classificação temporal da vegetação das bacias do rio são francisco

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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 5630 CLASSIFICAÇÃO TEMPORAL DA VEGETAÇÃO DAS BACIAS DO RIO SÃO FRANCISCO VERDADEIRO E FALSO A PARTIR DE TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO DIOGO VIEIRA SILVA 1 EDSON DIAS DOS SANTOS 2 ERICSON HIDEKI HAYAKAWA 3 Resumo: O mapeamento da vegetação contribui significativamente em trabalhos que envolvem a gestão ambiental. Nos últimos anos a discussão sobre as alterações e o cumprimento do Código Florestal tem ganhado destaque por envolver desde os prejuízos ambientais, bem como os interesses políticos e da sociedade acerca do tema. A atual disponibilidade de ferramentas, técnicas e metodologias referentes as geotecnologias, especialmente o Sensoriamento Remoto (SR) e o processamento digital de imagens permitem estudos que envolvem o mapeamento de uso e cobertura da terra. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é o de mapear temporalmente a vegetação em duas bacias hidrográficas que compõem a Bacia Hidrográfica do Paraná 3 (BP 3): bacia do rio São Francisco Verdadeiro e bacia do rio São Francisco Falso, situadas no Oeste do Paraná. Realizar-se-á a análise do período de 1973 a 2011 considerando a legislação de acordo com a Lei 4771/1965 do Código Florestal a fim de verificar o cumprimento da legislação vigente não esteve devidamente cumprida, e os possíveis motivos que levaram a este fato. Palavras-chave: Bacia Hidrográfica; Mapeamento; Código Florestal Abstract: The mapping of vegetation contributes significantly in jobs involving environmental management. In recent years the discussion about the changes and compliance with the Forest Code has gained prominence since it involves environmental damage and political interests and society on the subject. Today, with the availability of geotechnology, especially the Remote Sensing (RS), the objective is to map the vegetation temporally in two watersheds that make up the Paraná Basin 3 (BP 3): the São Francisco River Basin True and river basin San Francisco False, located in western Paraná. It will perform the analysis of the period 1973-2011 considering the legislation in accordance with Law 4771/1965 the Forest Code in order to verify compliance with current legislation has not been properly enforced, and possible reasons that led to this fact . Key-words: Hydrographic Basin; Mapping; Forest Code 1 Introdução A Bacia Hidrográfica do rio São Francisco é uma das bacias que integram um conjunto de áreas de captação que formam a Bacia do Paraná 3 (BP3), no Oeste paranaense. Esta bacia teve seu processo de colonização iniciado a partir da década de 1940 e atualmente, destaca-se pela intensa atividade agropecuária na 1 Acadêmico do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Bolsista Capes. E-mail de contato: [email protected]. 2 Docente do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail de contato: [email protected]. 3 Docente do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail de contato: [email protected].

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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO

DE 9 A 12 DE OUTUBRO

5630

CLASSIFICAÇÃO TEMPORAL DA VEGETAÇÃO DAS BACIAS DO RIO SÃO FRANCISCO VERDADEIRO E FALSO A PARTIR DE

TÉCNICAS DE SENSORIAMENTO REMOTO

DIOGO VIEIRA SILVA1 EDSON DIAS DOS SANTOS2

ERICSON HIDEKI HAYAKAWA3

Resumo: O mapeamento da vegetação contribui significativamente em trabalhos que envolvem a

gestão ambiental. Nos últimos anos a discussão sobre as alterações e o cumprimento do Código Florestal tem ganhado destaque por envolver desde os prejuízos ambientais, bem como os interesses políticos e da sociedade acerca do tema. A atual disponibilidade de ferramentas, técnicas e metodologias referentes as geotecnologias, especialmente o Sensoriamento Remoto (SR) e o processamento digital de imagens permitem estudos que envolvem o mapeamento de uso e cobertura da terra. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é o de mapear temporalmente a vegetação em duas bacias hidrográficas que compõem a Bacia Hidrográfica do Paraná 3 (BP 3): bacia do rio São Francisco Verdadeiro e bacia do rio São Francisco Falso, situadas no Oeste do Paraná. Realizar-se-á a análise do período de 1973 a 2011 considerando a legislação de acordo com a Lei 4771/1965 do Código Florestal a fim de verificar o cumprimento da legislação vigente não esteve devidamente cumprida, e os possíveis motivos que levaram a este fato.

Palavras-chave: Bacia Hidrográfica; Mapeamento; Código Florestal

Abstract: The mapping of vegetation contributes significantly in jobs involving environmental

management. In recent years the discussion about the changes and compliance with the Forest Code has gained prominence since it involves environmental damage and political interests and society on the subject. Today, with the availability of geotechnology, especially the Remote Sensing (RS), the objective is to map the vegetation temporally in two watersheds that make up the Paraná Basin 3 (BP 3): the São Francisco River Basin True and river basin San Francisco False, located in western Paraná. It will perform the analysis of the period 1973-2011 considering the legislation in accordance with Law 4771/1965 the Forest Code in order to verify compliance with current legislation has not been properly enforced, and possible reasons that led to this fact .

Key-words: Hydrographic Basin; Mapping; Forest Code

1 – Introdução

A Bacia Hidrográfica do rio São Francisco é uma das bacias que integram um

conjunto de áreas de captação que formam a Bacia do Paraná 3 (BP3), no Oeste

paranaense. Esta bacia teve seu processo de colonização iniciado a partir da

década de 1940 e atualmente, destaca-se pela intensa atividade agropecuária na

1Acadêmico do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual do Oeste do

Paraná. Bolsista Capes. E-mail de contato: [email protected]. 2 Docente do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual do Oeste do

Paraná. E-mail de contato: [email protected]. 3 Docente do programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual do Oeste do

Paraná. E-mail de contato: [email protected].

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área. O estímulo governamental e a participação de empresas colonizadoras e

agricultores oriundos principalmente dos estados do Rio Grande do Sul e Santa

Catarina dinamizaram a ocupação da área (OLIVEIRA E CUNHA, 2012). Neste

processo, a densa cobertura vegetal (Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional

Semidecidual, com maior ocorrência desta) existente foi gradativamente retirada,

dando lugar a agropecuária. Com a modernização da agricultura e o aumento das

demandas por alimentos e mercadorias de origem rural, a substituição da vegetação

foi intensificada. Atualmente, observam-se apenas alguns fragmentos de vegetação

distribuídos aleatoriamente ou nas margens dos recursos hídricos da bacia.

Desde a década de noventa a discussão sobre as alterações e o cumprimento

do Código Florestal tem ganhado destaque. Parte dessa discussão deve-se aos

prejuízos ambientais que foram desencadeados pela retirada indiscriminada da

vegetação para diversos fins. Como resultado, tem-se problemas como erosão,

assoreamento, deslizamentos em áreas residenciais, entre outros.

O Código Florestal de 1965 descrevia que as florestas presentes no território

nacional eram de interesse comum a todos os habitantes do país, e o direito de

propriedade era limitado pela legislação vigente na época. Contudo, ora pelo

desconhecimento da lei, ora pelo descumprimento, a supressão da vegetação não

deixou de ser o vetor dominante no processo de colonização, incluindo a Bacia do

Paraná 3. Atualmente, inúmeros problemas referentes ao assoreamento e/ou

poluição de recursos hídricos, extinção de espécies animais e vegetais, degradação

do solo por processos erosivos ou perda de nutrientes, dentre outros podem na

maioria das vezes ser associados à supressão indiscriminada da vegetação nativa

ocorrida no passado.

Neste sentido, volta-se aos questionamentos de como gerenciar o uso da

terra e como proceder com a definição de Áreas de Preservação Permanente

(APPs) e Reserva Legal (RL). Estas são fundamentais para a manutenção dos

ecossistemas terrestres e aquáticos. A retirada da vegetação e seus impactos nos

ecossistemas terrestres e aquáticos ainda não são completamente compreendidos.

Assim, uma das formas de ampliar o conhecimento e caracterizar a

configuração atual da vegetação na Bacia Hidrográfica do São Francisco é através

do mapeamento sistemático dos fragmentos de vegetação ainda presentes na bacia.

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Estudos desse escopo foram desenvolvidos no Brasil principalmente no

mapeamento de remanescentes florestais da Mata Atlântica no final da década de

1980 (PONZONI ET AL., 2012).

Com isso, cada vez mais se atenta para a necessidade de obter

mapeamentos confiáveis da vegetação remanescente. Isso devido a sua evolução

histórica natural e antrópica, como também para a contribuição para estudos de

diversas áreas do conhecimento. Junto a isso, o sensoriamento remoto se mostra

eficiente no que diz respeito ao monitoramento de recursos naturais, entre eles a

vegetação. Tornando possível abranger grandes áreas, o que facilita o processo de

integração temporal e espacial das mesmas.

Atualmente, técnicas e ferramentas de geotecnologias potencializam esse tipo

de estudo e foram empregadas para analisar a distribuição espaço-temporal da

vegetação na Bacia do São Francisco nas décadas de 1973, 1990, 2000/2001 e

2011, considerando a legislação ambiental pertinente, no caso, o Código Florestal

de 1965.

Recentemente, estudos desse escopo têm sido beneficiados com a

disponibilidade de ferramentas e técnicas de geotecnologias. A presença de

imagens de satélite de média e alta resolução espacial associada a técnicas de

processamento digital de imagens e geoprocessamento permite uma caracterização

pormenorizada do ambiente. Com isso, o mapeamento dos fragmentos de

vegetação da bacia fornecerá não só a mensuração da cobertura florestal existente

na bacia, bem como sua forma de distribuição, como também pode auxiliar em

estudos que envolvem a manutenção dos ecossistemas presentes na área. Soma-se

ainda a possibilidade de verificar se a legislação ambiental, especificamente o

Código Florestal, tem sido cumprida na área que compreende a BP3.

Estas informações podem ser desdobradas em ações que envolvam o

planejamento e gerenciamento do uso e cobertura da terra na bacia, além de planos

para resgatar e/ou manter aqueles ecossistemas que ainda estão presentes na área.

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2 – Localização e breve caracterização da área de estudo

As denominadas Bacias Hidrográficas dos rios São Francisco Verdadeiro e

Falso integram um conjunto de bacias que formam a Bacia do Paraná 3 (BP 3). As

duas bacias abrangem uma área de aproximadamente 5729 km² e 4006 km²

respectivamente, localizadas na mesorregião Oeste do Paraná (Figura 01). Na

região afloram rochas basálticas da Formação Serra Geral (Eocretáceo) (NARDY et

al., 2002).

Figura 1- Localização da área de estudo.

O clima predominante na Bacia do São Francisco, segundo a classificação de

Köppen, é do tipo Cfa, que corresponde a clima temperado chuvoso, sem a

ocorrência de estação seca e moderadamente quente, com temperatura média no

verão, superior a 22ºC e média no inverno inferior a 18ºC (AYOADE, 2002). Os

principais rios que compõem Bacia do São Francisco são classificados como rios

consequentes e drenam em sentido oeste, desaguando diretamente no Reservatório

do lago de Itaipu. O padrão de drenagem predominante é dendrítico a sub-

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dendrítico. Em alguns setores apresenta padrão sub-retangular, refletindo o controle

estrutural do arcabouço geológico regional. A bacia apresenta áreas com ocorrência

de Latossolos e Nitossolos, que são solos profundos e bem drenados com maior

estabilidade e menor suscetibilidade a processos de perda de solo. Também são

encontrados solos rasos em áreas de maior declividade. Estes são setores

suscetíveis a processos de erosão linear, merecendo a aplicação de práticas

conservacionistas.

3 – Metodologia

3.1 - Materiais

Os materiais consistem de imagens do satélite Landsat-1, sensor

Multispectral Scanner (MMS) para o mapeamento de 1973, Landsat-5, sensor

Thematic Mapper (TM) para os mapeamentos de 1990, 2000/2001 e 2011, e cartas

topográficas em escala 1:50.000 disponibilizadas pelo Instituto de Terras Cartografia

e Geociências (ITCG). As imagens de satélite foram obtidas do catálogo de

imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Global Land

Cover Facility (GLCF) e EarthExplorer disponibilizado pela USGS - EUA Geological

Survey. Os aplicativos utilizados foram o SPRING, versão 5.1.8, e o ArcGis 10.0

para o layout final dos produtos cartográficos.

3.2 - Método

Os procedimentos metodológicos envolveram a estruturação do banco de

dados a partir da importação dos dados, elaboração das cartas vegetação nas datas

28/08/1973, 12/09/1990, 24/08/2000-02/08/2001 e 13/07/2011. Para o

desenvolvimento do mapeamento utilizou-se o classificador Battacharya, presentes

no aplicativo SPRING 5.1.8. Os arquivos digitais em formato shapefile da área do

estudo e rede de drenagem na escala 1:50.000 foram disponibilizados através de

um banco de dados de projetos desenvolvidos pelo Grupo Multidisciplinar de

Estudos Ambientais (GEA).

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De modo geral, as etapas para o mapeamento consistiram de: a)

georeferenciamento das imagens Landsat, baseando na imagem ortoretificada do

GLCF; b) redução da dimensionalidade considerando apenas a área do estudo; c)

definição dos limiares de similaridade e área a partir do método exploratório para o

procedimento de segmentação; d) classificação da vegetação; e) edição do

mapeamento f) saída de campo para verificar a pertinência da classificação (neste

caso entrevista com técnico do Instituto Ambiental do Paraná - IAP). As imagens

também foram organizadas em composição colorida, para o procedimento de

interpretação visual. O procedimento de classificação também contou com

informações do IAP, que é o órgão responsável pelo gerenciamento da área de

estudo. Para a classe vegetação foi definida um único layer, de modo a analisar

onde houve retirada da mata para a utilização agrícola, prejudicando a proteção dos

recursos hídricos da área, e sua evolução ou retrocesso ao longo do período do

estudo.

O mapeamento como mencionado aconteceu em quatro períodos: 1973,

1990, 2000/2001 e 2011. O primeiro momento justifica-se por ser a época de

implementação da Lei 4771/1965 do Código Florestal, o segundo por ser o período

de instalação da Itaipu Binacional, o terceiro por ser o período intermediário e por

fim, o quarto momento pelo motivo de um período recente, onde já se consegue

imagens necessárias para o trabalho e quando termina a vigência do Código

Florestal de 1965, dando lugar para o Novo Código Florestal de 2012. Especula-se

ainda realizar campanhas de campo a fim de confrontar os resultados com a

realidade. Imagens do Google Earth também poderão ser utilizadas para esta

finalidade. Os dados de vegetação também serão cruzados por meio de álgebra de

mapas com os dados de declividade a fim de verificar se as áreas de maior ou

menor declividade define a presença ou não de vegetação. Buffers serão gerados a

partir dos dados de drenagem a fim de verificar se a vegetação marginal dos cursos

de água estão de acordo com a legislação vigente.

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4 – Resultados

O estudo encontra-se ainda em desenvolvimento, no entanto, ao analisar as

classificações da vegetação, obtêm-se resultados prévios que indicam mudanças na

distribuição espacial e temporal da vegetação na área do estudo (Figuras 2, 3, 5 e

6). No ano de 1973 (Figura 2 e 4) a vegetação apresentava maior densidade quando

comparada com as imagens subsequentes. Esta conjuntura deve-se possivelmente

ao processo de colonização que ainda estava em andamento. A vegetação estava

distribuída aleatoriamente, conferida por sua distribuição natural. Além disso,

dificilmente encontram-se fragmentos de vegetação as margens dos canais hídricos.

Este fato deve-se possivelmente pelas ocupações da época se concentrar nas

proximidades dos rios. É possível observar também, que neste período tinham-se

densos fragmentos florestais, atingindo aproximadamente 129.148 de km2, não

estando presentes nas outras cenas.

Figura 2 – Classificação da vegetação da Bacia do São Francisco – 1973.

Na cena do ano de 1990, observa-se intensa devastação florestal. Esta

situação deve-se pela intensificação da derrubada da mata para a implementação de

culturas agropecuárias. Dessa forma, aumentou-se a área de uso antrópico em

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relação ao ano de 1973, onde já não são mais observados os densos fragmentos

presentes na cena anterior.

Figura 3 – Classificação da vegetação da Bacia do São Francisco – 1990.

Nas classificações que envolvem o período de 2000/2001 a 2011, nota-se

um fator diferenciado, pois de acordo com a ocupação antrópica a vegetação

deveria sofrer redução, porém, com a ajuda do gráfico (Figura 04) observa-se

claramente o aumento dos fragmentos florestais. Mas ao visualizar as duas últimas

cenas, a vegetação não se encontra de forma aleatória como antes, concentrando-

se as margens dos canais hídricos, representando a atual configuração da região.

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Figura 4 – Gráfico comparativo da evolução da cobertura vegetal do período de 1973 a 2011.

Figura 5 – Classificação da vegetação da Bacia do São Francisco – 2000/2001.

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Figura 6 – Classificação da vegetação das Bacias do São Francisco – 2011.

5 – Considerações Finais

Apesar do trabalho ainda estar em desenvolvimento, e da média resolução

espacial das imagens, foi possível identificar expressivas mudanças na distribuição

espacial e temporal dos fragmentos de vegetação na área do estudo. Esta variação

temporo-espacial pode estar associada a diferentes fatores como: intensificação da

colonização, como consequência, aumento da área desmatada; adequação a

legislação vigente e fiscalização; projetos de recuperação florestal.

Mesmo com o avanço da produção agropecuária ao longo dos anos, observa-

se que na classificação de 2000/2001 houve um considerável aumento da vegetação

em relação à classificação de 1990, principalmente próximo as margens da rede de

drenagem. Segundo informações do IAP-Toledo, Essa situação deve-se pela

implantação a partir de 1985 do Programa de Conservação de Solos e do Programa

de Águas e de Manejo de Águas do Parará. O objetivo era recompor a mata ciliar

estipulado pelo Código Florestal de 1965. A diminuição da vegetação entre as cenas

de 1973 a 1990 pode ser atrelado ao fato de que até o ano de 1986 o desmatamento

não era proibido, mesmo com a existência do CF de 1965. Contudo o CF não era

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devidamente cumprido. Estipulava-se apenas que deveria ter 20% de Reserva

Legal, e o restante era liberado para desmatar em qualquer área (BISOGNIN, 2015).

Além dos programas de incentivo a recomposição da mata ciliar, o Instituto

Ambiental do Paraná (IAP) também realizavam rotas de fiscalizações para identificar

os locais onde deveriam ser reflorestados, bem como aplicar multas nos locais em

desconformidade com a legislação. Atualmente as fiscalizações ocorrem apenas

quando há denúncias, sem a rota de fiscalização. De acordo com o Novo Código

Florestal de 2012, apenas o que existe de floresta não pode ser retirado. Contudo,

por se tratar de uma região onde predomina pequenas propriedades, os agricultores

já não são mais obrigados a fazer o reflorestamento para atingir os 30 metros de

mata ciliar como era estipulado pela lei anterior (BISOGNIN,2015).

Agradecimento

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

concessão de bolsa de estudos de Mestrado.

Referências:

AB’ SABER, A. N. Do Código Florestal para o Código da Biodiversidade. Biota Neotropica, v. 10, p. 331-336, 2010. AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os trópicos. 8ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. 332p. BISOGNIN, José Volnei. Entrevista concedida a Diogo Vieira Silva. Instituto Ambiental do Paraná – IAP. Toledo. 25 jun. 2015. BRANCALION, P. H. S.; RODRIGUES, R. R. Implicações do cumprimento do Código Florestal vigente na redução de áreas agrícolas: um estudo de caso da produção canavieira no Estado de São Paulo. Biota Neotropica, v. 10, p. 63-66, 2010. BRASIL. Decreto-lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o Novo Código Florestal Brasileiro e dá outras providências. Diário Oficial da União DOU de 15 de setembro de 1965. Brasília DF. 1965. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4771 impressao.htm > Acesso em 22 nov. 2013. BRITES, R.S; BIAS, E. D; ROSA, A. N. C. S. Classificação por regiões. In: MENESES, P. R.; ALMEIRA, T. (Orgs.). Introdução ao processamento de imagens de sensoriamento remoto. Brasília: Unb/Cnpq, 2012. p. 209-220.

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