estrutura e analise espaço-temporal da vegetação do manguezal do pina

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  • 7/25/2019 Estrutura e Analise Espao-temporal Da Vegetao Do Manguezal Do Pina

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCOCENTRO DE FILOSOFIA E CINCIAS HUMANASDEPARTAMENTO DE CINCIAS GEOGRFICAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIA

    FERNANDA GOMES BARBOSA

    ESTRUTURA E ANLISE ESPAO TEMPORAL DA VEGETAO DOMANGUEZAL DO PINA, RECIFE-PE: SUBSDIOS PARA MANEJO,

    MONITORAMENTO E CONSERVAO

    RECIFE2010

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCOCENTRO DE FILOSOFIA E CINCIAS HUMANASDEPARTAMENTO DE CINCIAS GEOGRFICAS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIA

    FERNANDA GOMES BARBOSA

    ESTRUTURA E ANLISE ESPAO TEMPORAL DA VEGETAO DOMANGUEZAL DO PINA, RECIFE-PE: SUBSDIOS PARA MANEJO,

    MONITORAMENTO E CONSERVAO

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Geografia da UniversidadeFederal de Pernambuco, como requisito parcialpara obteno do ttulo de Mestre emGeografia.

    Orientadora: Prof. Dr. Maria Fernanda Abrantes TorresCo-Orientadora: Prof. Dr. Rejane Magalhes de Mendona Pimentel

    RECIFE2010

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    Barbosa, Fernanda GomesEstrutura e anlise espao temporal da vegetao do manguezal do Pina,

    Recife-PE : subsdios para manejo, monitoramento e conservao / FernandaGomes Barbosa. Recife: O Autor, 2010.

    89 folhas : il., fig., tab.

    Dissertao (mestrado) Universidade Federal de Pernambuco. CFCH.Geografia, 2010.

    Inclui: bibliografia.

    1. Geografia. 2. Manguezais Ecossistemas. 3. Gesto ambiental. 4.Vegetao - Mapeamento. 5. Dinmica. I. Ttulo.

    911 910

    CDU (2. ed.) CDD (22. ed.)

    UFPEBCFCH2010/46

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    SUMRIO

    DEDICATRIA .............................................................................................. v

    AGRADECIMENTOS ..................................................................................... vi

    RESUMO ....................................................................................................... viii

    ABSTRACT .................................................................................................... xix

    LISTA DE FIGURAS ...................................................................................... x

    LISTA DE TABELAS ...................................................................................... xii

    1 INTRODUO............................................................................................ 13

    2 REVISO DA LITERATURA...................................................................... 18

    3 JUSTIFICATIVA......................................................................................... 254 OBJETIVOS............................................................................................... 27

    4.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................. 27

    4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS .................................................................... 27

    5 CARACTERIZAO SOCIOAMBIENTAL DA REA DE ESTUDO........ 28

    6 MATERIAL E MTODOS........................................................................... 34

    6.1 MAPEAMENTO ....................................................................................... 34

    6.1.1 Processamento Digital das Imagens .................................................... 346.1.2 Anlise Espao Temporal da Vegetao a partir das Imagens ............ 35

    6.2 CARACTERIZAO AMBIENTAL .......................................................... 36

    6.2.1 Dados Abiticos .................................................................................... 36

    6.2.1.1Temperatura do Solo, do Ar e Salinidade da gua Intersticial ........... 36

    6.2.1.2 Anlise de Sedimento ........................................................................ 37

    6.2.1.2.1 Anlise Granulomtrica ................................................................... 37

    6.2.1.2.2 Anlises Qumicas .......................................................................... 386.2.2 Analise Estrutural do Bosque ................................................................ 38

    6.2.3 Anlise dos Componentes Principais (ACP) ......................................... 41

    7 RESULTADOS........................................................................................... 42

    7.1 ANLISE ESPAO TEMPORAL ............................................................. 42

    7.2 CARACTERIZAO AMBIENTAL .......................................................... 46

    7.2.1 Dados Abiticos .................................................................................... 46

    7.2.1.1 Temperatura do Solo, do Ar e Salinidade gua Intersticial ............... 46

    7.2.1.2 Sedimentos ........................................................................................ 46

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    7.2.2 Anlise Estrutural do Bosque .......................................................... 49

    7.2.2.1 Stio A ................................................................................................ 52

    7.2.2.2 Stio B ................................................................................................ 53

    7.2.2.3 Stio C ................................................................................................ 55

    7.2.2.4 Relao Estrutural entre os Stios A, B e C ....................................... 56

    7.2.3 Anlise dos Componentes Principais (ACP).......................................... 63

    8 DISCUSSO ............................................................................................... 67

    8.1 ANLISE ESPAO TEMPORAL ............................................................. 67

    8.2 ANLISE AMBIENTAL ............................................................................ 68

    8.3 MANEJO .................................................................................................. 77

    9 CONCLUSES ........................................................................................... 8010 REFERNCIAS ........................................................................................ 82

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    Dedico este trabalho memria do meu querido irmo, Antonio Fbio Gomes

    Barbosa, que durante 21 anos proporcionou a mim e minha famlia momentosinesquecveis. Seu sorriso ser lembrado por toda a minha vida.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao meu Deus, que me proporcionou o melhor presente, o dom da vida, quele

    a quem tudo devo e que em nenhum momento me desamparou. Minha maior

    inspirao...

    Aos meus queridos pais, Edivaldo Gomes Barbosa e Zuleide Pereira Barbosa e

    minha amiga- irm, Flvia Gomes Barbosa, minha maior fonte de amor.

    minha estimada orientadora e amiga Maria Fernanda Abrantes Torres, que

    acreditou, confiou e estendeu a mo quando eu mais precisava. Aguentou minhas

    angstias, dificuldades e que juntamente comigo superou muitas barreiras. No

    tenho palavras que possam expressar minha gratido e imenso carinho... minha co-orientadora Rejane Magalhes de Mendona Pimentel, que um

    exemplo de compromisso e determinao. Obrigada por me ensinar os melhores

    caminhos.

    Ao professor Clemente Coelho Junior, que tenho grande estima e admirao e

    que por inmeras vezes se disps a tirar minhas dvidas e fazer consideraes

    importantssimas. Obrigada!

    professora Josiclda Domiciano Galvncio, que me inspirou a buscar ocaminho do Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento.

    Ao Programa de Ps-Graduao em Geografia, o qual foi responsvel por

    grande parte das minhas conquistas e dos conhecimentos que adquiri. Agradeo a

    todos os professores e funcionrios.

    Capitania dos Portos, por permitir que o estudo fosse realizado no

    Manguezal do Pina, em especial: ao Tenente Gonzaga, por seu esforo em me

    ajudar e por sempre estar prestes a me atender quando eu precisava; ao SuboficialLima, que foi paciente comigo e sempre liberava nossas visitas tcnicas; Ao Tenente

    Caetano, que liberou a documentao para que a pesquisa pudesse ser iniciada;

    aos Fuzileiros Navais que nos acompanhavam e que passavam o dia inteiro

    conosco, garantindo nossa segurana, o meu muito obrigada a todos!

    Diretoria do Meio Ambiente (DIRMAM) da Prefeitura da Cidade do Recife,

    que autorizou nossas coletas e se disps a colaborar.

    professora Maria Betnia G. dos S. Freire, Monaliza Alves dos Santos,

    Patrcia Ribeiro dos Santos e Godhi Antas Marques do Departamento de Qumica

    dos Solos da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que me ajudaram a fazer

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    as anlises dos sedimentos por mais de duas semanas. Fui muito bem recebida e

    orientada, obrigada!

    Ao professor Fernando Antnio do Nascimento Feitosa, que gentilmente nos

    cedeu seus equipamentos e ateno.

    professora Sigrid Neumann Leito, pela valiosa ateno e disponibilidade na

    ajuda com os dados estatsticos.

    Ao Mestre Antnio Marcos que contribuiu de maneira grandiosa e significativa,

    sempre disposto a me atender e esclarecer dvidas relacionadas ao

    geoprocessamento. Agradeo a Deus por ter conhecido uma pessoa de corao

    gigantesco como o seu.

    Aos nossos colegas e parceiros de mangue, Jos Gustavo da Silva Melo,Andr Vieira Corsino, Carlos Vincius da Silva Vital, Mariana Pessoa Coelho, Neiva

    Marion Guimares de Santana, que se dispuseram a participar das coletas to

    magnficas, porm cansativas e cheias de aventuras.

    Ao CNPq, que contribuiu com a minha pesquisa.

    A todos os meus amigos, que longe ou perto, fizeram grande diferena para

    que esse meu sonho pudesse ser realizado, em especial: Lywistone Galdino,

    Micheline Santos, Rosiglay Cavalcanti, Evelyn Viana, Luciana Silva, Tarciana Cirino,Antnio Carlos Rocha, Janana Barbosa da Silva, Milena Dutra da Silva, Maria das

    Graas Chagas, Karina Luz, Assis Flix, Josinete Vieira Corsino, Thatiany Ldia,

    Christianne Farias, Rudrigo Maciel, Jessca Menezes, Clia Machado, Allison

    Bezerra, Ana Valria, Girlan Cndido, e Anderson Trilhas.

    A Andr Corsino, que me incentiva, ajuda e compreende, fazendo parte dos

    meus melhores momentos, sendo mais um motivo para se ter certeza de que a

    felicidade est muito mais perto do que se imagina.

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    RESUMO

    Localizado na poro sul da cidade do Recife, o Manguezal do Pina tem sido

    apontado como uma das maiores manchas de manguezal em rea urbana do Brasil.

    Embora j conhecida sua importncia scio-ecolgica, este ecossistema vem

    sofrendo com os usos inadequados como a ocupao desordenada, acmulo de

    resduos slidos, cortes da vegetao, pesca predatria, alm da presso do setor

    imobilirio e virio. A fim de avaliar as transformaes ocorridas no Manguezal do

    Pina em relao s reas ocupadas pelo bosque de mangue e dinmica das

    ocupaes urbanas, a presente pesquisa buscou fazer uma anlise espao temporal

    a partir de imagens de satlite (LANDSAT 5 e 7 TM) dos anos de 1987, 1991 e2008, utilizando o ndice de Vegetao por Diferena Normalizada (NDVI). Para

    efetivar os dados obtidos das imagens foi realizado um estudo de caracterizao

    estrutural e funcional do bosque a partir da metodologia de parcelas mltiplas. A

    anlise da variao espao temporal mostrou que a rea ocupada por vegetao de

    mangue abrangia 187ha no ano de 1987, com retratao dos seus limites no ano de

    1991, passando para 154ha, porm apresentando um aumento em 2008 para

    215,9ha. No que se refere s reas urbanas e solo exposto houve um aumento de41,81ha no manguezal e seu entorno ao longo das trs dcadas analisadas. Estes

    dados esto relacionados a processos desestabilizadores e de regenerao em

    determinados perodos. Os resultados da caracterizao estrutural e funcional

    sugeriram diferentes mosaicos de paisagens ambientais, onde as espcies no

    seguiram um padro de distribuio definido, tendo Laguncularia racemosa (L.) C.F.

    Gaertn apresentado a maior densidade e dominncia relativas, seguida de

    Rhizophora mangle L. e, em menores propores, de Avicennia schaueriana Stapf.& Leechman. A anlise estrutural indicou valores de densidade de troncos vivos

    chegando a atingir 2.850ind/ha, porm algumas parcelas apresentaram baixa

    densidade em funo do elevado nmero de cortes de rvores, como verificado na

    parcela A2. O presente trabalho demonstrou sua viabilidade para estudos que tratem

    da dinmica em reas de mangue, sendo imprescindvel para o manejo,

    monitoramento e, principalmente, para a conservao destas reas.

    Palavras- chave: Ecossistema Manguezal - Caracterizao - Dinmica Gesto

    Ambiental.

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    ABSTRACT

    Located in the southern area of Recife, the Pina Mangrove has been mentioned as

    one of the largest patches of mangroves in an urban area of Brazil. Although its

    socio-ecological importance is already known, this ecosystem has suffered from the

    improper use such as disorderly occupation, accumulation of solid waste, cutting of

    vegetation, overfishing, along with pressure from housing and road construction. In

    order to assess the changes in the Pina Mangrove in relation to the areas occupied

    by mangrove forest and the dynamics of urban occupations, this study sought to do a

    space-time analysis from satellite imagery (Landsat 5 and 7 TM) of 1987, 1991 and2008, using the Normalized Difference Vegetation Index (NDVI). To validate the data

    obtained from the images a study of the structural and functional characterization of

    the wood was made using the multiple parcels methodology. The analysis of spatial

    and temporal variation showed that the area occupied by mangrove vegetation

    covered 187ha in 1987, with retraction of its limits in 1991, rising to 154ha, but with

    an increase in 2008 to 215.9 ha. With regard to urban areas and exposed soil there

    was an increase of 41.81 ha of mangroves and their environment over the threeanalyzed decades. These data are related to destabilizing processes and

    regeneration in certain periods. The results of structural and functional

    characterization suggested different landscape mosaics environment, where the

    species did not follow a standard distribution set, and Laguncularia racemosa(L.) CF

    Gaertn presented the highest density and relative dominance, followed by

    Rhizophora mangle L. and to a lesser extent, of Avicennia schaueriana Stapf. &

    Leechman. Structural analysis indicated densities of live trunks reaching around2.850ind/ha, but some parcels showed low density as a result of the large number of

    trees cut, as evidenced in parcel A2. This work demonstrates the feasibility of studies

    that address the dynamics in mangrove areas, being essential for the management,

    monitoring, and especially for the conservation of these areas.

    Keywords: Mangrove Ecosystem - Characterization - Dynamics Environmental

    Management.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Climograma do Recife/PE (1911 a 1990) ........................................... 29

    Figura 2 - Localizao do Manguezal do Pina, Recife/PE .................................. 31

    Figura 3 - Vista area do Manguezal do Pina .................................................... 32

    Figura 4 - Vista Area Parcial do Manguezal do Pina ........................................ 33

    Figura 5 - Localizao dos stios de amostragens no Manguezal do Pina ......... 37

    Figura 6 - Anlise espao temporal da vegetao do Manguezal do Pina ......... 42

    Figura 7 - Ocupao em hectares da rea urbana e solo exposto noManguezal do Pina e seu entorno em 1987, 1991 e 2008 ................

    43

    Figura 8 - Variao Espao Temporal do Manguezal do Pina e seu entorno

    nos anos de 1987, 1991 e 2008 ......................................................... 44

    Figura 9 - Variao Espao Temporal da Vegetao do Manguezal do Pina e

    seu entorno nos anos de1987, 1991 e 2008 ...................................... 45

    Figura 10 - Anlise granulomtrica dos sedimentos nas diferentes parcelas

    analisadas no Manguezal do Pina ..................................................... 47Figura 11 - Teores de Carbono Orgnico dos sedimentos que compem as

    parcelas analisadas no Manguezal do Pina .......................................

    48

    Figura 12 - Teores de clcio e magnsio dos sedimentos que compem as

    parcelas analisadas no Manguezal do Pina .......................................

    49

    Figura 13 - (A) Vista parcial da estrutura do bosque no stio A; (B) armadilha

    para guaiamum; (C) clareira no stio A; (D) armadilha tipo redinha

    para caranguejo. Autor: Torres (2008) ............................................... 50Figura 14 - (A e B) Resduos slidos encontrados no stio B. Autor: Torres

    (2008) ................................................................................................. 51

    Figura 15 - Vista parcial do stio C. Autor: Torres (2008) ..................................... 51

    Figura 16 - Densidade de troncos vivos nas parcelas analisadas no Manguezal

    do Pina ............................................................................................... 57

    Figura 17 - Densidade de troncos vivos por espcie nas parcelas analisadas no

    Manguezal do Pina..............................................................................

    58

    Figura 18 - Altura mdia, altura do dossel e desvio padro dos indivduos que

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    compem as parcelas analisadas no Manguezal do Pina ................. 58

    Figura 19 - rea basal dos troncos vivos das parcelas analisadas no

    Manguezal no Pina .............................................................................

    59

    Figura 20 - rea basal mdia dos troncos vivos das parcelas analisadas no

    Manguezal do Pina .............................................................................

    60

    Figura 21 - rea basal dos troncos vivos por classe de dimetro das parcelas

    analisadas no Manguezal do Pina ..................................................... 60

    Figura 22 - Troncos mortos ou com caractersticas de corte nas parcelas

    analisadas no Manguezal do Pina ..................................................... 61

    Figura 23 - Relao entre a densidade e DAP mdio dos troncos que compem

    as parcelas analisadas do Manguezal no Pina .................................. 62Figura 24 - Densidade relativa das espcies encontradas nas parcelas

    analisadas no Manguezal do Pina ..................................................... 62

    Figura 25 - Dominncia relativa das espcies encontradas nas parcelas

    analisadas no Manguezal do Pina ..................................................... 63

    Figura 26 - Frequncia relativa das espcies encontradas nas parcelas

    analisadas no Manguezal do Pina ..................................................... 63

    Figura 27 - Anlise dos componentes principais (CP1 e CP2) e parcelas queformam os stios A, B e C no Manguezal do Pina............................... 65

    Figura 28 - Anlise dos componentes principais (CP1 e CP3) e parcelas que

    formam os stios A, B e C no Manguezal do Pina............................... 66

    Figura 29 - (A) Vista area do Manguezal do Pina e (B) traado da Via Mangue

    .......................................................................................................... 79

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Populao e Domiclios - Zeis: Pina/Encanta Moa e Ilha de Deus

    (2000) da Via Mangue ........................................................................ 32

    Tabela 2 - Variao espao temporal em hectares do Manguezal do Pina nos

    anos de 1987, 1991 e 2008 ................................................................

    43

    Tabela 3 - Valores correspondentes s anlises da gua intersticial,

    temperatura do ar e temperatura do solo nas diferentes parcelas .....

    46

    Tabela 4 - Granulometria dos sedimentos das parcelas analisadas no

    Manguezal do Pina .............................................................................

    47Tabela 5 - Teores de C.O (Carbono Orgnico), pH, Ca (Clcio) mais Mg

    (Magnsio), Ca (clcio) e Mg (Magnsio) encontrados nas parcelas

    analisadas no Manguezal do Pina ..................................................... 49

    Tabela 6 - rea basal e rea basal mdia dos troncos vivos, altura mdia,

    altura desvio padro, altura do dossel e DAP mdio das parcelas

    analisadas no Manguezal do Pina ..................................................... 59

    Tabela 7 - Valores de rea basal dos troncos vivos por classe de dimetro nasparcelas analisadas no Manguezal do Pina .......................................

    61

    Tabela 8 - Percentagem de rea basal por espcie nas parcelas analisadas no

    Manguezal do Pina .............................................................................

    61

    Tabela 9 - Anlise dos componentes principais das parcelas analisadas no

    Manguezal do Pina .............................................................................

    64

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    13

    1 INTRODUO

    Os esturios podem ser definidos como ambientes de transio entre o

    continente e o oceano, onde rios encontram o mar, resultando na diluio

    mensurvel da gua salgada, caracterizando uma foz litornea. Em condies

    naturais, os esturios so biologicamente mais produtivos do que os rios e o oceano

    adjacente, por apresentarem altas concentraes de nutrientes que estimulam a

    produo primria. Os ambientes estuarinos, em regies tropicais e subtropicais,

    que se caracterizam pela presena da vegetao lenhosa tpica de mangue, so

    denominados de manguezais ou mangal (MIRANDA; CASTRO; KJERFVE, 2002).Schaeffer-Novelli (1995) define o manguezal como um ecossistema costeiro,

    de transio entre ambientes terrestres e marinhos, caracterstico de regies

    tropicais e subtropicais, sujeito ao regime de mars, sendo constitudo de espcies

    vegetais lenhosas tpicas (Angiospermas), alm de micro e macroalgas

    (Criptgamas), adaptadas flutuao da salinidade e caracterizadas por

    colonizarem sedimentos predominantemente lodosos, com baixos teores de

    oxignio.De acordo com Kiener (1973), Diegues (1987), Schaeffer-Novelli (1995) e

    Vannucci (2002), os manguezais so constitudos de florestas arbreas ou

    arbustivas adaptadas para viverem em terrenos alagados banhados pelas mars, as

    quais so o principal mecanismo de penetrao das guas salinas nos manguezais.

    Para que haja um mximo desenvolvimento do manguezal, estes autores

    consideram que so necessrias algumas condies bsicas, tais como: elevadas

    temperaturas, onde o ms mais frio deve ser maior que 20C e amplitude trmicaanual menor que 5C; guas com teor de salinidade entre 10 e 30; grande amplitude

    de mar, pois quanto maior for a mar, maior ser a intruso de gua salgada e,

    consequentemente, maior ser a extenso do manguezal; substratos aluvionares

    ricos em matria orgnica; ambientes protegidos contra ondas e mars fortes, pois a

    alta energia provoca eroso e impede a fixao das sementes e das plntulas.

    Kiener, (1973), Schaeffer-Novelli, (1985), Diegues (1987), Coelho et al.

    (2004), FAO (2007) e GERCO (2009) destacam a importncia desse ecossistema

    para um ambiente mais equilibrado:

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    os manguezais funcionam como exportadores de matria orgnica para o

    esturio, contribuindo para a produtividade na zona costeira;

    funcionam como rea de abrigo, reproduo, desenvolvimento e alimentao

    de espcies marinhas, estuarinas, lmnicas e terrestres, alm de pouso e

    alimentao de aves migratrias;

    a produo dos manguezais constituem cerca de 95% do alimento que o

    homem captura do mar; sua manuteno vital para as comunidades que

    vivem em seu entorno e para a biodiversidade da zona costeira;

    a vegetao dos manguezais funciona como estabilizadora da costa pois

    suas razes fixam as terras;

    o manguezal funciona como um importante banco gentico para arecuperao de reas degradadas; absoro e imobilizao de produtos

    qumicos (por exemplo metais pesados), filtro de poluentes e sedimentos,

    alm do tratamento de seus efluentes em seus diferentes nveis;

    fonte de recreao e lazer, associada ao seu apelo paisagstico e alto valor

    cnico.

    As espcies de mangue so caracterizadas como plantas halfilas, prpriasde ambientes salinos. Embora possam sobreviver em ambientes sem a presena do

    sal, em tais condies no ocorre formao de bosques, perdendo espao para

    aquelas espcies melhor adaptadas presena de gua doce.

    De acordo com Vannucci (2002), a estrutura do ecossistema manguezal

    determinada no s por fatores fsicos e qumicos, mas tambm pela posio

    biogeogrfica e pelas espcies de plantas e animais disponveis para colonizar a

    rea.As zonas de transio distribudas na poro mais interna do manguezal na

    interface mdio/supralitoral so chamadas de apicuns, ocorrendo em reas de solo

    geralmente arenoso, ensolaradas, desprovidas de cobertura vegetal ou com

    vegetao herbcea, aparentemente desprovida de fauna. Juntamente com os

    manguezais, os apicuns formam um estdio sucessional natural do ecossistema.

    Estas zonas tambm so consideradas reservatrios de nutrientes, no contexto do

    ecossistema manguezal, mantendo em equilbrio os nveis de salinidade e a

    constncia da mineralomassa (NASCIMENTO, 1993 citado por SCHAEFFER-

    NOVELLI, 1995).

  • 7/25/2019 Estrutura e Analise Espao-temporal Da Vegetao Do Manguezal Do Pina

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    15

    Os manguezais esto presentes em quatro continentes e seis regies

    geogrficas do planeta, com maior ocorrncia na Amrica Central e Caribe, ndia,

    Pennsula da Indochina, Brasil e Austrlia (FONSECA; ROCHA, 2001).

    A distribuio dos manguezais entre os oceanos, considerando a diversidade

    de espcies, permite a diviso em dois setores: Atlntico Leste Pacfico e Indo-

    Oeste Pacfico; neste ltimo setor o nmero de espcies cerca de quatro vezes

    maior que no primeiro, 58 e 13 espcies, respectivamente (LABOMAR UFC/ ISME-

    BR, 2005). Yokoya (1995) destaca a riqueza de espcies na regio Indo-Pacfica em

    comparao com o Novo Mundo, o que pode ser explicado pelo fato de ser esta

    rea considerada como o centro de origem das plantas de mangue, segundo vrios

    estudos.Em escala global, os mangues so limitados, de maneira geral, pela

    temperatura, mas na escala regional, a rea e a biomassa das florestas de mangue

    podem variar com relao s condies hidrolgicas e oceanogrficas, ou seja, em

    funo das diversas condies climticas e outras variveis oceanogrficas os

    mangues podem assumir caractersticas especficas aos diversos compartimentos

    geoambientais encontrados pelo mundo (LABOMAR UFC/ ISME-BR, 2005).

    Os manguezais ocupam uma frao significativa do litoral brasileiro, cerca de92% da linha de costa (6.800 km), estendendo-se do extremo norte no Oiapoque,

    Estado do Amap (4o30N), at seu limite sul na Praia do Sonho, em Santa Catarina

    (28o53S) (LABOMAR UFC/ ISME-BR, 2005), apresentando seu desenvolvimento

    mximo estrutural nas proximidades da linha do Equador.

    Segundo Schaeffer-Novelli (2000), os manguezais e marismas encontram-se

    ao longo de praticamente todo o litoral brasileiro, dominando a zona tropical,

    enquanto as marismas so ecossistemas homlogos, porm de zonas temperadas.Segundo Coelho et al. (2004), em Pernambuco o manguezal se estende

    desde o nvel mdio das mars at o nvel mdio das preamares, entre 1,0 e 2,0 m

    de altitude sobre o nvel mdio do mar e a altitude de 1,0 m das cartas terrestres. A

    estrutura da floresta est composta principalmente pelo mangue vermelho

    Rhizophora mangle L. (Rhizophoracea), mangue siriba (Avicennia schaueriana

    Stapf. & Leechmam (Avicenniaceae), mangue branco Laguncularia racemosa (L.)

    Gaertn.f. (Combretaceae) e o mangue de boto Conocarpus erectus L.

    (Combretaceae).

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    O padro de distribuio nem sempre regular, porm o mangue vermelho

    seria mais comum na parte mais prxima ao mar, o mangue de boto na margem

    externa ao manguezal, o mangue siriba na poro mdia e o mangue branco na

    poro mais afastada do mar, rio acima. Essa distribuio pode ter sido modificada

    muitas vezes, ora por eventos naturais, ora interveno humana (COELHO et al.,

    2004). Em relao a Pernambuco, Coelho e Torres (1982) estimaram a rea total

    ocupada por manguezal em 17.372 hectares.

    As zonas costeiras representam a poro do planeta onde habita a maior

    parte do contingente populacional da Terra. Mais da metade da populao mundial

    vive a menos de 60 km do litoral. No Brasil, 13 das 17 capitais de Estados litorneos

    localizam-se beira mar. Ento, no por acaso, as zonas costeiras encontram-sesob maior estresse ambiental e entre os vrios ecossistemas distribudos nessas

    reas, o manguezal um dos que mais vm sofrendo com a expanso urbana

    desordenada.

    importante destacar que o manguezal uma rea de preservao

    permanente, com restries de uso descritas em diversas leis, entre elas a

    Constituio Federal (1988), Resoluo n 004/85 do Conselho Nacional do Meio

    Ambiente (CONAMA), e Cdigo Florestal Lei n 4771/65 (alterada pelas Leis 7803 e7875/89). Apesar de protegido por lei, comum a utilizao do manguezal para

    aterro e construo de moradias, lanamento de esgoto, pesca, deposio de lixo,

    utilizao da madeira para a construo civil e como combustvel.

    O Manguezal do Pina, localizado na poro sul da cidade do Recife, no bairro

    do Pina, em uma rea pertencente Marinha do Brasil conhecida como antiga

    Estao Rdio Pina, vem sofrendo ameaa de deteriorao, tanto pelo depsito do

    lixo quanto pelas ocupaes espontneas, o que vem acelerando sua degradao.O adensamento populacional contguo a esse ecossistema vem colocando em

    questo o modelo de expanso urbana do Recife atualmente consolidado.

    Tendo em vista a importncia dos manguezais, este trabalho prope contribuir

    com informaes relevantes para a compreenso do comportamento dos elementos

    biolgicos frente a processos modificadores da sua dinmica natural. O estudo

    busca identificar as variaes espao temporais do Manguezal do Pina atravs de

    imagens de satlite de diferentes dcadas, utilizando, tambm, ndices de

    vegetao, alm de caracterizar a composio estrutural e funcional do bosque de

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    mangue, procurando compreender a dinmica do ecossistema e suas condies

    ambientais.

    As anlises visam fornecer subsdios para polticas de manejo,

    monitoramento e conservao da rea, visto que o Manguezal do Pina representa

    uma grande rea verde encravada em uma das regies mais urbanizadas do

    Nordeste brasileiro. Sua conservao promove um salto significativo para a

    manuteno da qualidade de vida dos habitantes da cidade, bem como constitui

    ferramenta importante para o equilbrio do meio ambiente e fortalecimento da gesto

    ambiental.

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    2 REVISO DA LITERATURA

    Vrios estudos tm sido realizados no Brasil sobre o ecossistema manguezal

    e os aspectos mais analisados se referem caracterizao estrutural, funcional,

    zonao das formaes de mangue, anlises espao temporais (com utilizao do

    sensoriamento remoto), aferies de graus de perturbao, determinao da

    vulnerabilidade em reas urbanas e propostas de reflorestamento.

    As tcnicas de sensoriamento remoto so ferramentas que tm sido bastante

    utilizadas em diversos trabalhos, inclusive em reas de manguezal. Anlises espao

    temporais com a utilizao de imagens de satlites e fotografias areas detectamprovveis alteraes ocorridas em reas com vegetao. O ndice de Vegetao por

    Diferena Normalizada (NDVI), ndice de rea Foliar (IAF), ndice de Realce da

    Vegetao (EVI) e ndice de Vegetao Ajustado por Solo (SAVI) fornecem

    informaes a partir de medidas espectrais para avaliao qualitativa e quantitativa

    de fatores diretamente relacionados com a cobertura vegetal, dentre elas: biomassa,

    rea foliar, parmetros de crescimento e desenvolvimento, alm da dinmica entre

    solo/vegetao, fornecendo subsdios para gesto dos recursos NATURAIS(JUNGES; ALVES; FONTANA, 2007; JENSEN, 2009; Silva, 2009).

    No trabalho intitulado Manguezais do Brasil, Herz (1991) fez uma avaliao

    espacial dos manguezais da costa brasileira a partir da metodologia de

    processamento digital para apio fotointerpretao de aerolevantamentos

    convencionais, apresentando resultados relacionados ao condicionamento espectral,

    fotointerpretao e mapeamento.

    Froidefond e Soriano-Sierra (1995) buscaram adequar tcnicas atuais desensoriamento remoto para cartografar as formaes vegetais de mangue em Santa

    Catarina. O trabalho fez uso do ndice de Vegetao por Diferena Normalizada

    (NDVI) e Anlise de Componentes Principais (ACP). O estudo demonstrou a

    viabilidade da tcnica do sensoriamento na elaborao de uma tabela de valores

    especfica para as reas de manguezal de dimenses reduzidas.

    Lignon (2001) buscou caracterizar a dinmica dos bosques de mangue do

    Sistema Canania-Iguape - SP, a partir do levantamento de imagens digitais,

    dinmica de feies sedimentares, estrutura dos bosques e topografia. A autora

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    comprovou a ocorrncia de zonao nos bosques de mangue em feies

    sedimentares ao longo de um gradiente de deposio de sedimento.

    A fim de analisar o ndice de vegetao para o monitoramento da cobertura

    verde no permetro urbano da cidade de Manaus, Jardim-Lima e Walker Nelson

    (2003) utilizaram os ndices de vegetao NDVI e ndice de Vegetao utilizando o

    Infravermelho Mdio (IVN). As imagens com ndice de vegetao permitiram

    alcanar o objetivo proposto, confirmando sua aplicabilidade como ferramenta no

    monitoramento de cobertura verde em rea urbana, ou seja, no confundiram reas

    florestadas como sendo reas urbanas. O mesmo resultado no foi verificado para o

    ndice SAVI (ndice de Vegetao Ajustado por Solo), que apresentou confuso

    entre as duas classes de cobertura do solo citadas.A dinmica do manguezal no Sistema de Canania-Iguape, Estado de So

    Paulo, a partir do tratamento de imagens de satlite e da digitalizao de mapas

    topogrficos, fotografias areas e dados fornecidos em campo, foi pesquisada por

    Cunha-Lignon (2006). A partir das anlises, observou-se novas reas de manguezal

    relacionadas s reas de deposio de sedimento, sobretudo nos meandros dos

    canais lagunares do sistema costeiro.

    Tcnicas de sensoriamento remoto para o diagnstico ambiental do esturiodo rio Acara, Cear, foram aplicadas por Arajo; Freire e Santos (2007), a partir de

    fotografias e imagens de satlites multitemporais. O resultado se deu da correlao,

    anlise e sntese dos atributos ambientais estudados, onde foi possvel

    compartimentar e mapear a regio estuarina do Rio Acara, em acordo com as

    caractersticas genticas e do comportamento morfodinmico, revelando as

    potencialidades e limitaes de uso dos recursos naturais de cada rea.

    Em um projeto intitulado Conservao e Uso Sustentvel da Biodiversidadede Manguezais em reas Protegidas no Brasil, Zagaglia et al. (2007) buscaram

    realizar, atravs do Centro de Sensoriamento Remoto, o mapeamento dos

    manguezais em alguns mosaicos pr-definidos na ilha de Santa Catarina. O estudo

    se baseou em imagens orthoretificadas dos sensores TM e ETM+, tendo como

    objetivo subsidiar a quantificao das reas de manguezais, bem como das pores

    desses ecossistemas protegidos pelos limites de Unidades de Conservao e reas

    de Proteo.

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    De acordo com Junges, Alves e Fontana (2007) os ndices de vegetao so

    uma importante ferramenta gerada por tcnicas de sensoriamento remoto que tm

    sido amplamente empregados em diversos trabalhos que buscam relacionar as

    informaes captadas pelos sensores com a vegetao presente na rea imageada.

    Atravs destes ndices so obtidas informaes a respeito da quantidade de

    biomassa verde e dos parmetros de crescimento e desenvolvimento da vegetao.

    Especificamente no que se refere composio e estrutura dos bosques de

    mangue destacam-se os trabalhos de Soares (1999), Soares et al. (2003), Deus et

    al. (2003), Bernini; Rezende (2004), Menghini (2004), Silva et al. (2005), Matni et al

    (2006), Melo (2006), Menghini (2008), dentre outros.

    A estrutura vegetal e o grau de perturbao dos manguezais da lagoa daTijuca, Rio de Janeiro, foram estudados por Soares (1999), atravs da metodologia

    de parcelas mltiplas proposta por Schaeffer-Novelli e Cintrn (1986), sendo

    tambm analisada a variao temporal a partir de imagens areas. O mesmo

    identificou uma grande variedade no desenvolvimento estrutural do bosque entre os

    diversos pontos de amostragem, sendo essa heterogeneidade considerada um forte

    indicador de rea alterada.

    A caracterizao estrutural e funcional dos bosques de mangue na Baa daGuanabara, Rio de Janeiro, foi realizada por Soares et al. (2003). O trabalho

    apresentou resultados relacionados ao de tensores que determinam diferentes

    graus de degradao e estgios de regenerao (sucesso secundria) das

    parcelas estudadas.

    Deus et al. (2003) abordaram os diferentes histricos de antropizao na

    estrutura da vegetao lenhosa de trs reas do manguezal no Piau. A amostragem

    da vegetao foi feita atravs do mtodo de parcelas mltiplas, sendo aindacaracterizada a arquitetura de cada fitocenose atravs de histogramas de intervalos

    fixos de 1m.

    A estrutura da vegetao do manguezal do esturio do rio Paraba do sul foi

    analisada por Bernini: Rezende (2004), que adotaram o mtodo de parcelas

    mltiplas, distribudas na franja e no interior da floresta. Tal estudo identificou que, a

    rea analisada apresentou melhor desenvolvimento estrutural do bosque quando

    relacionado a outros manguezais do litoral fluminense, como nas Baas da

    Guanabara e Sepetiba.

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    Menghini (2004), a fim de avaliar o grau de perturbao e os processos

    regenerativos dos bosques de mangue da Ilha Barnab, Baixada Santista SP,

    caracterizou a estrutural vegetal, rea foliar, microtopografia e produo de

    serapilheira, tendo sido tambm observadas deformidades foliares e eroso.

    As caractersticas estruturais de bosques de mangue no esturio do rio So

    Mateus, Esprito Santo, foram analisadas por Silva et al. (2005), utilizando o mtodo

    de parcelas mltiplas. O estudo demonstrou diferenas no desenvolvimento

    estrutural dos bosques, as quais correspondem as variaes de frequncia e da

    periodicidade das energias subsidirias.

    Matni, Menezes e Mehlig (2006) descreveram a estrutura de trs bosques de

    mangue da pennsula de Bragana, no Par, utilizando o mtodo de quadrantecentrado (PCQM). A pesquisa concluiu que os bosques de mangue nesta rea so

    de grande porte, dominados pela R. mangle. O estudo abordou sobre a frequncia

    de inundao como um fator importante na diferenciao estrutural entre os

    bosques.

    Melo (2006) identificou a estrutura e a zonao das formaes de mangue

    existentes nos limites da Estao Ecolgica de Guaraqueaba - PR. Neste estudo

    observou-se que os manguezais nesta rea de estudo apresentam formas bemdesenvolvidas do ponto de vista fitossociolgico.

    Menghini (2008) tratou sobre a dinmica da recomposio natural em

    bosques de mangue impactados na Ilha Barnab (Baixada Santista) - SP. Os

    resultados obtidos referem-se da anlise multitemporal, recomposio natural,

    produo de serapilheira, sazonalidade, microtopografia e da caracterizao dos

    bosques em diferentes estgios sucessionais.

    Os estudos desenvolvidos sobre os manguezais do Estado de Pernambucotratam de variaes espao temporais, distribuio das espcies, caracterizao

    estrutural e funcional do bosque e levantamentos scio ambientais, dando nfase

    conservao dessas reas.

    Cavalcanti et al. (1980) estudaram as condies ecolgicas e estresses

    naturais e artificiais sobre o ambiente de mangues em Suape - PE. O estudo aborda

    observaes sobre os principais parmetros fsicos qumicos da gua e aspectos

    qualitativos das populaes planctnicas, bentnicas e nectnicas.

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    Baseando-se em mapas e fotografias areas de 1970/71, Coelho e Torres

    (1982) estimaram as regies estuarinas de Pernambuco em 25.040 hectares, dos

    quais 17.372 hectares eram ocupados por manguezais.

    Silva (1995) estudou os parmetros oceanogrficos e a distribuio das

    espcies e bosques de mangue do esturio do rio Paripe, Vila Velha - PE. Em

    relao produtividade e biomassa das espcies arbreas desse manguezal foram

    analisadas por Medeiros (1996).

    Durante o perodo de 1995-1998 foi realizado um projeto denominado

    Gerenciamento Ambiental Participativo: aplicao ao caso dos manguezais do

    Canal de Santa Cruz, cujos resultados foram reunidos por Barros et al . (2000).

    Neste diagnstico ficou evidenciado que o primeiro passo para a introduo detcnicas de gerenciamento o conhecimento do ecossistema, sob os mais variados

    aspectos.

    Os manguezais de Suape - PE foram pesquisados por Souza; Sampaio

    (2000, 2001), que abordaram os tipos fisiogrficos e a variao temporal da

    estrutura dos bosques de mangue, respectivamente.Os resultados mostraram que,

    em relao distribuio das espcies no houve mudanas marcantes

    significativas entre 1988 e 1995 e nem diferenas nas situaes de antropizao.Em relao aos aspectos estruturais, notou-se que oito anos no foram suficientes

    para a recuperao do bosque de mangue.

    Schuler; Andrade e Santos (2000) avaliaram a composio e estrutura das

    quatro espcies de bosques de mangues encontradas no Canal de Santa Cruz - PE.

    Os autores caracterizam uma maior abundncia na rea da R. mangle, seguida pela

    L. racemosa e A. schaueriana, sendo a espcie menos frequente o Conocarpus

    erectus.O estudo identificou uma reduo do bosque de 23,59% entre o perodo de1974 e 1988, enquanto a rea urbana apresentou um aumento de 625,03% neste

    mesmo perodo.

    Moura et al. (2002) identificaram e caracterizaram as reas estuarinas do

    Canal de Santa Cruz e Rio Jaguaribe - PE como parte do projeto Utilizao das

    Tcnicas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento como Instrumentos para

    Gesto Ambiental das reas Estuarinas do Canal de Santa Cruz e Rio Jaguaribe,

    visando inibir a desenfreada agresso ambiental e, ao mesmo tempo, buscar

    alternativas de desenvolvimento sustentvel desses ecossistemas. De acordo com

    estes autores, foi imprescindvel programar um contnuo monitoramento e

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    fiscalizao nas reas estuarinas, de forma a fornecer subsdio avaliao dos

    programas de polticas pblicas, traduzindo os resultados de pesquisas cientficas e

    avanos tecnolgicos em melhoria da qualidade de vida da populao.

    As caractersticas estruturais do bosque de mangue do esturio do rio Timb

    foram analisadas por Correia (2002). O estudo avaliou a composio e

    caractersticas estruturais do manguezal utilizando o mtodo de parcelas, tendo sido

    tambm avaliados os impactos antrpicos atravs de registros fotogrficos e da

    aplicao de uma check list.

    A Agncia Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hdricos (CPRH), atravs

    do Programa de Gerenciamento Costeiro de Pernambuco (GERCO-PE), realizou o

    Levantamento Scio-ambiental do Litoral Norte (CPRH, 2003) e Litoral Sul (CPRH,2003).

    Para o litoral norte (CPRH, 2003) foi avaliada a extenso das reas estuarinas

    atravs da comparao dos dados obtidos pela FIDEM (1987) e por Bryon (1994),

    tendo sido observado que, apesar de protegidas pela Lei 9. 931/86, estas reas no

    ficaram isentas de usos/atividades impactantes, uma vez que foi estimada uma

    reduo em alguns esturios.

    O levantamento socioambiental do litoral sul concluiu que a retirada demadeira e lenha, o corte do mangue para instalao e ampliao de viveiros, o

    aterro para construo de moradia em consequncia da ocupao urbana

    desordenada, a poluio dos esturios, a pesca predatria e a explorao

    descontrolada da fauna estuarina so alguns dos fatores que contribuem para a

    reduo do estoque pesqueiro e comprometem a funo ecolgica e social dos

    manguezais (CPRH, 2003).

    Coelho et al. (2004) discorreram sobre o ecossistema manguezal, enfatizandoas suas caractersticas de ocorrncia em Pernambuco. Segundo os autores, em

    Pernambuco o manguezal se estende desde o nvel mdio dos mars at o nvel

    mdio das preamares, entre 1,0 e 2,0 m de altitude sobre o nvel mdio do mar e a

    altitude de 1,0 m das cartas terrestres. A estrutura da floresta est composta

    principalmente pelo mangue vermelho (R. mangle), mangue siriba (A.

    schaueriana), mangue branco (L. racemosa) e o mangue de boto (Conocarpus

    erectus).

    Nascimento Filho (2007) caracterizou os padres de zonao e

    desenvolvimento estrutural dos bosques de mangue do rio Ariquind, Tamandar -

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    PE, contemplando tambm aspectos sobre o gradiente ambiental, graus de

    inundao e salinidade das reas estudadas.

    A partir da fuso de imagens multiespectrais, Santiago et al. (2009),

    mapearam e quantificaram as reas de vegetao de mangue e dos tanques de

    carcinincultura do Manguezal do Pina - PE. O estudo apresentou resultados

    relacionados reduo do solo exposto, mais especificamente os bancos de areia,

    em detrimento expanso da vegetao de mangue e um incremento na rea

    ocupada por tanques de carcinicultura.

    Silva; Oliveira e Torres (2009) realizaram uma anlise temporal da vegetao

    de mangue no esturio conjunto dos rios Pirapama e Jaboato - PE, atravs da

    utilizao de imagens de satlite e fotografias areas.A anlise do uso e ocupaodo solo durante perodo estudado (1974 a 2008) mostrou que houve um acelerado

    incremento dos processos de urbanizao e industrializao, e tambm uma

    expanso dos manguezais. Por outro lado, as reas ocupadas por vegetao rala e

    solo exposto e por tanques de carcinicultura apresentaram uma diminuio.

    Silva et al. (2009) analisaram a evoluo espao temporal na microrregio de

    Itamarac - PE, a partir do uso do sensoriamento remoto atravs dos seguintes

    ndices de vegetao: NDVI, SAVI e IAF. Neste estudo foi possvel perceber, quenos trs ndices a vegetao de mangue apresentou respostas semelhantes s

    faixas de vegetao esparsa e de agricultura.

    Vale ressaltar que embora a maioria dos trabalhos relacionados

    caracterizao estrutural adote a metodologia sugerida por Schaeffer-Novelli;

    Cintrn (1986), no h um padro definido de anlise, o que torna muitas vezes

    difcil a comparao entre os diversos resultados obtidos.

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    3 JUSTIFICATIVA

    O manguezal representa um ecossistema com grande importncia tanto

    ecolgica quanto social. Do ponto de vista ecolgico, representa uma das regies

    mais produtivas do planeta, pois exporta matria orgnica para as regies estuarinas

    e vrias espcies encontram nesse berrio natural condies especificas para sua

    reproduo. Do ponto de vista social, em uma cidade com tantos contrastes como o

    Recife, sua fauna e flora servem como fonte de renda para um grande contingente

    populacional que v nesse ambiente sua nica fonte de subsistncia.

    Apesar de sua importncia, o Manguezal do Pina, (um dos ltimos resquciosde mangue da cidade do Recife), o qual muitos consideram como a maior rea de

    manguezal urbano do Brasil, vem ao longo do tempo sofrendo ameaas de

    deteriorao tanto pela ocupao espontnea de seus arredores, quanto pela

    presso exercida por grandes construtoras as quais so responsveis pelo aumento

    desenfreado da especulao imobiliria no local. Entretanto, as ameaas ao

    Manguezal do Pina no se resumem apenas a ao de particulares. O prprio poder

    pblico ao longo dos anos vem enxergando no citado manguezal uma sada paramelhoria no sistema virio da cidade, porm sem deixar claro at que ponto os

    impactos a que essa rea ser submetida comprometero o equilbrio desse

    ecossistema.

    Portanto, torna-se oportuno o estudo que busque entender o funcionamento

    do Manguezal do Pina, o qual abrange um santurio ecolgico que influencia a

    biodiversidade dos ecossistemas associados, exercendo tambm grande relevncia

    na vida do homem. Dessa forma, o monitoramento das mudanas ocorridas navegetao de mangue atravs da caracterizao estrutural e funcional permitir

    estabelecer um sistema permanente de dados que viabilizem a proteo da rea,

    facilitando assim um acompanhamento desse sistema natural e das suas variaes

    cclicas. A seleo de um conjunto de ecossistemas a serem estudados, com fonte

    de recursos assegurada, garantindo a continuidade dos trabalhos, permitiria a

    visualizao efetiva do panorama litorneo (a mdio e longo prazo), adequando

    medidas preventivas para se reduzir a necessidade da adoo de medidas

    corretivas e/ou punitivas (SCHAEFFER-NOVELLI, 2000).

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    A descrio estrutural dos bosques de mangue fornece a idia do grau de

    desenvolvimento, alm de permitir a identificao e a delimitao de bosques com

    propriedades semelhantes, permitindo realizar comparaes em reas diferentes

    (CINTRN; SCHAEFFER-NOVELLI, 1986).

    O estudo da caracterizao estrutural da vegetao de mangue constitui-se

    numa valiosa ferramenta no que concerne resposta s condies ambientais

    existentes, atuando como bioindicador respondendo a processos de alterao do

    meio ambiente, auxiliando, assim, nos estudos e aes que objetivam a

    conservao desse ecossistema (SOARES, 1999). fundamental que a

    caracterizao estrutural da vegetao de mangue seja entendida como um meio de

    se chegar ao processo de desenvolvimento bem estruturado dentro de parmetrosque respeitem os limites dos ecossistemas de manguezais e que visem subsdios

    para manejo, monitoramento e conservao da rea.

    Assim, o presente estudo contribuir com importantes informaes sobre o

    Manguezal do Pina, tais como: mapeamento da vegetao, reconhecimento

    ambiental, interferncias, caracterizao estrutural, acompanhamento de sua

    expanso ou retrao e limites, as quais podero ser utilizadas para implementao

    de polticas pblicas que visem dar rea uma destinao que no prejudique,ainda mais, o equilbrio e a sustentabilidade dos seus recursos.

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    4 OBJETIVOS

    4.1 OBJETIVO GERAL

    Realizar a anlise estrutural da vegetao de mangue e um diagnstico espao-

    temporal do Manguezal do Pina, visando contribuir para o desenvolvimento

    sustentvel de seus recursos, facilitando futuras aes de conservao e

    monitoramento.

    4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS

    1. Realizar o mapeamento da rea ocupada pelo Manguezal do Pina e seu

    entorno ao longo de trs dcadas, com especial referncia distribuio da

    vegetao de mangue;

    2. Identificar e quantificar as alteraes espao temporais das reas ocupadas

    pelo manguezal e seu entorno ao longo de trs dcadas;

    3. Analisar a composio e estrutura do bosque de mangue;

    4. Relacionar alguns fatores ambientais composio e estrutura do bosque.

  • 7/25/2019 Estrutura e Analise Espao-temporal Da Vegetao Do Manguezal Do Pina

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    28

    5 CARACTERIZAO SOCIOAMBIENTAL DA REA DE ESTUDO

    A cidade do Recife situa-se no litoral oriental da Amrica do Sul, na costa do

    Nordeste brasileiro, tendo como limite norte, sul e oeste a mesorregio da Mata

    Pernambucana e a leste o Oceano Atlntico. Juntamente com 13 municpios (Abreu

    e Lima, Araoiaba, Cabo, Camaragibe, Igarassu, Itamarac, Ipojuca, Itapissuma,

    Jaboato dos Gurarapes, Moreno, Olinda, Paulista e So Loureno da Mata) formam

    a Regio Metropolitana do Recife, sendo Recife o ncleo principal e onde se

    concentra a metade da populao metropolitana (ATLAS AMBIENTAL DO RECIFE,

    2000).O municpio est geologicamente situado em um substrato constitudo por

    rochas cristalinas e sedimentares que podem ser subdivididas nos seguintes

    domnios: Domnio das Rochas Cristalinas de idade Pr-Cambriana; Domnio das

    Bacias Sedimentares da Margem Continental, de idade Cretcea; Domnio dos

    Sedimentos de Coberturas. Da sua estrutura geolgica resultam trs tipos de solos:

    aluviais arenosos, latossolos e indiscriminados de mangues (ATLAS AMBIENTAL

    DO RECIFE, 2000).Estando a uma altitude aproximada de 4m, a referida cidade foi edificada,

    originalmente, sobre uma plancie de origem flvio-marinha, de origem quaternria,

    resultante da acumulao de sedimentos carreados pelos rios principais da regio,

    Capibaribe e Beberibe, com influncia tambm de rios menores como Tejipi, Jiqui,

    e Jordo, alm de sedimentos trazidos pelo oceano Atlntico. Esta plancie

    circundada por colinas originadas no perodo Tercirio, as quais esto dispostas em

    forma de um semicrculo, a sua borda aflorando entre o Cabo de Santo Agostinho,ao sul, e a atual cidade de Olinda, ao norte. A baa em forma de semicrculo foi

    sendo formada durante milhes de anos, com entulhos a oeste de sedimentos

    fluviais e a leste pelos sedimentos de origem marinha. A existncia dessa plancie e

    elevaes evidencia a ocorrncia de mudanas climticas que alternaram perodos

    mais secos e outros mais midos (ATLAS AMBIENTAL DO RECIFE, 2000).

    A formao dessa plancie se deu entre as colinas tercirias e os arrecifes

    sobre terreno de solos de aluvio, argilosos (massap). Na poro litornea, os

    depsitos areno-argilosos ficam submersos quando em mars altas. Os processos

    de transgresso e regresso marinhas associados s contribuies dos rios e dos

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    ventos moldaram a feio do stio do Recife, para as fases seriais e pioneiras do seu

    ecossistema, consolidando as comunidades de mata litornea. Na formao de

    delta-esturio a superfcie se dividiu em pores separadas por canais, rios e

    camboas, favorecendo a formao de ilhas que se cobriram por uma vegetao

    especfica a essas reas, o mangue.

    O clima observado na rea em estudo o tropical quente e mido do tipo As,

    segundo a classificao climtica de Kppen. Andrade (1977) classifica este clima

    como pseudotropical da costa nordestina, pois na maioria das reas que apresenta

    este tipo climtico (Tropical mido) o regime de chuva de primavera-vero,

    enquanto que no litoral pernambucano o regime de chuvas de outono (antecipada)

    e inverno (concentrada). A precipitao mdia anual na cidade do Recife 1.651,3mm e a temperatura mdia anual 25C, conforme dados fornecidos pelo

    Departamento de Cincias Atmosfricas da Universidade Federal de Campina

    Grande. Na figura 01 so apresentadas as mdias mensais de precipitao e

    temperatura da cidade do Recife entre os anos de 1911 e 1990.

    A vegetao constituda por Floresta Tropical (Mata Atlntica), Campos de

    Vrzea, Restinga e Mangues, atualmente devastada devido aos aterros e extrao

    ilegal de madeira.

    A paisagem do Recife sofreu alteraes ao longo do tempo com os diversos

    aterros empreendidos na rea, os quais contriburam para a formao das ilhas dosbairros do Recife, So Jos, Santo Antnio e Boa Vista. Alm dos diversos fatores

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    Precipitao(mm)

    20

    21

    22

    23

    24

    25

    26

    2728

    Temperatura(C)

    mm 62,3 95,4 170 207 282 269 235 152 66,3 39,4 34,9 40,8

    T C 26,7 26,5 26,4 26,1 25,3 24,5 23,9 24,4 24,7 25,5 26 26,7

    Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

    Figura 1 - Climograma do Recife/PE (1911 a 1990).Fonte: DCA UFCG ( 2008).

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    geoambientais, a feio da plancie recifense exibe caractersticas das atividades

    antrpicas destacando-se: os desmatamentos, os aterros e as construes que

    alteraram significativamente seu stio, ampliando e consolidando os solos, reduzindo

    os espaos ocupados pela vegetao e solos.

    O Manguezal do Pina localiza-se na poro sul da cidade do Recife, no bairro

    do Pina, entre as coordenadas de 8530 e 8630 S; 345430 e 345300 W, em

    uma rea pertencente Marinha do Brasil, conhecida como antiga Estao Rdio

    Pina (Figura 2). Os manguezais que se desenvolvem nesta localidade sofrem

    ameaa de deteriorao, tanto pelo acmulo do lixo como pelas ocupaes

    espontneas e desordenadas, o que vem acelerando seu processo de degradao.

    Segundo o Relatrio de Impactos Ambientais, oriundo do projeto deconstruo da Via Mangue, o Manguezal do Pina ocupava, no ano de 2007, uma

    extenso aproximada de 223,26ha. Esta rea est inserida na Regio Poltico

    Administrativa 6 (RPA 6), sendo considerada uma Zona Especial de Proteo

    Ambiental (ZEPA 2). A regio em estudo possui aspecto essencialmente aqutico,

    com manguezais e ilhas envolvidos por braos dos rios Jordo e Pina, mas com

    influncia de outros dois rios, Tejipi e Capibaribe, possuindo uma das maiores

    extenses de mangue em ambiente urbano do Brasil (Figuras 3 e 4).De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano da Cidade do Recife

    (2005), as comunidades situadas em Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) da

    Regio Poltico Administrativa 6, a qual o Manguezal do Pina faz parte so: Zeis Ilha

    de Deus: Ilha de Deus, no bairro do Pina e Zeis Pina/Encanta/Moa: Bode, Encanta

    Moa, Areinha e Beira Rio/Joca, no bairro do Pina. As comunidades situadas em

    outras reas pobres dos bairros so: Pantanal, Pantanal 2 e Xuxa, no bairro do Pina.

    A maioria da populao residente na RPA 6 mora em reas pobres e perfaz a maiorparte dos domiclios (Tabela 1).

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    Figura 2 - Localizao do Manguezal Fonte:Atlas de Desenvolvimento Humano da Cidadedo Recife (2005).

    Figura 2 - Localizao do Manguezal do Pina. Fonte: RIMA (2008); Atlas de DesenvolvimentoHumano da Cidade do Recife (2005).

    Parte da Regio Sul daCidade do Recife Manguezal do Pina

    RECIFE

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    Tabela 1

    Populao e Domiclios - Zeis: Pina/Encanta Moa e Ilha de Deus (2000)

    Populao Domiclios

    Total 17.392 4.615Morando em ZEIS e outras reas pobres 16.895 4.477Percentual morando em ZEIS e outras reas pobres 97,14% 97,01%

    Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano da Cidade do Recife (2005).

    A partir da dcada de 40, o Manguezal do Pina passou a sofrer uma grande

    especulao imobiliria e intervenes por conta da instalao de um Aeroclube e

    de uma estao militar de rdio (a rdio Pina). Ao mesmo tempo, uma populao de

    pescadores iniciou a ocupao de suas margens e da Ilha de Deus (PROEST 1,

    1996). Atualmente o manguezal se encontra envolvido por ocupaes urbanas de

    alto e baixo poder aquisitivo, entre elas 11 comunidades que se estabeleceram nas

    margens dos dois rios, o Pina e Jordo, de maneira espontnea e sem planejamento

    urbano. Esses fatores contribuem para o aumento da poluio dos rios e do

    manguezal, agravado pela insuficincia de servios de saneamento bsico.

    Figura 3 - Vista area do Manguezal do Pina. Fonte:

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    33

    Martins e Melo (2008) tratam das condies em que a prtica da carcinicultura

    marinha desenvolvida na regio pelos moradores da comunidade da Ilha de Deus,

    cujos diques dos viveiros so construdos com o material disponvel no prprio

    mangue. De maneira geral, a qualidade da gua dos viveiros no satisfatria do

    ponto de vista bacteriolgico e da condio sanitria do produto, apesar de obtidas

    altas produtividades.

    Figura 4 Vista area parcial do Manguezal do Pina. Autor: Antnio Rocha(2009).

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    6 MATERIAL E MTODOS

    6.1 MAPEAMENTO

    Para o mapeamento espao temporal do Manguezal do Pina e seu entorno

    foram utilizadas imagens digitais multiespectrais dos anos de 1987, 1991 e 2008, do

    satlite LANDSAT 5, sensor TM, rbita 214, ponto 66 da faixa espectral do visvel-

    infravermelho (VISIR, com resoluo espacial de 30 metros), trabalhadas com o

    softwareERDAS 9.3, do Departamento de Cincias Geogrficas da UFPE e para o

    layoutdas imagens foi utilizado osoftwareARCGIS 9.3. As imagens selecionadasadmitiram um baixo ndice de nebulosidade.

    As imagens foram adquiridas gratuitamente atravs site do Instituto Nacional

    de Pesquisas Espaciais (INPE), sendo identificadas pelo Sistema de Referncia

    Universal.

    6.1.1 Processamento Digital das Imagens

    As imagens foram georeferenciadas no software ARCGIS 9.3 com base

    cartogrfica (UTM/ South American Datum 1969) atravs de shapes criados a partir

    de pontos coletados com o GPS.

    Para diminuir os efeitos da atmosfera nas imagens foi feita a calibrao

    radiomtrica, sendo realizados clculos de radincia e reflectncia a partir do

    softwareERDAS 9.3. Na primeira etapa obteve-se a radincia espectral aparente da

    imagem, que consistiu em transformar o nmero digital da imagem em radincia apartir da frmula abaixo:

    255N.D]Lmin)-(Lmx[Lmini +=L

    Onde: Lmin e Lmx so coeficientes de calibrao, 255 o valor mximo da

    radincia (valor mximo do nmero de cinza) e N.D o nmero digital da

    imagem.

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    Para a obteno da reflectncia dos objetos presentes nas imagens foi feito o

    clculo da reflectncia representado na seguinte frmula:

    )cos()(Ref ZKLidiL =

    Onde: Li a imagem da radincia, x d o valor da distncia Terra Sol,

    KLi refere-se irradincia, cos Z o ngulo zenital.

    Os valores correspondentes distncia Terra Sol, irradincia solar no topo da

    atmosfera e o cosseno do ngulo zenital das imagens foram obtidos a partir do

    cruzamento de dados com uma planilha compatvel ao software do EXCEL

    disponvel no site do INPE.Aps a calibrao da imagem foi feito um recorte do entorno do Manguezal do

    Pina, sendo o mesmo utilizado para todas as imagens, evitando contabilizar e

    analisar tamanhos de reas distintos.

    6.1.2 Anlise Espao Temporal da Vegetao a partir das Imagens

    A anlise espao temporal da vegetao consistiu no emprego do ndice porDiferena Normalizada (NDVI), o qual utiliza as bandas 3 e 4 da imagem, as quais

    atuam no comprimento de onda que vai de 0,4m a 0,8m correspondente regio

    do visvel-vermelho e ao infravermelho prximo.

    Para o clculo do NDVI foi utilizada a equao que definida por:

    )3Re4(Re)3Re4(Re flectBflectBflectBflectBNDVI +=

    Onde:Reflect B4= reflectncia no infravermelho prximo;

    ReflectB3 = reflectncia no vermelho.

    Os valores numricos do NDVI podem variar entre -1 e 1, estando a

    vegetao est associada aos valores positivos. Materiais que refletem mais

    intensamente na poro do vermelho em comparao com o infravermelho prximo

    (nuvens, gua e neve) apresentam NDVI negativo. Solos descobertos e rochas

    refletem o vermelho e o infravermelho prximo quase na mesma intensidade, porconseguinte, seu NDVI aproxima-se de zero (RIZZI, 2004).

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    Para o NDVI foram feitas classificaes supervisionadas. Os valores de 0,005

    a 0,421 representaram o solo exposto e rea urbana; entre 0,422 a 0,514

    representaram a vegetao rala (rasteira); a vegetao semi-densa (de transio) foi

    classificada nos intervalos de 0,515 a 0,621; a vegetao densa (vegetao de

    mangue) nos intervalos de 0,622 a 0,793. Os valores negativos corresponderam

    hidrografia.

    6.2 CARACTERIZAO AMBIENTAL

    Para a caracterizao ambiental foram analisadas nove parcelas de 20x20m,divididas em trs stios de amostragens (A, B e C) (Figura 5). Em cada stio foram

    realizadas trs parcelas (A1, A2, A3; B1, B2, B3 e C1, C2 e C3) mantendo uma

    distncia de 10 m uma da outra, posicionadas perpendicularmente aos gradientes

    fsico-qumicos, estando orientadas paralelamente margem do rio (Figura 5). As

    anlises foram realizadas nas seguintes datas: 25/07/09 (parcelas A1 e A2);

    26/06/09 (A3); 20/08/09 (stio B) e 18/09/09 (stio C).

    O primeiro stio corresponde ao A, localizado a 30 m das margens de um dosbraos do rio Pina, nas coordenadas UTM de 0290895 e 9104376 (erro de 10m). O

    stio B est situado a 10 m de um dos braos do rio Pina, entre as coordenadas UTM

    de 0290998 e 9104974 (erro de 15m). O stio C localiza-se nas coordenadas UTM

    de 0291537 e 9104338 (erro de 10m), a uma distncia de 10 m da margem de um

    dos braos do rio Pina (Figura 5).

    6.2.1 Dados Abiticos

    6.2.1.1Temperatura do Solo, do Ar e Salinidade da gua Intersticial

    Em todas as parcelas foram aferidos a temperatura do solo e do ar com um

    termmetro graduado marca Incoterm, alm dos valores da salinidade da gua

    intersticial a 30 cm de profundidade. Este ltimo parmetro foi medido com auxlio de

    um refratmetro ptico modelo Instrutherm, escala 0 a 100.

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    37

    6.2.1.2 Anlise de Sedimento

    As anlises foram realizadas no laboratrio de Qumica do Solo da

    Universidade Federal Rural de Pernambuco, tendo sido determinadas a

    caracterizao fsica (granulometria) e qumica (pH em gua, Ca2+e Mg2+ trocveis e

    carbono orgnico). Foram recolhidas quatro amostras de cerca de 150 g desedimentos em cada parcela para as anlises. Aps a coleta o material foi seco ao

    ar, destorroado e peneirado em malha de 2 mm para a realizao das anlises.

    6.2.1.2.1 Anlise Granulomtrica

    Fundamentou-se na quantificao dos teores das fraes do solo,

    determinados por metodologia proposta pela EMBRAPA (1997). O processo

    consistiu na pesagem das amostras e posterior disperso/separao das fraes

    Rio Jordo

    Rio Pina

    Rio Pina

    Figura 5 Localizao dos stios de amostragens noManguezal do Pina. A mancha mais claracorresponde ao Manguezal do Pina.

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    primrias do solo, esta feita atravs de agitao mecnica lenta e quimicamente com

    aplicao NaOH 0,5 mol L-1(Hidrxido de sdio).

    6.2.1.2.2 Anlises Qumicas

    Para pH em gua (1:2,5) foi utilizado 10cm3 de TFSA (Terra Fina Seca ao Ar)

    adicionando 25mL de gua destilada, agitando em seguida cada amostra durante 1

    minuto e aps trinta minutos foi procedida a leitura atravs de potencimetro.

    A extrao dos trocveis clcio e magnsio foi baseada nos valores da

    determinao potenciomtrica, e assim selecionado o extrato, o qual foi a soluo de

    KCI (cloreto de potssio) 1mol/L-1 e dosados conjuntamente por complexometria,utilizando-se Na2-EDTA como quelante, na presena do indicador eriocromo, a partir

    da metodologia sugerida pela EMBRAPA (1997).

    O teor de Carbono nas amostras foi analisado pelo mtodo de Yeomans;

    Bremner (2000). O procedimento titrimtrico de oxi-reduo consistiu na oxidao do

    carbono orgnico contido em uma determinada massa da amostra, com soluo de

    dicromato de potssio (K2Cr2O7)em meio cido, seguida de titulao do excesso de

    dicromato com soluo de sulfato ferroso amoniacal 0,2 ml/L-

    , utilizando-se soluode Ferroim como indicador sugerida por Freire (2000).

    6.2.2 Analise Estrutural do Bosque

    A estrutura da vegetao foi analisada de acordo com a metodologia descrita

    em Cintrn e Schaeffer-Novelli (1981) e Schaeffer-Novelli e Cintrn (1986), a qual

    consiste no emprego de parcelas mltiplas para a caracterizao das propriedades

    estruturais e caractersticas funcionais do sistema.

    Para a aplicao dos parmetros estruturais foram consideradas algumas

    caractersticas do bosque como: composio das espcies, DAP (dimetro altura

    do peito dos troncos vivos), rea basal dos troncos vivos (AB), rea basal mdia

    (ABM), altura dos indivduos, nmero de troncos, densidade de indivduos por

    hectare, dominncia e frequncia.

    Para a delimitao das parcelas foram utilizadas corda de nilon, fita mtrica

    calibrada e estacas de bambu. medida que cada rvore estava sendo catalogada

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    marcava-se uma a uma com barbante ou tinta spray para evitar a recontagem dos

    indivduos.

    As metodologias empregadas para medir estas variveis estruturais so

    descritas a seguir:

    Dimetro das rvores

    O dimetro das rvores (DAP) foi medido a partir de regras que obedecem as

    irregularidades de cada uma. Utilizou-se trenas graduadas em centmetros e os

    valores foram divididos por = 3,1416, para a obteno do dimetro de cada

    indivduo. O DAP foi medido altura de 1,30m do solo, sendo utilizada uma vara

    graduada. As medidas dos dimetros foram agrupadas em classes de troncos com

    dimetros

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    40

    Para o clculo da rea basal mdia divide-se o valor da rea basal pelo

    nmero de indivduos medidos.

    A altura das rvores

    A altura das rvores foi medida com vara telescpica e hipsmetro. A altura

    mdia do bosque foi obtida a partir da mdia da altura de todas as rvores

    contabilizadas em cada parcela.

    Nmero de Troncos

    Para a contagem do nmero de troncos considerou-se que quando a rvore

    bifurca abaixo da altura do peito devem ser contabilizados dois troncos e um nico

    indivduo.

    Densidade Relativa

    A densidade relativa a contribuio em nmero de indivduos por cada

    bosque. Essa medida uma comparao entre as vrias parcelas fixas, sendo

    obtida por:

    100Re

    =

    IndivduosdeTotalNmero

    IndivduosdeNmerolativaDensidade

    Dominncia Relativa

    Definida como a rea basal de dominncia entre as vrias parcelas sendo

    obtida por:

    ( ) 100minmin

    Remin

    =

    BasalreaTotalnciaDo

    EspcieumadenciaDolativanciaDo

    Frequncia Relativa

    Valor relacionado probabilidade de ocorrncia de uma espcie em uma

    nica parcela. Esse valor foi calculado entre as vrias parcelas de um mesmo

    tamanho, tendo sido obtido por:

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    41

    100Re

    =

    EspciesastodasdeFrequnciadaSoma

    EspcieumadeFrequncialativaFrequncia

    6.2.3 Anlise dos Componentes Principais (ACP)

    Na anlise de componentes principais a matriz formada com os dados das

    espcies e os parmetros ambientais mais significativos foram submetidos a uma

    padronizao, para reduzir os efeitos das diferentes escalas. Em seguida foi

    calculada a similaridade por correlao momento-produto de Pearson, depois foram

    computados os autovalores da matriz de disperso, associando a cada um desses

    autovalores, autovetores, os quais correspondem aos eixos principais do espao

    multidimensional. O primeiro eixo principal descreve a maior dimenso elipside

    multidimensional, enquanto que os eixos principais seguintes passam por dimenses

    sucessivas gradativamente menores (LEGENDRE; LEGENDRE, 1998). Os dois

    primeiros fatores foram projetados em espao bi-dimensional.

    Todos estes clculos foram realizados no Laboratrio de Zooplncton do

    Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco, utilizando-

    se o programa computacional NTSYS (Numerical Taxonomy and Multivariate

    Analysis System) da Metagrafics Software Corporation, Califrnia/USA.

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    44/91

    42

    7 RESULTADOS

    7.1 ANLISE ESPAO TEMPORAL

    Os clculos do NDVI e a classificao das imagens correspondentes aos

    anos de 1987, 1991 e 2008 possibilitaram visualizar e quantificar variaes espao

    temporais do Manguezal do Pina. Os ndices de NDVI mostram que houve

    modificaes tanto na configurao da rea urbana e solo exposto, quanto na

    distribuio da vegetao ao longo do perodo analisado (Figura 8).

    Todas as imagens apresentaram diferentes mosaicos de paisagem naorganizao espacial da vegetao. Na imagem de 1987 a rea total ocupada por

    vegetao correspondeu a 400ha, sendo 120,7 de vegetao rala (rasteira), 93,1ha

    de semi-densa (transio entre a rasteira e a densa) e 186,4ha de densa (mangues).

    Em 1991, a rea vegetada englobava 428ha, dos quais 182,8ha correspondiam

    vegetao rala, enquanto a semi-densa e densa abrangiam 91,1 e 154ha,

    respectivamente. No ano de 2008, 399ha estavam ocupados por vegetao, sendo

    que a rala, semi-densa e densa foram, respectivamente, de 112,0; 71,6 e 215,9ha

    (Figura 6, Tabela 2).

    Figura 6 Anlise espao temporal da vegetao do Manguezal do Pina.

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    450

    Vegetao Rala Vegetao Semi-

    Densa

    Vegetao Densa

    (Mangue)

    Total

    Classificao

    reaO

    cupada(ha)

    1987

    1991

    2008

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    43

    0

    2040

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    Perodo

    Hectares

    Total SoloExposto e reaUrbana

    104,72 118,49 146,53

    1987 1991 2008

    Desta forma, foi possvel constatar que houve um aumento de 6,49% da rea

    total ocupada por vegetao num perodo de apenas quatro anos (1987 a 1991),

    voltando a decrescer em 2008. Por outro lado, houve uma diminuio da rea de

    mangue (vegetao densa) entre 1987 e 1991 e um aumento em 2008 (Figura 6,

    Tabela 2).

    Tabela 2 - Variao espao temporal em hectares do Manguezal do Pina nos anos

    de 1987, 1991 e 2008.

    1987 1991 2008

    Vegetao Rala120,72 182,84 112,06

    Vegetao Semi-Densa 93,16 91,15 71,61Vegetao Densa

    186,40 154,07 215,94Total em hectare (ha) 400,28 428,06 399,61

    No que se refere s reas urbanas e solo exposto notou-se um aumento

    gradativo, principalmente no entorno do manguezal. Em 1987, a rea urbana e o

    solo exposto ocupavam 104,72ha, em 1991 passou para 118,49ha e, em 2008, j

    abrangiam 146,53ha, ou seja, um aumento de 28,5% (41,81ha) em 21 anos(Figura

    7).

    A variao espao temporal das classes analisadas no Manguezal do Pina e

    seu entorno nos anos de 1987, 1991 e 2008 apresentada nas Figuras 8 e 9.

    Figura 7 Ocupao em hectares da rea urbana e solo exposto noManguezal do Pina e seu entorno em 1987, 1991 e 2008.

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    Figura8

    -VariaoEspaoTemporaldoManguezaldoPinaeseuentornonosanosde1987,1991

    e2008.

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    Figura9

    VariaoEspaoTemporaldaVegetaodoManguezaldo

    Pinaeseuentornonosanosd

    e1987,1991e2008.

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    7.2 CARACTERIZAO AMBIENTAL

    7.2.1 Dados Abiticos

    7.2.1.1 Temperatura do Solo, do Ar e Salinidade da gua Intersticial

    Foram registradas temperaturas do ar oscilando entre 24C e 25,5C em

    todas as parcelas, enquanto a temperatura do solo variou entre 25C na parcela B1

    e a mxima de 30C na parcela A3 (Tabela 3).

    Em relao salinidade da gua intersticial, os valores se mantiveram em 0,5

    em todas as parcelas nos trs stios, com exceo da parcela B3, onde foi registradoum valor de 40 (Tabela 3).

    Tabela 3 Valores correspondentes s anlises da gua intersticial, temperatura do

    ar e temperatura do solo nas diferentes parcelas.

    7.2.1.2 Sedimentos

    As caractersticas principais dos sedimentos analisados nas parcelas foram a

    granulometria, carbono orgnico, pH, clcio e magnsio. Na anlise granulomtrica

    observou-se que a classe textural variou de arenosa a franco arenosa, com

    porcentagens de areia total de 87,7 a 91,9kg.kg-1, com mdias de 86,4 kg.kg-1; o teor

    de argila atingiu o mximo de 17% e o de silte, 10% (Figura 10, Tabela 4).

    Parcelas Data daColeta

    Alturada

    Mar

    Horrioda

    Mar

    Salinidadeda gua

    Intersticial

    Tempera-tura do

    Ar (C)

    Tempera-tura do

    Solo (C)

    Horrio dasAmostragens

    A1 25/07/09 0,1 12h36 0,5 25,0 29,0 12h00A2 25/07/09 0,1 12h36 0,5 25,5 29,0 10h15A3 26/06/09 0,2 13h00 0,5 25,0 30,0 11h58B1 20/08/09 0,0 10h04 0,5 24,0 25,0 9h28B2 20/08/09 0,0 10h04 0,5 25,0 26,0 10h42B3 20/08/09 0,0 10h04 40,0 24,0 26,0 12h35C1 18/09/09 0,0 09h47 0,5 24,0 26,0 10h42C2 18/09/09 0,0 09h47 0,5 24,0 27,0 12h35C3 18/09/09 0,0 09h47 0,5 25,0 26,0 14h35

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    As anlises das amostras em seis parcelas (B1, B2, B3, C1, C2 e C3)

    indicaram que o percentual de areia fina foi superior ao de areia grossa, variando de

    49 a 66% e de 21 e 43%, respectivamente, os teores de argila oscilaram entre 4 e

    14%, enquanto os de silte, entre 2 a 10%. Nas demais parcelas (A1, A2 e A3) as

    porcentagens de areia fina variaram de 38 a 41%, areia grossa, de 44 a 49%, com

    teores de argila entre 11 e 17% e silte de 1 a 2% (Figura 10 e Tabela 4).

    Tabela 4 - Granulometria dos sedimentos das parcelas analisadas no Manguezal do

    Pina.

    PARCELAS Areia Fina(%)

    Areia Grossa(%)

    Argila(%)

    Silte(%)

    A1 38 44 17 2A2 41 46 12 2A3 40 49 11 1B1 56 30 10 4B2 51 41 6 2B3 49 43 4 4C1 66 21 12 2C2 57 24 9 10

    C3 63 22 14 2

    Figura 10 - Anlise granulomtrica dos sedimentos nas diferentes parcelas analisadasno Manguezal do Pina.

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    A1 A2 A3 B1 B2 B3 C1 C2 C3

    Parcelas

    Granulometria

    A. Fina

    A.Grossa

    Argila

    Silte

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    Analisando a granulometria nos trs stios foi possvel observar que houve

    uma ntida diminuio da frao areia grossa do stio A em direo ao C, havendo,

    por outro lado, um aumento da percentagem de areia fina (Figura 10).

    O carbono orgnico variou de 0,7 a 2,5dag.kg-1, com maior representatividade

    nas parcelas A2 e C3, com valores de 2 e 2,5dag kg-, respectivamente, enquanto

    os menores valores foram registrados nas parcelas A3 e A1, com 0,7 e 0,8dag kg-,

    respectivamente (Figura 11).

    Os valores referentes ao pH variaram entre 4,7 na parcela A3 e 5,8 na B2

    (Tabela 5). Em relao aos teores de Ca e Mg, as amostras apresentaram teores de

    Mg variando entre 6,1 e 9,1cmolc dm-3, nas parcelas A1 e B2, respectivamente,

    enquanto os de Ca oscilaram entre 2,2cmolc dm-3 (parcela C2) e 4cmolc dm

    -3

    (parcela A2) (Figura 12, Tabela 5).

    Figura 11 Teores de Carbono Orgnico dos sedimentos que compemas parcelas analisadas no Manguezal do Pina.

    0

    0,5

    1

    1,5

    2

    2,5

    3

    C

    arbonoOrgnico(dagkg-1)

    A1 A2 A3 B1 B2 B3 C1 C2 C3

    Parcelas

    CabornoOrgnico

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    Tabela 5 - Teores de C.O (Carbono Orgnico), pH, Ca (Clcio) mais Mg (Magnsio),

    Ca (clcio) e Mg (Magnsio) encontrados nas parcelas analisadas no Manguezal do

    Pina.

    PARCELAS C. O.(dag kg -1)

    pH Ca + Mg(cmolcdm

    -3)Ca

    (cmolcdm-3)

    Mg(cmolcdm

    -3)

    A1 0,877 5,245 8,850 2,725 6,125A2 2,070 5,357 10,625 4,050 6,575A3 0,712 4,757 9,000 2,725 6,275B1 1,572 5,630 10,150 2,650 7,500B2 1,882 5,835 12,700 3,575 9,125

    B3 1,120 5,482 10,450 3,150 7,300C1 1,132 5,287 9,850 2,875 6,975C2 1,692 5,367 9,950 2,225 7,725C3 2,582 5,187 7,950 2,675 7,025

    7.2.2 Anlise Estrutural do Bosque

    O Manguezal do Pina do tipo fisiogrfico ribeirinho e de bacia, ocorrendo ao

    longo dos rios que compem a rea e seus respectivos braos, sofrendo influnciada mar e maior aporte de nutrientes.

    Figura 12 Teores de clcio e magnsio dos sedimentos que compem asparcelas analisadas no Manguezal do Pina.

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    A1 A2 A3 B1 B2 B3 C1 C2 C3

    Parcelas

    cmolcdm

    -

    CaMg

    Ca + Mg

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    No que se refere ao nvel de degradao do ecossistema foram observados

    alguns impactos antrpicos, tais como: grande quantidade de resduos slidos

    trazidos pelos rios, elevado nmero de cortes de rvores, expanso desordenada de

    ocupaes no entorno do manguezal e a pesca predatria.

    No stio A destacou-se o grande nmero de indivduos com caractersticas de

    corte, alm de um nmero elevado de armadilhas para guaiamum e do tipo redinha

    para coleta de caranguejos (Figura 13). No stio B a quantidade de resduos slidos

    foi bastante expressiva (Figura 14), enquanto no stio C os indcios de

    desmatamento e resduos slidos foram pouco evidenciados (Figura 15).

    Figura 13 (A) Vista parcial da estrutura do bosque no stio A; (B) armadilha paraguaiamum; (C) clareira no stio A; (D) armadilha tipo redinha para caranguejo. Autor:Torres (2009).

    A B

    C D

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    Figura 14 (A e B) Resduos slidos encontrados no stio B. Autor: Torres (2009).

    A B

    Figura 15 Vista parcial do stio C. Autor: Torres (2009).

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    7.2.2.1 Stio A

    Em relao composio do bosque de mangue no Stio A, em todas as

    parcelas foi registrada a presena das espcies R. mangle, L. racemosa e A.

    schaueriana.

    Na parcela A1 foram contabilizados 1.675 troncos vivos por hectare, com

    predominncia de 72% de R. mangle, seguida de L. racemosa, com 19% e A.

    schaueriana, com 9% (Figuras 16 e 17). A altura mdia das rvores foi 8,83m,

    enquanto a altura do dossel atingiu 13,23m (Figura 18, Tabela 6). A rea basal de

    troncos vivos foi 17,99m/ha e a rea basal mdia de troncos vivos foi 0,27m/ha,

    com maior contribuio de troncos 2,5cm e 10,0cm (Figuras 19 e 20, Tabelas 6 e7). Os indivduos com maiores dimetros foram da espcie L. racemosa, atingindo

    at 24cm. Os maiores valores de rea basal por classe de dimetro foram dos

    indivduos 2,5cm, com 4,1m/ha e 10,0cm, com 13,8m/ha (Figura 21, Tabela 7).

    A maior rea basal foi de R. mangle com 52%, seguida por L. racemosa e A.

    schaueriana, com 43% e 5%, respectivamente (Tabela 8). O DAP mdio nesta

    parcela foi de 1,42cm (Tabela 6), os indivduos mortos totalizaram 1.300m/ha,

    enquanto 700m/ha apresentaram caractersticas de corte (Figura 22).Na parcela A2 a densidade de troncos vivos foi de 775 por hectare, com

    predominncia de L. racemosa, com 52%, enquanto R. mangle totalizou 26% e A.

    schaueriana, 22% (Figuras 16 e 17). O bosque apresentou altura mdia de 8,32m e

    altura do dossel de 11m (Figura 18, Tabela 6). Em termos de rea basal de troncos

    vivos a contribuio foi de 12,58m/ha, correspondendo a uma rea basal mdia de

    0,41m/ha (Tabela 6, Figuras 19 e 20). Quanto percentagem de rea basal, L.

    racemosa contribuiu com 81%, R. mangle, com 18% e A. schaueriana, com 1%(Tabela 8). Os maiores dimetros foram da espcie L. racemosacom valor mximo

    de 23cm. A rea basal por classe de dimetro 2,5cm foi de 0,06m/ha, 2,5cm, foi

    0,82m/ha e 10,0cm, 11,69m/ha (Figura 21, Tabela 7). Em relao ao DAP mdio,

    a parcela apresentou 2,58cm, portanto o maior ndice do stio A (Tabela 6). Nesta

    parcela o nmero de rvores com caractersticas de corte foi extremamente elevado,

    atingindo 1.075m/ha, enquanto as rvores mortas totalizaram 225m/ha (Figura 22).

    A parcela A3 apresentou uma densidade de 2.200 troncos vivos por hectare

    (Figuras 16). Os valores mais altos de densidade relativa foram, respectivamente, de

    L. racemosa, com 63%,A. schaueriana, com 31% e R. mangle, com 6% (Figura 17).

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    A altura mdia do bosque foi 7,76m e a altura do dossel foi 13m (Figura 18, Tabela

    6). A rea basal