CIDADE, UM DRAMA NO TEMPO UMA REFLEXÃO ORGANIZADA, SOBRE FACTORES TEMPORAIS, NO DESENHO DA CIDADE

Ana Luísa Gonçalves Brandão Estêvão

Resumo Alargado da Dissertação para obtenção para Grau de Mestre em: Arquitectura

Júri

Presidente: Professora Doutora Teresa Heitor

Orientador: Professor Doutor Pedro Brandão

Vogais: Professor Doutor Nuno Portas

Professor Doutor Antoni Remesar

Setembro 2008

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CIDADE, UM DRAMA NO TEMPO Uma reflexão organizada, sobre factores temporais, no desenho da cidade

É um lugar-comum dizermos que o tempo de hoje é demasiado rápido: os tempos que correm são

velozes, "dromocráticos", o tempo falta e foge. A evolução tecnológica iniciada no séc. XIX imprimiu um

ritmo galopante que desde então comanda a vida quotidiana. Contraditório ou múltiplo, o sentido do

tempo na sociedade contemporânea compõe-se de distintas temporalidades que se entrelaçam, tempos e

espaços que se interpenetram como fluidos de temporalidades quotidianas. Como dar conta e

descodificar esse entrelaçamento? Pretendemos deste trabalho, uma reflexão organizada, para obter

uma nova perspectiva deste assunto.

O tempo será o nosso ponto de vista perante a cidade e a sociedade contemporânea, com a intuição de

que ela é plena de distintas noções e processos, que necessitamos entender.

O ponto de partida do trabalho: a cidade actual, confrontada e condicionada por fenómenos

contemporâneos como a compressão espaço-tempo ou a globalização. O TEMPO é aqui, factor crucial.

Quer seja ligado a fenómenos globais e "genéricos", como a competitividade global, as exigências da

sociedade de consumo (turismo, lazer...), a pressão do desenvolvimento económico; ou quando em

causa está um bocado de cidade com características históricas, sujeita às suas próprias especificidades,

com a crescente monumentalização e sacralização do património. Mesmo nestes casos, o

reconhecimento da necessidade de mudança é irrecusável: a existência de inúmeras pressões nesse

sentido, impossíveis de contornar (económicas, sociais, culturais administrativas, etc) mas também a

própria constatação da decadência e da degradação (in extremis do desaparecimento), consequência da

desadequação da cidade às necessidades actuais.

Mas se a contemporaneidade está tão "cheia de tempo", como se reflecte o tempo na cidade? Onde

está? Como interage com as outras variáveis urbanas? Que fenómenos desencadeia? Como se moldam

ou são moldadas as cidades actuais ao passar do tempo? São as cidades actuais objectos ou seres

“atemporais”, perdidas num calendário inexistente? E qual a importância e influência do tempo no

projecto urbano? Na forma de vermos e projectarmos a cidade? De nos relacionarmos com ela? De

construirmos o seu futuro?

É este o objecto desta dissertação, propomo-nos abordar do ponto de vista reflexivo e analítico, alguma

da complexidade teórica inerente aos conceitos de cidade e de tempo, através de algumas manifestações

dessa complexidade e tendo como objectivo a sua clarificação teórica.

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No primeiro capítulo - "A Temática do Tempo - Problemas, Conceitos e Hipóteses" - de base

primordialmente teórica e epistemológica, constrói-se o campo de conceitos e relações que nos permitem

avaliar o tempo na cidade.

Começamos por situar o problema, esclarecendo o que é o tempo: de que falamos quando nos referimos

ao tempo? fazendo um primeiro enquadramento teórico. Não existindo nenhuma disciplina que se

dedique a estudo do Tempo, a tarefa de o definirmos obriga-nos a recorrer a várias áreas do

conhecimento, recolhendo de algumas das ciências fundamentais: Ciências Exactas, Filosofia,

Sociologia, Antropologia, História, Economia Política..., reflexões parciais sobre a natureza do tempo.

Isto fazendo sempre que possível ligações para a problemática da cidade, a partir da revisão de literatura

mais pertinente em cada área. Estas primeiras abordagens à temática do tempo, mostram-nos

genericamente a sua amplitude, as diferentes formas como as ciências fundamentais se aproximam e se

debruçam sobre o tema.

Partindo daqui aproximamo-nos depois à cidade contemporânea pela teoria, fazendo a desagregação do

problema em "componentes", contextualizando a questão do urbano e do projecto e contribuindo sempre

para o levantamento de conceitos inerentes ao tempo.

Partindo de uma abordagem ao pensamento teórico paradigmático (recente) sobre a cidade,

procuramos encontrar as manifestações e características da actualidade urbana, assim como as suas

relações com a questão temporal.

Se é hoje evidente à observação que a cidade que conhecíamos mudou, de que forma estas alterações

se reflectem no pensamento sobre a cidade? Se consideramos o pensamento como uma forma de

construção de realidades, pela ordenação da experiência, de que formas a experiência da

contemporaneidade é apreendida e constrói (ou pode construir) uma teoria urbana? Através de pequenas

resenhas sobre a problematização do tempo na produção teórica de autores que propõem modelos,

destacamos assuntos considerados chave para a questão temporal:

� A cidade "mutante", Archigram (1961) (1969)

� A cidade da memória, Aldo Rossi (1966)

� A cidade "comunicativa", Robert Venturi (1966) (1972)

� Os Não-Lugares na Cidade - Marc Augé (1992)

� A cidade genérica, Rem Koolhaas (1995)

� A sociedade de rede, Manuel Castells (1996-97)

� O renascer da cidade compacta, Richard Rogers (1997) (1999) (2005)

� A metápole e o novo urbanismo, François Ascher (1995) (2001)

� A cidade do espaço público e da cidadania, Jordi Borja (2003)

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Os modelos do pensamento paradigmático reflectem a contemporaneidade, revelam, por exemplo, como

se gera a instabilidade na cidade, efeito das inovações tecnológicas, da reorganização espacial, de uma

mudança nas relações sociais, etc. Dentro de uma vasta problemática, detectámos três linhas ou

tendências, que alteram os paradigmas tradicionais da cidade frente às quais se desenvolvem os novos

modelos:

a. Uma tendência crescente de individualização na experiência quotidiana, o aparecimento de

novos estilos de vida.

b. O crescimento exponencial da cidade, a sua diluição no território, a perca de referências

tradicionais frente à complexidade e indeterminação.

c. Uma tendência para a mobilidade, a necessidade de mais rapidez, flexibilidade e novas

conexões físicas ou virtuais.

É a partir deste "desdobramento" da problemática, que fazemos a proposta de um elenco (ou uma

relação) das várias vertentes em que o tempo se manifesta como factor na cidade, numa relação próxima

com a vivência e o quotidiano - nos seus processos, nas suas relações e interacções - e com a

intervenção no seu desenho. A sistematização leva-nos a identificar várias dimensões/categorias das

manifestações temporais:

� O sentido do tempo e a experiência da Cidade

� A expressão do efémero

� A Organização do tempo na vida urbana e o tempo cíclico

� Integração e Partilha do tempo

� Tempo Histórico - memória, conservação e mudança

� Ciclo da vida e valor - a sua interacção no edificado

� Mutação: Mudança, continuidade e adaptabilidade

� Substituição e mudança incremental

� Espaço-tempo, Movimento e Velocidade

� Deslocação e sentido de pertença

� Os edifícios e a duração - programas do transitório e do flexível

� O Processo Participativo e a noção de Tempo Público, como matriz emergente

Podemos dizer que o tempo juntamente com o espaço, formam a estrutura com a qual organizamos a

nossa experiência. A necessidade de integrarmos todas estas variáveis na nossa representação da

cidade e acomodar a amplitude actual do tempo, pode ter como objectivo primordial a construção, pela

integração de todos os factores, de um "tempo público". É o sentido de partilha do tempo - onde o

processo e a duração têm tanta importância como a forma, onde o processo de "construção" faz parte do

seu significado - que associada à partilha do espaço, permite que as pessoas vivam conscientes da

precedência comum e da vivência conjunta do agora.

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Noutro ponto de vista, se hoje o factor tempo tem de ser cada vez mais valorizado na compreensão do

fenómeno de crescimento e mudança do urbano contemporâneo, ele também é determinante nas novas

condições para a regulação e para o desenho da forma urbana. Interessa-nos agora perceber como é

que essas forças/expressões são representadas no modo de fazer a cidade. As "estratégias de desenho"

dependerão das noções de temporalidade: os seus aspectos mais certos (provavelmente mais

permanentes e estruturantes), e os mais incertos (talvez mais fugazes e oportunistas).

Assim , desenvolvenos a problemática apoiamdo-nos em autores com Lynch, Choay, Secchi e Portas: a

necessidade de incorporar os factores temporais na prática profissional do projecto urbano é parte da

sua realidade teórico-prática. Tal poderá passar por encontrar novas formas de intervenção que permitam

gerir as mudanças ocorridas nas vivências da cidade, envolvendo uma variedade de estratégias que

dependendo do contexto das intervenções, as associam a novas capacidades - a resposta à necessidade

de aprender a "ver e a gerir" o tempo, de incorporar o imprevisível, a resposta à necessidade de reajuste,

através, por exemplo, de metodologias de aprendizagem, do "feed-back da experiência", de trabalhar com

"cenários" ou de questionar/gerir os programas.

No âmbito do que se designa hoje por “projecto urbano, o tempo é cada vez mais valorizado não só na

compreensão do fenómeno de crescimento e mudança do urbano contemporâneo, mas também no

"desenho de estratégias", nas novas condições para a sua regulação e para o seu desenho, como

processo de transformação e interacção entre projectos de distintos actores. Nas escalas e

procedimentos do “projecto urbano” o factor tempo é considerado já como determinante da própria

construção e sustentação das identidades, agora vistas num plano de interactividade, de uma identidade

projectada.

A partir da procura de uma definição conceptual para o tempo, encontramos noções transversais aos

diferentes contextos - além da Mobilidade, a Identidade e o Processo parecem ser a chave para uma

compreensão da relação entre tempo e espaço nas questões da Arquitectura e do Projecto Urbano.

Assim, numa tentativa de sistematizar e representar uma possível relação e organização das temáticas

urbanas de matriz temporal, destacamos três vertentes:

� A identidade tanto abarca a relação com o passado mais consolidado, resultado de uma

acumulação e agregação de memórias transformadas em discurso; como nos ajuda a enquadrar

e a projectar em situações de construção de um futuro incerto. Ela implica uma sucessiva

reconstrução e “negociação”, não é estática nem eterna – a construção de identidade é

também um projecto, um processo temporal.

� É precisamente numa cidade que é feita de novas relações que ganham importância os

processos. O processo inclui o plano e o projecto, a proposta de caminhos que reduzam as

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margens de incerteza na acção; a organização social do espaço, a relação entre os actores

urbanos, etc. O processo, ele próprio não é apenas uma coisa que está à nossa frente e que se

lê, mas um algo que é resultado de acções e reacções, que se processa no tempo e no

espaço.

� É também fácil encontrarmos no movimento a sua componente temporal: são muitos os

fenómenos associados ao movimento: os transportes, a mobilidade, a acessibilidade. O sistema

e as infra-estruturas ganham cada vez mais importância. As trocas, os fluxos, os intercâmbios

são uma constante e as redes em que se apoiam os sistemas podem constituir algumas vezes

uma "alternativa" ou uma substituição das tradicionais relações sociais e urbanas. O movimento

é inerente à cidade alargada, mais que fazer parte dela, é ele que a estrutura e a define; e o

tempo é a dimensão que o mede.

O panorama actual é em tudo complexo e só podemos aprofundar o conhecimento com bases de rigor

crítico: a cidade é um sistema de relações e de interdependências tão intrincado que não aceita

monólogos, nem visões redutoras. Vimos assim que o tempo influi em variadas partes da vida e do

projecto urbano: não está só implicado no contexto de incerteza e de procura característica do projecto;

manifesta-se nas formas urbanas, nos processos e nas relações entre actores, nas relações sociais e

físicas, nos programas e planos, nas utilizações e apropriações, nos movimentos e nos fluxos, nos

discursos que legitimam ou questionam o pensamento sobre a cidade contemporânea.

O segundo capítulo - "O Domínio Do Tempo Em Três Episódios No Caso Da Baixa De Lisboa, 1988-

2008" apresenta um olhar reflexivo sobre uma das zonas históricas mais importantes de Lisboa, a partir

das intervenções/propostas/planos e o seu imaginário temporal, que foram sendo produzidas nos últimos

20 anos.

A problemática do tempo na Baixa Pombalina pode ser abordada de muitas e diferentes formas. Se por

um lado há a questão da degradação do património (como reabilitar, e para que usos reabilitar?), por

outro quer-se um centro vivo e activo (as dúvidas estão nas maneiras de o atingir), fonte de actividade e

produtor de riquezas. Incompatíveis ou não, a estas duas questões que evidenciam factores de

temporalidade, juntam-se ainda as novas necessidades actuais de transportes, novos níveis de conforto,

novos hábitos de encontro que desafiam um tecido urbano desenhado com outros propósitos.

Face ao tema do trabalho, escolhemos analisar 3 episódios do contexto recente dos últimos 20 anos que,

no campo do projecto urbano, marcaram a intervenção teórica e prática na Baixa e no Chiado:

� O incêndio e o Plano de Revitalização do Chiado

� Proposta de Classificação da Baixa Pombalina a Património Mundial da UNESCO

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� Proposta de Revitalização da Baixa-Chiado

Da análise destes episódios pretendemos construir um retrato das diferentes manifestações temporais e

os seus efeitos na transformação dos últimos 20 anos da Baixa Pombalina. Tendo como ponto de partida

as anteriormente identificadas matrizes temporais da Identidade e do Processo, tentaremos estabelecer

relações e identificar disposições que tenham constituído os modelos de intervenção no ambiente urbano.

Demos especial atenção aos discursos, mais que a uma análise espacial e formal dos lugares que eles

"constroem", porque interessa-nos perceber como construímos um discurso sobre a evolução e a

transformação da cidade - a representação da realidade, a sua legitimação acrítica, a relação entre

fundamentação teórica e os resultados práticos, etc.

O incêndio do Chiado provocou inúmeras reacções em vários âmbitos, como resultado de uma forte

necessidade de voltar a viver aquele local. Mas as consequências imediatas do incêndio não se limitam

ao debate centrado nos escombros. A importância do incêndio para a tomada de consciência e discussão

das problemáticas da reabilitação e particularmente dos centros históricos foi indesmentível. Da mesma

forma, permitiu levar à praça pública as políticas de intervenção (ou sua ausência) em Lisboa. Surge

assim como a oportunidade de inverter o cenário anterior. Não só como uma possibilidade de intervir no

centro histórico, com meios e ferramentas que antes não existiam (ou não estavam disponíveis), mas

principalmente como um exemplo de uma forma diferente de intervir.

No caso da reconstrução do Chiado, as fortes condicionantes políticas, sociais e culturais ditadas pelo

contexto resultante do incêndio (seus antecedentes e sucedentes quadros políticos), "encaminharam" a

tomada de decisões na reconstrução. A necessidade de dar resposta a uma quantidade considerável de

agentes, levou a uma primazia da política na decisão à concentração de contactos e dos procedimentos

da operação no Gabinete de Reconstrução do Chiado e à fundamentação do desenho na figura de Siza

Vieira.

O ponto de forte identidade que constituía o Chiado na cidade, foi também uma condicionante forte da

intervenção, sobretudo num plano estético. Com o avançar do processo, a inicial interacção dum discurso

profissional com um discurso “comum” sobre a memória, parece ter-se perdido: O discurso nostálgico

comum sobre o Chiado prende-se sobretudo com os cafés, as lojas de roupa, as livrarias, as tertúlias, os

hábitos e experiências quotidianas das pessoas. Ora o plano, e principalmente o desenvolvimento do

processo de reconstrução, não contemplaram ou contemplaram ineficazmente estes factores: tratou-se

de uma operação fortemente centrada numa "perícia" técnica, estética, no desenho (e no funcionamento

de um mercado"topo de gama"). A aceitação da incapacidade de recuperar e projectar este "imaginário"

da comunidade, simultaneamente do ponto de vista material, e do ponto de vista comercial, mas

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sobretudo afectivo, emocional, simbólico numa identidade de projecto, deixou também em aberto uma

possibilidade, para um outro processo.

Num âmbito geral, parece-nos que a intervenção foi centrada numa reconstrução “prudente” que

repusesse, de forma “consensual”, a matriz formal do edificado, mas que não contemplou na definição de

objectivos mais amplos, com medidas para os por em prática (controlo do solo, programação dos usos,

do papel dos actores…) Não se podendo falar de uma estratégia, isto é, do domínio das condições para

atingir, através de acções "desencadeadoras" objcetivos mais largos com uma relação forte Programa-

Projecto, nomeadamente nos efeitos da regeneração dos tecidos não afectados pelo incêndio, num

processo de regeneração mais alargada (a Baixa).

No caso da Proposta de Classificação, sendo este um processo de uma reflexão sobre o valor do bem

a classificar, os procedimentos e as medidas estão apontados para esse facto, reduzindo a abrangência e

os factores integrantes do processo. De forma a produzir resultados mais expressivos, parece-nos que

um processo de classificação poderia incluir uma maior reflexão e envolvimento da comunidade e dos

actores presentes, como estratégia para assegurar uma melhor protecção e sustentabilidade do bem em

questão, com o consequente desenho de um modelo de gestão da mudança.

Por outro lado algumas das questões elementares do processo de Classificação parecem apagadas,

talvez por receio de que a sua explicitação pudesse afectar negativamente o objectivo central (obter a

classificação):

� A compreensão das razões estruturais da situação actual: um centro desabitado,

desadequado aos usos a que estava habituado, sem uma visão clara da estratégia para

inverter esta tendência;

� A previsão de consequências da atribuição da “marca” património mundial: excessos do

turismo, transformação do património num parque temático, a gestão de uma "cidade-

património", uma nova monofuncionalidade.

� A convicção sobre qual a mais valia a obter com a classificação. Será uma classificação da

UNESCO uma maior garantia de autenticidade e imutabilidade? Ou trata-se só de um selo,

um carimbo, um galhardete para ostentar nas insígnias da cidade?

Finalmente ficam lacunas no esclarecimento sobre qual o efeito da Classificação? As consequências

deste processo no bem patrimonial não são claras. As exigências de manutenção da integridade e

autenticidade em níveis altos, com inúmeras protecções legislativas e regulamentares, a definição de

rígidas regras de intervenção, podem criar uma Baixa Pombalina fossilizada e cristalizada num modelo

que já não serve as exigências actuais.

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A proposta de classificação da Baixa Pombalina como Património Mundial da UNESCO entregue em

Setembro de 2005, não produziu nem efeitos práticos no terreno nem fomentou a criação de novas

iniciativas ou estratégias para fomentar a revitalização da zona.

No caso do Plano de Revitalização da Baixa-Chiado, a elaboração de um plano de acção para a Baixa

Pombalina representa uma mudança na forma de agir até então, acentuando a preocupação com o

domínio processual e estratégico, na procura de parceiros com sinergias e no desenvolvimento de acções

em várias direcções. Mas a inversão das tendências de desertificação e degradação dependem

sobretudo da capacidade da intervenção de gerar novas sinergias.

A proposta de revitalização da Baixa-Chiado introduz uma mudança na maneira de olhar a zona mas

também na forma de intervir na mesma. Por um lado a constatação do estado de decadência actual mas

também a compreensão do processo de decadência do centro, das suas causas e das potencialidades de

transformação do mesmo. Da mesma forma, incorpora um discurso sobre o passado que se distancia da

nostalgia que habitualmente é condutora de um processo de “reposição” de um estado “original” ou

“autêntico”…

Por outro lado a definição de medidas e políticas em várias áreas (não se limitando à protecção do

património ou à reabilitação do edificado) consciente que a revitalização da cidade não é um processo do

domínio exclusivo da arquitectura ou da construção, englobando políticas sociais, económicas e culturais.

Podemos também identificar a adopção de modelos mais genéricos de dinamização das cidades como o

centro comercial a céu aberto ou o centro histórico turístico, no contexto de uma atenção dada à

viabilidade de Programas e Usos. Ou um modelo de gestão envolvente de actores relevantes e

instituições parceiras no processo de investimento e de decisão. E a incorporação de lógicas de

competitividade, atractividade e de marketing urbano na gestão da cidade.

Numa perspectiva de continuidade do plano seria importante saber:

� Quais os instrumentos e as medidas necessárias para que ocorra um inversão nos padrões

de utilização da Baixa? Com que incentivos se atraem novas funções e novos utilizadores

para uma zona central?

� De que forma poderá o plano e estrutura institucional por ele criada, gerir a necessidades de

reajustes condicionados por mudanças no contexto económico e governativo, mantendo a

coerência da intervenção?

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Concluindo, parece-nos para o propósito do nosso estudo, que a principal característica desta proposta

consiste na sua configuração como um plano estratégico: uma visão, definindo objectivos, estratégias e

projectos desencadeadores, considerando que a cidade é um produto dinâmico, um projecto aberto,

passível de ser desenvolvida em cooperação entre a administração pública, instituições locais, o sector

privado e a sociedade civil.

Concluindo, no âmbito do caso de estudo, vimos com os episódios apresentados, evidenciam uma

variedade de situações e discursos distintos com consequências para a presença de matrizes temporais:

� O caso da reconstrução do Chiado é marcado por uma relação emotiva entre a memória (e a

sua representação) e as possibilidades de um processo de reconstrução. Prolongada no tempo,

a intervenção integra factores económicos e sociais, para além da óbvia reconstrução física.

� Na proposta de classificação, a temática é a protecção do bem a classificar, o documento

contempla uma reflexão sobre questões de valorização, de monitorização e conservação do

património, numa lógica de autenticidade e longevidade.

� A Proposta de Revitalização apresenta uma visão multifacetada do que pode ser um modelo de

intervenção da Baixa, marcada por uma abordagem estratégica e global.

No último capítulo reflectimos sobre os resultados generalizáveis do estudo de caso, apontado algumas

condições relativas aos objectivos do trabalho e formulando possíveis desenvolvimentos e aplicações.

Quando pensamos na cidade numa óptica de transformação (seja do ponto de vista do crescimento ou da

revitalização como neste caso) necessitamos que a condução da mudança - o processo - se faça de

modo a incluir todas as fases e intervenientes e assegurar as condições necessárias à "viabilidade" da

mesma. Da mesma forma quando olhamos para a cidade, como o repositório das nossas memórias e

sonhos - a identidade - necessitamos que ela suporte e conduza as alterações que o tempo lhe vai

imprimindo, em direcção a uma nova identidade, partilhada de alguma forma, como desejo ou desígnio.

Fundamental para a forma como olhamos a cidade é considerarmo-la como um sistema, e não como uma

soma de partes isoladas e autónomas. Se é certo que muito da intervenção na Baixa terá de passar por

uma reflexão dedicada às particularidades da zona, não podemos ignorar a interligação e a articulação

num raciocínio estratégico e abrangente, a uma escala espacial e temporal mais vasta, na perspectiva de

uma identidade mais alargada (metropolitana), essencial para a definição de um papel coerente e

integrado da Baixa, na estrutura urbana envolvente.

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Confirmámos neste trabalho, o modo como a cidade - a sua vivência, a sua construção, gestão, mutação

- é hoje o resultado de um processo onde a matriz temporal tem cada vez mais importância. Tentámos

fazer do tempo o nosso ponto de vista, um objecto de reflexão: para compreender a cidade; para

enquadrar ou perceber algumas das consequências das opções que fazemos e do que construímos; para

a fazer (e refazer); para construirmos os espaços para a vida no nosso tempo, necessitamos de entender

os nossos próprios “sonhos” e mitos, ou paradigmas profissionais.

O futuro da cidade é uma construção, complexa e múltipla, onde a participação e a comunicação são

duas ferramentas essenciais. Na forma como as coisas evoluem e transformam na cidade - as dinâmicas,

as pressões, as condicionantes, - representam processos interactivos, interdependentes. Mais do que

uma série de retratos estáticos, de categorias compartimentadas, a experiência e a transformação do

urbano é uma contínua construção e reconstrução no tempo.

Da importância potencial dos resultados obtidos, para a "construção" de uma consciência mais alargada

da complexidade da cidade, destacamos uma abordagem do tema tempo na cidade, transversal a várias

áreas do conhecimento. Sendo assim o que podemos (e devemos?) continuar a querer saber sobre

o tempo? Manter esta pergunta "activa" será a primeira linha de aplicação.

Em alguma das temáticas identificadas deixamos a referência da possibilidade de alguns

desenvolvimentos futuros:

� Na temática do processo, encontramos a possibilidade do desenvolvimento de um estudo mais

aprofundado das substâncias e dos actores intervenientes no processo urbano, tentando

identificar a existência ou não de modelos ou procedimentos-tipo, de conexões e interacções,

fazendo por exemplo uma relação dos "componentes" e dos factores que determinam o seu

relacionamento no Projecto Urbano. Partindo da análise de casos concretos onde o processo

tenha sido condicionante, poder-se-ia tentar sistematizar o conhecimento recolhido das

experiências tidas.

� No caso da identidade, destacamos a sua componente processual associando-a a conceitos

como a reciclagem, a mutação, a transformação. Seria útil abordar a temática da identidade,

tantas vezes associada à manutenção, conservação ou imobilidade de valores e de simbolismos,

enquadrando-a num contexto de mudança de usos ou de populações. Começando a olhar a

transformação não planeada, o que as pessoas transformam por si, com novas apropriações e

novos significados – por exemplo identificando os "novos agentes transformadores" e relacioná-

los com outros testemunhos, de outras gerações e actores para as quais o território representa

outras identidades.

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� No campo do movimento (ou melhor, articulando as três matrizes temporais), destacamos a

temática da cidade alargada, o suburbano (ou metropolitano) emergente em que os factores

temporais actuam de forma mais aberta e em que a transformação é a regra, poderia ser um

objecto de estudo útil, fazendo o contraponto à realidade das centralidades históricas.

Protagonista no tema do crescimento e na mutação da cidade, a periferia cumpre hoje também

algumas funções de centralidade. Seria interessante perceber qual o papel da identidade, do

processo e do movimento, na afirmação e na construção da cidade alargada que parece dominar

o contexto urbano actual, pode ter o apoio desta ferramenta.

Voltando a um dos objectivos iniciais do trabalho, à questão do saber profissional estar afastado das

questões temporais, podemos argumentar agora que se trata de um paradoxo. A cidade é uma figura

temporal. O que fazemos, como profissionais é olhar para as cidades, talvez tentando vê-las no passado,

no presente e no futuro, num só olhar, tendo de reconhecer e exprimir um número infinito de

experiências, umas que já não existem, outras que ainda não foram. Negar as suas expressões

temporais é recusar a sua essência: é nela que reconhecemos as nossas memórias, que construímos a

nossa vida e que projectamos os nossos sonhos.

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CITY, A DRAMA IN TIME An organized reflection, about time factors, on urban design

It´s a common-place to say that today, time is to rapid: times are running to fast, “dromocratic”, time is

lacking and escaping. The technologic evolution initiated in the XIXth century forced a blazing rhythm that

since then commands the daily life. Contradictory or multiple, the sense of time in the contemporary

society is made of distinct temporalities that weave in each other, times and space that permeate like

fluids of daily temporalities. How to manage and decode that weaving? The aim of this work is an

organized reflection, to obtain a new perspective on the subject.

Time will be our viewing point on the contemporary city and society, with the feeling that it’s full of distinct

notions and processes that we need to understand.

Our starting point: today's city is confronted and conditioned by contemporary phenomena such as space-

time compression or globalization. Time is here a crucial factor. Either connected with global and generic

phenomenon, as global competitiveness, the demands of the mass consuming society, or the pressure of

economic development; or when the issue is the city historical character subject to specific features such

as increasing monumental and sacralized heritage. Even in these scenarios, the recognition of the need

for change is irrefutable: the inescapable pressures (economic, social, cultural administrative, etc.) and the

very fact of decadence and degradation (in extremis the disappearance) are a result of the mismatch of

the city present shape before the current needs.

But if contemporarity is so “full of time”, how does time reflects itself in the city? Where is it? How does it

interact with other urban variables? What phenomenons does it trigger? How are today´s cities molded to

the passing of time? Are today´s cities objects or “atemopral” beings, lost in an inexistent calendar? And

what’s the influence of time upon the urban design? On the way we see and design the city? On the way

we connect with it? In the way we build its future?

This is the matter of this work, we propose a reflexive and analytic approach on the theoric complexity

intrinsic to the concepts of city and time, trough some manifestations of that complexity, having as a goal

its theoric clarification.

The first chapter – “The Thematic of Time – Problems, Concepts and Hypothesis” – is a theoric and

epistimologic base, in which we build the field of concepts and relations that allow us to assess time in the

city.

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We start to locate the problem, explaining what time is: what we talk about when we refer to time, doing a

first theoric framing. In the case of the inexistence of a area of study dedicated to Time, this task of

defining it obliges us to recur to several knowledge areas, collecting from some of the fundamental

sciences: Exact Sciences, Philosophy, Sociology, Anthropology, History and Political Economy, partial

reflections about the nature of time, making whenever it is possible a connection to the city problematic,

selecting in each case the most relevant literature. These first approaches, show us simply their range, the

different ways in which fundamental sciences approach and study time as a subject.

Aproaching now to the theory of the contemporary city, we divide the problem in “components”, reflecting

on the urban question and contributing to the adding of concepts inherent of time.

Starting on an overlook on the theoric paradigmatic thinking about the (recent) city, we can find

manifestations and characteristics of today’s urban complexity, as its relations with the temporal question.

If today it’s clear to observation that the city we knew has changed, in which ways do these changings

reflect on the thinking about the city? If we consider thinking as a way of constructing realities, sorting

experience, in which ways is the experience of the comtemporanity captured and how does it construct (or

can construct) a urban theory? Throughout small reviews about the problem of time in the theoric

production of authors that propose models, we highlight key-subjects in the temporal issue:

� The “mutant” city, Archigram (1961) (1969)

� The city of memory, Aldo Rossi (1966)

� The city of communication, Robert Venturi (1966) (1972)

� The non-places in the city - Marc Augé (1992)

� The generic city, Rem Koolhaas (1995)

� The network society, Manuel Castells (1996-97)

� The reborn of the compact city, Richard Rogers (1997) (1999) (2005)

� The metapolis and the new urbanism, François Ascher (1995) (2001)

� The city of public space and citizenship, Jordi Borja (2003)

The models of the paradigmatic thinking reflect comtemporanity, reveal how instability is generated in the

city, the effect of the technological innovations, of the spatial reorganization, of the swift in the social

relations, etc. Within a vast problematic, we have detected three lines of development, that change the

traditional paradigms of the city, thus contributing with new models:

a. An increasing tendency to the individualization in the daily experience and the appearance of new

lifestyles.

b. The exponential growth of the city, its dilution in the territory, the lost of traditional references due

to complexity and indetermination.

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c. A tendency to mobility, a need to be more rapid, more flexible and have new physical or virtual

connections

From the “opening” of this problematic, we propose a list of the several aspects in which time manifests as

a factor in the city, in a close relation with the living and daily practices: in its processes, in its relations and

interactions, and its influence on the design. A systematic approach leads us to identify several

dimensions/categories of temporal manifestations:

� The sense of time and the experience of the city

� The expression of the ephemeral

� The organization of time in urban life and ciclical time

� Integrattion and the sharing of time

� Historic time – memory, consevation anda change

� Life and value cycles

� Mutation: change, continuity and adapatability

� Substituon and incremental change

� Space-time, movement and velocity

� Displace and the sense of belonging

� The building and the duration – programes of transitory and flexible

� The participative process and the notion of public time, as a rising matrix

Time together with space, form a structure with which we organize our experience. The need to integrate

all these variables in our perception of the city and accommodate the present range of time, can have as

purpose the construction, by the integration of all the factors, of a “public time”. It’s the sense of sharing

time – where the process and duration have so much importance as shape; where the process of

“construction” is part of its meaning – that linked to the sharing of space, allows people to live conscient of

the common precedent.

If today the time factor has to be more and more valued in the understanding of the urban growth and

change phenomenon, it’s also conclusive in the new conditions for the regulation and for the design of

urban form. Now it’s interesting to understand how these forces/expressions are represented in the way of

making city. The “design strategies” will depend on the notions of temporality: their most certain aspects

(probably more permanent and structural) and the uncertain (probably quicker and depending on

opportunities).

Therefore, we develop the problematic supported by the authors as Lynch, Choay, Sechi, Portas. The

need to incorporate time factors in the professional practice of the urban design is part of its reality. To

achieve that we may have to find new ways of intervention that allow us to manage the change in the

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living conditions of the city, involving a variety of strategies that depending on the context of the

interventions, associate them with the new capacities - the answer to the need to learn " to see and

manage" time, to incorporate the unexpected, the reply to the readjustment necessity, through for example

methodologies of learning, of " feed-back of experience" , to work with "scenarios" or to question/manage

the programs.

Within the scope of what is assigned today as “urban design”: time is more and more valued not only in

the understanding of the phenomenon of growth and change of the urban contemporary, but also in the

"design of strategies", in the new conditions for its regulation and its design, as a process of transformation

and interaction between projects of distinct actors. In the scales and procedures of the “urban design” the

factor time is already considered as determinative of the proper construction and sustentation of the

identities, now seen in a plan of interactivity, a projected identity.

From the search of a conceptual definition for time, we find transversal knowledge to the different contexts

- besides Mobility, Identity and Process seem to be the key for an understanding of the relation between

time and space in the questions of Architecture and the Urban Design. Thus in an attempt to systemize

and represent a possible relation and organization of the urban thematic of temporal matrix, we detach

three sources:

� the concept of identity here defined, not only contains the relation with a more consolidated past,

result of an accumulation and aggregation of memories transformed into speech; but it also helps

us to structure and to project in situations of construction of an uncertain future. It implies a

successive reconstruction and “negotiation”, it is neither static nor perpetual - an identity

construction is also a project, a temporal process.

� It’s precisely in a city that is made of new relations that the process gain importance. The

process includes the plan and project, the proposal of ways that reduce the edges of uncertainty

in the action; the social organization of the space, the relation between the urban actors. The

process, itself is not only something that is before us and that is read, but something that is the

result of shares and reactions, that is processed in time and space.

� It is also easy to find in movement its temporal component: there are many phenomenon

associated to movement: the transports, mobility, accessibility. The systems and the

infrastructures gain more and more importance. The exchanges, the flows, the interchanges are

a constant and the nets on which we support the systems can sometimes constitute an

"alternative" or a substitution of the traditional social and urban relations. The movement is

inherent to the city, more than to be part of it, it is it that structures and defines it; and time is the

dimension that measures it.

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The current panorama is in all complex and we can only deepen the knowledge with bases of critical

severity: the city is an interdependence and reception system so intricate that not accepted monologues,

nor reducing vision. We have seen that time influences in varied parts of life and urban design: it is not

only implied in the context of uncertainty and in the characteristic search of urban project; it manifests itself

in the urban forms, the processes and the relations between actors, in the social and physical relations,

the programs and plans, the uses and appropriations, the movements and the flows, the speeches that

legitimize or question the thought about the contemporary city.

The second chapter - " The Domain Of the Time In Three Episodes In the case of the Baixa de

Lisboa, 1988-2008" presents a reflective look on one of the most important historical zones of Lisboa,

from the interventions/proposals/plans and its temporal imaginary, that have been being produced in the

last 20 years.

The problematic of time in the Baixa Pombalina Pombalina can be approached in many and different

forms. If on one hand there is the question of the degradation of the heritage (how to rehabilitate, and for

what uses to rehabilitate), on the other hand a live and active center is wanted (the doubts are in the ways

to reach it), source of activity and producer of wealth. Incompatible or not, to these two questions we still

add the present needs of transports, new levels of comfort, new habits of meeting that defy an urban fabric

drawn with other intentions. Face to the subject of the work, we have chosen to analyze 3 episodes of the

recent context of last the 20 years that, in the field of urban design, that have marked the theoretical and

practical intervention in the Baixa and Chiado:

� The fire and reconstruction plan of Chiado.

� The Unesco World heritage proposal for classification of Baixa Pombalina

� Revitalization of Baixa-Chiado proposal

With the analysis of these episodes we intend to construct a picture of the different temporal

manifestations and their effects on the transformation of last the 20 years of the Baixa Pombalina. Having

as starting point the previously identified temporal matrixes of the Identity and the Process, we will try to

establish relations and identify disposals that have constituted the models of intervention in the urban

environment. We gave special attention to the speeches, rather than to a space and formal analysis of the

places that they "build" , because we want to perceive how we construct a speech on the evolution and

transformation of the city - the representation of reality, its acritical legitimation, the practical relation

between theoretical bases and practical results, etc.

The fire provoked innumerable reactions in some scopes, as the result of a strong need to “come back to

live” the Chiado. But the immediate consequences of the fire are not limited to the debate centered in

rubbles. The importance of the fire for the taking of conscience and discussion of the problems of the

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refurbishment and particularly of the historical centers was undeniable. In the same way, it allowed to take

to the public discussion the politics of intervention (or its absence) in Lisboa. It appears as well as the

chance to invert the previous scene. Not only as a possibility to intervine in the historical center, with ways

and tools that did not exist before (or they were not available), but mainly as an example of a different form

to intervine.

In the case of the reconstruction of Chiado, the strong political, social and cultural conditions dictated by

the context of the fire (its antecedents and following political cenarios), led to a taking of decisions in the

reconstruction. The necessity to give reply to a considerable amount of agents, led to the concentration of

contact and the procedures of the operation in the Cabinet of Reconstruction of the Chiado and to the

bases of design in the figure of Siza Vieira.

The strong identity place that Chiado represented in the city, was also a strong condition in the

intervention, over all in an aesthetic plan. With the advance of the process, the interaction of a

professional speech with “a common” speech on the memory, seems to have been lost: The common

nostalgic speech on the Chiado is “present” over all with the cafes, the clothes stores, the bookstores, the

“tertúlias”, the habits and daily experiences of people. The plan, and mainly the development of the

process of reconstruction, didn’t contemplate or contemplated these factors inefficaciously: it was an

operation strongly centered on a technical, aesthetic ability, on the design (and the functioning of “high

fashion” market).

The acceptance of the incapacity to recoup and project this "imaginary" of the community, simultaneously

through the material and the commercial point of view, but over all the emotional, symbolic point of view in

an identity of project, also left in open a possibility, for another process.

In a general scope, it seems to us that the intervention was centered in “a cautious” reconstruction that

restituted, in a “consensual” form, the formal matrix of the built form, but that did not contemplate in the

definition of ampler objectives, measures to put them in practice (control of the ground, programming of

the uses, the role of the actors…), if not being able to speak of a strategy, that is, in the domain of the

conditions to reach such objectives through several strategical actions, that is to imply itself in a strong

relation Program-Project, nominated in the effect of the regeneration of fabrics not affected by the fire, in

joint with a process of a widened regeneration (a Baixa).

In the case of the Proposal of Classification, being this a process of a reflection on the value of the

“object” to classify, the procedures and the measures are pointed to this fact, having reduced the range

and the integrant factors of the process. As to produce more expressive results, it seems to us that a

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classification process could include a bigger reflection and involvement of the community and of the

actors, as a strategy to assure a better protection and support of the “object” in question, with the

consequent drawing of a model of management of change.

On the other hand some of the elementary questions of the process of Classification seem not too active,

perhaps for distrust that its awareness could affect in a negative way the central objective (to get the

classification):

� The understanding of the structural reasons of the current situation: an abandoned center,

improper to the aims it was used to, without a clear strategy to invert this tendency.

� The forecast of consequences of the attribution of the “brand” world heritage: excesses of

tourism, transformation of the heritage in a thematic park, the management of a "heritage-

city", a new mono-functionality.

� The uncertainty on the value of the classification. Will the classification of UNESCO be a

bigger guarantee of authenticity and immutability? Or is it only about a stamp, a mark, a

pennant to exhibit in the insignias of the city?

Finally there are gaps in the clarification about the effect of the Classification. The consequences of this

process in the heritage property are not clear. The requirements of maintenance of the integrity and

authenticity at high levels, with innumerable legislative and prescribed protections, the definition of rigid

rules of intervention, can create a fossilized and crystallized Baixa Pombalina in a model that does no

longer serves the present requirements.

The proposal of classification of the Baixa Pombalina as World Heritageof UNESCO delivered in

September 2005, did not produce neither practical effects in the land nor fomented the creation of new

initiatives or strategies to foment the regeneration of the zone.

In the case of the Plan of Regeneration of Baixa-Chiado, the elaboration of a plan of action for the Baixa

Pombalina represents a change in the form to act until then, accenting the concern with the procedural

and strategical domain, in the search of partners with synergies and in the development of actions in some

directions. But the inversion of the desertification trends and degradation over all depend above all on the

capacity of the intervention to generate new synergies.

The proposal introduces a change in the way to look at the zone but also in the form to intervene in it. On

the other hand the acceptance of the state of current decay, but also the understanding of the process of

decay of the center, its causes and its potentialities of transformation. In the same way, it incorporates a

speech on the past that distances itself of the nostalgia that habitually leads to a process of “replacement”

of an original” or “authentic” state “… On the other hand the definition of measures and politics in some

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areas (not limiting to the protection of the heritage or the refurbishment of buildings) make us aware that

the regeneration of the city is not a process of the exclusive domain of the architecture or the construction,

including social, economic and cultural politics.

We can also identify the adoption of more generic models of dynamics of the cities as the open sky

shopping center or the tourist historical center, in the context of an attention given to the viability of

Programs and Uses. Or a model of involving management of excellent actors and institutions partners in

the process of decision and investment. And the incorporation of competitiveness logics, atractivity and

urban marketing in the management of the city.

In a perspective of continuity of the plan it would be important to known:

� Which instruments and measures are necessary so that it occurs an inversion in the patterns of

use of Baixa? With which incentives do we attract new functions and new users for a central

zone?

� In which way can the plan and the institutional structure created by it, be able to manage the

necessities of conditional readjustments for changes in the economic and governmental context,

keeping the coherence of the intervention?

Concluding, it seems to us that for the intention of our study, that the main characteristic of this proposal

consists of its configuration as a strategical plan: a vision, defining objectives, strategies and projects,

considering that the city is a dynamic product, an open project, possible of being developed in

coordination with public administration and cooperation with local institutions, the private sector and the

civil society.

Concluding, in the scope of our study case, we saw with the presented episodes, evidence of a distinct

variety of situations and speeches with consequences for the presence of temporal matrices:

� The case of the Chiado is marked by an emotional relation between the memory (and its

representation) and the possibilities of a reconstruction process. Drawn out in the time, the

intervention integrates economic and social factors, beyond the obvious physical reconstruction.

� In the Classification Proposal, the thematic is the protection of the “object” to classify, the

document contemplates a reflection on valuation questions, of monitoring and conservation of the

heritage, in a logic of authenticity and longevity.

� The Proposal of Regeneration presents a multifaceted vision of what can be a model of

intervention of the Baixa, marked by a strategical and global approach.

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In the last chapter we reflect on the general results of the study case, pointing some of the conditions

linked to the objectives of the work and formulating some possibilities of development.

When we think about the city in a transformation optics (either how the point of view of the growth or the

regeneration as in this case) we need that the conduction of the change - the process – is made in order

to include all the intervening phases and to assure the necessary conditions to the "conclusion” of the

same one. In the same way when we look at the city, as the repository of our memories and dreams - the

identity - we need that it has supported and leads the alterations that the time prints in it, in direction to a

new identity, shared of some form, as desire or design.

Basic for the form as we look at the city is to consider it as a system, and not as an addition of isolated

and autonomous parts. If it is certain that much of the intervention in the Baixa will have to pass through a

dedicated reflection about the particularitities of the zone, we cannot ignore the interconnection and the

joint in a strategical and including thinking, at a vaster space and temporal scale, in the perspective of a

widened identity more (metropolitan), essential for the definition of a coherent and integrated paper of the

Baixa, in the involving urban structure.

We have confirmed in this work, the way as the city - its experience, its construction, management,

mutation - is today the result of a process where the temporal matrix more and more importance. We have

tried to make of the time our point of view, an object of reflection: to understand the city; to fit or to

perceive some of the consequences of the options that we have made and of what we have constructed;

to make (and to remake); to construct the spaces for the life in our time, we need to understand our proper

“professional dreams” and myths, or paradigms.

The future of the city is a construction, multiple and complex, where participation and communication are

two essential tools. In the way that things evolve and transform in the city - dynamics, pressures, and

conditions - they represent interactive and interdependent process. More than a series of static frames, of

closed categories, the experience and transformation of urban is a continuous construction and

reconstruction in time.

From the potential importance of the results, for the construction of a wider conscience of the complexity

of the city, we highlight the approach of time in the city, common to several knowing areas. In this case,

what can (and should) we continue to want to know about time? To keep this question "active" will be

the first line of application.

In some of the thematic analysed before, we identify the possibility of futures development:

� In the theme of process, we find the possibility of the development of a deeper study on the

subjects and the actors that intervene in the urban process, trying to identify the existence or not,

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of models of typified procedures, of connections and interactions, doing a "list of components"

and factors that determine its relationship with Urban Design. Starting from the analysis of study

cases where the process has been important, we could try to systematize the knowledge

gathered.

� In the theme of identity, we highlight its processual component linking it to concepts as recycle,

mutation or transformation. It would be useful to approach this thematic, so many times

associated to conservation and immobility of values and symbolisms, framing it in a context of

change of uses and populations. Starting to look to unplanned transformation, what people

transform for their selves, with new meanings - identifying for example, "new transformation

agents" and link them to other testimonies, form other generations, with other representations of

place identity.

� In the theme of movement (or joining the three temporal matrixes) we highlight the theme of the

sprawl city, the emerging suburban (or the metropolitan) where the temporal factors act in a more

open way and where the transformation is a rule. This could be a useful object of study, doing the

balance to the reality of historic centralities. Leander in the theme of city's growing and mutation,

the periphery has today some functions of centrality. It could be interesting to understand what is

to role of identity, process and movement, in the construction of the sprawl city that appears to

dominate the present urban context, having this work as a tool.

Coming back to one of the initial objectives of the work, to the question of the professional knowing being

moved away from the secular questions, we can argue now that it is a paradox. The city is a temporal

figure. What we make, as professionals is to look at the cities, perhaps trying to see them in the past, the

present and the future, in an only looking at it, having to recognize and to state an infinite number of

experiences, some that no longer exist, others that have not yet been. To deny its secular expressions is

to refuse its essence: it is in it that we recognize our memories, that we construct our life and that we

project our dreams.