classificação de Áreas verdes

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MAPEAMENTO DE ÁREAS VERDES URBANAS: O EXEMPLO DA CIDADE DE RIO CLARO - SP. Magda A. Lombardo Dilza A. N. O. Leite Sarita de Moura UNESP- Universidade Estadual Paulista CEAPLA – Centro de Análise e Planejamento Ambiental Av.24-A, 1515 Rio Claro - SP Email: [email protected] RESUMO O objetivo do trabalho foi espacializar e tipificar as áreas verdes da cidade de Rio Claro. Através do uso de fotografias aéreas e de intenso trabalho de campo foram identificadas as seguintes classes: solo exposto, praças, vegetação rasteira, vegetação arbórea (reflorestamento, árvores frutíferas e ornamentais) e vias arborizadas. A identificação, mapeamento e espacialização das áreas verdes foram plotadas no mapa base da cidade de Rio Claro, na escala de 1: 10.000, através do Programa AutoCAD. O trabalho mostra a insuficiência de áreas verdes no espaço intra - urbano e a desigualdade de distribuição espacial. Enquanto nos bairros de classe média o índice de áreas verdes é maior, na periferia onde se localizam os bairros de baixa renda há carência de áreas verdes. Como conclusão, é importante destacar que o índice verde pode ser considerado como um indicador da qualidade de vida urbana. ABSTRACT The object of this study was to present the spatial distribution of the urban vegetation (green areas) in digital format to develop a data- base for Rio Claro city. 1 INTRODUÇÃO No Brasil o processo de urbanização é um reflexo das transformações estruturais de ordem política, econômica e social, pelas quais o país tem se desenvolvido, principalmente no início das décadas de 60 e 70, quando se iniciou um processo de ordenamento e integração social do país, voltado à política de desenvolvimento econômico- social, com bases no crescimento das cidades. Segundo Seabra, (1991), os planos nacionais de desenvolvimento, o primeiro em 1971 e o segundo em 1974, orientaram uma fase de grandes projetos, de colonização do centro- oeste, de ocupação da Amazônia e de produção agrícola já voltada para o mercado externo. Associava-se, também, uma política urbana nacional com a industrialização das metrópoles e com os programas para as cidades médias,No longo destas questões , a Secretaria de Economia e Planejamento do Estado, em 1975, implantou o Programa das cidades de médio porte. O programa contemplava o incentivo à descentralização das atividades produtivas, particularmente as industrias, para centros periféricos de médio porte, que representariam potencialidades locacionais, (Pontes, 1986). A implementação destas políticas de caráter regional desencadearam a orientação da urbanização do interior do estado de São Paulo, no qual a cidade de Rio Claro se inclui. As cidades médias paulistas constituem-se o palco de transformações espaciais, com crescimento do espaço construído urbano interno, e por outro lado, uma diminuição e quase ausência de áreas verdes intra- urbanas, fruto de profundas modificações nas relações sócio- espaciais, obedecendo as leis de expansão da cidade capitalista, que parece ser um produto social fragmentado, articulado e engendrado por agentes sociais, tais como: os proprietários dos meios de produção, os proprietários de terras, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos que produzem e consomem o espaço, refletindo, assim, diferentes usos da terra. A ação desordenada destes agentes sociais reflete a carência de áreas verdes intra- urbanas e a degradação das condições de vida nas cidades brasileiras (Correa, 1986). As técnicas de cartografia neste contexto, apresentam- se como um instrumento para identificar e espacializar as áreas verdes intra- urbanas, reflexo da qualidade ambiental diferenciada nos bairros das cidades. O sensoriamento remoto é uma técnica muito útil, pois permite detectar variadas dimensões e espaçamentos encontrados no espaço urbano, que

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Page 1: Classificação de Áreas Verdes

MAPEAMENTO DE ÁREAS VERDES URBANAS: O EXEMPLO DA CIDADE DE RIO CLARO - SP.

Magda A. Lombardo Dilza A. N. O. Leite

Sarita de Moura UNESP- Universidade Estadual Paulista

CEAPLA – Centro de Análise e Planejamento Ambiental Av.24-A, 1515 Rio Claro - SP

Email: [email protected]

RESUMO

O objetivo do trabalho foi espacializar e tipificar as áreas verdes da cidade de Rio Claro. Através do uso de fotografias aéreas e de intenso trabalho de campo foram identificadas as seguintes classes: solo exposto, praças, vegetação rasteira, vegetação arbórea (reflorestamento, árvores frutíferas e ornamentais) e vias arborizadas. A identificação, mapeamento e espacialização das áreas verdes foram plotadas no mapa base da cidade de Rio Claro, na escala de 1: 10.000, através do Programa AutoCAD. O trabalho mostra a insuficiência de áreas verdes no espaço intra - urbano e a desigualdade de distribuição espacial. Enquanto nos bairros de classe média o índice de áreas verdes é maior, na periferia onde se localizam os bairros de baixa renda há carência de áreas verdes. Como conclusão, é importante destacar que o índice verde pode ser considerado como um indicador da qualidade de vida urbana.

ABSTRACT

The object of this study was to present the spatial distribution of the urban vegetation (green areas) in digital

format to develop a data- base for Rio Claro city.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil o processo de urbanização é um reflexo das transformações estruturais de ordem política, econômica e social, pelas quais o país tem se desenvolvido, principalmente no início das décadas de 60 e 70, quando se iniciou um processo de ordenamento e integração social do país, voltado à política de desenvolvimento econômico- social, com bases no crescimento das cidades.

Segundo Seabra, (1991), os planos nacionais de desenvolvimento, o primeiro em 1971 e o segundo em 1974, orientaram uma fase de grandes projetos, de colonização do centro- oeste, de ocupação da Amazônia e de produção agrícola já voltada para o mercado externo.

Associava-se, também, uma política urbana nacional com a industrialização das metrópoles e com os programas para as cidades médias,No longo destas questões , a Secretaria de Economia e Planejamento do Estado, em 1975, implantou o Programa das cidades de médio porte. O programa contemplava o incentivo à descentralização das atividades produtivas, particularmente as industrias, para centros periféricos de médio porte, que representariam potencialidades locacionais, (Pontes, 1986).

A implementação destas políticas de caráter regional desencadearam a orientação da urbanização do interior do estado de São Paulo, no qual a cidade de Rio Claro se inclui.

As cidades médias paulistas constituem-se o palco de transformações espaciais, com crescimento do espaço construído urbano interno, e por outro lado, uma diminuição e quase ausência de áreas verdes intra- urbanas, fruto de profundas modificações nas relações sócio- espaciais, obedecendo as leis de expansão da cidade capitalista, que parece ser um produto social fragmentado, articulado e engendrado por agentes sociais, tais como: os proprietários dos meios de produção, os proprietários de terras, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos que produzem e consomem o espaço, refletindo, assim, diferentes usos da terra. A ação desordenada destes agentes sociais reflete a carência de áreas verdes intra- urbanas e a degradação das condições de vida nas cidades brasileiras (Correa, 1986). As técnicas de cartografia neste contexto, apresentam- se como um instrumento para identificar e espacializar as áreas verdes intra- urbanas, reflexo da qualidade ambiental diferenciada nos bairros das cidades.

O sensoriamento remoto é uma técnica muito útil, pois permite detectar variadas dimensões e espaçamentos encontrados no espaço urbano, que

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apresenta uma composição extremamente complexa, formada por edifícios, construções horizontais, parques, estacionamentos, sistema viário, entre outros, construídos com diferentes materiais (Kurkdjian 1990).

Esta heterogeneidade do espaço urbano ocorre com a combinação diferenciada de concreto, asfalto, vegetação e outros.

Existem referências da utilização de fotografias aéreas para o estudo de áreas urbanas desde 1923. No entanto, as aplicações sistemáticas ocorreram após a Segunda Grande Guerra Mundial. Depois dos anos 50, alguns trabalhos introduzem a fotointerpretação no estudo de condições sócio- econômicas de áreas residenciais urbanas (Green,1957 e Green e Monier, 1959).

Durante as décadas de 60 e 70 ocorreu uma melhora significativa na fotointerpetação com o uso de produtos sensores, como filmes infra-vermelhos, multibandas de escala pequena. Maior avanço, ainda nos anos 70, foi o lançamento do primeiro satélite de observação da Terra (série LANDSAT), assim, surgem as primeiras imagens orbitais.

Posteriormente, surgem as técnicas de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), que constituem ferramentas digitais para a espacialização dos dados de maneira eficiente e precisa.

Nos últimos anos foram desenvolvidos vários estudos, principalmente norte- americanos, utilizando sensoriamento remoto e ou SIG para o inventario e manejo de áreas verdes. A grande vantagem dessas tecnologias é obter dados visuais e poder relacionar os mais variados dados espaciais, de diferentes gêneros, com dados alfanuméricos, obtendo respostas integradas para problemas urbanos e rurais, de maneira rápida e econômica, proporcionando uma experiência de conhecimento holístico sobre as áreas avaliadas (Silva Filho, 2003).

Existem estudos de mapeamento utilizando sensoriamento remoto e SIG para levantamento de áreas verdes públicas e particulares, arborização viária (Escada, 1992, Godfrey, 2001, Miller, 1997)e diagnósticos de ilhas de calor em áreas densamente ocupadas ( Lombardo, 1985, Lo et al, 1997). 2 METODOLOGIA

Neste estudo, a espacialização das áreas verdes intra- urbanas de Rio Claro – SP. teve como base fotografias aéreas pancromáticas, na escala de 1: 10.000, de 1999.

Associada à interpretação das fotografias, um intenso estudo de campo foi realizado no sentido de atualizar as informações, bem como, identificar as classes analisadas:

A metodologia adotada para a fotointerpretação foi baseada em Manso et al (1979), na qual a delimitação espacial foi identificada com base em espaços homogêneos contínuos, de mesma textura,

denominados Zonas Homogêneas (HZ), a partir de fotografias aéreas na escala aproximada de 1: 10.000.

O mapeamento digital foi realizado com a plataforma Auto CAD

As ferramentas computacionais para geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georreferenciados. Tornam ainda possível automatizar a produção de documentos cartográficos, como é o caso do Autocad.

Para aborda os problemas de mapeamento das áreas verdes urbanas foi necessário visualizar o entendimento das representações computacionais do espaço, foi necessário entender o processo de traduzir o mundo real para o ambiente computacional (Gomes e Velho, 1995, que distingue três universos:

-o universo do mundo real, que inclui as entidades da realidade a serem modeladas no sistema.

- o universo matemático (conceitual) que inclui uma definição matemática (formal) das entidades a ser representadas.

- o universo da representação, onde as diversas entidades formais são mapeadas para representações geométricas e alfanuméricas.

É comum o uso dúbio do conceito de Áreas

Verdes com o de Espaço Livre ( Macedo, 1995) A partir destas idéias determinam- se os limites de conceitos como áreas verdes, áreas de lazer, espaços verdes e áreas de circulação, designando determinados tipos de espaços livres de edificação e urbanização.

De acordo com Macedo (1995), estas denominações abrangeriam os espaços livres como:

- Espaços verdes: toda a área urbana ou porção do território ocupado por qualquer tipo de vegetação e que tenham um valor social. Nele são contidos bosques, campos, matas, jardins, alguns tipos de praças e parques, etc. enquanto que terrenos devolutos e quintais não são incluídos neste rol.

- Áreas Verdes: equivalem basicamente aos mesmos elementos referenciados anteriormente e ainda designam toda e qualquer área onde por um motivo qualquer exista vegetação.este termo também é comumente utilizado para denominar o conjunto de áreas de lazer públicas de uma cidade englobando praças, parques, hortos e bosques.

- Áreas de lazer: correspondem a todo e qualquer espaço livre de edificação destinado prioritariamente ao lazer, seja ele ativo, isto é, uma área para jogos e brincadeiras ou contemplativo, isto é, áreas dotadas de um valor cênico / paisagístico expressivo em cujo interior o cidadão apenas passeia a pé, montado ou de carro, contemplando o cenário que se descortina ante seus olhos. Todos os parques, praias e praças urbanas estão englobados dentro deste conceito, possibilitando por muitas vezes uma utilização mista, tanto para o lazer ativo, como para o passivo.

- Áreas de circulação: dentro do contexto urbano, englobam a grande maioria dos espaços livres

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de edificação de propriedade pública, como todo o sistema viário. Formalmente se destinam exclusivamente à circulação e acesso de veículos e pedestres.

Esta tipologia de áreas verdes serviu de base para a elaboração do mapa de áreas verdes da cidade de Rio Claro.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pode-se verificar ( figura 1) o mapa de distribuição das áreas verdes na cidade de Rio Claro. São 120 praças e jardins dispersos, mas com maior concentração na região central e nos bairros de classe média.

Atualmente, com a necessidade de se estudar ambientes tão dinâmicos, como o urbano, atribui- se ao SIG uma grande vantagem sobre as técnicas convencionais de manipulação e integração de dados, pois são instrumentos potenciais de integração, facilidade de manuseio e velocidade de operação de dados físico- territoriais, como a vegetação.

Segundo alguns autores (Troppmair, 1976, Bronw e Winer, 1986) a fotografia aérea, ainda representa a principal fonte de dados para estudos intra- urbanos, já que estes necessitam de uma resolução espacial mais fina, muitas vezes não oferecida pelos sensores orbitais isoladamente

Os SIGs são instrumentos potenciais de integração, facilidade de manuseio, e velocidade de operaçâo de dados físico- territoriais, tais como vegetação. Uma restrição ao uso de SIG no espaço urbano refere- se à escala, devido ao volume de dados. Sobre esta questão Lee (1990), discutiu alguns problemas de natureza espacial, destacando o aumento na escala, o aumento da complexidade do espaço urbano e as dificuldades de entrada e manipulação destes dados e aqueles referentes à visualização em função do alto volume de dados.

Hasenack (1988) demonstrou as potencialidades do uso de SIG na análise ambiental urbana por meio da construção de um banco de dados. Foram utilizados dados de sensoriamento remoto e os sistemas ERDAS ( Earth Resources Data Analysis Systems) e ERLAS ( Earth Resurces Laboratory Applicatios Software). O autor conclui que o sensoriamento remoto e o SIG representam ferramentas importantes para estudos ambientais urbanos, desde que combinados com métodos convencionais.

As restrições ao uso de SIGs em ambientes urbanos vem norteando muitos estudos preocupados em desenvolver alternativas que solucionem problemas relacionados ao seu uso. Uma das perspectivas é o uso do SIG associado a um banco de dados georrelacional. A espacialização das áreas verdes urbanas de Rio Claro

Pode-se verificar no mapa (figura 1) que a distribuição da vegetação é bastante irregular, concentrando-se mais no centro antigo da cidade. Os bairros periféricos são muito carentes de praças, pobres de vegeta;cão arbórea., predominam as gramíneas, que são plantas invasoras, que se disseminam com facilidade nos terrenos ainda por construir. É comum, reclamações de habitantes vizinhos dessas localidades da presença de escorpiões que invadem as residências.

O histórico da cidade de Rio Claro reflete a influência dos imigrantes europeus, cuja cultura valoriza e conserva consideravelmente o verde. Assim, foram planejadas duas áreas verdes grandes no centro da cidade: o Jardim público com 16.867 metros quadrados e a praça da Liberdade (14.000 m).O jardim público passou a ser uma exigência das cidades oitocentistas, pois era uma necessidade da população urbana o contato com a natureza, o lazer, o prazer (Terra, 1995) eram comuns os passeios onde a elite desfilava e também se desenvolviam muitas atividades, feiras, shows e festas religiosas.

Outra área considerável na cidade é a Praça Major David Teixeira com 14.247,22m, localizada no Jardim Claret. No residencial Copacabana, duas praças, uma de cada lado da rua perfazem pouco mais de 10.000 metros quadrados (Praça Dr.Godofredo Renato Waldomiro Pignataro e a Praça De Lazer da Garotada, do lado oposto, que contem um mini campo de areia no seu centro).

Diversidade das espécies

A Praça Santa Cruz apresenta 9.625 metros

quadrados, grande diversidade de espécies e de tamanho semelhante à Praça Plínio Salgado, situada no Bairro do Estádio.

Nota- se que as praças mais antigas, entre elas a Praça Cartolano, Praça Saldanha Marinho e a Praça Santa Cruz, caracterizam-se por um porte arbóreo bastante desenvolvido, um subosque de porte arbustivo representado principalmente por frutíferas normalmente, disseminadas pela avifauna. Estas praças formadas aproximadamente numa mesma época, possuem espécies comuns, que na época foram plantadas em diversas praças, como a canela sassafraz com um exemplar na praça da Matriz e dois na praça da Santa Cruz, espécie bastante procurada pela população para o preparo de chás medicinais e sua casca é usada para aromatizar e dar cor ao aguardente. A praça Saldanha Marinho, localizada no Bairro Cidade Jardim (ruas 4 e 5 e av.19 – 21), apresenta grande diversidade de espécies, predominando as tipuanas nas laterais de ambos os lados das ruas, murtas e jabuticabeiras na av.19, flamboyant e sibipirunas na av.21. O vasto subosque compreende pitangueiras, goiabeiras, mangueiras, ameixeiras, amoreiras e jaboticabeiras. Estas, atraem pássaros tais como: sanhaço, pássaro preto, bem- te- vi e sabiá.. Segundo os moradores dessa área é bastante comum a procura por folhas dessas frutíferas para o preparo de chás medicinais.

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Nota-se que cada época são comuns certos tipos de plantas. No final da década de 70 houve um predomínio acentuado do plantio de sibipiruna em calçadas, que depois de alguns anos, devido ao exagerado volume das raízes muitas dessas árvores de crescimento rápido tiveram que ser removidas. No final dos anos 90, predominam resedás, murtas e falso-chorões.

São poucas as espécies usadas na arborização, seria interessante aumentar a diversidade para diminuir a ocorrência de pragas e doenças.

O ipê- amarelo e a quaresmeira são espécies compatíveis para qualquer área verde, sejam avenidas e ruas estreitas, parques e jardins. Áreas verdes destinadas ao Lazer

Rio Claro, possui duas áreas grandes de lazer, a

Floresta Estadual e o Lago Azul. A Floresta Estadual “Navarro de Andrade”,

antigo Horto Florestal, com 2.100 hectares, localiza- se nos arredores da cidade, margeando a parte leste de alguns bairros desta. É uma importante área verde, considerada o berço do eucalipto no Brasil. Serve como centro de laser da população, onde ciclistas, admiradores da natureza percorrem trilhas ao longo da mata para caminhadas, principalmente nos finais de semana

O Parque Lago Azul, localizado na parte norte da cidade, apresenta- se com caminhos para passeios e corridas, bancos para descanso, parque infantil, cantinas, campos de futebol e outras atividades esportivas, além de muito verde. Como o próprio nome sugere existe um lago de grande extensão e significativa quantidade e variedades de árvores que fazem parte da mata ciliar e muitas goiabeiras introduzidas ao redor do lago. Nesta área encontra- se o Centro Cultural Roberto Palmari, que desenvolve diferentes atividades culturais, além de possuir uma vasta biblioteca e um teatro.

As praças e jardins de hoje não têm as mesmas funções sociais que desempenhavam antigamente, principalmente depois do surgimento de outras formas de lazer, como os chopping centers. Mas os espaços verdes desempenham outras funções importantes, contribuindo de maneira significativa para a melhoria das condições urbanas.

O apreço pelos espaços verdes poderia ser resgatado com o estudo de novas formas de percepção do ambiente urbano, para satisfazer os desejos da população, para aumentar as relações positivas da comunidade com a paisagem. Dois aspectos são importantes, a conscientização e a constante participação do poder público (Silva Filho, 2003)

Arborização de Canteiros Centrais

Apresentam- se todos gramados de uma maneira geral. O anel viário da Rua 14, que atravessa a cidade de ponta a ponta, está formado com hibisco, que

devidamente podado forma pequenas árvores de copa bem redonda e muito florida.

Outros trechos, como em frente ao Clube Floridiana, existem muitas árvores grandes no canteiro central e muito próximas umas das outras.As goiabeiras, que podem ser consideradas plantas invasoras e disseminadas por pássaros, também são comuns nos canteiros. Na Avenida Visconde do Rio Claro predominam as palmáceas.A arborização dos canteiros centrais de Piracicaba se caracteriza pela predominância da palmeira jerivá (Syagrus romanzofliaria), representando cerca da metade do total dos indivíduos (Leite, 1997). O ideal em canteiros centrais é dar preferência a palmáceas e árvores de copa menos desenvolvida, como o guarantã e o pati. As áreas verdes proporcionam diversos benefícios e melhorias no ambiente urbano, desempenhando diversas funções como: função ecológica: a arborização melhora a permeabilidade do solo, aumenta a diversidade da fauna, melhora as condições do clima, a qualidade do ar e das águas que circundam os trechos urbanos; função social: a arborização proporciona qualidade de vida a comunidade, possibilitando uso de áreas de lazer, conforto paisagístico, contato físico freqüente que estimula a conscientização popular, recreação e anti-estresse, entre outros; função educativa, as áreas verdes podem servir de ambiente para o desenvolvimento de estudos ambientais, atividades“extras curriculares para escolas e organização de programas de educação ambiental.Entretanto a arborização só trará benefícios se houver uma distribuição homogênea das áreas verdes, dentro da área de estudo, que no caso será o perímetro urbano de Rio Claro. Isso porque já é visto que a atual distribuição das praças, jardins, parques e outras áreas consideradas de uso público com áreas verdes, não estimulam o equilíbrio ambiental da cidade e a qualidade de vida dos moradores da cidade. Millano e Dalcin (2000) relatam em seu livro diversos aspectos positivos das árvores nas cidades, os quais podem ser mensurados, avaliados e monitorados, caracterizando benefícios e, conseqüentemente, objetivos que passam a ser estabelecidos no planejamento urbano, tais como: a estabilização e melhoria microclimática, redução de poluição atmosférica, diminuição da poluição sonora, proteção contra o impacto da água de chuva e o seu escoamento causando desgaste nos solos (principalmente os da Formação Rio Claro, que são bastante arenosos e mal consolidados o que facilita consideravelmente a erosão). No entanto, as áreas com gramíneas pouco contribuem para esses benefícios, a começar pela sua reduzida biomassa. 4 CONCLUSÃO

A utilização do SIG para o mapeamento de áreas verdes urbanas, mostrou - se eficiente, propiciando uma visualização espacial da tipologia analisada.

Além disso, os dados digitais proporcionam uma flexibilidade escalar, o que facilita a análise de

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detalhes por bairro analisado. desse modo, os resultados preliminares mostram que é necessário um planejamento de áreas verdes da cidade de Rio Claro- SP, visto que sua distribuição é desigual em todas as classes analisadas. A uma maior concentração no Centro antigo e nos bairros de classe média, enquanto que nos bairros onde concentra- se a população de baixa renda há quase ausência de vegetação arbórea. Somando-se a esta desigualdade de distribuição espacial é necessário uma reformulação das espécies vegetais a serem implantadas, as quais apresentam uma variabilidade muito baixa e com predominância de espécies exóticas. Seria interessante dar preferência à arvores frutífras silvestres que constituem alimento para pássaros, que fazem um controle biológico de pragas, tais como pernilongos, cupins e outros insetos prejudicias.

A implementação de áreas verdes urbanas deve estar associado a um programa de educação ambiental, visto que as árvores influenciam no bem estar das pessoas, melhoram a qualidade de vida proporcionando laser, descanso e recreação, alem de influenciar psicologicamente os indivíduos. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Angelis, B.L.D, G. De Angelis Neto. 2000. Os elementos do desenho das praças de Maringá.-PR Acta Scientiarum., v.22, n. 5, p. 1445- 1445 Bronw, D.E, ªM. Winner. 1986. Estimating urban vegetation cover in Los Angelis. Photogrammetric Engeneering and Remote Sensing v. 52, n.1, pp.117- 123 Corrêa, R.L. 1989 O espaço urbano. SP Ática., 94 p. Escada, M.I.S. 1992 Utilização de técnicas de sensoriamento remoto para o planejamento de espaços livres urbanos de uso coletivo. ( Dissertação de Mestrado) INPE, 133páginas. Godfrey, C. G. 2001 GIS e GPS in Urban Forestry. City Trees, v.37, n.3, p.14- 16 Gomes, J.M., Velho, L. 1985 Computação visual: Imagens. Rio de janeiro. SBM Green, N.E.. R.B. Monier. 1959 Aerial photographic interpretation and human ecology of the city. Photogrammetric Engineering, v.25,n.5, pp.773 Green, N.E. 1957 Aerial photographic.and human ecology of the city. Photogrammetric Engeneering, v.23, n.1, p.89-96 Hasenack, H. 1988 O uso de sistemas de informação geográfica em análise ambiental urbana. In: Simpósio

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Troppmair, C. 1976 Estudo biogeográfico das áreas verdes de duas cidades do interior paulista: Piracicaba e

Rio Claro. Geografia, v.1, n.1, p.63-78