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Cientistas desenvolvem terapia virtual contra paranoia e ansiedade correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2018/02/13/interna_ciencia_saude,659550/como-tratar-a- ansiedade-e-a-paranoia.shtml (foto: Maurenilson Freire/CB/D.A Press) Uma terapia que combina realidade virtual com tratamentos tradicionais, desenvolvida por cientistas na Holanda, pode se tornar um grande aliado para combater a paranoia e a ansiedade em pessoas com transtornos psicóticos. Testes clínicos realizados em 116 pacientes tiveram resultados promissores, descreveram cientistas na revista The Lancet Psychiatry. Segundo o estudo, os exercícios tornaram as relações sociais dos pacientes menos tensas. Embora animado, o grupo de especialistas liderado por Roos Pot-Kolder, da VU University da Holanda, destaca que mais testes são necessários para confirmar os benefícios a longo prazo desse tipo de tecnologia, que simula estar em uma realidade cheia de avatares virtuais. Estima-se que até 90% dos pacientes com psicoses têm pensamentos paranoicos, o que os leva a perceber ameaças onde não há nenhuma. Como resultado, muitos evitam lugares públicos, assim como o contato com pessoas, passando muito tempo sozinhos. A terapia cognitivo-comportamental (CBT), em que os pacientes recebem ajuda para superar problemas que parecem esmagadores, ajuda a reduzir a ansiedade, mas faz pouco para controlar a paranoia. Daí a expectativa em torno do novo estudo. 1/2

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Page 1: Cientistas desenvolvem terapia virtual contra paranoia e ... · terapia cognitivo-comportamental (CBT), em que os pacientes recebem ajuda para superar problemas que parecem esmagadores,

Cientistas desenvolvem terapia virtual contra paranoia eansiedade

correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2018/02/13/interna_ciencia_saude,659550/como-tratar-a-ansiedade-e-a-paranoia.shtml

(foto: Maurenilson Freire/CB/D.A Press)

Uma terapia que combina realidade virtual com tratamentos tradicionais, desenvolvida porcientistas na Holanda, pode se tornar um grande aliado para combater a paranoia e aansiedade em pessoas com transtornos psicóticos. Testes clínicos realizados em 116pacientes tiveram resultados promissores, descreveram cientistas na revista The LancetPsychiatry. Segundo o estudo, os exercícios tornaram as relações sociais dos pacientesmenos tensas.

Embora animado, o grupo de especialistas liderado por Roos Pot-Kolder, da VU Universityda Holanda, destaca que mais testes são necessários para confirmar os benefícios a longoprazo desse tipo de tecnologia, que simula estar em uma realidade cheia de avataresvirtuais.

Estima-se que até 90% dos pacientes com psicoses têm pensamentos paranoicos, o queos leva a perceber ameaças onde não há nenhuma. Como resultado, muitos evitamlugares públicos, assim como o contato com pessoas, passando muito tempo sozinhos. Aterapia cognitivo-comportamental (CBT), em que os pacientes recebem ajuda para superarproblemas que parecem esmagadores, ajuda a reduzir a ansiedade, mas faz pouco paracontrolar a paranoia. Daí a expectativa em torno do novo estudo.

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Para o teste, os 116 participantes receberam um tratamento tradicional, com medicaçãoantipsicótica e consultas com o psiquiatra. Metade deles também praticou interaçõessociais em um ambiente virtual. Essa parte da terapia consistiu em 16 sessões de umahora de duração, num período de entre oito a 12 semanas.

Os pacientes foram expostos, por meio de avatares virtuais, a situações sociais queprovocariam medo e paranoia em quatro cenários: a rua, o ônibus, o café e osupermercado. Os terapeutas podiam alterar a quantidade de avatares, sua aparência e seas respostas já registradas para o paciente eram neutras ou hostis. Os especialistastambém aconselhavam os participantes, ajudando-os a explorar e testar seus própriossentimentos em diferentes situações.

Eles foram avaliados no início do teste, três meses e seis meses depois. O estudo revelouque a exposição à realidade virtual não aumentou o tempo que os participantes passaramcom outras pessoas, mas, sim, a qualidade das interações. “A adição da realidade virtualaos tratamentos tradicionais reduziu os sentimentos paranóicos e o uso decomportamentos ansiosos em situações sociais, em comparação com a terapia padrãosozinha”, resumiu a autora principal, Roos Pot-Kolder.

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