cidade e patrimônio: um estudo sobre o museu ciência e ... · anos 1980 em diante, verificam-se...

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Cidade e Patrimônio: um estudo sobre o Museu Ciência e Vida em Duque de Caxias, Rio de Janeiro Jacqueline de Cassia Pinheiro Lima UNIGRANRIO-JCNE/FAPERJ Ana Paula Cavalcante Lira do Nascimento - CBNB Rosane Cristina de Oliveira UNIGRANRIO Este trabalho integra a pesquisa de uma das autoras, como JCNE/FAPERJ, de onde foi criado um Núcleo de Estudos Urbanos, o NURBS, em que as outras autoras o compõe, justamente para refletir sobre questões atuais da Cidade em sua perspectiva histórica e sociológica. A principal questão orientadora deste trabalho está em entender como o Museu Ciência e Vida, localizado na Cidade de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, pode definir- se como expressão de uma monumentalidade que expressa e concretiza um projeto definido para a Cidade. Para tanto, entendemos monumento como uma evocação ao passado, bem como uma tendência à perpetuação, conforme Jacques Le Goff em seu texto “documento/monumento” (1996 :535). Essas manifestações tornam-se cada vez mais essenciais para a construção das identidades e são entendidas como instrumentos de poder. Percebemos, assim, que os monumentos vêm mostrar uma nova concepção de documento, diferente da defendida até o século XIX, em que só o texto escrito era considerado. No final da década de 1920, o conceito é ampliado, o documento não seria considerado tão somente o texto escrito. Tal estudo é relevante em seu tema, por abordar a temática da Cidade e, especialmente a Cidade sede da Universidade que duas autoras trabalham e uma terminou seu Mestrado. Também é relevante por caracterizar-se como uma proposta interdisciplinar. Torna-se, deste modo, um trabalho de Educação Patrimonial, tendo em seu sentido mais claro, a adequação das discussões sobre a Cidade como cenário, ao mesmo tempo em que o compartilhamento deste espaço pela população e sua história local. Hoje vemos que toda construção do sentido de patrimônio e seu trabalho nas áreas educacionais, não se vê a preocupação em trabalhar com questões, que seja através de

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Cidade e Patrimônio: um estudo sobre o Museu Ciência e Vida em Duque

de Caxias, Rio de Janeiro

Jacqueline de Cassia Pinheiro Lima – UNIGRANRIO-JCNE/FAPERJ

Ana Paula Cavalcante Lira do Nascimento - CBNB

Rosane Cristina de Oliveira – UNIGRANRIO

Este trabalho integra a pesquisa de uma das autoras, como JCNE/FAPERJ, de onde

foi criado um Núcleo de Estudos Urbanos, o NURBS, em que as outras autoras o compõe,

justamente para refletir sobre questões atuais da Cidade em sua perspectiva histórica e

sociológica. A principal questão orientadora deste trabalho está em entender como o Museu

Ciência e Vida, localizado na Cidade de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, pode definir-

se como expressão de uma monumentalidade que expressa e concretiza um projeto definido

para a Cidade. Para tanto, entendemos monumento como uma evocação ao passado, bem

como uma tendência à perpetuação, conforme Jacques Le Goff em seu texto

“documento/monumento” (1996 :535).

Essas manifestações tornam-se cada vez mais essenciais para a construção das

identidades e são entendidas como instrumentos de poder. Percebemos, assim, que os

monumentos vêm mostrar uma nova concepção de documento, diferente da defendida até o

século XIX, em que só o texto escrito era considerado. No final da década de 1920, o conceito

é ampliado, o documento não seria considerado tão somente o texto escrito.

Tal estudo é relevante em seu tema, por abordar a temática da Cidade e, especialmente

a Cidade sede da Universidade que duas autoras trabalham e uma terminou seu Mestrado.

Também é relevante por caracterizar-se como uma proposta interdisciplinar. Torna-se, deste

modo, um trabalho de Educação Patrimonial, tendo em seu sentido mais claro, a adequação

das discussões sobre a Cidade como cenário, ao mesmo tempo em que o compartilhamento

deste espaço pela população e sua história local.

Hoje vemos que toda construção do sentido de patrimônio e seu trabalho nas áreas

educacionais, não se vê a preocupação em trabalhar com questões, que seja através de

monumentos arquitetônicos, literários, entre outros, produzam nos indivíduos a curiosidade

e a capacidade crítica com relação à cultura local e global.

Deste modo, o objetivo desta pesquisa como um todo está em analisar os conceitos

de Memória e Lugares de Memória, percebendo como se encaixam no objeto estudado;

perceber as características do Museu Ciência e Vida como monumento histórico da Cidade

de Duque de Caxias; construir uma relação entre teoria e prática através do Museu Ciência e

Vida em Duque de Caxias e sua ponte com a população local, sejam os moradores ou os

trabalhadores do Município; propor oficinas sobre Educação Patrimonial para alunos de

algumas Escolas do Município na intenção de relacionar o lugar do Museu como um

Patrimônio da Cidade; identificar culturalmente as heranças culturais e históricas através das

análises teóricas sobre as questões de Patrimônio e Educação; perceber valores sociais como

identidade, cidadania e memória.

Apresentamos, então a seguir um pouco das questões sobre a Cidade de Duque de

Caxias e alguns apontamentos sobre o Museu Ciência e Vida.

Sobre a cidade de Duque de Caxias

Pensar a cidade e, por conseguinte, o direito à cidade, nos remete à necessidade de

compreender como a população interage cotidianamente com seus espaços. De meados dos

anos 1980 em diante, verificam-se os debates sobre o direito à cidade a partir dos movimentos

sociais (nacionais e internacionais), cuja luta baseia-se na busca por direitos sociais, políticos

e econômicos; direito à moradia, direito à opinião pública, direito à vida. Sobre a concepção

acerca do termo “direito à cidade”, chamamos a atenção para a discussão de Henri Lefebvre

(2001), autor de O Direito à Cidade. O texto de Lefebvre (2001), parte da questão histórica

em relação à cidade e as transformações sofridas pelo processo de industrialização. Além

disso, o autor chama a atenção para a dimensão filosófica que envolve a construção do direito

à cidade, bem como os problemas que a realidade urbana apresenta. Para Lefebvre (2001),

O direito à cidade não pode ser concebido como um simples direito

de visita ou de retorno às cidades tradicionais. Só pode ser formulado

como direito à vida urbana, transformada, renovada. Pouco importa

que o tecido urbano encerre em si o campo e aquilo que sobrevive da

vida camponesa conquanto que o ‘urbano’, lugar de encontro,

prioridade do valor do uso, inscrição no espaço de um tempo

promovido à posição de supremo bem entre os bens, encontro sua

base morfológica, sua realização prático-sensível. (LEFEBVRE,

2001, P. 117-118)

Neste sentido, a perspectiva dos lugares de memória, patrimônios e monumentos são

fundamentais, pois fazem parte do direito à cidade, uma vez que são bens que a população

pode e deve usufruir. Assim, o nosso trabalho alicerça-se na tentativa de compreensão

especificamente do uso do espaço público em Duque de Caxias, cidade situada na Região

Metropolitana do Rio de Janeiro.

A Região Metropolitana do Rio de Janeiro foi criada pela Lei Complementar n. 20/74

e possui 21 municípios e área de 6.737 km². Em 2010 a Região Metropolitana tinha um grau

estimado de 99% de urbanização e com 75% da população do Estado residente nesta área.1

Além do município-sede, a cidade do Rio de Janeiro, fazem parte da RM os seguintes

municípios: Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Itaguaí, Japeri, Magé,

Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São Gonçalo, São João

de Meriti, Seropédica e Tanguá, Cachoeira de Macacu, Rio Bonito e Maricá.

O município de Duque de Caxias, situado na Baixada Fluminense, possui a maior

densidade demográfica da região que estava estimada, em 2010, em 855.048 habitantes

(IBGE, 2010). Aproximadamente 53% da população do município vive em situação de

1 Ver informação completa sobre os Índices de Desenvolvimento Humano da região metropolitana do Rio de

Janeiro em Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas (2010). Disponível em:

http://www.pnud.org.br/arquivos/AtlasdoDesenvolvimentoHumanonasRegi%C3%B5esMetropolitanas.pdf

pobreza. Do ponto de vista urbano, o crescimento desordenado da região da Baixada

Fluminense, e, em especial, Duque de Caxias, s dificuldades em relação à mobilidade urbana

e os altos índices de pobreza, nos revela inúmeras dificuldades em pensar, por exemplo, um

projeto de remodelação urbana para a cidade caxiense. Provavelmente, tal perspectiva

traduza a necessidade de pensarmos os lugares de patrimônio e cultura da referida cidade,

como uma forma de despertar no cotidiano da população maior apreço pelo espaço urbano

do qual fazem parte.

O município de Duque de Caxias, de acordo com dados da Fundação CIDE (2005)

possui 468km² em extensão territorial e faz divisa com o Rio de Janeiro, São João de Meriti,

Belford Roxo, Nova Iguaçu, Miguel Pereira, Petrópolis e Magé. Em 2010, os dados

divulgados pelo Censo realizado pelo IBGE, indicaram que a população residente nos

municípios da Baixada Fluminense corresponde aproximadamente a 24% da população do

Estado do Rio de Janeiro. Destes números, a maior parcela reside no município de Duque de

Caxias, conforme o quadro abaixo:

MUNICÍPIO POPULAÇÃO EM

2010

Nova Iguaçu 796.257

Duque de Caxias 855.048

Belford Roxo 469.332

São João de Meriti 458.673

Itaguaí 109.091

Magé 227.322

Nilópolis 157.425

Paracambi 47.124

Queimados 137.962

Mesquita 168.376

Quapimirim 51.43

Japeri 95.492

Seropédica 78.186

Total 3.651.771

Fonte: Censo IBGE, 2010.

Duque de Caxias está dividido em 4 distritos e 40 bairros. O primeiro distrito é

composto pelos seguintes bairros: Jardim 25 de agosto, Parque Duque, Periquitos, Vila São

Luiz, Gramacho, Parque Sarapuí, Centenário, Centro, Dr. Laureano, Olavo Bilac, Bar dos

Cavalheiros. Estes bairros estão situados na região central do município. O segundo distrito

pelos bairros: Jardim Primavera, Saracuruna, Vila São José, Parque Fluminense, Campos

Elíseos, Cangulo, Figueira, Chácaras Rio-Petrópolis, Chácara Arcampo, Eldorado, São

Bento, Pilar. O terceiro distrito agrega os seguintes bairros: Santa Lúcia, Santa Cruz da Serra,

Imbariê, Parada Angélica, Jardim Anhangá, Parada Morabi, Taquara, Cidade Parque

Paulista, Barro Branco. E, o quarto distrito, pelos bairros: Xerém, Parque Capivari,

Mantiqueira, Lamarão, Amapá, Santo Antônio, Meio da Serra, Cidade dos Meninos. (IBGE,

Censo 2010).

Economicamente, Duque de Caxias é o município que apresenta os números mais

elevados: é o segundo maior PIB do Estado, com R$ 11.477,26 per capita. Este panorama

econômico explica-se pela presença, desde 1961, em seu território, de uma das refinarias de

petróleo mais importantes do país, a Refinaria Duque de Caxias (REDUC). Além disso, o

Censo do IBGE de cadastro central de empresas, divulgado em 2009, apontou a existência

de 13.054 empresas sediadas no município e, destas, 12.515 são atuantes.

Um Estudo de caso: observando atividades no Museu Ciência e Vida

Criado no ano de 2010, como iniciativa do Governo do Estado do Rio de Janeiro, o

Museu Ciência e Vida situado no antigo Fórum da Cidade de Duque de Caxias e em frente à

Delegacia da Cidade, tem como uma de suas tarefas difundir a cultura e a ciência na Cidade,

possuidora de poucos espaços destinados à Cultura da Cidade. Embora amplie o estímulo de

novos visitantes, seu espaço abriga, hoje, diferentes atividades e possuem cada vez mais

visitantes das escolas da região.

As atividades são gratuitas em 5.000m2 de espaço, aproximadamente, tanto no

auditório, exposições, planetário, entre outras. Com várias atividades culturais, artísticas e

educativas, o Museu Ciência e Vida é um empreendimento da Fundação CECIERJ

– Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro,

em parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro e apoio

da FAPERJ, como indica o site do Museu (http://www.museucienciaevida.com.br/).

O Museu Ciência e Vida oferece atividades bem diversificadas para o público do

município de Duque de Caxias e suas adjacências. A participação do público dá-se por

agendamento ou demanda espontânea. No caso das visitas educativas com agendamento

prévio, as escolas públicas e particulares ocupam a maior parte da agenda dessas atividades.

Como intuito de facilitar a compreensão, podemos organizar a maior parte dessas

atividades na tabela abaixo:

Atividade Público em geral Público escolar Professores

Exposições temporárias X X X

Oficinas X X

Oficinas para professores X

Cineclube X X

Visitas educativas com

agendamento prévio

X

Atividades lúdicas

educacionais

X X

Sessões no Planetário X X

Robótica X X

O estudo de caso foi pensado na forma de observação participante de atividades que

foram escolhidas de acordo com a oferta do referido Museu durante o ano de 2015. Portanto,

a experimentação das atividades deu-se em diferentes momentos, com participação ora

individual, ora em grupo. A observação foi realizada durante os meses de: fevereiro, outubro

e novembro de 2015. Os participantes não tinham conhecimento prévio do Museu.

A primeira atividade escolhida foi uma palestra para professores. A proposta do

Museu Ciência e Vida é oferecer uma atividade de linguagem acessível e cuja metodologia

associe conceitos teóricos à prática. No dia 28/02/2015, um sábado pela manhã, aconteceu

um encontro com a participação da Profª. Andréa Costa. O auditório do Museu Ciência e

Vida tem capacidade para, paroximadamente, 80 pessoas. A palestrante convidada é

professora do Departamento de Estudos e Processos museológicos da UNIRIO e educadora

da Seção de Assistência ao Ensino do Museu Nacional (UFRJ). O assunto da palestra era

adequado para o público específico de professores (vide cartaz abaixo). Foi bem

desenvolvida, com duração de 2 horas e boa participação da plateia. A maioria dos

participantes era da área de Educação e a atividade garantia certificado de participação.

Fonte: Site do Museu Ciência e Vida

A Exposição temporária foi a segunda atividade a ser observada como demanda

espontânea do Museu. No período de observação era oferecido ao público quatro opções de

apresentações, a saber:

“Evolução e natureza tropical”, cujo material foi organizado em 2010 pelo Museu da

Vida (FIOCRUZ). Convidava os visitantes a seguir os caminhos que foram trilhados pelos

naturalistas Charles Darwin e Alfred Wallace.

“Floresta dos Sentidos”, mais interativa principalmente por ser voltada para o público

infantil. Pensada como uma caça ao tesouro, a “floresta” desafiava as crianças a encontrar

espécies que estavam escondidas no cenário da “mata”.

“Sustentabilidade – o que é isso” apresentava possibilidades de sustentabilidade e

tinha uma proposta mais reflexiva baseada nos 3R’s: repensar, recriar e reutilizar. Buscava

incentivar no público uma “participação social mais consciente e prática”.

“Do Mangue ao Mar” – expunha um apelo à preservação dos manguezais e da Baía

de Guanabara. A exposição era organizada pela ONG Guardiões do Mar/Projeto Caranguejo

Uçá.

Para essa exposição, convidamos um grupo de pais e responsáveis de alunos do 2º

ano do ensino fundamental que estudam em um colégio federal da Ilha do Governador a

participar de uma visita ao museu.

Este foi o primeiro contato do grupo com o museu, completamente desconhecido para

eles. A visita foi combinada em um dia de sábado, na parte da manhã. O ponto de encontro

era a Praça Roberto da Silveira, referência muito conhecida no município.

Fonte: Arquivo pessoal

O grupo formado tinha 35 pessoas. Avaliando a dinâmica do museu pudemos

observar que a equipe trabalhou bem com um fator inesperado. O quantitativo desse público

movimentou o museu num período em que não há muita procura. O sentimento demonstrado

pelos monitores era de empolgação através dos comentários durante a visita como “é muito

ruim ficar aqui sem fazer nada” ou “nesse horário nunca aparece ninguém porque as pessoas

preferem as atividades da tarde, como o planetário”. Em contrapartida o grupo sentiu-se

muito acolhido, tanto o público infantil quanto os adultos. Todos participaram bastante das

propostas dos monitores.

Outro fator importante para a pesquisa são as impressões relatadas pelos adultos do

grupo, como: desconhecimento do museu como patrimônio da cidade - motoristas e

passageiros dos coletivos que passam diariamente em frente à referida praça não sabiam dar

informações sobre o museu. Alguns disseram desconhecer que existia um museu naquele

local.

A surpresa dos responsáveis quanto à ótima estrutura e atendimento do museu e

reconhecimento desse espaço como algo acessível, público e gratuito. O grupo tão

impressionado que extrapolou a proposta inicial e os integrantes pediram para visitar a

exposição que acabara de ser inaugurada.

Fonte: Site Cederj

Por contar com um espaço físico de grandes dimensões, é dificultoso conhecer todas

as atividades disponíveis em uma única manhã. O grupo despediu-se no início da tarde e

vários responsáveis ficaram interessados em retornar ao museu num outro momento.

Fonte: Arquivo pessoal

A terceira atividade observada era uma oficina para professores. Foi realizada no

sábado na parte da manhã e a inscrição foi realizada por telefone. Assim como a palestra

realizada para os professores, a oficina também tinha como proposta uma metodologia focada

em um “processo de aprendizagem criativo e divertido”, na relação teoria e prática e numa

linguagem acessível. O tema proposta era “Ilusões de Óptica”.

A oficina foi realizada por uma mediadora e dois auxiliares. O público era formado

por seis professores de diferentes áreas, a saber: Ciências (01), Matemática (01), Educação

Infantil (01), Pedagoga/ensino fundamental I (02) e Pedagoga/Secretária escolar (01). A

atividade foi realizada de acordo com a proposta de linguagem acessível e na dualidade

teoria/prática. No primeiro momento o conceito trabalhado foi apresentado em projetor. Em

seguida, a parte prática era realizada individualmente. O material utilizado era de baixo custo,

pensado de maneira que o docente poderia reproduzir com facilidade a experiência com os

alunos. Os participantes demonstraram apreciar bastante a mediação e a atividade proposta.

Ao final, foi oferecida uma apostila para cada participante. A oficina teve uma duração de 2

horas.

A quarta atividade era a participação em oficina como público espontâneo. Foi

escolhido o dia 15 de outubro. No site constava nesse dia uma oficina às 10h e uma contação

de histórias às 14h. Chegando ao Museu com 10 minutos de antecedência para a primeira

atividade a informação recebida foi que a oficina não seria realizada por falta de público. O

mínimo exigido era de 05 participantes. O mesmo repetiu-se na parte da tarde. Uma dupla de

mãe e filho aguardavam a contação. Mas, o número era insuficiente novamente. Eles

informaram que eram frequentadores do local desde a inauguração. As atividades preferidas

eram as exposições e a sessão do Planetário. Seria a primeira vez que a dupla participaria de

uma oficina.

Neste sentido, pretendemos observar as questões relativas ao aproveitamento do

espaço público da cidade de Duque de Caxias, município do Estado do Rio de Janeiro, na

intenção de perceber como estes espaços vêm sendo entendidos e incorporados ao cotidiano

da população, dos transeuntes, daqueles de uma forma ou de outra transitam na Cidade.

Questões como sociabilidade ou a perda dela e a relação do indivíduo com sua identidade

como ser social também são manifestações que surgem no cotidiano da Cidade. Por que os

passantes na cidade não param seu tempo para olhar ou aproveitar-se de um monumento?

Até onde um prédio faz sentido para a população que passa por ele? Em que momento este

espaço é entendido como um possível espaço de sociabilidade e de um questionamento com

aquilo que é público e do que é privado? A sociabilidade tem traços individuais. Há uma

preocupação com as habilidades de cada um. Produz-se uma artificialidade, quebra-se o

sentido de sociabilidade (SIMMEL, 1976).

Referencias:

BRAZ, Antonio Augusto; ALMEIDA, Tania Maria Amaro de. De Merity a Duque de

Caxias: Encontro com a História da Cidade. Duque de Caxias: APPH-CLIO, 2010.

LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001.

LE GOFF, Jacques. “ Documento/Monumento” e “Memória”. In: História e Memória.

São Paulo: UNICAMP, 1996.

SIMMEL, Georg. “A Metópole e a Vida Mental”, in: VELHO, Otávio (org.). O Fenômeno

Urbano. Revista Tempo Brasileiro, 1976.