cláudia marina teixeira martinho os recursos didáticos no ensino-aprendizagem de ... ·...
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Cludia Marina Teixeira Martinho
Os Recursos Didticos noEnsino-Aprendizagem de Filosofia noEnsino Secundrio
Outubro de 2012
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Outubro 2012
Relatrio de EstgioMestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundrio
Trabalho efetuado sob a orientao doDoutor Artur Manuel Sarmento Manso
Cludia Marina Teixeira Martinho
Os Recursos Didticos noEnsino-Aprendizagem de Filosofia noEnsino Secundrio
Universidade do MinhoInstituto de Educao
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DECLARAO
Nome: Cludia Marina Teixeira Martinho
Endereo Eletrnico: [email protected] Telefone: 933263902
Nmero do Bilhete de Identidade: 10590745
Ttulo do Relatrio: Os Recursos Didticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundrio
Orientador: Doutor Artur Manuel Sarmento Manso
Ano de concluso: 2012
Designao do Mestrado: Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundrio
AUTORIZADA A REPRODUO INTEGRAL DESTE RELATRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAO,
MEDIANTE DECLARAO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE.
Universidade do Minho, ___/___/______
Assinatura: ______________________________________________
mailto:[email protected]
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No se aprende, Senhor, na fantasia,
Sonhando, imaginando ou estudando,
Seno vendo, tratando e pelejando.
Cames, Os Lusadas, Canto X, Estrofe 153
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de registar o meu profundo apreo a todos aqueles que, de diferentes formas,
me apoiaram na concretizao do presente trabalho.
Agradeo Dr. Maria Clara Gomes, orientadora cooperante do meu estgio pedaggico,
pelo seu exemplo, empenho e dedicao, que me permitiram refletir sobre as melhores
metodologias a utilizar na sala de aula e a forma mais adequada de lecionar os contedos
cientficos na rea de Filosofia.
Agradeo ao meu supervisor de estgio, Doutor Artur Manso, por toda a sua
disponibilidade, incentivo e acompanhamento ao longo do meu estgio.
Escola Secundria Alberto Sampaio, em Braga, estou grata por ter permitido a
realizao do meu estgio pedaggico e pela abertura com que me recebeu.
Agradeo a todos os alunos da turma do 10 O, que partilharam comigo esta experincia
e me permitiram aprender e refletir sobre o ensino-aprendizagem da filosofia.
minha amiga e colega de estgio, Epifnia Oliveira, agradeo sobretudo a sua amizade,
presena e companheirismo. A nossa cumplicidade e partilha constante tornaram, sem qualquer
margem para dvidas, este caminho menos difcil de percorrer.
Um agradecimento especial minha famlia e amigos pelo apoio incondicional em todos
os momentos, e pelos momentos menos prximos, que permitiram a realizao deste trabalho.
Expresso, por fim, a minha gratido a todas as pessoas que me acompanharam neste
percurso que no foram mencionadas, mas que contriburam, indiscutivelmente, para a
concretizao deste projeto.
Muito obrigada a todos!
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RESUMO
Os Recursos Didticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundrio
O presente trabalho, intitulado Os Recursos Didticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia
no Ensino Secundrio, o relatrio de estgio de Cludia Marina Teixeira Martinho e foi
elaborado no mbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundrio, da Universidade
do Minho. O referido estgio decorreu na Escola Secundria Alberto Sampaio, na cidade de
Braga, durante o ano letivo de 2011/2012, e foi desenvolvido numa turma do 10 ano, em que
se lecionaram as temticas relativas tica, filosofia poltica e filosofia da arte.
Ao longo do relatrio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino
secundrio influenciado pelos recursos didticos utilizados na sala de aula. Neste sentido, ao
longo do estgio, consideramos pertinente colocar em prtica diferentes estratgias e recursos
pedaggicos que potenciassem a aprendizagem, o interesse, a motivao e o sucesso
acadmico dos alunos.
O trabalho composto por introduo, trs captulos centrais, concluso, referncias
bibliogrficas e um apartado de anexos. No primeiro captulo procedemos caraterizao do
contexto em que decorreu o estgio pedaggico e apresentamos a escola e a turma onde foi
implementado o nosso plano geral de interveno, bem como os objetivos e as estratgias que o
nortearam. No segundo captulo explicitamos, por um lado, o que so os recursos didticos e
qual a sua importncia no processo de ensino-aprendizagem, e por outro, descrevemos a nossa
prtica letiva e a respetiva estruturao das aulas. O terceiro captulo ocupa-se com a avaliao
da nossa interveno pedaggica, que foi baseada na implementao do Projeto de Interveno
Pedaggica Supervisionada.
Palavras-Chave: Ensino de Filosofia, Recursos Didticos, Processo de Ensino-aprendizagem.
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ABSTRACT
The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education
This paper, entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in
Secondary Education, is the probation report by Cludia Marina Teixeira Martinho. It was carried
out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education, in the University of
Minho. The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School, in Braga, in the
2011/2012 school year. It was conducted with 10th-grade students who were taught the
following philosophy branches: ethics, political philosophy and philosophy of art.
Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have
a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education. Thus, during the
probationary period, we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources
which might promote the learning, the interest, the motivation and the students academic
success.
The paper is formed by an introduction, three main chapters, a conclusion, bibliographical
references and annexes. In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical
probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of
intervention was executed, as well as the goals and the strategies which guided it. In the second
chapter, we explain, on one hand, what didactic resources are and their importance in the
teaching-learning process, and, on the other hand, describe our teaching practice and its
respective structure in class. The third and final chapter deals with the assessment of our
pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical
Intervention Project.
Keywords: Philosophy Teaching, Didactic Resources, Teaching-learning Process.
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NDICE
AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. IV
RESUMO ............................................................................................................................... V
ABSTRACT ........................................................................................................................... VI
INTRODUO........................................................................................................................ 1
CAPTULO 1: CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENO ................................................ 4
1.1. O CONTEXTO DE INTERVENO ........................................................................................................... 5
1.2. O PROJETO DE INTERVENO PEDAGGICA SUPERVISIONADA .................................................................... 8
CAPTULO 2: DESENVOLVIMENTO DA INTERVENO ......................................................... 13
2.1 OS RECURSOS DIDTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM .......................................................................... 14
2.2 A PRTICA DA LECIONAO .............................................................................................................. 23
2.2.1 O PROJETO DE EDUCAO SEXUAL (PES) .................................................................................... 27
2.2.2 TICA, FILOSOFIA POLTICA E FILOSOFIA DA ARTE ........................................................................... 33
CAPTULO 3: AVALIAO DA INTERVENO ........................................................................ 46
CONCLUSO ....................................................................................................................... 51
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................................................... 55
ANEXOS .............................................................................................................................. 58
ANEXO 1 PROJETO DE INTERVENO PEDAGGICA SUPERVISIONADA ............................................................. 59
ANEXO 2 GUIO DE FILME E FICHA DE TRABALHO...................................................................................... 65
ANEXO 3 EXEMPLO DE UMA PLANIFICAO ............................................................................................... 67
ANEXO 4 EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA ............................................................................................... 70
ANEXO 5 EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONAO .............................................................................. 72
ANEXO 6 EXEMPLO DE UMA SNTESE TEXTUAL ........................................................................................... 76
ANEXO 7 EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO ....................................................................................... 77
ANEXO 8 EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIAO QUALITATIVA...................................................................... 78
ANEXO 9 EXEMPLO DE UM EXERCCIO DE APLICAO .................................................................................. 80
ANEXO 10 QUESTIONRIO .................................................................................................................... 82
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INTRODUO
A escola e o ensino so, indiscutivelmente, aspetos essncias no desenvolvimento dos
indivduos, nomeadamente dos jovens. Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes
disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competncias pessoais, socias e
profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexo feito para promover o
sucesso educativo ser bem-vindo. neste mbito que o nosso trabalho se insere. Pretendemos
evidenciar, tendo em conta o tema do nosso projeto de interveno, que o uso de recursos
didticos adequados e variados promovem a motivao, o interesse e a aprendizagem escolar,
nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundrio. Assim, para que o ensino-
aprendizagem de filosofia decorra com sucesso, existem um conjunto de aspetos,
nomeadamente de nvel didtico-pedaggico, que devemos ter em considerao na nossa prtica
letiva.
Consideramos que a educao deve contar, entre outros saberes, com o ensino da
filosofia, isto no sentido de formar pessoas conscientes, que possam pensar por si mesmas,
refletir criticamente e definir aes, considerando as mltiplas dimenses da vida do homem.
Seja como for, no devemos esquecer que, quando ensinamos filosofia, to importantes quanto
os contedos a aprender so os objetivos ou intenes gerais com que se ensina e aprende,
tais como o desenvolvimento do sentido crtico e da capacidade de problematizao, a
maturidade intelectual, a sensibilidade a valores morais, culturais, etc. (Boavida, 2010: 55).
Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que
sero mais adequadas para atingir esses propsitos. Assim, e como refere Boavida, para obter
certos objetivos to importante defini-los com rigor como aplicar os mtodos mais adequados
(ibidem). No nosso entender, dentro desses parmetros procedimentais podemos incluir, pelo
impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula, a utilizao de recursos didticos
adequados e variados. Dentro dos recursos didtico-pedaggicos de apoio podemos incluir os
mtodos, tcnicas e estratgias de lecionao, as atividades implementadas e os materiais
utilizados em sala de aula.
Posto isto, julgamos que a escolha do tema do nosso projeto, Os Recursos Didticos no
Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundrio, pertinente e est plenamente
justificada. Tendo em conta a nossa opo e a apropriao do tema que escolhemos, de referir
que a preocupao pelo planeamento e pela utilizao de recursos didticos adequados esteve
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sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de interveno, plano este que esteve na
base da realizao do estgio profissional. Assim, a utilizao desses recursos didticos
adequados, aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula, refletem, entre outros aspetos a
considerar, toda a metodologia, a didtica e a prtica que consideramos adequada na lecionao
da disciplina de filosofia no ensino secundrio.
Este projecto, que engloba uma dimenso de investigao-ao, foi desenvolvido na
Escola Secundria Alberto Sampaio, em Braga, no ano letivo de 2011/2012, com uma turma de
10 ano de escolaridade, do agrupamento de artes visuais.
Assim, as finalidades primordiais deste texto, que resulta da implementao do nosso
plano de interveno, so as seguintes: mostrar a importncia dos recursos didticos no
processo de ensino-aprendizagem; defender o uso de recursos didticos variados e adequados
ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula; relatar como se desenvolveu a nossa
experincia de lecionao; procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas,
teorias, argumentos e conceitos da filosofia, num clima de liberdade e de pensamento crtico;
avaliar o impacto da nossa interveno.
No primeiro captulo abordamos o plano de interveno pedaggica supervisionada, que
esteve na base da nossa investigao-ao, bem como os objetivos e as estratgias que o
nortearam. De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo
estgio pedaggico, caraterizando genericamente a Escola Secundria Alberto Sampaio e a
turma do 10 O Curso Cientfico-Humanstico de Artes Visuais.
No segundo captulo comeamos por explicitar o que so os recursos didticos, dando
alguns exemplos da sua abrangncia e esclarecendo a importncia e o impacto que estes
podem ter no processo de ensino-aprendizagem. Seguidamente, e agora mais no mbito da
filosofia, descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de
interveno, aplicando na prtica as evidncias encontradas na primeira parte do captulo.
aqui que explicamos, com algum detalhe, a estrutura e os momentos principais da nossa
lecionao, primeiramente no apoio ao Projeto de Educao Sexual (PES) e posteriormente na
explicitao das temticas relativas tica, filosofia poltica e filosofia da arte. medida que
descrevemos a nossa prtica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didtico-
pedaggicos, manifestos na metodologia, nas estratgias, nas atividades e nos materiais
utilizados na lecionao.
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No terceiro captulo procedemos a uma avaliao global do plano e do processo de
interveno. No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciao recorremos a
estratgias de observao e de inqurito, focando a nossa ateno sobretudo nos aspetos
relativos aos recursos didtico-pedaggicos utilizados em sala de aula.
Na concluso apresentamos uma sntese das principais ideias explicitadas ao longo do
relatrio, bem como uma reflexo pessoal da experincia de implementao do plano de
interveno. Englobamos ainda, na nossa anlise, uma apreciao mais alargada no mbito do
nosso mestrado, pois no nos limitamos apenas experiencia da unidade curricular designada
de estgio profissional.
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CAPTULO 1: CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENO
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1.1. O contexto de interveno
O nosso projeto de interveno pedaggica supervisionada foi desenvolvido na Escola
Secundria Alberto Sampaio, uma escola situada no centro de Braga, mais concretamente na
freguesia de So Lzaro. Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade,
contudo, nos ltimos anos, tem-se acentuado a tendncia para uma maior diversificao,
integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade. Do ponto de vista sociolgico,
integra uma populao estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos
sociais. Na realidade, esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inmeros projetos e
um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formao e das
aprendizagens dos seus alunos.
Para que a misso educativa da escola seja alcanada com sucesso esta oferece um
vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos, entre os quais salientamos: a
biblioteca/centro de recursos, salas de aula, salas de estudo, reprografia/papelaria, bar, cantina,
sala dos alunos e outros espaos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular
(como desporto escolar, oficinas, clubes, ateliers, revista Defacto, entre outros). A nvel
arquitetnico a escola est renovada e possui recursos novos e variados, como os quatro
auditrios disponveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos,
computadores e projetores multimdia). O edifcio da escola, requalificado, tem sido alvo de
aprovao e agrado por parte da comunidade educativa, os seus espaos (interiores e exteriores)
so consensualmente considerados como agradveis e propiciadores de um bom clima de
trabalho e convvio.
importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na ltima avaliao
externa que lhe foi feita, no ano de 2007, sendo avaliada com Muito Bom nos cinco
parmetros avaliados: Resultados; Prestao do servio educativo; Organizao e gesto escolar;
Liderana; Capacidade de auto-regulao e melhoria da escola.
No que concerne aos Resultados estes situaram-se, na sua generalidade, acima da mdia
nacional. De acordo com o referido relatrio:
Nos cursos cientfico-humansticos/gerais do ensino secundrio as taxas de transio dos 10 e 11 anos
so superiores mdia nacional, enquanto que no 12 ano se apresentam ligeiramente abaixo desse
referente. Nos cursos tecnolgicos, do mesmo nvel de ensino, as taxas de transio dos 10, 11 e 12
anos de escolaridade situam-se bastante acima das mdias nacionais, com especial relevncia para o 12
ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 25,7%. (Fernandes, 2007: 4).
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Relativamente Prestao do servio educativo, notria uma preocupao em
responder s necessidades educativas dos alunos, destacando-se aqui, por exemplo, o apoio aos
alunos surdos e o Servio de Psicologia e Orientao. Em relao Organizao e gesto
escolar, existem vrias atividades de complemento curricular que tm como objetivo divulgar e
promover diversos saberes. No que respeita ao aspeto da Liderana, so muitos os pontos fortes
a destacar, mas salientamos que foi detetada uma liderana muito forte e determinada, que se
foca nos problemas que vo surgindo e na sua resoluo. No que se refere questo da
capacidade de auto-regulaco e melhoria da escola, evidenciamos a constituio de um
observatrio interno permanente direcionado para as reas de interveno consideradas
prioritrias tais como a avaliao dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliao do
desempenho das estruturas de articulao curricular (Fernandes, 2007: 6).
So de realar os seguintes pontos fortes desta escola: a liderana forte e assente
estruturalmente na organizao; a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular; a
abertura diversidade e mudana e a cultura de incluso. Porm, destacamos tambm
algumas debilidades, como a irregularidade da participao dos pais e encarregados de
educao e o menor aproveitamento nas aulas de substituio.
Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundria Alberto Sampaio
evidenciamos dois: Criar condies que permitam a consolidao e aprofundamento da
autonomia pessoal conducente a uma realizao individual e socialmente gratificante; Promover
uma cultura de liberdade, participao, reflexo, qualidade e avaliao (2011: 18). Estes
objetivos esto tambm consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)
da Escola, nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2 artigo. Destacamos estes objetivos porque
focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionao.
A turma onde desenvolvemos a lecionao, e implementmos o nosso projeto, foi o 10
O, do Curso Cientfico-Humanstico de Artes Visuais, constituda por 27 alunos, 14 do sexo
feminino e 13 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos, tendo a
maioria dos alunos 15 anos (59%, equivalente a 16 alunos).
Quanto aos comportamentos e participao dos elementos da turma em sala de aula
podemos constatar que uma turma com um nvel mediano. So raros os comportamentos
menos adequados, salvo alguma desateno ou conversa entre alunos e de uma forma geral
eles so participativos. De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de
alunos, um mais atento, interessado e participativo e outro mais desinteressado e/ou desatento,
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com estudantes que esto aparentemente desligados das atividades da sala de aula.
Sublinhamos, do mesmo modo, um comportamento interessante e compreensvel: os alunos
parecem gostar mais de aulas dinmicas, onde se possam discutir filosoficamente problemas,
teorias e argumentos, aplicar os conhecimentos mais tericos e abstratos, onde haja um
questionamento constante e recursos didticos variados, do que de lies meramente
expositivas. Notamos, de forma genrica, que a maioria dos alunos colocava poucas dvidas e
que alguns tinham dificuldade em expor uma opinio clara, coerente e devidamente
fundamentada.
Podemos tambm observar que esta foi uma turma razovel ao nvel dos resultados
cognitivos. Dos vinte e sete alunos da turma foi notria uma melhoria de notas ao longo dos 3
perodos. No final do ano letivo reprovaram 4 alunos disciplina de filosofia (todos estes
estudantes ficaram retidos no 10 ano, pois tambm tiveram negativa a outras disciplinas), doze
alunos obtiveram avaliaes entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19
valores.
Ao longo da nossa lecionao procurmos atender s particularidades de cada aluno, s
suas atitudes e dificuldades, de modo a ajud-los numa melhor aprendizagem da filosofia. A
consulta e anlise da ficha socioeconmica da turma teve tambm bastante utilidade para
comear a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno. Seja como
for, da anlise dessa ficha de caraterizao, e apesar das diferenas interindividuais
encontradas, no houve qualquer dado significativo que, por si s, nos pudesse indicar um
impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem. Consideramos que benfico para
os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas caratersticas, nomeadamente
que seja crtico, que os ajude a refletir sobre a realidade, a examinar as diferentes
mundividncias, a procurar boas razes para defenderem as suas posies, a saber argumentar;
em suma, um ensino da filosofia que os ajude na sua formao enquanto cidados crticos,
livres e autnomos.
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1.2. O Projeto de Interveno Pedaggica Supervisionada
O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos
analisar. Assim, com a nossa reflexo, procuramos indagar qual a forma mais adequada de
ensinar filosofia no ensino secundrio, e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto
dos recursos didticos no ensino-aprendizagem da filosofia.
Quando pretendemos analisar que recursos so mais adequados para o ensino da filosofia
estamos a investigar um problema que ao mesmo tempo didtico e metodolgico, que se
prende particularmente com os mtodos, as tcnicas, as estratgias, os recursos e as prticas
do ensino de filosofia. Podemos, ento, subdividir este problema em algumas outras questes,
tais como: Quais os mtodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar?
Quais as melhores estratgias e prticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula?
Que materiais pedaggicos sero mais eficazes na lecionao da filosofia?
Gostaramos agora de fazer notar que o ensino da filosofia dotado de algumas
caratersticas que a distinguem do tratamento que dado a outras disciplinas. A forma como
ensinamos filosofia diferente do modo como se ensina histria, geografia ou matemtica, por
exemplo. Como refere Murcho (2002: 10) a filosofia uma atividade crtica, e no um corpo de
conhecimentos, e continua afirmando que impossvel estudar e ensinar bem histria da
filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeiro. Neste sentido o professor de filosofia para
alm de precisar de conhecer a disciplina que leciona, a sua histria, as suas teorias, os seus
autores, os seus problemas e conceitos, tambm dever dominar o prprio processo de
discusso filosfica. Assim, um professor de histria da filosofia tem de dominar a filosofia, tem
de saber discutir os problemas, as teorias e os argumentos da filosofia, tem de saber distinguir
os bons argumentos das falcias, tem de saber lgica e tem de saber pensar filosoficamente
(ibidem).
importante referirmos que o nosso Projeto de Interveno Pedaggica Supervisionada
(cf. anexo 1) e a nossa lecionao, na disciplina de filosofia, vai de encontro ao estabelecido nos
princpios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986), nomeadamente
quando esta refere que: A educao promove o desenvolvimento do esprito democrtico e
pluralista, respeitador dos outros e das suas ideias, aberto ao dilogo e livre troca de opinies,
formando cidados capazes de julgarem com esprito crtico e criativo o meio social em que se
integram e de se empenharem na sua transformao progressiva.
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Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundrio) fornece um contributo
fundamental na concretizao dos objetivos que a lei de bases prope, nomeadamente ao
contribuir para o desenvolvimento de cidados integralmente formados, com valores (estticos,
espirituais, morais, cvicos, democrticos), com esprito reflexivo (crtico e aberto), e com uma
cultura mais alargada.
Pretendemos, assim, com o desenvolvimento do nosso projeto, contribuir igualmente para
a promoo de uma cultura de liberdade, participao e reflexo, como proposto no projeto
educativo da escola onde lecionamos e na legislao em vigor. Tendo em conta a temtica em
estudo pretendemos ento averiguar quais os recursos e materiais didticos que promovem o
ensino-aprendizagem de valores, do esprito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de
bases sugere nos seus princpios organizativos), em suma, investigar que recursos facilitam o
sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia.
Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma
metodologia prpria para o seu ensino, isto , que promove mais adequadamente a
aprendizagem de competncias que esta procura desenvolver, como o esprito crtico, a
reflexividade, a autonomia, a criatividade, a capacidade de tomar decises, etc. neste sentido
que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas, ou o uso repetitivo e
exclusivo de um determinado material, como o manual escolar ou o caderno dirio, no so os
recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia. preciso usar
estratgias e mtodos que levem os alunos a desenvolver as competncias relativas ao filosofar
e para isso h que fazer um esforo mltiplo e abrangente. H que planear bem as aulas,
estudar cuidadosamente as matrias, contrastar teorias e argumentos, planear atividades,
selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do pblico alvo, enfim, h que
escolher as estratgias mais adequadas para cada momento. Para fazer da filosofia o lugar
crtico da razo no basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos, mas preciso aprender a
pensar.
Atravs das observaes efetuadas na turma, enquanto assistamos lecionao da nossa
orientadora cooperante, bem como por intermdio das pesquisas bibliogrficas que levamos a
cabo, constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem
da turma em que lecionmos. Estamos a falar da utilizao do mtodo dialgico; do
questionamento constante; de representaes esquemticas; da leitura ativa; dos debates; das
snteses; da realizao de jogos didticos; das fichas de trabalho/formativas; do uso de
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powerpoints, com a explicao da matria, mas tambm com esquemas, imagens,
documentrios ou excertos de filmes; do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para
comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar, entre outros recursos possveis.
Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom
desenvolvimento da aula, desde que as problemticas levantadas sejam discutidas
racionalmente, de forma livre e dialgica, usando as tcnicas relativas filosofia e ao
desenvolvimento do pensamento reflexivo. O professor deve ento estimular os alunos a filosofar,
incitando-os a argumentar, a pensar criticamente, de forma criativa, livre e autnoma. No
podemos esquecer que a filosofia uma arte que implica um esprito de abertura, no sentido de
se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias, levando a uma compreenso do mundo e
da vida cada vez mais ampla.
Tendo em conta o exposto, procuramos sempre, ao longo do desenvolvimento do nosso
projeto, aplicar os princpios mais adequados ao ensino da filosofia, no sentido de tornar as
aprendizagens mais interessantes e eficazes. Procuramos, ento, apostar em aulas mais
dinmicas, que motivem os alunos, onde haja dilogo, debate e opinio crtica fundamentada,
atravs de variados recursos didticos.
Para que se possa ensinar melhor filosofia, e para que cada um de ns possa ser melhor
professor, importante estudar, investigar e pr em prtica estas questes educativas, e este ,
sem dvida, o momento ideal para o fazer, para experimentar diferentes metodologias, avaliar o
seu impacto e refletir sobre elas, procurando melhorar e diversificar as estratgias e as
atividades. Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questes didticas.
Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global, com acesso facilitado a
mltiplas informaes, e a recursos cada vez mais atrativos e variados, ambicionamos, com o
nosso projeto, promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importncia da
utilizao dos expedientes mais adequados para a sua lecionao. Acreditamos que os mtodos
e as estratgias mais atuais podem ser dinamizados com mtodos e estratgias mais
tradicionais, em prol de uma aprendizagem mais motivadora, eficaz e aprofundada.
Pretendemos, neste sentido, demonstrar a importncia de rentabilizar os recursos didticos em
benefcio de um ambiente de aprendizagem mais rico, desafiador e propcio melhoria das
aprendizagens na disciplina de filosofia.
Assim, e tendo em conta o exposto, pretendemos ao longo da nossa interveno
pedaggica investigar as seguintes questes:
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- Que representaes tm os alunos sobre os diversos mtodos/estratgias e recursos
didticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia?
- Quais as prticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia, no campo da tica,
da poltica e da esttica?
- Quais os recursos didticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em
filosofia, no mbito da tica, da poltica e da esttica?
Tendo em conta a temtica do nosso plano de interveno, os objetivos que nos
propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais: analisar as
representaes dos alunos sobre os mtodos e recursos didticos utilizados na aula de filosofia;
refletir sobre as melhores estratgias didticas e metodolgicas para o ensino da filosofia; avaliar
criticamente a utilizao de diferentes recursos didticos na lecionao da filosofia em contexto
de sala de aula; utilizar recursos didticos eficazes na lecionao da tica, da poltica e da
esttica.
Para executar o projeto planeamos implementar diversas estratgias, entre as quais:
reflexo e anlise crtica da literatura referente s metodologias/estratgias e recursos didticos
no processo de ensino-aprendizagem; reflexo e anlise crtica da literatura referente ao ensino
da filosofia; observao, em sala de aula e por inqurito, dos mtodos e recursos didticos
preferidos pelos alunos; aplicao das metodologias e recursos didticos que paream mais
adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionao da tica, da poltica e da esttica.
Para recolher e posteriormente analisar a informao necessria para a implementao e
avaliao do nosso projeto de interveno privilegiamos diversos instrumentos, tais como:
grelhas de observao e de anlise dos alunos em sala de aula, questionrios sobre temas
abordados, intervenes orais, fichas de trabalho, manuais e livros de apoio, tarefas escritas de
sntese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos, questionrios sobre
os recursos didticos usados no ensino da disciplina de filosofia.
Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigao-ao, em que a
investigao se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da
disciplina de filosofia e o campo da ao se referiu implementao e ao desenvolvimento do
projeto traado.
O projeto que acabamos de expor, e que nos captulos seguintes passaremos a
desenvolver, decorreu ao longo de 3 fases. Num primeiro momento passou pela observao e
anlise das aulas da professora cooperante e pela investigao mais terica dos temas do
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projeto. Posteriormente implementmos o nosso projeto atravs da prtica da lecionao, onde
usamos um conjunto de estratgias, metodologias, atividades e materiais. Para finalizar o plano
inicial procedemos a uma anlise e avaliao do projeto implementado (do processo e do
produto).
De seguida, passaremos a dar incio ao desenvolvimento da nossa interveno, no sem
antes efetuarmos uma breve exposio sobre os recursos didticos no processo de ensino-
aprendizagem.
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CAPTULO 2: DESENVOLVIMENTO DA INTERVENO
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2.1 Os Recursos Didticos no Ensino-Aprendizagem
Os recursos didticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um
procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de
ensino-aprendizagem, sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente
educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens.
De um modo genrico, os recursos didticos podem ser classificados como naturais
(elementos de existncia real na natureza, como a gua, uma pedra ou animais, etc.);
pedaggicos (o quadro, um cartaz, uma gravura, um filme, um slide, uma imagem, uma ficha de
trabalho, um manual de apoio, etc.); tecnolgicos (rdio, gravador, televiso, CD, DVD,
computador, projetor multimdia, ensino programado, laboratrio de lnguas, etc.) ou culturais
(biblioteca pblica, museu, exposies, etc.). No caso da disciplina que lecionmos, e mais
especificamente do presente trabalho, baseado no nosso projeto de interveno, so os recursos
pedaggicos e tecnolgicos que mais nos interessam. Queremos ainda focar uma possvel
classificao dos recursos mais tradicionais, como o dilogo/exposio oral, o manual, o
caderno dirio, ou o quadro; ou mais modernos/tecnolgicos, que so dotados de um maior
dinamismo e recorrem geralmente a meios mecnicos e tcnicos.
Quando nos referimos aos recursos didticos estamos a falar de expedientes, de meios,
que so colocados ao dispor da didtica, ou seja, so recursos e instrumentos que funcionam
como auxiliares da pedagogia. Neste sentido, julgamos que o conceito de recursos didticos
algo mais abrangente do que inicialmente poderamos pensar e no se refere apenas aos
recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino. Para facilitar o processo de ensino-
aprendizagem tambm utilizamos, juntamente com os materiais pedaggicos, um conjunto de
atividades, de estratgias, de mtodos e tcnicas prprias do ensino.
Os recursos didticos so assim utilizados, com maior ou menor frequncia, em diferentes
disciplinas, reas de estudo ou atividades, e quer estes se constituam enquanto materiais,
atividades, estratgias, tcnicas ou mtodos, so selecionados e utilizados no sentido de auxiliar
o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente, constituindo-se num meio para
facilitar, incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem. Esta sem dvida a sua
principal misso: coadjuvar o ensino, apoiar a aprendizagem, seja de contedos ou de
competncias, seja de aspetos mais tericos ou prticos.
Uma aula configura-se ento como um microssistema definido por determinados espaos,
uma organizao social, certas relaes interativas, uma certa forma de distribuir o tempo e um
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determinado uso de recursos didticos, numa interao entre todos os elementos (cf. Zabala,
1998). Tendo em conta esta viso, apercebemo-nos de que os recursos so apenas um dos
mltiplos aspetos a ter em conta na lecionao. No obstante a sua importncia, eles
contribuem, juntamente com outros fatores, para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem.
Assim, devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interao, como um
meio coadjuvante para alcanar um fim, e no como um fim em si mesmo.
Se considerarmos que os recursos pedaggicos promovem a aprendizagem eficiente
porque temos em conta que h alguma coisa alm da pessoa que ensina e da pessoa que
aprende. Assim, defendemos, tal como Ferreira e Jnior (1975: 3), que o ambiente que cerca o
aluno cria aspetos de grande importncia para a aprendizagem e se tivermos em considerao
essas condicionantes que influenciam o processo de aprendizagem, poderemos at falar de
uma ecologia da aprendizagem. Nessa ecologia, ocupam lugar de destaque os recursos
audiovisuais. O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem
oral, mas esta pode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidos
(ibidem).
Ouvir e ver, olhar e escutar, so as formas bsicas de aprendizagem (cf. Wittich &
Schuller, 1962: 9). No entanto, e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do
homem, alguns cientistas concluram que a viso que apresenta maior possibilidade
percentual de aprendizagem, com um valor de 83%, seguindo-se a audio com 11% (cf. Ferreira
e Jnior, 1975: 3). Parece que a interao da capacidade de ver e ouvir influncia o quanto as
pessoas aprendem e se isto verdade para os educandos de todas as idades, particularmente
imperativo no que toca aos mais jovens.
No sentido de promovermos a motivao e a aprendizagem dos alunos devemos criar,
ento, um ambiente que permita estimular o maior nmero de sentidos possvel, especialmente
a viso e a audio. Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma
possibilidade percentual de aprendizagem de 94%, sendo que os restantes sentidos somam
entre si apenas 6%. Tendo em conta estes nmeros conclumos que as estratgias que mais
devemos utilizar so aquelas que usam a voz e a imagem em simultneo. Constata-se ento que
a combinao do oral e do visual permite uma alta reteno, e, portanto, uma facilidade muito
maior na aprendizagem (Ferreira e Junior, 1986: 5).
Quando o professor est a explicar oralmente a matria e ao mesmo tempo usa o quadro
ou o manual escolar, ou promove a utilizao do caderno dirio, est a utilizar mtodos mais
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tradicionais em que as estratgias mais orais e visuais esto a ser utilizadas. Mas pode tambm
recorrer ao auxlio de recursos tecnolgicos mais modernos, nomeadamente de meios
audiovisuais, que combinem som e imagem simultaneamente, nomeadamente atravs do uso
de certos powerpoints, de jogos interativos, de filmes ou documentrios. Estes recursos
permitem uma captao mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisio de
conhecimentos e apreenso de informaes, at porque muitas vezes apelam, exemplificando, a
variadas situaes e exemplos prticos.
Cada metodologia apresenta, obviamente, mais ou menos vantagens ou desvantagens.
Comparativamente utilizao, na sala de aula, do tradicional quadro, por exemplo, h outros
recursos, como o uso do projetor multimdia (com powerpoints, documentrios, exerccios
prticos, exemplificaes, etc.) que pode trazer algumas vantagens. Com este tipo de recurso o
professor permanece voltado para a turma, podendo assim manter o contato visual e controlar
melhor os seus alunos, percebendo as suas reaes e, em funo dessa informao de retorno,
desse feedback, pode modificar os seus procedimentos quando necessrio. Este material, que
serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula, tem a vantagem
de poder ser preparado em casa, de forma cuidada e pensada, e de poder ser utilizado
posteriormente, permitindo novas melhorias. A mesma informao colocada no quadro seria
menos atrativa, iria tomar muito mais tempo da aula e no poderia ser guardada para utilizaes
posteriores. Mas o quadro tambm apresenta algumas vantagens, como a facilidade com que a
qualquer momento pode ser utilizado. Sobretudo h que saber aproveitar as virtudes de cada
recurso, e a sua adaptabilidade a cada momento.
Estudos sobre a reteno de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaes e
evidenciam que os alunos aprendem: 10% do que lem, 20% do que escutam; 30% do que
vem; 50% do que vem e escutam; 70% do que dizem e discutem e 90% do que dizem e
realizam (cf. Socony-Vacuum Oil Co. Studies, cit. por Ferreira e Junior, 1986: 5). Daqui podemos
concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma
maior rentabilizao no processo de ensino-aprendizagem. Se ler, ouvir e ver so estratgias
importantes, ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que: promovam uma maior
interao dos alunos com as matrias; facilitem a expresso daquilo que os alunos pensam, das
suas reflexes; que evidenciem aquilo que eles fazem, isto , a aplicao das teorias e dos
conceitos na prtica. Estas concluses mostram-nos que devemos variar os recursos e torn-los
mais dinmicos, mais prticos, mais interativos, e adaptados s capacidades e interesses
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daqueles alunos especficos, pois mais do que tudo eles existem ao servio do aluno e da sua
aprendizagem.
Os professores encontram-se hoje no vrtice das grandes mudanas que caraterizam os
nossos tempos. A verdade que nunca as transformaes alcanadas ao longo do processo
histrico exigiram tantos esforos do professor para se manter atualizado na sua matria e nos
mtodos de comunicar conceitos (Wittich & Schuller, 1962: 13). Em apenas poucas dcadas o
ensino libertou-se da sua quase completa dependncia da expresso verbal face a face e requer
hoje a capacidade de seleo e utilizao de novos meios que permitam esclarecer melhor os
contextos das matrias. Alm do papel tradicional do professor, como profissional competente
na sua especialidade e tambm na rea da aprendizagem, um novo aspeto deve ser agora
considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criao de
condies de comunicao favorveis ao ensino (cf. ibidem).
O aluno de hoje dominado pelo mundo da comunicao, durante o fim de semana ou
noite, talvez se tenha dedicado ao cinema, televiso e internet. Quando chega sala de aula
traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaes a que
foi submetido pelos vrios meios de comunicao. Parece compreensvel, tendo em conta esta
realidade, que ele esteja aberto a experincias deste gnero na escola, e que seja penoso ficar
horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual. Felizmente o professor de hoje,
aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivao dos seus alunos, sabe
que as vivncias dos seus alunos so muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atrs, e est
preparado para enfrent-las. Muito embora o progresso alcanado na cincia e na tcnica das
comunicaes tenha alterado radicalmente a comunicao fora da escola, constitui
responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alterao e adaptar o ambiente e
as tcnicas de ensino, para que a aprendizagem e a instruo em sala de aula se enquadrem na
forma por que hoje se acham organizadas. Em poucos anos a comunicao que se processava
atravs da palavra, falada ou escrita, orientou-se no sentido dos meios mecnicos e o professor
deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem.
Uma vez que a escola tem na sua misso a responsabilidade pela instruo que os jovens
devem receber, ela deve dispor de meios de comunicao eficientes. Tambm o professor deve
estabelecer uma comunicao eficaz em sala de aula adaptando-a s necessidades dos alunos
e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanar com xito os objetivos da educao
escolar tidos como vlidos (Wittich & Schuller, 1962: 17).
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Hoje em dia, e tendo em conta a evoluo dos recursos de apoio, h especialmente uma
preocupao em detetar como so desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias
educacionais. As escolas, nomeadamente as portuguesas, esto a beneficiar agora de uma
melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informao e comunicao
aplicadas educao. A reorganizao curricular no sistema educativo portugus, ao valorizar a
integrao curricular das tecnologias de informao e comunicao aplicadas educao, lana
novos desafios escola e ao exerccio profissional dos professores. Assim, a utilizao dos
recursos contempla dois aspetos distintos, mas complementares: por um lado o
apetrechamento das escolas; por outro, a utilizao dos recursos pelos professores na prtica
letiva (Oliveira, 1996: 237).
Na seleo, adaptao e elaborao de recursos didticos, com o intuito de conseguir o
melhor aproveitamento possvel desses instrumentos, o professor dever considerar alguns
critrios para alcanar a desejada eficincia, entre os quais destacamos: o tipo de alunos que
dispe, com as suas capacidades, interesses e motivaes especficas; as potencialidades e
estrutura fsica da escola e da sala de aula onde est a lecionar; os seus saberes, disponibilidade
e competncias; a utilizao variada dos recursos; os objetivos e contedos da disciplina que
leciona, bem como as estratgias metodolgicas que pretende levar a cabo. Explicitamos, agora,
de forma mais desenvolvida, estas importantes condies, dando at alguns exemplos, no
sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos
didticos.
O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a
existncia de uma pluralidade social, cultural e cognitiva nos diferentes estudantes, o que resulta
seguramente numa grande variedade de formas de aprender que no devem ser ignoradas pelos
professores. Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores sero melhor sucedidos
nas suas prticas se dominarem o uso de diferentes recursos didtico-pedaggicos, pois s
assim conseguiro atingir de forma mais ampla os alunos, fomentando a sua motivao,
interesse e participao. Tendo em conta a variedade e a adequao desses mesmos recursos,
o professor poder estabelecer mais facilmente estratgias que promovam um maior sucesso
educativo junto daqueles estudantes especficos. Neste sentido, diversos autores atestam a
importncia e at mesmo a necessidade dos professores inclurem diferentes recursos no
planeamento das suas aulas, alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no
processo de ensino-aprendizagem (Marasini, 2010: 4).
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A necessidade de dominar vrios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando
temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes nveis de ensino, com escales
etrios muito distintos, e por vezes at de forma simultnea. Damos apenas como exemplo o
caso de um professor de filosofia que poder trabalhar com uma populao mais jovem, na rea
de filosofia para crianas; que ao mesmo tempo est a ensinar adolescentes, no ensino
secundrio (10 e 11 ano de escolaridade), e poder tambm dar formao a adultos sobre
tica profissional. Um recurso, uma atividade, ou uma forma especfica de comunicar, que
funcione muito bem com uma criana de 7 anos, ou com um adolescente de 16, pode no ser
eficaz com num adulto de 45 anos. Assim, quanto maiores forem as competncias dos
professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes, maiores sero as
probabilidades de uma boa adaptao ao pblico-alvo.
Um professor que lecione numa escola que possua todas as condies de trabalho, que
tenha, por exemplo, aderido ao plano tecnolgico, que possua todos os recursos fsicos que ele
necessita para as suas atividades letivas, tem o seu trabalho facilitado e pode possuir,
obviamente, opes de escolha mais amplas. No entanto, tambm de pouco lhe serve poder
usufruir dos instrumentos e dos materiais e no os saber utilizar, no ter disponibilidade ou at
motivao para o fazer. Para o caso de haver poucos recursos disponveis na escola, a verdade
que com alguma reflexo, criatividade e imaginao, podem-se alcanar bons resultados, pois
por vezes esto ao nosso alcance tcnicas e materiais simples, que bem aproveitadas podem
ser bastante interessantes. Para aqueles que tm pouca apetncia para lidar com novos
recursos importante melhorarem a conscincia desta lacuna, dados os benefcios que os
recursos podem trazer quando bem aplicados. Assim, investir com algum esforo pessoal de
aprendizagem, procurar um colega disponvel para colaborar, ou assistir a uma ao de
formao, so sempre opes viveis. A existncia de recursos no suficiente, preciso que o
professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas.
Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia, a variedade e a diferena podero
tambm constituir-se como uma mais valia, no sentido em que podem aportar alguma inovao
ou motivao extra. Assim, a aplicao de diferentes recursos deve ser uma realidade, pois a
utilizao massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse. O uso de
diferentes materiais didticos servir ento para despertar a ateno e a motivao do aluno,
possibilitando uma diversidade de experincias.
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Os recursos didticos so instrumentos complementares que ajudam o professor a
transmitir os contedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa, mas que por si
s, sem estarem ao servio de um determinado objetivo concreto, de nada valem. Existem
diversos materiais, metodologias, estratgias, tcnicas e atividades, usadas no processo de
ensino-aprendizagem, que se podem transformar em excelentes recursos didticos, desde que
utilizados de forma adequada e correta. No devemos usar um recurso apenas para fazer algo
diferente, o recurso um meio que serve para algo, um meio para um fim, que serve para
facilitar uma aprendizagem, mas que no um fim em si da aprendizagem. Ainda que
possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes, este no um facto
suficiente para passarmos prtica. Estes recursos devem estar seguramente ao servio de
contedos e objetivos.
Se verdade que os materiais didticos so de fundamental importncia para a
aprendizagem e motivao dos alunos, no parece menos verdade que a carncia de material
adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo, desvinculando a
aprendizagem da realidade. A prpria formao e compreenso de conceitos depende, muitas
vezes, da convivncia com as coisas do mundo, e pode ser fomentada pelo contacto com
determinados materiais que promovem a motivao e a aprendizagem do aluno. Neste sentido,
muitas vezes os meios de ensino levam as imagens, os fatos, as situaes, as experincias, as
demonstraes conscincia dos alunos, sendo, a partir da, transformados em representaes
abstratas, que vendo concretamente, mais fcil para os alunos transformarem a realidade
e os factos em ideias (Barbosa, 2001: 25).
Vrios estudos se tm preocupado em fazer uma anlise do uso de diferentes mtodos,
tcnicas e recursos didticos aplicados na sala de aula. Assim, de uma forma geral, as
pesquisas mostram que existe um rendimento escolar superior no grupo de alunos em que
foram aplicadas as tcnicas e recursos didticos mais apropriados, ressaltando a importncia da
utilizao desses mtodos e tcnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagem
(Barbosa, 2001: IX).
Neste sentido, quando usados adequadamente em sala de aula, os recursos pedaggicos
parecem permitir: motivar e despertar o interesse dos alunos; favorecer o desenvolvimento da
capacidade de observao; aproximar o estudante da realidade; visualizar ou concretizar os
contedos da aprendizagem; oferecer informaes e dados; a fixao da aprendizagem; ilustrar
noes mais abstratas; desenvolver a experimentao concreta, entre outras vantagens. Os
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recursos didticos auxiliam tambm a transferncia de situaes, experincias, demonstraes,
sons, imagens e factos para o campo da conscincia, onde se transmutam em ideias claras e
inteligveis, favorecendo a aquisio de conceitos e conhecimentos.
Tendo em conta o exposto, normal que aqueles que se dedicam docncia e se
confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes,
procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difcil compreenso, e que
para isso procurem utilizar os variados recursos didticos ao seu dispor. At porque os
pedagogos tm apontado como uma das solues para o problema o investimento em novas
metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilao e produo dos contedos
ministrados, por parte dos discentes (Filho, 2011: 166). Consideramos, ento, que o uso de
materiais didticos adequados e variados, quando aplicados ao ensino, podem tornar as
aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisio e produo dos conhecimentos
abordados em sala de aula. Muitas vezes a situao ideal consiste mesmo em usar de forma
combinada vrios recursos que se reforcem mutuamente, a fim de se obter o maior rendimento
possvel, de maneira que os alunos adquiram o perfeito domnio de conceitos e conhecimentos
(Wittich & Schuller, 1962: 31).
Dessa forma, fica evidente a necessria renovao no ensino, pois enquanto os
professores continuarem a aplicar, ou se limitarem a utilizar, apenas um mtodo ou recurso
didtico e transmitirem os contedos dessa disciplina como algo j pronto, para que os
estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta, no haver uma produo do
saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf. Filho, 2011: 166).
A verdade que h sempre aspetos a melhorar. No podemos deixar de ter em conta que
a inovao causa geralmente uma certa resistncia e que alguns professores continuaro a
desenvolvem uma prtica tradicional, nem sempre eficaz. Haver sempre professores que
lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaes com a didtica ou com o
alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos. Apesar de vivermos numa
sociedade desenvolvida, inundada de recursos tecnolgicos, ainda h escolas excludas desta
realidade e os professores preferem continuar na rotina, preocupados apenas em cumprir os
contedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar. Muitas vezes, nem sequer os
textos complementares que os novos livros didticos trazem so aproveitados pelos professores
em discusses em sala de aula, classificando-os como perda de tempo (Filho, 2011: 167).
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Quando falamos em utilizar certas estratgias, como a realizao de powerpoints, de jogos
didticos, a preparao de um debate sobre um tema em sala de aula, a realizao de fichas de
trabalho feitas pelo prprio professor a adaptadas turma, a pesquisa e escolha de
documentrios, de excertos de filmes, de msicas ou imagens, para serem usadas em
atividades de sala de aula, temos a conscincia que apenas alguns professores investem neste
tipo de estratgias. Cada vez mais necessrio que os professores se consciencializem que
quanto melhor preparem as suas aulas, bem como as atividades e os materiais a utilizar,
maiores sero as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente.
Os professores que utilizam recursos variados, nomeadamente os tecnolgicos, como
meio de apoio para apresentar e transmitir os contedos a lecionar, fazem-no no s porque se
constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar, mas tambm porque assumem que
esse modo de transmisso est mais prximo do tipo de experincia cognitiva conhecida pelos
seus alunos. Os docentes sabem, como j evidencimos, que muitos alunos passam uma boa
parte do seu tempo em frente ao televisor, na internet, a ouvir msica, a ver filmes, e percebem
por isso que estes recursos lhes so familiares e lhes trazem maior motivao e interesse. O
professor que utiliza eficazmente os recursos, na nossa perspetiva, no s mostra um maior
interesse e respeito pelos seus alunos, e pela sua educao, como tambm se sentiro mais
realizados na sua profisso, pois, previsivelmente, as aulas sero mais dinmicas, e os alunos
estaro mais motivados e interessados e aprendero melhor.
Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores devero utilizar, de forma
ajustada e eficaz, os vrios recursos didticos ao seu dispor, tudo isto em prol de uma educao
melhor, de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido.
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2.2 A prtica da lecionao
Aps fundamentar teoricamente a importncia dos recursos didticos no processo de
ensino-aprendizagem, chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizao na sala
de aula, mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10. ano de escolaridade.
Tendo em conta o tema do meu projeto de interveno pedaggica supervisionada
procurei, em todas as aulas, ter um cuidado especial com os recursos didticos usados no
decorrer do processo de ensino-aprendizagem. Mais uma vez evidencio a amplitude do termo
recursos didticos, pois estes referem-se no apenas aos materiais de apoio utilizados no
decurso das aulas, mas tambm s atividades que estes materiais permitiram realizar e s
estratgias e mtodos utilizados no decurso da lecionao.
Como j evidencimos no captulo anterior h uma especificidade prpria do ensino de
uma disciplina como a filosofia. Sabemos que to importantes quanto os contedos a lecionar e
os ensinamentos sobre a filosofia, a sua histria, teorias e conceitos, so as competncias que
procuramos desenvolver nos alunos, nomeadamente as relativas ao pensamento crtico,
reflexivo, livre e autnomo. Relembramos esta evidncia no sentido de alertar para a importncia
de ter em conta estas especificidades quando passamos lecionao na rea da filosofia. O
ensino desta disciplina precisa de mtodos adequados para atingir os seus objetivos. E isso nem
sempre acontece. Por vezes, embora cheios de boa vontade, muitos professores no tm
conscincia da distncia a que as intenes ficam da realidade (Boavida, 2010: 55). A questo
que a preocupao com os contedos e com a posterior avaliao acabam por ser dominantes
e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino. E assim se refora a estrutura
clssica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos contedos (ibidem). Neste sentido,
as estratgias e os recursos que selecionmos procuraram ir de encontro a esta especificidade
de pr os alunos a pensar de forma autnoma e a refletir criticamente sobre a realidade, sobre
os valores, sobre os conceitos e os argumentos da filosofia.
A opo por determinados recursos didticos, em detrimento de outros, resultou
especialmente, do momento inicial de contacto com a turma atravs da observao da
lecionao da nossa orientadora cooperante. Muitas das estratgias que observamos, e tendo
em conta o seu impacto positivo, foram tambm transpostas para a nossa lecionao. As nossas
escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade prpria da filosofia e do seu ensino, pela
nossa experincia pessoal, pelo domnio que possuamos desses recursos selecionados, pela
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pesquisa bibliogrfica que efetumos e pela prtica letiva inicial que tivemos com a turma no
Projeto de Educao Sexual.
Assim, demos preferncias a variadssimos recursos didtico-pedaggicos, tais como: o
mtodo dialgico, o questionamento oral, o uso de exemplos, a utilizao do manual adoptado (A
Arte de Pensar), leitura e anlise de textos filosficos, o quadro, o caderno dirio, fichas de
trabalho, trabalhos para casa (TPC), trabalhos de grupo, fichas de avaliao formativa, exerccios
de aplicao, o debate, jogos didticos, a utilizao do projetor multimdia, a projeco de
powerpoints de apoio aula - com esquemas, questes problema, imagens, msicas, excertos
de filmes, documentrios e exerccios de aplicao. Procurmos, sempre que possvel, aproveitar
as situaes de problematizao vividas pelos alunos, proporcionando ocasies para pensarem,
para darem opinies e debaterem ideias. A procura por uma aprendizagem significativa, que
diga algo aos alunos, esteve sempre presente e os exemplos prticos e de aplicao no seu dia a
dia foram uma constante.
Como j evidenciamos, a lecionao da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar
os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido
numa tradio dialgica, de um constante exame crtico. Neste sentido, e tendo em conta a sua
eficcia demonstrada no ensino da filosofia, procuramos, na nossa lecionao valorizar e utilizar
o mtodo dialgico. O questionamento constante, no sentido de manter os alunos atentos e
participativos, fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciocnio mais
sistemtica, tambm esteve presente na base do nosso trabalho.
Sabemos que a filosofia importante na educao dos nossos jovens, pois o contacto
com esta disciplina poder contribuir para a sua formao enquanto pessoas mais criticas e
criativas, pessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem, a
manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem, a exercer de forma
reflexiva a sua liberdade, trabalhando assim na direo da autonomia (Kohan, 2000: 49). O
compromisso da filosofia o de gerar a crtica dos modos de pensar e agir adquiridos e no
refletidos, permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as
transformaes desejveis, pensando, ao mesmo tempo, nas suas condies de possibilidade.
Consideramos que o ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o
ensino de criao de conceitos que dem conta de seus problemas (Aspis, 2004: 305). Neste
sentido, sempre que foi pertinente, procurmos estabelecer um dilogo interativo e crtico com
os alunos, aplicando as matrias aprendidas sua realidade e do meio envolvente.
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Procuramos tambm utilizar os seus interesses e valores, relacionando os contedos com as
suas prprias vidas. Em matrias relativas filosofia moral e poltica ou at na rea da filosofia
da arte, buscmos dar exemplos prticos, aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do
programa ao seu dia a dia, procurando a sua reflexo sobre essas temticas. Mas, se por um
lado o aluno o nosso foco, se trabalhamos para ele, para lhe tornar a aprendizagem mais
significativa e interessante, tambm procuramos a sua interveno e o seu dinamismo e por isso
o feedback constante fundamental, pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo
seu trabalho.
neste sentido que a avaliao se revela fundamental, seja ela mais ou menos formal. O
aluno deve ter a noo da avaliao, deve saber se est no bom ou no mau caminho. Sendo
assim, ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisio e no domnio de competncias
filosficas fundamentais. Deste modo, procurmos averiguar se os alunos sabiam formular
corretamente os problemas em estudo; se identificavam, compreendiam e avaliavam os
principais argumentos e se conseguiam compreender, explicar e discutir as teorias em estudo.
Houve sempre um interesse em questionar os alunos, em verificar se faziam os TPC, em ver se
estavam atentos e a compreender a matria. Julgamos que se o aluno sente que o professor se
preocupa com ele e se interessa pela sua compreenso da matria, tambm ir procurar
corresponder a esse interesse, mostrando que sabe.
Fruto do que investigmos sobre o tema, e daquilo que observamos da lecionao da
orientadora cooperante, acabmos por organizar um modelo tpico de aula que consideramos
que funcionou positivamente. A aula comeava geralmente por um perodo de revises, e/ou de
correo dos TPC, posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosfico em
estudo e eram discutidas as questo levantadas por esse problema. Seguidamente, e
procurando conhecer eventuais respostas ou solues dos alunos perante o tema, eram
trabalhadas as teorias filosficas mais relevantes que respondiam ao problema principal, bem
como os argumentos fundamentais e razes que os sustentavam. Neste procedimento procurava
muitas vezes que os alunos chegassem s concluses antecipadamente e que refletissem, de
forma sistemtica e crtica, sobre os argumentos. Para um melhor entendimento do processo
filosfico e das prprias teorias, o decurso da aula terminava com as principais objees s
teorias em estudo. Todo este trajeto decorria com a aplicao dos recursos didticos j
evidenciados e utilizando o mtodo dialgico. Seja como for, h determinados recursos que
usmos em praticamente todas as aulas, como observar no anexo 3, onde consta a planificao
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de 7 aulas da sub-unidade A dimenso tico-poltica Anlise e compreenso da experincia
convivencial. Estamos a falar do uso frequente do manual escolar, do quadro, do caderno dirio,
da exposio dialogada, do questionamento, de exemplos prticos ou do powerpoint. Outros
recursos, como a visualizao e anlise de excertos de filmes, a leitura e anlise de textos
filosficos, ou o uso de snteses esquemticas, foram utilizados apenas em algumas aulas.
Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a ateno tambm se
dever virar para o professor, no se ficando apenas pelos recursos, pelas metodologias ou
pelos alunos. Tambm o professor deve investir em si, e no falamos apenas das suas
competncias mais didtico-pedaggicas, de gesto da sala de aula, ou relacionais; ele deve
procurar ter conhecimentos cientficos cada vez mais alargados. Assim, um professor de
filosofia do secundrio que queira ser um bom professor ter de estudar por si, ter de formar-se
em regime de autodidacta, procurando os livros que o ajudem nessa tarefa (Murcho, 2002:
11). Ele no pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do
manual. O professor deve investir em si, nas suas capacidades, nos seus conhecimentos e
competncias, pois s assim poder ter a confiana e o respeito dos seus alunos. S assim
poder cumprir plenamente a misso que lhe destinaram, a de educar os cidados do futuro, os
homens e mulheres do amanh. E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que
ensina. Partindo desta ideia procuramos sempre, no planeamento das aulas, trabalhar no
sentido da nossa melhor preparao possvel. Investigando vrios manuais e vrios recursos,
conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionao e para nos sentirmos
confiantes nesta nova tarefa de trabalho.
Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experincia de lecionao no
decurso do apoio ao Projeto de Educao Sexual, que correspondeu a uma colaborao, parcial
ou total, em 4 aulas, para posteriormente descrevermos a nossa prtica docente, que decorreu
ao longo de 15 aulas e abarcou temticas na rea da tica, poltica e esttica.
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2.2.1 O Projeto de Educao Sexual (PES)
Aps a primeira fase do projeto geral de interveno, fase de observao da prtica letiva
das aulas da orientadora cooperante, com todos os aspetos que lhe so inerentes, o primeiro
contacto de lecionao com a turma do 10 O ocorreu com a nossa participao no Projeto de
Educao Sexual (PES). Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante, a nossa
participao no PES ocorreu ao longo de 4 aulas, entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro
de 2012. Esta colaborao foi obviamente norteada pelas sugestes da nossa orientadora
cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estgio, Epifnia Oliveira.
Na primeira e na terceira aula a nossa colaborao foi parcial, isto , a orientadora
cooperante iniciou a aula com as temticas relativas aos contedos especficos do programa de
filosofia e de seguida continumos a aula com os assuntos relativos ao PES, aplicando os
conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os contedos relativos
primeira parte da aula. A segunda e a quarta aula em que colabormos neste projeto foram
integralmente lecionadas por ns. Esta metodologia, de intervirmos apenas numa parte da aula,
revelou-se interessante, especialmente por 3 motivos. Por um lado permitiu rentabilizar as aulas,
ocupando uma aula para abordar duas temticas (os contedos do programa e a abordagem do
PES); por outro lado tornou essas aulas mais dinmicas, pois havia assuntos diferentes, com
momentos e estratgias tambm distintos, usados por diferentes professores; e por fim, mas
no menos importante, permitiu comearmos a nossa interveno de forma mais segura e
confiante, pois num primeiro momento de menor vontade, com a turma e com a matria,
lecionar cerca de 40/50 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais segurana do
que sermos responsveis pela totalidade da aula.
O primeiro documento legal sobre a educao sexual nas escolas surge com a Lei
n3/84, publicada em 24 de Maro de 1984. O artigo 1 define o papel do Estado Portugus
nesta matria: O Estado garante o direito Educao Sexual como componente do direito
fundamental Educao, enquanto o 2 artigo deste documento especifica ainda que os
programas escolares incluiro, de acordo com os diferentes nveis de ensino, conhecimentos
cientficos sobre anatomia, fisiologia, gentica e sexualidade humanas, devendo contribuir para a
superao das discriminaes em razo do sexo e da diviso tradicional das funes entre
homem e mulher.
Posteriormente, a Lei n60/2009 de 6 Agosto e a portaria n196-A/2010,
regulamentaram a aplicao da educao sexual em meio escolar. No ensino secundrio, os
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contedos lecionados nesta rea tm que cumprir alguns objetivos mnimos, entre os quais
destacamos os seguintes: compreender eticamente a dimenso da sexualidade humana; refletir
sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade; fornecer informao
estatstica sobre a idade de incio das relaes sexuais em Portugal e na EU, sobre as taxas de
gravidez e aborto em Portugal, sobre os mtodos contraceptivos que esto disponveis e que so
utilizados, sobre as consequncias fsicas, psicolgicas e sociais da maternidade/paternidade,
gravidez na adolescncia e aborto, sobre as doenas e infeces sexualmente transmissveis,
suas consequncias e preveno, e sobre a preveno dos maus tratos e aproximaes
abusivas.
O PES pretende, essencialmente, contribuir para a formao integral dos alunos e para o
desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social, tendo como principais
objetivos: adquirir conhecimentos cientficos do funcionamento dos mecanismos biolgicos
reprodutores; inferir das consequncias negativas dos comportamentos sexuais de risco, tais
como a gravidez no desejada e as infees sexualmente transmissveis; promover a melhoria
dos relacionamentos afetivos e sexuais; incentivar a igualdade entre os sexos; eliminar
comportamentos baseados na discriminao sexual ou na violncia em funo do sexo ou
orientao sexual; valorizar uma sexualidade responsvel e informada.
de salientar que este projeto no se desenvolve apenas no 10 ano, ou exclusivamente
na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordmos se incluem, de alguma forma, em
temticas relativas filosofia. Para levar a cabo este projecto foi necessria a participao de
professores de vrias reas disciplinares, que ajudaram o aluno a construir o conceito de
sexualidade nas suas dimenses biolgica, social e espiritual, interpretando-as por etapas ao
longo do seu crescimento com enfoque na gesto de emoes e na integrao de valores.
A lecionao do PES, relativa disciplina de filosofia no 10. ano, insere-se na unidade II
A aco humana e os valores; e nas subunidades 2.1 A ao humana Anlise e
compreenso do agir, e 2.2 Os valores Anlise e compreenso da experincia valorativa.
Deste modo, a estruturao dos contedos das intervenes centrou-se em componentes
especialmente relacionadas com a ao humana e o comportamento sexual (1 e 2 aula) e com
a experincia valorativa os valores/sentimentos e a sexualidade (3 aula) e o comportamento
sexual luz de diferentes culturas (4 aula).
Tivemos uma preocupao especial por elaborar materiais e atividades didticas que nos
pareceram interessantes e adequadas temtica em estudo, at porque este o tema do nosso
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projeto de interveno. Usamos powerpoints em todas as sesses, para servir de guia
estruturador, exceo da segunda aula, em que optamos pelo excerto de um filme e por uma
ficha de trabalho. Atravs dos powerpoints recorremos exposio de contedos de forma mais
atrativa e esquematizada, mas tambm recorremos a exemplos, a imagens, a msicas, a
documentrios ou a exerccios de aplicao.
Passamos a expor, de forma resumida, a nossa colaborao no PES.
Na primeira aula focamos a temtica relativa ao humana e ao comportamento sexual.
Comeamos por questionar os alunos acerca do conceito de ao e da forma como se explicam
as aes, e explicitamos seguidamente, usando um powerpoint de apoio, estes contedos. De
seguida evidencimos, exemplificando, toda a estrutura da ao (motivo, inteno, finalidade,
deciso, meios, resultado e consequncias). Na continuidade, e para promover a participao e
o envolvimento de todos alunos, utilizamos a tcnica da tempestade de ideias ou brainstorming,
onde cada aluno tinha que definir, numa palavra, o conceito de sexualidade humana. De seguida
foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos. Esta tcnica foi bem acolhida e as
respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos: amor,
confiana, sexo, amizade, segurana, responsabilidade, carinho, prazer, etc.). Seguidamente
apresentmos um vdeo/documentrio denominado A Adolescncia e a Sexualidade
(selecionado e retirado da internet, mais especificamente do youtube), com a durao de cerca
de 10 minutos. Neste vdeo vrios agentes educativos de uma escola eram questionados para
dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade, e as respostas anteriormente dadas
pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do vdeo apresentado. O vdeo segue
com uma entrevista sobre alguns aspetos da educao sexual nas escolas. Aps a sua
visualizao foi feita uma breve discusso acerca das temticas abordadas. Consideramos que
este recurso audiovisual foi uma mais-valia, pois para alm de ser a primeira vez que na aula de
filosofia se recorria a esta metodologia, introduzindo recursos mais modernos e apelativos, nele
estavam bem patentes matrias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de
um assunto e uma linguagem que lhes prxima, at porque o documentrio foi feito por jovens
da idade deles. Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade, definido pela
Organizao Mundial de Sade, e o conceito de educao sexual. Foram tambm abordadas as
componentes da sexualidade humana, com maior nfase para a afectividade. Finalizamos a
nossa interveno trabalhando o tema da educao para a afectividade e da educao para os
valores, questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados sexualidade.
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Esta foi uma primeira aula introdutria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligao
entre o comportamento sexual e a rede concetual da ao, alertando para conceitos e valores
importantes na compreenso da sexualidade humana.
Na segunda aula continumos a tratar do tema relativo sexualidade como ao humana.
Quanto s atividades implementadas optmos pelo visionamento de um excerto do filme Juno,
que aborda a temtica da gravidez na adolescncia, e pela apresentao do guio do filme e de
uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf. anexo 2). Posteriormente, e aps a resoluo da ficha
de trabalho, procedeu-se sua correo com a colaborao dos alunos. Nos momentos finais da
aula procedeu-se a um debate sobre problemticas relativas sexualidade que foram focadas no
filme. Os objetivos por trs destas atividades foram os seguintes: identificar processos volitivos
relativos sexualidade humana (curiosidade, desejos, incertezas, inseguranas, atrao);
desenvolver atitudes de compreenso e respeito pelos comportamentos e emoes de cada um;
Desenvolver a capacidade de reflexo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu
prprio corpo; sensibilizar para a importncia do planeamento familiar e perceber que na
adolescncia se fazem escolhas que afetam o futuro. de referir que tnhamos preparado a
resoluo, por escrito, da ficha de trabalho, tendo em conta as questes da mesma e os
objetivos especficos para esta aula. Algumas questes pertinentes para orientar o debate final
tambm foram preparadas. Consideramos que as atividades implementadas e os recursos
utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participao. Houve alunos que no final da
aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme. Tal no foi possvel dada a
limitao de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos, motivo pelo qual optmos por
um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate, para refletir e cimentar as
aprendizagens. Como j vimos na primeira parte deste captulo, usar um recurso, como por
exemplo um filme, sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados
objetivos no faz qualquer sentido, pois um recurso um meio para a aprendizagem e no um
fim em si mesmo.
A terceira aula foi dedicada temtica dos valores e sentimentos associados
sexualidade. Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a
apreciao crtica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa; que
ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos, que
lhes permitam reconhecer a importncia da afetividade na vivncia da sexualidade e desenvolver
uma abertura crtica para os diferentes comportamentos e orientaes sexuais. O
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reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a viso da vida humana como
um valor fundamental, tambm faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades
propostas. Mais uma vez preparmos um powerpoint, bastante completo, que serviu de guio a
todas as atividades da aula. Comeamos por recordar algumas ideias base de sesses
anteriores e seguidamente, atravs da exposio dialogada, apresentmos a teoria relacional de
Martin Buber, explicitando e comparando a relao eu-tu e eu-isso. Continuamos a aula
abordando alguns exemplos, como o exemplo do lpis e do livro, aplicados teoria relacional e
utilizamos tambm um estudo de caso (namoro de Joana e Rui). De seguida trabalhamos os
valores e os sentimentos associados sexualidade (como a responsabilidade, a relao de
paridade/igualdade, o respeito por si e pelo outro, a liberdade, a cordialidade, a veracidade, o
dilogo, etc.) e efetuou-se um exerccio sobre sentimentos, emoes e afetos (o que sinto
quando gostam/no gostam de mim). Para finalizar a aula procedemos audio da cano
Jura, de Rui Veloso, e reflexo sobre a letra, analisando os sentimentos patentes.
Rematamos com uma sntese dos temas tratados. Esta aula decorreu positivamente e, apesar
de ter sido a nica na nossa participao no PES em que no utilizmos vdeos, que do sempre
uma dinmica diferente aula, os alunos aderiram de forma empenhada. Seja como for, outros
recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada, como a interao professor
aluno, o questionamento, a solicitao de participao, a utilizao de powerpoints, de imagens,
de exemplos e de casos prticos, de msica, de esquemas, etc.
A quarta e ltima aula, inserida no tema da diversidade e dilogo de culturas, focou-se
especialmente na educao para o comportamento sexual luz de diferentes culturas. O
relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposio, nomeadamente sobre a atrao
fsica, a contraceo, o sexo e a procriao, as doenas sexualmente transmissveis, o
casamento e o adultrio; mas tambm foi evidenciada na visualizao de dois documentrios,
um sobre a poligamia e outro sobre a exciso genital feminina. Mais uma vez a nossa
participao decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos, o
que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos.
O balano final da participao neste projeto foi bastante positivo. Consideramos, assim,
que este momento inicial de lecionao na turma foi de extrema importncia, isto tendo em
conta que nos permitiu uma maior convivncia e proximidade com os alunos da turma; um
maior conhecimento das suas formas de interagir, um treino inicial no que respeita gesto do
ambiente de sala de aula (intervenes, eventuais comportamentos disruptivos, etc.) e
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metodologia dialgica da filosofia; a pesquisa e aquisio de conhecimentos relativos educao
sexual; e por fim possibilitou o treino de competncias relativas elaborao de materiais
pedaggicos e de preparao de planos de aula. Estas aulas foram enriquecedoras na medida
em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados
sobre vrias temticas relacionadas com a sexualidade, mas tambm porque nos permitiram
trabalhar um assunto que importante e interessante para todos, professores e alunos, onde
tiveram oportunidade de contactar com outras realidades, de refletir, de dar a sua opinio e
sugestes sobre um assunto prtico, do dia a dia, distante daqueles saberes que tantas vezes
lhe dizem pouco ou nada. Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do
PES, estiveram atentos e interessados, deram a sua opinio e contaram alguns exemplos de
situaes de que tinham conhecimento. De uma forma geral mostraram grande receptividade
perante as metodologias da professora estagiria, o que foi importante na lecionao das
seguintes aulas.
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2.2.2 tica, Filosofia Poltica e Filosofia da Arte
A nossa atividade de lecionao iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no
dia 17 de maio do mesmo ano. Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos, onde
analisamos criticamente com os alunos os problemas, as teorias, os argumentos e objees
relativos s reas filosficas da tica, da poltica e da esttica. Este nmero inclui 12 aulas onde
foram lecionados contedos, e tambm 3 aulas destinadas a revises, realizao de fichas de
trabalho e respectiva correo, e preparao para o teste de avaliao. Este subcaptulo
dedica-se inteiramente anlise das aulas lecionadas e forma como as estruturmos.
Ao longo da nossa lecionao pretendemos, sobretudo, indagar a sensibilidade que os
alunos tm para os diversos tipos de metodologias/estratgias e recursos didticos em filosofia.
Como princpio regulador da lecionao procurmos utilizar as metodologias, as estratgias e os
recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados s caratersticas e
necessidades dos nossos alunos.
Relembramos que a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a
reflexo crtica, o questionamento e a argumentao rigorosa e lgica