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15 Cidades do Vale - O Jornal da Quarta Colônia Cidades do Vale - O Jornal da Quarta Colônia Cidades do Vale - O Jornal da Quarta Colônia Cidades do Vale - O Jornal da Quarta Colônia Cidades do Vale - O Jornal da Quarta Colônia Sexta-feira, 10 de maio de 2013 EXCLUSIVO ANTONIO MENEGHETTI Professor Antonio Meneghetti abre as portas de sua casa à Rede Jauru Do surgimento da ideia atØ o encontro se passaram cin- co dias. Marcada para às 16h de domingo, 28 de abril, a en- trevista exclusiva à Rede Jauru foi confirmada no dia que ante- cederia o encontro. Numa pontualidade exem- plar, o criador do Recanto Ma- estro, professor Antonio Meneghetti recebia no jardim de sua residŒncia, no Recanto Ma- estro, o diretor-pre- sidente da Rede Jauru de Comu- nicaçªo, Roberto Cervo, o vice-diretor, Henrique Zago Cervo e o jornalista, Paulo Paixªo. Após a recepçªo o convite para ingressar a sua residŒncia. Em uma das salas Antonio Meneghetti acomoda- se em uma poltrona vermelha. SimpÆtico, começa uma con- versa mesclando palavras em ita- liano e portuguŒs. Depois de ser- vido um cafØ o professor assinala para que a entre- vista comece. Da pri- meira per- gunta a œltima res- pos- t a Œncias, jÆ anunciada por E. Husserl em 1935, Ø contínua, e o problema existencial acerca da possibilidade da nossa razªo co- nhecer ou nªo com exatidªo ain- da estÆ em aberto. A Ontopsicologia nasce como hi- pótese resolutiva ao problema crítico do conhecimento. Se quem faz ciŒncia Ø um homem, entªo Ø inexorÆvel que este seja exato, correspondente às pre- missas lógicas da vida, para as- segurar-se como operador de ci- Œncia e de sociedade. Portanto, a Ontopsicologia se preocupa com o nexo ontológico, em como reportar a consciŒncia do ho- mem à reversibilidade com a re- alidade. Seu escopo sempre foi definir e abrir o significado, a presença do critØrio ontológico na existŒncia, ou seja, responder à pergunta: o homem pode sa- ber o ser que Ø?. Esse foi e Ø o problema constante de Antonio Meneghetti, o homem que resti- tui a humanidade ao próprio ho- mem. Idealizador de um dos maiores empreendimentos do Rio Grande do Sul, Antonio Meneghetti concedeu uma entrevista exclusiva à Rede Jauru de Comunicaçªo no dia 28 de abril se passou uma hora e seis mi- nutos. Meneghetti falou so- bre a criaçªo do Recan- to Maestro e a esco- lha da Quarta Colô- nia para um em- preendimento que hoje jÆ soma aproximada- mente 20 mi- lhıes de euros. Ontopsicologia e Onto Arte tambØm foram te- mas abordados. Professor Antonio Meneghetti, por sua biogra- fia oficial Ao acessar a sua pÆgina oficial na Rede Mundial de Com- putadores, Ø possível conhecer um pouco mais deste italiano. Antonio Meneghetti, cien- tista italiano de rara formaçªo, Ø fundador e expressªo mÆxima da CiŒncia Ontopsicológica. Sua busca científica, acadŒmi- ca e filosófica sempre foi o pro- blema crítico do conhecimento. A partir dela nasce a sua expe- rimentaçªo clínica de mais de 10 anos de pesquisa no âmbito da racionalidade humana, as desco- bertas formalizadas pela Ontopsicologia e os Centros de Formaçªo criados em vÆrios países do mun- do. A cri- se das ci- o homem pode saber o ser que Ø?

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15Cidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta Colônia Sexta-feira, 10 de maio de 2013EXCLUSIVO ANTONIO MENEGHETTI

Professor Antonio Meneghetti abreas portas de sua casa à Rede Jauru

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Do surgimento da ideiaaté o encontro se passaram cin-co dias. Marcada para às 16hde domingo, 28 de abril, a en-trevista exclusiva à Rede Jaurufoi confirmada no dia que ante-cederia o encontro.

Numa pontualidade exem-plar, o criador do Recanto Ma-estro, professor AntonioMeneghetti recebia no jardim desua residência, no Recanto Ma-estro, o diretor-pre-sidente da RedeJauru de Comu-n i c a ç ã o ,Roberto Cervo,o vice-diretor,Henrique Zago Cervo eo jornalista, Paulo Paixão.

Após a recepção oconvite para ingressar asua residência. Em umadas salas Anton ioMeneghetti acomoda-se em uma poltronavermelha. Simpático,começa uma con-versa mesclandopalavras em ita-liano e português.Depois de ser-vido um caféo professora s s i n a l apara quea entre-v i s t a

comece.Da pri-

meira per-gunta aúltimar e s -pos-t a

ências, já anunciada por E.Husserl em 1935, é contínua, eo problema existencial acerca dapossibilidade da nossa razão co-nhecer ou não com exatidão ain-da está em aberto. AOntopsicologia nasce como hi-pótese resolutiva ao problemacrítico do conhecimento. Sequem faz ciência é um homem,então é inexorável que este sejaexato, correspondente às pre-missas lógicas da vida, para as-segurar-se como operador de ci-ência e de sociedade. Portanto,a Ontopsicologia se preocupacom o nexo ontológico, em comoreportar a consciência do ho-mem à reversibilidade com a re-alidade. Seu escopo sempre foidefinir e abrir o significado, apresença do critério ontológicona existência, ou seja, responderà pergunta: �o homem pode sa-ber o ser que é?�. Esse foi e é oproblema constante de AntonioMeneghetti, o homem que resti-tui a humanidade ao próprio ho-mem.

Idealizador de um dos maiores empreendimentos do Rio Grande doSul, Antonio Meneghetti concedeu uma entrevista exclusiva à Rede

Jauru de Comunicação no dia 28 de abrilse passou uma hora e seis mi-

nutos. Meneghetti falou so-bre a criação do Recan-

to Maestro e a esco-lha da Quarta Colô-

nia para um em-p r e end imen toque hoje já somaaprox imada-mente 20 mi-

lhões de euros. Ontopsicologiae Onto Arte também foram te-mas abordados.

Professor AntonioMeneghetti, por sua biogra-fia oficial

Ao acessar a sua páginaoficial na Rede Mundial de Com-putadores, é possível conhecerum pouco mais deste italiano.

Antonio Meneghetti, cien-tista italiano de rara formação,é fundador e expressão máxima

da Ciência Ontopsicológica.Sua busca científica, acadêmi-

ca e filosófica sempre foi o pro-blema crítico do conhecimento.A partir dela nasce a sua expe-rimentação clínica de mais de 10anos de pesquisa no âmbito daracionalidade humana, as desco-bertas formalizadas pela

Ontopsicologia e os Centros deFormação criados em

vários paísesdo mun-do. A cri-

se dasc i -

o homem pode saber o ser

que é?

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16 Cidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaSexta-feira, 10 de maio de 2013 EXCLUSIVO ANTONIO MENEGHETTIJCV - Há 25 anos, a re-

gião começou a passar poruma transformação com aconstrução do Recanto Maes-tro. Duas questões devem seranalisadas aqui: o porquê daescolha da região da QuartaColônia e como o senhor vê atransformação que o Recantocausou e que é notória?

Antonio Meneghetti -Em primeiro lugar, posso dizerque eu já conhecia todo o Bra-sil. Havia falado de uma ideiaminha e todos haviam me acon-selhado o Nordeste. Fui até lá,vi, observei, de Fortaleza ao Riode Janeiro, mas não me agradou.Depois, o segundo convite foipara Brasília. À época, o Presi-dente do Brasil era o FernandoHenrique Cardoso e eu já haviadito que ele seria eleito pela se-gunda vez. Naquele período, to-dos riram, porque isso era impos-sível segundo a Constituição bra-sileira. Em vez disso, a Consti-tuição foi modificada e FernandoHenrique foi Presidente pela se-gunda vez.

Em Brasília, conheci osgrandes do Brasil, o vice-presi-dente Marco Maciel, depois co-nheci Antonio Carlos Magalhães,José Sarney. Eles me admira-vam muito e justamente emBrasília me deram uma carta deacadêmico. Em Brasília se co-meçou o curso de Ontopsicologiaem uma universidade muito im-portante. Em suma, conheci umpouco todos os personagens.Eles me admiravam. Experimen-tei começar em um pedaço deterra, mas não era aquele o lu-gar, então o deixei.

Depois, quando ensinavaem Roma aos jovens mais inteli-gentes do mundo, de fé católica,havia entre eles também um jo-vem brasileiro, Alécio Vidor, queera um dos melhores estudantes.Havia feito um bom trabalho ci-entífico em Roma e ele, vez ououtra, escrevia: �Professor, porque não vem me encontrar? Fiztantas coisas no Brasil...�. En-tão eu vim para ver e ajudar essegaroto, se realmente havia feito,e nos encontramos em PassoFundo. Simpática terra, PassoFundo. Depois procurei ajudarum pouco, havia um pequenoencontro de jovensontopsicólogos e a primeira reu-nião foi realizada em Santa Ma-ria no Itaimbé, um gracioso ho-tel, e foi algo simpático. Naque-la ocasião, através de PedroAguirre, eu recebi as chaves dacidade, como hóspede de honra.E também quando visitei a uni-versidade mais importante deSanta Maria havia o vice-reitorque me deixou uma carta famo-sa, de hóspede honorário etc.

Depois, disse: �Alécio,mostre-me as terras próximasdaqui�. E vi este lugar, que oslocais denominavam de �infer-no�. Ninguém o habitava. Todostinham ido embora. Aqui, quan-do chovia, era impossível chegar

com o carro, chegava-se somen-te com o trator, da rodovia a qual-quer cidade aqui. Era um desas-tre. Depois, havia o rio que cha-mam de Sanga das Pedras, sem-pre forte, que rompia. Não haviaa estrada. Então, dei dinheiro àprefeitura para fazer uma pontepara passar. Posteriormente, fizas estradas e com esse dinheiroeram mantidas 15 famílias daPrefeitura de São João doPolêsine. Era dinheiro que come-çava a ser trazido para cá. De-pois encontrei ótimos artesãos,pedreiro, marceneiro, comecei afazer com eles o pequenoRecantigno. Apenas cheguei eadquiri 30 hectares. E pagueiuma boa cifra, mas não era nadapara mim. Disse a Alécio Vidorpara ele também comprar a ter-ra. Era fácil, porque ninguém que-ria. Depois vi o local onde eu po-dia construir a minha casa. Eraaqui. Isto é, é uma minha sensi-bilidade de arquitetura espacial.Sei qual é o ponto. Os antigosromanos, quando construíam algoimportante, enviavam um mestreque sentia o local exato de cons-trução.

Esta casa onde estamos foifeita muitas vezes, agora meagrada. É adaptada para como euvivo.

Porém, de imediato, a pri-meira coisa que fiz foi um peque-no restaurante e uma sala de con-ferências, porque quando eu voua um lugar faço uma sala de aula,um espaço para ensinar, um pe-queno restaurante e um lugar, umpequeno hotel, simples, para dor-mir, para as pessoas que se inte-ressam. Depois, aos poucos,como as pessoas cresciam, euaumentava, aumentava, aumen-tava. É claro que, num primeiromomento, eu trazia o dinheiro daItália. Porém, tinha visto que to-dos os brasileiros daqui do lugar,de origem italiana, tinham medo,envergonhavam-se de serem ita-lianos. Eu não entendia. Certo, seique houve uma perseguição porcausa da língua, especialmenteitaliana, depois a alemã.... Então,detenhamo-nos um pouco aquiporque eu gostaria de fazer umresgate histórico, que começa naItália, em 1800.

Substancialmente, existiaum projeto político internacional.A Itália havia pensado que, emvez de fazer colônias, colonizarcom guerra, deveria mandar tan-tos italianos que quisessem ir. Eentão houve uma grande organi-zação de Estado, de interessepolítico, ou seja, enviar para cátantos italianos de modo tal que olugar substancialmente fosse ocu-pado pela inteligência, pelo prima-do italiano. Porque o Brasil eraainda uma terra muito primitiva,um pouco índia, em suma, nãohavia uma organização civil, umaorganização política. Natural-mente, havia grandes lutas noBrasil. Iniciou a Itália, depoismais tarde começou a Rússia eaqui, na região, estiveram oscossacos, mais de 250 anos atrás.Porque o estilo gaúcho tem mui-ta semelhança aos cossacos. Oscossacos são um grande povoforte, guerreiro, um povo que nun-ca perde. Porém, depois se de-senvolveu uma doença, uma epi-demia, e os russos, os cossacosforam embora, e deixaram algu-ma coisa, alguma tradição. De-pois tudo mudou, é claro. Porém,o primeiro escopo não foi a po-breza. Porque a Itália, deixada li-vre, em um ano se torna a maispoderosa, tecnologicamente a pri-meira do mundo, mais do que oJapão. O gênio italiano é infinito.

Depois, quando vi ValeVêneto, tocou-me muito porqueme recordava a pequena cidadeque eu habitava quando era pe-queno, quanto tinha 5, 6 anos, emVêneto, em Montebelluna, entreTreviso, Pádua, Conegliano, Feltre,Belluno. E a terra, aqui, asseme-lha-se muito àquela de Belluno,àquela de Valdobbiadene, isto é,as terras do Vêneto que hoje sãouma terra de ouro. E, portanto, asemigrações faziam parte de umgrande projeto político.

Depois, sobretudo quandochegou Mussolini, eleincrementou essa situação, por-que era um modo doce, simpáti-co, de ocupar um futuro, que aquiera imenso. Um futuro de civili-zação, um futuro de um grandepaís aliado. Certamente, os Es-tados Unidos se deram conta dis-so, e foram muito astutos, tam-bém os ingleses. Os ingleses fo-ram os maiores inimigos, aindahoje são os maiores inimigos daItália, mesmo se possuem aquelesorriso... O inglês sempre pensana sua casa, no seu dinheiro e oresto não tem importância. E,portanto, haviam manobras, es-tratégias escondidas, ocultas. AArgentina foi feita por um tipo deitalianos, não os melhores. Osmelhores estariam nesta zonacomo Bento Gonçalves. São Pau-lo, por exemplo, no início foi feitacompletamente por italianos. Po-rém, com a Segunda GuerraMundial, a Itália perdeu tudo, per-deu aquele primado, aquela influ-ência... também o time brasileiroJuventude, é a Juventus de Tu-rim. Portanto, havia um escopo

de ocupaçãop o l í t i c a ,usando a po-bre gente,porque os ita-lianos faziammuitos filhos,sendo católi-cos.

Quan-do, aqui noB r a s i l ,irrompe operíodo mili-tar, foi umapolítica paraeliminar apossibilidadede um comu-n i s m obolchevique.A Rússiagastou tantodinheiro aquipara fazer

porém Getúlio Vargas teve quedizer que era verdade para serprotegido da invasão dos Esta-dos Unidos. Getúlio Vargas eraum grande homem. E se GetúlioVargas tivesse seguido adiante,o Brasil hoje seria dez vezes maisdesenvolvido. Mas no fim nãoera livre. Também ele foi mortoporque não concordava com oplano inglês-estadunidense.Também foi morto aquele gran-de presidente de Brasília,Kubitschek. Sim, grande. Porém,não alcançou. Depois os outrospresidentes e também válidos sedeixaram condicionar pelaprepotência, e ainda hoje essasituação existe.

A situação de hoje é: se oBrasil crê na sua autonomia, de-senvolve a sua grandeza, a suariqueza, a modo seu � porquehoje o Brasil pertence a si mes-mo, não existe mais o grande jogo� então o Brasil será grande etambém um prazer, uma conso-lação para a Europa, para tan-tas outras pessoas e, portanto,será uma potência personaliza-da, concretizada na sua econo-mia, nos seus interesses, mas demodo livre, sem a ocupação dosistema financeiro que, em vezdisso, é exclusivamente da Amé-rica do Norte.

Esse é o quadro geral.Quando vim aqui, descobri al-guns italianos, os Meneghetti, porexemplo, e outros, vi que tinhamas mãos, a cabeça como osartesãos, como os técnicos queeu conheço em Milão, naÚmbria. E eu disse: �Aqui pos-so fazer coisas agradáveis.� Ecomecei, porque me agradava.Naturalmente, cada coisa que eufazia, via-a sempre emprospectiva da obra, ou seja, aobra humanista-científica. O ho-mem, a inteligência do homem,patrão em sua casa, criador ca-paz do próprio bem-estar, do pró-prio território de modo integral,ou seja, não apenas a economiae a política, mas também acompletude da formação supe-rior filosófica: o homem!

É uma terra vir-gem que me agradou, ou

seja, foi um enamo-ramento, não foi um

cálculo. Agradou-me, umgrande homem age dentroda linha do seu prazer deação. Porque quando euestou aqui, vejo música!

Uma orquestra.... aságuas, terrenos... Para

mim, é igual ao territórioque a Bíblia descrevequando Deus criou o

paraíso terrestrepara Adão.

Antonio Meneghetti é também fundador do movimentoartístico OntoArte

vencer o Partido Comunista. Nãoera uma questão ideológica, erauma questão de território, era umaquestão de poder mundial. Essaluta nunca terminou. Já no tem-po de Napoleão III, que queriafazer da América Latina a naçãomais potente do mundo junto coma Europa, por isso a Europa pen-sava �nós estamos aqui e cria-mos uma potência além do mar�.E foi Napoleão III quem chamou�América Latina�. Latina porqueo povo que habita aqui é todo deorigem latina. Pode ser sobretu-do Portugal, Itália e outros paí-ses. Itália porque tinha relaçãomais fácil, enfim, era mais agra-dável.

Naturalmente, aqueles cam-poneses que tiveram coragem defazer isso nunca entenderamnada e ainda hoje não entendem.Eu, quando vejo o barcoColumbus... Era o transatlânticoque partia repleto de pessoas daItália e vinha iniciar uma possibi-lidade econômico-política degrandeza aqui e também de van-tagem para algumas potênciaseuropeias. Então, é preciso en-trar nesse tipo de história paraentender. Em vez disso, vocês fi-caram fechados, pequenas cida-des. Depois vi que as cidadesforam todas construídas em pe-quenos pontos, por medo, ou seja,se vê que eram pessoas que ti-nham medo. Essa gente se es-condia, Faxinal, Restinga Sêca eoutros, escondiam-se, estavamlonge da estrada, porque tinhammedo da guerra, tinham conheci-do a Primeira Guerra Mundial, agrande guerra que matou milhõese milhões.

E então se vemos esse Bra-sil, especialmente da parte Cen-tro-Sul, porque a parte Norte eramuito controlada, Estados Unidosetc. Até Getúlio Vargas haviasempre uma secreta amizadeentre Brasil e Itália. Secreta.Porém, quando Getúlio Vargasteve que dizer a fantasia, a men-tira de que um grande barco ha-via sido destruído, afundado pe-los alemães, não era verdade,

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Também a bandeira brasi-leira é maçônica, mas é bela.Porque o maçom, aquele verda-deiro, é uma superior inteligên-cia. Porque ele não é alguém quereza a Deus, é alguém que aju-da Deus neste planeta. Mas es-ses homens são de uma outra di-mensão, são raros, e sabem queestão aqui para ajudar, para fa-zer. E depois? Depois se volta àcasa para um próximo trabalho.Não morre jamais. O homem,em qualquer modo, quando che-ga à sua superioridade, é eter-no. Muda a forma, mas no pro-jeto da transcendência da ordemda vida é eterno.

Então, eu diria para nãopermanecer amarrado ao con-ceito de Quarta Colônia. Encon-tremos um conceito mais local,mais brasileiro. Deixemos o pas-sado de uma história que causatristeza. O Brasil hoje é umaoutra dimensão. Por exemplo,em campo médico está muitomais adiantado do que a Itália,do que a Alemanha. Tem um ser-viço, tem um modo de compe-tência. Só que os brasileiros têma cabeça, têm o instinto de po-bres, de inferiores, e nisso sãotolos. Ok, ir a Milão, a Veneza, éum turismo simpático. Porém, ogrande futuro vocês têm aqui, jus-tamente aqui. Devem desenvol-ver aquilo que sabem fazer e me-lhorar sempre.

E, voltando àquilo que fizdesenvolver. Porque no início fa-zia tudo eu, depois encontrei ou-tros brasileiros aos quais agra-dou o meu projeto, o meu modode fazer e também eles quise-ram estar próximos. E se estãopróximos, se faz luz, sucesso,ganho a Recanto Maestro. Obusiness center, a clínica, a fa-culdade... A faculdade que estáaqui, na formação que dá, euposso garantir a vocês que é amelhor do mundo. Não existe nomundo uma faculdade que dáuma preparação técnica aos jo-vens como se dá aqui. E se agrande e famosa Universidadede São Petersburgo, da Rússia,quis fazer um protocolo de inten-ção com a Antonio MeneghettiFaculdade, é para honrar a simesma, porque aquilo que se fazaqui, em nenhuma universidadedo mundo é possível. Porque fal-ta o tipo de professor, falta a psi-cologia dos mestres, falta aque-le serviço que não éassistencialismo, é um serviço deganho, é um serviço que faz de-senvolvimento, importância dapessoa e depois também do sis-tema. Virão empresários fazer osseus escritórios, as suas fábricasaqui, em todo o território. Ondeexistir oportunidade. A prefeitu-ra aqui ajuda. Ah, uma coisa mui-

to importante, para mim, foi sem-pre o máximo respeito pelas pre-feituras. Máximo respeito, máxi-ma deferência, enfim, faço, de-senvolvo grandes coisas, massempre dentro da visão burocrá-tica, legal, do lugar, ou seja, a leido lugar é soberana. Depois, nointerior daquela lei, faço aquiloque se pode fazer. Substancial-mente, o que tudo isso produz dereflexo, de consequência? Enor-me trabalho, dinheiro. Aqui estãotrabalhando talvez 200, 250 pes-soas. E essa gente que ganhaaqui investe na sua casa, comprao carro, melhora a sua família, ouseja, é um bem-estar que correaqui, porque o modo de pagaraqui é bom. Sempre respeitaaquele do mínimo estatal, e de-pois para mais. Eu escolho o cons-trutor, vejo os operários, ou seja,se dão, se produzem, se fazemalgo. Estou atento a evitar aque-les que são preguiçosos, que nãofazem nada, e então esses, demodo gentil, de modo legal, os

Recanto Maestro?Antonio Meneghetti -

Por que não em Recanto Maes-tro? É uma terra virgem que meagradou, ou seja, foi umenamoramento, não foi um cál-culo. Agradou-me, um grandehomem age dentro da linha do seuprazer de ação. Porque quandoeu estou aqui, vejo música! Umaorquestra.... as águas, terrenos...Para mim, é igual ao território quea Bíblia descreve quando Deuscriou o paraíso terrestre paraAdão. Existem os dois rios, exis-te isto, aquilo... É uma terra ex-traordinária ainda virgem. A sel-va, as árvores, estas águas, es-tas flores... Isso vale mais que oouro. No mundo se perdeu aqui-lo que vocês aqui ainda têmcomo abundância. As pessoassão simples, porém existem be-las inteligências que eu ajudo adesenvolver melhor. Do vidro àmadeira, à construção, ao refina-mento. Isso, na Europa, é impos-sível hoje. Aqui é possível, por-

deve ganhar muito. Porque o em-presário ganha e, porconsequência... Então, um em-presário faz a sua empresa emPorto Alegre, em São Paulo. Ok,mas quando os operários, os téc-nicos, os diretores devem ir dacasa à fábrica, perdem algumashoras no tráfego. Depois, o esta-cionamento. Substancialmente,uns 50% o empresário perde emsituações fechadas. Você veiopra cá, foi rápido! Belo passeio,mas se nós devêssemos nos en-contrar em São Paulo, seria com-plicado. Não apenas o avião, ohotel, mas depois uma vez che-gado em Guarulhos, é tráfego, istoe aquilo. É tempo, é despesa tola.Suponhamos, a Beira Rio faz umafábrica aqui próximo ou emCandelária, não sei. Por que fazaqui? Porque existem pessoasque têm mãos, sabem fazer sa-patos. Aqui não há a despesa dotransporte, nem para o patrãonem para os operários. Estão to-dos em casa. Bela casa, bela na-

Cientista.Agrada-me entender e

fazer aquilo que sepode melhorar.Somente isso.

��

permercado de São Paulo ou deSanta Maria, você está semprefechado, é complicado onde dei-xar o automóvel, depois isto eaquilo. Aqui, você vai com o car-ro onde quiser, ao restaurante, aobar. Isso é um ponto de econo-mia avançada. E devo dizer queoutros grandes empresários vi-ram esse modo, entenderam omeu modo de mover a econo-mia, como se faz, qual é o pon-to. Porque também um negóciodepende em qual ponto você ocoloca. Se você faz um bom ne-gócio, deve colocar naquele lu-gar, naquela estrada, então aspessoas vão, mesmo que nãoentendam, porém existe o instin-to do prazer, da liberdade, dobelo. E aqui, nesta região, temtudo. Não somente tem tudo,mas tem muito, muito mais. Éclaro que uma grande fábrica,talvez a mais famosa do Brasil,que faz apenas camisas, se setransfere para cá, as despesasdiminuem 50% e se vende mui-

Professor recebeu em sua casa o diretor presidente Roberto Cervo, vice-diretor Henrique Cervo, jornalista Paulo Paixãoe o apoio da equipe do Recanto Maestro

deixo. E busco ter próximos osmelhores artesãos, competentes,isto é, no fim, Recanto Maestroserá um ponto que não existemaior, por arte, por ciência, porfilosofia, no mundo. Não podeexistir. Porque aqui se criou umnúcleo de talvez 50, 60 professo-res que trabalham com tudo de simesmos, dando o melhor que po-dem dar aos estudantes, a toda aorganização.

Por exemplo, no recenteevento �Mulher e Poder�, haviaaqui 1.500 pessoas, empresários,trazidos de cada parte do Brasil.1.500 pessoas, sobretudo mulhe-res válidas, aqui no Recanto! Nãoem São Paulo, não em Brasília.Aqui! E isso é grandeza, é pri-mado.

JCV - Qual é a essência,o escopo principal, a razão deser deste projeto? Por que

que criei, também ajudei, desen-volvi uma maestria que mesegue.Também esta mesa quevemos aqui, esta é uma mesa dedesenho gaúcho. Agradou-meesta cadeira na qual você estásentado e a fiz reconstruir por-que este é um desenho de umarquiteto gaúcho. Vi ela, chameio Meneghetti, disse para fazer-mos assim e assim, e depois amesa façamos assim, assim... Ésempre um gosto superior fazerarte aqui. Eu sinto o infinito, oespírito. Consequentemente, éclaro que vem também tanto di-nheiro.

JCV - O que ganha umempresário que decide inves-tir neste projeto?

Antonio Meneghetti -Ganha porque dentro existe omeu conselho, ou seja, eu dou oconselho porque o empresário

tureza, higiênica, se respira bem,se está bem. Substancialmente,existe um grande ganho, quase50% de despesas diminuídas. Edepois, hoje, o mercado vai aon-de existe o serviço. Se você fazum supermercado aqui, será sem-pre cheio. Não em Faxinal, nãoem Santa Maria... mas em umlugar qualquer desta campanha.Um lugar livre. As pessoas cor-rem sábado e domingo em modode milhares de pessoas, porquequerem férias, o passeio, um pou-co de perfume de chácara, decampanha, ou seja, as pessoastêm necessidade de turismo sa-dio com a natureza.

Esse é o ponto econômicoque eu desenvolvi em tantos paí-ses, e produz riquezas enormes.Porque as pessoas querem ir,querem se encontrar. Então sevocê vai às compras em um su-

to mais. O mundo, as pessoas vãoonde se está melhor. Querem obom restaurante, querem o bomspa, querem o negócio onde po-dem olhar, não necessariamentecomprar, talvez porque não setenha dinheiro, porém olhar já éser proprietário de algo diverso,superior. Portanto, eu carregotambém uma revolução que fun-ciona, em qualquer lugar funcio-nou. E está andando forte. Cons-truí um centro fantástico próximoao Cazaquistão, que está longe dequalquer cidade em 100, 150 km.Mas todo o mundo vai lá! Porquelá existe a superioridade, existeaquele hotel, existe aquela univer-sidade. Uma universidade maisbonita do que esta, muito maisbela. E você se encontra emambientes solares, únicos. Tam-bém o pequeno homem, todosquerem a superioridade. Todos.

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JCV - O senhor já co-mentou um pouco sobre a An-tonio Meneghetti Faculdade,qual legado a instituição deixapara o estudante que passa?

Antonio Meneghetti -Homens novos, novos capazesde seu possível futuro aqui noBrasil e no mundo. Eu já uso al-guns brasileiros para ensinar naRússia, para ensinar na Itália,porque sei que são capazes.

JCV - Como surgiu a ideiade construir a faculdade aqui?

Antonio Meneghetti -Inevitavelmente, é uma neces-sidade. Eu, a primeira coisa queprocuro fazer em um local é auniversidade, a faculdade, por-que a universidade é o traitd�union, é a conexão entre açãoe pensamento científico, pensa-mento humanista, pensamentofilosófico, pensamento de umasuperioridade, claro, de inteligên-cia do homem, que é o sumo bemque existe neste planeta.

JCV - O que garantirá aperpetuidade e o crescimen-to constante do Recanto Ma-estro nas próximas gerações?

Antonio Meneghetti - Aformação de grandes colabora-dores. Serão eles grandes, e jáfazem tudo eles.

JCV - E como se dá o pro-cesso de sucessão da obra?

Antonio Meneghetti -Existe uma transformação peda-gógica que se faz, ou seja, não éque alguém para ensinar aqui faráde qualquer modo. Não, existeuma pedagogia, existe umatransformação, isto é, o profes-sor deve fazer um training deautoaperfeiçoamento, de auten-ticidade, ou seja, antes de tudodeve ser um homem completo,depois deve ser um técnico com-pleto. Deve saber ser a si mes-mo e, por consequência, saberádar aquilo que é o melhor aosoutros, aquilo que o outro temnecessidade.

O homem, se educado bem,se levado ao seu destino naturalinterior, é imenso. Aqui, vêm àescola, suponhamos, 100 estudan-tes. A mim bastam três ou quatroque chegarão grandes e estesfarão a eternidade da obra.

JCV - Em sua biografia, nasua página oficial na internet, háum questionamento: �o ho-mem pode saber o ser que é?�Como o senhor responde aessa pergunta?

Antonio Meneghetti - Éassim. O que devo explicar? Éassim. Existe uma outra dimen-são. É uma dimensão transcen-dente que é clara para algunsgrandes homens. Esses homensdevem fazer participação dessadimensão do ser. Eu sei que aquié difícil entender, mas, como di-zia ontem, por exemplo, aOntopsicologia, se usada na Chi-na, é suma, porque os chinesestêm já de base uma formação dotao. O tao é o Ser. Eu sei quepara vocês é difícil entender oque é o ser. Ninguém entende.

Porém, existe, é operativo. Seestá com ele, consegue encontrá-lo, é dentro de você, porém é den-tro de você em modo virtual, po-tencial, é preciso trabalhar, fazersacrifícios. Isto é, você deve fa-zer um desenvolvimento continu-amente, cada dia àquilo que vê omelhor de si mesmo. �O quefaço? Isto�. Está todo ali o po-der. Qualquer homem, sem a in-timidade, sem a imanência do ser,é nada, não tem consistência.

Eu sou realmente um sumoacadêmico. Não creio que existaum outro acadêmico igual, quetenha uma formação em várioscampos como eu. Porque sãoquatro doutorados. Me encontreum outro cientista, nos EstadosUnidos, onde você quiser, quetenha quatro doutorados comple-tos. Isso significa que eu me sub-meti a exames, à formação de con-selhos de ciência em diversos cam-pos, expus-me como discípulo, alu-no, e aprendi o máximo daquilo quepodia dar a filosofia, a sociologia, apsicologia, a teologia, ou seja, exis-te um homem de uma cultura total,bem precisa, muito clínica. Umacapacidade de ação emconsequência ao saber que sou.

Aqui ainda não faço isso,não. Quando eu exponho em ní-vel ponta aquilo que é o pensa-mento científico daOntopsicologia, isso por ora façosomente na Itália e em Genebra,na Suíça, porque ali existe umconjunto de pessoas que têm umapreparação superior no campoacadêmico. �Acadêmico� é umconceito que aqui no Brasil nãose compreende em profundidade,porque vocês dizem �academia�

também a quem faz esporte. Não.�Acadêmico� significa o máximonível de saber e tem origem noperíodo grego. Era uma correntede importantes filósofos que sa-biam racionalizar, sabiam criticar.Era um nível aristotélico.

JCV - Em alguns depoi-mentos, as pessoas o definemcomo cientista, músico, pintor,escritor, intelectual... Como osenhor se descreve?

Antonio Meneghetti -Cientista. Agrada-me entender efazer aquilo que se pode melho-rar. Somente isso. O resto é ummeu narcisismo. Claro, quandofaço música, é um nível máximo,quando faço arte, é um nível má-ximo, ou seja, sei fazer bem es-sas coisas porque sempre as vivi,sempre fiz e tive a fortuna deestudar em Veneza, Roma, Flo-rença... Depois em algumas pe-quenas cidades de civilização su-perior, como Gúbio, Assis. Isto é,significa que eu vivi por anos emcontato, por exemplo, com amesa feita por Rafael Sanzio, ouseja, a mesa na qual eu estudavahavia sido desenhada por Rafaelou por Michelangelo.

JCV - Por que, para mui-tas pessoas, é difícil compre-ender a Ontopsicologia?

Antonio Meneghetti - Éimpossível. E isso é normal.

JCV - Qual o significadoda Ontopsicologia na vida dosenhor?

Antonio Meneghetti -Tudo. Primeiro a Ontopsicologia,depois eu. Porque é o conheci-mento que salvou também a mim,que me deu a consistência, a se-gurança. Porque quando eu fa-zia clínica, os dez anos depsicoterapia, eu curava tudo, semapoio de medicamentos, de mé-dicos. Os médicos estavam pró-ximos de mim para aprender, maseles queriam a técnica externa.Não dá, não é possível. Você deve

sabê-la de dentro.JCV - Uma das belezas

do Recanto Maestro é a ar-quitetura, de estilo OntoArte.De onde surgiu a ideia dessaarquitetura?

Antonio Meneghetti -Aqui. Porque eu, primeiro, era esou muito capaz no restauro, norecolocar no lugar edifícios roma-nos, edifícios medievais, comodeve ser a pedra, o ponto preci-so, etc. Mas este tipo de arquite-tura nasceu somente aqui. NaRússia faço outra arquitetura. Éuma arquitetura mais rica, estiloséculo XVIII, do czar Pedro I, oGrande. Agrada-me superá-la.Portanto, um grande edifício, no-bre, belo, clássico. E em outrospaíses é diferente. Mudo segun-do os lugares, não tenho uma ar-quitetura fixa. Esta aqui é umaarquitetura nova, jovem, muitojovem, e talvez alguma inspiraçãopeguei de Oscar Niemeyer.Quando ele fez Brasília, vi algu-mas coisas que me agradaram.E quando conheci OscarNiemeyer, que eu dizia que eramuito capaz, mas depois, no fim,ele me disse: �Sou feliz de terencontrado um grande�. Masencontrei Oscar Niemeyer já ve-lho. A arquitetura de OscarNiemeyer se formou na Rússia,por isso permaneceu sempre umpouco comunista.

JCV - Aproximadamen-te, quanto foi investido atéhoje no Recanto Maestro?

Antonio Meneghetti -Em euros, 15, até 20 milhões deeuros. Mas com felicidade. Por-que o Brasil não tem necessidadede ser colonizado por mim, não,não. O Brasil é grande sozinho.

JCV - Como o senhor vêo Brasil hoje em relação aosoutros países?

Antonio Meneghetti -Repito o que disse anteriormen-te: se o Brasil souber salvar, man-

O homem, seeducado bem, se levadoao seu destino natural

interior, é imenso.

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ter, defender a sua personalida-de política, sobretudo diante dosEstados Unidos, serágrandíssimo. Se se deixarácondicionar, Rede Globo, televi-são... tudo está contaminado.Tudo está contaminado pelo sis-tema estadunidense. E isso é umaruína para a pedagogia dos nos-sos jovens. Por exemplo, no Bra-sil vocês têm grandes atores quevocês não sabem usar. Quandofizeram o filme O Quatrilho, porexemplo, é um filme fantástico,tipicamente brasileiro, tipicamentehistórico. Aquele é o Brasil. Umescritor, por exemplo, que meagrada, brasileiro, é Mário deAndrade. É forte.

O ponto está todo aqui: hojese está em perigo da invasão dosistema porque bancos, cartão decrédito são uma prótese que estádominando a realidade brasileira, epor isso o débito aumenta, está au-mentando. Mas eu já havia dito issohá 5, 6 anos. Esse é um grave pe-rigo, essa facilidade que os bancosdão. Isso levará débito para todos.E hoje se deve investir somente emeconomia real, o campo, a casa, afábrica, o negócio que produz di-nheiro. E vocês aqui são ricos, têmtantas propriedades. Não devementrar no sistema do banco, por-que depois irão regredir.

O Brasil tem tanta história,devem começar a estudá-la. Detoda forma, eu dei o quadro ge-ral. É esse e basta.

JCV - Professor, se tives-se que retornar 25 anos atrás,o que faria diferente do que foifeito?

Antonio Meneghetti -Nada. Porque a primeira coisa, oproblema que eu tinha aqui, eraaquele de relacionamento políti-co, ou seja, ser aceito. Mesmo sesoube que algumas pessoas deFaxinal, de Santa Maria, forampara a Itália ver quem eu era.Sim, e viram quanto eu era gran-de. Ali ficaram impressionados.Porém, o maior problema era aadaptação à psicologia, normal.Onde quer que se vá, deve-seantes procurar ser aceito peloambiente. Se não se é aceito, émelhor ir embora.

Agora, aos poucos, deFaxinal eu tiraria aquele barcoColumbus. Sim, é verdade, masé um passado triste, pobre. A Itá-lia é gênio! Nenhum país no mun-do tem a completude de gêniocomo tem a Itália. Generais, ci-entistas, artistas, navegadores,existe tudo. Sumos. Quem des-cobriu? Cristóvão Colombo. Umitaliano. Mas não é possível quevocês não devam retomar as suasorigens? Por exemplo, nas esco-las, depois do português, uma óti-ma língua, devem estudar italia-no e inglês. Com o italiano vocêsganham o seu grande passado.

18 Cidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaCidades do Vale - O Jornal da Quarta ColôniaSexta-feira, 10 de maio de 2013 EXCLUSIVO ANTONIO MENEGHETTI

Antonio Meneghetti e Henrique Zago Cervo

Com o italianovocês ganham o seu

grande passado.�