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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 007.849/2013-3 GRUPO I - CLASSE V – Plenário TC 007.849/2013-3 Natureza: Relatório de Auditoria Órgãos/Entidades: Secretaria de Estado da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro; Ministério do Esporte. Responsáveis: José Cândido da Silva Muricy (740.640.457-34); Luís Manuel Rebelo Fernandes (797.578.477-04); Regis Velasco Fichtner Pereira (002.503.627-08) Interessados: Autoridade Pública Olímpica (14.039.541/0001-38); Congresso Nacional Advogado constituído nos autos: não há. SUMÁRIO: FISCOBRAS 2013. AUTORIDADE PÚBLICA OLÍMPICA. GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. AUSÊNCIA DE IRREGULARIDADES GRAVES NOS TERMOS DEFINIDOS NA LDO/2013. DETERMINAÇÃO. CIÊNCIA. RELATÓRIO Reproduzo, a seguir, com ajustes formais, o teor principal do relatório de auditoria produzido no âmbito da Secretaria de Fiscalização de Obras Aeroportuárias e de Edificação (peça 77), cujas propostas foram endossadas pelos dirigentes da Unidade Técnica (peças 78 e 79). “1 - APRESENTAÇÃO Trata-se de fiscalização realizada no Ministério do Esporte (ME) e na Secretaria de Estado da Casa Civil do Governo do Estado do Rio de Janeiro, em cumprimento ao Acórdão 448/2013- TCU-Plenário, que tem como objeto as obras de implantação de infraestrutura para os Jogos Olímpicos de 2016. Dentro desse escopo, foram identificados dois objetos, a saber, o edital da Concorrência Internacional 1/2013, a cargo da Casa Civil do Rio de Janeiro, com o fim de contratar empresa especializada para elaboração do Plano Geral Urbanístico e dos Projetos Básicos e Executivos do Complexo Esportivo de Deodoro; e o contrato 11/2013-UFRJ cujo objeto são as obras de construção do Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que funcionará como laboratório 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 007.849/2013-3

GRUPO I - CLASSE V – PlenárioTC 007.849/2013-3 Natureza: Relatório de AuditoriaÓrgãos/Entidades: Secretaria de Estado da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro; Ministério do Esporte. Responsáveis: José Cândido da Silva Muricy (740.640.457-34); Luís Manuel Rebelo Fernandes (797.578.477-04); Regis Velasco Fichtner Pereira (002.503.627-08) Interessados: Autoridade Pública Olímpica (14.039.541/0001-38); Congresso NacionalAdvogado constituído nos autos: não há.

SUMÁRIO: FISCOBRAS 2013. AUTORIDADE PÚBLICA OLÍMPICA. GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. AUSÊNCIA DE IRREGULARIDADES GRAVES NOS TERMOS DEFINIDOS NA LDO/2013. DETERMINAÇÃO. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Reproduzo, a seguir, com ajustes formais, o teor principal do relatório de auditoria produzido no âmbito da Secretaria de Fiscalização de Obras Aeroportuárias e de Edificação (peça 77), cujas propostas foram endossadas pelos dirigentes da Unidade Técnica (peças 78 e 79). “1 - APRESENTAÇÃOTrata-se de fiscalização realizada no Ministério do Esporte (ME) e na Secretaria de Estado da Casa Civil do Governo do Estado do Rio de Janeiro, em cumprimento ao Acórdão 448/2013-TCU-Plenário, que tem como objeto as obras de implantação de infraestrutura para os Jogos Olímpicos de 2016. Dentro desse escopo, foram identificados dois objetos, a saber, o edital da Concorrência Internacional 1/2013, a cargo da Casa Civil do Rio de Janeiro, com o fim de contratar empresa especializada para elaboração do Plano Geral Urbanístico e dos Projetos Básicos e Executivos do Complexo Esportivo de Deodoro; e o contrato 11/2013-UFRJ cujo objeto são as obras de construção do Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que funcionará como laboratório de análises antidoping durante os Jogos, sendo este tratado no TC 010.957/2013-8 - Fiscalis 289/2013.Além do Laboratório de Controle de Dopagem e do Complexo Esportivo de Deodoro, o qual abrigará as modalidades de hipismo, tiro, esgrima, pentatlo moderno, canoagem slalom, ciclismo (BMX e mountain bike) e hóquei sobre grama, consta também do rol de instalações esportivas necessárias à realização dos Jogos Olímpicos, a serem executadas com recursos federais geridos pelo Ministério do Esporte, algumas estruturas pertencentes ao Parque Olímpico da Barra, que será o maior dos três empreendimentos em se tratando do volume de recursos previstos, abrigando as modalidades de handebol, tênis, natação, nado sincronizado e ciclismo de pista, conforme relação encaminhada pelo Ministério do Esporte, transcrita no item 7.2 do presente relatório.

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O Parque Olímpico da Barra não foi objeto específico da presente fiscalização em virtude de não contar ainda com recursos federais, uma vez que os projetos urbanístico, de arquitetura e complementares, bem como diversas contratações anteriores, foram realizadas com a utilização de recursos municipais. Os recursos federais para esse empreendimento começarão a ser empregados na etapa seguinte, que corresponde à execução das obras, conforme informações obtidas junto ao ME na etapa de planejamento deste trabalho.Apresentam-se a seguir informações sintéticas sobre os três empreendimentos mencionados:a) Complexo Esportivo de Deodoro (objeto do presente relatório).- Estágio atual: ainda em fase de licitação para a contratação dos projetos;- Valor estimado das obras no Dossiê de Candidatura: R$ 308.376.638,63 (atualizado pelo INCC p/ jan/2013 pelo ME);- Valor total estimado: superior a R$ 1 bilhão (estimado em 2012 para parametrização do custo dos projetos conforme detalhado adiante);- Valor da etapa em execução: R$ 37.570.352,95 (orçamento-base para licitação dos projetos).b) Ladetec - tratado no TC 010.957/2013-8 (Fiscalis 289/2013) c) Parque Olímpico da Barra.- Estágio atual: projetos de arquitetura e complementares contratados com previsão de se concluírem os projetos básicos em maio de 2013, previa-se o início da licitação das obras na mesma data, porém, até a conclusão do presente, não havia sido publicado nenhum edital de licitação; - Valor estimado Dossiê de Candidatura: R$ 497.803.003,52 (atualizado pelo INCC p/ jan/2013 pelo ME);- Valor total estimado atual: não informado, em virtude dos projetos não estarem finalizados;- Valor da etapa em execução: R$ 32.044.108,86 (soma dos orçamentos-base da licitação dos projetos com recursos municipais).Em virtude de terem sido verificados dois objetos bastante distintos e com responsáveis também distintos, optou-se por tratar de cada um em relatório individualizado. Dessa forma, as especificidades referentes ao Complexo Esportivo de Deodoro serão abordadas no âmbito deste Relatório Fiscalis 194/2013, nos autos do TC 007.849/2013-3, enquanto aquelas referentes ao Laboratório de Controle de Dopagem serão abordadas no âmbito do Relatório Fiscalis 289/2013, nos autos do TC 010.957/2013-8.

Importância socioeconômica

Os Jogos Olímpicos constituem um evento esportivo de grande porte realizado a cada quatro anos. Em mais de uma oportunidade, a cidade do Rio de Janeiro candidatou-se como opção de sede para esse evento. A sua escolha como sede

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dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 ocorreu em 2/10/2009. Desde então, diversas obras de infraestrutura foram planejadas para receber as competições de alto nível previstas.

Assim, na visão do Ministério do Esporte (ME), a realização dos Jogos constitui importante vetor de desenvolvimento, que extrapola as esferas local e regional. Nesse sentido, a principal importância socioeconômica reside na promoção do Brasil nos mercados globais, e da cidade do Rio de Janeiro. Além disso, destacam-se o legado das instalações esportivas e científicas a serem construídas ou reformadas, bem como a oportunidade de melhoria urbanística para a cidade, no que tange à mobilidade urbana e à revitalização de áreas degradadas.

Conforme ressaltado anteriormente, o foco deste trabalho se dará nas instalações esportivas cuja execução contará com recursos federais.

Dessa forma, registra-se que as instalações esportivas do Complexo Esportivo de Deodoro terão importância para a realização do evento, já que contemplarão as modalidades de hipismo, tiro, esgrima, pentatlo moderno, canoagem, ciclismo (BMX e mountain bike) e hóquei sobre grama, somando capacidade bruta total para cerca de 30.000 espectadores. Além do mais, pretende-se que os projetos das instalações de Deodoro contemplem a revitalização urbanística da região de Deodoro, que se localiza na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.

Já o Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (Ladetec) da UFRJ, tratado no TC 010.957/2013-8, será um laboratório de 33.546 m², o qual contará com homologação da Agência Internacional de Controle de Dopagem (WADA, na sigla em inglês). Após os Jogos, parte do Ladetec será revertido para uso do Instituto de Química da UFRJ e a parcela restante será mantida para uso de controle de dopagem de eventuais competições esportivas.

2 - INTRODUÇÃO

2.1 - Deliberação que originou o trabalho Em cumprimento ao Acórdão 448/2013-Plenário, realizou-se auditoria de conformidade no Ministério do Esporte, na Universidade Federal do Rio de Janeiro

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(UFRJ), na Secretaria de Estado da Casa Civil do Governo do Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de fiscalizar as obras de implantação de infraestrutura para os Jogos Olímpicos de 2016, no município do Rio de Janeiro/RJ, no período compreendido entre 29/8/2012 e 19/4/2013.Entre as razões que motivaram esta auditoria, destacam-se a elevada relevância social e econômica do empreendimento e o grande vulto dos investimentos previstos para alocação nas obras, no valor de R$ 15.066.089,99 para o caso do Ladetec e de R$ 37.570.352,95 para os projetos do Complexo Esportivo de Deodoro. Vale destacar que os valores mencionados correspondem apenas a parcelas em execução dos respectivos empreendimentos. O valor total estimado para a construção do Ladetec é superior a R$ 84 milhões, de acordo com os dados de março de 2013 fornecidos pela UFRJ. O Complexo de Deodoro, por sua vez, tem um custo total estimado em mais de R$ 1 bilhão, de acordo com estimativa que subsidiou o edital de contratação dos projetos, elaborada em 2012, conforme detalhado adiante.

2.2 - Visão geral do objetoAs instalações de maior porte, a serem executadas com recursos do Ministério do Esporte, dividem-se em três localidades: Parque Olímpico da Barra da Tijuca, Complexo Esportivo de Deodoro e um laboratório antidoping na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O mapa esquemático com a indicação das localidades, bem como o quadro resumo indicando os valores previstos para as obras encontram-se nos itens 7.3 e 7.4 do presente relatório.O Complexo Esportivo de Deodoro abrigará as modalidades de hipismo, tiro, esgrima, pentatlo moderno, canoagem slalom, ciclismo (BMX e mountain bike) e hóquei sobre grama. Para essas modalidades, à exceção da esgrima, da canoagem e do ciclismo, foram construídas algumas instalações à época da realização dos Jogos Pan-Americanos de 2007. Contudo, serão necessárias reformas e adequações, visando atender às atuais exigências do Comitê Olímpico Internacional (COI). Para sediar as competições de esgrima, será erguida a Arena de Deodoro com capacidade para 5.000 espectadores. As instalações para a canoagem e o ciclismo farão parte do Parque Radical, incluído no Complexo Esportivo de Deodoro, o qual contemplará uma estrutura para 6.000 espectadores. Imagens ilustrativas do Complexo, extraídas do Dossiê de candidatura, encontram-se ao final deste item 2.2.Por sua vez, o laboratório de apoio ao desenvolvimento tecnológico (Ladetec), objeto do TC 010.957/2013-8 (Fiscalis 289/2013), em implantação no campus da UFRJ na Ilha do Fundão, funcionará, durante o evento, como laboratório para controle de dopagem. Após os jogos, uma parcela do Ladetec continuará funcionando como laboratório antidoping para outras competições esportivas, e o restante da edificação será revertido para uso do Instituto de Química da UFRJ.Por fim, durante a execução da auditoria, a equipe realizou visita ao Parque Olímpico da Barra, o qual contemplará as instalações para as modalidades de handebol, tênis, natação, nado sincronizado e ciclismo de pista e será melhor detalhado no item 4 do presente relatório. O handebol será sediado em uma arena temporária para 12.000 espectadores, com cerca de 10.000 m² de área construída. Já o tênis terá uma arena principal permanente para 10.000 lugares e

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outras duas arenas temporárias para três mil e cinco mil lugares, totalizando 29.100 m² de área edificada. Os esportes aquáticos, por sua vez, contarão com um estádio aquático temporário para 18.000 assentos. E, por fim, o ciclismo de pista terá um velódromo olímpico, o qual será uma instalação permanente para 5.000 cadeiras e 15.100 m² de área construída, sendo estes os empreendimentos que contarão com recursos federais.Todos esses empreendimentos, dentre outros que não foram objeto de análise em virtude de não constarem do rol de edificações a serem executadas com recursos do Ministério do Esporte, derivam do compromisso assumido pelo Brasil quando da candidatura da cidade do Rio de Janeiro à sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O cumprimento desse compromisso tem envolvido a participação de diversos atores das esferas federal, estadual e municipal, bem como dos Comitês Olímpicos e das diversas entidades responsáveis por cada modalidade esportiva presente nos Jogos. Dentre os atores diretamente contactados pela equipe de auditoria destacam-se: (i) a Autoridade Pública Olímpica (APO) consórcio público que agrega União, Estado e Município; (ii) o Ministério do Esporte, por intermédio da Secretaria Nacional de Esportes de Alto Rendimento; (iii) o Governo do Estado do Rio de Janeiro, por intermédio da Secretaria de Estado da Casa Civil; e (iv) a Prefeitura do Rio de Janeiro, por intermédio da Empresa Olímpica Municipal e da Empresa Municipal de Urbanização (RIOURBE).Diversas também são as fontes de recursos e as modelagens orçamentário-financeiras de cada empreendimento, sendo: (i) parte executada por meio de simples destaque orçamentário, a exemplo do Ladetec; (ii) parte executada por meio de convênio entre União e Estado ou entre União e Município, a exemplo, respectivamente, do Complexo Esportivo de Deodoro e de algumas edificações do Parque Olímpico da Barra; e (iii) parte executada por meio de Parceria Público Privada (PPP) gerida pelo município, a exemplo da Vila dos Atletas e da Urbanização do Parque Olímpico da Barra.Ressalta-se que a escolha da sede das Olimpíadas de 2016 ocorreu em 2/10/2009, sendo instituídas, a partir de então, diversas medidas com a finalidade de viabilizar a realização do evento. O item 7.3 do presente relatório ilustra uma linha do tempo destacando os principais eventos identificados pela equipe de auditoria em relação aos objetos de análise, tendo-se como foco as obras de edificações previstas.No que tange ao objeto específico da presente fiscalização, registra-se que o edital da Concorrência Internacional 1/2013 da Casa Civil do Rio de Janeiro foi publicado em 19/12/2012. Tendo sido abertos os envelopes de habilitação em 21/3/2013, e após a fase recursal, os seis consórcios participantes foram habilitados. Ao fim da fase de execução da presente fiscalização, a licitação se encaminhou para a abertura das propostas técnicas.No dia 21/05/2013 a Comissão Especial de Licitação da Secretaria de Estado da Casa Civil do Governo do Estado do Rio de Janeiro procedeu à sessão final de julgamento das propostas, cujo resultado apresenta-se resumido no quadro a seguir.

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2.3 - Objetivo e questões de auditoria A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar a obra de implantação de infraestrutura para os Jogos Olímpicos de 2016, no município do Rio de Janeiro/RJ.A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, identificou-se o Edital da Concorrência Internacional 1/2013, que trata da contratação dos projetos para o Complexo Esportivo de Deodoro, e sobre o qual se formularam as questões adiante indicadas:

1) A previsão orçamentária para a execução da obra é adequada?2) Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?3) A formalização e a execução do convênio (ou outros instrumentos congêneres) foram adequadas?4) O procedimento licitatório foi regular?5) A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada?6) O orçamento da obra encontra-se devidamente detalhado (planilha de quantitativos e preços unitários) e acompanhado das composições de todos os custos unitários de seus serviços?7) Os quantitativos definidos no orçamento da obra são condizentes com os quantitativos apresentados no projeto básico / executivo?8) Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de mercado?9) A administração está tomando providências com vistas a regularizar a situação da obra?

2.4 - Metodologia utilizada Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo TCU.Durante o planejamento e execução da auditoria, o levantamento das informações sobre o Edital da Concorrência Internacional 1/2013 foi realizado por meio de ofícios de requisição ao Ministério do Esporte e à Secretaria de Estado da

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Casa Civil do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Para responder às questões de auditoria levantadas e elaborar as matrizes de planejamento e de achados, foram utilizadas técnicas de análise documental, conferência de cálculos, circularização e entrevista.

2.5 - Volume de recursos fiscalizados O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 37.570.352,95. Esse montante corresponde ao valor do orçamento-base constante do edital da Concorrência Internacional Casa Civil/RJ n. 1/2013.

2.6 - Benefícios estimados da fiscalização Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a melhoria na efetividade da fiscalização e da gestão do Complexo Esportivo de Deodoro, as melhorias na forma de atuação do órgão fiscalizado e o aumento da expectativa de controle.

3 - ACHADOS DE AUDITORIA

3.1 - Existência de atrasos injustificáveis nas obras e serviços.

3.1.1 - Tipificação do achado: Classificação - outras irregularidades (OI)

3.1.2 - Situação encontrada: Foi constatada a ocorrência de atrasos na execução das atividades pertinentes à implantação do Complexo Esportivo de Deodoro, que abrigará, durante os Jogos Olímpicos Rio 2016, as modalidades de hipismo, tiro, esgrima, pentatlo moderno, canoagem slalom, ciclismo (BMX e mountain bike) e hóquei sobre grama. A comparação entre o cronograma existente e as atividades em andamento permitiu identificar um atraso de aproximadamente quinze meses, o qual poderá prejudicar a qualidade e a efetividade das ações previstas para a conclusão do empreendimento, seja no que tange ao cumprimento do prazo final programado, seja no cumprimento dos requisitos de desempenho previstos.

 Tendo verificado os diferentes estágios de avanço das obras de edificações previstas no escopo da infraestrutura necessária à realização dos Jogos Olímpicos de 2016, constatou-se que o complexo Esportivo de Deodoro era o empreendimento com o menor grau de avanço, conforme explicitado a seguir:

1. Laboratório de Controle de Dopagem - LADETEC: obras iniciadas, com execução das fundações

durante os meses de abril/maio de 2013;2. Parque Olímpico da Barra: projetos de arquitetura e complementares contratados com previsão de

entrega dos projetos básicos em junho de 2013;

3. Complexo Esportivo de Deodoro: ainda em fase de licitação dos projetos;

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Nesse diapasão, é importante ressaltar que um grande empreendimento como o Complexo Esportivo de Deodoro, via de regra, conta com um planejamento global, no qual se verifica a existência de macroatividades, tais como: contratação e elaboração de projetos, licitação das obras e uma estimativa inicial de prazo para sua execução. Reforça esse entendimento o fato de que os equipamentos esportivos olímpicos essenciais, caso de Deodoro, contam com prazo final de execução rígido, a saber, a data de início dos eventos testes realizados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) antes dos Jogos. Em outras palavras, todo o planejamento do Complexo Esportivo de Deodoro deveria ter sido iniciado de modo a contemplar sua conclusão nesse prazo.

Em face dessa constatação acerca do estágio de execução em relação aos demais empreendimentos, e tendo em vista que os documentos até então analisados pela equipe de auditoria não permitiam evidenciar com clareza qual era o grau de aderência entre o planejamento e as ações adotadas visando a execução  do Complexo de Deodoro no prazo adequado, encaminhou-se o Ofício de Requisição 04-FISCALIS-194/2013, datado de 9/4/2013, que solicitava à Secretaria de Estado da Casa Civil do Governo do Estado do Rio de Janeiro o envio de informações, dentre as quais a seguinte:

3. caso exista, planejamento geral de implantação (masterplan) do Parque Olímpico de Deodoro, compreendendo: cronograma físico e rede PERT-CPM, especificando todas as etapas, inclusive elaboração de projetos, execução das obras, desmontagens de eventuais obras provisórias etc. justificando eventuais atrasos verificados até o momento.

A Casa Civil, por meio do ofício 598/2013, datado de 11/4/2013, limitou-se a responder, em relação à solicitação de informação acima transcrita, que "não há existência do documento acima solicitado, no prazo previsto para atendimento deste ofício, em razão do mesmo ser objeto da presente licitação".

A despeito da negativa do Órgão em relação à disponibilidade de um cronograma atualizado e com a sinalização de eventuais atrasos verificados, constava dos autos do processo n. E-12/1334/2012, o qual trata da contratação do Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB/RJ para assessoramento na licitação dos projetos do Complexo Esportivo de Deodoro, um cronograma geral, parte integrante do apêndice quatro do documento intitulado "Sports Client Brief - Versão 1", de julho de 2011.

Tomando-se como referência esse cronograma de julho de 2011, bem como as atividades em desenvolvimento pela Casa Civil no momento da auditoria, foi possível observar um atraso de aproximadamente quinze meses.

O cronograma original previa que as licitações para a contratação dos projetos básicos de arquitetura, urbanismo e complementares ocorresse no período de dezembro de 2011 a março de 2012. Ocorre que até o início de maio de 2013, período em que foram finalizados os trabalhos da presente fiscalização, o processo de contratação dos projetos ainda não havia sido concluído. Destaca-se que o cronograma original previa que em maio de 2013 todas as obras já teriam sido iniciadas.

Apresenta-se, ao final deste item 3.1.2, a transcrição do cronograma original e um cronograma prospectivo, elaborado pela equipe de auditoria, ilustrando o impacto do atraso verificado. Essa prospecção foi elaborada simplesmente projetando-se as atividades de elaboração de projetos e as subsequentes, previstas no cronograma original, mas iniciando-as a partir de junho de 2013. Foram mantidos os prazos de execução originalmente previstos para cada atividade.

Nessa simulação é possível vislumbrar claramente o risco de que as instalações não estejam prontas em julho de 2015, mês em que se previu a realização dos eventos teste. O Parque Radical, o qual abrigará as modalidades de Ciclismo (BMX e Mountain Bike) e canoagem slalon, e a Arena Deodoro, que abrigará a modalidade de esgrima, são as parcelas mais críticas do empreendimento no que diz

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respeito ao cumprimento desse prazo, pois, de acordo com o cronograma ajustado, seriam finalizadas, respectivamente, dez meses e cinco meses após a data prevista para os eventos teste.

Vale destacar que a metodologia empregada na apuração dos quinze meses de atraso é conservadora, uma vez que manteve os mesmos prazos originalmente previstos para as etapas ainda não executadas. Tendo em vista que o cronograma original previa aproximadamente dez meses, a partir de junho de 2011, para a conclusão da etapa de contratação dos projetos e que, passados 24 meses, tal etapa ainda não havia sido concluída, é de se esperar que o prazo inicialmente definido para as etapas subsequentes também possa ter sido subestimado.

Convém ainda trazer à baila que essa situação afronta a legislação, em especial o art. 2º e art. 4º, incisos V e VII, da Lei 12.593/2012 (PPA 2012-2015), bem como a jurisprudência desta Corte de Contas sobre megaeventos esportivos, notadamente, os Acórdãos 1.443/2011 e 1.592/2011, ambos do Plenário, os quais tratam do planejamento para os Jogos Mundiais Militares e para a Copa do Mundo de 2014, respectivamente. No caso do mundial de futebol, o Brasil foi escolhido como sede desse evento em 2007 e a definição das cidades-sede ocorreu em 2009, no entanto, apenas em 2011, houve início efetivo na execução de projetos, condição análoga à verificada no presente caso.

Há ainda outras evidências a indicar que os atrasos reais verificados podem conduzir a uma situação mais grave do que a explicitada no cronograma prospectivo. Enquanto os cronogramas, o inicial e o ajustado, estimam que a elaboração dos projetos, compreendida entre o término da licitação desses e o início da licitação das obras, ocorreria em um período de aproximadamente cinco meses, o cronograma de entregas relativo à contratação dos projetos, objeto da Concorrência Internacional Casa Civil/RJ n. 1/2013, aponta que a entrega dos projetos básicos revisados está prevista para o sexto mês após o início efetivo dos serviços, conforme demonstram os anexos XII - Cronograma físico e XIX - Cronograma de Entregas, ambos do edital de licitação. Vale destacar que a entrega do caderno de encargos, das planilhas de quantitativos, do orçamento e do cronograma, elementos essenciais para viabilizar a licitação das obras, está prevista apenas para o 11º mês de contrato, juntamente com a entrega dos projetos executivos. A entrega prevista para o sexto mês contempla, além dos projetos básicos, apenas planilhas de quantitativos preliminares, orçamento preliminar e cronograma macro, sinalizando que a licitação das obras não poderá ser adequadamente realizada antes do 11º mês, caso se mantenha a programação atual. Tal perspectiva implica no acréscimo de pelo menos mais um mês à data de entrega do Parque Radical e da Arena Deodoro.

Vale destacar que a resposta fornecida pela Casa Civil em relação à indisponibilidade de um cronograma atualizado do empreendimento evidencia a inadequação dos controles internos associados ao complexo esportivo em questão. Um projeto de tal magnitude e relevância, com visibilidade internacional, não pode prescindir de um gerenciamento que possibilite monitorar em tempo real os atrasos e desvios ocorridos, de modo a subsidiar a tomada de decisão e a correção de rumos, mitigando-se os riscos de não se atingirem os objetivos almejados. Tal falha causa maior preocupação quando se verifica, no caso em questão, que o gerenciamento do empreendimento conta com a participação direta do Escritório de Gerenciamento de Projetos do Governo do Rio de Janeiro - EGP-Rio. De acordo com informações disponíveis no site do EGP-Rio (<http://www.egprio.rj.gov.br/>), o escritório foi criado em 2007 "com a finalidade de garantir a máxima qualidade e eficiência na gestão de projetos e convênios sob responsabilidade do Governo do Estado" e "vai acompanhar o planejamento, a execução e o monitoramento dos projetos olímpicos e paralímpicos de Deodoro, com o compromisso de garantir o cumprimento dos cronogramas e orçamentos relativos às obrigações assumidas pelo Estado".

Não é demais lembrar que o detalhamento gradativo das atividades de planejamento e execução, durante o curso de qualquer empreendimento, é característica inerente ao processo, ou seja, parte-se de uma visão macro que vai aos poucos sendo desmembrada em subitens, à medida que as informações obtidas permitem conhecer e detalhar, progressivamente, as etapas de trabalho.

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Enquanto uma visão preliminar e global do empreendimento detalharia, por exemplo, apenas as etapas de licitação de projetos, elaboração de projetos, licitação de obras e execução de obras, o desdobramento dessa visão global detalharia, de forma individualizada, quantos e quais disciplinas de projetos (arquitetura, estrutura, instalações etc.) seriam contratadas, os respectivos escopos e prazos, o mesmo acontecendo para as obras e demais atividades que fossem identificadas como necessárias no decorrer do processo. Esse também é o preceito legal insculpido no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993, no qual se conceitua o projeto básico, ressaltando que este deve ser embasado "nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento". No presente caso, verifica-se que os estudos técnicos preliminares, ou seja, o termo de referência da Concorrência Internacional 1/2013, não avaliou a viabilidade técnica de se concluir a obra no prazo previsto para início dos eventos teste do COI.

No presente caso, o planejamento executivo das obras - o detalhamento dos serviços a serem executados, os recursos necessários e respectivos prazos de execução -, que faz parte do escopo da contratação prevista no edital da Concorrência Internacional 1/2013, não se confunde, portanto, com o planejamento global do Complexo Esportivo, sendo preocupante que o ente responsável pelo empreendimento não disponha das informações atualizadas referentes a esse planejamento global, conforme se depreende da resposta encaminhada pela Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro.

Vale reforçar, por fim, a importância de se utilizar instrumentos de planejamento, monitoramento e controle adequados e compatíveis com o porte e com a relevância do empreendimento, o que não foi verificado no caso em questão. Nesse sentido, entende-se que a correta identificação do caminho crítico, bem como das relações de precedência das atividades previstas e as respectivas margens para redução ou extensão de prazos - não só para a etapa de obras, mas mesmo para as etapas que a precedem - é condição essencial para o adequado gerenciamento dos riscos, de modo a garantir que não apenas a realização do evento, mas todos os demais objetivos propostos sejam adequadamente cumpridos.

3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado: (OI) - Edital 01/2013, 12/12/2012, CONCORRÊNCIA, Concorrência internacional realizada pela Secretaria de Estado da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, cujo objeto é a elaboração de Plano Urbanístico e Projetos do Complexo Esportivo de Deodoro.

3.1.4 - Causas da ocorrência do achado: Deficiências nos controles internos, no planejamento e na execução das atividades programadas.

3.1.5 - Efeitos/Consequências do achado: Os atrasos verificados representam risco de prejuízos futuros relacionados a medidas diversas que possam vir a ser implementadas em prazos inferiores ao recomendável, tais como (efeito potencial):- contratação de obras com projeto básico deficiente;- comprometimento da qualidade das obras e serviços realizados

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- majoração dos gastos em virtude da necessidade de trabalhos em turnos extraordinários- majoração dos gastos com estruturas provisórias visando corrigir deficiências da estrutura permanente;- contratações emergenciais, com preços superiores aos de mercado ou em condições menos vantajosas à Administração;- prejuízo à operacionalização do evento;- necessidade de retrabalho e gastos adicionais na conformação da estrutura do modo legado;- redução dos benefícios previstos para o funcionamento das estruturas no modo legado;- aumento dos custos com manutenção e operação das estruturas no modo legado;Além disso, os atrasos trazem risco de não conclusão da obra no prazo final de execução assumido junto ao COI, comprometendo a realização dos eventos teste e até mesmo das competições previstas durante os Jogos Olímpicos. (efeito potencial)

3.1.6 - Critérios: Acórdão 1443/2011, TCU, PlenárioAcórdão 1592/2011, TCU, PlenárioConstituição Federal, art. 37Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IXLei 12396/2011, art. 1ºLei 12593/2012, art. 2º; art. 4º, inciso V e VII

3.1.7 - Evidências: Cronograma Original DEODORO - jul-2011, folha 1.Resposta Casa Civil RJ ao ofício 04-FISCALIS-194_2013, folhas 1/14.Notícia EGP-Rio - Workshop Olimpíadas, folha 1.Notícia EGP-Rio - Complexo de Deodoro, folha 1.Edital da Concorrência Internacional 1/2013 Casa Civil RJ Complexo Esportivo de Deodoro.Ata da sessão de abertura da Concorrência Internacional 1/2013 Casa Civil RJ, folhas 1/3.Edital da Concorrência Internacional 1/2013 - Anexo 19 - Cronograma de entrega dos produtos.Edital da Concorrência Internacional 1/2013 - Anexo 12 - Cronograma físico-financeiro previsto.

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Edital da Concorrência Internacional 1/2013 - Anexo 1 - Projeto Básico / Termo de Referência.Cronograma Físico Convênio 776444 Siconv.Cronogramas DEODORO - Original (julho/2011) X Prospectivo (maio/2013), folha 1.Atas Sessão de 21-05-2013-1e2partes - Atas das sessões de 21/05/2013 da Concorrência Internacional 1/2013 Casa Civil RJ.

3.1.8 - Conclusão da equipe: O atraso ocorrido constitui irregularidade uma vez que representa risco potencial de prejuízos futuros, conforme elencado no item 3.1.5, caso não sejam adotadas medidas adequadas para a correção dos prazos originalmente previstos. Em face da constatação de riscos potenciais de prejuízo, bem como da possibilidade de adoção de medidas saneadoras que mitiguem tais riscos, entende-se pertinente dar ciência aos responsáveis acerca da irregularidade verificada.

3.2 - Restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação e julgamento.

3.2.1 - Tipificação do achado: Classificação - outras irregularidades (OI)

3.2.2 - Situação encontrada: Foi constatada, no Edital da Concorrência Internacional 1/2013 da Secretaria de Estado da Casa Civil do Rio de Janeiro, exigência indevida de visita técnica ao Complexo Esportivo de Deodoro com data e horário marcados, juntando várias empresas interessadas no mesmo local e horário, como condição de habilitação dos licitantes.

O Edital da Concorrência Internacional 1/2013 previu em sua cláusula 6.6.1, item IV, que para fins de habilitação técnica, o licitante deveria apresentar "atestado de visita fornecido e assinado por servidor da Casa Civil do RJ de que o responsável técnico, ou empregado da licitante com habilitação técnica, ou procurador constituído e indicado, visitou o local da prestação do serviço e tomou conhecimento das condições para execução do objeto desta licitação". Ademais, o Edital dispôs que "as visitas deverão ser agendadas através do telefone (...), de 2ª a 6ª feira, no horário de 9h às 12h e de 14h às 18h, exceto feriados, ou através do e-mail (...)".

Além disso, constatou-se que as visitas foram agendadas pela Comissão de Licitação para a mesma data e horário, reunindo diversas empresas interessadas em participar do certame no mesmo local. De acordo com as evidências coletadas, no dia 19/12/2012, por exemplo, visitaram o Complexo Esportivo de Deodoro, as empresas Metrópolis Projetos Urbanos; Lopes, Santos & Ferreira Gomes Arquitetos Ltda.; Beggiato e Leal - B&L Escritório de Arquitetura Ltda.; Geosistemas Engenharia e Planejamento Ltda.; RAF Arquitetura e Planejamento Ltda., todas em horários variando entre 09:52 e 10:22.

Em janeiro/2013, a Comissão encaminhou comunicado às empresas que retiraram edital informando a data de 18/1/2013 para a realização de visita técnica, com horário de início as 10h e término as

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16h. Esse procedimento se repetiu até a véspera da abertura da documentação de habilitação dos licitantes. Por fim, sobressai do quadro que várias empresas visitaram simultaneamente o local e entraram em contato com possíveis concorrentes.

Ou seja, o Edital da Concorrência Internacional 1/2013 não previu como condição de habilitação a declaração do licitante de que conhece as condições locais para a execução do objeto. Entende-se que esse seja o procedimento mais recomendável para uma licitação internacional de grande magnitude, visto que pode aumentar o universo de possíveis concorrentes, que não necessitariam se deslocar até a cidade do Rio de Janeiro para participar do certame.

Outrossim, essa exigência de visita técnica compulsória fere a jurisprudência desta Corte de Contas, mormente os Acórdãos 800/2008 e 2.150/2008, ambos do Plenário. Este consignou entendimento que, para cumprimento da disposto no art. 30, inciso III da Lei 8.666/93, é suficiente a declaração do licitante de que conhece as condições locais para a execução do objeto.  De fato, a aludida previsão legal tem o intuito de mitigar eventuais pedidos de aditivos contratuais por parte dos contratados sob o argumento de desconhecimento das condições locais, intuito que seria amenizado por meio de simples declaração do licitante.

Ratifica-se que a imposição da exigência de vistoria para fins de qualificação técnica encontra-se na esfera discricionária do gestor, porém, sua adoção deve estar devidamente fundamentada, inclusive com justificativas nos autos do processo, como se compreende a partir do Acórdão 727/2009-TCU-Plenário.

Contudo, a visita não deve possuir data e horário únicos de forma que possibilite a reunião de licitantes antes da apresentação das propostas. Essa reunião prévia possibilitaria eventual conluio entre os participantes, tendo em vista que as empresas conheceriam e teriam contato com seus concorrentes antes da formulação das propostas.

Desse modo, restou configurada irregularidade na exigência de visita técnica previamente agendada junto a mais de um licitante, conforme tabela a seguir.

Data da visita Empresas participantes que visitaram simultaneamente o local

19/12/2012 4

08/01/2013 8

18/01/2013 7

27/02/2013 4

13/03/2013 4

3.2.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado: (OI) - Edital 01/2013, 12/12/2012, CONCORRÊNCIA, Concorrência internacional realizada pela Secretaria de Estado da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, cujo objeto é a elaboração de Plano Urbanístico e Projetos do Complexo Esportivo de Deodoro.

3.2.4 - Causas da ocorrência do achado: Deficiências nos controles internos, falhas na análise da minuta de edital, a qual desconsiderou a jurisprudência do TCU.

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3.2.5 - Efeitos/Consequências do achado: Aquisições sem o devido caráter competitivo (efeito potencial) - A exigência de visita técnica possui o risco potencial de afastar licitantes de outras localidades e levar os licitantes a entrarem em conluio, frustrando, assim, o caráter competitivo da licitação.

3.2.6 - Critérios: Acórdão 800/2008, Tribunal de Contas da União, PlenárioAcórdão 2150/2008, item 9.7.5, Tribunal de Contas da União, PlenárioAcórdão 727/2009, Tribunal de Contas da União, PlenárioLei 8666/93, art. 30, inciso IIILei 8666/1993, art. 30

3.2.7 - Evidências: Edital da Concorrência Internacional 1/2013 Casa Civil RJ Complexo Esportivo de Deodoro - Edital da Concorrência Internacional 1/2013 Casa Civil RJ Complexo Esportivo de Deodoro, p.15, folhas 1/59.Edital da Concorrência Internacional 1/2013 - Anexo 5 - Modelo de atestado de visita técnica, folhas 1/2.Ata da sessão de abertura da Concorrência Internacional 1/2013 Casa Civil RJ, folhas 1/3.Marcação Data Visita Coletiva DEODORO - Divulgação pela Comissão de Licitação da data para visita coletiva ao sítio de implantação do Complexo Esportivo de Deodoro, folha 1.Atestados Visitas DEODORO - Atestados de visitas ao sítio de implantação do Complexo Esportivo de Deodoro, folhas 1/17.

3.2.8 - Conclusão da equipe: Ante o exposto, conclui-se que a exigência de visita técnica por parte do Edital da Concorrência Internacional 1/2013 configura irregularidade face à jurisprudência do TCU e com risco potencial de conluio entre os participantes.Contudo, percebeu-se que houve seis consórcios participantes, todos habilitados, formados por 26 empresas no total. Ou seja, não se verifica, até o momento, existência de conluio, já que a licitação mostra-se competitiva, aparentemente.Além disso, nenhum consórcio foi inabilitado por falta de atestado de visita técnica e o desconto obtido foi significativo, da ordem de 15%, caracterizando, portanto, esta irregularidade como falha de menor potencial ofensivo. Por isso, classifica-se o presente achado como Outras Irregularidades (OI).

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Por essa razão, alvitra-se a proposta de dar ciência à Secretaria de Estado da Casa Civil do Rio de Janeiro, ao Ministério do Esporte e à Autoridade Pública Olímpica sobre a seguinte impropriedade:a) exigência injustificada de visita técnica, com prévio agendamento junto a mais de um licitante, identificada no Edital da Concorrência Internacional 1/2013, o que afronta o disposto no Acórdão 2.150/2008-Plenário.

4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAISQuanto à relatoria deste processo (TC 007.849/2013-3), destaca-se que o critério de definição do ministro relator baseou-se no art. 18-A da Resolução TCU 175, de 25/5/2005.A acrescentar às análises explicitadas, menciona-se que, apesar de haver determinação realizada pelo TCU à Autoridade Pública Olímpica (APO), consubstanciada no Acórdão 795/2012-Plenário, no sentido de adotar "medidas para agilizar a conclusão da matriz de responsabilidades prevista no inciso IV da Cláusula Terceira do Protocolo de Intenções ratificado pela Lei 12.396/2011", esta matriz ainda não foi concluída, tampouco formalizada.Quando instada a se manifestar a respeito da matriz de responsabilidade, a APO teceu considerações de que ainda restam tratativas entre a APO, os três entes federativos e o Comitê Olímpico Internacional (COI) para estabelecer critérios de essencialidade na seleção dos projetos que serão inseridos na matriz. A APO aduziu, ainda, que diante do estágio atual dos diversos empreendimentos, a maioria em fase de elaboração de projetos, não é viável estabelecer a matriz, pois "faltaria a explicitação dos valores dos respectivos empreendimentos, os quais serão estimados ou conhecidos apenas com a elaboração dos referidos projetos".Enfatiza-se que a matriz de responsabilidades é documento de fundamental importância para estipular as obrigações de cada um dos entes federativos (União, Estado do Rio de Janeiro e Município do Rio de Janeiro) na organização e realização dos Jogos Olímpicos de 2016. A não conclusão do processo de formalização dessa matriz só reforça a constatação do presente relatório de atraso na organização dos Jogos, especialmente no que concerne ao Complexo Esportivo de Deodoro. Vale destacar que, conforme previsto no parágrafo quarto da cláusula quinta do termo de Convênio firmado entre o Ministério do Esporte e o Governo do Estado do Rio de Janeiro para a execução do empreendimento, a liberação dos recursos está condicionada à formalização prévia da referida matriz, o que pode gerar ainda mais atrasos na execução das atividades programadas.No que tange, especificamente, ao edital da Concorrência Internacional 1/2013, importa mencionar um aspecto relacionado ao critério utilizado para a pontuação da nota financeira, uma vez que tal critério gera uma distorção em relação à sua proporção real na composição da nota final. Embora o edital estabeleça os percentuais 60% e 40%, respectivamente, para a nota técnica e a nota financeira na composição da nota final, os critérios utilizados para a apuração de cada nota resultam em uma proporção real de 75%

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e 25%. O TCU já se deparou com caso similar, conforme Acórdão 327/2010-TCU-Plenário, itens 9 e 10, da lavra do Exmo. Sr. Ministro Benjamin Zymler.Isso ocorre porque, enquanto a nota técnica varia entre 60 e 100, a nota financeira varia entre 80 e 100. Aplicando-se as fórmulas previstas, verifica-se que a nota final pode variar entre 68 e 100, ou seja, a competição comportaria uma gama de 32 pontos para diferenciação dos licitantes classificados. Ocorre que, desses 32 pontos, apenas 8 podem resultar da nota financeira o que corresponde a 25% dos 32, sendo os outros 24 pontos decorrentes exclusivamente da nota técnica, correspondendo a 75% da gama de pontos passíveis de diferenciar os concorrentes.Essa distorção não configura afronta direta aos dispositivos da 8.666/1993, uma vez que nesta não se define um limite para a proporção entre nota técnica e nota financeira nas licitações do tipo técnica e preço. No entanto, o critério utilizado compromete a transparência do certame, induzindo a uma compreensão diversa daquilo que ocorre na prática. Vale citar, a título de exemplificação, que a Lei 12.462/2011, a qual instituiu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas, definiu 70% como limitação para o percentual de ponderação mais relevante, no julgamento pela melhor combinação de técnica e preço. No caso em questão, a despeito do edital aparentemente respeitar esse limite, a proporção real verificada violaria tal dispositivo de forma velada.Cumpre esclarecer que no caso concreto, se os pesos efetivos das notas técnica e financeira correspondessem aos percentuais de 60% e 40% previstos no edital, de acordo com simulação realizada pela equipe de auditoria, não haveria alteração da licitante vencedora. No entanto, haveria alteração na ordem de classificação dos demais licitantes, sendo que a proposta de menor valor financeiro, classificada no caso concreto em quarto lugar, ficaria na segunda colocação. A proposta vencedora ofereceu desconto da ordem de 15% sobre o orçamento-base da licitação, conforme pode ser verificado no quadro resumo presente ao final do item 2.2 deste relatório.Outro aspecto que chama atenção, esse relacionado ao empreendimento como um todo, é a discrepância verificada entre os valores originalmente previstos no Dossiê de Candidatura, mesmo com a atualização monetária, e as estimativas mais recentes, o que denota uma falha nos estudos preliminares. No caso de Deodoro, o valor estimado no Dossiê, atualizado pelo INCC para janeiro de 2013, conforme documento do Ministério do Esporte, corresponde a R$ 454.303.010,73, considerando-se complexo esportivo e legado urbano, enquanto a estimativa realizada pelo IAB/RJ para subsidiar o orçamento-base dos projetos indicou um valor estimado superior a R$ 1 bilhão, ou seja, o valor inicialmente estimado mais do que duplicou. Ressalta-se que esse valor real do empreendimento somente será conhecido de maneira mais precisa quando da efetiva finalização dos projetos e respectivos orçamentos de obra. No entanto, a discrepância verificada, de mais de 100% em relação aos valores inicialmente estimados, revela a imprecisão dos parâmetros de avaliação iniciais e reforça a necessidade de aprimoramento das metodologias utilizadas nos estudos de viabilidade, no planejamento e nas diversas etapas do processo de realização de eventos dessa natureza.

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5 - CONCLUSÃO As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho:

- Existência de atrasos injustificáveis nas obras e serviços (item 3.1).

- Restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação e julgamento (item 3.2).

Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a melhoria na efetividade da fiscalização e da gestão do Complexo Esportivo de Deodoro, as melhorias na forma de atuação do órgão fiscalizado e o aumento da expectativa de controle.

Para as demais questões da matriz de planejamento, não foram identificados achados de auditoria.

Entre os achados de auditoria identificados neste trabalho, a existência de atrasos injustificáveis na contratação dos projetos relativos ao Complexo Esportivo de Deodoro ficou evidenciada a partir da comparação entre cronograma originalmente previsto para todo o ciclo desse empreendimento e o efetivamente realizado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. Esse achado mostra-se relevante já que, mantidos os prazos iniciais previstos para cada uma das instalações, em alguns casos, as obras terão conclusão posterior à realização dos eventos teste previstos pelo Comitê Olímpico Internacional, o que motiva proposta de dar ciência ao Ministério do Esporte e à Secretaria de Estado da Casa Civil do Rio de Janeiro sobre as irregularidades verificadas, com vistas a que sejam adotadas medidas tempestivas e adequadas à correção e ao efetivo controle sobre o cronograma de atividades previstas.

Quanto à restrição à competitividade decorrente de critérios inadequados de habilitação e julgamento, encontrada no Edital da Concorrência Internacional 1/2013, percebe-se que a exigência de vistorias técnicas caracterizou falha de menor consequência, não limitando, no caso concreto, o universo de participantes no certame. Contudo, verificou-se que essa irregularidade enseja risco potencial de conluio entre os participantes. Dessa forma, alvitra-se a proposta de dar ciência à Secretaria de Estado da Casa Civil do Rio de Janeiro acerca da impropriedade detectada, com vistas a que não haja a mesma exigência nos futuros editais das obras dessas instalações esportivas.

Por fim, tendo em vista os trabalhos em curso de levantamento de auditoria, realizados pela Coordenação-Geral de Controle Externo da Área de Infraestrutura e da Região Sudeste (Coinfra) e pela Secretaria de Controle Externo no estado do Rio de Janeiro, cujo intuito é conhecer a estrutura de governança dos agentes envolvidos na gestão dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, conforme comunicação proferida pelo Ministro Aroldo Cedraz na Sessão Plenária de 22/5/2013, objetivando fornecer subsídios a essas Unidades Técnicas, alvitra-se a proposta de cientificar a Coinfra e a Secex-RJ acerca da decisão que vier a ser proferida nos presentes autos.

6 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO Proposta da equipeAnte todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo: I) dar ciência ao Ministério do Esporte, ao Governo do Estado do Rio de Janeiro e à Autoridade Pública Olímpica sobre as seguintes impropriedades:I.a) inadequação nos procedimentos de planejamento, execução e controle das atividades pertinentes à implantação do Complexo Esportivo de Deodoro, parte integrante da infraestrutura necessária à realização dos Jogos Olímpicos Rio 2016, resultando em atraso em relação ao cronograma programado e em riscos potenciais de prejuízos futuros, o que afronta o disposto na Cláusula quarta caput

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e inciso III do Protocolo de Intenções ratificado pela Lei 12.396/2011, bem como os arts. 2º e 4º, incisos V e VII da Lei 12.593/2012 e o art. 37 caput da Constituição Federal de 1988;I.b) exigência injustificada de visita técnica, com prévio agendamento junto a mais de um licitante, identificada no Edital da Concorrência Internacional 1/2013, o que afronta o disposto na jurisprudência desta Corte de Contas, a exemplo dos Acórdãos 800/2008, 2.150/2008, 2.477/2009. 1.599/2010 e 2.776/2011, todos do Plenário;II) cientificar a Coordenação-Geral de Controle Externo da Área de Infraestrutura e da Região Sudeste (Coinfra) e a Secretaria de Controle Externo no estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ) acerca da decisão que vier a ser proferida nos presentes autos;III) arquivar os presentes autos.”

É o Relatório.

VOTO

Trago à apreciação deste colegiado o relatório da fiscalização realizada no edital n. 01/2013 de Concorrência Internacional realizada pela Secretaria de Estado da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, cujo objeto é a elaboração de Plano Urbanístico e Projetos do Complexo Esportivo de Deodoro, que abrigará, durante os Jogos Olímpicos Rio 2016, as modalidades de hipismo, tiro, esgrima, pentatlo moderno, canoagem slalom, ciclismo (BMX e mountain bike) e hóquei sobre grama.

Consoante se verifica no Relatório precedente, a equipe de fiscalização apontou a existência de dois achados relacionados ao certame fiscalizado, a saber: (i) atrasos injustificáveis nas obras e serviços do Complexo Esportivo de Deodoro; e (ii) restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios inadequados de habilitação e julgamento.

Considerando a análise realizada pela Unidade Técnica, cujos fundamentos adoto como razões de decidir, entendo que as referidas ocorrências não se enquadram no conceito de IGP da Lei 12.708/2012 (LDO/2013).

Quanto ao atraso identificado nas atividades de implantação do Complexo Esportivo de Deodoro, entendo que os seus riscos potenciais são deveras danosos à Administração, podendo levar a práticas emergenciais que resultam em majoração dos gastos públicos, a fim de concluir as obras no prazo necessário. Portanto, peço licença à Unidade Técnica para, concordando com seu relatório, ir além de sua proposta e determinar à Secretaria de Estado da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro que, tão logo se conclua a Concorrência Internacional n. 01/2013, sejam encaminhados a esta Corte de Contas o planejamento e o cronograma físico de implantação do Complexo Esportivo de Deodoro, demonstrando a sua compatibilidade com a data de início dos eventos teste do Comitê Olímpico Internacional.

Nesse mesmo diapasão, convém determinar à SecobEdif que, após verificado o cumprimento da determinação retro, considere o conteúdo dos documentos entregues quando do planejamento e execução de futuros trabalhos de fiscalização sobre as obras do Complexo Esportivo de Deodoro.

Quanto à potencial restrição à competitividade do certame em decorrência de critérios inadequados de habilitação e julgamento, acolho a proposta da Unidade Técnica para somente dar

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ciência ao Ministério do Esporte, ao Governo do Estado do Rio de Janeiro e à Autoridade Pública Olímpica, tendo em vista que há indícios de que, na prática, o certame se mostrou competitivo.

Face ao exposto, voto por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à consideração deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 24 de julho de 2013.

RAIMUNDO CARREIRO Relator

TC 007.849/2013-3 Natureza: Relatório de AuditoriaEntidades: Secretaria de Estado da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro; Ministério do Esporte.

DECLARAÇÃO DE VOTO

Primeiramente, gostaria de enaltecer a qualidade do trabalho apresentado pelo eminente Ministro Raimundo Carreiro.

Como Relator da consolidação das auditorias que envolvam ações governamentais concernentes à realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, tarefa que me foi delegada pelo Presidente Augusto Nardes, compartilho a preocupação manifestada pelo Ministro Raimundo Carreiro no que tange ao atraso identificado nas atividades de implantação do Complexo Esportivo de Deodoro, com riscos potencialmente danosos à Administração e à realização de eventos-testes e dos próprios jogos.

A equipe de auditoria relata descompasso de aproximadamente quinze meses entre o cronograma existente e as atividades em andamento, o que poderá prejudicar a qualidade e a efetividade das ações previstas para a conclusão dos empreendimentos.Outra informação relevante trazida nos esclarecimentos adicionais do Relatório ora em apreciação diz respeito à não-apresentação, até esta data, da Matriz de Responsabilidade, documento que deve conter informações sobre ações governamentais e as estimativas dos investimentos e gastos considerados essenciais para a realização dos eventos.

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A ausência desse instrumento, de elaboração e responsabilidade do Governo Federal, coloca em risco a transparência, o monitoramento e o controle dos projetos olímpicos e, consequentemente, a boa governança dos jogos, conforme já alertei a este Colegiado em pronunciamentos anteriores.

Ressalto também, conforme constante do Relatório, a existência de cláusula no Convênio firmado entre o Ministério do Esporte e o Governo do Estado do Rio de Janeiro que condiciona a liberação dos recursos à formalização prévia da referida matriz, o que pode gerar ainda mais atrasos na execução das atividades programadas.

Com esse breve comentário, manifesto minha concordância com o Relator, Ministro Raimundo Carreiro, ao tempo em que parabenizo a equipe técnica que atuou no processo.

Sala das Sessões, em 24 de julho de 2013.AROLDO CEDRAZ

Ministro

ACÓRDÃO Nº 1889/2013 – TCU – Plenário

1. Processo n. TC 007.849/2013-3. 2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria3. Interessados/Responsáveis:3.1. Interessados: Autoridade Pública Olímpica (14.039.541/0001-38); Congresso Nacional.3.2. Responsáveis: José Cândido da Silva Muricy (740.640.457-34); Luís Manuel Rebelo Fernandes (797.578.477-04); Regis Velasco Fichtner Pereira (002.503.627-08).4. Órgãos: Secretaria de Estado da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro; Ministério do Esporte.5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Obras Aeroportuárias e de Edificação (SecobEdif).8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de fiscalização realizada no Edital

de Concorrência Internacional n. 01/2013, da Secretaria de Estado da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, no âmbito do Fiscobras/2013.

Acordam os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1 determinar à Secretaria de Estado da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro que, tão logo se conclua a Concorrência Internacional n. 01/2013, sejam encaminhados a este Tribunal o planejamento e o cronograma físico de implantação do Complexo Esportivo de Deodoro, demonstrando a sua compatibilidade com a data de início dos eventos teste do Comitê Olímpico Internacional, consoante disposição da Cláusula Quarta, caput e inciso III, do Protocolo de Intenções ratificado pela Lei 12.396/2011;

9.2 determinar à SecobEdif que verifique o cumprimento da determinação constante do item 9.1 retro, e considere o conteúdo dos documentos entregues quando do planejamento e execução de futuros trabalhos de fiscalização sobre as obras do Complexo Esportivo de Deodoro;

9.3 dar ciência ao Ministério do Esporte, ao Governo do Estado do Rio de Janeiro e à

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 007.849/2013-3

Autoridade Pública Olímpica de que a exigência injustificada de visita técnica, com prévio agendamento junto a mais de um licitante, identificada no Edital da Concorrência Internacional n. 01/2013, vai de encontro ao disposto no art. 30 da lei. 8.666/1993 e à jurisprudência desta Corte de Contas;

9.4 arquivar o presente processo, nos termos do art. 40, inciso V, da Resolução TCU 191/2006, após a verificação, pela SecobEdif, do cumprimento da determinação, na forma do item 9.2.

10. Ata n° 27/2013 – Plenário.11. Data da Sessão: 24/7/2013 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1889-27/13-P.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Augusto Nardes (Presidente), Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 007.849/2013-3

13.3. Ministro-Substituto presente: Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)JOÃO AUGUSTO RIBEIRO NARDES

(Assinado Eletronicamente)RAIMUNDO CARREIRO

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)PAULO SOARES BUGARIN

Procurador-Geral

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