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Energ. Agric., Botucatu, vol. 20, n. 3, 2005, p.63-75 63
SOLUBILIZAÇÃO E NEOFORMAÇÃO DE ÓXIDOS DE FERRO, ZINCO, COBRE E
MANGANÊS EM LATOSSOLO VERMELHO DISTRÓFICO COM ADIÇÃO DE
SACAROSE.1
Cláudia Cristina Teixeira Nicolau Mendonça2 e Ademércio A. Paccola3
1 Extraído da tese do primeiro autor intitulada Adsorção e desorção de fosfato em latossolo vermelho, sob diferentes tipos de uso com adição de sacarose. 2Aluna do Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Energia na Agricultura – FCA/UNESP – Botucatu/SP, Brasil e docente na Faculdade de Odontologia da Universidade de Marília. Av. Dr. Higyno Muzzi Fo, 1001. [email protected] 3Orientador e docente do Departamento de Recursos Naturais – FCA/UNESP – Botucatu/SP, Brasil.
RESUMO O processo de solubilização, dissolução de minerais do solo e suas interações com os
processos de adsorção e dessorção de fosfato são de alta importância devido às possibilidades de
otimização no processo de adubação do solo para o plantio. Muitos autores sugerem que a
dissolução de ferro nos solos ocorre por redução microbiana e complexação. O objetivo deste
trabalho foi investigar a liberação de ferro, zinco, cobre e manganês e a neoformação de seus óxidos
em um LATOSSOLO VERMELHO A Distrófico textura moderada média. A relação foi estudada
em solos sob diferentes tipos de ocupação: cana de açúcar, café, milho, reflorestamento de eucalipto
e floresta natural. Amostras de solo foram coletadas nas profundidades 1 e 2, tratadas com solução
de sacarose a 3% e mantidas em repouso. O processo redox ocorreu em todas as amostras tratadas.
Análises quantitativas de ferro, zinco, cobre e manganês foram realizadas no solo natural, no solo
sob tratamento e na solução sobrenadante das amostras. Ocorreu a solubilização destes metais dada
a acidificação do meio o que pode ser explicado pela decomposição microbiana dos compostos
orgânicos, na interface com a atmosfera oxidante. A posterior reprecipitação destes óxidos de
metais deve-se ao aumento do pH que os torna insolúveis.
Palavras Chave: solo, neoformação, sacarose.
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DISSOLUTION AND RECRISTALLIZATION OF IRON, ZINC, COPPER AND
MANGANESE OF A RED LATOSOL DISTRÓFIC A PROVOKED
BY THE SUCROSE ADDITION.
SUMMARY The solubilization process, minerals dissolution and its interactions with the
phosphate adsorption/desorption processes have high importance due to the possibilities of
improvement in the process of the soil manuring in the plant crops. Many authors suggest
that the iron dissolution in the soils occurs by microbial reduction and complexation. The
purpose of this work was to investigate the existent connection between the iron liberation,
zinc, copper and manganese and the neoformation of its oxides in a Red Latosol (oxisol).
This connection was studied in soils with different crops: sugar cane, coffee, corn,
reforestation with eucalyptus and natural forest. Soils samples were collected in levels 1
and 2 of profundity, treated with sucrose 3% solution and maintained in repose. Redox
process occurred in all the treated samples. Quantitative analyses of iron, zinc, copper,
manganese were accomplished in the natural soil, in the soil under treatment and in the
liquid phase of the samples. The solubilization of these metals was occurred by microbial
decomposition of the organic compounds, in the interface with the oxidant atmosphere.
Keywords: soil, neoformation, sucrose.
1 INTRODUÇÃO
A adição de matéria orgânica em solos provoca a ativação da microbiota, aumentando a
produção de ácidos húmicos que leva ao estabelecimento de um processo redox, resultando em uma
dissolução e recristalização de seus metais, levando-os a tornarem-se disponíveis enquanto
nutrientes ou recristalizados na forma de óxidos neoformados (MENDONÇA, 1999; CARDOSO et
al.,1992; RUSSEL, 1994.
Glinski et al. (1996), examinaram as mudanças de Eh e pH em solução de solo (horizonte A
de um Mollic Gleysol) e concentrações Mn2+ e Fe2+ no equilíbrio da solução de solo com níveis
diferentes de glicose (0%, 0,5% e 1%), MnO2 (0,000%, 0,025%, 0,050% e 1,000%) ou Fe2O3 (0%,
0,025%, 0,050% e 0,100%). O grau de redução do manganês e do ferro em solo dependia
principalmente da presença e da quantidade de carbono decomposto. As relações teóricas entre
manganês e ferro solúveis em água e os valores de Eh e pH foram verificados. A quantidade de
manganês solúvel foi avaliada pelo Mn2O3/Mn2+ reduzido, e de ferro pelo Fe3(OH)8/Fe2+ reduzido.
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Nealson e Myers (1992), estudaram a redução microbiana de metais por um grupo de
microorganismos redutores de Mn (IV) e Fe (III) do grupo Shewanella putrefaciens onde seus
metabolismos são descritos sob uma perspectiva ambiental. Foi sugerida também a sua habilidade
para reduzir óxidos de Mn (IV) e de Fe (III), aumentando assim a sua solubilidade.
Lovley (1992), demonstrou a existência de microorganismos que podem oxidar a matéria
orgânica para reduzir o óxido férrico e mangânico tanto em ambientes de sedimentação recentes
como antigos. Os microorganismos são do tipo fermentadores oxidadores de ácidos orgânicos,
compostos aromáticos e de hidrogênio, propondo um modelo de oxidação microbiana da matéria
orgânica acoplada à redução do Fe(III) e Mn(IV).
Skinner e Fitzpatrick (1992), escreveram sobre os processos biogênicos que envolvem os
mecanismos de oxi-redução do Fe e Mn, em solos e sedimentos, evidenciando a participação de
microorganismos e bactérias na mobilização e redeposição dos óxidos de Fe e Mn, tanto na forma
amorfa como de minerais pouco ou bem cristalizados. Destacaram, também, a fundamental
importância da presença de matéria orgânica no solo interagindo com os microorganismos para que
o processo se realize.
A liberação e a neoformação de óxidos de metais, principalmente de ferro, influência
diretamente na capacidade de adsorção e dessorção de fosfato no solo, já que este se liga a metais
formando complexos muitos estáveis e conseqüentemente provocam a indisponibilização do fosfato
(HERNANDES ; MEURER, 2000; GUILHERME et al., 2000; MENDONÇA, 2004).
Segundo estudo de Russel (1994) os metais ferro, zinco,cobre e manganês devido a suas
propriedades químicas solubilizam-se em meio ácido e tornam a recristalizar-se quando ocorre um
aumento no valor do pH.
A presente pesquisa teve o objeto de quantificar a solubilização e a posterior recristalização
dos óxidos dos metais ferro, zinco, cobre e manganês em um Latossolo Vermelho na presença de
sacarose como fonte de carbono.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A área estudada está localizada na Região Centro-Oeste do Estado de São Paulo, no
município de Lençóis Paulista, inserido entre as seguintes coordenadas geográficas: 22°29’12’ a
22°51’07’’ de latitude S e 48°39’37’’ a 48°57’40’’ de longitude W Grw.
O LATOSSOLO VERMELHO disftrófico A moderado de textura média Lvd
(EMBRAPA, 1999) estudado foi coletado em uma área do referido município sob os seguintes
usos: culturas de cana-de-açúcar, café e milho; reflorestamento com eucalipto e vegetação natural-
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cerradão tropical subcaducifólio.
As amostras de solo referentes a cada uso foram coletadas de 0 a 30cm (1) e de 30 a 50cm
(2) de profundidade em 20 diferentes pontos e posteriormente foram homogeneizadas para
constituírem uma amostra composta para cada uso, conforme Raij (1991).
Amostras de 150g de solo foram transferidas para frascos estoque. O experimento (in
vitro) para cada uso do solo e profundidade, foi tratada uma amostra em branco às quais foram
adicionados 100ml de água destilada. Seguindo o mesmo critério foram preparados frascos estoque
com três repetições, aos quais foram adicionados 100ml de uma solução de sacarose a 3%. Todos os
frascos foram tampados e conservados por 7 dias.
As análises quantitativas de ferro, zinco, cobre e manganês foram realizadas tanto no
sobrenadante quanto no solo em dois períodos, aos 21 dias (primeiro período) e aos 70 dias
(segundo período), devido à variação hidrogeniônica ocorrida no sobrenadante, Mendonça (1999).
Para as análises de Fe, Zn, Cu e Mn foram coletadas amostras da solução sobrenadante
que foram filtradas em papel de filtro e imediatamente analisadas, com 21 dias de experimento (1o
período) e com 70 dias (2o período). O equipamento utilizado foi um Espectofotômetro de Absorção
Atômica Perkin-Elmer 2380, (LOEPERT ; SUMNER, 1996).
Para a determinação dos metais, Fe, Zn, Cu e Mn nas amostras de solos, foram utilizados os
métodos analíticos adotados por Raij e Quaggio (1987 ) para micronutrientes em solos; seguindo a
rotina do laboratório de fertilidade de solos do Departamento de Recursos Naturais – Área de
Ciências de Solos/FCA/UNESP-Botucatu-SP. As amostras de solos foram secas em Estufa
Termostatizada Marconi, modelo MA-035; a 35oC por 5 horas, peneiradas em peneiras de 2mm e
armazenadas em sacos de papel.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se uma diminuição da concentração dos íons de manganês, cobre, zinco e ferro
no sobrenadante, no segundo período, indicando que o processo redox ocorrido forçou uma
reprecipitação destes íons metálicos sobre o solo, Tabelas 1 a 4.
Tabela 1 – Íons manganês na solução sobrenadante (mg.dm-3) aos 21 e 70 dias referentes às
profundidades 1 e 2 do solo. Tratamento Primeiro Período (21 dias) Segundo Período (70 dias)
Café/Branco 1 0,52 0,3
Café/Sacarose 1 32,03 27,63
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Continuação da Tabela 1
Café/Branco 2 0,26 0,22
Café/Sacarose 2 33,46 23,2
Cana/Branco 1 0,69 0,43
Cana/Sacarose1 39,16 31,33
Cana/Branco 2 0,13 0,62
Cana/Sacarose 2 50,26 31,4
Mata/Branco 1 10,3 55,8
Mata/Sacarose 1 84 52,73
Mata/Branco 2 3,2 18,6
Mata/Sacarose 2 65 48,66
Eucalipto/Branco 1 14,5 55
Eucalipto/Sacarose 1 119,3 60,66
Eucalipto/Branco 2 10,2 10,4
Eucalipto/Sacarose 2 60,7 37,75
Milho/Branco 1 9,3 0,85
Milho/Sacarose 1 36 3,5
Milho/Branco 2 0,11 0,62
Milho/Sacarose 2 3,77 2,75
Tabela 2 – Íons cobre na solução sobrenadante (mg.dm-3) aos 21 e 70 dias referentes às
profundidades 1 e 2 do solo.
Tratamento Primeiro Período (21 dias) Segundo Período (70 dias)
Café/Branco 1 0,12 0,3
Café/Sacarose 1 0,12 0,15
Café/Branco 2 0,01 0,11
Café/Sacarose 2 0,04 0,1
Cana/Branco 1 0,01 0,05
Cana/Sacarose1 0,06 0,04
Cana/Branco 2 0,02 0,04
Cana/Sacarose 2 0,08 0,01
Mata/Branco 1 0,08 0,13
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Continuação da Tabela 2
Mata/Sacarose 1 0,04 0,03
Mata/Branco 2 0,12 0,03
Mata/Sacarose 2 0,06 0,02
Eucalipto/Branco 1 0,06 0,02
Eucalipto/Sacarose 1 0,06 0,06
Eucalipto/Branco 2 0,03 0,09
Eucalipto/Sacarose 2 0,05 0,03
Milho/Branco 1 0,03 0,02
Milho/Sacarose 1 0,03 0,04
Milho/Branco 2 0,04 0,11
Milho/Sacarose 2 0,04 0,13
Tabela 3 – Íons zinco na solução sobrenadante (mg.dm-3) aos 21 e 70 dias referentes às
profundidades 1 e 2 do solo.
Tratamento Primeiro Período (21 dias) Segundo Período (70 dias)
Café/Branco 1 0,01 0,07
Café/Sacarose 1 0,21 0,11
Café/Branco 2 0,01 0,02
Café/Sacarose 2 0,26 0,13
Cana /Branco 1 0,02 0,01
Cana/Sacarose1 0,47 0,16
Cana/Branco 2 0,02 0,01
Cana/Sacarose 2 0,55 0,11
Mata/Branco 1 0,04 0,02
Mata/Sacarose 1 0,25 0,07
Mata/Branco 2 0,01 0,01
Mata/Sacarose 2 0,21 0,1
Eucalipto/Branco 1 0,01 0,01
Eucalipto/Sacarose 1 0,8 0,12
Eucalipto/Branco 2 0,02 0,03
Eucalipto/Sacarose 2 0,3 0,11
Milho/Branco 1 0,03 0,01
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Continuação da Tabela 3
Milho/Sacarose 1 0,5 0,22
Milho/Branco 2 0,02 0,01
Milho/Sacarose 2 0,16 0,1
Tabela 4 – Íons ferro na solução sobrenadante (mg.dm-3) aos 21 e 70 dias referentes às
profundidades 1 e 2 do solo.
Tratamento Primeiro Período (21 dias) Segundo Período (70 dias)
Café/Branco 1 20 48
Café/Sacarose 1 973,33 986,66
Café/Branco 2 1 20
Café/Sacarose 2 1243,33 552
Cana/Branco 1 1 7
Cana/Sacarose1 2120 900
Cana/Branco 2 11 20
Cana/Sacarose 2 1180 963,33
Mata/Branco 1 20 71
Mata/Sacarose 1 460 286,66
Mata/Branco 2 45 33
Mata/Sacarose 2 1600 1040
Eucalipto/Branco 1 42,7 42
Eucalipto/Sacarose 1 1175 570
Eucalipto/Branco 2 13 31
Eucalipto/Sacarose 2 725 980
Milho/Branco 1 2 12
Milho/Sacarose 1 740 680
Milho/Branco 2 1 13
Milho/Sacarose 2 1295 1030
Nas amostras, com adição de sacarose a 3%, ocorreu maior disponibilização de matéria
orgânica para a microbiota do solo, o seu metabolismo tornou-se mais intenso provocando uma
maior produção de ácidos húmicos (CARDOSO et al.,1992). Com a liberação destes ácidos ocorreu
um aumento nos valos de pH (MENDONÇA, 2004), provocando a solubilização dos íons de
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manganês, cobre, zinco e ferro, o que concorda com estudos de Russel (1994) quando afirma que
estes íons são solúveis em meio ácido.
No segundo período ocorreu uma diminuição da concentração destes íons metálicos na
solução sobrenadante, pois o processo redox provocado pela microbiota entra em um estado de
equilíbrio químico e seus valores de pH sofrem um aumento (CARDOSO et al., 1992;
MENDONÇA, 1996 e 2004). Concordando com os estudos de Russell (1994) que afirma que os
íons de manganês, cobre, zinco e ferro tornam-se insolúveis em meio básico constatou-se (tabelas 5
a 8) uma reprecipitação destes íons na superfície do solo na forma de óxidos neoformados.
Análise quantitativa de manganês, ferro, zinco e cobre no solo comprovou o aumento da
concentração destes íons no solo, ilustrado pelas Tabelas 5 a 8.
Tabela 5 – Íons manganês na solução sobrenadante (mg.dm-3) aos 21 e 70 dias referentes às
profundidades 1 e 2 do solo.
Tratamento Solo Natural Primeiro Período (21 dias) Segundo Período (70 dias)
Café/Branco 1 12,9 31,5 31,2
Café/Sacarose 1 -- 0,9 7,1
Café/Branco 2 11,7 30,1 31,9
Café/Sacarose 2 -- 10,9 10,4
Cana/Branco 1 17,3 34,6 37,2
Cana/Sacarose1 -- 4,5 8,3
Cana/Branco 2 14,5 36,3 40,6
Cana/Sacarose 2 -- 2,2 8,8
Mata/Branco 1 92,8 105,6 85,3
Mata/Sacarose 1 -- 11,7 43,4
Mata/Branco 2 27,5 61,9 59,4
Mata/Sacarose 2 -- 2,9 13,4
Eucalipto/Branco 1 89,1 115,2 106,4
Eucalipto/Sacarose 1 -- 46,1 --
Eucalipto/Branco 2 19,7 45,4 34,4
Eucalipto/Sacarose 2 -- 10,1 8,3
Milho/Branco 1 21,6 33,8 36,8
Milho/Sacarose 1 -- 19,4 14
Milho/Branco 2 12,1 29,6 29,7
Milho/Sacarose 2 -- 6,8 7,8
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Tabela 6 – Íons cobre na solução sobrenadante (mg.dm-3) aos 21 e 70 dias referentes às
profundidades 1 e 2 do solo.
Tratamento Solo Natural Primeiro Período (21 dias) Segundo Período (70 dias)
Café/Branco 1 2,9 4,4 4
Café/Sacarose 1 -- 4,7 2,6
Café/Branco 2 3,2 5,2 6
Café/Sacarose 2 -- 11,6 4,8
Cana/Branco 1 3,3 4,5 4,4
Cana/Sacarose1 -- 10,9 3,9
Cana/Branco 2 4,6 5,8 5,5
Cana/Sacarose 2 -- 5,7 4,4
Mata/Branco 1 1,3 1,7 1,5
Mata/Sacarose 1 -- 2,1 1,3
Mata/Branco 2 1,1 1,8 1,9
Mata/Sacarose 2 -- 2,9 0,6
Eucalipto/Branco 1 1,8 2,3 1,1
Eucalipto/Sacarose 1 -- 2,7 --
Eucalipto/Branco 2 2,4 2,8 0,8
Eucalipto/Sacarose 2 -- 3 0,6
Milho/Branco 1 3,8 5,7 6,4
Milho/Sacarose 1 -- 5,3 3,8
Milho/Branco 2 2,3 3,4 1,6
Milho/Sacarose 2 -- 3 1,3
Tabela 7 – Íons zinco na solução sobrenadante (mg.dm-3) aos 21 e 70 dias referentes às
profundidades 1 e 2 do solo.
Tratamento Solo Natural Primeiro Período (21 dias) Segundo Período (70 dias)
Café/Branco 1 0,3 0,7 0,6
Café/Sacarose 1 -- 1,9 0,3
Café/Branco 2 0,8 0,7 1,2
Café/Sacarose 2 -- 3,6 0,9
Cana/Branco 1 0,6 0,7 0,7
Cana/Sacarose1 -- 3,2 0,5
Cana/Branco 2 0,7 0,8 0,5
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Continuação da Tabela 7
Cana/Sacarose 2 -- 0,9 0,5
Mata/Branco 1 2,5 1,4 1,4
Mata/Sacarose 1 -- 1,3 1,5
Mata/Branco 2 0,2 0,2 0,3
Mata/Sacarose 2 -- 0,7 0,3
Eucalipto/Branco 1 1,2 0,8 0,8
Eucalipto/Sacarose 1 -- 1,2 --
Eucalipto/Branco 2 0,4 0,4 0,4
Eucalipto/Sacarose 2 -- 0,7 0,4
Milho/Branco 1 1,8 1,4 1,6
Milho/Sacarose 1 -- 1,9 1,7
Milho/Branco 2 0,3 0,7 0,6
Milho/Sacarose 2 -- 1,9 0,3
Tabela 8 – Íons ferro na solução sobrenadante (mg.dm-3) aos 21 e 70 dias referentes às
profundidades 1 e 2 do solo.
Tratamento Solo Natural Primeiro Período (21 dias) Segundo Período (70 dias)
Café/Branco 1 29 226 3384
Café/Sacarose 1 -- 126 3402
Café/Branco 2 29 177 2502
Café/Sacarose 2 -- 299 4320
Cana/Branco 1 50 260 3834
Cana/Sacarose1 -- 137 3816
Cana/Branco 2 53 195 4284
Cana/Sacarose 2 -- 247 4122
Mata/Branco 1 74 296 2844
Mata/Sacarose 1 -- 231 4698
Mata/Branco 2 62 270 3564
Mata/Sacarose 2 -- 111 4788
Eucalipto/Branco 1 65 356 4086
Eucalipto/Sacarose 1 -- 372 --
Eucalipto/Branco 2 32 187 2916
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Continuação da Tabela 8
Eucalipto/Sacarose 2 -- 239 3096
Milho/Branco 1 32 135 3600
Milho/Sacarose 1 -- 286 5094
Milho/Branco 2 32 185 4104
Milho/Sacarose 2 -- 216 3924
O aumento da concentração de íons ocorrido deve-se à solubilização e posterior
reprecipitação dos íons analisados devido ao processo redox ocorrido no solo dado à ação de
mudanças do pH e também à ação da microbiota, que tendo uma maior disponibilidade de matéria
orgânica (no caso a sacarose presente no tratamento sofrido pelas amostras) tornou-se mais ativa
possibilitando a dissolução e posterior reprecipitação destes nutrientes no solo. A maior atividade da
microbiota interfere diretamente na liberação de ácidos húmicos, o que justificam as alterações de
pH e conseqüentemente a solubilização e posterior reprecipitação dos íons analisados (NEALSON ;
MYERS, 1992). Deve-se observar que a liberação destes íons leva a existência de óxidos
neoformados concordando com as afirmações de Paccola (1997), onde reforça que a adição de
matéria orgânica é um aspecto que deve ser considerado na química e fertilidade dos solos e que a
neogênese de minerais, determinada fundamentalmente pela adição de produtos e pela ação
continuada de ácidos orgânicos produzidos por microrganismos é um fato incontestável. Deve-se
ainda salientar o aumento significativo dos íons de ferro neoformados que exercem um papel
importantíssimo no comportamento do fosfato do solo no que diz respeito à adsorção e dessorção
deste metal (HERNANDES; MEURER, 2000: GUILHERME et al., 2000).
4 CONCLUSÕES
A adição de matéria orgânica ao solo provoca uma variação de pH.
Com a acidificação do meio ocorre uma solubilização de manganês, ferro, zinco e cobre que
são detectados na solução sobrenadante em concentrações elevadas e são provenientes
exclusivamente do solo, já que a água destilada e a solução de sacarose a 3% são completamente
isentas destes minerais, indicando uma maior disponibilidade destes minerais.
O aumento do pH do solo provoca uma recristalização e reprecipitação de minerais, de
manganês, cobre, zinco e ferro aumentando a sua concentração no solo e diminuindo na solução
sobrenadante. Este fato indica a presença de óxidos de ferro, alumínio, manganês zinco e cobre
neoformados.
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