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MECANISMOS DE CRESCIMENTO E PROPRIEDADES ELÉTRICAS DE NANOFIOS DE InGaAs E GaAs. Nestor Cifuentes Taborda 13 DE SETEMBRO DE 2016 UFMG

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  • MECANISMOS DE CRESCIMENTO E

    PROPRIEDADES ELTRICAS DE NANOFIOS

    DE InGaAs E GaAs. Nestor Cifuentes Taborda

    13 DE SETEMBRO DE 2016 UFMG

  • NESTOR CIFUENTES TABORDA

    MECANISMOS DE CRESCIMENTO E PROPRIEDADES ELETRICAS DE

    NANOFIOS DE InGaAs e GaAs

    Tese de doutoramento apresentada ao

    programa de ps-graduao do

    departamento de fsica do instituto de

    cincias exatas da Universidade

    Federal de Minas Gerais como

    requisito parcial obteno do grau de

    doutor em fsica.

    Orientador: Prof. Dr. Juan Carlos

    Gonzlez Prez

    Coorientador: Prof. Dr. Marcus

    Vinicius Baeta Moreira

    rea de concentrao: Fsica.

    BELO HORIZONTE

    2016

  • AGRADECIMENTOS

    orientao do Prof. Dr. Juan Carlos Gonzlez Prez e co-orientao do Prof. Dr. Marcus

    Vincius Baeta Moreira pela dedicao e apoio no desenvolvimento deste trabalho sem

    os quais sua realizao seria impossvel.

    Ao prof. Dr. Geraldo Mathias Ribeiro pela sua pacincia, amplas discusses e aportes

    significativos ao longo das longas sesses no laboratrio de transporte eltrico.

    Ao prof. Dr. Franklin Massami Matinaga pela sua ampla disposio e pacincia ao longo

    das diferentes etapas da construo deste projeto.

    Ao Prof. Dr. Emilson R. Viana Jr. pelo acompanhamento e assessoria na anlise e

    aquisio das diferentes medidas apresentadas neste trabalho.

    Ao Prof. Dr. Leandro Malard Moreira pelo acompanhamento e assessoria ao longo das

    diferentes medidas no laboratrio de espectroscopia Raman.

    Prof. Dra Maria Ivone da Silva pelo significativo esforo na correo gramatical do

    portugus.

    Ao tcnico de laboratrio Fernando Pdua pelo constante apoio no processo de

    metalizao dos nossos dispositivos na sala limpa.

    Ao grupo de trabalho do MBE e aos constantes seminrios que influram

    significativamente no amadurecimento dos conceitos.

    minha esposa, Ana Paula Lage Silva, e filha, Luna Lage Cifuentes, que foram um

    suporte afetivo e emocional nestes 4 anos da construo deste projeto.

    Shirley e todas as bibliotecrias pelo excelente trabalho frente da Biblioteca Prof.

    Manoel Lopes de Siqueira.

    s secretrias da Ps-graduao de fsica da UFMG.

    Ao Centro de Microscopia da UFMG.

    Ao Depto. de Fsica-UFMG, FAPEMIG, CAPES e CNPq.

  • SUMRIO

    INDICE DE FIGURAS ....................................................................................................................... 5

    INDICE DE TABELAS ....................................................................................................................... 8

    ABSTRACT ...................................................................................................................................... 8

    RESUMO ........................................................................................................................................ 9

    CAPITULO 1 ................................................................................................................................. 10

    PROPRIEDADES DE NANOFIOS DE GaAs ...................................................................................... 10

    1.1 PROPRIEDADES ELETRNICAS DO GaAs BULK E NANOFIOS. ........................... 10

    1.2 MECANISMOS DE DOPAGEM TIPO-n E TIPO-p EM GaAs BULK. ......................... 17

    1.3 MECANISMOS DE TRANSPORTE EM GaAs BULK .................................................. 23

    1.4 MODELO DE CRESCIMENTO ...................................................................................... 33

    1.5 MECANISMOS DE DOPAGEM DE NANOFIOS DE GaAs ......................................... 37

    1.6 ESTRUTURA CRISTALINA E POLITIPISMOS NOS NANOFIOS DE GaAs ............. 39

    1.7 PROPRIEDADES OTICAS DO GaAs BULK: EFEITO RAMAN ................................. 41

    CAPITULO 2 ................................................................................................................................. 46

    TECNICAS EXPERIMENTAIS .......................................................................................................... 46

    2.1 CRESCIMENTO DOS NANOFIOS DE e POR MBE ............................ 46

    2.2 PREPARAO DE FETs POR LITOGRAFIA OTICA ................................................ 48

    2.3 MEDIO DO TRANSPORTE ELETRICO COM NANOFIOS ................................... 50

    2.4 MEDIO DAS PROPRIEDADES ELETRICAS DOS NANOFIOS COM

    ESPECTROSCOPIA RAMAN ............................................................................................... 53

    CAPITULO 3 ................................................................................................................................. 55

    ESTUDO MORFOLOGICO E ESTRUCTURAL DE NANOFIOS DE InGaAs ......................................... 55

    3.1 CONDIES DE CRESCIMENTO DE NANOFIOS DE InGaAS POR MBE .............. 55

    3.2 DIFRAO DE RAIOS X ............................................................................................... 62

    CAPITULO 4 ................................................................................................................................. 68

    ESTUDO DAS PROPRIEDADES ELETRICAS DE NANOFIOS DE GaAs DOPADOS COM Mg ............. 68

    4.1 ANLISE ELETRICA DE NANOFIOS DE GaAs DOPADOS COM Mg ..................... 68

    4.1.1 ANLISE DAS CURVAS DE FETs DE NANOFIOS DOPADOS COM Mg ....... 68

    4.1.2 ANLISE DAS CURVAS DE RESISTIVIDADE DOS NANOFIOS DE GaAs

    DOPADOS COM Mg. ........................................................................................................ 70

    CAPITULO 5 ................................................................................................................................. 75

    ESTUDO DAS PROPRIEDADES ELETRICAS DE NANOFIOS DE GaAs DOPADOS COM Si ................ 75

  • 5.2 ANLISE ELETRICA DE NANOFIOS DE GaAs DOPADOS COM Si. ...................... 75

    5.2.1 ANLISE DAS CURVAS DE FETs DE NANOFIOS DOPADOS COM Si .......... 75

    5.2.2 ANLISE DAS CURVAS DE RESISTIVIDADE DE NANOFIOS DOPADOS COM

    Si ............................................................................................................................................. 83

    CAPITULO 6 ................................................................................................................................. 87

    ANLISE ELETRICA DE NANOFIOS DE GaAs DOPADOS COM Si USANDO ESPECTROSCOPIA

    RAMAN ........................................................................................................................................ 87

    6.1 ANLISE ELETRICA DE NANOFIOS DOPADOS COM Si ........................................ 87

    CONCLUSES ........................................................................................................................... 91

    ANEXO ......................................................................................................................................... 94

    PRODUO CIENTIFICA ........................................................................................................... 94

    BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 95

  • INDICE DE FIGURAS

    Figura 2: Estrutura de Bandas de um cristal unidimensional no esquema de zona (a)

    estendido, (b) reduzido, (c) repetido e (d) densidade de estados em funo da energia. A

    linha grossa mostra () de eltrons em um potencial peridico, por enquanto a linha fina

    corresponde a () de eltrons livres. (Davies 1998) ............................................................................... 12

    Figura 3: Gap de energia de ligas binarias semicondutoras em funo da constante de rede.

    (Sze e Kwong 2007). ................................................................................................................................... 13

    Figura 4: Esquema da rede (a) FCC de GaAs com o conjunto de vetores primitivos ao longo

    das direes (b) (110), (d) (111) e (c) a primeira zona de Brillouin da rede reciproca. (Y. Yu

    e Cardona 2010) ......................................................................................................................................... 14

    Figura 5: Estrutura eletrnica de bandas de GaAs calculadas atravs da tcnica do

    pseupotencial (Y. Yu e Cardona 2010). ...................................................................................................... 15

    Figura 6: Defeitos pontuais no GaAs. (a) Vacncias de Glio (), defeitos intersticiais

    (), anti-sitios () e substitucionais (). (b) Impureza substitutiva de Si no GaAs.

    (MacCluskey e Haller 2012) ...................................................................................................................... 18

    Figura 7: Nveis de energias de impurezas tipo-p e tipo-n no GaAs. (Sze e Kwong 2007) ........................ 18

    Figura 8: Descrio grfica da concentrao de portadores das bandas em funo da

    distribuio de probabilidade de ocupao de Fermi-Dirac no interior do gap de um

    material semicondutor. Adaptado de (Kim e jeong 2014). ......................................................................... 20

    Figura 9: (a) Concentrao de portadores em GaAs(311)A e GaAs(100) em funo dos fluxos

    V/III. A linha pontilhada representa a concentrao de impurezas de Si. (b) Diagrama de

    fases do perfil de dopagem de GaAs (311)A em funo da razo V/III e a temperatura de

    crescimento. (Sakamoto, Hirakawa e Ikoma 1995) .................................................................................... 22

    Figura 10: Geometria de ligaes das superficiais (a) GaAs(111)A, GaAs(100) e (b)

    GaAs(111)B. (Lee, et al. 1989) ................................................................................................................... 22

    Figura 11: Nvel de Fermi em funo da temperatura para vrias concentraes de dopagem

    no GaAs. (Sze e Kwong 2007). ................................................................................................................... 24

    Figura 12: Grfico de Arrhenius do () vs. 1/, para um semicondutor tipo-n. .................................. 25

    Figura 13: Grfico da velocidade de portadores v vs. a intensidade do campo eltrico E para

    GaAs e Si puros. ......................................................................................................................................... 27

    Figura 14: Mobilidade de varios semicondutores com perfil de dopagem (a) tipo-n e (b) tipo-

    p em funo da temperatura. (Adachi 2005) .............................................................................................. 28

    Figura 15: Esquema da conduo por saltos (a) no espao real e no espao de energias para

    semicondutores com (b) compensao baixa e (c) compensao alta. Adaptada de

    (MacCluskey e Haller 2012) ...................................................................................................................... 30

    Figura 16: Esquema do modelo de crescimento VLS: O material na fase vapor que colide e

    adsorvido, difunde ao longo do substrato, da superfcie lateral, a superfcie da nano-

    partcula, ou evapora, atravssa a interface vapor-lquida aumentando a concentrao de

    soluto no interior da nano-gota. Adaptado de (Ribeiro de Andrade 2010). ............................................... 35

    Figura 17: Potencial qumico das fases envolvidas no crescimento de nanofios e filmes finos

    em funo da temperatura. (Dubrovskii, Sibirev e Harmand, et al. 2008). ............................................... 36

    Figura 18: Esquema dos dois mecanismos de dopagem em nanofios atravs das (a) faces

    laterais e (b) a superfcie da nano gota. (B. Ketterer 2011)....................................................................... 38

    Figura 19: Sequncia de empilhamento atmico na estrutura cristalina (a) Blenda de zinco

    e (b) wurtzita. (c) Esquema da sequncia de camadas atmicas (gmeas) na presena de um

    defeito (falha de empilhamento) estabelecido pelo plano . mostrado nos insertos um

  • esquema dos comprimentos das ligaes na estrutura Blenda de zinco e Wurtzita. (V. G.

    Dubrovskii 2014) ........................................................................................................................................ 40

    Figura 20:(a) Esquema atmico da heterostrutura WZ/BZ/WZ ao longo do nanofio de GaAs

    e (b) da estrutura de alinhamento de bandas, ilustrando possveis transies entre dois

    estados fundamentais. (V. G. Dubrovskii 2014) ......................................................................................... 41

    Figura 21: Modos normais , + de plasmons no caso de portadores de carga com

    mobilidade alta (linha contnua preta) e modos normais do acoplamento fonon-plasmon no

    caso de portadores de carga com mobilidade baixa (linha discontinua vermelha). (J., et al.

    2014)........................................................................................................................................................... 45

    Figura 22: Esquema do interior da cmara de crescimento. (Yu e Cardona 2010). ................................. 46

    Figura 23: Processo de fabricao de um NWFET na geometria Back-gate: (a) deposio

    do fotoresiste, (b) Desenho litogrfico (c) Metalizao, (d) Estgio final do dispositivo .......................... 49

    Figura 24: Infraestrutura do laboratrio de medidas eltricas do Departamento de Fsica

    da UFMG e configurao das medidas eltricas em Nano FETs. ............................................................ 50

    Figura 25: Esquema de um nano-FET baseado em nanofios de GaAs, na geometria back-

    gate. ............................................................................................................................................................ 51

    Figura 26: (a) Esquema das interfaces, (b) diagramas de bandas de energia de um MOS

    (Metal-oxido-semicondutor) e (c) modos de conduo de um canal tipo-p. (Sze e Kwong

    2007)........................................................................................................................................................... 52

    Figura 27: (a) Curva ideal de um NWFET e (b) Curva de transferncia

    correspondente ao canal de conduo tipo-n. ............................................................................................ 53

    Figura 28: Esquema da montagem experimental, convencional, para espectroscopia Raman

    de transmisso. ........................................................................................................................................... 54

    Figura 29: (a) Deposio de nano partculas de ouro usando a tcnica drop coating.

    Aparncia do substrato depois do crescimento dos (b) nanofios e do (c) filme fino de

    referncia crescido em um substrato no ativado. (Ribeiro de Andrade 2010). ........................................ 55

    Figura 30: Nanofios de 0,20,8 (BH0911) crescidos sobre GaAs(111)B. No detalhe,

    vemos uma imagem, mostrando a seo transversal hexagonal dos nanofios. .......................................... 57

    Figura 31: Fotos SEM de nanofios de 1 sobre substratos de GaAs(111)B com

    frao molar de In de (a) x=0,2 (b) x=0,15 (c) x=0,1 (d) x=0,05. ............................................................ 58

    Figura 32: Fotos SEM de nanofios de 1 As sobre substratos de InAs(111)B com

    frao molar de In de (a) x=0,2 (b) x=0,15 (c) x=0,1 (d) x=0,05. ............................................................ 58

    Figura 33: Valores mdios do (a) Dimetro e (b) comprimento dos nanofios de InGaAs em

    funo da frao molar de InAs, crescidos sobre substratos de GaAs(111)B e InAs(111)B. .................... 59

    Figura 34: Ajuste dos dados experimentais da dependncia do comprimento com o raio

    usando o modelo de Dubrovskii (Dubrovskii, Cirlin e Ustinov 2009)........................................................ 60

    Figura 35: Ajuste dos dados experimentais da dependncia do comprimento com o raio

    usando o modelo de Dubrovskii (Dubrovskii, Cirlin e Ustinov 2009)........................................................ 61

    Figura 36: Interferncia construtiva de dois feixes de luz sobre uma superfcie plana de

    acordo com a lei de Bragg. ........................................................................................................................ 62

    Figura 37: Padres de difrao das amostras de nanofios (Linha vermelha) e filmes finos de

    referncia (Linha preta) de InGaAs crescidos sobre substrato de InAs. .................................................. 63

    Figura 38: Padres de difrao das amostras de nanofios (Linha vermelha) e de filmes finos

    de referncia (Linha preta) de InGaAs crescidos sobre substrato de GaAs(111)B. ................................. 65

    Figura 40: a) Curvas de um nanofio de GaAs a temperaturas de 5 , 300 K and

    400 K. O inserto da figura mostra a mudana na resistncia a uma temperatura de 5

    conforme a distncia entre os contatos aumente de 2 a 6 . b) Curvas a

    uma temperatura de 305 K. ........................................................................................................................ 69

    Figura 41: Imagem de microscopia de transmisso eletrnica (TEM) de (a) um nanofio de

    GaAs dopado com Mg.(b) Padro de difrao de rea selecionada (SAED) mostrando a

  • superposio de trs segmentos cristalinos com orientao especfica: um segmento blenda

    de zinco GaAs[0-11], segmento Wurtzita GaAs[1-210] e um segmento blenda de zinco

    GaAs[01-1]. A direo de crescimento corresponde a no caso de GaAs blenda de

    zinco e a no caso de GaAs wurtzita. (c) Imagem microscpica por transmisso

    eletrnica de alta resoluo (HRTEM) das trs regies cristalogrficas. No inserto

    mostrado a transformada rpida de Fourier (FFT) associada s trs regies. ......................................... 70

    Figura 42: Resistividade do nanofio (cor vermelha) e filme fino (cor azul) de GaAs tipo-p

    dopado com magnsio em funo da temperatura. .................................................................................... 71

    Figura 43: Grfico de Arrhenius de 1/2 vs. 1/4 ilustrando a regio onde o

    mecanismo VRH-Mott dominante. No inserto mostrado um grfico de Arrhenius de vs.

    1/ com uma energia de ativao de = 9 . ................................................................................. 72

    Figura 44: Grfico de Arrhenius de 1vs. 1/2 mostrando a regio onde o

    mecanismo VRH-ES dominante. .............................................................................................................. 73

    Figura 45: Foto de TEM do crescimento BH1109-2 correspondente a um nanofio de GaAs

    dopado com Silcio. .................................................................................................................................... 75

    Figura 46: Curva de corrente versus voltagem entre fonte e dreno em funo da voltagem

    gate a temperatura ambiente, na amostra BH11093. No inserto mostrado uma imagem do

    dispositivo nanoFET com um nanofio de raio = 229 . ..................................................................... 76

    Figura 47: Medidas Ids(Vds) para Vg= 0 V em funo da temperatura. No inserto mostrado

    uma foto tica do dispositivo nanoFET estudado. ..................................................................................... 77

    Figura 48: Curva de Corrente em funo da voltagem a uma temperatura T=300K

    e voltagem fonte-dreno = 500 , na amostra N4_BH1109-2. O nanofio possui um

    raio de 210 e o canal de conduo correspondente do Nano FET 1,25 de

    comprimento. No inserto mostrado uma imagem SEM dos contatos (LM) usados ao longo

    das medidas. ............................................................................................................................................... 77

    Figura 49: Curvas de transferncia da amostra N7-BH11092 em funo da

    temperatura. No inserto mostrado uma foto SEM do Nano FET com raio e comprimento

    do canal de conduo de 102 e 950, respectivamente. .................................................................. 79

    Figura 50: Grfico da mobilidade de buracos em funo da temperatura na amostra

    N7_BH11092. No eixo da direita mostrado um grfico da concentrao de buracos em

    funo da temperatura. .............................................................................................................................. 79

    Figura 51: Curvas de corrente vs voltagem fonte-dreno em funo da temperatura da

    amostra N6_BH111223. ............................................................................................................................. 81

    Figura 52: Curva de transferncia da amostra N6_BH11123 a uma temperatura

    de = 295. No inserto mostrado uma foto SEM do canal de conduo e dos contatos

    metlicos do dispositivo NWFET cujo raio e comprimento do canal de aproximadamente

    = 65 e 1,35, respectivamente. ............................................................................................. 82

    Figura 53: Curvas de resistividade dos dois conjuntos de nanofios (BH11109 e BH1112) de

    GaAs dopados com Silcio estudados neste trabalho. ................................................................................ 84

    Figura 54: Ajuste das curvas de resistividade em funo da temperatura usando o modelo

    de conduo de quatro bandas. .................................................................................................................. 85

    Figura 55: Diagrama de vetores da conservao de momento, no interior do nanofio, na

    geometria de transmisso e retro espalhamento. e correspondem ao vetor de onda

    incidente e espalhado, representado ao longo da seo da transversal do nanofio. ................................. 87

    Figura 56: Resultados experimentais das medidas Raman feitas sobre nanofios de GaAs

    dopados com Silcio pertencentes aos crescimentos (a) BH1112 com uma concentrao de

    dopagem terica de 31018 3 e (b) BH1109 com uma concentrao de dopagem

    menor de 11016 3, a temperatura ambiente, usando um laser de 632 de

    comprimento de onda. (c) Resultados dos ajustes feitos sobre os dois conjuntos de

    crescimentos. A polarizao da luz laser incidente foi escolhido perpendicular ao eixo do

    nanofio e a polarizao da luz laser espalhada no foi analisada. ........................................................... 88

  • INDICE DE TABELAS

    Tabela 1: Massas efetivas de eltrons e buracos da estrutura cristalina BZ e massas efetivas

    de buracos da estrutura Wurtzita. (Adachi 2005) ...................................................................................... 15

    Tabela 2: Parmetros de estrutura de Bandas de GaAs. (Vurgaftman e Meyer 2001) ............................. 17

    Tabela 3: Parmetros de crescimento das amostras estudadas ................................................................ 56

    Tabela 4: Resultados experimentais obtidos do ajuste usado no estudo do crescimento de

    nanofios de sobre substratos de (111) e . ................................................................ 61

    Tabela 5: Resultados experimentais dos valores correspondes do parmetro de rede e

    composio qumica de nanofios e filmes finos de InGaAs crescidos sobre substrato de InAs.

    .................................................................................................................................................................... 64

    Tabela 6: Resultados experimentais dos valores correspondes do parmetro de rede e

    composio qumica de nanofios e filme fino de InGaAs crescidos sobre substrato de GaAs.

    .................................................................................................................................................................... 65

    Tabela 7: Resultados da composio qumica dos nanofios e filmes finos de

    crescidos sobre substratos de (111) e 111. ........................................................................ 67

    Tabela 8: Resultados experimentais das medidas de propriedades eltricas e transporte

    obtidas das curvas de transferencia "gate" em nanofios de GaAs dopados com Mg. ................................ 69

    Tabela 9: Resultados experimentais dos diferentes parmetros obtidos atravs da anlise da

    resistividade em funo da temperatura. ................................................................................................... 73

    Tabela 10: Resultados experimentais da mobilidade e concentrao de buracos em funo

    da temperatura da amostra N4_BH1109-2. ............................................................................................... 78

    Tabela 11: Resultados experimentais da mobilidade e concentrao de portadores em

    funo da temperatura, na amostra N6_BH11123 ..................................................................................... 83

    Tabela 12: Resultados experimentais dos principais parmetros associados as propriedades

    eltricas das amostras analisadas neste trabalho. ..................................................................................... 86

    Tabela 13: Resultados experimentais das propriedades eltricas de nanofios de GaAs

    dopados com silcio atravs da espectroscopia Raman. ............................................................................ 90

  • 8 | P g i n a

    ABSTRACT

    This work presents the experimental and theoretical results obtained from the analysis of

    the growth of nanowires ternary alloy , with mole fractions of 5, 10, 15 and 20 %

    of and characterization of properties electrical nanowires p-type GaAs doped with magnesium and silicon.

    The work is divided into six chapters. In chapter 1 we will do a little review of the

    electronic properties, mechanisms of doping p-type and n-type, Raman scattering and

    growth mechanisms of the nanowires used in this work. Chapter 2 will discuss also briefly

    the experimental techniques used for the growth and characterization of nanowires. The

    Chapter 3 deals with the morphological characterization and structural properties of

    nanowires InGaAs. The chapter 4 is dedicated to electrical characterization of nanowires

    of GaAs doped with Mg. Chapter 4 will show the main results of the electrical

    characterization of nanowires of GaAs doped with Si. The Chapter 6 is devoted to the

    study of doping with Si nanowires via the Raman spectroscopy in transmission geometry.

    The nanowires were grown by molecular beam epitaxy technique (MBE) on GaAs (111)

    B, InAs (111)B and Si(111) substrates using nano-colloidal particles of gold (Au) as

    catalysts. All morphological data, chemical composition, crystal structure and electrical

    properties of the nanowires were obtained using the scanning electron microscopy

    techniques (SEM), Raman spectroscopy, diffraction X-ray, resistivity measurements, and

    temperature dependence of current-voltage curves. Through SEM it was possible to

    establish the radius dependence of the nanowire growth rate, and thus, understanding the

    growth mechanisms of the nanowires. Measurements of X-ray allowed to analyze the

    chemical composition of each sample. The analysis of the dependence of the electrical

    properties with temperature shows that the high temperature region (above room

    temperature), the electron transport is limited to the driving of free holes in the valence

    band, however in the region of low temperature driving is determined by hops between

    impurities in the energy region of the semiconductor forbidden. Three driving

    mechanisms heels have been identified and studied.

    With the purpose of comparing and understanding the amphoteric nature of silicon in the

    doped GaAs nanowires were made measurements of the concentration and mobility using

    the technique Raman spectroscopic transmission, and the results of analysis are shown in

    the end section of work.

  • 9 | P g i n a

    RESUMO

    Este trabalho apresenta os resultados experimentais e tericos obtidos da anlise do

    crescimento de nanofios de ligas ternrias de 1, com fraes molares de

    5, 10, 15 20 % de e da caracterizao das propriedades eltricas de nanofios tipo-

    p de dopados com magnsio e Silcio.

    O trabalho dividido em 6 captulos. No captulo 1 faremos uma pequena reviso das

    propriedades eletrnicas, os mecanismos de dopagem tipo-p e tipo-n, espalhamento

    Raman e os mecanismos de crescimento dos nanofios utilizados neste trabalho. No

    captulo 2 abordaremos, tambm, brevemente as tcnicas experimentais utilizadas para o

    crescimento e caracterizao dos nanofios. O capitulo 3 trata da caracterizao

    morfolgicas e propriedades estruturais dos nanofios de InGaAs. O capitulo 4 est

    dedicado a caracterizao eltrica de nanofios de GaAs dopados com Mg. No captulo 4

    ser mostrado os principais resultados da caracterizao eltrica de nanofios de GaAs

    dopados com Si. O capitulo 6 est dedicado ao estudo da dopagem com Si dos nanofios

    via espectroscopia Raman na geometria de transmisso.

    Os nanofios foram crescidos atravs da tcnica de Epitaxa por Feixes Moleculares

    (MBE) sobre substratos de (111), (111) e (111) usando nano

    partculas coloidais de ouro () como catalisadores. Todos os dados da morfologia,

    composio qumica, estrutura cristalina e propriedades eltricas dos nanofios foram

    obtidos usando as tcnicas de microscopia eletrnica de varredura (), espectroscopia

    Raman, difrao de raios-X, medidas de resistividade e curvas de corrente-voltagem em

    funo da temperatura. Atravs de foi possvel estabelecer a dependncia da taxa de

    crescimento dos nanofios com as variaes do seu dimetro, e com isso, compreender os

    mecanismos de crescimento dos nanofios. As medidas de raios-X permitiram analisar a

    composio qumica de cada uma das amostras. A anlise da dependncia das

    propriedades eltricas com a temperatura mostra que na regio de altas temperaturas

    (acima da temperatura ambiente) o transporte eletrnico est limitado conduo de

    buracos livres na banda de valncia, porm na regio de temperaturas baixas a conduo

    est determinada por saltos entre impurezas na regio de energia proibida do

    semiconductor. Trs mecanismos de conduo por saltos foram identificados e estudados.

    Com o intuito de comparar e entender a natureza anfteras da dopagem com silcio nos

    nanofios de GaAs foram feitas medies da concentrao e mobilidade usando a tcnica

    espectroscopia Raman de transmisso, cujos resultados e analise so mostrados no

    captulo final do trabalho.

  • 10 | P g i n a

    CAPITULO 1

    PROPRIEDADES DE NANOFIOS DE GaAs

    1.1 PROPRIEDADES ELETRNICAS DO GaAs BULK E NANOFIOS.

    Nesta seo vamos descrever o comportamento de um eltron em um cristal. Ser

    mostrado que a energia de um eltron em uma rede peridica s pode ser escrita em

    termos de valores discretos e, a partir deste conceito, ser introduzido o conceito de

    bandas, fundamental no estudo das propriedades eltricas e de transporte de materiais

    semicondutores como o caso de GaAs dopado com Mg e Si.

    O conhecimento da estrutura de bandas do semicondutor nos leva ao entendimento das

    diferentes propriedades do material em resposta a ao de um campo externo, abrindo um

    amplo leque de possibilidades na construo de diferentes dispositivos tico-eletrnicos

    cujo objetivo atender o aumento gradativo da demanda de solues prticas no nosso

    mercado de tecnologias.

    Em geral, um slido possui faixas de energia ou gap, no espectro de excitao eletrnica,

    que excluem a existncia de estados discretos. Metais ou semi metais possuem um gap

    com um valor prximo de 0 (Kittel 2005), isolantes possuem um gap superior a 4

    (Ashcroft e Mermin 1976) e os semicondutores possuem um gap na faixa de 0 4

    (Y. Yu e Cardona 2010).

    O valor limtrofe da resistividade entre os diferentes materiais no est exatamente

    definido, porm existem faixas de valores que certamente distinguem um material do

    outro; os semicondutores tm uma resistividade na faixa de valores 109 103 ohmcm

    (Cohen 1989), materiais isolantes possuem resistividade acima de 109 ohmcm (Seeger

    2004), semicondutores dopados e semi metais possuem um valor inferior a 103 ohm-cm

    (Cohen 1989).

    O estudo das propriedades dos eltrons, em um slido que contm 1023 tomos/cm3,

    inicialmente um problema de alta complexidade que precisa ser abordado a partir de um

    conjunto de simplificaes ou aproximaes.

    A primeira aproximao (mtodo do pseudo potencial) consiste na classificao dos

    eltrons em dois grupos: eltrons de valncia e eltrons de caroo. Os eltrons de valncia

    possuem uma energia maior, esto localizados em orbitais semipreenchidos e atuam

    ativamente nas ligaes atmicas. Eltrons de caroo, com energia menor, ficam

    profundos nos orbitais mais internos e, portanto, so pouco afetados por ligaes qumicas

  • 11 | P g i n a

    e outras formas de perturbao; o seu efeito basicamente criar um potencial eletrosttico

    que termina amortecendo ou blindando o potencial inico sobre os eltrons de valncia.

    Na aproximao de Born-Oppenheimer ou aproximao adiabtica (Yu e Cardona 2010),

    considera-se os ons em repouso em relao aos eltrons por terem uma variao na

    posio a uma frequncia de excitao, 1013 1, vrias ordens de grandeza menor que a

    frequncia dos eltrons, 1015 1, assim pode-se considerar o termo de energia cintica

    nuclear desprezvel em comparao com o termo de energia cintica eletrnica e os

    termos de interao coulombiana no hamiltoniano do sistema.

    Na aproximao de campo mdio todos os eltrons esto submetidos a ao do mesmo

    potencial ().

    Desta maneira o hamiltoniano de interao de muitos corpos pode ser escrito como a

    soma de trs termos = + + (Yu e Cardona 2010), onde

    descreve o movimento inico (fnons) sob a influncia do potencial eletrnico adiabtico

    e dos ons restantes, o hamiltoniano de interao entre eltrons considerando os ons

    em repouso e, finalmente, o hamiltoniano de interao eltron-on descreve

    mudanas na energia eletrnica como resultado dos deslocamentos dos ons das suas

    posies de equilbrio, comumente conhecido como hamiltoniano de interao fnon-

    eltron.

    Nesta primeira parte estaremos principalmente interessados em estudar o espectro de

    energia e estrutura de estados que envolvem somente o hamiltoniano eletrnico, .

    Tendo sempre presente que uma rede cristalina est constituda pelo arranjo peridico de

    tomos, podemos considerar cada tomo, em uma primeira aproximao, como um poo

    de potencial. Se consideramos um arranjo de tomos simetricamente posicionados

    afastados um do outro, ou seja, uma rede de poos de potencial independentes, cada um

    deles ter uma srie de nveis discretos de energia; conforme a distncia interatmica

    diminui os poos acoplam-se e trazem como resultado a criao de regies energticas de

    nveis discretos muito prximos ou bandas de energia, separadas pelo gap eletrnico.

    Em uma dimenso, a existncia de um potencial peridico implica () = ( + ),

    onde o valor da constante de rede, o tamanho de cada clula unitria do cristal. Sabemos que no caso de um sistema infinito de um gs de partculas no interagentes

    (livres) a densidade da probabilidade de encontrar uma partcula em uma posio

    qualquer constante ||2 = 1, no existe uma posio privilegiada a ser ocupada pelo

    portador de carga em uma regio de potencial constante. Quando existe um potencial

    peridico em uma regio limitada do espao as condies mudam significativamente;

    certamente a densidade de probabilidade herda dita periodicidade |( + )|2 =

    |()|2. A raiz disto a funo de onda assume a forma () = ()exp(),

    onde () = ( + ) possui a periodicidade da rede, com , sendo o ndice da banda e momento cristalino, respectivamente; este resultado bem conhecido como o

    teorema de Bloch (Kittel 2005). A simetria translacional que possui o cristal tambm

    impe a sua periodicidade no espectro de energias ( + ) = (), onde pertence

    ao conjunto de valores na faixa || < conhecida como primeira zona de Brillouin e

  • 12 | P g i n a

    = 2 . A abordagem no esquema de zona reduzida reduz o estudo das bandas de

    energia primeira zona de Brillouin < < , como pode ser visto da FIGURA

    1 (b).

    FIGURA 1: Estrutura de Bandas de um cristal unidimensional no esquema de zona (a) estendido, (b) reduzido, (c) repetido e (d) densidade de estados em

    funo da energia. A linha grossa mostra () de eltrons em um potencial peridico, por enquanto a linha fina corresponde a () de eltrons livres. (Davies 1998)

    Na regio prxima ao centro da primeira zona de Brillouin a banda representa o espectro

    de energias de eltrons livres (com massa efetiva ), por enquanto na regio limite, =1

    2, a forma analtica da energia () das duas bandas (topo e fundo)

    aproximadamente uma funo quase constante. A regio entre as duas bandas

    corresponde ao gap de energia. O gap de alguns materiais semicondutores em funo da

    constante de rede mostrado na FIGURA 2. Dita caracterstica uma propriedade intrnseca

    dos sistemas peridicos.

    Os resultados obtidos em uma dimenso podem ser facilmente levados ao estudo de

    sistemas em trs dimenses. As simetrias do cristal so estudadas em termos de um

    conjunto de vetores primitivos de rede 1, 2, 3. Podemos imaginar que o cristal est formado pela disposio de tomos em posies bem determinadas por estes vetores

    primitivos e pelas suas combinaes lineares.

    Materiais semicondutores elementares como o Si e Germnio (Ge) tem uma estrutura

    cristalina de diamante. Um cristal de diamante possui tomos nos cantos e faces de um

    cubo, cuja disposio geomtrica bem conhecida como cubica de faces centralizada

    (FCC), onde cada tomo tem associado um segundo tomo deslocado uma distncia

    ( 4 , 4 , 4 ) ao longo das diagonais principais (MacCluskey e Haller 2012).

  • 13 | P g i n a

    FIGURA 2: Gap de energia de ligas binarias semicondutoras em funo da constante de rede. (Sze e Kwong 2007).

    Arseneto de glio (GaAs) tem uma estrutura Blenda de zinco (BZ) cuja distribuio

    atmica a mesma da estrutura do diamante, porm com dois tomos diferentes em cada

    ponto de rede (MacCluskey e Haller 2012). Os dois tomos esto simetricamente

    localizados nas posies : (0,0,0); (

    2,

    2, 0) ; (

    2, 0,

    2) ; (0,

    2,

    2)

    : (

    4,

    4,

    4) ; (

    3

    4,

    3

    4,

    4) ; (

    3

    4,

    4,

    3

    4) ; (

    4,

    3

    4,

    4). O comprimento da clula unitria a

    temperatura ambiente de = 0,565 . A densidade atmica (tomos por unidade de

    volume) 8 3 . O comprimento das ligaes qumicas corresponde ao valor 3 4

    0,24.

    A primeira zona de Brillouin em trs dimenses pode ser definida como o menor poliedro

    construdo por planos bissectores e perpendiculares aos vetores da rede recproca. A

    primeira zona de Brillouin de GaAs fica definida como um octaedro truncado, com oito

    planos que contornam o octaedro e seis planos que truncam os cantos, estabelecendo um

    total de 14 planos. Todos os pontos- dentro do octaedro fazem parte da primeira zona

    de Brillouin. Como pode ser vista da FIGURA 3 a primeira zona de Brillouin de GaAs

    possui pontos , , , e direes , , de alta simetria propriamente identificados. s trs direes de alta simetria podem ser mapeadas no espao de rede direta e escritas da

    seguinte maneira

    [100]

    [111] (1)

    [110]

  • 14 | P g i n a

    Pontos e eixos no espao recproco que transformam um no outro sob operaes de

    simetria so equivalentes, portanto o espectro de energias ao longo destes vetores

    idntico. De acordo com a FIGURA 3 existem oito faces hexagonais que contm o ponto

    no seu centro e podem ser transformadas uma na outra atravs de rotaes de 90 e, por tanto, ditas faces so equivalentes. suficiente calcular as energias somente ao longo de

    uma das oito faces equivalentes para determinar o espectro de energias no ponto .

    FIGURA 3: Esquema da rede (a) FCC de GaAs com o conjunto de vetores primitivos ao longo das direes (b) (110), (d) (111) e (c) a primeira zona de

    Brillouin da rede reciproca. (Y. Yu e Cardona 2010)

    Os diagramas da estrutura de bandas podem ser vistos como mapas com smbolos,

    apropriadamente estabelecidos pela notao da teoria de grupos, cujo estudo nos leva a

    explorar o universo complexo de propriedades eletrnicas dos semicondutores.

    Comumente a estrutura de bandas estudada atravs da representao do espectro de

    energias () ao longo das direes de alta simetria, como pode ser vista da FIGURA 4.

    De acordo com a FIGURA 4 a degenerescncia sxtupla no topo da banda de valncia

    quebrada pela interao spin-orbita em uma banda com degenerescncia quadrupla e uma

    banda separada em energia um valor menor com degenerescncia dupla.

    A interao spin-orbita um efeito relativstico causado pelo acoplamento do spin e o

    momento angular orbital dos buracos. Duas bandas com simetria 8 e momento angular

    total = 3/2 (banda de buracos pesados (hh) com massa efetiva e buracos leves

    (lh) com massa efetiva ) convergem no topo (ponto ) da banda de valncia e esto

    posicionadas um valor acima da banda Split-off que possui a simetria 7 e momento

    angular = 1/2, logo, perto do ponto o espectro de energias pode ser obtido atravs da

  • 15 | P g i n a

    relao () = 22

    20 , onde

    pode ser a massa efetiva tanto de buracos pesados

    como de buracos leves.

    FIGURA 4: Estrutura eletrnica de bandas de GaAs calculadas atravs da tcnica do pseupotencial (Y. Yu e Cardona 2010).

    A massa efetiva perto do centro da zona de Brillouin das bandas de conduo e valncia

    pode ser escrita como o tensor = 2 (

    2

    ()|,=0)

    1

    . Expresses analticas

    das diferentes massas efetivas de estruturas cristalinas BZ e WZ podem ser vistas na

    TABELA 1 (Adachi 2005).

    TABELA 1: Massas efetivas de eltrons e buracos da estrutura cristalina BZ e massas efetivas de buracos da estrutura Wurtzita. (Adachi 2005)

    Banda Blenda de Zinco Wurtzita

    Banda Direo ( ) Direo , ( )

    Conduo 0 = (1 + 2) +

    ( + 2 3 )

    ( + )

    0

    =1

    1 + 2

    0

    =1

    1 + 4

    Buracos

    pesados

    (0 )[110] =

    1

    2(21 2 33)

    (0 )[111] = (1 23)

    (0 )[100] = (1 22)

    Buracos

    leves

    (0 )[110] =

    1

    2(21 + 2 + 33)

    0

    =1

    1 +37+

    0

    7+0 7

    0

    0

    =1

    2 37+

    0

    7+0 7

    0

    (0 )[111] = (1 + 23)

    (0 )[100] = (1 + 22)

    0

    =1

    1 37

    0

    7+0 7

    0

    0

    =1

    2 47

    0

    7+0 7

    0

    Buracos

    Split-off 0

    = 1

    3( + )

  • 16 | P g i n a

    O parmetro corresponde ao elemento matricial < || > do momento entre o

    orbital tipo-p e tipo-s, o valor do gap de energia e 1, 2, 3 so os parmetros de Luttinger. As massas efetivas de buracos em semicondutores wurtzita esto escritas em

    termos dos parametros 1 = (1 + 43), 2 = (1 23), 3 = 63, 4 = 33,

    70 =

    12

    2 (

    12

    2)

    2

    + 232 onde 1 correspondem ao splitting de campo cristalino

    e 2 = 3 =

    3 splitting spin-orbita.

    Cristais com estrutura cristalina wurtzita possuem uma estrutura de bandas ao longo do

    plano perpendicular ao eixo e outra estrutura de bandas ao longo do eixo . No centro da primeira zona de Brillouin as bandas de conduo possuem simetria de orbitais tipo-s

    (simetria 7); o valor correspondente massa efetiva dos eltrons pode ser obtido sabendo

    que = (

    2 )1/3. No centro de primeira de zona de Brillouin a degenerescncia

    entre a banda de buracos leves (lh) e buracos pesados (hh) (interao spin-orbita), da

    banda de buracos pesados e buracos cristalinos (Interao campo cristalino) quebrada,

    por tanto, a estrutura da banda de valncia consiste de trs bandas (A, B, C) com simetria

    de orbitais tipo-p (Simetrias 9, 7, 7, respectivamente) ao longo ( ) e perpendicular (

    ) ao eixo . Os valores correspondentes de cada um dos parmetros esto resumidos na

    TABELA 2.

    Os valores do gap de energia tanto direto como indireto dependem da temperatura e

    podem ser obtidos atravs da frmula de Varshni (Vurgaftman e Meyer 2001).

    () = (0) 2

    + (2)

    Onde e so parmetros empricos. Os parmetros relevantes do GaAs bulk esto

    reunidos na TABELA 2. O fundo da banda de conduo (com simetria 6 ) e o topo da banda

    de valncia de GaAs coincidem no ponto e, por tanto, o GaAs um semicondutor de gap direto.

    Quando um campo eltrico aplicado em um semicondutor a uma temperatura perto do

    zero absoluto no existe uma resposta por parte dos eltrons pelo fato de no terem

    energia suficiente para estabelecerem uma transio eletrnica entre a banda de valncia

    e a banda de conduo (conduo desprezvel), portanto o semicondutor atua como um

    material isolante. Na regio de altas temperatura a populao de eltrons na banda de

    conduo bem significativa, com uma probabilidade de se movimentar e conduzir

    eletricidade governada pelos diferentes mecanismos de espalhamento presentes no

    material.

    Uma quase partcula, bem conhecida como buraco, criada na banda de valncia por cada

    eltron excitado outra banda ou estado. Um buraco possui todas as propriedades de uma

    partcula real como massa, carga, energia e momento. Em uma regio de potencial

    diferente de zero o buraco acelera na mesma direo do campo e, portanto, podemos

    assumir que ele tem carga positiva, + .

  • 17 | P g i n a

    TABELA 2: Parmetros de estrutura de Bandas de GaAs. (Vurgaftman e Meyer 2001)

    Parmetro Valor

    () 5,65

    () 1,52

    X () 1,98

    L () 1,82

    () (/) 0,54

    (X) (/) 0,46

    (L) (/) 0,60

    () () 204

    (X) () 204

    (L) () 204

    () 0,34

    1 6,98

    2 2,06

    3 2,93

    1,94

    () 28,8

    O estudo mostrado at agora est baseado no modelo de massa efetiva. Usando o conceito

    de poos de potencial infinito foi possvel obter uma descrio dos estados nas bandas de

    conduo e valncia de materiais semicondutores, porm no caso dos nanofios difcil

    obter uma relao direta entre as propriedades fsicas e os parmetros fundamentais das

    suas bandas. A anlise das propriedades eletrnicas de nanofios e pontos qunticos um

    problema de complexidade maior. Os efeitos do confinamento quntico em nanofios so

    bem significativos quando dimenses da sua seo transversal (dimetro) est na ordem

    de 10 70 .

    1.2 MECANISMOS DE DOPAGEM TIPO-n E TIPO-p EM GaAs BULK.

    Depois de discutir as principais propriedades da estrutura eletrnica do GaAs passaremos

    agora a considerar conceitos fundamentais relacionados ao efeito das impurezas nas

    propriedades eltricas e do transporte no GaAs.

    Todos os cristais reais possuem imperfeies. Ditas imperfeies acrescentam ou

    atenuam a populao de portadores de carga nas bandas. Dentre as diferentes

    imperfeies podemos fazer uma classificao de acordo com a sua dimensionalidade em

    defeitos pontuais (defeitos intrnsecos e impurezas), defeitos lineares (deslocancias) e

    defeitos de rea (superfcies e interfaces) (Y. Yu e Cardona 2010). Defeitos pontuais

    podem ser impurezas eletricamente ativas que substituem tomos (impurezas

    substitutivas) ou ocupam um stio atmico intersticial (impurezas intersticiais) da rede

    cristalina.

  • 18 | P g i n a

    FIGURA 5: Defeitos pontuais no GaAs. (a) Vacncias de Glio (), defeitos intersticiais (), anti-sitios () e substitucionais (). (b) Impureza substitutiva de Si no GaAs. (MacCluskey e Haller 2012)

    Defeitos pontuais so classificados de acordo com a suas propriedades de simetria.

    Defeitos substitutivos e vacncias na estrutura de diamante e BZ possuem simetria .

    Na FIGURA 5 mostrado o caso da insero de uma impureza substitutiva em uma estrutura

    BZ onde , e so direes paralelas aos eixos cristalogrficos [110], [112] e [111],

    respectivamente. Alm da identidade o grupo pontual contm os seguintes elementos

    Rotaes (120 e 240) ao redor dos quatro eixos ligados.

    Rotaes (180) ao redor dos trs eixos que vo do tomo central at o ponto mdio da distncia entre os dois tomos vizinhos.

    Reflexes atravs dos seis planos definidos pelo tomo central mais os dois

    tomos vizinhos.

    Rotaes improprias: rotao de 90 mais uma reflexo.

    Comumente usado o termo dopagem para fazer referncia ao estudo de defeitos

    pontuais (impurezas) introduzidos intencionalmente. A incorporao de impurezas

    pontuais estabelece estados eletrnicos no interior do gap do semicondutor, como pode

    ser visto na FIGURA 6. Nveis de energia doadores (aceitadores) rasos correspondem a

    aqueles nveis prximos ao fundo (topo) da banda de conduo (valncia).

    FIGURA 6: Nveis de energias de impurezas tipo-p e tipo-n no GaAs. (Sze e Kwong 2007)

  • 19 | P g i n a

    Uma impureza aceitadora est associada incorporao de um centro de captura de

    eltrons em uma rede cristalina, como o caso do grupo IV de semicondutores dopados

    com impurezas substitutivas dos elementos do grupo III da tabela peridica (B, Al, Ga,

    In, TI), nessa situao criado um buraco na banda de valncia quando capturado um

    eltron da rede cristalina (dopagem tipo-p); quando dopado com impurezas substitutivas

    dos elementos do grupo V da tabela peridica (P, As, Sb, Bi) um eltron criado na banda

    de conduo e, portanto, tal centro de impureza conhecido como doador (dopagem tipo-

    n).

    O modelo amplamente usado para estudar impurezas rasas (Sze e Kwong 2007),

    (Schubert 1993) adaptado da estrutura atmica do tomo de hidrognio substituindo nas

    expresses analticas do seu espectro a marca do material impressa no valor da constante

    dieltrica e a massa efetiva dos portadores de carga. Impurezas deste tipo so conhecidas

    como hidrogenides. Neste modelo (Shklovskii e Efros 1984) o espectro de estados

    ligados = 1

    24

    222 e a funo de onda do estado fundamental dependem da massa

    efetiva , constante dieltrica e o raio de localizao = 2 2 que determina a escala onde a funo de onda exponencialmente significativa. Em um semicondutor

    levemente dopado a justaposio entre estados eletrnicos dos diferentes centros de

    impurezas e muito pequena, ou seja, a distncia entre impurezas muito maior em relao

    ao raio da funo de onda, .

    Um parmetro importante na anlise das propriedades eltricas e transporte de materiais

    semicondutores dopados o nvel de Fermi, portanto, preciso fazer uma breve descrio

    dos conceitos bsicos envolvidos.

    De acordo com a funo da distribuio de probabilidade de ocupao Fermi-Dirac, a

    temperatura = 0, todos aqueles estados com energia menor que a energia de Fermi

    esto completamente ocupados e todos aqueles estados com uma energia maior esto

    desocupados; a energia de Fermi est exatamente definido no zero absoluto, = 0. Conforme a temperatura aumenta os portadores de carga possuem energia trmica

    suficiente para criar transies no interior das bandas ou transies da banda de valencia

    banda conduo e, por tanto, a energia de Fermi no est exatamente definida. Nesse

    caso comumente atribuir o termo nvel de Fermi ou potencial qumico ao estado

    que possui uma probabilidade de 50% de ocupao; estados com uma energia superior

    ao nvel de Fermi, da ordem de , possuem uma probabilidade de ocupao menor que cai exponencialmente (cauda de Boltzman). No caso de um semicondutor intrnseco o

    potencial qumico est bem prximo da regio central do gap e, portanto, a probabilidade

    de ocupao de um estado particular nas bandas desprezvel. Quando o nvel de Fermi

    est abaixo do nvel aceitador criado um buraco na banda de valncia e quando est

    justamente embaixo do nvel doador um eltron criado na banda de conduo.

  • 20 | P g i n a

    FIGURA 7: Descrio grfica da concentrao de portadores das bandas em funo da distribuio de probabilidade de ocupao de Fermi-

    Dirac no interior do gap de um material semicondutor. Adaptado de

    (Kim e jeong 2014).

    Atravs do processo da dopagem possvel controlar a posio do nvel de Fermi do

    material. No caso de materiais com perfil de dopagem tipo-n (tipo-p) o nvel de Fermi

    encontra-se bem prximo da banda de conduo (valncia); conforme a concentrao de

    dopagem aumenta a probabilidade de ocupao na banda de conduo (valncia) cada

    vez maior (menor), como pode ser vista na FIGURA 7, onde mostrado a probabilidade de

    ocupao (figura superior) e a concentrao de portadores (figura inferior) para materiais

    intrnsecos, com perfil de dopagem tipo-n e tipo-p.

    A energia necessria para promover um eltron (buraco) do nvel doador (aceitador)

    banda de conduo (valncia) definida como energia de ionizao; no caso de impurezas

    rasas dita energia pequena e, portanto, temperatura ambiente a energia trmica

    recebida suficiente para estabelecer a transio.

    Em geral, um semicondutor contm uma mistura de impurezas doadoras e aceitadoras,

    ou seja, ele est sempre compensado. A concentrao minoritria de impurezas atua com

    centros compensadores da concentrao de impurezas maioritria. Um critrio til para

    distinguir (Shklovskii e Efros 1984) um semicondutor levemente dopado para o

    fortemente dopado a anlise da sua condutividade prximo do zero absoluto de

    temperatura. No caso de semicondutores fracamente compensados existe uma

    concentrao que estabelece uma transio entre os dois regimes, bem conhecida como transio metal-isolante ou transio Mott. No caso de materiais fortemente

    compensados o valor bem maior e a transio bem conhecida como transio Anderson.

  • 21 | P g i n a

    No caso de ligas binarias de semicondutores dos grupos III-V da tabela peridica o grupo

    de elementos do grupo II ocupa preferencialmente stios cristalinos da sub-rede III e atua

    como aceitador, como o caso do Mg no GaAs, por enquanto os elementos do grupo VI

    entram a ocupar os stios da sub-rede V e atuam como centros doadores. Os elementos do

    grupo IV podem atuar como impurezas anfotricas e podem ocupar tanto os stios

    cristalinos da sub-rede III como stios da sub-rede de elementos V da tabela peridica,

    como o caso do Si no GaAs.

    Historicamente o Si o dopante tipo-n mais usado no GaAs porque possui propriedades

    interessantes tais como coeficiente de incorporao unitrio (todo material que chega na

    superfcie incorporado no cristal de GaAs), tem pouca difusividade e no anftero no

    crescimento de filmes finos de GaAs(100).

    Ainda que o coeficiente de incorporao do Si sempre foi considerado unitrio existe uma

    evidncia forte da sua dependncia com os parmetros de crescimento tais como a razo

    de fluxos 4/ e a temperatura de crescimento (Li e Bhattacharya 1992). No estudo de filmes finos de GaAs(100) dopados com Si foi encontrado que (a) mantendo a razo

    4/ de fluxos constante a concentrao de portadores aumenta conforme a temperatura de crescimento diminui e (b) mantendo temperatura constante a concentrao

    de portadores aumenta conforme a razo 4/ de fluxos aumenta.

    Vrios estudos sugerem que o stio da incorporao do Si no GaAs tem uma forte

    dependncia com a orientao cristalina (Ahn e Trussell 1971), (Lee, et al. 1989). Foi

    encontrado (Pavessi, et al. 1993) que a dopagem com silcio em amostras de GaAs com

    orientaes cristalinas ao longo das direes [100], [311]A e [311]B produz perfis de

    dopagem tipo-n com uma proporo anfotrica de Si [] [] = 0,08, dopagem

    tipo-p com [] [] 4 e dopagem tipo-n com [] [] = 0,01, respectivamente. Nestes estudos foi assumido que a dopagem tipo-n fundamentalmente

    produzida pela incorporao de impurezas substitutivas do tipo no GaAs.

    Em publicaes anteriores foi encontrado (Wang, et al. 1985) que no caso de filmes finos

    de GaAs(N11)A dopados com Si existe uma forte tendncia a estabelecer um perfil de

    dopagem tipo-p quando 3 e tipo-n quando > 3. Existe forte evidncia da transio de perfil de dopagem tanto em filmes fino de GaAs(311)A como filmes finos (Tok, et al.

    1998) de GaAs(110) ligada diretamente as condies de crescimento, como pode ser visto

    da FIGURA 8.

  • 22 | P g i n a

    FIGURA 8: (a) Concentrao de portadores em GaAs(311)A e GaAs(100) em funo dos fluxos V/III. A linha pontilhada representa a

    concentrao de impurezas de Si. (b) Diagrama de fases do perfil de

    dopagem de GaAs (311)A em funo da razo V/III e a temperatura de

    crescimento. (Sakamoto, Hirakawa e Ikoma 1995)

    A fim de entender a dependncia implcita do comportamento anfotrico com a orientao

    cristalina preciso estudar a geometria das ligaes na superfcie. Na FIGURA 9 so

    mostradas as relaes geomtricas das superfcies GaAs(111)A e GaAs(100). A estrutura

    das superfcies (211)A e (311)A bem similar e pode ser vista como um arranjo peridico

    de componentes geomtricas das ligaes ao longo das direes (111)A e (100). O

    empacotamento compacto da superfcie (211)A consiste no arranjo peridico de um

    degrau atmico (100) e dois terraos atmicos (111)A. (311)A est composta de um

    nmero igual de degraus (100) e terraos (111)A atmicos. O terrao das superfcies

    (211)A e (311)A possu tomos de Arsnio (As) com uma e duas ligaes pendentes,

    respectivamente. Os degraus das duas superfcies possuem um tomo de glio (Ga) com

    uma ligao pendente. No caso da superfcie (311)B a configurao atmica idntica

    superfcie (311)A permutando simplesmente as posies de As por tomos de Ga.

    FIGURA 9: Geometria de ligaes das superficiais (a) GaAs(111)A, GaAs(100) e (b) GaAs(111)B. (Lee, et al. 1989)

  • 23 | P g i n a

    As molculas de 2 possuem um tempo de vida de difuso bem menor que os adtomos

    de Ga e Si na superfcie do GaAs, portanto, precisa-se ter uma razo de fluxos V/III bem

    significativa a fim de atingir o crescimento estequiomtrico.

    Quando a cobertura molecular de 2 na superfcie do terrao grande os adtomos de

    Si e Ga competem para compensar as ligaes pendentes de nos degraus (stios de Ga). Se a concentrao de Ga menor, em relao a concentrao de Si, estabelecido

    um perfil de dopagem tipo-n em condies de populao baixa de e concentraes

    altas de se estabelece o cenrio prprio para incorporao de Si nos stios de As, e assim o estabelecimento de um perfil de dopagem tipo-p.

    1.3 MECANISMOS DE TRANSPORTE EM GaAs BULK

    A fim de estudar as diferentes propriedades do transporte eltrico no GaAs tentaremos

    mostrar o papel da mobilidade e concentrao de portadores nos processos de conduo.

    Para materiais semicondutores que possuem tanto eltrons quanto buracos, a densidade

    da corrente = = ( + ) sob a ao de um campo depende tanto da

    mobilidade , quanto da concentrao de portadores , . Uma anlise da

    condutividade () em funo da temperatura pode ser feita atravs do estudo da dependncia trmica tanto da concentrao quanto da mobilidade.

    Quando o nvel de Fermi fica em uma faixa de energia da ordem justamente acima do topo da banda de valncia ou abaixo da banda de conduo, estes materiais so bem

    conhecidos como semicondutores no degenerados. A concentrao de buracos =

    ()()

    na banda de valncia com densidade de estados () e uma

    probabilidade de ocupao () pode ser reduzida (Sze e Kwong 2007), (Kim e jeong 2014) a uma expresso em funo da temperatura assim

    = exp[( ) ] (3)

    Onde = 2 (

    22)

    3/2

    a densidade de estados da banda de valncia. Usando o mesmo

    raciocnio uma expresso analtica semelhante da concentrao de eltrons =

    exp[( ) ] na banda de conduo pode ser calculada com =

    2 (

    22)

    3/2

    . Considerando = 9,101031, = 0,38 e = 0,067 a

    densidade de estados das bandas no GaAs corresponde a = 3,9710173 e =

    5,8910183 a temperatura ambiente, = 300.

    Para semicondutores intrnsecos a concentrao de eltrons na banda de conduo s pode

    ser produzida por transies tipo banda-banda; na condio de equilbrio trmico = (a concentrao de buracos na banda de valncia igual concentrao de eltrons na

    banda de conduo). Levando em considerao a lei de ao de massas e a condio de

    neutralidade, pode ser mostrado que a concentrao de portadores = =

    exp ( 2 ) diminui com a temperatura e o nvel de Fermi =

  • 24 | P g i n a

    1

    2( + ) +

    3

    4ln (

    ) fica perto da regio central do gap, como pode ser visto na

    FIGURA 10.

    FIGURA 10: Nvel de Fermi em funo da temperatura para vrias concentraes de dopagem no GaAs. (Sze e Kwong 2007).

    Sabendo que o GaAs, em geral, est compensado podemos considerar que o material

    possui uma concentrao de impurezas doadoras e uma concentrao de impurezas

    aceitadoras, simultaneamente. A compensao est definida como a razo =

    e para facilitar a anlise podemos supor que = (material tipo-n). Uma porcentagem de eltrons capturada por centros de impurezas aceitadoras e

    somente uma concentrao de impurezas tem eltrons disponveis para serem doados banda de conduo.

    O fator relevante na operao de um dispositivo o controle da concentrao de

    portadores de carga, e , a uma temperatura . O controle feito atravs da dopagem

    com tomos de impurezas. Dependendo da temperatura e dos nveis de impurezas e

    os centros de impurezas podem ser parcial ou totalmente ionizados; se o semicondutor,

    a uma temperatura , possui uma concentrao de centros doadores ou aceitadores

    a concentrao de doadores + e aceitadores

    ionizados pode ser obtida sabendo que

    + =

    1+2exp [()/] e

    =

    1+4exp [()/]. O nvel de Fermi em

    semicondutores extrnsecos pode ser obtido atravs da condio de neutralidade +

  • 25 | P g i n a

    = +

    +. Na FIGURA 10 mostrado a dependncia do nvel de Fermi com a

    temperatura e a concentrao de dopagem. Da FIGURA 10 pode ser visto que para um valor

    de temperatura constante o nvel de Fermi aproximasse das bandas conforme a concentrao de dopagem e a temperatura aumentam.

    Dentre a literatura existem trs regimes de temperatura onde a concentrao de portadores

    apresenta um comportamento bem definido. No regime intrnseco (temperaturas altas) a

    concentrao de portadores depende fundamentalmente da temperatura e independe da

    dopagem; os portadores de carga so gerados via excitaes trmicas da banda de valncia

    banda de conduo, como pode ser vista da FIGURA 11; atravs de um grfico de

    Arrhenius de ln () vs. 1 possvel obter o valor do gap medindo a inclinao

    2 .

    FIGURA 11: Grfico de Arrhenius do () vs. 1/, para um semicondutor tipo-n.

    No regime de saturao (temperaturas intermedirias) a concentrao de portadores

    independe da temperatura e a condutividade est governada inteiramente pela

    dependncia da mobilidade com a temperatura (conforme a temperatura aumenta ou

    diminui diferentes mecanismos de espalhamento entram em cena); neste regime todos os

    centros de impurezas so ionizados, , , conforme o nvel fica abaixo do nvel

    doador ou acima do nvel aceitador . Para semicondutores compensados com perfil

    de dopagem tipo-n moderado ( , ) a concentrao de portadores em termos da

    concentrao de dopantes no compensados pode ser obtida sabendo que = (Uma expresso similar pode ser obtida no caso de impurezas aceitadoras maioritrias).

  • 26 | P g i n a

    Este regime muito importante na arquitetura de muitos dispositivos semicondutores pelo

    amplo controle da concentrao de portadores atravs da concentrao de dopagem.

    Na regio de temperaturas baixas o material entra no regime de congelamento parcial, ver

    FIGURA 11, e a concentrao de portadores cai exponencialmente. Os portadores de carga

    so recapturados pelos centros de impurezas. Pode ser mostrado (MacCluskey e Haller

    2012) que na faixa de concentraes a concentrao de portadores tem uma dependncia explicita da temperatura assim

    = /2 (4)

    Onde = . Atravs de um grfico de Arrhenius de ln () vs. 1/ possvel

    obter um valor aproximado da energia de ativao . Conforme a temperatura diminui

    a taxa de captura aumenta e a concentrao de portadores na banda diminui, ,

    e o material entra na regio de congelamento total, conforme mostrado na FIGURA 11.

    Neste regime a concentrao de portadores tem uma dependncia com a temperatura e a

    concentrao de dopagem que pode ser escrita da seguinte maneira

    = (

    )

    / (5)

    Nos pargrafos anteriores a nossa ateno ficou centrada na descrio da concentrao de

    portadores livres no semicondutor em funo da dopagem e a temperatura. Nesta parte

    do trabalho tentaremos estudar os diferentes mecanismos de espalhamento (fnons,

    impurezas ionizadas e impurezas neutras) que limitam a mobilidade dos portadores de

    carga. No cenrio da nossa anlise consideramos o portador de carga na presena de um

    campo eltrico fraco onde a velocidade dos portadores diretamente proporcional ao

    campo, ver FIGURA 12, a uma temperatura .

    Como ser discutido em sesses posteriores o fnon pode ser tratado como uma quase-

    partcula com momento e energia . Atravs de colises elsticas com uma

    populao de fnons, um momento transferido ao portador de carga e

    instantaneamente espalhado a uma taxa 1 ~3 2 . Como resultado deste espalhamento a mobilidade de portadores de carga atenua-se significativamente em regies de

    temperatura alta = 3 2 . Uma expresso do espalhamento por fnons comumente

    usada no GaAs (Look e Walters 1990) pode ser escrita em termos do valor =

    4,411072113/2.

  • 27 | P g i n a

    FIGURA 12: Grfico da velocidade de portadores v vs. a intensidade do campo eltrico E para GaAs e Si puros.

    Na regio de temperaturas altas o material possui uma concentrao bem significativa de

    impurezas ionizadas que degradam notoriamente a mobilidade dos portadores de carga.

    O efeito atenuante na mobilidade =2,121018 3 2

    2[(1+)/(1+)] 211 aumenta com

    a concentrao de impurezas e diminui conforme a temperatura aumenta, onde =

    1,1110142/ com os valores e correspondentes ao nmero atmico e concentrao de impurezas, respectivamente (Look 1989).

    A concentrao de impurezas neutras aumenta por causa do processo de recaptura de

    portadores de carga da banda de valncia aos centros de impurezas, conforme a

    temperatura diminui. O efeito na mobilidade bem significativo no caso de

    semicondutores fracamente compensados. No regime de temperaturas baixas a

    mobilidade =

    0211 diminui conforme o nmero de impurezas ionizadas

    menor. No GaAs (Look 1989) o efeito do espalhamento por impurezas neutras bem

    descrito pelo valor da constate = 7,421019.

  • 28 | P g i n a

    FIGURA 13: Mobilidade de vrios semicondutores com perfil de dopagem (a) tipo-n e (b) tipo-p em funo da temperatura. (Adachi

    2005)

    De acordo com a regra de Matthiessen (MacCluskey e Haller 2012) a mobilidade no

    semicondutor ser a soma 1 = 1 + 1 + 1 resultante (ver FIGURA

    13) de todos os processos de espalhamento.

    At agora foi discutido o conceito de concentrao de portadores livres e mobilidade em

    funo da temperatura e dopagem no caso de materiais semicondutores mono cristalinos.

    Com o intuito de descrever o fenmeno da condutividade em materiais semicondutores s resta reunir todos os resultados, conforme foi planejado no incio desta sesso.

    O modelo usado para analisar a condutividade de materiais semicondutores poli-

    cristalinos (W. Seto 1975), (Tringe e Plummer 2000), a altas temperaturas, adaptado ao

    estudo dos mecanismos de conduo em nanofios de GaAs dopados com Silcio e

    Magnsio; os nanofios de GaAs possuem uma estrutura cristalina baseada na

    superposio de segmentos com estrutura Blenda de Zinco e Wurtzita (Dubrovskii e

    Sibirev 2008), cuja interface estabelece uma barreira de potencial (GPB) que os

    portadores precisam superar a fim de estabelecer a conduo.

    Um material poli-cristalino est formado pela sequncia de pequenos monocristais

    conectados por fronteiras de gro. Em geral, uma fronteira de gro esta constituda por

    uma estrutura complexa de camadas atmicas arranjadas de forma aleatria; pela sua

    natureza, em uma fronteira de gro. Existem uma porcentagem considervel de nveis de

    energia de defeitos tipo armadilha associados a ligaes atmicas no compensadas e com

    a capacidade de capturar portadores de carga e imobiliz-los. O efeito deste processo se

    traduz em uma reduo de portadores disponveis para a conduo. Conforme os

    (a) (b)

  • 29 | P g i n a

    portadores de carga so capturados na regio prxima (regio de depleo) fronteira de

    gro estabelece uma barreira de energia potencial = que impede o fluxo de carga de um monocristal ao seu vizinho prximo. Baseado neste modelo a mobilidade e a

    concentrao de portadores livres em material poli-cristalino menor que a

    correspondente em um material mono-cristalino, cuja teoria foi amplamente discutida nos

    pargrafos anteriores. O modelo inicialmente foi feito considerando a anlise em uma

    dimenso, as impurezas esto completamente ionizadas e os monocristais possuem um

    tamanho . A concentrao de portadores media no cristal obtida integrando a concentrao de portadores de um monocristal (equao 3) fora da regio de depleo.

    Sabendo que a barreira de potencial diminui significativamente com a concentrao de

    dopagem as correntes terminicas (fluxo de cargas com energia suficiente para superar a

    barreira de potencial) so dominantes em relao s correntes de tunelamento. Assumindo

    que uma expresso analtica da corrente terminica pode ser escrita da seguinte maneira (W. Seto 1975)

    = [2 (

    1

    2)

    12

    ] (6)

    A partir desta relao linear corrente-voltagem possvel obter a dependncia da

    resistividade com a temperatura da seguinte maneira

    () = 0 exp (

    ) (7)

    Onde o coeficiente 0 uma constante, = 2 8 est associado altura da barreira

    de potencial com uma concentrao de estados armadilha e corresponde constante dieltrica do material.

    Conforme entramos em regies de temperatura baixa (regime de congelamento) outros

    mecanismos so ativados tais como a conduo por saltos entre primeiros vizinhos

    (NNH), conduo por saltos de alcance varivel tipo-Mott e conduo por saltos de

    alcance varivel tipo Efros-Shklovskii. O aumento gradativo do processo de recaptura de

    eltrons das bandas, no regime de congelamento, estabelece o cenrio prprio ao

    estabelecimento de conduo por saltos entre impurezas. No mecanismo de transporte por

    saltos existe uma probabilidade de tunelamento associada transio de um portador de

    carga de um nvel de impureza preenchido a um nvel de impurezas vazio como

    mostrado na FIGURA 14. Neste mecanismo a conduo est determinada pela

    disponibilidade dos centros de impurezas vazios, o que estabelece uma forte conexo com

    o grau de compensao presente no material.

    A probabilidade de saltos entre impurezas est associada superposio das suas funes

    de onda. No nosso caso, semicondutores levemente dopados, a separao entre impurezas

    maior que o seu raio de Bohr. Conforme a concentrao diminui a separao entre

    impurezas aumenta, trazendo como resultado uma probabilidade de salto muito baixa e,

    portanto, um decaimento exponencial da condutividade eltrica. O decaimento

    exponencial a principal evidncia a favor do mecanismo de conduo por saltos.

  • 30 | P g i n a

    FIGURA 14: Esquema da conduo por saltos (a) no espao real e no espao de energias para semicondutores com (b) compensao baixa e

    (c) compensao alta. Adaptada de (MacCluskey e Haller 2012)

    De acordo com o modelo de resistores de Miller e Abrahams (Shklovskii e Efros 1984) o

    mecanismo de conduo por saltos pode ser estudado em termos do nmero de transies

    eletrnicas entre estados de impurezas acompanhadas de emisso e absoro de

    fnons por unidade de tempo. A fim de estabelecer o balano detalhado um nmero igual

    de transies estabelecem o equilbrio = 0 na ausncia de um campo eltrico.

    Quando um campo eltrico fraco quebra o balano detalhado das transies estabelecido

    uma densidade de corrente, cujo valor permite obter diretamente a resistncia, reduzindo

    o problema, determinar a condutividade a partir do estudo de uma rede aleatria de

    resistores equivalentes. A fim de entender o modelo vamos supor inicialmente que (a) as

    funes de estado ,( ,) , representam os estados fundamentais de dois

    centros de impurezas , que compartilham um eltron e (b) a distncia entre elas

    maior que o seu raio de Bohr, . A quebra da degenerescncia pela interao eltron-

    impureza () leva ao estabelecimento de dois estados que podem ser construdos a

    partir de uma combinao linear simtrica e antissimtrica de orbitais atmicos 1,2 =

    2(1

    3)1/2 com as respectivas energias 1,2 = 0

    2

    onde 0 a

    energia de um nvel doador isolado e a integral de superposio. Definindo ,

    onde = () () corresponde energia de interao de duas impurezas , pode

  • 31 | P g i n a

    ser mostrado que uma transio eletrnica de um estado = +

    ao estado =

    implica necessariamente a transferncia de carga atravs de uma distancia

    e, portanto, uma corrente eltrica estabelecida.

    A probabilidade de transio eletrnica = 0 exp(2 ) (

    ) associada

    absoro de um fnon depende da densidade cristalina , constante do potencial de

    deformao 1, velocidade do som , raio de Bohr e constante dieltrica atravs do

    coeficiente 0 =

    12

    54(

    22

    3)

    2 2

    2[1 + (

    2)

    2

    ]

    4

    e () = [exp (

    ) 1]

    1

    .

    O nmero de eltrons que experimentam uma transio por unidade de tempo =

    0 exp(2 ) ( )(1 ) depende de = a funo de distribuio

    eletrnica entre centros doadores e o nvel de energia da i-esima impureza.

    De forma similar pode ser escrita uma expresso analtica de correspondente s

    transies produzidas no sentido oposto acompanhado da emisso de um fnon e

    assim construir uma expresso da corrente = ( ) entre centros de impurezas

    doadores e .

    Na presena de um campo os eltrons so redistribudos entre os diferentes centros de

    impurezas, fato que pode ser levado em considerao na nossa anlise introduzindo

    pequenas correes e tanto na funo de distribuio quanto no sistema de nveis de energia. Depois de algumas manipulaes algbricas possvel escrever uma

    expresso da corrente na forma da lei de Ohm

    = 1( ) (8)

    Onde = + e 1 =

    20 com

    0 o valor correspondente as frequncias das

    transies no equilbrio. O termo ( ) pode ser considerado como a queda de

    voltagem correspondente transio e o valor associado resistncia.

    Pode ser mostrado que na regio de baixas temperaturas | |, | |, | |

    a frequncia das transies = 0 exp(2 ) exp ( ) pode ser escrita em

    termos de = 1/2(| | + | | + | |), logo podemos obter uma expresso

    da resistividade = 0 exp () mais compacta sabendo que = 2

    +

    e

    0 =

    20

    At agora temos reduzido o problema da condutividade por saltos ao clculo da

    condutividade de uma rede aleatria de pares doadores com uma resistncia intrnseca

    especfica.

    A conduo por saltos entre nveis de primeiros vizinhos o mecanismo dominante

    quando 2

    , portanto, sabendo que a energia associada com o salto =

    2

    depende da distncia entre primeiros vizinhos fcil mostrar que dita condio

    satisfeita quando > (4/3)1/3. Nestas condies uma expresso da resistividade

  • 32 | P g i n a

    em funo da temperatura para semicondutores com um perfil de dopagem tipo-p pode

    ser escrita da seguinte maneira

    () = 1 exp( ) (9)

    Onde = (0,992

    1 3 ) 4 a energia de ativao do mecanismo de conduo

    por saltos e a concentrao de impurezas aceitadoras.

    Em uma regio de temperatura suficientemente baixa os dois termos 2

    +

    possuem

    valores da mesma ordem e, por tanto, somente saltos entre estados de impurezas com

    valores pequenos contribuem significativamente a conduo. Afim de satisfazer dita

    condio os portadores de carga precisam ser promovidos a stios remotos, no

    necessariamente stios de primeiros vizinhos, atravs de transies que envolvam

    energias de transio menores. Somente nveis de energia e perto do nvel de Fermi

    tero um papel fundamental no processo de conduo. A relao explcita da densidade

    de estados e o nvel de Fermi com a energia determinam a dependncia com a temperatura

    da resistividade. Uma expresso analtica da densidade de estados j foi motivo de muitas

    controvrsias, porm uma forma j comumente aceita (Pollak e Shklovskii 1991) pode

    ser escrita () = 0 e, assim a dependncia da resistividade com a temperatura

    estabelecida. De acordo com o trabalho de Mott a densidade de estados () = 0 ao

    redor da Energia de Fermi constante ( = 0) e a resistividade em funo da temperatura pode ser escrita assim

    () = 1 2 exp[( )

    1 4 ] (10)

    Com = 49 03 .

    Em materiais altamente compensados existe uma temperatura crtica entre o regime de

    conduo de saltos entre primeiros vizinhos (NNH) e o regime de conduo por saltos de

    alcance varivel tipo-Mott. A partir da temperatura critica = (2

    2/3) 4

    possvel determinar a compensao no caso de materiais semicondutores com > 0,5 a

    partir da expresso = = 1 (1 )1 2 (()

    2/2)3/4 .

    No modelo de saltos de alcance varivel VRH-ES (Efros-Shklovskii) levado em conta

    a interao coulombiana e proposto a existncia de gap coulombiano perto do nvel de

    Fermi, ou seja, a densidade de estados possui um valor bem prximo de zero na

    proximidade do nvel de Fermi (Subhalaskhmi e Kumar 1999). Neste modelo a densidade

    de estados tem uma dependncia quadrtica com a energia () = 02 e a partir desta

    expresso pode ser mostrado que resistividade em funo da temperatura tem a seguinte

    forma

    () = exp[( )1 2 ] (11)

    Com = 2,8 2 .

  • 33 | P g i n a

    Quando a concentrao de impurezas muito alta, os estados de impurezas, se superpem

    fortemente. Perdem a sua propriedade de localizao. Nesse caso comum falar do

    regime de transporte em uma banda de impurezas no lugar do transporte por saltos entre

    estados localizados de impurezas.

    No mecanismo de transporte por conduo na banda de impurezas em semicondutores,

    com perfil de dopagem tipo-n (os mesmos argumentos podem ser aplicados para dopagem

    tipo-p), um nvel de impurezas doador preenchido pode-se ligar fracamente em um

    segundo eltron proveniente de outro centro doador e, portanto, ficar carregado

    negativamente. Neste processo no precisa-se de estados de impurezas receptores vazios

    e, assim, no existe uma dependncia direta com a compensao. O centro doador

    (inicialmente neutro) que fornece o eltron fica com carga positiva, entretanto o centro

    doador receptor fica carregado negativamente.

    1.4 MODELO DE CRESCIMENTO

    O crescimento epitaxial por feixes moleculares (MBE) dos nanofios, de ligas binria e

    ternria dos grupos III-V da tabela peridica, ativado pela deposio intencional de nano

    partculas metlicas em um substrato (cortado ao longo de planos cristalinos pr-

    estabelecidos) com o objetivo de delimitar regies pontuais, ao longo da superfcie, com

    uma interface metal-substrato onde a taxa de crescimento do material precursor maior

    em relao ao crescimento em regies no ativadas. Os trs elementos fundamentais no

    crescimento so (a) as fontes slidas, (b) feixes moleculares ou atmicos, (c) nano

    partculas metlicas e (d) o substrato. Durante o crescimento coexistem trs fases bem

    diferenciadas: uma fase correspondente liga lquida estabelecida entre o material

    precursor e a nano-partcula, material precursor na fase vapor e o substrato na fase slida.

    O mecanismo de crescimento considerado neste estudo comumente conhecido como

    Vapor-Lquido-Slido (VLS) (R. e W. 1964) em virtude desta coexistncia trifsica.

    Na hora de escolher as nano-partculas metlicas preciso levar em conta que deve

    estabelecer-se uma liga lquida com o material precursor temperatura de crescimento, a

    solubilidade do material precursor na liga lquida deve ser superior solubilidade na fase

    slida, a presso de vapor deve ser pequena, deve ser inerte a reaes qumicas e,

    finalmente, no pode se estabelecer a fase slida durante o crescimento. O ouro (Au) tem

    sido usado amplamente no crescimento de nanofios dos grupos III-V (Veresegyhzy,

    Mojzes e Pecz 1986) apesar de existir forte evidncia de incorporao ao longo do nanofio

    (Bar-Sadan, et al. 2012), durante o processo de crescimento, cujo efeito se traduz em uma

    reduo da mobilidade e degradao das suas propriedades eletrnicas. Atualmente existe

    evidncia de crescimentos feitos usando metais de transio como Nquel (Ni)

    (Kuykendall, et al. 2003) e ferro (Fe) (Regolin, Khorenko, et al. 2007).

    Muitos estudos (Dubrovskii e Sibirev 2007) foram feitos com o intuito de conhecer a

    estreita relao entre a taxa de crescimento axial e o raio do nanofio. Foi estabelecido que existem trs elementos que contribuem significativamente na taxa de

    crescimento: (a) o efeito Gibbs-Thomson associado estreita relao do potencial

    qumico do nanofio e da nano-partcula com a geometria da superfcie, (b) correntes de

    difuso geradas pelo material precursor que colide e difunde na superfcie do substrato,

  • 34 | P g i n a

    paredes laterais do nanofio e superfcie da nano-partcula at a interfase de crescimento e

    (c) transio do regime mononuclear ao regime poli nuclear (Kashchiev 2000) na

    interfase de crescimento (ver FIGURA 15) conforme o raio do nanofio aumenta.

    A superfcie esfrica da nano-gota lquida atua como uma rea coletora preferencial tanto

    de adtomos que difundem ao longo da superfcie do substrato como dos precursores que

    colidem diretamente na sua superfcie na forma de feixes atmicos; a capacidade que tem

    a calota esfrica de acomodar um nmero maior de adtomos por unidade de rea, em

    relao a outras regies no ativadas do substrato com uma rea circular igual sua rea

    transversal circular, contribui significativamente na taxa de crescimento. Conforme os

    adtomos difundem atravs da interfase vapor-lquida da nano-partcula a concentrao

    de material precursor na liga lquida aumenta, passando pelo estado de equilbrio, at

    atingir um estado de supersaturao; neste estado o material em excesso condensado na

    interfase lquido-slido (mecanismo intrnseco do sistema para recuperar o estado de

    equilbrio perdido) a uma taxa superior em relao taxa de nucleao dos adtomos em

    uma rea do substrato no ativada. A difuso contnua de material atravs da superfcie

    da calota esfrica estabelece um estado estacionrio no interior da nano-gota, mantido ao

    longo do crescimento, onde a taxa de deposio na interfase vapor-lquida igual taxa

    de acomodao na interfase lquida-nanofio, trazendo como consequncia a formao de

    uma coluna de material cristalino na direo normal, carregando a nano-partcula no topo

    do nanofio durante o crescimento.

    O material que colide diretamente na superfcie da nano-gota contribui significativamente

    ao crescimento axial do nanofio; colises de precursores nas superfcies do substrato

    estabelecem uma corrente de difuso (ver FIGURA 15) de adtomos que podem ser re-

    evaporados, contribuir ao crescimento do filme fino ou difundir atravs da superfcie

    lateral do nanofio at a interfase de crescimento. Conforme o comprimento do nanofio

    aumenta as contribuies no crescimento dos nanofios do material precursor que colide

    no substrato cada vez menor; o comprimento dos nanofios atinge um valor maior em

    relao ao comprimento de difuso dos adtomos e, portanto, somente correntes de

    difuso provenientes de colises na superfcie lateral, perto da nano-gota, contribuem ao

    crescimento axial nas etapas avanadas do crescimento; terminaes em forma de agulha

    constituem uma forte evidncia (Plante e LaPierre 2009), (Dubrovskii, Cirlin e Ustinov

    2009) do crescimento radial produzido pela nucleao de adtomos nas superfcies

    laterais.

  • 35 | P g i n a

    FIGURA 15: Esquema do modelo de crescimento VLS: O material na fase vapor que colide e adsorvido, difunde ao longo do substrato, da

    superfcie lateral, a superfcie da nano-partcula, ou evapora,

    atravssa a interface vapor-lquida aumentando a concentrao de

    soluto no interior da nano-gota. Adaptado de (Ribeiro de Andrade

    2010).

    A supersaturao do material precursor em fase gasosa = exp(/) 1 e da

    liga lquida Au-Ga = exp(/) 1 corresponde fora termodinmica que conduz os processos de crescimento tanto na superfcie do substrato com na interface