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I Número, 7 I Fevereiro, 1999 Citros: A Podridão Floral

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I Número, 7 I Fevereiro, 1999

Citros: A Podridão Floral

República Federativa do Brasil

Presidente Fernando Henrique Cardoso

Ministério da Agricultura e do Abastecimento

Minisfro Francisco Tuna

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropacuária - Embrapa

Presidente Alberro Duque Porrugal

Diretores Elzs Angela Batraggia Brim da Cunha

Orinre Oaniel Giacomelli Scolari Jos6 Roberro Rodriguss Psres

Circular Técnica AP 7

Cítros: A Podridão F/ora/

Marcelo Brito de Melo Car/os Franca #@/o de Morais

Tabuleiros Costeiros

Copyrlght Q Embrapa - 1999 Ernbripci.CPATC. Circular Tdcnica na 7

Exemplares desta publicaçBo podem ser solleitidos so: Centro de Pssquisa AgropecuBria dos isbuleiros Costeiros - CPATC

Av. Beira-Mar, 3.250 - Balrro 1 3 da Julho,

Caixa Postal 44, CEP 49025-040, Aracaju-SE

Telefom (791 217-1 300 - Faw 179) 231-9145

C h i f i Geral Jose Otno Alm'da de Andrade Lime

Is Adjunta de Raiquliri & ~isanuolvlmint~

Ederlon Ribeiro de Oliveira

C h i e Adjunto d i Apoio Tdmlco

Luiz Albeno Sivw'ra

Fotos

Antdnio de Goe3 - Pesagro-R#

RavisBo de temo Ro f. Adilson Oliveim Almeida

Tiragem

300 exemplares

MELO. M.B. de; MORAiS, C.F.M. de. Citios - a padrld80 floral Aracalum Ernbra~a-ÇPATÇ, 1999. p. t 3 (Ernbre~e-ÇPATC. Circular fdtnica, 71

, Citrom: Podridk; Citrui; Bud flowar; Fiwai; Brasil: Sergipe.

CDD: 834 23

CAUSA 6

SINTOMAS 6

CONTROLE 8

ESTUDO ECON6MiCO 9

LITERATURA CONSULTADA t i

CITRQS A POOR~PÁO FLQRAL

Mircdo mito ds Mdol Cirloa França Mdo de Motais

0s citros (Ciuus spp.1, a partir do seu cmwo de diversidade na Sudeste da Asia, espalharam-se por grande perte do planeta encontrando as mais variadas condições de solo e clima. No Brasil, disseminaram-se por todos os Estados, destacando-w S h Paulo como o maior produtor. Sergipe ocupa o segundo lugar na produçãe nacional de laranja, sendo o primeiro do Norte e Nordeste. Os citros em sua maioria sao Socalizados prbximo aa litoral com oondiç6es climiticas ceractsrizadas pelo periodo das chuvas, a precipitaçh anual acima da 1.000mm, a temperatura mddiã anual em torno de 26% e, elevada umidade relativa.

Sob a infludncia da tal situação clirnMca, as diversas esp4çiss e veriedadas de citros asta sujeitas a v6rias doenças causadas por diferentes fitop~tógenos. A rentabilidade desses frutos na rgaião produtors, contudo, poder8 sofrer $&rios prejuiros em virtude da padridw fiural causda por Col/et;otrichum sp. que também B conhecida por "podridh floral", "quda prematura de frutos jovens" ou "estrs/inhaN.

Essa doenca vem ocasionando perdas em plantas citricits desde os anos 50, em Belize, na Amdrica Central. Nos anos seguintes, sua presença foi constatada na região de Midoms, Argemina, na CoIBrnbia, na Repdblica Dominicana, no PanamB, no Mdxico, em Costa Rica e nos Estados Unidos. No Brasil, foi verificada @m 1977, no Rio

9n-g.-Agr., M.Sc,, Contrato Ernk~slEMDAORO, Av. Mrrt-Mar, 3.210, Cdxa hstai 44, 49001 -870, Araeaju-SE. [email protected] Eng.-Ap., M.Sc., EMDAORO, Centro A d ~ i s t r a t i w Oov. Auguao Frsrieo, BR 225, km 4, Caixa Postal 297, 440$0-196, Arncnju-SE, [email protected]

Grmde do Sul s em SM Paulo. Sua difusb foi constatada em pomares cítricos do Rio de Janeiro a de Sergipe. Atualmente, sua presença B verificada em todas as regiões tropicais e subtrtipicãis iírnidas das Adrices.

CAUSA

O agente causal da doença B ums rwa virulenta do fungo Cdielotricki !} Secc,

O ataque do fungo causa a macer@b de células dos tecidos de botties florais e fkres abertas, mostrando os sintomas da doença pela prssenga de Cesõles de cor merrom, onde se observam frutificwes do fungo de coa alaranjada. As pétalas das Rores s%o ressecadas permanecendo ficam presas aos frutinhos durante algum tempo, enquanto que as pdtalas que n b foram datadas pelo fungo soltam-se facilmente dos cdlices. Os frutos oriundos de botdles florais ou flores doentes, quando afetados pelo funga, mudam s sua c o r da verde normal para amarelo, medindo apenas 0,5 a Icm de di8metro, provocando sua queda prematura, desprendendo-se rente w chlice. A doen~a B distinguida da queda fisiolbgica dos frutos novos pela perrnanhcia dos c8liçes nas infloresc8ncras após a queda dos frutínhos da planta. Os c8lices fixadas podem permanecer wB um perioiodo superior a V ano.

Em Si40 rau~o, a dmwa foi observada inicialmente, atacando pomares de limas ácidas, limãa 'Taiti' e limllo 'Galego', Atuelrnente, verificbse seu ataque em todas as laranjas doces. Em Sergipe foi relazds a presença do fungo nas variedades de laranja 'Pbra' e 'Natal'. Atualmente se observe seu acometimento em limas kidas, em laranjas do grupo 'Bahia' e tangerina 'Murcote'.

O vento desempenha um papel Importante na propags~h da doença ri grandes disthncias. Todavia, a disseminação de um 6rgAo &I outro da mesma planta ou entre plantas vizinhas se friz, principalmente, atravds das respingos de chuvas, aumientands a condi~8ù favùrtivel para a alta severidade da doença, porquanto a 4gua B indispensdvel na solubilizaçio da matriz gelatinose que prende e aglutina os esporos no interior do acdrvulo. Desta forme, as chuvas contribuem para a disposic;go dos conidios que são liberados dos m8rvulos.

As gotas ds orvalho ou as .gota$ da cendensaçb sLo as responsdveis pelo crescimento micefial do fungo em contato com o hospedeiro. O conídio emite, no ato de sua germinação, um curto promic8lio formando na extremidade um apressório, estrutura que possibilita a penetrwh do fungo na super Hcie do hospedeiro, independentemente, portanto, da ocasional existdncia de ferimente. presença de est8rnatos ou outras aberturas naturais, Urna ver no interior do hospedeiro. o patágeno desenvolve o processo de colonizer;Plo, mediante enzirnas especificas e a desorgani-zeçâo de çblulas e tecidos.

Durante as dpocas dedavor&veis 8 disssminw8o, a fungo permanece em dorm&ncia nos ramos, nas folhas ou no solo, Trata-se de um parasita polRago, com largo clrculo de hospedeiros, o que lhe amplia a faculdade de sribreviv&ncia.

A doença ocorre no momento em que as botãers florais @&i40 fechados, a4 s abertura das floras, quando o fungo jL se encontra instalada nas tecidos. Q que favorece ZamWrn a ocorr&ncia da doença s2o as floradas desunifor-mes, que contribuem para a formação do elevado nivel de inbculo no campo.

A temperatura ideal para g e r m i n a ~ b dos canIdios do fungo B 23OÇ. Ouando as condiç8ss ambientais stio favordveis, as infscç6es desenvolvem-se entre 12 e 18 horas, o que contribui para se dar o aparecimento dos primeiros sintomas ap6s 4 dias.

O coriPole quMco da p d t i d b norJ doo -08 visa Bs íWm qw ocman sm dbmtm8 do w, -sm a @icw 6 hmgiso.

Em Sergipe, form obtidos re8-s em Ir* ' N u ' (- - L. mlr) m w da b#iwnR, uid-ob a dosagem w m i d

mguirrbs ~ssgwms:

Quando os bofCki f h d s esthem RO inícii de rua fomb (Vdm e pequenos, medindo 1mm a 2mm da comprimento);

Q w n d o o # b t b 8 t 0 o r & 8 ~ m na cor kmca r fech* (Rledi* 4mm a 8mm de comprimento), num i m s b da 6 a 8 dias mtm da absrturil do botão florai.

Sob condiç6es climdticas lubrillmmio - 80,5% UR; 25,gaC; 121mm1, isewternbralnavembra - 78,7% UR, 25T; 143,2mm), o tratamento com Q benomil propiciou ganhos em produtividade e rentabilidade. Em funç8o das oondiçbes çlim8ticas, da uniformidade e da duração do periodo de florescimento das plantas no pomar, tornass necessdria, em casos excepcionais, a realiração de tr8s ou mais pulverizaq6es as quais devem visar h cobertura uniforme das infiorescencfas com os botões florais.

A efici9nciã do controle qulmtço dessa doença B sempre positiva nas plantas pulverizadas, porbm não proporciona o aumento de produção em um pomar com sarencia nutricicinal. Ao fim do perlode chuvoso, convem diminuir os principais focos de disseminaçb, colhendo e queimando os árgãos mais afetados.

O efeito do fungicids sistdrnico benomil no controle da podridPlo floral foi obtido atravds de um ensaio conduzido num pomar de laranja 'Pdra', com oito anos de idade. Pare isso foram utilizadas plantas produtivas com mais de 300 frutoslpdlano, submetidas Bs mesmas condiç8es nutricionais, na espwamento de 4,20m x 5,60rn, numa Area de 1,6ha. Essa avdiaç8o se deu atravds de um teste ds comparação de medias, computando-se o número mddio de frutos por infloresc&ncia, entre as plantas tratadas a não-tratadas. As leituras foram realizadas na ocasião em que os frutinhos estavam com aproximadamente 1,5crn a 2,Ocm de didmetro utilizaram-se 10Q gl.en2as para o tratamento e outras 100 como testemunhas.

Os resultados obtidos durante o perlodo da f lorda nos meses de abril e maio indicaram que o tratamento proporcionou um scr&scimo da 100% na retenç- de frutos; enquanto que no período da florada nos meses de setembro e novembro o tratamanto com o produto proporcionou um acréscimo de 300% na retenção de frutos, quando comparado com a testemunha (Tebela 13.

TABELA 1 NOrnero de frutos viheis por grupo de inflorechciaç

tratadas e n8o-tratadas. em duas floradaç

adas Numera médio de frutos! InfiõrescfFA-

Se~ernbrolnovt.~~ I uru

11U1U5 - idas

Os c6lculos econ8rnicos demonstram que o tratamento durante a florada nos meses da abril e maio representem um acr$iscimo na ordem de 94% por hectare. Em um gasto de R8 60,00ha, incluindo o preço do produto benornil e m g o - d ~ b r a , obteve-se o ganho de R8 220,QORia. Os resuhados eçonbmiços obtidos no mesmo pomer na florada do período de setembro s novembro, mostram um acr8scimo de 1 gmho da 188% por hectare, cujo gasto foi de R$ GO,PDfha, incluindo o mesmo tipo de despesa anterior com o ganho de R$ 780,001ha If a h l a 21.

TABELA 2 :dlculos econdmicos em plantas de laranja 'Pera',

durante duas flora6l)es

P e c l d a I a ta ia na indúClria R$ 36.00fi ou 0.007 'ruto, beco do iullg~cda R $ 35.3WLg. ou RB 0.1 24,planta 1 3 , ~ / ~ l i n t a l e p l i c a ~ b l ; M4n.ck-obra 5 , pulveriza?& RR lO,0n/disA ou R* 0,026i planta, D o s q a n 73g de wnoml~lüü litros da 6gui [para 20 plantas), Aolicãçüo: '5 itma da soluçlo:planta t7,0g de banoml/plantnl

O tratamento com fungicida na florada dos meses dei abril s maia dever8 propiciar ganhos em rentabilidade na preduçao de frutos "tempor6esW.

LiTERATURA CONSULTADA

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Fbr sadia de CYInrs sp.

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