circular técnica 06 - fertilizantes organominerais

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Circular Técnica 06 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS De acordo com a legislação brasileira, fertilizantes produzidos pela a associação entre fontes orgânicas e fontes minerais são classificados como fertilizantes organominerais. Atualmente, o MAPA tem registrado diversos fertilizantes organominerais que, em sua formulação, associam fontes orgânicas como turfas, dejetos animais e compostos orgânicos, e fontes minerais como fertilizantes solúveis e agrominerais. (MAPA, 2009). O mercado de fertilizantes organominerais cresceu a uma taxa média de 10% ao ano na última década no Brasil. Estima-se que em 2009 foram produzidas e comercializadas cerca de 3,5 milhões de toneladas de fertilizantes organominerais, a partir de matérias-primas como estercos, turfa, resíduos da indústria sucroalcooleira, farinhas de ossos e sangue, tortas diversas e resíduos agroindustriais. A maior parte desta produção é comercializada na forma de farelo ou em pó, e o consumo é concentrado praticamente ao setor da olericultura, fruticultura, perenes e floricultura (ABISOLO, 2010). Os procedimentos utilizados pela indústria brasileira são os mesmos utilizados para fertilizantes minerais, mas normalmente em menor escala. As indústrias de fertilizantes organominerais em operação no Brasil têm capacidade de produção entre 10.000 e 50.000 toneladas anuais, podendo ser consideradas médias empresas (BENITES, 2010). O uso de resíduos animais in natura resulta em baixa eficiência de utilização dos nutrientes, perdas por lixiviação e volatilização, e aumenta o risco de contaminação ambiental. Após a transformação biológica dos resíduos animais e sua associação com minerais fontes é possível produzir fertilizantes organominerais granulados com alto teor de fósforo solúvel (BENITES, 2010). Havendo um componente orgânico na adubação, a retenção de nutrientes no solo é aumentada, pois o componente orgânico aumenta a capacidade de troca catiônica. Isto proporciona menor perda de nutrientes Jorge Otavio Mendes de Oliveira Junek¹, Thayse Souza Lara 2 Maria José do Amaral e Paiva 2 Daiane Borges Martins 2 Cleidiane Glória de Morais 3 ¹EngºAgrºM.Sc. Professor do curso de Agronomia do Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXÁ 2 Engenheira Agrônomas egressa do Centro Universitário do Planalto de Araxá- Uniaraxá 3 Graduanda do curso de Agronomia do UNIARAXÁ. 1

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INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014

FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS

De acordo com a legislação brasileira, fertilizantes produzidos pela a associação entre fontes orgânicas e fontes minerais são classificados como fertilizantes organominerais. Atualmente, o MAPA tem registrado diversos fertilizantes organominerais que, em sua formulação, associam fontes orgânicas como turfas, dejetos animais e compostos orgânicos, e fontes minerais como fertilizantes solúveis e agrominerais. (MAPA, 2009).

O mercado de fertilizantes organominerais cresceu a uma taxa média de 10% ao ano na última década no Brasil. Estima-se que em 2009 foram produzidas e comercializadas cerca de 3,5 milhões de toneladas de fertilizantes organominerais, a partir de matérias-primas como estercos, turfa, resíduos da indústria sucroalcooleira, farinhas de ossos e sangue, tortas diversas e resíduos agroindustriais. A maior parte desta produção é comercializada na forma de farelo ou em pó, e o consumo é concentrado praticamente ao setor da olericultura, fruticultura, perenes e floricultura (ABISOLO, 2010).

Os procedimentos utilizados pela indústria brasileira são os mesmos utilizados para fertilizantes minerais, mas normalmente em menor escala. As indústrias de fertilizantes organominerais em operação no Brasil têm capacidade de produção entre 10.000 e 50.000 toneladas anuais, podendo ser consideradas médias empresas (BENITES, 2010).

O uso de resíduos animais in natura resulta em baixa eficiência de utilização dos nutrientes, perdas por lixiviação e volatilização, e aumenta o risco de contaminação ambiental. Após a transformação biológica dos resíduos animais e sua associação com minerais fontes é possível produzir fertilizantes organominerais granulados com alto teor de fósforo solúvel (BENITES, 2010).

Havendo um componente orgânico na adubação, a retenção de nutrientes no solo é aumentada, pois o componente orgânico aumenta a capacidade de troca catiônica. Isto proporciona menor perda de nutrientes

Jorge Otavio Mendes de Oliveira

Junek¹,

Thayse Souza Lara2

Maria José do Amaral e Paiva2

Daiane Borges Martins2

Cleidiane Glória de Morais3

¹EngºAgrºM.Sc. Professor do

curso de Agronomia do Centro

Universitário do Planalto de

Araxá – UNIARAXÁ

2Engenheira Agrônomas egressa

do Centro Universitário do

Planalto de Araxá- Uniaraxá

3Graduanda do curso de

Agronomia do UNIARAXÁ.

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por lavagem e maior aproveitamento do fertilizante pelas plantas, embora, comparados aos sintéticos os organominerais, tenham liberação mais lenta de nutrientes (CERRI, 2011).

A adubação organomineral com fertilizantes minerais obtidos por procedimentos físicos, como a moagem de rochas, vem sendo utilizada para o fornecimento de nutrientes às culturas em substituição aos fertilizantes sintéticos, que em sua maioria são obtidos de processos de grande gasto de energia.

Bissani et al. (2004) salientam que mesmo os adubos orgânicos apresentando baixas concentrações de N, P e K, quando complementados com adubação mineral, propiciam efeitos positivos às plantas, uma vez que estas aproveitam melhor os nutrientes através do sincronismo de liberação ao longo de seu desenvolvimento.

De acordo com Pelá (2005), a adubação orgânica apresenta efeito acumulativo em relação à adubação mineral em termos de produtividade de grãos na segunda safra.

Scherer et al. (1995) cita que o aproveitamento dos nutrientes contidos nos adubos orgânicos pelas plantas deve levar em consideração a taxa de mineralização e os fatores que afetam o efeito residual de cada nutriente no solo, sendo que no caso do esterco de aves, pode persistir por três ou quatro anos. Porém, Pauletti et al (2003) afirmam que ao longo do tempo com aumento gradual da fertilidade do solo, ocorrerá a estabilização dos nutrientes, e consequentemente aumento das produtividades.

Em relação às vantagens comparativas do fertilizante organomineral em relação ao uso de resíduos in natura, observa-se uma redução significativa das perdas de nitrogênio pelo uso de fertilizante organomineral em relação à aplicação superficial de resíduos de suínos e aves, uma vez que o enterrio ou injeção do resíduo no sulco de plantio reduz a volatilização de amônia. Nessa mesma lógica, o uso de fertilizantes organominerais reduz as emissões de gases de efeito estufa, representando ganhos ambientais em relação ao uso dos resíduos in natura (BENITES, 2010).

Podemos citar como vantagem dos fertilizantes organominerais em relação aos fertilizantes minerais, o fato de aqueles utilizarem como matéria-prima resíduos que são passivos ambientais de outros sistemas de produção. A atual política nacional de resíduos sólidos enfatiza a importância do reaproveitamento e agregação de valor aos resíduos sólidos. Outro ponto favorável ao setor de fertilizantes organominerais é a proximidade entre o ponto de produção de resíduos de suínos e aves e as propriedades de produção de grãos. Tal proximidade favorece o estabelecimento de empresas regionais de produção de fertilizantes organominerais, resultando em ganho em logística (BENITES, 2010).

Podemos citar outras vantagens, tais como:2

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• Proteção contra a salinidade causada pela adubação mineral;• Aumento da atividade microbiana do solo;• Redução da lixiviação de formas catiônicas;• Aumento da disponibilidade dos micronutrientes;• Melhora da estrutura de solos argilosos;• Aumento da capacidade de troca catiônica; • Aumento da capacidade de retenção de água;• Contribui com matéria orgânica e pode funcionar como

condicionador de solo. (KORNDORFER, 2013)

O uso desses resíduos para a produção de fertilizantes organominerais pode eliminar imediatamente 50% do passivo ambiental gerado pelos mesmos, e até 2020, com a ampliação da capacidade instalada para produção desse tipo de fertilizantes, pode-se chegar a amenizar o passivo ambiental das atividades de avicultura e suinocultura em até 80%. Para tanto, espera-se aumento da produção nacional de fertilizantes de base orgânica, principalmente devido ao maior consumo de fertilizantes organominerais, de 6,3 para 12 milhões de toneladas/ano até 2015 e para 20 milhões de toneladas/ano até 2020 (BENITES, 2010).Esse acréscimo na produção de fertilizantes organominerais impactará diretamente a demanda externa por NPK no Brasil, podendo represen-tar cerca de 15% do consumo total de nutrientes até 2015, e 25% até 2020 (BENITES, 2010).

Embora o fortalecimento do setor de fertilizantes organominerais não seja uma ação que reverta a dependência externa brasileira por fertilizantes e nem impacte diretamente na formação de preços de fertilizantes, os fatores ambientais e sócio-econômicos relacionados a essa atividade justificam plenamente a adoção de medidas estratégicas que estimulem esse setor (BENITES, 2010).

Referências

CERRI, C. E.. Eficiência Agronômica dos Organominerais. Palestra Fórum ABISOLO 2011.

BISSANI,C.A.; GIANELLO.C.; TEDESCO,M.J.; CAMARGO, F.A. O.. Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas. Porto Alegre, 2004, Anexo 04, p 301-302.

PELÁ, A. Efeito de Adubos Orgânicos Provenientes de Dejetos de Bovinos Confinados nos Atributos Físicos e Químicos do Solo e na Produtividade do Milho. Dissertação (Doutorado em Agronomia). Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu, SP. 2005. p.145.

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SCHERER, E. E.; BALDISSERA, I. T.; DIAS, L. F. X. Método rápido para determinação da qualidade fertilizante do esterco de suínos a campo. Agropecuária Catarinense, v. 8, n. 2, p.40 – 43, 1995.

PAULETTI, V. et al. Rendimento de grãos de milho e soja em uma sucessão cultural de oito anos sob diferentes sistemas de manejo de solo e de culturas. Ciência Rural, Santa Maria, RS, v. 33, n. 3, p. 491 – 495, 2003.

ABISOLO. Plano Nacional de Biomassa. 44ª Reunião da Câmara Temática de Insumos Agropecuários – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Palestra técnica, 16 novembro, 2010. Brasília-DF.

BENITES, V. de M. et al. Produção de fertilizante organomineral granulado a partir de dejetos de suínos e aves no Brasil. , Brasil: Xxix Reunião Brasileira de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas Xiii Reunião Brasileira Sobre Micorrizas Xi Simpósio Brasileiro de Microbiologia do Solo Viii Reunião Brasileira de Biologia do Solo. Guarapari – Es, 2010.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução Normativa no 25 de 23 de julho de 2009.Diário Ofi cial, Brasília, DF, n. 142, 28 jul. 2009. Seção 1, p. 20

Diogo Aristóteles Rodrigues

Gonçalves¹

Rafael Tadeu de Assis¹

Verônica Máximo²

¹Engº Agrº M.Sc. Professor do

curso de Agronomia do Centro

Universitário do Planalto de

Araxá – UNIARAXÁ

²Graduanda do curso de

Agronomia do UNIARAXÁ

COMITÊ DE PUBLICAÇÕESCoordenador: Dr. José Carlos da SilvaMembros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de Assis, Jorge Mendes de Oliveira Junek, Carlos Eugênio Ávila Oliveira, Paulo Fávero de Fravet, Paulo José da Silva Leite e Diogo Aristóteles Rodrigues Gonçalves.Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges AssisNormalização bibliográfi ca: Maria Clara FonsecaE-mail: [email protected] Versão eletrônica, junho de 20141ª impressão (2014): 100 exemplares

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