cidades e boa vizinhanÇa‚ntara quer dizer «ponte» em Árabe? e que a rua de sÁ da bandeira É...

19
VOA Outono 2017 N.º 12 Aconselhada a quem quer levantar voo 1 € clubepelicas.pt CIDADES E BOA VIZINHANÇA Voa urbana para citadinos e citadinas CIDADES IMAGINÁRIAS CAROLINA CELAS ILUSTRA ESTE NÚMERO ATIVIDADES PARA CIDADÃOS ©ILUSTRAÇÃO DE CAROLINA CELAS

Upload: ngoduong

Post on 27-Sep-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

VOA

Outono2017

N.º 12

Aconselhadaa quem querlevantar voo

1 €

clubepelicas.pt

CIDADES E BOA VIZINHANÇAVoa urbana para citadinos e citadinas

CIDADES

IMAGINÁRIAS

CAROLINA CELAS

ILUSTRA ESTE NÚMERO

ATIVIDADES PARA

CIDADÃOS

©ILUS

TR

ÃO

DE C

AR

OLIN

A C

ELAS

©ILUS

TR

ÃO

DE C

AR

OLIN

A C

ELAS

©ILUS

TR

ÃO

DE C

AR

OLIN

A C

ELAS

CAROLINA CELASA ILUSTRADORA CONVIDADA FALA-NOS SOBRE SI.Nasci em Viseu, em 1986. Fiz muitos desenhos quando era pequena e guardava as cores de que mais gostava para desenhos especiais. Depois cresci! Estudei Design e saí de Portugal

durante sete anos. Nesse tempo descobri o segredo dos livros (são impossíveis de resistir) e soube que também queria fazer ilustração. Por esse motivo, fui tirar um mestrado em Londres. Gosto muito de desenhar em pequenino (para poderes usar uma lupa) e sou um bocadinho perfecionista.

MÁQUINA DE CONTOS

A minha excentricidade

14RECEITA

DO PELICASQuentes e boas

DICAS UNIVERSAIS Smart cities

10 11

OLHO VIVOArquiteto

faz de conta

6O QUE FAZ UMA CIDADE?Vem descobrir

os cantos a esta cidade

2

OLÁSejam bem-vindos

à minha cidade

1

OLHO VIVOO seu a seu dono

COMO FAZERVamos fazer uma cidade

8 9

CONSELHOS MÚTUOS

Engenheira Natureza

IDADE DA PETRA Cidades que dão

música

12 13

4

CIDADES IMAGINÁRIASNão deixes de visitar estas

cidades em papel ou filme

ESTES SÍMBOLOS ESTÃO ESPALHADOS PELA REVISTA PARA TE AJUDAR.

TRÂNSITO

Um grande problema da

cidade e de que os teus pais

devem queixar-se queixar todas

as manhãs é o trânsito. Não só

nos dificulta a mobilidade,

como aumenta a poluição. Conta

quantos carros há nos dois

lados desta revista e já agora

quantos transportes públicos,

que são uma boa solução

para o problema.

No ano 2050, 66% da população mundial viverá em cidades. As cidades nasceram com o comércio e cresceram graças às estradas,

rios, portos e aeroportos, que facilitaram a chegada de produtos, comerciantes e consumidores. O grande salto das cidades aconteceu com a invenção do elevador, altura em que começaram a crescer na vertical, na tentativa de arranhar os céus e de poupar espaço. As cidades subdividem-se em bairros, onde vizinhos e amigos se encontram no jardim local, no café da esquina ou no campo de futebol mais próximo. Para que a vida na cidade funcione, é preciso civismo, ou seja, respeito pelos outros e pelos espaços comuns de todos.

SOLU

ÇÃO:

CAR

ROS:

36;

TRA

NSPO

RTES

PÚB

LICO

S: 6

.

O ÍMANOs ímanes de frigorífico resumem num pequeno objeto o símbolo principal (ex-líbris) que representa uma cidade. É uma memória que está sempre fresca na cabeça e na cozinha. O íman de Paris é a Torre Eiffel, o de Roma é o Coliseu, o de Lisboa é a Torre de Belém, o do Porto é a Torre dos Clérigos e o de Aveiro é o barco moliceiro.

O BAIRRO As cidades dividem-se por bairros, ou seja, zonas com uma personalidade e unidade próprias. Há bairros dormitórios (muitas casas e pouco comércio), bairros de animação noturna (muitos bares e restaurantes), bairros históricos (onde a cidade começou) e bairros da moda (com lojas modernas e cafés com pinta). Como é o teu bairro?

AS PESSOASQuem vive numa casa unifamiliar do bairro da Malagueira, projetado há quarenta anos pelo arquiteto Álvaro de Siza Vieira, tem uma vida muito diferente de quem vive num apartamento na praça do Giraldo, construída no século xvi, no centro histórico. Ambos os locais ficam na cidade de Évora e são os seus habitantes que transformam a cidade com os seus hábitos do dia a dia.

O JARDIMDiz-me que jardim tens e dir-te-ei a cidade que és. O que seria de Nova Iorque sem o seu Central Park? E de Amesterdão sem o seu Vondelpark? E do Rio de Janeiro sem o seu Jardim Botânico? E de Coimbra sem o seu Penedo da Saudade? Os espaços públicos e verdejantes são os pulmões que fazem as cidades respirar.

O COMÉRCIOExiste uma rua cheia de lojas na tua cidade? E a rua dos restaurantes? E onde é que ficam as lojas de roupa? Ou será que está tudo no centro comercial? Antigamente as cidades europeias (e não só) organizavam-se por profissões, é por isso que, ainda hoje, existem na Baixa de Lisboa a rua Áurea ou do Ouro (ourives), a rua dos Fanqueiros (comerciante de tecidos) e a rua dos Sapateiros.

OS TRANSPORTESAlém dos moliceiros, há muitos transportes que merecem um íman só deles. É o caso dos elétricos da cidade norte-americana de São Francisco, dos riquexós de Quioto, no Japão, do metro de Londres (o primeiro do mundo, pois abriu em 1863) ou dos tróleis de Coimbra (autocarros--elétricos). Os transportes públicos e privados mudam por completo a paisagem das cidades.

TOPONÍMIA A HISTÓRIA DOS NOMES DAS RUAS, DOS BAIRROS, DAS ALDEIAS, VILAS E CIDADES, CHAMA-SE TOPONÍMIA. SABIAS QUE ALCÂNTARA QUER DIZER «PONTE» EM ÁRABE? E QUE A RUA DE SÁ DA BANDEIRA É UMA HOMENAGEM AO VISCONDE QUE PERDEU UM BRAÇO DURANTE AS GUERRAS LIBERAIS (1828 A 1834)?

O QUE FAZ UMA CIDADE?A história de uma cidade conta-se com a ajuda dos seus cidadãos, da sua arquitetura, dos transportes públicos, dos nomes das ruas, dos bairros, das pontes, das escolas, dos jardins e, claro, dos ímanes de frigorífico.

A TUA RUA

Qual é o nome do teu bairro

e rua? Talvez vivas numa zona

histórica romana e a tua rua

tenha o nome de alguém famoso.

Pesquisa a origem do teu bairro

e rua e escreve um pequeno texto

com os resultados. Cria também

uma versão da tua rua em 3D

seguindo as indicações da

Zulmira na página 9

e usando o cartaz

como guia.

©ILU

ST

RA

ÇÃ

O D

E C

AR

OLI

NA

CEL

AS

CIDADES IMAGINÁRIASSe as cidades mais bonitas, fascinantes e perfeitas, aquelas que povoam a maior parte dos sonhos, só existem nos livros, nos filmes e nas lendas, como é que viajamos até lá? Fácil, ligamos o motor da imaginação e viajamos à velocidade do pensamento, a única mais rápida que a velocidade da luz.

BEM-VINDOS A METRÓPOLISMetrópolis (1927) é um dos primeiros filmes de ficção científica, passado no ano 2026. A cidade tem grandes arranha-céus, pontes com vários quilómetros e uma clara separação social: os ricos vivem nas torres, os operários vivem nas profundezas. Outra metrópolis famosa é aquela onde trabalha o jornalista Clarl Kent, identidade secreta do Super-Homem.

BEM-VINDOS A GOTHAMA cidade de Gotham é sombria, misteriosa e tem muitos becos entre grandes edifícios, onde o crime pode acontecer. Os crimes podem ter autores anónimos ou autores como Jóquer, Pinguim e Duas-Caras. Quem conhece bem a escuridão de Gotham é o homem-morcego, o famoso super-herói Batman.

BEM-VINDOS A DESPINANo livro As Cidades Invisíveis, o viajante veneziano Marco Polo descreve a Kublai Khan, o imperador mongol, as 55 cidades por onde viajou, todas com nomes de mulher. Despina é uma cidade que só pode ser alcançada de barco ou de camelo e apresenta-se de forma diferente a cada visitante.

BEM-VINDOS A ZOOTRÓPOLISQuinhentos anos depois de Utopia, estreou Zootrópolis (Zootopia no original) um filme sobre a cidade onde só existem mamíferos que falam e andam em duas patas. Infelizmente há preconceitos e as presas não têm as mesmas oportunidades que os predadores.

BEM-VINDOS A UTOPIAQuando Thomas More escreveu Utopia, em 1516, Utopia era uma cidade-ilha onde a agricultura ocupava todos os utopianos e não havia pobreza. A cidade vivia de trocas e o ouro só servia para fazer penicos. Hoje em dia, utopia é o nome que se dá a uma sociedade perfeita, a um sonho impossível de se realizar.

BEM-VINDOS A ATLÂNTIDAO filósofo grego Platão criou a história da Atlântida, uma cidade perdida com ilhas concêntricas separadas por água e ligadas por canais, habitada por semideuses, que foi engolida pelo mar. Há muitas teorias sobre a sua localização: no mar Mediterrâneo, na Antártida e até nos Açores.

O CETRO DE OTTOKARESTA AVENTURA DO FAMOSO TINTIM PASSA-SE NA SILDÁVIA, ALGURES NA REGIÃO DAS BALCÃS. O NOME DESTE PAÍS FOI INVENTADO E INSPIRA-SE NA MISTURA DE TRANSILVÂNIA COM MOLDÁVIA. LÊ O LIVRO E INSPIRA-TE PARA REINVENTARES NOMES DE PAÍSES, CIDADES E PESSOAS REAIS.

©ILUS

TR

ÃO

DE C

AR

OLIN

A C

ELAS

LER NOVOS MUNDOS

Os livros são ótimos meios

de transporte para novos

mundos. Lê um livro que se

passe num lugar imaginado.

Pode ser o País das Maravilhas,

a escola de Hogwarts ou o país

das pessoas de pernas para o ar.

Faz um desenho e envia-o para

[email protected]

ou Clube Pelicas, rua do

Carmo, n.0 42, 9.0,

1200-094 Lisboa.

ARQUITETO FAZ DE CONTA

Ninguém sabe ao certo onde começa e acaba uma cidade. Faz de arquiteto e completa esta cidade de papel. Não te esqueças de que uma cidade precisa de prédios e casas, transportes públicos, escola, hospital, câmara municipal, banco, lojas, supermercado, farmácia, jardins e, claro, pessoas. Dá um nome à tua cidade.

CIDADE DE PAPELÉ FÁCIL ALGUÉM PERDER-SE NA CIDADE, MESMO COM UM MAPA NA MÃO. IMAGINA O PELICAS, QUE VIVE COM A CABEÇA NO AR, PORQUE É UM PÁSSARO E AINDA POR CIMA DISTRAÍDO. AJUDA-O A CHEGAR À ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA MONTEPIO.

©ILUS

TR

ÃO

DE C

AR

OLIN

A C

ELAS

OS NOMES DAS CIDADES

Sabias que Los Angeles quer

dizer «os anjos» e que Bombaim,

na Índia, vem do português

«boa baía»? Já o nome da

cidade belga de Bruges significa

«pontes» e Argel é «a branca»

em árabe. Descobre a origem

do nome da cidade onde vives.

Depois, parte à descoberta de

outras no estrangeiro, como

Madrid, Paris, Londres,

Amesterdão, Roma

e Tóquio.

9

O SEU A SEU DONOCada cidade tem a sua personalidade e os seus ex- -líbris (vê a página 2), que tanto podem ser monumentos, museus, animais, meios de transporte ou comidas. Viaja à volta do mundo e liga os diversos ex-líbris às suas respetivas cidades.

O SLOGAN DAS CIDADESSE AS CIDADES FALASSEM, PARIS DIRIA: SOU A CIDADE- -LUZ. FOI LÁ QUE SE DESENVOLVERAM IDEIAS LUMINOSAS. ROMA DIRIA COM ORGULHO: SOU A CIDADE ETERNA, DEVIDO AOS SEUS MONUMENTOS DO IMPÉRIO ROMANO. FAZ UMA LISTA COM OS SLOGANS DAS CIDADES QUE CONHECES.

VAMOS FAZER UMA CIDADE As cidades verdadeiras não se fazem da noite para o dia. Começam com algumas casas que se multiplicam e sobrepõem, muitas vezes sem regras ou planeamento. É por isso que algumas zonas das cidades que conhecemos são tão confusas e desconfortáveis. Com esta atividade, vou mostrar-te como pode ser rápido e até fácil criar uma cidade. Pelo menos se usarmos caixas de cartão alinhadas sobre uma folha de papel.

COMO FAZERMÃOS À OBRA 1. PEDE AOS TEUS PAIS QUE TE ARRANJEM ALGUMAS EMBALAGENS DE CARTÃO DE MEDICAMENTOS FORA DE PRAZO QUE POSSAM TER EM CASA (DEPOIS DIZ-LHES QUE OS ENTREGUEM NA FARMÁCIA). TAMBÉM SERVEM CAIXAS DE FÓSFOROS OU OUTRAS EMBALAGENS PEQUENAS. SÃO ELAS QUE VÃO DAR FORMA AOS EDIFÍCIOS DA TUA CIDADE. 2. PINTA AS EMBALAGENS COM CORES VARIADAS. 3. EXPERIMENTA COMBINAÇÕES ENTRE AS EMBALAGENS. PODES COLÁ-LAS ENTRE SI. 4. IMAGINA UMA FUNÇÃO DIFERENTE PARA CADA EDIFÍCIO (ESCOLA, HOSPITAL, PRÉDIO DE HABITAÇÃO, BANCO, ETC.). DESENHA AS PORTAS E JANELAS E DECORA CADA VOLUME. 5. DEPOIS DE COMPLETARES AS RUAS DO CARTAZ QUE VEM COM ESTA REVISTA, POSICIONA AO TEU GOSTO OS EDIFÍCIOS QUE CRIASTE.

9

©ILUS

TR

ÕES D

E AN

DR

É LETR

IA

©ILUS

TR

ÃO

DE C

AR

OLIN

A C

ELAS

SOLUÇÕES: DA ESQUERDA PARA A DIREITA, DE CIMA PARA BAIXO: 1. PARIS, 2. RIO DE JANEIRO, 3. LISBOA, 4. TÓQUIO, 5. NOVA IORQUE, 6. LONDRES, 7. SYDNEY, 8. AM

ESTERDÃO.

DESAFIOPREENCHE NA ILUSTRAÇÃO OS NÚMEROS CORRESPONDENTES ÀS CIDADES DESTA LISTA: 1. RIO DE JANEIRO 2. LISBOA 3. LONDRES 4. TÓQUIO 5. NOVA IORQUE 6. AMESTERDÃO 7. PARIS8. SYDNEY.

INSPIRAÇÃO ESPREITA AS PÁGINAS 2 E 3 DO OUTRO LADO DA VOA PARA TE INSPIRARES EM CIDADES VERDADEIRAMENTE DIFERENTES UMAS DAS OUTRAS.

QUENTES E BOASCom o outono, chegam as folhas secas, a chuva e as castanhas assadas. Nas ruas, os carrinhos das castanhas espalham uma névoa de fumo, enquanto uma voz repete o pregão: «Olha as castanhas, quentes e boas!» Se queres comer castanhas quentes e boas em casa, segue estas duas receitas do Pelicas e fá-las cozidas ou assadas. ©ILU

ST

RA

ÇÃ

O D

E AN

DR

É LETR

IA

111111

SMART CITIESAo contrário do que possas pensar, a vida em Xuxu é muito calma. Somos poucos habitantes e sou o único Heitor que conheço. Aqui não há cidades, trânsito ou poluição. Vocês, humanos, parecem viver num filme de ficção científica, como os que inventam para ver o futuro. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), até 2050, cerca de 6 mil milhões de pessoas viverão em cidades. Não admira que já estejam a ser testados novos modelos de cidades. São as smart cities ou cidades inteligentes. Como a cidade não tem cérebro, pede-o emprestado aos humanos para resolver os problemas. No futuro, a tecnologia da informação será cada vez mais utilizada para criar ambientes interativos. Os cidadãos poderão interagir com o governo através de smartphones, haverá câmaras para prever engarrafamentos e robôs como o Roberto para assegurar as tarefas domésticas.

©ILUS

TR

ÃO

DE A

ND

RÉ LET

RIA

MÃOS NA MASSA1. LAVA AS CASTANHAS E APLICA UM GOLPE NA HORIZONTAL EM CADA UMA 2. COBRE A BASE DO TABULEIRO COM SAL, ESPALHA AS CASTANHAS E VOLTA A DEITAR SAL POR CIMA. 3. LEVA-AS AO FORNO DURANTE 35 A 40 MINUTOS. 4. COLOCA AS CASTANHAS NUM PANO GROSSO, DEITA ALGUMAS GOTAS DE ÁGUA E EMBRULHA-AS.

VERÃO DE SÃO MARTINHO REZA A LENDA QUE, NUM DIA FRIO, MARTINHO SEGUIA A CAVALO QUANDO ENCONTROU UM MENDIGO A TREMER DE FRIO. PEGOU NA ESPADA E CORTOU O MANTO QUE TRAZIA AO MEIO, COBRINDO-O COM UMA DAS PARTES. SEGUIU O SEU CAMINHO E, POUCO DEPOIS, O SOL APARECEU E DUROU ALGUNS DIAS. QUANDO O BOM TEMPO APARECE EM NOVEMBRO, CHAMA-SE A ISSO O VERÃO DE SÃO MARTINHO.

MÃOS NA MASSA1. DÁ UM GOLPE NAS CASTANHAS COM UMA FACA (PARA QUE NÃO REBENTEM QUANDO COZEREM). 2. COLOCA-AS NUM TACHO COM ÁGUA E LEVA AO LUME. QUANDO A ÁGUA ESTIVER A FERVER, TEMPERA COM SAL E ERVA-DOCE. 3. DEIXA-AS COZER DURANTE 25 A 30 MINUTOS. QUANDO ESTIVEREM PRONTAS, ESCORRE-AS E COLOCA-AS NUM PRATO 4. DEPOIS DE ARREFECEREM, DESCASCA-AS.

CIDADES UTÓPICAS «UTOPIA» SIGNIFICA UM MUNDO IDEAL E FANTÁSTICO, UM LUGAR QUE NÃO EXISTE. COMO JÁ VISTE NA PÁGINA 6. ESTA PALAVRA FOI INVENTADA PELO ESCRITOR INGLÊS THOMAS MORE. IMAGINA QUE ÉS UM ARQUITETO, SOLTA A TUA IMAGINAÇÃO E DESENHA A TUA CIDADE UTÓPICA, SEJA NO JAPÃO, NO DESERTO DO ARIZONA, DEBAIXO DO MAR OU NA LUA E ENVIA-A PARA [email protected] OU PARA CLUBE PELICAS, RUA DO CARMO, N.0 42, 9.0, 1200-094 LISBOA.

QUE RAIA DE CIDADE INSPIRADO NA OBRA DE JÚLIO VERNE VINTE MIL LÉGUAS SUBMARINAS, O ARQUITETO FRANCÊS JACQUES ROUGERIE PROJETOU A CITY OF MÉRIENS. ESTA CIDADE FLUTUANTE E SUSTENTÁVEL TEM A FORMA DE UMA RAIA-MANTA GIGANTE E PODE RECEBER 7 000 MORADORES. NO FUTURO, SERÁ UM CENTRO DE PESQUISAS OCEANOGRÁFICAS PARA CIENTISTAS DE TODO O MUNDO.

12

CONSELHOS MÚTUOS

ENGENHEIRA NATUREZAAs nuvens vivem no céu e não têm morada fixa. As formigas habitam em formigueiros escondidos debaixo da Terra. Sobre a Terra e debaixo do céu, humanos como tu reinventam os prédios e as cidades, para que o planeta tenha futuro.

©ILU

ST

RA

ÇÃ

O D

E A

ND

LET

RIA

D. NOÉMIA: Como vai, D. Poupança? Já reparou que estão a construir mais um prédio de 12 andares mesmo aqui ao lado? D. POUPANÇA: Ai, ai, estes

humanos. Não sabem que a construção civil e os químicos dos produtos utilizados nas obras dão cabo da terra e até dos animais e plantas dos rios e mares? D. NOÉMIA: Se ao menos construíssem prédios sustentáveis… D. POUPANÇA: Desculpe, comadre, mas não estou a entender. São prédios que se aguentam em pé sem estruturas de metal ou cimento? D. NOÉMIA: Ora, não me diga que esta novidade ainda não chegou lá ao seu buraquinho? Os prédios sustentáveis são a tendência mundial para reduzir o consumo de água, energia e resíduos sólidos, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do planeta. D. POUPANÇA: A senhora é bem mais viajada do que eu. Conte-me mais sobre o assunto. D. NOÉMIA: Tenho sobrevoado prédios com o teto equipado com painéis solares que fornecem energia ao edifício, outros onde a água da chuva é captada para ser reutilizada. Há prédios com jardins no telhado, para regular a temperatura do edifício, e já vi alguns com turbinas eólicas para geração de energia a partir do vento. D. POUPANÇA: Muito me conta. Esses prédios sabem pôr a Engenheira Natureza a trabalhar para eles.

ENERGIA A ALGAS EM HAMBURGO, NA ALEMANHA, JÁ ESTÁ DE PÉ O PRIMEIRO EDIFÍCIO DO MUNDO MOVIDO A ALGAS QUE SE ENCONTRAM DENTRO DOS BIORREATORES ESPALHADOS PELA FACHADA. DE CADA METRO QUADRADO OBTÉM-SE, POR DIA, 15 GRAMAS DE BIOMASSA. ESTA BIOMASSA PRODUZ 4 500 KWH DE ENERGIA ELÉTRICA POR ANO, O MESMO QUE CONSOME EM MÉDIA UMA FAMÍLIA DE QUATRO PESSOAS.

PETRA ROLANTE JÁ QUE ESTAMOS A FALAR DE MÚSICA, SABIAS QUE A FAMOSA BANDA ROCK THE ROLLING STONES SE INSPIROU EM MIM PARA SE BATIZAR? À LETRA, O SEU NOME SIGNIFICA «PEDRAS ROLANTES». É O QUE SOU, QUANDO DANÇO AO SOM DAS MINHAS MÚSICAS PREFERIDAS.

©ILUS

TR

ÃO

DE A

ND

RÉ LET

RIA

CIDADES QUE DÃO MÚSICAAs cidades sempre inspiraram os músicos, que cantam o seu amor por elas. Algumas músicas são da época dos teus pais, outras dos teus avós ou mesmo bisavós, porque já têm barbas. «New York, New York» é uma das mais famosas canções de Frank Sinatra. Já o rei do rock, Elvis Presley, cantou «Viva Las Vegas». Também na América, mas a sul, Tom Jobim inspirou-se numa «Garota de Ipanema», no Rio de Janeiro, para homenagear a sua cidade. Na Europa, em pleno movimento punk, os Clash tocaram «London Calling». Perto de nós, Madrid inspirou Shakira para o tema «Te Dejo Madrid», e «Barcelona» foi interpretada por Freddie Mercury, vocalista dos Queen em dueto com a cantora de ópera espanhola Montserrat Caballé. As cidades portuguesas também têm temas musicais com o seu nome: «Lisboa Menina e Moça», do fadista Carlos do Carmo, «Moro em Lisboa», dos Madredeus, e «Porto Sentido», de Rui Veloso.

IDADE DA PETRA

A MINHA EXCENTRICIDADENo início da minha vida de robô, tive muita dificuldade em

perceber o que era uma cidade. Comecei por pensar com as minhas pestanas que existiam diversos tipos de cidades: a felicidade, uma cidade com pessoas felizes, a privacidade, uma cidade com muitos muros e portas fechadas, a eletricidade, uma cidade com insónias e com as luzes sempre ligadas e a velocidade, uma cidade cheia de estradas, viadutos, circulares e feita para carros e não para pessoas. E excentricidade, para mim, era uma cidade como Bilbau, no País Basco, em Espanha, com arquitetura esquisita e arte de rua que incluía um cão gigante feito de flores. Disseram-me que não, que as cidades têm nomes e são todas diferentes. Foi uma desilusão. Comecei a estudar o assunto, mas nada melhorou. Veneza é Veneza, mas a Veneza portuguesa é Aveiro, a Veneza do Norte é Bruges (Bélgica) e a Veneza do Oriente é Udaipur (Índia). Velha Goa (Índia) é a Roma do Oriente, e Bogotá (Colómbia) é a Atenas da América do Sul. Praga, na República Checa, é chamada de Paris do Leste Europeu, já Buenos Aires (Argentina) é a Paris do Sul, entre tantas outras cidades que querem ser Paris de qualquer coisa. Uma confusão, não é? Como se não bastasse, Paris é a Cidade-Luz, Lisboa é a Cidade Branca e o Porto é a Cidade Invicta. Assim ninguém se orienta. As cidades são sítios onde as pessoas se perdem, e é por isso que decidi morar no campo.

À PORTA DO PORTOQUANDO CHEGUEI A PORTUGAL, DEMOREI ALGUM TEMPO PARA PERCEBER O NOME DAS CIDADES. VEJAM O PORTO, POR EXEMPLO. «O» PORTO É UMA PALAVRA MASCULINA, MAS NÃO É UM «CIDADO», É UMA CIDADE. DEPOIS DISSERAM-ME: SE O NOME DA LOCALIDADE É TAMBÉM UM SUBSTANTIVO COMUM, ENTÃO O NOME DA LOCALIDADE TEM O GÉNERO DESSE SUBSTANTIVO, OU SEJA, O PORTO ONDE PARAM OS BARCOS (E AS BARCAS, CLARO).

©ILUS

TR

ÃO

DE C

AR

OLIN

A C

ELAS

CROMOMAIS RECENTE

RAQUEL MATOS TAVEIRA

Qual é a tua ideia de felicidade num domingo à tarde?

Ver um filme!

Que profissão queres ter quando fores crescida?Astrofísica! Porque gosto

de estudar os planetas.

Qual é o livro da tua vida até agora?

Frozen, o Reino do Gelo!

Qual é o filme que viste 3 400 vezes?

Frozen!

Qual é o teu herói?Shin Chan.

O que gostas de colecionar?

Cromos.

Se a Laura gosta de astrofísica e de Frozen, o seu astro

preferido só pode ser Plutão, um planeta-anão gelado.

QUERES SER O PRÓXIMO CROMO? ENVIA

AS TUAS RESPOSTAS E FOTOGRAFIA PARA

[email protected].

O teu Clube está atento a ti, presta também atenção às sugestões desta página e conhece o Cromo deste número da Voa.

Visita os espaços atmosfera mLISBOA Rua Castilho, n.º 5, 1250-066 Lisboa · PORTO Rua Júlio Dinis, n.º 160, 4050-318 Porto

AGENDAVISITA-ESPETÁCULO OS SAPATOS DO SR. LUIZVamos conhecer os Sapatos deste Teatro? Ou melhor... quem os calçava? Andamos sempre de sapatos, ou quase: passeamos com eles, viajamos com eles, vamos para a escola com eles. Só não dormimos com eles, mas ficam por perto. E os do São Luiz, por onde terão andado? Interpretação e orientação por Madalena Marques.Onde: Lisboa | São Luiz Teatro MunicipalQuando: 25 de novembro, 11h00Reservas: Através do 213 257 662 ou [email protected]ço: 2 €

POCAHONTASSofia Ribeiro dá vida a Pocahontas, uma índia da tribo Powathans, independente e rebelde, que vai ensinar uma lição de tolerância ao seu povo e aos colonos ingleses que invadem a sua terra à procura de ouro e outras riquezas. Uma história sobre o preconceito racial e a aceitação das diferenças, que irá deliciar tanto crianças como adultos.Onde: Setúbal | Fórum Luísa TodiQuando: 2 de Dezembro, 17h00Preço: 12,5 € plateia e 9,5 € balcãoPúblico: +3 anos

A QUE SABE A LUA, PELA CONTADORA INÊS BLANCUm livro tão redondo e saboroso como a Lua cheia. Os animais da selva mostram-nos que as coisas partilhadas sabem sempre muito melhor. Leitura encenada com tapete narrativo!Onde: Lisboa | Livraria BaobáQuando: 9 de dezembro, 11h00Preço: Entrada livrePúblico: +3 anos

Estatuto EditorialA revista do Clube Pelicas, VOA, publicação da Associação Mutualista Montepio para o segmento infantil (0 aos 13 anos de idade), tem como intuito principal a transmissão dos valores mutualistas de solidariedade, humanismo, amizade, espírito de partilha, entreajuda e cidadania. Pretende criar laços entre os associados mais jovens, desenvolvendo assim um sentimento de pertença destes à sua Associação (Montepio). Os conteúdos da revista VOA pretendem estimular a interação e aprendizagem, o desenvolvimento da lógica e do raciocínio através de, por exemplo, jogos de leitura, memória e raciocínio matemático. Em cada revista VOA são publicadas cartas, desenhos e fotografias que os sócios do Clube Pelicas enviam, promovendo deste modo a interatividade e o espírito de participação dos jovens leitores.

O teu Clube é ainda melhor com os teus desenhos, sugestões, cartas e ideias. Envia tudo a voar para [email protected] ou para Clube Pelicas, rua do Carmo, n.º 42, 9.º, 1200-094 Lisboa.

PASSATEMPO Descobre em clubepelicas.pt qual é a regra n.º 7 da escola. As primeiras 20 respostas certas recebem uma garrafa de água do Clube Pelicas, para levar para a escola. Não te esqueças de indicar o teu nome completo e n.º de Associado/a; sem essa informação, as respostas não são consideradas válidas.

1. Qual é coisa qual é ela que tem uma perna mais comprida que a outra e, noite e dia, anda sem parar?

2. Qual é coisa qual é ela que mal entra em casa se põe logo à janela?

3. O que será, que será, que cresce na cabeça e quanto maior é menos cabelos tem?

1. Um pato que fala— Tenho um pato que fala, vais ver. Pato, traz-me uma camisola.— Quá?— A que quiseres... 2. Que horas são?— Pedro, vejo que compraste um relógio.— Sim.— Que marca?— Que marca? As horas!

SOLUÇÕES: 1. O relógio; 2. O botão; 3. A careca.

ANEDOTAS ADIVINHAS

PARQUE ZOOLÓGICO DE LAGOSLagos15% de desconto no bilhete para associados.

SEA LIFEPorto30% de desconto nos bilhetes adquiridos na bilheteira.

FLUVIÁRIO DE MORAÉvora 10% de desconto no bilhete de entrada.

DIVERLANHOSO PARQUE AVENTURABraga10% de desconto no bilhete da entrada.

DESAFIOS, DESPORTO E AVENTURAAveiro15% em atividades de Turismo Ativo e 5% em atividades Praças de Aventura.

Vai a clubepelicas.pt e descobre mais em Descontos Pelicas.

Para ensinar, é preciso aprender.

PROVÉRBIO

1. O Samuel e o irmão enviaram--me o desenho de quando fui levado por um primo do Heitor para o planeta Xuxu para passar umas férias de verão.2. O Tomás, de 6 anos, foi ao Festival Panda em Leiria, onde me encontrou no pavilhão da

Associação Mutualista Montepio. Já viram como estava feliz?3. O Santiago tem 5 anos e mora em Lisboa. No outro dia, quando fui visitá-lo, apareceu um grande arco-íris, muito colorido. 4. A Bruna Rocha tem 10 anos e é de São Pedro do Sul. Enviou-me

um desenho tão bonito que tinha mesmo de o publicar na Voa.

Enviem também os vossos desenhos e cartas. Os meus dias preferidos são os dias em que chega o vosso correio!

CARTAS E DESENHOSPARCEIROS

1

3. O animal mais antigo— Pai, sabes qual é o animal mais antigo?— Não faço a mínima ideia. Qual é? — A vaca.— A vaca? Porquê?— Porque ainda é a preto e branco!

Estas anedotas foram-nos enviadas pela Joana Cabrita Rodrigues, que adora fazer os outros rir.

3

4 2

©IL

UST

RA

ÇÃ

O D

E A

ND

LE

TR

IA

VOA

Outono2017

N.º 12

Aconselhadaa quem querlevantar voo

1 €

clubepelicas.pt

Oh as casas as casas as casasas casas nascem vivem e morrem.RUY BELO, poeta

4CIDADES BIZARRAS

São todas muito estranhas, mas

merecem uma visita

1O QUE É UMA CIDADE?Sabes o que é preciso para promover uma

aldeia a cidade?

10PELICAS

ENTREVISTAPedro Trindade

Ferreira, o arquiteto da cidade

6CIDADES DE OUTROS

TEMPOSFica a conhecer

cidades que deixaram a sua marca na

história do mundo

14PRÓS & NÓS

Almeida ao quadrado

8PUXA PELA CABEÇA

Jogos e desafios do Pelicas

12/13MICROCONTO

O pesadelo de um arquiteto

PELICAS NO TERRENORuínas de

Conímbriga

2AS CIDADES E AS SUAS

PERSONALIDADESDescobre cidades para

todos os gostos

VOA A REVISTA DO CLUBE PELICAS NÚMERO 12 OUTONO DE 2017

EDITORA: Pato Lógico, www.pato-logico.com, [email protected], Rua Pereira Henriques, n.º 1, Armazém 7, 1950-242 Lisboa EDITORES: André Letria e Ricardo Henriques | DIREÇÃO DE ARTE: André Letria | DESIGN: André Letria/Pato Lógico PAGINAÇÃO: Ana Fialho/Pato Lógico | TEXTOS: ©Ricardo Henriques e ©Maria João Freitas | ILUSTRAÇÕES: ©Carolina Celase ©André Letria | GESTÃO E PRODUÇÃO: Inês Felisberto | ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: Marta Ferreira FOTOGRAFIA: Capa: ©zhangyang/Shutterstock; Puxa pela cabeça: ©Tumar/Shutterstock; Pelicas Entrevista: ©Paulo Coelho; Pelicas no terreno: 1 a 5 @André Letria e 6. hrendeiro©mmc/dgpc; Prós & Nós: ©Luís Mileu; Cidadão ao Balcão: ©opp

IMPRESSÃO: LiderGraf – Artes Gráficas, SA, Rua do Galhano, n.º 15 (EN3), Árvore, 4480-089 Vila do Conde | Publicação periódica registada na ERC com o n.º 125687 | DEPÓSITO LEGAL: 385337/14 | TIRAGEM: 58 300 exemplares

PROPRIEDADE, PUBLICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO: Montepio Geral — Associação Mutualista, Rua do Ouro, n.os 219-241, 1100-062 LisboaCONTACTO: Tel. 213 249 540 | DIRETOR: António Tomás Correia | DIRETORA-ADJUNTA: Rita Pinho Branco | COORDENAÇÃO: Direção de Comunicação, Marketing e Canais | COLABORAÇÃO EDITORIAL: Ana Ferreira

O QUE É UMA CIDADE?Começamos por explicar o que é um lugar: é uma pequena povoação, com poucas casas, pouco comércio e poucos, ou quase nenhuns, serviços. Depois vem a aldeia, maior que um lugar e com uma ideia de comunidade. A seguir a vila, maior que aldeia e menor que a cidade. Finalmente chegamos à cidade: muitas casas, muitas pessoas, muito comércio e serviços, muitos transportes e, muitas vezes, muita poluição. Tal como os trabalhadores, as povoações também podem ser promovidas. Para uma vila portuguesa ser promovida a cidade, precisa de apresentar o cartão de cidadão de oito mil eleitores e de ter hospitais, farmácias, estações dos correios, bombeiros, infantários, escolas, salas de espetáculos, museus, bibliotecas, hotéis, transportes públicos e jardins públicos. Se preencher estes requisitos, necessita ainda de uma boa justificação, como na canção «É preciso que eu diminua», de Samuel Úria: «Já não caibo numa casa/ Onde o espaço é todo meu/ Não são obras que me salvam/ Eu só sei crescer.»

©ILU

STR

ÃO

DE

AN

DR

É L

ET

RIA

GPS GLOBAL POSITIONING SYSTEM, EM INGLÊS, É UM SISTEMA CAPAZ DE DIZER EXATAMENTE ONDE ESTÁS NUMA CIDADE (OU NO CAMPO). FUNCIONA ATRAVÉS DO CRUZAMENTO DE INFORMAÇÃO ENTRE OS INÚMEROS SATÉLITES QUE ESTÃO ESPALHADOS PELA ÓRBITA DA TERRA. SE NÃO HOUVER REDE, PODES SEMPRE RECORRER AO MÉTODO INFALÍVEL DO MAPA DE PAPEL PARA SABER ONDE ESTÁS OU PARA ONDE VAIS.

A VOA ESTÁ SEMPRE A DESAFIAR-TE. ENVIA OS TRABALHOS QUE O PELICAS TE PEDIR PARA [email protected] OU PARA CLUBE PELICAS, RUA DO CARMO, Nº 42, 9º, 1200-094 LISBOA.

©ILU

STR

ÃO

DE

CA

RO

LIN

A C

EL

AS

CIDADES AMIGAS DO SEU AMIGOSe uma cidade for plana, é mais fácil de andar, de pedalar e de empurrar carrinhos de bebés ou cadeiras de rodas. Se a planta da cidade for uma malha simples, com quarteirões geométricos, então ainda melhor para nos orientarmos; é o caso de Nova Iorque, da Nazaré e da Baixa de Lisboa, reconstruída direitinha depois do terramoto de 1755.

CIDADES PARADAS NO TEMPOHá certas cidades que parecem viver noutro tempo, sem pressa e com pouca modernidade. Varanasi é a cidade mais sagrada para os indianos que seguem a religião hindu. As suas ruas são um labirinto estreito onde não passam automóveis. Por vezes é preciso recuar para deixar passar uma vaca sagrada. Fora dos labirintos, a cidade tem 98 escadarias que descem para o rio Ganges (os ghats).

CIDADES DE RESPIRAÇÃO DIFÍCILLa Rinconada é a cidade mais alta do mundo; fica nos Andes peruanos, a 5 100 m acima do nível do mar. Esta cidade mineira dá casa a 50 mil habitantes, que não têm uma vida fácil. Quem vive em cidades acima dos 2 400 metros de altitude, respira ar com menos oxigénio, o que sobrecarrega os pulmões e pode provocar problemas de saúde. Há 140 milhões de pessoas a viver assim.

AS CIDADES E AS SUAS PERSONALIDADESAs cidades, seja pela sua arquitetura, pela sua história ou pelos novos habitantes que atraem, são muito diferentes entre si. Vamos descobrir algumas tipologias de ambientes urbanos.

CIDADES INTELIGENTESAs cidades inteligentes são aquelas em que a tecnologia ajuda a melhorar a qualidade de vida. Em Songdo, na Coreia do Sul, tudo foi criado de raiz, até a recolha do lixo, que vai direto das cozinhas para a central de tratamento. As cidades bem pensadas avisam os cidadãos do trânsito, poupam água e energia e promovem transportes limpos, mas também incentivam a criatividade e a inovação.

CIDADES DE PÉ MOLHADOVeneza é a cidade de pé molhado mais famosa do mundo, mas há mais. Giethoorn (Holanda), Banguecoque (Tailândia),Udaipur (Índia), Suzhou (China) são outras cidades onde os barcos e ferries cruzam os canais de água. Em Banguecoque muitas pessoas vivem em barcos ou casas construídas sobre estacas, e os canais chamam-se klongs.

CIDADES QUE CRESCERAM DE MAISMumbai e Tóquio são megalópoles, cidades com mais de 10 milhões de habitantes. É difícil de imaginar porque esse é o número de portugueses no país inteiro. No delta do rio das Pérolas, na China, fica a maior área urbana do mundo, em tamanho e população; é um aglomerado de nove cidades onde vivem 68 milhões de pessoas. Há quarenta anos quem fosse a esta cidade só encontraria pequenas vilas de pescadores.

CAPITAL DA TECNOLOGIASILICON VALLEY, NOS ARREDORES DE SÃO FRANCISCO, NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, É PROVAVELMENTE O LOCAL DO MUNDO COM MAIS EMPRESAS TECNOLÓGICAS E MILIONÁRIAS (APPLE, GOOGLE, FACEBOOK, ETC.), MAS HÁ MAIS, SANTIAGO DO CHILE JÁ É CHAMADA A CHILECON VALLEY, E A CADA DIA SURGEM NOVAS CIDADES QUE PROCURAM SER A CAPITAL DA TECNOLOGIA.

AS VENEZAS DO MUNDO PESQUISA NOS DOIS LADOS DA VOA O NOME DE MAIS CIDADES COM CANAIS COMO VENEZA.

©ILU

STR

ÃO

DE

CA

RO

LIN

A C

EL

AS

3. A CIDADE ENTERRADAColma, na Califórnia, é a «cidade do silêncio» porque tem todo o tipo de cemitérios: cemitério de animais de estimação, cemitério judeu, cemitério chinês, enfim, cemitérios para todos os desgostos. Como os cemitérios foram proibidos na vizinha São Francisco, os mortos mudaram-se para Colma, são mais de dois milhões para 1 200 pessoas vivas.

6. A CIDADE COMPRIDABanguecoque, na Tailândia, não bate recordes pela sua extensão ou população, mas entra no Guiness graças ao seu nome completo: Krungthepmahanakhon Amonrattanakosin Mahintharayutthaya Mahadilokphop Noppharatratchathani-burirom, etc., num total de 168 letras. É o nome de cidade mais comprido do mundo. Procura o seu significado.

5. A CIDADE PERFEITA?Camberra, a capital política da Austrália, foi votada a melhor cidade do mundo para se viver. A qualidade dos espaços verdes, as acessibilidades, a arquitetura, a vida noturna, as escolas e hospitais contribuíram para a vitória, mas será que é mesmo bom viver em grandes avenidas com paisagens aborrecidas e a estranha sensação de que tudo é artificial?

QUE ESTRANHO!CONHECES ALGUMA CIDADE TÃO ESTRANHA QUE TAMBÉM MERECIA ESTAR NESTA LISTA? ENVIA A TUA ESCOLHA, EM DESENHO OU TEXTO, PARA [email protected] OU CLUBE PELICAS, RUA DO CARMO, Nº 42, 9º, 1200-094 LISBOA.

2. A CIDADE SUBMERSA DE SHI CHENG Esta cidade chinesa foi inundada em 1959 para dar origem à Barragem de Xin'an. Milhares de pessoas foram transferidas para outros locais, tal como aconteceu, noutra escala, com a Aldeia da Luz, no Alentejo. A cidade de 600 anos continua submersa no lago artificial Qiandao Lake, e há duas empresas de mergulho a fazer visitas a esta Atlântida chinesa.

4. A CIDADE-TESTENo estado do Novo México, encontra-se a CITE, uma cidade- -laboratório construída para simular a típica pequena cidade norte- -americana. O objetivo é testar e avaliar o planeamento urbano, sistemas de segurança e de emergência, redes de água e de telecomunicações, antes de serem aplicados na vida real. Quem é que vive aqui? Absolutamente ninguém.

1. A FLORENÇA CHINESAToda a gente sabe que Florença, a cidade das obras de Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, Rafael e Donatello fica no Norte de Itália, certo? Tianjin é a sexta cidade mais populosa da China e também possui uma mini-Florença de 200 mil metros quadrados, com fontes, canais, pizarias e lojas com o último grito em moda italiana.

CIDADES BIZARRASO nosso planeta é um sítio muito engraçado para se viver, primeiro de tudo porque não conhecemos outros planetas onde se possa viver (Marte ainda não é uma opção), e antes de mais nada porque há cantos e recantos do mundo que são muito curiosos ou engraçados ou misteriosos, ou até muito estranhos. Encontra-os neste mapa e boa viagem.

©ILU

STR

ÃO

DE

CA

RO

LIN

A C

EL

AS

CIDADES DE OUTROS TEMPOSAlgumas cidades antigas perduram até hoje, com marcas do passado que ainda podem ser lidas, como rugas na cara; outras perderam-se em tempestades de areia e transformaram-se em lendas, sem que hoje se saiba exatamente o que eram, como eram e porque eram. Vamos ser historiadores, antropólogos e arqueólogos e escavar o que já foi?

BABILÓNIAO período de ouro da Babilónia viveu-se no reinado de Nabucodonosor II (634-562 a.C.), o mais poderoso da Mesopotâmia (atual Iraque). Uma das sete maravilhas do mundo antigo eram os Jardins Suspensos da Babilónia, mas contam-se também histórias sobre as suas muralhas imponentes, os monumentos magníficos, a Porta de Ishtar e a lendária Torre de Babel.

ANGKOR WATAngkor Wat, no Camboja, é o maior conjunto de templos de Terra e no século xII foi a capital do império Khmer, com quase 1 milhão de habitantes e 1 000 m2. Só 700 anos mais tarde é que Londres teria esta dimensão. A cidade tinha palácios, autoestradas, complexos sistemas de canais e reservatórios de água potável; agora tem dois milhões de turistas por ano.

ATENASUma cidade-estado é uma cidade independente com governo próprio. Cerca de 500 a.C., Atenas tornou-se amais importante cidade-estado (ou pólis). Foi aí que nasceu a democracia, que as artes clássicas se desenvolveram e que surgiram filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles. Sem Atenas, a civilização ocidental seria muito diferente e teria menos bustos.

ROMAHoje é só a capital de Itália e das moedas atiradas para as fontes, mas já foi a sede do império mais longo da história, que durou 2 206 anos. Na cidade estavam o senado, o coliseu, os banhos, os patrícios e os plebeus. Do lado de fora, havia 85 mil quilómetros de caminhos que iam dar a Roma.

TENOCHTITLÁNA capital do império asteca, também chamada de Mexihco-Tenochtitlán, foi fundada em 1325 numa ilha do lago Texcoco. A cidade tinha um templo monumental em forma de pirâmide, dedicado aos deuses da chuva e da agricultura, além de jardins, palácios, templos, aquedutos e mercados. Na altura da conquista espanhola, a cidade tinha 300 mil habitantes e mudou o nome para Cidade do México.

LONDRESFoi no século xvIII, na cidade de Londres, que apareceram a máquina a vapor, a indústria do carvão, a indústria do algodão, as locomotivas dos comboios, o telégrafo, o comércio livre, os sindicatos, mas também os primeiros turistas e luditas (pessoas contra o progresso). Foi aqui mesmo que começou a Revolução Industrial.

VIAJAR NO TEMPO AGARRA EM TI E NOS TEUS PAIS E VIAJA ATÉ TROIA. ESPERA, NÃO É PARA APANHAR O BARCO EM SETÚBAL, É PARA LEREM EM CONJUNTO A ILÍADA, DE HOMERO, QUE CONTA A HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE GREGOS E TROIANOS, ENTRE AQUILES E HEITOR. FICA ATENTO AO PAPEL FUNDAMENTAL DO CAVALO DA MÍTICA CIDADE DE TROIA.

CIDADES CRUZADASComo pelicano que sou, adoro voar pelo mundo para descobrir novas cidades. Ainda no outro dia estive no Voldenpark, um jardim criado em 1864 pelo arquiteto Jan Daviv Zocher, na capital dos Países Baixos. Não sabes qual é? A resposta está escondida nestas palavras cruzadas. Segue as pistas e descobre mais cidades a visitar pelo caminho.

DIZ-ME ONDE MORAS E DIR-TE-EI QUEM ÉSNum prédio na cidade de Braga moram 7 estudantes universitários: a Ana, o André, a Andreia, a Inês, a Madalena, a Marta e o Ricardo. Um dos apartamentos está vago. Com as pistas, descobre que estudante mora em cada apartamento.

1. A Madalena não desce escadas para sair de casa. 2. O André mora abaixo da Marta e não tem vizinho de baixo.3. A Inês é vizinha de lado da Madalena e não tem vizinho de cima.4. A Andreia mora acima do Ricardo.5. A Ana mora do lado esquerdo e acima da Madalena.

SOLUÇÕES: CIDADES CRUZADAS: 1. Istambul; 2. Colma; 3. Banguecoque; 4. Despina; 5. Tenochtitlán; 6. Aveiro; 7. Hamburgo; 8. Londres; 9. Atlântida; 10. Babilónia. ADIVINHAS: 1. O moinho; 2. O botão. DESAFIO DE LÓGICA: R/c esq: Madalena; R/c dto: Inês; 1.º esq: Ana; 1.º dto: vazio; 2.º esq: Ricardo; 2.º dto: André; 3.º esq: Andreia; 3.º dto: Marta.

CIDADES POR DESVENDARAdoro conhecer diferentes cidades do mundo, desde as megalópoles às mais pequenas e escondidas. As pessoas, os edifícios, os monumentos, a cultura e história de uma cidade são sempre diferentes da seguinte. Felizmente, o meu trabalho como repórter para a revista Voa permite-me viajar muito. Se, de momento, as aulas te impedem de sair da tua cidade, aproveita para ficar a conhecer possíveis destinos para as tuas próximas férias. Depois de resolveres estes desafios, vai dar um passeio na tua cidade. De certeza que ainda tem muitos segredos por desvendar.

ADIVINHAS 1. Trabalho noite e dia, se me derem que fazer. Nos dentes quero água, na boca de comer.

2. O que é que, quando entra na casa, fica fora dela?

3º ESQ. 3º DIR.

2º ESQ. 2º DIR.

1º ESQ. 1º DIR.

R/C ESQ. R/C DIR.

CASA SORRIDENTEO que será que fez esta casa tão feliz? Imagina quem mora lá, como estará decorada e em que cidade foi construída.

1.2.

3.4.

5.6.

8.9.

10.

7.

Cidade, na Turquia, onde o entrevistado desta revista gostaria de viver.

Cidade com muitos cemitérios, conhecida como a cidade do silêncio.

Cidade, na Tailândia, com o nome completo mais longo de todos.

Uma das cidades invisíveis, que só pode ser alcançada de camelo ou barco.

Capital do império asteca, fundada em 1325 numa ilha do lago Texcoco.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

Cidade conhecida como Veneza de Portugal.

Cidade na Alemanha com o primeiro edifício do mundo movido a algas.

Capital de Inglaterra onde começou a Revolução Industrial.

Cidade imaginada por Platão, habitada por semideuses.

Cidade na Mesopotâmia, onde se encontravam os Jardins Suspensos.

soluções para os seus problemas.

De onde vem esse gosto pela cidade?As minhas experiências mais marcantes foram na rua. Cresci em Leiria, onde é perfeitamente possível ter essa liberdade. Nos tempos livres, trepávamos à

encosta do castelo, escondíamo-nos

nos arbustos do parque junto ao rio

e brincávamos nas traseiras da rua Direita.

Foi na rua que me apaixonei pela primeira

vez e foi também na rua que tive os maiores acidentes.

Como explica a sua profissão a uma criança?Sou arquiteto urbanista e o que faço é organizar espaços. Para mim, o mais importante é sempre o espaço público e não as casas. Tanto posso desenhar um bairro como uma praça. Para isso, procuro que todos estejam de acordo com as ideias. O desenho da cidade é sempre um desenho a várias mãos, e é preciso sobretudo diplomacia, razão, método e, claro, imaginação. Felizmente sou mais organizado no trabalho do que em casa.

Que papel teve na requalificação da frente ribeirinha da Baixa pombalina?O meu trabalho mais visível é este projeto na área compreendida entre Santa Apolónia e o Cais do Sodré, que acompanho desde

2007. O projeto era libertar a frente ribeirinha e devolver o rio aos cidadãos. Isto incluiu o Terreiro do Paço, praça que é monumento nacional, e o Cais do Sodré, uma área marcada pelo transporte público. Tivemos de mudar o trânsito, desenhar passadeiras, pôr calçada, arrumar os candeeiros e colocar outros e escolher árvores e bancos. E, para isso acontecer, trabalhámos em conjunto com muitas pessoas diferentes: engenheiros civis e de outras especialidades, arquitetos paisagistas e com os empreiteiros, porque há sempre imprevistos numa obra.

As pessoas queixam-se das obras...As obras são aborrecidas, mas têm de ser feitas. Se partimos um pé, temos de andar com gesso. As pessoas esquecem-se que a cidade também é um corpo e tem dores de ossos e de crescimento.

A cidade é uma casa gigante?Não, porque a casa é fechada e a cidade é o espaço entre os edifícios. O espaço é finito e obriga a tomar opções. Não posso ter o mesmo espaço ocupado por várias coisas. Ou está lá uma árvore, um edifício ou um carro estacionado. Há outra diferença: a cidade é essencialmente uma rede, com as ruas, as praças, os largos ou os jardins e parques ligados entre si e sem possibilidade de fechar portas entre eles. A cidade junta pessoas muito diferentes e tem de ser de todos, mas também de cada um. Todos têm de sentir que a cidade lhes pertence. É isso que faz com que gostemos

«A CIDADE TEM DE SER DE TODOS, MAS TAMBÉM DE CADA UM. TODOS TÊM DE SENTIR QUE A CIDADE LHES PERTENCE.»

O ARQUITETO DA CIDADECresceu numa cidade pequena, mas a sua profissão tem um nome comprido. É arquiteto urbanista desde 1998 e já coordenou projetos em Portugal, na Argélia e em Angola. Talvez porque teve experiências inesquecíveis na rua, gosta de pensar os espaços públicos e imaginar a melhor forma de eles serem vividos.

Quando descobriu que queria ser arquiteto?Em criança queria ser criança, o futuro não era uma preocupação. Mais tarde quis ser engenheiro, depois advogado e escultor. Só tomei a decisão de estudar arquitetura no final do 12.º ano. Dentro da arquitetura, achei que o urbanismo era a melhor síntese de tudo isso. Queria mudar a cidade, criando

ISTAMBULPEDRO É UM APAIXONADO PELAS CIDADES MEDITERRÂNICAS. SE TIVESSE DE ESCOLHER UMA CIDADE ONDE MORAR, SERIA ISTAMBUL, NA TURQUIA. «ISTAMBUL É MUITO GRANDE, MAS LEMBRA-ME LISBOA. É UMA LISBOA VISTA AO CALEIDOSCÓPIO, EM QUE AS IMAGENS SE FORMAM E DESFAZEM SEM SE FIXAREM.»

da cidade, porque é aí que criamos as nossas memórias.

O que o inspira?Sobretudo a vida com as pessoas. Elas entram, saem e circulam na nossa vida como numa grande cidade. Umas, encontramos por acaso, outras permanecem. Não há forma de não ser influenciado. Quanto mais rica de experiências for a tua vida, mais rico será o teu trabalho.

Que obra de intervenção gostaria de fazer em Portugal?Aquela para a qual fosse chamado. Cada um dos meus trabalhos demora muitos anos, até se chegar a ver alguma coisa. Por isso é que faço vários projetos ao mesmo tempo.

Olha sempre para a cidade com olhos de arquiteto urbanista?Não, senão não tinha descanso nem apreciava as coisas.

RUÍNAS DE CONÍMBRIGATEMPO BEM PASSADONo período da Roma antiga, dizia-se que todos os caminhos iam dar à capital do império. Hoje, para saberes como eram as cidades em que viviam os Romanos no tempo do Astérix, o caminho que deves seguir é o que te leva a Conímbriga, onde podes visitar o espaço museulógico que guarda as magníficas ruínas do povoado pré- -românico existente desde os finais do segundo milénio a. C. Os Romanos da Antiguidade espalharam o seu império por uma área imensa e, apesar das diferenças culturais dos territórios que conquistavam, as cidades que lá construíam obedeciam a uma tipologia comum entre elas. Aqui podes ver os vestígios de um fórum, as fundações das termas ou os restos de paredes e canalizações de bairros de habitação ou comércio, que eram, já na altura, autênticos centros comerciais.

MUSEU MONOGRÁFICO E RUÍNAS DE CONÍMBRIGA CONÍMBRIGA, CONDEIXA-A-VELHA3150-220 CONDEIXA-A-NOVATEL: 239 941 [email protected] OS DIAS, DAS 10H ÀS 19HBILHETE NORMAL: 4,5€

Era uma vez uma cidade muito grande. Maior do que Paris, Nova Iorque ou mesmo Tóquio. Nesta cidade viviam mais moradores do que todos os habitantes de Portugal multiplicados por 7. Ninguém sabia o seu nome, mas tinha uma particularidade que a tornava diferente de todas as outras cidades do mundo. As suas ruas eram todas iguais, com a mesma largura de passeio. Os carros eram todos do mesmo modelo e da mesma cor. Nas praças e jardins, as árvores e os bancos eram todos idênticos. Os pássaros nas árvores e as flores nos canteiros pareciam fotocópias uns dos outros. As pessoas que andavam na rua eram iguais como só os gémeos conseguem ser. Os edifícios eram todos cinzentos, com o mesmo número de pisos e portas de entrada semelhantes. Tinham todas o número 2034 assinalado à entrada. Quando o protagonista desta história, um arquiteto português, esticou o dedo indicador para tocar a uma campainha, a cidade desapareceu. Foi então que compreendeu que não era uma cidade,

mas um sonho. Um sonho terrível, daqueles que merecem o nome de pesadelo. Cada cidade tem a sua personalidade e nela tem de haver lugares diferentes como casas, automóveis, bancos, escolas, lojas, hospitais, museus, estádios e parques, onde é possível os humanos viverem. O arquiteto respirou fundo e fechou os olhos para continuar a dormir. Na manhã seguinte, tinha uma importante reunião onde ia apresentar um projeto para melhorar a cidade onde vivia.

De dia, os arquitetos sonham de olhos abertos, quando desenham espaços urbanos ou casas. De noite, sonham de olhos fechados e expressam os seus desejos ou medos. Este conto foi inspirado num pesadelo verdadeiro do arquiteto Pedro Trindade Ferreira.

O PESADELO DE UM ARQUITETO

SE QUISERES SABER MAIS SOBRE CAROLINA CELAS, AUTORA DESTA ILUSTRAÇÃO, VOA ATÉ À PÁGINA DO ÍNDICE, DO OUTRO LADO DA REVISTA.

1. A casa dos repuxos, descoberta nas escavações de 1939, é um dos poucos exemplos descobertos em todo o Império com este tipo de arquitetura. No lago ajardinado do centro da casa, há dezenas de repuxos. 2. As termas do aqueduto são um conjunto de espaços destinados aos banhos de alguns habitantes. Nesta imagem pode ver-se parte do espaço destinado aos banhos quentes. 3. Mosaico da casa da cruz suástica, que fica encostada à muralha do Baixo-Império, o período final do Império Romano. 4. Maquete com a reconstituição do fórum, o centro das cidades romanas. 5. Pregos e outros utensílios de metal, junto de telhas, numa vitrina do Museu. 6. Torso de uma estátua, provavelmente pertencente ao imperador Cláudio.

MÃOS À OBRA: CADA CASA A SEU DONOArquitetura?

É fácil! Uma porta, duas janelas e um teto. Este é um dos primeiros desenhos de uma criança: uma casa. Didier Corneille apresenta onze casas que marcaram a arquitetura, desde o século xx até ao início do século xxi. Aprende mais sobre o modo como construímos e habitamos as casas.

Todas as idades14,9 €Orfeu Negro

O PAÍS AGRADECECom o objetivo de aproximar as pessoas da política, o governo criou o Orçamento Participativo Portugal (OPP), estimulando os cidadãos a identificar problemas e a propor as melhores soluções para os resolver. Graças ao OPP, os cidadãos podem decidir como investir 3 milhões de euros do orçamento público nas áreas da cultura, ciência, agricultura, educação e formação de adultos, em Portugal Continental. Todos os cidadãos nacionais com idade igual ou superior a 18 anos podem participar na vida do país de duas formas diferentes: apresentando propostas bem fundamentadas e votando nos projetos da sua preferência. Deste modo, o país ganha mais oportunidades para defender os seus interesses e combater a desigualdade social e territorial

através de decisão pública. A participação de todos, apresentando ideias e votando em projetos, é muito importante para o futuro de Portugal. O país agradece!

Mais informações: www.opp.gov.pt

Em cima, as capas dos livros Viseu, Edimburgo e Beja. Em baixo, interior do livro Mãos à obra: cada casa a seu dono.

A MINHA CIDADE Esta é uma coleção que apresenta cidades do mundo para desdobrar e descobrir pelos olhos, mãos e pés de ilustradores

que as habitam.Viaja de Beja a Edimburgo, passando por Madrid e Viseu para conheceres os lugares que Susa Monteiro, Marcus Oakley, Manuel Marsol e Ana Seixas mais apreciam nas suas cidades.

Todas as idades 13,5 €Pato Lógico

ALMEIDA AO QUADRADORui Almeida foi segurança na Gulbenkian e no Centro Cultural de Belém e há cinco anos que recolhe o nosso lixo sempre com um sorriso no rosto. Trabalha nos Olivais Sul, na zona 4, mas, onde quer que esteja, não consegue deixar de reparar no lixo.

Oapelido indicou-lhe a profissão que devia seguir? O meu pai já era almeida de profissão e

às vezes ia acompanhá-lo. Hoje, há mais almeidas na família. É uma espécie de tradição. Trabalho na câmara há cinco anos como assistente operacional. O que faz um assistente operacional? Faço recolha de lixo das 6 da manhã

PROFISSÃO: ALMEIDA HÁ MUITOS ANOS, QUANDO OS PRIMEIROS CANTONEIROS (HOMENS QUE VARRIAM O LIXO NA RUA) VIERAM PARA LISBOA, ERAM ORIUNDOS DE ALMEIDA, UMA VILA DA GUARDA. POR ESSE MOTIVO, FICARAM CONHECIDOS COMO ALMEIDAS.

TONELADAS DE LIXO «Todos os dias saem 130 camiões para a rua e um deles é o meu. Cada camião leva 8 toneladas de peso e são recolhidas em média 800 toneladas de resíduos. Nos dias do lixo indiferenciado, são necessárias quase sempre duas voltas.»

às 13 horas. No camião onde ando pendurado, somos três: o motorista e dois para a remoção do lixo. Trabalho de segunda a sábado, incluindo feriados. Faço horas extraordinárias em eventos como o Santo António ou o Rock in Rio. É um trabalho difícil? Todos os trabalhos têm as suas dificuldades. É um trabalho de alto risco. Os camiões são meios mecânicos e podem acontecer acidentes. Anda sempre fardado? A farda é um instrumento obrigatório e traz refletores incorporados. Inclui luvas, chapéu, calças, boné ou gorro, impermeáveis e botas com biqueira de aço. Tem preferência pelo lixo que recolhe? Gosto do que faço, não me queixo. O lixo indiferenciado é o mais pesado e às vezes cheira um bocadinho mal, mas é uma questão de hábito. Há recolhas de cartão que também são muito pesadas. Podem ficar com lixo? Já fiquei com uma árvore de Natal para o nosso posto e várias bicicletas. Lá porque as pessoas as colocam no lixo, não significa que estejam estragadas. O lixo pode ser um luxo. Além

do valor económico, há o reaproveitamento e a

reciclagem. Com a moda do vintage,

há pessoas que

perguntam se os podemos contactar se encontrarmos peças antigas. Os portugueses têm dificuldade em fazer reciclagem? O problema é a disciplina. Querem ver-se livres do lixo o mais rápido possível e não o põem nos locais certos, às horas certas. Apesar de estarmos melhor, ainda há zonas como as chamadas ilhas, onde se acumulam montureiras de lixo. Felizmente, as crianças já têm outra educação. Quais os objetos mais estranhos que já encontrou? Em grandes eventos, são os manequins. Há quem deixe sofás ou frigoríficos na rua, em vez de chamar o mono para recolhê-los. Qual a cidade mais limpa onde já esteve? Gostava de responder que é Lisboa. Porque Lisboa limpa tem outra pinta. Dizem a palavra «porco» todos os dias? Ao munícipe não, dizemos entre nós. E, se não dizemos, pensamos. Ganhamos pouco, mas rimo-nos muito, é o lado bom deste trabalho.