ciÊncias agrarias · eng. agr." e silv. borges leitão exproaval - lisboa prof. doutor nuno...

12
;i @i'.fj·c:;.:, .. . - ' . REVISTA - , , . !"- , . . DE CIÊNCIAS AGRARIAS VOLUME XXII NÚMERO 2 Abril-Jun. 1999 SUMÁRIO TERESA M. CORREIA. RAMIRO C. VALENTIM, JORGE AZEVEDO e ALFREDO TEIXEIRA - Acção do "Efeito Macho" e do "Efeito Fêmea" so bre Ovelhas da Raça Churra Galega Bragança na duralllc o Período de Anestro $,lzonal 3 IS ABEL D E. MARIA C. G. MOURÃO Utilização de Filmes PI<Íslicos na Cobertura Direc ta de Culturas Olerícolas: II - Efeitos no Crescimento e Desenvolvimento da Couve Bróco \o (Brwisictl o/eHlcm L. varo llafim Plcnk) 13 H.M.O. AZEVEDO, M.M.P.M. NETO, M. NEVES and A . DE V ARENNES - Cadmium Acculllulation and Distributi on in Threc LC tl llCe Cuhi vars RAQUE L V ENTURA LUCAS- Caracterização Técnico-Económica dos Sistemas de Produção de Ovinos do Alentejo CLÁ U DIA CERVEIRA , MÁRIO Lo uçA , A NT ÓN IO MANUEL l'v1."'DEIRA e MARGARIDA TOM É - Influência de Técn ic as de Instalação e Condução do Eucaliptal na Diversidade da vegeta- ção sob Coberto . . LUIS GOUL,\ O, LLIJS/ \ MOt\TE -CORVO, MARIANA MOTA, DU LC E SILV,\ e O<'I SlINA OLIVE IR A - Caracterização de Culti vare s de Macieiras ( Ma/us pI/mi/a Mil!.) e de Pereiras (Py rus spp.) 27 35 49 por amplificação aleatória de DNA (RAPD) 65 JOS E PEDRO ARAU JO. J ORGE COLO. J ÚLIO C!3 SAI< LOPES e VASCO CADA VEZ - Ut ili zação de ReprodUlores Masculinos de raça Bo vina Barrosã e Determinação da sua COll sangui- nidade TEMAS TROPICAIS JACINTO CA lmI ço - Uso e posse da teITa pelos Sectores Públ ic os e privado . v Á R IA PEDRO AMAIW, A Protecção llllegrada, Estratégia a Privilegiar em Agricultura Sustent<ívcl Agrotrópica .. ............ .. ... ......... ...... . Africana Medicine Tradit io nnelle au Centre et a L'üue st de L'Angola . . Taxonomia de Géneros da Tribo GCllislcac Euro: Uma Realidade Cada Vez Mais Próxima Errata (Vo!. XX , n.o4, 1997) H3 99 121 1 39 140 141 1 43 147 151

Upload: others

Post on 23-Jul-2020

5 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: CIÊNCIAS AGRARIAS · Eng. Agr." e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real Prof. Doutor

;i@i'.fj·c:;.:, .. ,;íy:fB~~ti ;.?_~'~." . ~,;\. - ' . REVISTA ~~, - , , .

• !"- , .

. DE CIÊNCIAS AGRARIAS

VOLUME XXII NÚMERO 2 Abril-Jun. 1999

SUMÁRIO

TERESA M. CORREIA. RAMIRO C. V ALENTIM, JORGE AZEVEDO e ALFREDO TEIXEIRA - Acção d o

"Efeito Macho" e do "Efeito Fêmea" sobre Ovelhas da Raça Churra Galega Bragança na

duralllc o Período de Anestro $,lzonal 3

IS ABEL DE. MARIA C. G. MOURÃO ~ Utilização de Filmes PI<Íslicos na Cobertura Directa de

Culturas Olerícolas: II - Efeitos no Crescimento e Desenvolvimento da Couve Bróco\o

(Brwisictl o/eHlcm L. varo llafim Plcnk) 13

H.M.O. AZEVEDO, M.M.P.M. NETO, M. NEVES and A . DE V ARENNES - Cadmium Acculllulation

and Distribution in Threc LCtl llCe Cuhi vars

MAI~IA RAQUEL V ENTURA LUCAS- Caracterização Técnico-Económica dos Sistemas de Produção de Ovinos do Alentejo

CLÁ UDIA CERVEIRA, MÁRIO LouçA, ANTÓN IO FAI3L~O . MANUEL l'v1."'DEIRA e MARGARIDA TOM É -Influência de Técn icas de Instalação e Condução do Eucaliptal na Diversidade da vegeta­ção sob Coberto . .

LUIS GOUL,\O, LLIJS/\ MOt\TE-CORVO, MARIANA MOTA, DULC E SILV,\ e O<'ISlINA OLIVEIR A -Caracterização de Culti vare s de Macieiras (Ma/us pI/mi/a Mil!.) e de Pereiras (Pyrus spp.)

27

35

49

por amplificação aleatória de DNA (RAPD) 65 JOSE PEDRO ARAUJO. JORGE COLAÇO. JÚLIO C!3SAI< LOPES e VASCO CADA VEZ - Utili zação de

ReprodUlores Masculinos de raça Bovina Barrosã e Determinação da sua COllsangui-nidade

TEMAS TROPICAIS

JACINTO CAlmIço - Uso e posse da teITa pelos Sectores Púb licos e privado .

v Á R IA

PEDRO AMAIW, A Protecção llllegrada, Estratégia a Privilegiar em Agricultura Sustent<ívcl

Agrotrópica .. ............ .. ... ......... ...... . Africana Medicine Tradit ionnelle au Centre et a L'üuest de L'Angola . . Taxonomia de Géneros da Tribo GCllislcac

Euro: Uma Realidade Cada Vez Mais Próxima Errata (Vo!. XX , n.o4, 1997)

H3

99

121 139 140 141 143

147 151

Page 2: CIÊNCIAS AGRARIAS · Eng. Agr." e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real Prof. Doutor

SOCIEDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DE PORTUGAL

Rua da Junqueira n.O 299 - Tele!. 3633719 1300 Lisboa - Portugal

http://a9rieultura.isa. ull. pI/se ap

Director:

Eng . Agr. " Rafael Monjardino

Comissão de Redacção:

Eng. Agr. " A. Pimenta de Castro Eng. Agr. " Manuel A. P. Monteiro Marques Eng. Agr. " J . Maltas Coelho

Conselho Científico:

Coordenador do Conselho:

Prof. Eng. Agr. " J. Mendes Ferrão Instituto Superior de Agronomia - Lisboa

Prof. Eng. Agr. " Pedro Amaro Instituto Superior de Agronomia - Lisboa

Prof. Doutor Francisco Avilez Instituto Superior de Agronomia - Lisboa

Eng. Agr. " e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa

Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real

Prof. Doutor Carvalho Guerra Universidade Católica Portuguesa - Porto

Depósito legal n.o 125074/98 ISSN: 0871-018X

Registo no Ministério da Justiça - Secretaria Geral

Publicação periódica 118581

Propriedade de publicação 218580

Composto e impresso por Tipografia Guerra, Viseu

Reprodução autorizada com referência à origem.

Prof. Doutor Santos Oliveira

Universidade Nova de Lisboa - Lisboa

Prof. Doutor Luis dos Santos Pereira

Instituto Superior de Agronomia - Lisboa

Prof. Eng. Agr. o Pedro Aguiar Pinto

Instituto Superior de Agronomia - Lisboa

Prof. Eng. Agr.o António Guerra Reffega

Instituto Superior de Agronomia - Lisboa

Prol . Doutor Cândido Pinto Ricardo

Inst ituto Superior de Agronomia - Lisboa

Prof. Eng. Agr.o Quelhas dos Santos

Instituto Superior de Agronomia - Lisboa

Prof. Doutor Eugénio Sequeira

Estação Agronómica Nacional - Oeiras

Prof. Doutor Arnaldo Dias da Silva

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

- Vila Real.

Prof. Arq. Paisag. Gonçalo Ribeiro Teles

Universidade de Évora - Évora

A REVISTA DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PEDE PERMUTA DÉSIRE L'ÉCHANGE EXCHANGE DESIRED

Preço deste número - 1000S00 Assinatura anual - 6000800

Preço de capa de números anteriores, actuali­zado em lunção do ano da sua publicação

Aos sócios da SCAP a Revista é distribuída gra­tuitamente

Horário de funcionamento da Secretaria 2.a a 6.a Feiras - 14 às 17,30 horas

.1

Page 3: CIÊNCIAS AGRARIAS · Eng. Agr." e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real Prof. Doutor

ACÇÃO DO "EFEITO MACHO" E DO "EFEITO FÊMEA" SOBRE OVELHAS

DA RAÇA CHURRA GALEGA BRAGANÇANA DURANTE O PERíODO

RESUMO

DE ANESTRO SAZONAL

POR

TERESA M. CORREIA' , RAMIRO C. VALENTIM' , JORGE AZEVEDO ", ALFREDO TEIXEIRA'

Este es tudo teve como princ ipa l objecti vo quantificar a acção re lativa do "efe ito

macho" c do "efe ito femea" sobre a interrupção do ancstro sazonal de ovelhas da raça

Churra Galega Bragançana. Procu rou-se ainda co lher alguma in formação sob re se o

"efeito fê mea" resulta da produção de feromollas feita pelas ovelhas cm c io ou de modifi­

cações que estas induzem no comportamento sexual dos carneiros .

Um grupo de 131 ove lhas da raça Chu rra Galega Braga nçana , com idades com ­

preendidas e ntre 2 e 5 anos , foi inicialmente utili zado na realização deste ensaio . As que

se encontravam em ,mestra sazonal foram div ididas em quat ro grupos e sujeitas a trata­

mentos di stintos: A (n=20) - "efe ito macho" , B (11=19) - "e feito macho"+"efe ito

fêmea" : C l n= 19) - "e fe ito macho" +"cfe ito fêmea" (o carne iro foi impedido de entrar

em contacto directo com as ovelhas) e D (n=19) - "efe ito fêmea".

Aquando do in ício deste trabalho, 58% das ovelhas encontravam-se em anestro sazo­

nal. O "e fe ito macho" foi o pr incipal fuc lor desencadeador da inte rrupção do ,lI1estra sazo­

na i das ovelhas . O "e fei to fêmea" consti tuiu um fraco indutor da interrupção des te mesmo

tipo ele .mestro. Nes te sentido , as feromonas produzidas pelas ovelhas em c io induzido

pouco efe ito ti ve ram sobre a interrupção do pe ríodo de anestro sazonal.

* Esco la Superior Agdria de Braga!H.;a (Á rea de Zootcen ia).

** Universidade de Trjs-os- Monte ~ C Al to Douro - Secção de Zootec nin - Apart:1.do 202. SOOI Vi lJ Real. Codex - Pon ugal.

Re vista de Ciên cias Agnírias - Vol. XX II - N,O 2 - 1 ~99.

Page 4: CIÊNCIAS AGRARIAS · Eng. Agr." e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real Prof. Doutor

4 RE VISTA DE CIÊNCIAS AGRÁ RI AS

MALE ANO FEMALE EFFECTS ACTION ON CHURRA GALEGA BRAGANÇANA ANOESTRUS EWES

ABSTRACT

The main objective af this slUdy was lO know the imponallce af lhe mate anel remale effecls 011 the interruptioll af lhe seasonal anoestrus af ewes from lhe Churra Galega Bra­gançana breed.

The oestrou s ac ti vi ty af 131 adult ewes (2-5 years ald) was cvaluated at lhe begin­ni ng af May. The anoestrus ewes \Vere then divided into faur different groups: A (n=20) - male ctIeel. B (n= 19) - male cffcCI+female effecI, C (n= 19) - male cffeel+fcn,de

cffeeI (lhe difect contacl betwcen lhe ram anel lhe ewes was 110L allowcd) and D (11= 19) -remale effecl.

AI lhe begilllling af th is study, 58% of lhe ewes presenteei no oestrous activ ity. The

male effcct was lhe main factor in volvcd in lhe intcITuption af the seasonal anoestrus of lhe ewes. The fcm ale effect action was qu ite poor.

INTRODUÇÃO

Os estímulos sociais . provenientes de anima is da mesma espécie , podem influenciar a ciclicidade ovárica nos ungulados em geral (GRU13B e JE\VEL, 1973. MARTIN el aI .. 1980 e CHEMINEA U, 1983) e nas ovelhas em particular (UNDER\VOOD ef ai .. 1944, WA YNE ef (II ..

1988 e O'CAUAGAN ef ai., 1994). As ovelhas que não estão sujeitas au est ímulo do roto­

período (pinealectomizadas) podem sincronizar o início da sua estação reproduli va com a época normal (WA YNE ef ai. , 1989) , quando em conülclo com aquelas que respondem ao fo toperíodo (CLEGG el ai., 1964 e GRUBB e J EWELL, 1973). Contudo , a longo prazo , a ac ti ­vidade reproduti va das ovelhas pinealec tol11izadas deixa de ser coincidente com a das ove­lhas normais (LINCOLN, 1979, LEGAN e K ARSCH, 1983 e WAYNE el a{" 1988) .

A introdução conjunta de carneiros inteiros e de ovelhas cm cio ("efeito fêm ea"), junto de um rebanho de ovelhas em anestro sazonal. parece melhorar significati vamentc a resposta destas ~I bio-estimul ação (KNIGHT, 1985, ROBI NSON, 1985, KENNAWAY el (lI ..

1987 , W A YNE el a{" 1989 e O 'CALLAGHAN, 1994). Porém, a presença apenas de ovelhas

cm cio (ausência completa de machos) é incapaz de induzi r a actividade ovárica cm ove­

lhas anéstricas (KNIGHT 1985). ZARCO el ai. ( 1995) discordam desta afirmação. uma vez que observaram a ex istência de uma estimu lação directa fêmea-fêmea, provavelmente mediada por es tím ul os olfactivos , vi sua is e/ou auditivos. Pnra O'CA LLAGHAN ( 1994), () "efe ito fêmea" resulta fundamentalmente ele estímulos sociai s. No mesmo sent ido. K NIGHT

( 1985) afirma que o pape l das ovelhas em cio é o de estimu lar os machos , que , por seu turno, est imulam de lima forma muito mais efic iente as ovelhas anéstricas. N UGENT c NOT­TER (1990) arirmam igualmcmc que este fenómeno resu ha do faelO dos carneiros dispen-

Page 5: CIÊNCIAS AGRARIAS · Eng. Agr." e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real Prof. Doutor

AcçAo DO "EFEITO MACHO"' E DO "EFEITO FI~MEA"' SOBRE OVELHAS 5

derem mais tempo fi procura e a cortejar as ovelhas cm cio, produzindo desta forma UIll

estímulo adic ional sobre a interrupção do anestro sazonal das restantes ovelhas.

Neste trabalho procurou·se quantificar a acção relativa do "e feito macho" e do "e feito

rêmea" sobre a interrupção do ;mestro sazonal das ove lhas da raça Churra Galega Bragan­

çana . Procurou-se ainda col her alguma informação sobre se o "efeito fêmea" resu lt a ela

produção de feromoll ils real izada pelas ovelhas em cio ou de modificações que es tas indu­

zem no componamento sex ual dos carneiros .

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi rea lizado na Qu in ta de Santa Apo lónia. pCrlCnCenle JI Escola Superior

Agrária de Bragança (ESA B: latitude 4 10 49 ' N , longitude 60 40 ' W c alti tu de 720

metros), no mês Maio de 1996. Todos os animais utili zados foram alimentados com fenos

de prado na tu ra l e ul,na média de 300 a 500 g/dia de alimento concentrado come rcial.

Animais

Utilizou-se um grupo de 13! ove lhas da raça Churrn Galega Bragançana , com idades

compreend idas entre os 2 e os 5 anos. Previamente. por um período de tempo superior a

2 meses , Iodas as ovel has roram mantidas totalmente separ~ldas dos machos. Alguns dias

an tes deste trabalho ter tido início, procu roll-se conhecer o es tado fi siológico das ovelhas

seleccionadas. Assim. depois de reti rar do es tudo todas aq uelas que apresentavam activi­dade oV<.lric;:\ completa. procedeu-se à d ivisão elas restantes em quat ro g rupos di stintos:

A - Vime VI ·eIltas c UIll carnei ro vascctom izado.

B - Dezw/Uve ovelhas. um carne iro vasectomi zado e uma ove lha castrada em c io

induzido.

c - Dezallove o l'clhas. um carne iro vasectom izado e uma ovelha castrada em c io

induzido. Contudo, neste grupo , o carne iro não esteve em contaclO directo com

as ovelhas; roi mantido no compartimento das ovelhas separado destas por cer­

cas fe itas com rede de metal.

o - D e:allol'e U\ 'e/l/{l~i e uma ovelha cas trada em cio induzido.

Nas ovelhas cas tradas , o cio foi induzido através da administração intramuscu lar,

cada dois dias. de uma solução oleosa de 5 mg de benzamo de es tradiol (50.000 Unidades

Ben zóicas In ternaciona is). A primeira administração Co i fe ita 24 horas antes deste ensa io

ter tido início. Os carne iros vasectomizados e as ove lhas castradas em cio induzido foram in trodu­

zidos nos diferentes grupos por volta elas 9 ho ras da manhã.

Page 6: CIÊNCIAS AGRARIAS · Eng. Agr." e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real Prof. Doutor

6 REV IST A DE CIÊNC IAS AGRÁR IAS

Determinação do estado fisiológico das ovelhas

Com 11 intenção de ve ri ficar se as ovelhas estudadas eSlavam ou não em ;lIles tro sazo­

nal , li ma semana ames do início deste trabalho foram fe itas, pe la manhã . com 4 dias de

intervalo, duas recolhas de sangue periférico CO I11 o auxíl io de l ubos de ensaio vacuoni za­dos e heparinizados , através de punção da veia jugular. Após a centrifugação do sangue , fi 3.000 Lp .m. , durante 15 minutos, procedeu-se à separação do sobrenadante , ou seja, do

plnsma sang uíneo. A técn ica de RIA utili zada na determinação dos níveis plasmát icos de

progesterona foi a indicada pelo fabricant e cios " kits" C" Diagnostic Products Corpo­

ration"), Os coefi c ientes médios inter e intra-ensa io observados foram. respectivamente,

de 7.4 e 3.9% . Considerou-se que as ovelhas se encontravam em activ idade sex ual sempre que. em

qua lquer uma das duas recolhas de sangue realizadas . os níve is plasmáticos de proges le­

rona se mostrassem superiores a 0 ,5 ng/ml.

Determinaçãô do peso corporal

Semanal mente. as ovelhas for<'ll11 pesadas el11 lima ba lança C0111 jaula (sensibilidade mínima de 100 gramas).

Detecção dos cios

A fim de se proceder à detecção das fêmea s CI11 cio (Grupos A e B). equiparam-se os carneiros com arneses marcadores. Estes permaneceram junto das ovelhas durante todo o ensaio .

Determinação da actividade ovárica

Três. dez e vinte dias após a ap licação completa dos tratamentos atrás referidos pro­

cedeu-se ao estudo da act ividade ovát ica por laparoscopia. Depois de um jejum de al imentos sólidos de 36 horas e de alimentos líquidos de 24

horas, as fêmeas foram preparadas para a rea lização da laparoscopia. Nes ta preparação in­c luiu-se a administração in travenosa de um tranqui lizante fe ito à base de lima solução a

2% de xilazina , na dose de 0 ,3 mI/animaI. a administração em vários planos da parede abdominal de um anestés ico local fei to à base de uma so lução a 2% de lidocaína , na dose de 5 mi/animaL e a admi nistração intra-muscular de tcrram ici na LA, na dose de 5 mi /ani­

mal. Posteriurmente , os animais foram colocados, em decúbito dorsal e de cabeça para bai xo, sobre lima maca inclinada a 45 °. Uti li zou-sc UI11 Iaparoscóp io KARL STORZ COI11

fonte de luz fria (modelo 482) e Ullla lenle 2603 IA (O ' ) .

Análise estatística

No sentido de identificar diferenças estatisticamente signi ficativas entre alguns parâ­

metros, efectuaram-se anál ises de va riânc ia (STEEL e T ORR IE, 1980). A comparação entre

Page 7: CIÊNCIAS AGRARIAS · Eng. Agr." e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real Prof. Doutor

ACÇÃO DO "EFEITO MACHO" E DO " EFEITO FEMEA" SOBRE OVELHAS 7

médias realizou-se segundo o teste de BonfelTonilDunn (DUNN. 1961) . Com o intuito de

se compararem frequências, utilizou-se o leste do X2 (SNEDEOOR e COCHRAN, 1980) .

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No início do mês de Maio, 58% das ovelhas es tudadas estavam em anestro sazonal. No trabalho desenvolvido por CORI~EIA (1996). relati vo a observações realizadas no ano de 1994, com fêmeas da mesma raça . este valor rondou os 65 %. Esta diferença não tem qual­quer significado estatístico (X2= I.O; P>O,05). ou seja, a percentagem de ovelhas que no mês de Maio de 1994 se encontravam em ;:mestro foi estat isticamente igual à observada no mesmo mês de 1996.

Acções da idade e do peso corporal

Aquando do início deste trabalho , a idade e o peso corporal médios das ovelhas que constituíam os diferentes grupos eram estatisticamente iguais (P>O,05). Durante o período de estudo , o peso médio das ove lhas pertencentes aos distintos grupos avaliados não variou de forma estatisticamente significativa (P>O ,05).

A idade e o peso corporal nunca afectaram significativamente o número de ove lhas que responderam à aplicação dos tratamentos ou o número de ovelhas que apresentaram cio (1)>0,05).

O efeito conjunto da idade e do peso sobre a ac ti vidade ovárica total (de ambos os ovários) e do ov~írio direito não pode ser determinado, uma vez que a interacção entre estes dois factores foi estatisticamente significariva (P~O ,05). Da aq'ão conjunta da idade e do peso sobre a acti vidade do ovário esquerdo, apenas ao segundo coube um papel estati sti ­camente significativo (PsD,05). Também indi vidualmente, a idade nunca afectou signifi­carivamente a acti vidade ovárica das ovelhas es tudadas (P>O,05). Indi vidualmente, o peso apenas modificou significativamente a acti vidade do ovário esquerdo (P:s:O,05 ). Tendo em conta o nível de significância encontrado e a não ex istência de uma explicação fisio lógica plausível para a ocorrência deste facto , pensamos que ele é fruto do acaso.

Resposta das ovelhas à aplicação dos tratamentos

A percentagem cle ove lhas pertencentes aos g rupos A (80.0%), B (83,3%) c C (73,7%) que respondeu à apli cação do~ tratamentos n5.o diferiu significativamente (P>O,05). Contudo, o valor desta percentagem observado no grupo D (26 ,3%) diferiu sig­ni ficativamente cios registados nos grupos A (X2=5S.5: P"O.OI) B (X2=65,5: P"O.OO I) e C (X2=46,1: P"O.OO I). Neste senlido , tudo indica que a acção do "efeito macho" sobre o rei níc io da ac ti vidade reprodutora sazona l das ovelhas Churras Bragançanas não fo i significativamente potencializado pela junção simultânea de ove lhas em cio induzido. Por outro lado, isoladamente, o "efeito fêmea" foi o pior inclutor da interrupção do anes­Iro sazonal.

Page 8: CIÊNCIAS AGRARIAS · Eng. Agr." e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real Prof. Doutor

8 REVI STA DE CIÊNC IAS AGRÁRI AS

QUADRO I

Perccnt~lgcns das ovelhas que apresentaram um primeiro ciclo ovárico de duração normal ou curta, tendu cm conta o grupo a que pertenciam

Grupo J: cido turto I" ciclo nonmll

A 56.2% 43.8%

B 40.0% 60.0%

C 69.2 % 30.8%

D 100.0% 0.0%

CUSf-I\VA el ai. ( 1992), no anigo em que apresenlaram dados recolhidos em Maio de 19:-:7 e 1988 . em Davi s (Califórn ia). com ovelhas Targhee. Mcrino de Rambouitlct.

Merino de Rambouillet x Finnish landrace e Merino de Rambouille t x Dorset, verificaram

que a percentagem ele ovelhas que responderam ao "efeito macho" variou entre 68 c 9 1 % .

No estudo desenvolvido por M ARTIN el aI. ( 1985) cm meados de Junho , cm Nouzi ll y (França), a resposta de ove lhas anéstr icas Romanov e Préa lpes-du-Sud à introdução dos carneiros (feita pela manhã) foi , respecti vamente , de 50 e 96%. Neste sentido. a resposta

das ovelhas Churras Bragançallas anéstr icas ao "efeito macho" Illostrou-se Illuito idêntica às melhores respostas encont rada pelos au tores acima mencionados.

Todas as ovelhas que responderam aos tratamentos ap l icados rea lizaram uma segunda ovulação. Porém. as percentagens re lativas de ovelhas (Quadro 1) que rea li zaram um primeiro ciclo ovárico de duração normal OLl curta variaram cm função do grupo a que

estas pertenciam (X'= 86,8; P"O ,OOO I. Quadro 11 ).

QUADRO II

Valores de X2 3lc3nç~ldos nas comparações das percentagens relativas de ovelhas que realizllram um primeiro ciclo ov:irico de duração normal ou curta

A Il C J)

A I PsO.05 1'>0.05 PsO.OOOI B 5.1 I PsO.OOOI PsO.OOOI C 3.6 17.0 I PsO.OOOI D 56.4 85 .7 36.7 I

A percentagem de ovelhas que apresentaram um primeiro ciclo ovárica de duração normal foi estatisticamente igual nos grupos A e C . A percentagem de ovelhas do grupo B que realizaram o seu primeiro ciclo oVi.lrico de duração norma l l'oi sign ificati vamente superior à observada nos restantes grupos. Todas as ovel has do grupo O apresentaram um primeiro c iclo ovárico de curta du ração. Tendo em conta os resu ltados alcançados . a teo­ria de NUGENT e NO'ITER (1990). segu ndo a qual a acçJo conjunta do "e feito macho" e do

"efeito fêmea" resulta de modificações que as ovelhas em cio induzido promovem no

Page 9: CIÊNCIAS AGRARIAS · Eng. Agr." e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real Prof. Doutor

ACÇÃO 00 "EFEITO MACHO" E DO "EFEITO FÊMEA" SOBRE OVELHAS 9

co mportamento dos carne iros , não ficou c la rame nte confirmada. Na verdade, se por

um lado a percentagem de ove lhas que respon deram aos tratamentos apli cados foi

es tatisticamente igual nos grupos A. B e C, por outro apenas no grupo cm que foi

permit ida a livre interacção comportamenta l entre o carne iro vasec tomizado e a ovelha

castrada em c io induzido (grupo B) observou-se lima melhoria qua litat iva na respos ta pro­

duzida.

Per se. o "efeito fêmea" conduziu a uma resposta algo deficiente. De um modo geral.

os resu ltados observados neste trabalho es tão de acordo com os alcançados por O'C,\L­

LAGHAM el ai. (1994) , mas não vêm ao encontro dos verificados por ZARCO el ai. (1995). Na verdade, O'CALLAGHMvl el ai. ( 1994) observaram que o "efeito macho" induzia a acti·

v idade ovárica n<l fase fi nal do período de anestro sazon<ll. Pe lo contrário, estes autores

veri ficaram que o "eFe ito fêmea" não alte rou s ign ificati vamente este parfl me tro . No traba­

lho desenvol vido por ZARCO et 01. ( 1995) . a junção de ovelhas e m c io induzido com ove­

lhas anéstricas afectou signi ficativamente a activ idade ovárica e as manifestações de c io

des tas últimas. Em nosso entender , os diferentes resu ltados observados lno nosso trabalho

e no de O'CALLAGHAM el ai . ( 1994). por um lado. e no de ZARCO el ai. (1995), por OU Iro]

poderão estar relacionados com diferenças na pe rcentagem de ove lhas em cio induzido que

fo ram introduzidas junto das ovelhas anéstricas - 5%, 10% e 50%, respect ivamente no

11 0SS0 trabalho. 110 de O'CALLAGHAM el 01. ( 1994) e no de Z ARCO el ai. ( 1995).

Manifestações de cio

Neste ensaio. aq uando da primeira ov ul ação pós· tratamento, ne nhuma das ovelhas

pertencentes aos g rupos A e B manifestou cio. MARTIN et aI. ( 1985) referem que 84% das

ovelhas Préalpes·du-Sud manifestaram c io aquando da primeira ovu lação pós- introdução

do carne iro . Neste sentido , é possível que no decurso do mês de Maio o anestro sazonal

das ovelhas Préalpes-du-Sud seja menos marcado do que o das ovelhas Churras Bragan­

çanas. No trabalho reali zado por CORREIA el ai. ( 1996) , no mês de Junho, 41 % das ovelhas

Churras Bragançalléls apresen taram cio aquando da primeira ovulação pós·introduçào cio

carne iro.

Nas ovelhas dos g rupos A e B, a segunda ovulação pós- tratamento, independente­

mente de se ter produzido após um prime iro cic lo ovárica curto ou de duração norma l,

nunca fo i acompanhada de c io. No estudo desenvolvido por CORREIA et aI. ( 1996), n

duração do prime iro c iclo ovárica pós· traramcnlo afectou s ign ificali vamente a per­

centagem de ovelhas que apresenta ra m s ina is de (ciclo c urto: 18% \IS. c iclo normal:

36% ; X2=4 6; P"Q,Q5) .

De acordo Cam estes resultados, o ancstro sazonal das ovel has Churras Bragançanas

foi mais marcado no mês de Maio de 1996 do que no mês de Junho de 1995. Segundo

CORREIA ( 1996), o anes tro sazonal destas ovelhas é normalme nte mais elevado no mês de

Ma io do que no mês de Junho.

Page 10: CIÊNCIAS AGRARIAS · Eng. Agr." e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real Prof. Doutor

10 REV ISTA DE CIÊNCI AS AGRÁRIAS

Actividade ovárica

Neste ensaio, a taxa ovulatória média total das ovelhas estudadas foi de O.9±O.7. No

trabalho desenvolvido por CORREIA el ai. ( 1996), o valor desta taxa fo i de I ,2±0 ,9. Do ponto de visla estatístico. esta d iferença não é significati va (P>O,05). Tendo presentes todos os dados até aqui refe ridos. fi ca-se com a ideia de que o .mestra sazonal das ovelhas Churr<ls Bragançanas afec ta essencialmente a percentagem de fêmeas que apresentam actividade ovárica e o número das que apresentam sinais de cio. A qualidade da act ividade

ovári cí.l parece ser a menos afectada. No conjunto des te trabalho, a acti vidade do ovário di re ito foi igual à do ovár io

esquerdo (1)>0,05) (Quadro Ill ). As melhores taxas ovulatórias talai e do ovário esquerdo foram observadas após a ocorrênc ia de um primeiro cic lo ovárica curto.

Q UADRO 1II

Taxôls ovulatúrias (total c por ovário) observadas na primeira e segunda ovulação pós-tratamento

Ciclos pôs~tratamcnto

I.a ovu lação

2 .a ovu lação (após 1: cic lo cuno)

2.a ovulação (após 1.° c iclo no rmal) , .

a=a, pam P>O,05 (ellt re ovanos) . x;ty, pnra P:sO,OS (cntre ovulaçõcs) .

O V1írio esquerdo Ovnrio direito

(X±sc) (hse)

O,3:l-'±O,1 O,;:u±O,1

O.7:l,Y±O,1 O,6:1.X ±O ,1

OJa-'±O,1 O.4;l,X±O.l

Total

(x±se)

O.8' ±O.1

I.3>±O,1

O.7x±02

Os tratamentos aplicados alteraram, pontualmente , a actividade ovárica total ou por

ovário das ovelhas Churras Bragançanas (Quadro IV) . No momento em que se produziu a I.a ovu lação pós- tratamento. as ovelhas pertencentes aos grupos A e B ovu laram mais do

que as ovelhas do grupo D (P.:s;O ,05), Esta d iferença desapareceu aquando da realização da

2." ovu lação (pós-cic lo curto : P>O,05). É possível que estes dados reflictam uma maior

dificuldade inicial das ovelhas do grupo D c m responder ao tra tamento ap licado. Contudo.

aque las que acabaram por responder, poste riormente , aquando da 2.a ovulação, passaram a comporlar-se de uma forma idêntica à das ovelhas dos grupos A e B. Na 2.01 ovu lação

(pós-c ic lo normal), as ove lhas pertencentes ao grupo B ovu laram menos do que as ove lhas

dos grupos A e C (P,;O,05 ). Porque não ex iste qualquer explicação fisiológica plausível para este facto , acred itamos que ele é fruto do acaso.

As taxas ovulatórias total e por ovário variaram, pontualmente, em fu nção da ovu la­

ção considerada (Quadro IV). As ovelhas do grupo B apresentaram taxas ovulat6rias idên­ticas na I .a e na 2.;1 ovulação pós-ciclo curto (P>O,05). Nestas a lturas, as ovelhas deste

grupo ovularam mais cio que na 2. iI ovulação pós-c ic lo normal (P.:s;O ,05), Porque também

aqu i não há uma ex plicação f isiológica plausível para a ocorrênci a deste fenómeno , cre­mos que e le é fruto do acaso .

T

Page 11: CIÊNCIAS AGRARIAS · Eng. Agr." e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real Prof. Doutor

ACÇÃO DO ··EFEITO MACHO·· E DO ··EFEITO FÊMEA·· SOBRE OVELHAS

QUADRO IV

Taxas ovuhltórhls total e por ovário produzidas em resposta aos tratamentos aplicados

Ciclos pós-tratamento

1.'1 ovulação

2.a ovulação (após 1 .. ciclo curto)

2 .a ovulação (após I ." ciclo normal)

O"ário esquerdo Grupo (x±sc)

A

B

C D

A

B

C

D

A

B

C

D

0,2a.x±O,1

O,4'l.X±O.!

O,4a.x±O,l

0,2a.x±O,1

O,6a ··\±0.2

OJa,aO,3

O ,8:1b.x±O, I

Q,8 a ··\±O,5

O,6~l.XY±O,2

0.1 a.x±O.l

1,3b·Y±O,3

Para o mesmo grupo: a:;tb. para P:::;O,05 (entre ovulações). Para a mesma ovulação: x;ty, para P~O,05 (entre ovu lações).

CONCLUSÕES

Ovário direito (X±sc)

O,8a.x±O,1

O.6a··\y±O.l

O,S,I,XY±O,l

O,2a·aO.]

Q,8a ,x±O,1

O.7a.x±0.2

OAa.x±O,2

O,5a ,x±O,3

O,7a.x±O.2

O,3a.x±0.2

O,Oa.x±O.o

Total (x±sc)

l,Ou.x±O,1

1,O'lo.x±O.1

O$l.xy±O,1

0,4a·y±Q,2

1,3 a.x±O.2

1 ja.x±O,2

l.2a.x±O. !

l ,3a.x±OJ

1 JLX±O.2

O,4a·y±O.l

J ,3 b.x±Q,6

II

Tendo em conta as condições em que este trabalho foi desenvolvido. a metodologia

empregue e os resultados conseguidos, pensamos ser possível extrair as segu inte con­

clusões:

~ No início do mês de Maio, 58% das ovelhas encontravam-se em anes tro sazonal.

Este anestro era algo marcado.

~ O "efeito macho" foi o principal factor desencadeador da interrupção do ,mestra

sazonal das ovelhas estudadas. ~ Per se. o "efeito fêmea" constituiu um fraco indutor da interrupção do anestro

sazonal das ovelhas Churras Bragançanas. Por outras palavras, as feromonas pro­

duzidas pelas ovelhas em c io induzido pouco efeito tiveram sobre a interrupção do

anestro sazonal . - O contacto directo entre o carneiro vasectomizado e a ovelha em cio induzido ape­

nas melhorou a resposta das ovelhas anéstricas ao "efeito macho", no que refere à duração do primeiro ciclo ovárica pós-tratamento.

Page 12: CIÊNCIAS AGRARIAS · Eng. Agr." e Silv. Borges Leitão Exproaval - Lisboa Prof. Doutor Nuno Tavares Moreira Universidade de Trás-os-Montes e Alio Douro - Vila Real Prof. Doutor

12 REVISTA DE CIÊNCIAS AGRÁR IAS

BIBLIOGRAFIA

CHEM INEAU. r .. 1983. Erfect on ocslrus':md ovulation o f expos ing Creole goal s [O lhe male al lhree times o r lhe year. 1. Rep/"od . Feri .. 64. 65.

e LEGO, M.T" COLE. H.H . e GANONO. W .F .. [964. Tlle role 01' Jighl in lhe regulal ioll 01' cyd ica l estrollS

activit y in shccp . USIJA Misc. PI/bt., 1005 .96. CORREIA. T .M .. VALENTI ~ 1. R.C.. TEIXEIRA. A .. AZr::VEOO. 1. e JORGE. J. Acção de diferentes tralamentos

com o "efeito macho" sobre o rein íc io da aCli vidade ovúrica sazonal de ove lhas Ch urras Bmgança­nas. Nt'I'isra Portllgl/esa de Zoolcel/ia (ln press).

CORR EIA, T.M.M.A.A., [996. Contributo para o es tud o da sazo nalidade rcprodut iva das ovelhas da raça

autóctone portuguesa Churra Galega Bragançana. Thcsc MSc. Centre Intcrnational de l-I uutes ÉIU­des Agronomiques Méditemmcénnes . IAMZ . Saragoça. pp. R4.

CUSHWA . \V.T .. BR ADFOR D. G.E .. STABENFELDET. B t.:RG ER. V.M . c DALLY . M .R .. 1992. Ram influencc on ovarian and sexual activity in anestro us eWes: cffects of i!'olalion of ewes fram nuns

before joining alld date 01 rum introd uction. J . Allilll. Sei .. 70.1 195-1200. DUNN. 0.1 .. 196 1. Mult iplc com pari sons among means. JourJU/i uJ lhe Ama ial/l SUlli.H;Cili A.\'.wcim;oll.

56. 52 . GHU BB. P.L. e JEWELL, P.A .. [973 . The rut and the occurrence 01 oestrous in lhe 50<Iy sheep 011 51. Kilda.

1. Repl'Od Fer!. (Suppl .. ). 19, 143- 150 . KENNAW,\y, DJ .. DUNST,\N. E.A. e STA PPLES. L.D .. 1987. Photopcriodic control o f the onsct of lhe bree­

di ng aCl iv ily and fecund ily in ewes. J. Reprd. FerL (SI/PI.). 34. 187. KNIGHT, T.W .. 1985. Are rallls necessary for the stimu lation of anocstrus ewes with oest rus ewcs? Proe.

N. Z. Soe. AI/iI/I. Prot! .. 45. 49-50. LEGAN, S.J. e KARSCII. F.J .. 1983 . Imporlance 01 re tinal photoreccptors lo lhe photopenodic contrai 01' sea­

sona l brceding in lhe ewe. 8iol. Ueprod .. 29. 3 16. LINCOLN. G .A .. 1979. Photoperiodic control 01 seaSOllal brecding in lhe rum: p.u1ic ipalion of the c rania l

sympathctic nervous systcm. J. Em!oer ., 82, 135. MAHTIN. G.B ., COGNI É. Y .. SCH IH AR. A " NUNES-RIB EIRO . A .. FAUR E-Nys. C c T!lIÉRY. P.-C .. 1985. Diur­

nal variation in lhe response of <inoeslrous ewes 10 lhe ram cffecl. J . Neprod. Felt .. 75. 275-284. MARTIN. G .B .. OLDI-fAf..I. C M. e L1NDSAY. D.R .. 1980 . Increased plasma LH leveis in seasonnil y anovular

Meri no ewes folJowing the intmduc tion 01' rall1S. AII;III Reprod Sei, 3 . ! 25. NUG ENT. R.A. III e NonER, D.R .. 1990. Effect of collabitation with white-faceel ewes 011 eSlrous activity

of Hampshire and Suffo lk cwcs cx pnsed to rams in Junc. J . AI/iII/. Sei. , 68.1 5 13. O'CA LLAG I-IAN, D., DONOVAN . A .. SUN DERLAND, S .1 .. BOLAND. M.r. c ROCHE J .F .. 1994. EffcCI of lhe prc­

sence olmare and remale flockinatcs on reproducti ve acti vity in ewes. J . Heprod. Feri .. 100,497. ROBINSON, J.J .. ArrKEN. R .. ATKINSON. T . c FRASER . C .. 1985. The effect 01' oral í1dmin i stratioll of melato­

nin and/or cxposure to a vasectomi zcd ram Oll ovarlan aClivily in ewes.Allim . Pmd .. 40 (Abst 18).524 . SNEDECOR. G.W. e COCII RA N, W.G .. 1980 . Statis lica llllelhods. 7 .~' Fdiç:1o. lowa Slate Uni vcrs ity Press.

Ames. IA. pp . 185. STEEL. R.G D. e TOIRRIE. J .H., 1980. Principies and procedures or stati stics. 2.a Edição. MçGraw-Hill

Company. Nova Iorque. pp. 633. UNDERWOOD. E.1 .. S~J[ER. F.L. c D,WENPORT. N .. 1944 . Sludies in sheep husbandry in \V A. T he brccding

season of Merillo . crosshred and Brit ish Breeds in the ag ricu ltural di slricts. J . Agrie. WA. I 1.1 35. ZAHCO. L.. RODHIG UEZ. E.F .. ANGULO. M.R.B. c VALI~NCIA. 1.. 1995 . Female to female st imulation of ovarian activilY in lhe ewe. Allima! Reproduclio/l Science, 39.251-258 . WAYNE. N. L. , MALI'AUX. B. e KARscH. F.1 ., 1988. How does rnc lafonin code for day lengtb in lhe cwe:

duralion of nocturna l mclatonin rc lease or co inc idence of mclaton in with a light-cntmincd scnsilive period? BioL Reprod .. 39. 66.

WAYNE. N.L. . MALPAUX. B. e KARSCII . F.J .. 1989. Soçial clles can play a role in timing OIl Sc t or the bre­eding season oflhcewe. J . Ueprod. Ferr.. 87. 707 .