os recursos mais utilizados, estão os sistemas

(software) especialistas. Estes sistemas, que existem desde 1980, podem ser implementados

de forma isolada, em situações menos complexas, ou combinados para se completarem. Deve-

se ressaltar que tais sistemas se configuram recurso mais eficiente para controlar

adequadamente o ferramental, principalmente pelo volume de informações relacionadas com

esses itens.

30

O Gerenciamento de Ferramentas é uma filosofia técnico-administrativa que tem por

objetivo maior proporcionar a utilização de todo o potencial que uma ferramenta de corte

pode oferecer considerando o uso eficaz da informação como a chave para a solução dos

principais problemas da fabricação na indústria metal-mecânica. Este “uso eficaz” é

corporificado pelos sistemas especialistas informatizados (TMS, de tool management

systems). O gerenciamento computadorizado de ferramentas mostra-se muito eficiente no

controle e acesso às informações da base de dados de ferramentas, máquinas, dispositivos e

outros recursos.

Mais do que simplesmente armazenar os dados, os softwares gerenciadores de

ferramentas permitem a execução de várias funções com estes dados, tornando-se sistemas

inteligentes. A intenção é a de agilizar o trabalho das pessoas e, em contrapartida, fornecer

subsídios para que se conheça o que ocorre no interior da fábrica, possibilitando a tomada de

decisões com base em fatos concretos (CURY, 2002).

De acordo com o autor mencionado acima, diariamente, as empresas que atuam na

usinagem encontram uma série de problemas relacionados com ferramentas de corte. Em

trabalhos de consultoria, vários deles foram levantados, podendo ser classificados em três

grupos: operacionais (falta de conhecimento das ferramentas disponíveis na fábrica,

morosidade na seleção e preparação das ferramentas), administrativos (condições inadequadas

de alocação de ferramental; super ou subdimensionamento do estoque etc.) e técnicos (falta de

critérios de padronização de formas, dimensões, revestimentos, classes e de materiais).

Conforme Marczinski (2008), Castro (2005) e Cury (2002), o dinamismo e a

flexibilidade que as empresas devem possuir atualmente para administrar e executar seus

processos produtivos tornam-se viáveis somente com a utilização de computadores e recursos

afins. Além da confiabilidade, rapidez e segurança, com o emprego destes softwares busca-se:

reduzir o tempo de preparação das máquinas; reduzir estoques e eliminar ferramentas

obsoletas ou desnecessárias; controlar o fluxo das ferramentas no chão de fábrica; eliminar

controles manuscritos; possibilitar o controle individual das ferramentas que requerem

atenção especial; sistematizar dados sobre controles de quebra, localização, quantidade,

necessidade de aquisição e planejamento de estoques; acompanhar a vida útil e a utilização de

ferramentas desde a aquisição até o descarte; apresentar as informações na forma de

relatórios.

O gerenciador de ferramentas atua diretamente na organização do ferramental.

Primeiro, porque induz a uma reavaliação de procedimentos e de layout buscando sempre

31

uma maior funcionalidade. Segundo, porque é sua função retratar o que acontece no chão de

fábrica, ou seja, integrar bem todos os aspectos de gerenciamento da produção (CURY, 2002).

A aquisição e utilização de um sistema dedicado somente ao controle de ferramentas

podem ser justificadas em três breves proposições: redução de custos com ferramental

(aproximadamente 25% já no primeiro ano de utilização); aumento da produtividade devido à

redução no tempo de setup das máquinas (30%), além do incremento na qualidade dos

produtos (CURY, 2002).

Outros benefícios são: redução de itens no almoxarifado de ferramentas, resultante da

reorganização física, do “redescobrimento” do universo presente no almoxarifado e da

retirada de itens obsoletos ou inadequados e disponibilidade imediata das informações. Com o

tempo, pode-se aumentar a confiabilidade das montagens destinadas à máquina, na medida

em que se reduz a possibilidade do almoxarife ou operador empregar sua livre interpretação.

Além disso, o sistema flexibiliza e dinamiza a produção pela facilidade do emprego

de meios alternativos, quando da impossibilidade do uso dos meios planejados. Todo o

processo de compras também é beneficiado. Havendo maior controle do uso, quebras,

estoque, fornecedores, toda a sistemática de compras pode ser aprimorada, comprando-se

então somente o necessário, na quantidade, no momento e no local adequado (CASTRO,

2005).

O uso de softwares gerenciadores de ferramentas possibilita, ainda, a difusão e

perpetuação dos conhecimentos técnicos e administrativos relativos a ferramentas: aumenta o

número de pessoas aptas a selecionar, manusear ou administrar as ferramentas. Os termos e

tópicos aqui levantados - como padronização, abrangência, controle e conhecimento –

demonstram que a filosofia de Gerenciamento de Ferramentas não se limita à área de

fabricação, mas que pode ser inserida como ferramenta de Qualidade Total. Isto porque

proporciona à empresa racionalização de recursos, redução de tempos, melhoria do

aproveitamento e, conseqüentemente, uma redução nos custos.

Os sistemas dedicados têm como diferencial cobrir a lacuna deixada no chão de

fábrica das empresas pelos sistemas ERP (Enterprise Resource Planning). O gerenciamento

de ferramentas computadorizado possibilita o controle das informações relacionadas às

ferramentas e quando aplicado de forma integrada gera benefícios para diversos os

departamentos que as criam e utilizam.

Conforme Castro (2005), os setores beneficiados com o gerenciamento

computadorizado de ferramentas de corte são:

planejamento de processos/engenharia industrial;

32

compras;

almoxarifado;

preparação;

produção.

2.7.1 Planejamento de Processos/Engenharia Industrial

É um dos principais usuários do sistema, através da elaboração folhas de preparação

auxiliam na seleção de ferramentas e dos dispositivos conforme a peça a ser usinada. A

equipe tem condições de consultar detalhes das ferramentas que possui e avaliando quais são

as melhores, de menor custo ou maior disponibilidade (CASTRO, 2005).

2.7.2 Compras

O sistema gera automaticamente as necessidades de reposição e as envia

eletronicamente aos fornecedores. A falta de controle efetivo e a vasta oferta no mercado

levam as empresas a adquirirem uma grande variedade e quantidade de ferramentas. Muitos

ainda acreditam que o preço deve ser o fator decisivo na definição de uma compra,

principalmente quando o comprador não tem conhecimento técnico suficiente para levar em

consideração aspectos como produtividade, qualidade e suporte técnico oferecidos pelo

fornecedor de ferramentas. O sistema auxilia no acompanhamento o desempenho dos

fornecedores (ADEPT, 2001 apud ZONTA, 2007).

2.7.3 Almoxarifado

Castro (2005) afirma o almoxarifado é certamente um dos setores mais beneficiados,

onde grandes melhorias são obtidas. O almoxarife torna-se capaz de localizar, a qualquer

momento, onde está cada ferramenta. A implantação do sistema acaba sendo motivo para um

trabalho de reorganização física, nova disposição de ferramentas e dispositivos, eliminação de

documentos obsoletos e/ou controles manuscritos, identificação de locais de armazenagem,

dinamização do processo de busca e seleção, controle de estoques e aquisições.

33

2.7.4 Projeto

O projetista pode conhecer as ferramentas, dispositivos de fixação outros elementos

disponíveis na produção antes de elaborar o projeto. Com isto, poder evitar projetar detalhes

nas peças que impliquem em aquisições de novas ferramentas. Partindo deste princípio, será

possível ao almoxarife padronizar seu ferramental, sendo o projetista um grande colaborador

no programa de redução de custos e estoques (CASTRO, 2005).

2.7.5 Preparação (presetting)

Faz a montagem das ferramentas conforme a folha de preparação (tool layout), faz o

presetting, envia os valores de correção para as máquinas-ferramentas. Todas estas atividades

são apoiadas pelo sistema. Recebe as montagens, e as inspeciona gerando os relatórios de

falhas que podem ser registrados em tempo real no sistema (ADEPT, 2001 apud ZONTA,

2007).

2.7.6 Produção

Segundo Castro (2005), a produção é beneficiada através das informações sobre a

utilização das ferramentas, como a instrução de preparação da máquina, da peça, da

montagem e seus dados de corte. Cada máquina pode ser considerada um ponto de controle

sobre a movimentação, o que motiva a uma organização de layout dos locais de guarda junto a

elas. Mas o fundamental é a eliminação das paradas de máquina por falta de ferramentas.

De acordo com Castro (2005), relatos de situações existentes antes de implantar um

sistema de gerenciamento de ferramentas mostram que:

o tempo de procura por uma ferramenta chegava a 45 minutos parando o trabalho;

25% do tempo no chão de fábrica era gasto procurando ferramentas;

28% dos itens estão obsoletos (não usados em 2 anos) ou redundantes (vários itens

para a mesma aplicação).

Segundo o autor, os principais resultados obtidos foram:

redução em 90% no tempo necessário para localizar uma ferramenta, pois o sistema

passou a indicar exatamente onde ela está;

75% de redução de ferramentas perdidas;

34

40% de redução dos custos com ferramentas consumíveis;

20% de redução dos custos com ferramentas reutilizáveis;

20% de redução nos custos anuais médios de estoque de ferramentas;

fornecimento just in time para as máquinas;

aumento da utilização das máquinas;

eliminação do papel;

aumento da velocidade dos trabalhos;

redução da variabilidade;

melhoria do controle;

comprador adquiriu Engineering Inteligence;

itens redundantes passaram a ser facilmente identificado;

10% dos itens cadastrados no novo sistema foram apagados após os 4 primeiros meses

de funcionamento;

resultados de testes da Engenharia Avançada passaram a ser registrado no sistema;

registra-se o feedback da produção.

O fato mais importante que vem sendo revelado por empresas que utilizam um sistema

gerenciador de ferramentas são as economias obtidas (maiores que 20%) em compras de

novas ferramentas e substanciais economias no tempo de produção e no planejamento do

processo (PLUTE, 1998 apud ZONTA, 2007). Os sistemas de gerenciamento de ferramentas

são uma das poucas tecnologias que dão bom retorno em troca de um pequeno investimento

como já afirmaram alguns usuários que já tiveram esta experiência.

No item exposto acima foi possível observar as vantagens da utilização de um

software especializado para o gerenciamento de ferramentas, porém, existe outra alternativa

para as empresas que atuam com processos de usinagem. No item seguinte será abordada a

terceirização do gerenciamento de ferramentas, uma forma de manter a empresa competitiva e

focada no seu core business.

2.8 TERCEIRIZAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE FERRAMENTAS

De acordo com Goldoni (2003) algumas experiências práticas vêm sendo estudadas e

testadas pelas empresas do segmento de usinagem da cadeia automotiva para aprimorar o

35

relacionamento efetivo entre empresas clientes e fornecedores de ferramentas, com a intenção

de avaliar a melhor relação custo-benefício. Uma dessas práticas é o gerenciamento total de

ferramentas, em que um gerenciador (externo) que necessariamente não precisa ser um

fabricante, mas um administrador especialista de ferramentas. No gerenciamento total, todas

as atividades de administração de estoques, preparação, reafiação e distribuição para as linhas

de produção são de responsabilidade do gerenciador. A terceirização de uma ou mais dessas

atividades é considerado gerenciamento parcial de ferramentas.

“A formação de alianças cooperativas tem sido uma excelente estratégia para a

implantação do gerenciamento de ferramentas. As empresas têm que ser flexíveis, altamente

inovadoras, eficientes nos custos e cada vez mais focadas no core business.” (MARCZINSKI,

2002 apud CASTRO, 2005, p. 120).

Leiria (1995) afirma que com a terceirização, a empresa pode concentrar toda a sua

energia na atividade-fim. Mais agilidade empresarial significa maior produtividade e

qualidade do produto final, atendendo às exigências de competitividade nos mercados interno

e externo. A médio e longo prazos, a contratação de terceiros implica também uma economia

significativa de recursos. O terceiro, está provado, sempre encontra soluções mais criativas e

menos onerosas para o seu negócio. O desperdício por comodismo, vício comum a qualquer

empresa, tende a desaparecer.

Segundo Goldoni (2003), sugere a implementação em módulos como maneira de

evoluir de forma estável e equilibrada em direção a terceirização total do gerenciamento de

ferramentas, de acordo com o autor o roteiro de implementação pode ser divido em 4 grandes

funções ou módulos:

Função Suprimentos/Logística;

Função Presetting ou Preparação;

Função Reafiação;

Função Engenharia de Aplicação.

2.8.1 Função Suprimentos / Logística

Castro (2005) menciona que através deste módulo são administrados todos os itens

pertencentes ao almoxarifado de ferramentas novas, utilizados no processo produtivo da

empresa cliente ou usuária. O módulo envolve o seguinte grupo principal de atividades:

36

aquisição/compra de ferramentas e serviços;

logística, análise e controle do estoque;

desenvolvimento de fornecedores;

controle e redução dos materiais obsoletos.

2.8.2 Função Presetting ou Preparação

Segundo Zonta (2007) esta função compreende a administração das ferramentas de

corte na área do estoque circulante. Entende-se por estoque circulante a área de armazenagem

das ferramentas que já foram retiradas do estoque principal de ferramentas novas e encontra-

se em utilização ou em preparação para utilização. Fazem parte deste módulo as seguintes

atividades:

recolhimento das ferramentas desgastadas na linha de usinagem;

distribuição nos pontos de utilização;

análise do estado geral das ferramentas, inclusive dos meios de fixação;

preparação antecipada de kits de ferramentas;

organização dos locais de guarda;

controle da movimentação de recebimento e envio de ferramentas da produção para a

produção;

montagem e presetting das ferramentas (em equipamentos de preset).

2.8.3 Módulo Reafiação

Compreende a administração total das ferramentas que permitem a renovação do fio

de corte, após terem sofrido desgaste em função da utilização (ZONTA, 2007).

As principais responsabilidades dentro deste módulo são:

avaliação do desgaste das ferramentas;

renovação do fio de corte em afiadoras convencionais e/ou a NC;

realização de sugestões e testes para melhoria das geometrias de corte;

administração da logística para reafiação externa e/ou recobertura (envio, recebimento,

prazo, follow-up, etc.);

orientação técnica aos fornecedores de ferramentas.

37

2.8.4 Módulo Engenharia de Aplicação

Para Castro (2005), as atividades relacionadas a este módulo de gerenciamento atuam

como suporte à aplicação das ferramentas na produção e dão apoio técnico aos departamentos

de Engenharia de Processo e Produto do cliente, podendo servir como subsídio de

informações para tomada de decisões em outros setores da empresa, como a produção e até

mesmo o departamento de Compras. Fazem parte deste módulo as seguintes atividades:

análise, acompanhamento e suporte técnico/engenheiros das ferramentas na produção

por técnicos qualificados;

apoio ao cliente para o desenvolvimento de ferramentas para novos produtos;

coordenação dos trabalhos técnicos dos fornecedores;

elaboração de indicadores de desempenho com foco na redução contínua de custos;

trabalhos para melhorias de produtividade;

acompanhamento de testes de ferramentas;

emissão de relatórios de testes técnico-econômicos de ferramentas;

acompanhamento da vida útil das principais ferramentas;

atualização de planos de processos;

análises de causa e efeito;

treinamento para o pessoal envolvido na cadeia produtiva;

desenvolvimento de novas tecnologias, buscando a melhor opção de mercado;

introdução de novas tecnologias de ferramentas.

“O mercado tem mostrado que a procura pela parceria com o fornecedor que transmita

credibilidade, produtos de qualidade e de produtividade, avanço tecnológico, solidez e

experiência concreta na prestação de serviços tem sido a melhor forma para começar a colocar

ordem na casa” (CASTRO, 2005, p. 122).

Conforme os assuntos abordados anteriormente, o Gerenciamento de Ferramentas é

uma prática imprescindível para as empresas que atuam com processos de usinagem, pois um

controle eficaz de todos os aspectos relacionados às ferramentas de corte apresenta-se como

uma grande vantagem competitiva para estas empresas.

O item a seguir contempla conceitos relativos ao desgaste de ferramentas de corte,

assim como, ferramentas multicortantes, especialmente as pastilhas intercambiáveis que é o

objeto do estudo de caso que será apresentado na capitulo 04.

38

2.9 PASTILHAS INTERCAMBIÁVEIS E DESGASTE DE FERRAMENTAS

2.9.1 Pastilhas Intercambiáveis

De acordo com Stemmer (1987), a ferramenta de corte é o dispositivo responsável pela

remoção de cavaco da peça no processo de usinagem através do contato com esta, de forma

controlada e planejada. As ferramentas de corte podem ser de diversas formas e diversos

materiais.

Segundo Pedroso (2007), a introdução da técnica de pastilhas intercambiáveis,

significando uma aresta de corte substituível, ou a assim chamada pastilha, foi aplicada ao

porta-ferramenta, não apenas simplificando o manuseio das ferramentas, mas também abrindo

caminho para uma série de importantes inovações, tais como as classes e coberturas de metal

duro com vida útil mais longa, formatos de pastilha e geometrias que poderiam cortar mais

facilmente e a “standardização” das ferramentas. A figura 2 ilustra a variedade de insertos

existentes:

Figura 02: Exemplos de diferentes tipos de ferramentas de torneamento e fresamento. Fonte: Klocke and König apud Pavim, 2005.

Em processos de fresamento, essas pastilhas são muito utilizadas quando montadas em

um suporte que contém várias destas, caracterizando a sua função multicortante, como pode

ser visto na figura 3.

39

Figura 03: Ferramentas multicortantes utilizadas no processo de fresamento. Fonte: Metals Handbook apud Santos, 2001.

A figura 3 representa os tipos de fresa mais comumente utilizados e que caracterizam

os principais métodos de fresamento.

2.9.2 Desgaste de Ferramentas

Pode-se definir o desgaste de ferramentas com sendo a mudança de sua forma original

durante o corte, resultante da perda gradual de material, ou seja, uma mudança na geometria

da ferramenta de corte por perda de massa. Não existe nenhum material de ferramenta capaz

de resistir integralmente e por largo tempo aos efeitos de contato e escorregamento sob altas

temperaturas e pressões como ocorrem na usinagem, sem que sofra desgaste e alterações na

forma e no aspecto de seus contornos. A ferramenta se desgasta progressivamente e acaba

perdendo sua habilidade de cortar o material com eficiência (FERRARESI, 1977).

Conforme Santos (2001), em operações de fresamento, os choques mecânicos e

térmicos inerentes ao processo são os principais fatores desencadeadores de avarias que levam

à rejeição das ferramentas de corte. Tais falhas geralmente se processam por trincamento,

lascamento ou quebra das superfícies de folga ou saída, e ocorrerão com maior intensidade e

rapidez quanto menor a tenacidade das ferramentas de corte. O referido autor ainda aponta

que alguns fatores a serem considerados são: o tipo de material de trabalho, o avanço

utilizado, a velocidade de corte, a geometria da ferramenta e a presença de vibrações, sendo

que sob condições adequadas de trabalho, há quase sempre a tendência de a ferramenta falhar

por desgaste excessivo das arestas cortantes.

40

2.9.2.1 Formas de desgaste

Segundo König e Klocke e Stemmer apud Deschamps (2004), existem três formas

predominantes de desgaste que limitam a vida útil de uma ferramenta: lascamento, desgaste

de flanco e desgaste de cratera. O lascamento representa uma falha acidental e prematura da

ferramenta devido a solicitações térmicas ou mecânicas excessivas em seu gume. O desgaste

de flanco ocorre na face e no flanco principal da ferramenta e é atribuído ao atrito entre a

ferramenta e a peça sendo usinada e às altas temperaturas envolvidas nos processos de

usinagem. O desgaste de cratera se forma na face da ferramenta, em geral devido ao atrito da

ferramenta com o cavaco sendo retirado da peça.

A maioria dos tipos de desgaste em ferramentas pode ser encaixada dentro de uma

classificação. A figura 4 ilustra os tipos de desgaste:

Figura 04: Classificação de diferentes tipos de desgaste em ferramentas de corte. Fonte: Coromant e Deutges apud Pavim, 2005.

Os principais tipos de desgaste sofridos por ferramentas de corte são explanados a

seguir:

41

Flanco: desgaste encontrado no flanco principal e na face da ferramenta, por onde sai

o cavaco, devido ao atrito e às altas temperaturas do contato entre peça e ferramenta.

Está intimamente ligado às forças de usinagem do processo.

Cratera: desgaste encontrado na face da ferramenta, de forma côncava, que ocorre

devido ao atrito com o cavaco retirado da peça. Tem maior incidência quando há

maiores velocidades de corte.

Deformação Plástica: desgaste encontrado no gume da ferramenta, quando o material

desta amolece devido às altas temperaturas e escoa forçado pelas forças de usinagem.

Entalhe: desgaste encontrado no flanco principal e na face da ferramenta, ao fim da

área de corte, onde há maior contato do ar durante a usinagem. À medida que o

entalhe cresce, a estrutura da face da ferramenta enfraquece e o acabamento superficial

das peças piora.

Fissuras: desgaste encontrado nos gumes da ferramenta podendo ser transversal ou

longitudinal, surgindo durante grandes solicitações sofridas em cortes interrompidos e

alternantes.

Fratura: desgaste encontrado no flanco principal e na face da ferramenta, geralmente

paralelo à borda superior, devido a sucessivas cargas e variações da força de corte em

magnitude e direção no processo de usinagem.

Micro-Lascamento: desgaste encontrado nos gumes ou quina da ferramenta, devido a

forças de corte excessivas, especialmente quando o material da ferramenta é

demasiadamente frágil em relação ao material da peça usinada.

Quebra: desgaste excessivo da ferramenta. Ocorre a partir da piora de um estado de

desgaste prévio da ferramenta, acarretando na perda de parte dos gumes, face e flancos

da ferramenta.

2.9.2.2 Causas para o aparecimento do desgaste

O desgaste é sentido de diversas formas durante a usinagem, como o aumento das

vibrações físicas e acústicas da máquina e variação da temperatura na zona de corte. O

desgaste pode ser controlado alterando-se os diferentes parâmetros do processo, como o

avanço, a profundidade e velocidades de corte, e na escolha correta do material das

ferramentas em relação ao das peças.

42

König e Klocke apud Pavim (2005) e Stemmer (1987) apontam que as principais

causas para o aparecimento do desgaste são:

Abrasão Mecânica: fenômeno detectado pelo arrancamento de finas partículas de

material da ferramenta, devido ao escorregamento sob alta pressão e temperatura entre

peça e ferramenta.

Adesão: fenômeno que ocorre devido à ação das altas temperaturas e pressões

presentes na zona de corte, acarretando no caldeamento de parte do cavaco retirado da

peça junto à superfície da ferramenta, surgindo gumes postiços.

Difusão: fenômeno que ocorre sobre temperaturas mais elevadas na interface cavaco-

ferramenta, onde as moléculas que formam a estrutura da ferramenta ganham certa

mobilidade, misturando-se e formando ligas menos resistentes e mais propícias ao

desgaste.

Oxidação: fenômeno detectado pelo aparecimento de cores de revenimento próximas

da região de contato entre ferramenta e peça, em decorrência de elevadas temperaturas

e a ação do oxigênio do ar, formando um filme de óxido ou ”rugas” no local.

Correntes Elétricas Iônicas: fenômeno termo-elétrico que ocorre no contato entre

peça e ferramenta, gerado do aquecimento do ponto de união de um par de materiais

distintos (termopar).

Choques Mecânicos: resulta do contato brusco da ferramenta com a peça ou outra

parte da máquina-ferramenta, acarretando em lascamentos, deformação ou até mesmo

quebra da ferramenta.

Choques Térmicos: resulta da brusca variação de temperatura de uma ferramenta

com temperatura elevada e a peça ou fluído de corte com temperatura bem mais baixa.

2.9.3 Processo de Afiação de Ferramentas de Corte.

Após algum tempo de uso, as ferramentas de corte geralmente se desgastam,

apresentando trincas ou deformações na forma e nas propriedades. Devido a este desgaste, as

ferramentas ao serem colocadas em trabalho apresentam um rendimento muito ruim e geram

problemas como: aquecimento excessivo, aumento do esforço de corte, o acabamento da peça

fica ruim e ocorre o aumento do tempo de usinagem.

Afiação é a operação de restaurar o corte ou o perfil de ferramentas desgastadas pelo

uso. A afiação das ferramentas é feita somente nas superfícies que determinam os ângulos de

43

incidência, de cunha e saída (FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO, 1996). Com a afiação, a

ferramenta de corte apresenta rendimento similar à ferramenta nova, podendo-se manter a

velocidade de corte e avanço, garantindo a produtividade da produção por um custo em torno

de 10% de uma ferramenta nova.

44

3 METODOLOGIA

A pesquisa apresenta-se na forma de uma pesquisa descritiva relacionada a melhorias

realizadas no setor de Gerenciamento de Ferramentas de uma empresa de Joinville/SC que

atua no ramo metal-mecânico. O caso abordado neste trabalho trata de uma redução de custo

realizada a partir da afiação de pastilhas intercambiáveis.

Com a finalidade de não expor nenhuma informação estratégica da empresa objeto de

estudo, a pastilha em questão será chamada de pastilha ALFA que depois de afiada será

denominada ALFA’.

As etapas compreendidas para a realização deste trabalho foram: levantamento

bibliográfico, compreensão do problema, estabelecimento de metas, analise e interpretação de

dados e conclusão.

3.1 UNIVERSO E AMBIENTE DA PESQUISA

O universo considerado nessa pesquisa é o setor metal-mecânico, e abrange as

indústrias automotivas situadas na cidade de Joinville/SC.

Para desenvolvimento desse estudo foi selecionada uma empresa joinvillense que atua

no mercado automotivo fornecendo peças técnicas e de segurança, que possui um setor de

Gerenciamento de Ferramentas bem estruturado.

Essa delimitação permitiu buscar informações acerca do perfil dessa organização, bem

como, de seu setor de Gerenciamento de Ferramentas e explorar o projeto de redução de

custos a partir da afiação de pastilhas intercambiáveis.

45

3.2 SUJEITO E OBJETO DE PESQUISA

Conforme Ruiz (1996, apud AGUIAR, 2008), o sujeito de uma pesquisa pode ser

definido como a pessoa, o fato ou o fenômeno sobre o qual se quer saber algo. Assim, a

empresa estudada compõe o sujeito da pesquisa realizada.

Segundo o mesmo autor, o objeto da pesquisa é definido como aquilo que se pretende

conhecer relativo ao sujeito escolhido. Desta forma, para a pesquisa realizada, o objeto é o

projeto de redução de custos a partir da afiação de pastilhas intercambiáveis.

3.3 TIPO DE PESQUISA

Esta pesquisa pode ser caracterizada como uma pesquisa descritiva. Segundo Andrade

(2001), neste tipo de pesquisa, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e

interpretados, sem que o pesquisador interfira neles.

De acordo com Barros e Lehfeld (2000), a pesquisa descritiva engloba dois tipos: a

pesquisa documental e / ou bibliográfica e a pesquisa de campo. Conforme as autoras, a

pesquisa bibliográfica é a que se efetua tentando-se resolver um problema ou adquirir

conhecimentos a partir do emprego predominante de informações advindas de material

gráfico, sonoro e informatizado.

Fachin (2001) aponta que a pesquisa bibliográfica diz respeito ao conjunto de

conhecimentos humanos reunidos nas obras. Tem como base fundamental conduzir o leitor a

determinado assunto e a produção, coleção, armazenamento, reprodução, utilização e

comunicação das informações coletadas para o desempenho da pesquisa. Para a autora acima

citada, a pesquisa documental é toda informação oral, escrita ou visualizada, consistindo na

coleta, classificação, seleção difusa e na utilização de toda espécie de informações,

compreendendo também as técnicas e métodos que facilitam a sua busca e identificação.

A pesquisa de campo se detém na observação do contexto no qual é detectado um fato

social (problema), que a princípio passa a ser examinado e, posteriormente, é encaminhado

para explicações por meio de métodos e das técnicas específicas (FACHIN, 2001).

“A pesquisa de campo propriamente dita não deve ser confundida com a simples

coleta de dados (...) é algo mais que isso, pois exige contar com controles adequados e com

46

objetivos preestabelecidos que discriminam suficientemente o que deve ser coletado”

(TRUJILLO, 1982:229 apud BARROS e LEHFELD, 2000).

Para Barros e Lehfeld (2000), o investigador na pesquisa de campo assume o papel de

observador e explorador, coletando diretamente os dados no local (campo) em que se deram

ou surgiram os fenômenos. O trabalho de campo se caracteriza pelo contato direto com o

fenômeno de estudo.

3.4 MÉTODO DE COLETA

3.4.1 Documentação Indireta

A documentação indireta consistiu na realização de uma pesquisa bibliográfica com o

objetivo de fundamentar, teoricamente, a importância e o contexto em que está inserido o

tema proposto. Nesse intuito, buscaram-se estudos relacionados ao gerenciamento de

ferramentas e as técnicas utilizadas pelas empresas do setor metal-mecânico relacionadas

vinculadas às ferramentas de corte.

A pesquisa bibliográfica utilizada neste trabalho abrangeu livros, artigos publicados

em revistas especializadas do setor metal-mecânico, assim como, trabalhos acadêmicos

realizados sobre o tema.

3.4.2 Documentação Direta

A observação direta deve considerar qual o objeto de pesquisa e a razão pela qual esta

deve ser realizada, tendo em vista objetivos e propósitos pré-definidos. Na observação

participante o pesquisador participa na situação estudada, sem que os demais elementos

envolvidos percebam sua posição.

Como ações e comportamentos são aspectos centrais em praticamente toda pesquisa,

uma técnica natural e óbvia consiste em observar o que fazem e registrar isto para descrever,

analisar e interpretar. A importância da observação está em permitir contato pessoal do

pesquisador com o objeto pesquisado. Sobre esse enfoque, os dados foram coletados

diretamente no local pela pesquisadora, através do registro dos processos observados.

47

3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

Os dados coletados, a partir da observação direta na empresa, e participação na

realização do projeto de redução de custos com a aplicação das pastilhas afiadas na produção,

foram analisados em termos quantitativos tais como, redução de custos, produtividade e vida

útil da ferramenta, tendo como parâmetros os dados coletados das pastilhas novas.

Devido ao caráter da pesquisa, cujo problema e objetivos indicam a possibilidade de

uma avaliação numérica, os dados coletados foram expressos numericamente e retratados

através de gráficos. Deste modo, foi possível uma análise quantitativa a cerca dos custos,

produtividade e vida útil da ferramenta durante o processo.

48

4 ESTUDO DE CASO

Este capítulo apresenta, inicialmente, o histórico e características da empresa objeto de

estudo e descreve as etapas que compuseram o projeto de melhorias. Ao final serão

apresentadas as conclusões obtidas de todo o processo de redução de custos.

4.1 HISTÓRICO E APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A empresa objeto de estudo foi fundada em 1963 como uma pequena fundição em

Joinville, no início de suas atividades contava com apenas 26 empregados e produzia sua

própria linha de produtos. Em 1993 a empresa passou a oferecer serviços de usinagem e em

2001 peças automotivas começaram a ser exportadas. Hoje, a empresa está presente no

mercado automotivo de maneira forte e competitiva, sendo capaz de oferecer peças brutas e

usinadas para ônibus, caminhões, tratores e outros segmentos.

A empresa é composta por duas unidades de negócio, sendo a Divisão Automotiva,

responsável pelo fornecimento mundial de produtos fundidos, usinados e montagem de

subsistemas automotivos, produzindo soluções no suprimento de componentes e conjuntos

automotivos e mecânicos. É referência internacional em fundição de ferro cinzento e

nodular, usinagem, pintura e montagem de peças, e atende aos mais exigentes padrões de

qualidade do mundo, sendo, inclusive, homologada como Fornecedora Global por seus

clientes.

Produzindo peças que variam de 1 a 120 kg, a Divisão Automotiva tem com mercado

alvo o setor automotivo, entre eles temos:

Fabricantes e montadoras de ônibus, caminhões, pick-up’s, LCV’s.

Fabricantes de máquinas agrícolas.

Sistemistas de motores, freios, transmissões e eixos.

49

Implementos rodoviários e outros.

Atualmente, a organização é uma empresa de capital aberto, com ações negociadas na

Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Sua planta em Joinville ocupa uma área de 319 mil

m² onde 72.000 m² são de área construída que seguem padrões mundiais de tecnologia e

qualidade. Além da matriz em Joinville, a empresa possui escritório de vendas em São Paulo e

uma filial nos Estados Unidos.

4.1.1 Missão da Divisão Automotiva

“Fornecer soluções, garantir o suprimento de componentes e conjuntos automotivos

e mecânicos, atuando com excelência em tecnologia e gestão, superando as expectativas dos

clientes, remunerando acionistas, valorizando o ser humano, interagindo com a comunidade

e respeitando o meio ambiente”.

4.1.2 Visão da Divisão Automotiva

“Ser referencial em produtos fundidos, usinados e componentes montados”

4.2 ETAPAS DO PROJETO DE REDUÇÃO DE CUSTOS

Os itens a seguir descrevem as etapas que contemplaram o projeto de redução de

custos realizados pela área de Gerenciamento de Ferramentas da empresa objeto de estudo.

4.2.1 Problema encontrado

A empresa em que foi efetuado este projeto de redução de custos possui um sistema ERP

em que ficam armazenadas todas as transações realizadas com as ferramentas de corte desde o

momento em que esta entra na empresa até o descarte. Os dados referentes às requisições das

ferramentas de corte utilizadas nos processos de usinagem são armazenados neste sistema

ERP que possibilita a confecção de relatórios de consumo.

Através de análise contínua dos relatórios de consumo de ferramentas feitas mensalmente

nos primeiros meses de 2008 e comparando com o consumo do ano de 2007, surge a

50

CONSUMO 2008

2,783,12 3,04

3,25 3,42 3,09 3,12

0100.000200.000300.000400.000500.000600.000700.000

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MEDIA

Co

nsu

mo

0,000,501,001,502,002,503,003,504,00

% d

o F

atu

ram

entoMETA 2,70

problemática do aumento da representatividade do custo das ferramentas quando comparadas

ao faturamento líquido da empresa em seus processos de usinagem. Na figura 05 a linha preta

pontilhada representa a média da representatividade que o custo com o consumo de

ferramentas de corte de rápido desgaste apresentava em relação ao faturamento líquido do

setor de usinagem da empresa, esta média foi de 2,75% do faturamento no ano de 2007.

Figura 05: Consumo de ferramentas de 2007 Fonte: Elaboração própria (2008)

O gráfico abaixo mostra o consumo de ferramentas de 2008 e a respectiva

representatividade deste com o faturamento líquido.

Figura 06: Consumo de ferramentas de 2008 Fonte: Elaboração própria (2008)

Através da comparação dos índices de representatividade em 2007 com os de 2008, foi

possível visualizar um forte aumento nos índices de representatividade, sendo que nos seis

primeiros meses de 2008 o consumo de ferramentas já representava uma média de 3,12% do

faturamento líquido.

Além das comparações feitas entre os consumos de anos seguidos, análises mais

detalhadas, usando como princípio o gráfico de Pareto, foram utilizadas para identificar os

itens mais consumidos a cada mês, e estes itens eram acompanhados mensalmente para

verificação de tendências de consumo. Neste processo de análise a pastilha intercambiável

CONSUMO 2007

0100.000200.000300.000400.000500.000600.000700.000

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MEDIA

Co

nsu

mo

0,000,501,001,502,002,503,003,504,00

% d

o F

atu

ram

ento

MÉDIA 2,75

51

ALFA estava sempre presente entre as ferramentas mais consumidas nos processos de

usinagem.

A figura a seguir mostra a sua representação em termos monetários em relação ao total

consumido a cada mês.

Figura 07: Gráfico de Pareto do consumo mensal de ferramentas. Fonte: Elaboração própria (2008).

De acordo com os gráficos acima, pode-se perceber que as duas ferramentas mais

representativas no consumo mensal de ferramentas de corte são as pastilhas ALFA e BETA.

4.2.2 Alternativa Proposta

Desta forma, surgiu como alternativa para redução de custos a retomada da atividade

de afiação de insertos (pastilhas) que por volta de 2006 era realizada na empresa. É

importante salientar que esta atividade, realizada anteriormente, teve como preocupação única

Pastilha ALFA Pastilha BETA Demais ferramentas de corte

52

a redução de custos, meta que não foi realmente atingida pelo fato de que não houve

planejamento em termos logísticos, de qualidade e produtividade, a saber:

em relação à logística, têm-se a necessidade de controle de pastilhas novas e afiadas

no que tange a escolha das máquinas para aplicação, bem como, o fluxo de afiação a

ser estabelecido com o fornecedor;

ao que se refere à qualidade e produtividade, torna-se necessário o acompanhamento

do tempo de usinagem, para que este fique dentro do orçado para cada peça, assim

como, a garantia da qualidade das peças produzidas, seja no acabamento superficial ou

na certificação das cotas de acordo com o especificado pelo cliente.

As pastilhas afiadas naquela época não tiveram acompanhamento efetivo e por este

motivo, o projeto realizado em 2006 não foi capaz de mostrar resultados concretos e acabou

por ser abandonado.

Dentre as duas ferramentas, especificamente pastilhas intercambiáveis, mais

representativas no consumo de ferramentas de corte a ferramenta escolhida para dar início ao

projeto foi a pastilha ALFA. Esta escolha ocorreu pelo fato de a pastilha ALFA ser utilizada

em sua maioria em operações de desbaste e de seu processo de afiação ser mais simples

quando comparado à pastilha BETA. Outro fator decisivo foi a tendência de aumento no

consumo das pastilhas ALFA em decorrência da sua aplicação em processos em que antes

eram utilizadas as pastilhas BETA, além de apresentar um preço de compra mais elevado.

A figura a seguir apresenta a pastilha intercambiável ALFA.

Figura 08: Pastilha ALFA nova. Fonte: Observação direta (2008)

A pastilha ALFA objeto do projeto de redução de custos é feita de cerâmica composta

por nitreto de silício (Si3N4) e possui oito arestas cortantes com raio de 0,8mm para evitar que

a aresta quebre com facilidade, no entanto, este raio não produz nenhum efeito ao usinar a

peça. A tabela 1 apresenta as principais propriedades físicas do nitreto de silício que apresenta

vantagens como, estabilidade térmica até 1900°C, boa resistência à oxidação e baixo

coeficiente de dilatação térmica (resistência ao choque térmico).

53

Tabela 01: Propriedades físicas do nitreto de silício.

PROPRIDADES FÍSICAS (MECÂNICAS) Si3N4

Densidade (g/cm ³) 3,2 Tensão de rotura transversal (MPa) 750 Dureza HV 1.600 Condutividade térmica (W/m.K) 22 Coeficiente de dilatação térmica (10-6/K) 3,2

Fonte: Alves, 2005.

Para um melhor entendimento do caso exposto no presente trabalho a figura a seguir

apresenta o fluxo pelo qual passa uma ferramenta de corte de rápido desgaste a partir do

momento que ela retorna da produção para o setor de Gerenciamento de Ferramentas da

empresa.

Figura 09: Fluxo de ferramentas de corte de rápido desgaste Fonte: Observação direta (2008)

Entrega ferramenta no almoxarifado

Ferramenta é reutilizável?

Ferramenta é armazenada no almoxarifado para reutilização

FIM

SIM

NÃO

Almoxarife acondiciona em uma caixa separando por código do material para

posterior avaliação.

Semanalmente os técnicos de ferramentas analisam os materiais

efetuando o parecer final.

Ferramenta é reutilizável?

NÃO

SIM

Almoxarifado embala e identifica o material descartado, e envia para a

central de descartes.

FIM

Técnico de ferramentas recebe a ferramenta da produção.

54

Com o início do processo de afiação das pastilhas ALFA determinou-se um novo

fluxo para estas pastilhas, desta forma, a partir do momento em que estas voltassem da

produção receberiam uma avaliação imediata dos Técnicos de Ferramentas do setor de

Gerenciamento de Ferramentas da empresa para análise das condições de suas arestas de

corte, com o objetivo de determinar o destino das mesmas.

Para as demais pastilhas utilizadas nos processos de usinagem da empresa, o fluxo

permaneceu inalterado. A figura 10 apresenta o novo fluxo para as pastilhas ALFA, em que,

somente pastilhas sem condições de afiação, são encaminhadas para o almoxarifado da

empresa para posterior descarte.

Figura 10: Fluxo de ferramentas de corte utilizando afiação. Fonte: Observação direta (2008).

Com a utilização deste novo fluxo a pastilha intercambiável ALFA passa a ser

analisada quanto a suas condições de uso e afiação no momento em que chega ao setor de

Gerenciamento de Ferramentas da empresa.

A figura 11 mostra o consumo mensal em termos de quantidade de pastilhas ALFA no

primeiro semestre de 2008 e evidencia a tendência de aumento no seu consumo em virtude da

substituição da pastilha BETA pela pastilha ALFA na usinagem de alguns itens devido ao

melhor rendimento e resistência desta pastilha em operações de desbaste.

Ferramenta é reutilizável? Ferramenta é armazenada para reutilização.

FIM

SIM

Técnico de ferramentas recebe a ferramenta da produção.

Ferramenta tem condições de afiação?

NÃO

Ferramenta é entregue ao almoxarifado que a envia para

a central de descarte.

NÃO

FIM

Ferramenta é enviada para o Fornecedor para afiação

das arestas de corte.

SIM

55

Figura 11: Consumo Mensal das Pastilhas ALFA Fonte: Elaboração própria (2008)

De acordo com o gráfico acima, é notável o aumento no consumo das pastilhas ALFA,

considerando-se que o consumo das demais ferramentas de corte sofreu pequenas variações

neste mesmo período.

4.2.3 Desenvolvimento de fornecedores

A partir da decisão de iniciar o projeto através da afiação das pastilhas ALFA, passou-

se para a próxima etapa que foi o desenvolvimento de fornecedores que prestassem serviços

de afiação de ferramentas de corte. Nesse sentido, vários fornecedores foram contatados para

participar do projeto.

Os requisitos para a escolha do fornecedor, que afiaria o primeiro lote de pastilhas de

teste, foram o preço e a capacidade produtiva. A capacidade produtiva do fornecedor a ser

escolhido era de suma importância pelo fato de que a quantidade de pastilhas a serem afiadas

mensalmente girava em torno de uma média de duas mil peças por mês. Isto, por que, após

uma inspeção feita na central de descarte da empresa, foram encontradas cerca de cinco mil

pastilhas ALFA que possuíam condições de afiação.

Inicialmente, não foi possível encontrar fornecedores que tivessem condições para

atender a demanda mencionada acima, então, principiaram-se os testes das pastilhas afiadas

mediante o serviço prestado por um fornecedor de Joinville/SC, que, neste trabalho, será

denominado de Fornecedor 1. O mesmo oferecia o serviço de afiação por um preço mais

competitivo que o de seus concorrentes e possuía uma capacidade de quatrocentas peças por

semana.

56

As primeiras unidades foram afiadas pelo fornecedor escolhido e enviadas para a

empresa estudada. Desse modo, partiu-se para a realização de testes das pastilhas afiadas,

etapa esta que será descrita detalhadamente no próximo item.

4.2.4 Testes das pastilhas afiadas pelo Fornecedor 1

Conforme mencionado no item anterior, após o recebimento do primeiro lote afiado

pelo Fornecedor 1, iniciaram-se os testes das pastilhas afiadas na produção. Como o sistema

produtivo da empresa possui as características de lotes repetitivos e também de varejo

(produzindo grande variedade de peças em pequenas quantidades), o critério para a escolha

das máquinas em que seriam feitos os testes foi de que elas seriam testadas em máquinas que

produzissem lotes repetitivos, fator este que facilitaria o acompanhamento dos testes.

Na empresa, as máquinas que produzem lotes repetitivos são denominadas

internamente de máquinas cativas, pois, nestas máquinas apenas um grupo de peças

previamente estudado e definido, é produzido. Sendo assim, nestas máquinas a vida útil de

cada ferramenta de corte foi definida através de estudos e acompanhamentos feitos pelo setor

de Gerenciamento de Ferramentas da referida empresa. Desta forma, no momento da

aplicação das pastilhas afiadas é possível acompanhar o rendimento destas, comparando-as

aos dados obtidos no estudo de vida útil das pastilhas novas.

Durante a realização dos testes, verificou-se que em algumas máquinas onde uma

pastilha nova usinava cerca de sessenta peças por aresta de corte, as afiadas apresentavam

rendimento de cerca de cinqüenta e seis, sendo que, na maioria das máquinas foi possível

obter rendimentos iguais ou ainda superiores aos das pastilhas ALFA novas.

Apesar da qualidade na afiação das pastilhas, o Fornecedor 1 não conseguia entregar

as quatrocentas peças por semana conforme combinado. Esta situação fez com que fosse

desenvolvido um fornecedor de Curitiba/PR, que apresentava uma capacidade de afiação de

quinhentas peças semanais cobrando o mesmo preço pelo serviço de afiação. Este fornecedor

será chamado de Fornecedor 2.

4.2.5 Testes das pastilhas afiadas pelo Fornecedor 2

Os testes feitos com a ALFA’, afiada pelo Fornecedor 2, foram efetuados nas mesmas

máquinas em que ocorreram os testes anteriores. Estas pastilhas apresentaram um rendimento

57

superior às pastilhas entregues pelo Fornecedor 1, igualando-se a vida útil das pastilhas novas

na maioria dos casos e, em alguns casos, apresentando rendimento superior.

É importante ressaltar que as peças produzidas pela empresa são utilizadas no setor

automotivo e, por se tratar de peças técnicas e, em grande parte de segurança (sistema de

freios, transmissão, entre outros), tanto nos testes da ALFA’ afiada pelo Fornecedor 1 quanto

os do Fornecedor 2, a qualidade das peças foi avaliada criteriosamente. Para tanto, foram

feitas inúmeras medições nas superfícies usinadas buscando a garantia de que a rugosidade da

superfície e as cotas da peça estivessem de acordo com as exigências do cliente. Todas as

peças em que foram aplicadas as pastilhas afiadas passaram por testes de controle

dimensional.

A figura 12 apresenta o relatório de análise da peça em todas as suas cotas,

especificando a máquina e o horário em que a peça examinada foi produzida e compara cada

cota medida com os limites especificados pelo cliente. Verifica-se que na parte inferior do

relatório há um campo para expor a situação da peça analisada, podendo a mesma ser

aprovada ou reprovada.

Figura 12: Relatório da qualidade Fonte: Empresa objeto de estudo, 2008.

58

O relatório da qualidade serviu como documentação para que o projeto de redução de

custos pudesse ser homologado e, em cada peça onde as pastilhas ALFA’ foram testadas,

estes mesmos critérios foram utilizados.

4.2.6 Análise e interpretação de resultados

Após a aprovação dos testes e homologação do projeto, a inserção de pastilhas afiadas

na produção, em caráter efetivo, iniciou-se em meados do mês de Julho de 2008. No final do

referido mês foi obtida uma redução de 18,62% no custo com o consumo da pastilha ALFA, o

que resultou uma redução de 3,75% de custo total de ferramentas de Julho. A tabela a seguir

demonstra as reduções obtidas nos meses de julho, agosto e setembro.

Tabela 02: Resultados obtidos

Mês Redução de Custo na Pastilha ALFA (%)

Redução de Custo no consumo Total (%)

Julho 18,62 3,75 Agosto 56,25 10,87

Setembro 52,06 11,01 Fonte: Elaboração própria (2008)

Salienta-se que durante estes meses uma grande quantidade de pastilhas

ALFA’(afiadas) foram utilizadas na produção. Nos meses de agosto e setembro a quantidade

de afiadas ultrapassou a quantidade de pastilhas novas em uso, pois, havia na central de

descartes da empresa, aproximadamente cinco mil pastilhas em condições de afiação. Além

disso, por decisão da equipe do setor de gerenciamento de ferramentas da empresa, estas

seriam utilizadas até o final de 2008.

Com a aplicação das pastilhas ALFA’ nos processos de usinagem da empresa estudada

foi possível atenuar a curva no gráfico de Pareto, significando uma redução na

representatividade da pastilha ALFA no custo mensal com ferramentas de corte. É importante

observar que no que se refere a quantidades a serem consumidas mensalmente, não houve

alterações, sendo que, a pastilha afiada (ALFA’) tem aproximadamente o mesmo rendimento

da pastilha nova (ALFA), as quantidades a serem utilizadas permaneceram inalteradas, tendo

como fator de variação de consumo apenas a demanda da produção.

59

Na figura 13 pode-se observar o comportamento da curva de Pareto para o consumo de

ferramentas de corte nos meses de julho, agosto e setembro.

Figura 13: Gráfico de Pareto de julho, agosto e setembro. Fonte: Elaboração própria (2008)

No entanto, para o ano de 2009, quando for restabelecido o fluxo normal de pastilhas,

ou seja, o consumo total de todas as pastilhas encontradas na central de descartes, a

quantidade a ser consumida de pastilhas novas (ALFA) devem ser maiores para gerar peças

para a afiação e manter o fluxo.

A partir da análise das condições que a pastilha ALFA’ apresentava no momento em

que retornava ao setor gerenciamento de ferramentas da empresa objeto de estudo, a equipe de

desenvolvimento do projeto de redução de custos juntamente com o prestador de serviço de

afiação passaram a investigar formas de aproveitar novamente estas pastilhas. O item a seguir

expõe outras melhorias que foram realizadas a partir da idéia inicial de afiação de pastilhas

intercambiáveis.

4.2.7 Outras melhorias

Com a aplicação das pastilhas ALFA’ (afiadas) na produção e obtenção de ótimos

resultados, tantos em termos de redução de custos quanto em termos de qualidade, surgiu a

Pastilha ALFA

Pastilha BETA

Pastilha ALFA’

Demais ferramentas

60

idéia de desenvolver uma nova afiação nas pastilhas já afiadas. Desta forma, após a utilização

da pastilha afiada, esta seria reenviada para o fornecedor para receber uma nova afiação.

Os testes com as pastilhas reafiadas, que serão chamadas de ALFA’’, foram efetuados

durante o mês de setembro de 2008 e os resultados obtidos foram tão satisfatórios quanto os

alcançados nos testes com as pastilhas ALFA’.

Através de um estudo de outras possíveis melhorias a partir da pastilha ALFA, foram

realizadas análises no mix de pastilhas intercambiáveis que a empresa objeto de estudo

possuía em estoque. Dentre a grande quantidade de pastilhas intercambiáveis que a referida

empresa utiliza em seus processos produtivos, observou-se a existência de uma pastilha com

as mesmas características da pastilha ALFA diferenciando-se apenas por possuir um raio de 2

milímetros em sua aresta de corte. Esta pastilha será denominada de pastilha DELTA que se

trata da pastilha nova recebida do fornecedor de ferramentas de corte.

Como a pastilha ALFA já era transformada em outra com raio de 3 milímetros

utilizada em pequena escala na empresa apresentando ótimo rendimento e garantindo a

qualidade das peças usinadas, surgiu a iniciativa de testar a afiação da pastilha ALFA também

para o raio de 2 milímetros.

Os testes com as pastilhas ALFA de raio de 2 milímetros que será denominada de

ALFA R2 apresentaram excelentes resultados sendo o teste homologado e a utilização destas

pastilhas programada para iniciar em 2009 em virtude do estoque existente das pastilhas

DELTA. A figura 14 apresenta o fluxograma de afiação da pastilha ALFA que iniciará de

forma efetiva em 2009.

Figura 14: Fluxo de afiação da pastilha ALFA. Fonte: Elaboração própria (2008)

61

Para um melhor entendimento as pastilhas ALFA, ALFA’ e ALFA’’ possuem as

mesmas características e finalidades de uso, assim como, produzem o mesmo acabamento, a

única diferença entre elas é a afiação. Já as pastilhas ALFA R2 e ALFA R3, produzem um

acabamento com raio de 2 e 3 milímetros respectivamente, diferenciando-se entre si e das

demais citadas anteriormente.

Como se pode observar no fluxo estabelecido, a pastilha ALFA pode ser afiada até

duas vezes em qualquer uma das situações, isto significa utilizar a mesma pastilha até três

vezes no processo produtivo. Com certeza deve-se considerar que de uma etapa a outra

ocorrem perdas relacionadas às quebras das ferramentas ocasionadas por colisões durante o

processo de fresamento.

Considerando o fluxo de afiação apresentado anteriormente, pode-se chegar à

aproximadamente 47% de redução nos custos com as afiações das pastilhas, e cerca de 8% no

custo total com o consumo de ferramentas de corte, admitindo-se uma perda de 10% entre

uma utilização e outra na produção.

A tabela a seguir mostra a redução relacionada a cada pastilha, tendo como

comparação o preço da pastilha nova e afiada.

Tabela 03: Preço pastilhas novas e afiadas.

PASTILHA NOVA AFIADA REDUÇÃO ALFA R$ 38,56 R$ 9,24 76,04% ALFA R$ 38,56 R$ 11,81 69,37%

DELTA R$ 51,41 R$ 8,19 84,87% Fonte: Elaboração própria (2008).

Na tabela acima existem dois valores distintos para o preço da pastilha afiada ALFA,

isto ocorre porque na segunda afiação a pastilha recebe uma cobertura para diferenciação da

primeira afiação, o que eleva um pouco o preço, porém, continua apresentando vantagem em

relação ao custo de uma pastilha nova.

A tabela 4 apresenta uma simulação de redução de custos a serem alcançadas a partir

de 2009 tomando como exemplo uma quantidade de 2.500 a serem consumidas durante o

período de um mês. Através de cálculos considerando-se uma perda de 10% da quantidade

utilizada na produção a cada fase da pastilha é possível determinar qual a porcentagem de

pastilhas ALFA, entre novas e afiadas, em relação ao total a ser consumido previsto para o

período, serão necessárias para suprir a necessidade de produção.

62

Tabela 04: Custos utilizando pastilhas ALFA afiadas.

Total a ser consumido 2500 Preço Valor Pastilhas Novas = 0,41 do Total 1016

R$ 38,56

R$ 39.186,99

Pastilhas 1ª afiação = 0,37 do Total 915 R$ 9,24

R$ 8.451,22

Pastilhas 2ª afiação = 0,23 do total 569

R$ 11,81

R$ 6.721,14

Pastilha para raio = 0,10 do Total retirada a partir da 1ª afiação 254

84 R$ 7,71

R$ 645,62

170

R$ 8,19

R$ 1.392,40

TOTAL R$ 56.397,37

Fonte: Elaboração própria (2008).

A tabela 5 apresenta os custos com o consumo da mesma quantidade de 2.500

pastilhas ALFA em determinado período sem a utilização de pastilhas afiadas.

Tabela 05: Custos antes do projeto de afiação das pastilhas ALFA.

Pastilhas Qtd Preço Valor

Pastilhas Novas 2500

R$ 38,56

R$ 96.400,00

Pastilhas com raio de 3 mm 84 R$ 7,71

R$ 645,62

Pastilhas novas com raio de 2 mm 170

R$ 51,41

R$ 8.740,34

TOTAL R$ 105.785,96 Fonte: Elaboração própria (2008).

Comparando-se as tabelas 4 e 5, conforme foi mencionado anteriormente, a redução

alcançada com o fluxo de afiação estabelecido chegará a 46,69%, considerando-se que devido

às perdas o total de pastilhas novas a serem consumidas deve ser de aproximadamente 41% do

total estimado para o consumo da família ALFA (ALFA+ALFA’+ALFA’’).

É importante ressaltar que a quantidade de peças consumidas mensalmente das

pastilhas ALFA R2 e ALFA R3 são bem inferiores quando comparadas às da família ALFA,

apresentando não mais que 8% do consumo destas. Logo, estas pastilhas não são fonte de

preocupação dentro do fluxo.

Uma nova proposta de fluxo de afiação foi apresentada pela equipe do setor de

gerenciamento de ferramentas da empresa objeto de estudo, visando aproveitar ainda mais a

pastilha. Neste sentido a mesma pastilha, desde que em perfeitas condições de uso, seria

afiada 2 vezes, apresentando a mesma finalidade, posteriormente seria afiada com raio de 2

milímetros e finalmente com raio de 3 milímetros. Ou seja, a mesma pastilha poderia ser

usada até 5 vezes no processo produtivo.

Os testes utilizando este novo fluxo serão iniciados em 2009, os preços das pastilhas

novas e afiadas são os mesmos, contudo esta nova proposta apresenta a vantagem de que a

quantidade de pastilhas novas necessárias para manter o fluxo das afiações pode ser inferior à

63

que é necessária para o fluxo atual. Considerando os mesmos parâmetros utilizados para o

fluxo atual, a quantidade de peças novas necessárias para esta nova proposta é de

aproximadamente 37% do total de pastilhas da família ALFA a serem consumidas durante

determinado período. A tabela 6 apresenta os cálculos considerando-se a quantidade de 2.500

unidades de pastilhas ALFA a serem consumidas no período.

Tabela 06: Custos utilizando o futuro fluxo de afiação da pastilha ALFA.

Total a ser consumido 2500 Preço Valor Pastilhas Novas = 0,37 do Total 923 R$ 38,56

R$ 35.571,96 Pastilhas 1ª afiação = 0,33 do Total 830 R$ 9,24

R$ 7.671,59

Pastilhas 2ª afiação = 0,30 do Total 747 R$ 11,81

R$ 8.824,82

Pastilha para raio = 0,10 do Total retirada a partir da 2ª afiação

254

84 R$ 7,71

R$ 645,62

170

R$ 8,19

R$ 1.392,40

TOTAL R$ 54.106,38 Fonte: Elaboração própria (2008).

Como a quantidade de pastilhas novas poderá ser menor, e considerando que estas

apresentam um preço bem superior às pastilhas afiadas, comparando-se a tabela 5 e 6, a

redução de custos projetada com os testes a serem realizados no início de 2009 é de 48,85%

com o consumo destas, influenciando no consumo total de ferramentas em aproximadamente

9% de redução. A figura a seguir apresenta a nova proposta para o fluxo de afiação da pastilha

ALFA.

Figura 15: Futuro fluxo de afiação da pastilha ALFA. Fonte: Elaboração própria (2008)

64

Como os resultados obtidos neste projeto de redução de custos foram muito positivos,

a empresa objeto de estudo está utilizando esta prática também para as pastilhas BETA, cujos

testes já foram efetuados e homologados. Porém, devido à geometria desta pastilha será

possível realizar apenas uma afiação.

65

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 CONCLUSÕES

O tema abordado neste trabalho foi o recondicionamento de ferramentas de corte, em

específico, a afiação de pastilhas intercambiáveis utilizadas nos processos de fresamento da

empresa estudada que proporcionaram reduções de custos expressivas. Nesse contexto, o

objetivo consistiu em analisar todo o processo de afiação das pastilhas ALFA em termos de

redução de custos com o consumo de ferramentas. Para tanto, os conceitos, objetivos e

técnicas contempladas pela literatura com relação ao Gerenciamento de Ferramentas foram

explanados, assim como, as definições acerca do processo de usinagem denominado

fresamento.

Em resposta a questão formulada no início do trabalho, observou-se que com relação

aos aspectos organizacionais a empresa estudada obteve uma redução de custos com a afiação

das pastilhas ALFA de até 56,25%, impactando em 10,87% no custo com o consumo total de

ferramentas no mesmo período. As previsões de redução para o ano de 2009, com os testes já

realizados, são de 49,69% para as pastilhas ALFA e 8% para o consumo total de ferramentas

de corte.

Salienta-se que a partir da realização destes testes a equipe do setor de Gerenciamento

de Ferramentas da empresa enfocada, juntamente com o fornecedor do serviço de afiação,

pretendem realizar testes no início de 2009 que visam aproveitar melhor as pastilhas ALFA,

com previsões de 48,85% de redução no custo destas, influenciando em 9% de redução no

consumo total de ferramentas de corte.

No que tange aos ganhos produtivos a empresa adquiriu com o processo de afiação das

pastilhas intercambiáveis ALFA, um aumento na vida útil da ferramenta, com garantia da

qualidade das peças produzidas.

A realização deste trabalho procurou contribuir para o entendimento da filosofia do

Gerenciamento de Ferramentas e as temáticas a ela relacionadas. Explanando as reduções de

66

custos passíveis de realização a partir de um controle eficaz de informações estratégicas,

logísticas e técnicas, como no caso relacionado à afiação das pastilhas intercambiáveis, este

trabalho apresenta-se como um complemento aos trabalhos já existentes sobre o assunto.

5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Através dos resultados e observações feitas com o desenvolvimento deste trabalho as

seguintes sugestões para trabalhos futuros podem ser apresentadas:

estudo econômico para sustentação da decisão de terceirizar o gerenciamento de

ferramentas ou utilizar um software especializado.

estudo das políticas aplicadas entre gerenciamento de ferramentas e fornecedores e,

conseqüentemente, o nível de relacionamento entre as partes.

estudo dos impactos que as faltas de ferramentas de corte em estoque causam ao setor

metal-mecânico.

apresentações de trabalhos de redução de custos relacionados ao controle efetivo das

ferramentas de corte.

vantagens e desvantagens em adquirir uma máquina para afiação de ferramentas ou

terceirizar esta atividade.

67

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