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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA CURSO DE GEOGRAFIA CIDADE E INDÚSTRIA NA TESSITURA DO FENÔMENO URBANOEM JARDIM DE PIRANHAS/RN ÉVERTON ARAÚJO SANTOS CAICÓ 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – CURSO DE GEOGRAFIA

CIDADE E INDÚSTRIA NA TESSITURA DO FENÔMENO

URBANOEM JARDIM DE PIRANHAS/RN

ÉVERTON ARAÚJO SANTOS

CAICÓ

2015

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ÉVERTON ARAÚJO SANTOS

CIDADE E INDÚSTRIA NA TESSITURA DO FENÔMENO URBANO

EM JARDIM DE PIRANHAS/RN

Monografia apresentada ao Departamento de Geografia

do Centro de Ensino Superior do Seridó da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para

obtenção do título de Bacharel em Geografia.

Orientadora: Prof.ª Dra. Ione Rodrigues Diniz Morais

CAICÓ

2015

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ÉVERTON ARAÚJO SANTOS

CIDADE E INDÚSTRIA NA TESSITURA DO FENÔMENO URBANO

EM JARDIM DE PIRANHAS/RN

Monografia apresentada ao Departamento de Geografia do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Geografia.

Aprovada em _____/_____/_____.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Prof.ª Dra. Ione Rodrigues Diniz Morais – Orientadora

UFRN/CCHLA/DGE

____________________________________________________

Prof.ª Dra. Sandra Kelly de Araújo– Examinadora

UFRN/CERES/DGC

____________________________________________________

Prof.ªMs. Sandra Priscila Alves – Examinadora

UFRN/CERES/DGC

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AGRADECIMENTOS

Aprendi a considerar a gratidão um princípiomoral. Não apenas uma regra da boa

educação, mas uma forma de construir um espírito bondoso. Reconhecer a generosidade é

estimular a si próprio a exercê-la. Dessa forma,registro os meus agradecimentos aqueles que

contribuíram de alguma forma, da mais singela a mais intensa, para que este trabalho se

concretizasse e se configurasse o símbolo da minha jornada rumo aos objetivos aos quais

busco.

Agradeço àquele em quem deposito minha fé e que acalenta meu coração e minha

alma nos momentos mais difíceis da jornada neste mundo, Deus.

Aos meus pais, Maria Salete e Evilázio Ferreira, que me ensinaram, com exemplos, o

real valor do caráter e da dignidade e, assim,seguir pelos caminhos certos em detrimentos aos

fáceis.

A professora e orientadora Ione Rodrigues Diniz Morais por ensinar, com ações, que é

possível alinhar disciplina e generosidade. Além de conhecimentos geográficos reafirmou

valores éticos e morais, tanto na ciência como na vida.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a todos os professores que

contribuíram com seus conhecimentos para formar os melhores profissionais.

A minha amiga Rejane Vale, a qual considero um presente divino;esses anos foram

marcados por uma parceria que se transformou em irmandade. Meu coração aprendeu a ser

mais bondoso, pois tive os melhores exemplosda pessoa de coração mais nobre que meus

olhos já viram. Deixo esse agradecimento especial, a pessoa de coração mais belo que pude

conhecer.

Aos amigos e amigas que me ajudaram nas dezenas de dúvidas, Paloma Maiara,

Neusiene Silva, Josenildo Dantas e Thiago Brito.

Aos meus companheiros e companheiras que, juntos, de mãos dadas, enfrentaram

comigoessa jornada intensa, alegre e de sorrisos nos rostos: Ana Cássia, Anna Priscilla,

Aristóteles Araújo, Dayane Raquel, Helena Patrícia e Roberta Kelly.

A todos os meus amigos que, muitas vezes, no silêncio da minha concentração, não

pude lhes dar a merecida atenção.

Por fim, dedico este trabalho a toda sociedade jardinense e, principalmente, àqueles

cidadãos que são apaixonados pela Geografia.

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“Ninguém vale pelo que sabe, mas pelo que faz

com aquilo que sabe”

Leonardo Boff

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RESUMO

Os estudos geográficos assumem diferentes categorias de análises, dentre as quais ressaltam-

se as discussões sobre o fenômeno urbano. Nessa perspectiva, realizou-se um estudo com

oobjetivo de compreender a relação entre cidade e indústria na tessitura do fenômeno urbano

em Jardim de Piranhas/RN e, mais especificamente,evidenciar seus

aspectoshistóricos,populacionais e econômicos, descrever as fases do desenvolvimento da

indústria têxtil na cidade, caracterizar a indústria têxtil local, avaliar as repercussões dessa

atividade no mercado de trabalho edemonstrar a cartografia da indústria têxtil jardinense no

âmbito do espaço citadino.Os procedimentos utilizados corresponderam à pesquisa

bibliográfica e historiográfica,pesquisa documental, pesquisa de campo por meio da

realização de entrevistas, aplicação de formulários, registros fotográficos e uso do GPS

(Global Positioning System). Os resultados indicaram que, em Jardim de Piranhas, existe uma

forte tessitura entre o fenômeno urbano e a atividade têxtil, que se caracteriza como uma das

principais fontes de emprego, trabalho e renda da população, assumindo relevância para a

economia local e regional (Seridó) por estimular o comércio e as articulações com diferentes

localidades, tanto no território potiguar quanto em outros estados brasileiros. A influência

dessa atividade em Jardim de Piranhas,ultrapassa a esfera da economia, projetando-se na

organização espacial da cidade, sendo um importante vetor da dinâmica urbana.A indústria

têxtil, que se encontra dispersa em todos os bairros da cidade, modernizou-see ampliou o seu

mercado consumidor. Todavia, esse processo gerou particularidades no urbano jardinense que

se evidenciam como diferenciais tanto positivos, como é o caso da oferta de trabalho e

emprego e, por vezes, a aferição de rendas mais elevadas que um salário mínimo, como

negativos, sendo exemplares os problemas socioambientais que comprometem a saúde e a

qualidade de vida dos que trabalham nas fábricas ou perto delas residem.

Palavras-chaves:Atividade têxtil. Cidade. FenômenoUrbano. Indústria.

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ABSTRACT

The geography studies assume different categories of analysis; among them, it highlights the

discussions about the urban phenomenon. From this perspective, it was made a study with the

purpose to understand the relation between city and industry in the contextureof the urban

phenomenon in Jardim de Piranhas/RN and, more specifically, to evidence its historical,

population and economical aspects, to describe the development stages of the textile

industries in the town, to characterize the local textile industry, to evaluate the repercussions

of this activity in the labor market and demonstrate the cartography of Jardim de Piranhas’

textile industry within the mentioned space. The procedures utilized correspond to

bibliographic research and historiographical, documentary research, field research through

interviews, forms application, photographic records and the use of GPS (Global Positioning

System). The results indicate that in Jardim de Piranhas exists a great contexture between

urban phenomenon and textile activity, which characterize itself as one of the major sources

of employment, work and population income, assuming relevance to the local and regional

(Seridó) economy by stimulating trade and articulations with different locations, not only in

the Potiguar territory but also in other Brazilian states. The influence of this activity in Jardim

de Piranhas goes beyond the economic realm, projecting itself in the spatial organization of

the city, being an important segment in urban dynamics. The textile industry, which is found

dispersed in every neighborhood in the city, has been modernized and it has expanded its

consumer market. However, this process has generated particularities in the jardinense urban

scenario that stand out as differentials both positive, such as labor supply and employment

that by its turn the admeasurement of incomes higher than a minimum wage, and negative

there are the examples of social and environmental problems that compromise health and life

quality of those who work in the factories or live nearby them.

Key words: Industry. Textile Activity. Town. UrbanPhenomenon.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 –Município de Jardim de Piranhas/RN...................................................................17

Figura 02 –Microrregiões Seridó Ocidental (RN) e Catolé do Rocha

(PB)...........................................................................................................................................22

Figura 03 –Rede: primeiro produto têxtil fabricado em Jardim de Piranhas/RN...................25

Figura04 –Modelo do tear de madeira, denominado de “estreito”........................................25

Figura 05 – Modelo do tear de madeira, denominado de “largo”...........................................26

Figura 06 – Modelo do tear mecânico implementado no município em

1980...........................................................................................................................................27

Figura 07 – Modelo do tear automático, implementado em 1991...........................................28

Figura 08 – Principais elementos do tear.................................................................................29

Figura 09 – A cala....................................................................................................................30

Figura 10 – Movimento do pente............................................................................................ 30

Figura 11 – Lançadeira com o fio de trama............................................................................ 31

Figura 12 – Movimento feito pela lançadeira com o fio de trama...........................................31

Figura 13 – Tecido de plano, produto base da indústria têxtil local........................................32

Figura 14 – Modelo do tear de pince, implementado em 2014 ..............................................33

Figura 15 – Cobertor/Manta.....................................................................................................42

Figura 16 – Conjunto de banheiro...........................................................................................42

Figura 17 – Esfregão................................................................................................................42

Figura 18 – Flanelas.................................................................................................................43

Figura 19 – Pano de copa.........................................................................................................43

Figura 20 – Pano de prato........................................................................................................43

Figura 21 – Rede de dormir ....................................................................................................44

Figura 22 – Saco......................................................................................................................44

Figura 23 – Tapete...................................................................................................................44

Figura 24 –Toalha de banho...................................................................................................45

Figura 25 – Cidade de Jardim de Piranhas/RN........................................................................47

Figura 26 –Prefeitura Municipal de Jardim de Piranhas, erguida em 1956............................49

Figura 27 – Mercado Municipal, erguido em 1951 e inaugurado em 1952.............................49

Figura 28 – Açougue Municipal, inaugurado em 1968...........................................................49

Figura 39 – Igreja de Nossa Senhora dos Aflitos, erguida em 1710........................................50

Figura 30 –Casa da Cultura “Poeta Chico Pedra”, inaugurada em 2015................................50

Figura 31 – Antiga Praça Plínio Saldanha...............................................................................51

Figura 32 –Praça Plínio Saldanha, reformada em 2014..........................................................51

Figura 33 – Espacialização da indústria têxtil local no espaço urbano de Jardim de

Piranhas/RN – 2014..................................................................................................................53

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 –População do Município de Jardim de Piranhas/RN (1950/2010).......................20

Tabela 02 – Área ocupada para Atividade Industrial Têxtil, segundo Perfil das Empresas –

2014...........................................................................................................................................35

Tabela 03 – Preço do Aluguel de Estabelecimentos Têxteis em Jardim de Piranhas por

metragem – 2014.......................................................................................................................36

Tabela 04 – Geração de Trabalho e Renda decorrente da Indústria Têxtil de Jardim de

Piranhas – 2014.........................................................................................................................39

Tabela 05 –Teares utilizados nas MEs e EPPs em Jardim de Piranhas - 2014.......................40

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 –Critérios para Definição do Porte das Empresas, segundo diferentes agentes –

2014...........................................................................................................................................34

Quadro 2 –Produtos fabricados pelas MEs e EPPs de Jardim de Piranhas/RN – 2014..........46

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 –Tipo de Espaço usado pela Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN - 2014..35

Gráfico 02 –Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas, por condição de funcionamento...........37

Gráfico 03 –Terceirização na Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN –

2014...........................................................................................................................................38

Gráfico 04 –Geração de Ocupação decorrente da Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN -

2014...........................................................................................................................................40

Gráfico 05 –Produtos da Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN, pro número de empresas

fabricantes – 2014.....................................................................................................................45

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EPP – Empresa de Pequeno Porte

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

GPS – Global Positioning System

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

ME - Microempresa

PB – Estado da Paraíba

PMCMV – Programa Minha Casa Minha Vida

RN – Estado do Rio Grande do Norte

NE – Região Nordeste

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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SUMÁRIO

1INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 14

2 CIDADE E INDÚSTRIA: A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO JARDINENSE ......... 16

2.1 ASPECTOS GEOGRÁFICOS E HISTÓRICOS ............................................................... 16

2.2 ASPECTOS POPULACIONAIS ....................................................................................... 19

2.3 ASPECTOS ECONÔMICOS ............................................................................................. 21

3 CIDADE DA INDÚSTRIA: A PRODUÇÃO TÊXTIL JARDINENSE ......................... 24

3.1 FASES DA INDÚSTRIA TÊXTIL LOCAL...................................................................... 24

3.2 CARACTERÍSTICAS DA INDÚSTRIA TÊXTIL LOCAL ............................................. 33

4 INDÚSTRIA NA CIDADE: A CARTOGRAFIA DA ATIVIDADE TÊXTIL

JARDINENSE ......................................................................................................................... 47

4.1.A CONFIGURAÇÃO ATUAL DO ESPAÇO URBANO ................................................. 47

4.2 CARTOGRAFIA DA INDÚSTRIA TÊXTIL ................................................................... 52

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 55

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 56

APÊNDICE ............................................................................................................................. 58

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1 INTRODUÇÃO

A sociedade é objeto de estudo de diferentes áreas do conhecimento, todavia cada

uma delas se preocupa com uma dada dimensão ou fenômeno social. A Geografia, enquanto

ciência, estuda a sociedade em sua espacialização, ou seja, a sua organização espacial. Assim,

considera-se o espaço geográfico o objeto de estudo da Geografia (CORRÊA, 1990). Os

estudos geográficos podem assumir diferentes categorias de análises, dentre as quais

ressaltam-se aqueles que discutem o fenômeno urbano.

Com base nesses pressupostos, desenvolveu-se uma pesquisa que contemplou o

tema Cidade na perspectiva da relação entre o fenômeno urbano e a atividade industrial.

Como base empírica para a realização desse estudo, elegeu-se Jardim de Piranhas/RN, cidade

localizada na Microrregião do Seridó Ocidental, na Mesorregião Central do Rio Grande do

Norte.

A relação entre a atividade têxtil e Jardim de Piranhas está associada ao processo

de formação de seu território. Até por volta dos anos de 1950, a localidade tinha uma

economia essencialmente de base agrária, embora a atividade têxtil já fosse realizada em

moldes artesanais. Todavia, a partir desse período, o município passou a vivenciar mudanças

em sua estrutura produtiva que foram responsáveis pela configuração de um perfil

socioeconômico urbano/industrial, marcado pelo desenvolvimento da produção têxtil. Nas

duas últimas décadas do século XX, esse processo foi intensificado, tendo em vista a evolução

da atividade, em termos de uso de técnicas e tecnologias,que a transformaram em uma das

principais fontes de renda da população local. Por conseguinte, tornou-se um dos segmentos

mais relevantes da economia jardinense.

Considerando o exposto e com base na premissa de que cidade e indústria

possuem uma estreita relação na tessitura do fenômeno urbano, o objeto de estudo está sendo

problematizado a partir das seguintes questões: como se deu o processo de desenvolvimento

da indústria têxtil na cidade, considerando uma perspectiva histórica? Como se caracteriza a

indústria têxtil local quanto ao perfil das empresas e a produção?Quais as repercussões desta

atividade no mercado de trabalho local, em termos de ocupação e renda? Como se configura a

cartografia da indústria jardinense?

Em consonância com a problematização que norteou os estudos, definiu-se

comoobjetivo geral compreender a relação entre cidade e indústria na tessitura do fenômeno

urbano em Jardim de Piranhas/RN e, como objetivos específicos,evidenciar aspectos

históricos da formação do território, considerando ainda aspectos populacionais e

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econômicos; descrever as fases que compreendem o processo de desenvolvimento da indústria

têxtil na cidade; caracterizar a indústria têxtil local quanto ao perfil das empresas e a

produção; avaliar as repercussões dessa atividade no mercado de trabalho, em termos de

ocupação e renda; demonstrar a cartografia da indústria têxtil jardinense no âmbito do espaço

citadino.

Os procedimentos utilizados corresponderam à pesquisa bibliográfica para fins de

embasamento teórico acerca de conceitos pertinentes a Geografia Urbana,e historiográfica,

com base em autores locais e regionais, visando a compreensão dos aspectos históricos e

econômicos relativos à área de estudo;pesquisa documental em banco de dados estatísticos

para obter informações sobre aspectos econômicos e populacionais; pesquisa de campo por

meio da realização de entrevistasdo tipo semiestruturada, com empresários da indústria

têxtillocal visando compreender o desenvolvimento da atividade e sua evolução tecnológica,

eaplicação de formulários com empresários ou responsáveis pelas indústrias para fins de

coleta de dados sobre número e perfil das empresas.Dentre as 82 unidades industriais têxteis

existentes na cidade, 62 proprietários ou representantes dos estabelecimentos responderam ao

formulário utilizado como instrumento da coleta de informações, o que representa uma

amostra de 75,6% do total.

A pesquisa de campo ainda envolveu registros fotográficos e delimitação de

pontos com uso do GPS (Global Positioning System) (Datum WGS84) com o objetivo de

elaborar a cartografia da indústria têxtil da cidade.Para transformar os elementos coletados em

informações que remetam a realidade socioespacial em análise, foram utilizados

procedimentos como a tabulação de dados através do software SPHINX 5 e, para a elaboração

de gráficos e tabelas foram utilizados os softwares Microsoft Office Word 2010 e o Microsoft

Office Excel 2010.

A justificativa para a realização dessa pesquisa fundamenta-se na importância da

indústria têxtil para a dinâmica urbanade Jardim de Piranhas, a qual sereflete e/ou influencia

na atual estrutura socioespacial e econômica da cidade.

O trabalho monográfico encontra-se sistematizadonos seguintes capítulos: Cidade

e Indústria: a formação do território jardinense, que aborda a origem do lugar e aspectos

populacionais e econômicos; Cidade da Indústria: a produção têxtil jardinense, quediscorre

sobre as fases de evolução e as características da indústria têxtil local, e Indústria naCidade: a

cartografia da atividade têxtil jardinense, que demonstra a distribuição dos estabelecimentos

fabris por meio de representação espacial e realiza uma leitura dessa espacialização.

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2CIDADE E INDÚSTRIA: A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO JARDINENSE

A cidade é um espaço que desperta a curiosidade e o interesse de pesquisadores

das mais distintas ciências, sendo um objeto de estudo bastante investigado na Geografia.

Ao longo do tempo, a cidade é caracterizada pelos agentes que a constroem e a

transformam, sejam eles políticos, religiosos, econômicos. A ação desses agentes resulta em

peculiaridades que podem fazer com que uma cidade até se pareça com outra, porém jamais

seja igual. Tais peculiaridades denotam como o espaço foi utilizado pelo homem, resultando

em sua forma atual. Esse processo ratifica a concepção de Carlos (2009, p. 43), segundo a

qual a cidade corresponde a:

Uma forma histórica específica que se explica através da sociedade que a produz,

num produto da história das relações materiais dos homens que a cada momento

adquire uma nova dimensão; a específica de um determinado estágio do processo de

trabalho vinculado à reprodução do capital (e que explica, por exemplo, as

mudanças sofridas na cidade).

Em algumas realidades socioespaciais, a indústria aparece como um elemento de

construção e transformação do espaço citadino, cuja forma de ocupação, planejada ou não,

resulta em uma configuração que apresenta particularidades. Assim, a cidade é fruto não

somente da forma como o homem se apropria do espaço para desenvolver a indústria, mas

também da influência que esta atividade tem nas demais instâncias que a conformam, por

exemplo, na economia, sendo responsável pela geração de emprego e ocupação para uma

parcela da população.

Considerando o exposto, definiu-se a relação entre cidade e indústria como

temática norteadora desta pesquisa que tem na cidade de Jardim de Piranhas sua referência de

análise.

Adotando a opção metodológica de que o espaço atual reflete também ações que

foram desencadeadas no passado, cumpriu-se um itinerário que perpassa pela geografia,

história, demografia e economia do município de Jardim de Piranhas.

2.1ASPECTOS GEOGRÁFICOS E HISTÓRICOS

O município de Jardim de Piranhas (Figura 01) localiza-se na Microrregião

Geográfica do Seridó Ocidental, na Mesorregião Central do Estado do Rio Grande do Norte.

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Suas coordenadas geográficas correspondem a: latitude de 6° 22’ 43’’ Sul e de longitude 37°

21’ 07’’ Oeste. A extensão territorial do município é de 330,532 km², equivalente a 0,63 % da

superfície estadual; limita-se ao Norte com Jucurutu e Belém do Brejo do Cruz (PB); ao Sul

com Serra Negra do Norte e Timbaúba dos Batistas; ao Leste com São Fernando e, ao Oeste,

com os municípios do Estado da Paraíba - São Bento, Brejo do Cruz e São José do Brejo do

Cruz.

Figura 01: Município de Jardim de Piranhas/RN

Fonte: Autoria própria, 2014.

O referido município apresenta clima semiárido, com período chuvoso de

fevereiro a maio, temperaturas anuais de 33,0°C máxima, 27,5°C média e 18°C de mínima,

tendo 2.700 horas de insolação. A formação vegetal é a Caatinga Hiperxerófila, que possui

características de espécies mais secas. O solo predominante é o Bruno Não Cálcico Vértico,

com fertilidade natural alta. Seu relevo faz parte da Depressão Sertaneja e possui uma

variação de altitude de 100 a 200 metros. Quanto à geologia, os terrenos pertencem ao

Embasamento Cristalino (CPRM, 2005; IDEMA, 2008). No que se refere à hidrologia, o

município encontra-se inserido na Bacia Hidrográfica do Rio Piranhas – Açu, sendo este rio a

fonte de abastecimento da cidade.

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O surgimento da cidade de Jardim de Piranhas está relacionado a uma

aglomeração humana que deu origem ao povoado localizado às margens do Piranhas-Açu,

cujas terras férteis permitiram a atividade da agricultura de subsistência e a criação de gado.

De acordo com a historiografia regional (DANTAS, 1961 apud MORAIS, 2005, p. 220),

[...] no local onde hoje se ergue a cidade, existia a Fazenda Jardim, à margem direita

do Rio Piranhas. Sua proprietária, Margarida Cardoso Cavalcante, concedeu terreno

para a edificação de uma capela que foi erguida por volta de 1710 sob a invocação

de Nossa Senhora dos Aflitos. Nos arredores da capela surgiu a povoação que

recebeu o nome de Jardim de Piranhas devido a sua formação em terras da antiga

Fazenda Jardim e à proximidade com o Rio Piranhas.

O povoado foi transformado em Distrito de Paz do município de Caicó, em 09 de

abril de 1859 pela Lei de n° 435. Após quase nove décadas, no ano de 1948, foi elevado à

condição de município pela Lei de n°146 de 23 de dezembro, mas sua instalação oficial

ocorreu somente no dia 1° de janeiro de 1949 (MORAIS, 2005).

No âmbito da legislação brasileira, desde 1941, que a sede de um município,

independente do seu tamanho populacional e da infraestrutura urbana, é considerada cidade.

Nesse sentido, a aglomeração humana que havia se formado nas proximidades do Rio

Piranhas, quando ocorreu a emancipação do município, foi considerada a base para a

edificação da cidade de Jardim de Piranhas.

No processo de formação do espaço urbano de Jardim de Piranhas, um evento

marcante foi a construção da Ponte Amaro Cavalcanti sobre o Rio Piranhas, inaugurada no dia

28 de março de 1954. De acordo com informações obtidas na pesquisa de campo, até a

construção da ponte, para ultrapassar o rio, era necessário que pessoas, veículos e mercadorias

fossem transportados por meio de balsas e canoas. Esse novo elemento no espaço jardinense

intensificou a interação com o estado da Paraíba, resultando na consolidação das relações de

comércio entre as cidades de Jardim de Piranhas e São Bento, antes, dificultada pela

existência do Rio Piranhas, que representava uma barreira natural. Com a construção da

ponte, os reveses de locomoção foram superados e mais comerciantes se destinaram ao

mercado paraibano para expor seus produtos: redes e cobertores. A cidade de São Bento

passou a ser o principal mercado de exposição dos produtos jardinenses, ambiente propício

para a venda e o estabelecimento de contatos comerciais com pessoas de diferentes

localidades, inclusive de outras regiões do Brasil.

O crescimento da cidade de Jardim de se intensificou a partir das décadas de 1960

e 1970, influenciado pelas ações do Estado no que se refere a implementação da infra-

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estrutura urbana e pelo desenvolvimento da atividade têxtil, que se tornaram atrativos

populacionais, contribuindo para a migração rural-urbana.

Na década de 1990, a configuração urbana de Jardim de Piranhas foi ampliada por

meio de uma ação governamental, que gerou uma significativa expansão do bairro Santa

Cecília. Precisamente no ano de 1996, foi implantado um programa habitacional visando a

construção de moradias para cidadãos jardinenses, inclusive da zona rural.

2.2 ASPECTOS POPULACIONAIS

Considerando a perspectiva de investigação acerca da temática cidade e indústria,

torna-se importante evidenciar aspectos populacionais relacionados à base empírica em

análise.

A dinâmica populacional de Jardim de Piranhas foi avaliada com base nos Censos

Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), que contemplam o

período de 1940 a 2010. Ressalta-se que, em 1940, quando foi realizado o primeiro Censo

Demográfico que contabilizou a população segundo seu local de residência (rural ou urbano),

Jardim de Piranhas ainda era Distrito de Paz de Caicó. Não obstante, o Censo Demográfico de

1940 (IBGE, 1950) registrou que no referido Distrito de Paz, a população era formada por

4.946 habitantes, sendo a zona urbana detentora de 688 habitantes (13,9%) e a zona rural de

4.258 habitantes (86,1%), caracterizando a localidade como predominantemente rural, o que

está associado ao seu perfil econômico.

Em termos demográficos, os dados censitários revelam que, entre 1950 e 2010, a

dinâmica local apresentou tendências semelhantes às que ocorriam em escala estadual e

nacional, ou seja, houve crescimento da população total e urbana e redução da população rural

(Tabela 01).

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20

Tabela 01 – População do Município de Jardim de Piranhas/RN (1950/2010).

CENSOS

POPULAÇÃO

Total

Taxa de

crescimento

(%)

Urbana

Taxa de

crescimento

(%)

Rural

Taxa de

crescimento

(%)

1950 5 750 - 1 089 - 4 661 -

1960 6 283 9,2 1 265 16,1 5 018 7,6

1970 7 910 25,8 2 420 91,3 5 490 9,4

1980 8 487 7,2 3 969 64,0 4 518 -17,7

1991 9 957 17,3 5 998 51,1 3 959 -12,3

2000 11 994 20,4 8 998 50,0 2 996 -24,3

2010 13 506 12,6 10 596 17,7 2 910 -2,87

Fonte: IBGE. Estado do Rio Grande do Norte (1950): Censo Demográfico, p. 77-78.

Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/. Acesso em: 02 dez. 2014.

Disponível em: http://www.ipeadata.gov.br/. Acesso em: 02 dez. 2014.

A população total do Município de Jardim de Piranhas, no período de 1940 a

2010, cresceu 134,88%. Nesse intervalo, a população urbana registrou um acréscimo de

873%, enquanto a população rural foi reduzida em 37,56%. O comportamento assumido pela

dinâmica populacional do município revela a tendência à consolidação de um perfil

predominantemente urbano.

No que se refere à população total, observa-se que a taxa de crescimento foi mais

representativa entre dois períodos censitários: 1960 a 1970, quando o Seridó vivia o auge do

algodão e a indústria têxtil em Jardim de Piranhas estava se fortalecendo, e 1980 a 1991,

período em que a migração rural-urbana intensificou-se, influenciando no aumento da

população urbana local.

A população rural, que em 1950 representava 81,1% da população total, mostrou-

se ascendente até o Censo de 1970, mas com taxas de crescimento pouco expressivas. No

Censo de 1980, embora ainda fosse prevalecente, foi evidenciado o decréscimo da população

rural, ou seja, taxa de crescimento negativa em relação a 1970. A partir desse período,

afirmou-se a tendência a redução da população rural em termos absolutos, o que se refletiu em

sequenciadas taxas de crescimento negativas.

Possivelmente, as explicações para esse padrão de comportamento estão

associadas, entre outros, ao fluxo migratório rural-urbano. De acordo com entrevistas

realizadas, entre os anos de 1950 e 1980, muitas famílias transferiram-se da zona rural para a

cidade em busca de educação para os filhos e de trabalho na indústria têxtil, que já despontava

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como um setor de destaque no âmbito local. Nesse período, a pecuária e a agricultura de

subsistência foram se tornando atividades secundárias e menos lucrativas em nível de

município.

A população urbana, que em 1950 correspondia a apenas 18,9% da população

total, registrou no período em análise um incremento significativo, com taxas de crescimento

bastante elevadas. A despeito da propensão a crescimento, somente no Censo de 1991 foi

notificado que a população urbana se tornou maioria no município, tendência que se manteve

nos censos seguintes. No Censo de 2010, apesar da desaceleração no crescimento desse

segmento populacional, a taxa de urbanização foi de 78,5%, evidenciando um perfil

demográfico predominantemente urbano no município.

Refletindo sobre esse perfil demográfico em uma escala local, infere-se que está

associado a dinâmica econômica de Jardim de Piranhas que tem na indústria têxtil uma de

suas mais expressivas atividades. Todavia, não se deve perder de vista que, a tendência a

concentração de habitantes na cidade está envolta em processos gestados no âmbito do projeto

de modernização brasileiro pautado na industrialização e urbanização, que data da década de

1950, e assume uma escala nacional. Neste sentido, é importante ressaltar que, a urbanização

em Jardim de Piranhas está inserida nessa lógica que articula as escalas nacional e local.

Sendo assim, a expansão da indústria têxtil em Jardim de Piranhas, por ter uma

elevada capacidade de gerar trabalho, emprego e renda, se constitui um vetor de atração

populacional, passando a influenciar fortemente a dinâmica urbana do município.

2.3ASPECTOS ECONÔMICOS

No contexto de emancipação de Jardim de Piranhas, a economia local era baseada

na pecuária e na agricultura. A despeito desse perfil econômico, ao longo do tempo, o

município passou a desenvolver uma atividade muito importante para a economia local, que a

fez reconhecida nacionalmente. Trata-se da indústria têxtil voltada para a produção de

cobertores, conjuntos, esfregões, flanelas, panos de prato, panos de copa, redes, sacos, tapetes

e toalhas; tais produtos possuem uma gama de variedades.

A história dessa atividade econômica e da formação populacional da cidade está

diretamente relacionada às relações que se estabeleceram entre Jardim de Piranhas e os

municípios paraibanos da Microrregião de Catolé do Rocha (Figura 02), como Brejo do Cruz

e São Bento. De acordo com dados obtidos por meio de entrevistas com pessoas memórias da

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cidade, uma parcela da população que se fixou em Jardim de Piranhas veio de Brejo do Cruz,

enquanto São Bento foi responsável pelos fluxos que se firmaram via comercialização de

produtos têxteis, sobretudo a rede de dormir.

Figura 02: Microrregiões Seridó Ocidental (RN) e Catolé do Rocha (PB)

Fonte: Autoria própria, 2014.

Na década de 1940, a falta de um mercado público em Jardim de Piranhas, onde a

população pudesse adquirir mercadorias, contribuiu para que as relações comerciais com os

municípios vizinhos se tornassem relevantes. Assim, os utensílios domésticos eram adquiridos

na cidade paraibana, mas, existia uma barreira natural (o Rio Piranhas) que dificultava o

deslocamento e o fortalecimento das relações comerciais entre as referidas localidades.

Nesse contexto, o comércio das redes de dormir produzidas na cidade de São

Bento (PB) foi se fortalecendo e expandindo, sendo Jardim de Piranhas um dos seus mercados

consumidores. A fácil aceitação desse produto no mercado local e regional foi fundamental

para a implantação da indústria têxtil em Jardim de Piranhas, quando ainda era Distrito de

Caicó, em meados da década de 1940.

Data desse período, os primeiros investimentos na fabricação de produtos

derivados do algodão, ainda sem o auxílio das máquinas. Em princípio, a fabricação têxtil

utilizava teares de madeira que necessitavam da atividade braçal. Segundo Sales, Araújo e

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Macário (1994, p. 52) “[...] Os primeiros teares foram instalados na cidade (sic)no ano de

1945”.

Nessa época, o produto base da produção têxtil era a rede de dormir. O fio

utilizado para a fabricação do produto era fornecido por empresas situadas na capital do

estado, Natal, aproximadamente 287 km de distância de Jardim de Piranhas. Após 1945, a

economia têxtil se fortaleceu intensificando as relações comerciais de Jardim de Piranhas com

municípios do seu entorno.

Após a implantação da atividade têxtil em Jardim de Piranhas, a cidade de São

Bento passou a ser o seu principal mercado, ou seja, espaço de comercialização. A “feira da

pedra”, espaço onde são comercializados os mais diversos produtos em São Bento, foi por

muito tempo uma importante vitrine para os produtos têxteis fabricados no ainda Distrito de

Paz de Jardim de Piranhas.

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3 CIDADEDA INDÚSTRIA: A PRODUÇÃO TÊXTIL JARDINENSE

O Município de Jardim de Piranhas é considerado uma referência em termos de

produção têxtil no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte. Essa atividade, desenvolvida na

cidade, influencia em sua organização espacial e se constitui um dos pilares da economia do

município na atualidade.

Nesse sentido, realizou-se um percurso de investigação visando descrever as fases

que compreendem o processo de desenvolvimento da indústria têxtil na cidade, apresentar as

características que assume quanto ao perfil das empresas e a produção que realizam e avaliar

suas repercussões no mercado de trabalho.

3.1 FASES DA INDÚSTRIA TÊXTIL LOCAL

A indústria têxtil no município de Jardim de Piranhas sofreu transformações ao

longo do tempo, de modo que, a cada tecnologia implementada no processo produtivo, novas

características foram sendo incorporadas a atividade. A produção têxtil local passou por um

processo de evolução tecnológico, no qual os teares de madeira foram pioneiros e, na

sequência cronológica, surgiram os mecânicos, os automáticos e, por fim, o de pince.

O marco inicial dessa atividade em Jardim de Piranhas foi o ano de 1945 quando

o Senhor Pedro Plácido de Almeida iniciou os investimentos na fabricação de redes (Figura

03), ainda sem o auxílio das máquinas. Em princípio, a produção têxtil utilizava teares de

madeira que necessitavam de mão de obra braçal.

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Figura 03: Rede: primeiro produto têxtil fabricado em Jardim de Piranhas/RN

Fonte: Cunha, 2006.

No início das atividades em Jardim de Piranhas, os produtos eram fabricados em

um tear denominado de “estreito” (Figura 04), pelo fato de produzir um tecido com 50 cm de

largura, que não correspondia às dimensões necessárias para produzir a rede, a qual possuía

150 cm de largura. Assim, a rede e o cobertor eram confeccionados pela junção de três peças

de 50 cm de largura, resultando em uma única peça de 150 cm de largura. Nesse modelo de

tear cada homem trabalhava com um equipamento.

Figura 04: Modelo do tear de madeira, denominado de “estreito”

Fonte: Arquivo do autor, 2014.

Pouco tempo depois surgiu o tear “largo” (Figura 05) que apresentava a

possibilidade de tecer um único tecido, já com as dimensões necessárias a produção da rede e

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da coberta ou cobertor. A partir desse momento, os produtos que antes eram formados pela

junção de três peças de 50 cm de largura cada, passaram a ser tecidos como uma única peça

que variava de 1,60 a 1,80 cm de largura. Com isso, os produtos tornaram-se mais

confortáveis, pois não necessitavam de costuras para juntar as peças, e apresentavam uma

qualidade superior. Mesmo com o avanço na fabricação dos produtos, não houve substituição

do homem pelo equipamento, pois ainda era necessário um homem para cada tear.

Figura 05: Modelo do tear de madeira, denominado de “largo”

Fonte: Erivan Sales de Araújo, 2013.

Na década de 1970, o cenário estrutural da atividade têxtil não se alterou,

mantendo-se a confecção artesanal. Os produtos se resumiam aos já existentes, rede e coberta.

Mas, as relações comerciais foram ampliadas, passando a abranger outras regiões do Brasil,

sobretudo a Região Norte.

Nos anos de 1980, inovações tecnológicas repercutiram sobre a atividade têxtil

jardinense por meio dos teares mecânicos ou elétricos (Figura 06). Com o uso desses teares, a

produção tornou-se menos dependente da força de trabalho, que gradativamente foi sendo

substituída pela máquina, tendo em vista que apenas um trabalhador manuseia, em média, 05

teares mecânicos/elétricos; os equipamentos anteriores requisitavam um homem para cada

tear.

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Figura 06: Modelo do tear mecânico implementado no município em 1980

Fonte: Arquivo do autor, 2014.

Essa inovação tecnológica repercutiu positivamente na dinâmica da produção

fazendo surgir mercadorias com maior qualidade e menores custos e, consequentemente, mais

competitivas. Além disso, foi possível também aumentar e diversificar a produção têxtil, o

que ampliou a cadeia produtiva, inclusive no segmento de acabamento das novas peças. Nesse

contexto, a indústria têxtil se tornou a principal atividade econômica da cidade de Jardim de

Piranhas.

Os teares mecânicos são responsáveis por produtos com até 2,20 metros de

largura, o que antes não era possível devido às limitações dos equipamentos artesanais. A

produtividade passou por um significativo aumento visto que os novos teares conseguiram

duplicar a produção diária. No caso de rede ou cobertor, antes a produção diária era de 40

unidades. Com a nova tecnologia, a produção passou a ser de 80 unidades diárias. Maior

produção e produtividade fizeram com a indústria têxtil jardinense buscasse novos mercados;

a Região Norte do país não era mais suficiente para absorver a produção; iniciavam-se as

relações comerciais com outras regiões do país, sobretudo o Centro-Oeste.

Na década de 1980, a expansão e dinamismo da atividade têxtil de Jardim de

Piranhas reforçou sua importância para a economia local. Segundo Oliveira (1990, p. 6), por

volta de 1990, a cidade contava “com cerca de 93 unidades fabris, todas consideradas de

pequeno porte”.

Aproximadamente uma década após a implantação do tear mecânico, a indústria

local passou por inovações tecnológicas. Em 1992, o Senhor Joilson Borges da Silva,

empresário da indústria têxtil local, foi o responsável por implementar no município o tear

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automático (Figura 07). Com a inserção desse tipo de tear no processo produtivo, foi ainda

mais reduzida a dependência da força de trabalho humana. As máquinas, mediante a devida

programação, apresentam a capacidade de diagnosticar irregularidades na tecelagem do

produto. Antes, era necessário que um trabalhador realizasse uma observação minuciosa para

detectar possíveis problemas com os fios. Agora, quando o problema ocorre, o tear

automaticamente interrompe seu funcionamento, o que sinaliza que algo de errado está

acontecendo.

Figura 07: Modelo do tear automático, implementado em 1991

Fonte: Arquivo do autor, 2014.

Com o tear automático potencializou-se a fabricação têxtil, tanto no que se refere

aos produtos já existentes, quanto no que diz respeito aos novos, sendo possível ainda grande

variedade de um único produto. Nesse contexto, a produção têxtil aumentou a

competitividade; um homem trabalhava com 06 máquinas, o que acarretou em desoneração

dos custos de produção e maior competitividade das empresas em mercados ainda não

explorados.

Na década de 1990, dentre os segmentos da indústria têxtil local, um deles

assumiu um papel importante na expansão da atividade no espaço urbano jardinense: a

fabricação de pano de prato, que se tornou um produto de grande aceitação no mercado. Logo

se transformou no líder de vendas e, consequentemente, o produto de maior fabricação da

indústria têxtil do município.

A fabricação de pano de prato, em nível local, foi uma iniciativa do Senhor

Renato Ferreira de Araújo, que abriu sua empresa em 1991. Logo esse segmento produtivo se

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disseminou na cidade, tendo em vista que uma parte significativa das indústrias utilizava mão

de obra familiar e se desenvolvia no ambiente doméstico. Ou seja, membros de uma família

realizavam as atividades fabris, desde a fabricação até o acabamento do produto, no próprio

espaço de suas moradias. Dessa forma, é uma atividade que se realizava com custos menores,

demandando menores investimentos, o que possibilitou que mais famílias pudessem investir

na indústria têxtil. Todavia, é importante ressaltar que o conjunto dessas características

delineou um cenário que se distancia do que se apresenta no âmbito da produção têxtil na

atualidade, conforme será descrito a seguir.

Em Jardim de Piranhas, os avanços tecnológicosrepercutiram sobre a indústria

têxtil ao transformara estrutura do tear, tornando-a bastante complexa. A compreensão do

processo evolutivo do tear pressupõe identificar os elementos que o compõem (Figura 08).

Figura 08: Principais elementos do tear

Fonte: Pereira, 2008.

A descrição do papel de cada elemento do tear no processo de produção têxtil

permite inferir sobre o seu funcionamento. O rolo de urdume contém os fios, todos dispostos

de forma paralela, que são divididos em duas partes. Cada parte passa por um quadro de liços,

os quais são responsáveis pela formação da cala(Figura 09), que é uma abertura triangular

entre o tecido e o pente (Figura 10), resultado do soerguimento de um dos quadros de

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liços.Em seguida o urdume passa pelo pente, que condiciona a largura do tecido, e, por fim, o

tecido é enrolado no rolo (PEREIRA, 2008).

Figura 09: A cala

Fonte: Pereira, 2008 (adaptado).

Figura 10: Movimento do pente

Fonte: Pereira, 2008 (adaptado).

Pela abertura da cala passa a lançadeira (Figura 11) com o fio de trama em um

movimento (Figura 12) de ida e volta. O pente pressiona o fio de trama no intervalo do

movimento da lançadeira.

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Figura 11: Lançadeira com o fio de trama

Fonte: Pereira, 2008.

Figura 12: Movimento feito pela lançadeira com o fio de trama

Fonte: Pereira, 2008 (adaptado).

Portanto, é esse o processo de fabricação do chamado tecido de plano,

amplamente utilizado na produção têxtil de Jardim de Piranhas (Figura 13).

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Figura 13: Tecido de plano, produto base da indústria têxtil local

Fonte: Pereira, 2008 (adaptado).

Esse tipo de tecido, segundo DuPont (1991, p. 5 apud Pereira, 2008, p. 35),

apresenta a seguinte descrição: “Os fios no sentido do comprimento são conhecidos como fios

de urdume, enquanto que os fios na direção da largura são conhecidos por fios de trama. As

bordas do tecido no comprimento são as ourelas, que são facilmente distinguíveis do resto do

material.”

Ainda considerando o processo de inovações tecnológicas na indústria têxtil

jardinense, em 2014, foram introduzidos os teares de pince, utilizados principalmente pelos

empresários que detém maior poder de investimento. Em relação aos teares antecedentes, os

teares de pince (Figura 14) são mais silenciosos, o que reduziu a poluição sonora, problema

historicamente relacionado à indústria têxtil em razão do tipo de maquinário usado.

Entretanto, a sofisticação das máquinas reduziu sobremaneira o número de trabalhadores

necessários à produção, ao mesmo tempo em que potencializou a produtividade. Mediante o

uso do tear de pince, uma pessoa opera 10 máquinas, o que significa que trabalha

aproximadamente com o dobro de máquinas que operacionalizava em 1992.

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Figura 14: Modelo do tear de pince, implementado em 2014

Fonte: Arquivo do autor, 2014.

Considerando o protagonismo da indústria têxtil em Jardim de Piranhas, optou-se

por identificar as características da indústria têxtil local, sua produção e o perfil das empresas

que atuam no setor e, ainda, avaliar as repercussões dessa atividade na geração de trabalho e

renda em nível local.

3.2CARACTERÍSTICASDA INDÚSTRIA TÊXTIL LOCAL

No Brasil, os órgãos governamentais utilizam critérios variados para definir as

empresas quanto ao seu porte e identificação: microempresa, pequena empresa, média

empresa e grande empresa.O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES) A Lei Complementar nº 123, que institui o Estatuto da Microempresa e da Empresa

de Pequeno Porte,permitiu a unificação de diversos tributos em um único recolhimento das

microempresas e empresas de pequeno porte,definem o porte das empresas com base em

receita bruta anual. Já o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE) utiliza critérios baseados no número de empregados (Quadro 01).

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Quadro 01 – Critérios para Definição do Porte das Empresas, segundo diferentes agentes -

2014

Ordenamentos Jurídicos Porte das Empresas

Microempresa Pequena Empresa Média Empresa

Estatuto da MPE

(Receita bruta anual)

R$

433.000,00 R$ 2.133.000,00 .................

SIMPLES

(Receita bruta anual)

R$

240.000,00 2.400.000,00 .................

SEBRAE

(N° de empregados) 0 - 19 20 – 99 100 – 499

Fonte: Lei Complementar nº 123/2006, Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

Anuário do Trabalho na Microempresa e Pequena Empresa 2011/2012. SEBRAE.

Nesse sentido, verifica-se que há várias possibilidades de classificação do porte

das empresas, mediante a utilização de critérios diversos. Segundo Lima (2001, p. 422)

“Vários indicativos podem ser utilizados para a classificação das empresas nas categorias

micro, pequena, média e grande, mas eles não podem ser considerados completamente

apropriados e definitivos para todos os tipos de contexto”.

A utilização das leis anteriormente citadas para definir o porte das empresas da

indústria de Jardim de Piranhas, torna-se improvável não apenas pelo critério de receita bruta

anual, mas pelo fato da indústria têxtil jardinenseapresentar elevado nível de informalidade.

Nesse sentido, o critério de definição usado pelo SEBRAE, que se baseia no

número de empregados por empresa, apresenta-se mais adequado a realidade da indústria

local, o que justifica sua utilização neste trabalho.

Com base nesse critério e de acordo com a pesquisa de campo, existem na cidade

de Jardim de Piranhas 82 unidades industriais têxteis, sendo 85,5% classificada como MEs e

14,5% como EPPs.

A gestão da atividade industrial local é predominantemente exercida por pessoas

do sexo masculino (91,7%), e apenas 8,3% são do sexo feminino.

Embora a atividade têxtil jardinense, em seu início, tenha se caracterizado como

predominantemente inserida em ambientes domésticos, ao longo do tempoteve alterada essa

condição, conforme demonstram os dados atuais (Gráfico 01).

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Gráfico 01 – Tipo de Espaço usado pela Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN – 2014

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

Tomando como referência Oliveira (1990), no início dos anos de 1990, todas as

unidades fabris estavam localizadas em ambientes domésticos. Todavia, as informações

obtidas indicaram queem 2014, na cidade, a atividade têxtil é desenvolvida

predominantemente em espaço apropriado, ou seja, destinado para esse fim. Portanto,

constata-se que as mudanças em relação ao local de desenvolvimento da atividade são, de

certa forma, recentes.Possivelmente, esse fato decorre da ascensão econômica da atividade

que possibilitou investimentos em espaços apropriados, seja pelo interesse pessoal de

desvincular o ambiente de trabalho do ambiente familiar ou pela necessidade de melhores

condições para o desenvolvimento da atividade.

No que se refere a área ocupada pelas MEs e as EPPs na Cidade de Jardim de

Piranhas, os dados podem ser visualizados na Tabela 02.

Tabela 02 – Área ocupada para Atividade Industrial Têxtil, segundo Perfil das

Empresas em Jardim de Piranhas - 2014

Perfil das Empresas Área Ocupada (m²) Área Média Ocupada por

Empresa (m²)

Microempresas 15582 294

Empresas de Pequeno Porte 6535 726

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

As MEs, que representam 85,5% da indústria têxtil local, ocupam maiores

extensões que as EPPs.Entretanto, quando se analisa a área média ocupada por

empresa,constata-se que são asEPPs, que representam 14,5%, que apresentam número mais

88,7%

11,3%

Espaço Apropriado

Espaço Doméstico

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elevado. Tal diferençaé motivada pelo fato de que as EPPspossuem maior estrutura de

fabricação.

Em relação à condição de propriedade dos espaços onde a atividade industrial se

encontra instalada, tem-se que 83,9% desses imóveis assumem a condição de próprios e

apenas 16,1% são alugados. Essa informação é importante para se compreender o

elevadopreço dos aluguéis no mercado imobiliário local (Tabela 03).

Tabela 03 – Preço do Aluguel de Estabelecimentos Têxteis em Jardim de Piranhas

por metragem – 2014

Metragem (m²) Preços (R$)

60 300,00

100 300,00

110 700,00

200 350,00

200 500,00

200 600,00

200 1000,00

256 600,00

312 500,00

1000 400,00

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

As informações obtidas indicam que os preços dos aluguéis praticados no

mercado local para fins de uso dos imóveis pela indústria não são baseados na dimensão do

espaço, pois não existe uma relação coerente e progressiva entre valores e dimensões. Os

preços dos aluguéis são estimados levando-se em conta a infraestrutura e a localização

geográfica do imóvel na cidade. Por exemplo, imóveis situados em ruas pavimentadas ou na

área central são mais valorizados. Estes fatores influenciam diretamente a política de preços

de aluguéis de imóveis para serem usados pela indústria têxtil local.

Dentre as empresas que atuam no setor têxtil em Jardim de Piranhas, embora

ainda existamalgumascom características artesanais, prevalecem aquelas que passaram por

transformações, seja com a implementação gradativa de novas tecnologias, seja por meio de

melhorias no desempenho econômico. Dessa perspectiva algumas empresas conseguiram sair

da informalidade e desempenham a atividade de forma profissional e não familiar.

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Apesar disso, no que se refere à condição de funcionamento das empresas,

identificou-se que a informalidade ainda é predominante na indústria têxtil local, sobretudo

entre as MEs(Gráfico 02).

Gráfico 02 – Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas, por condição de funcionamento

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

A expressiva taxa de informalidade na indústria têxtil local acarreta uma situação

de precarização do trabalho, visto que um considerável número de trabalhadores não tem

resguardados seus direitos trabalhistas.Inclusive, esse é um dos motivos pelos quais uma

parcela dessa força de trabalho busca novas ocupações e/ou empregos, especialmente na área

de serviços que garante as condições que a indústria informal não fornece.

Ainda no que diz respeito à caracterização da indústria têxtil jardinense ressalta-se

que, nos últimos anos, vem se afigurando uma tendência à terceirização, ou seja, a instauração

de relações de trabalho em que uma empresa transfere à outra, suas atividades ou parte delas,

na perspectiva de ter maior disponibilidade de recursos, reduzindo a estrutura operacional e os

custos, economizando e desburocratizando a administração.Para Lima (2010, p.18),

A terceirizaçãopermite flexibilizar o processo produtivo. Trata-se da reorganização

daprodução com a focalização das atividades fins das empresas e a externalização

das demais. As empresas eliminam setores produtivos, administrativos ou de

serviços, consideradoscomplementares às suas atividades fins e transferem sua

realização para outras empresas, concentrando-se no produto principal.

O quadro geral das empresas que atuam na produção têxtil de Jardim de Piranhas,

no ano de 2014, no que se refere a terceirização está demonstrado no Gráfico 03.

62,9%

37,1%

Indústria informal

Indúsústria formal

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Gráfico 03 – Terceirização na Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

No caso da indústria têxtil local, a terceirização representa uma alternativa aos

riscos da produção própria, tendo em vista que o empreendedor terceirizado fabrica o produto

e repassa para uma empresa, que efetiva sua finalização e é responsável pela comercialização.

Sendo assim, a terceirização é uma estratégia de produção que atende as expectativas de

ambos os empreendedores. Isso porque a empresa terceirizada não sofre pressão pela busca de

mercados para seus produtos e os riscos de calote são mínimos, visto que sua relação é com

comerciantes conhecidos do mercado local; somente em raras condições a produção das

terceirizadas abastece outros mercados. Para os contratantes, os benefícios apresentam-se

mais favoráveis, pois condiciona a produção a ser de boa qualidade, disponibilizando mais

atenção a área de acabamento do produto, diminuindo a folha salarial e os encargos

trabalhistas e eliminando possíveis consequências negativas dessa relação.

Em termos de relações de produção e trabalho, constatou-se que a terceirização é

uma estratégia de produção utilizada exclusivamente pelas MEs, ou seja, 22,6% da

terceirização da indústria são praticadas por empresas desse porte.

Quanto ao aspecto da ocupação gerada pelas indústrias têxteis de Jardim de

Piranhas, buscou-se identificar a dimensão da atividade na geração de trabalho, seja formal

(com carteira de trabalho assinada) ou informal (sem carteira de trabalho assinada), como

também a Remuneração Média (R.M.) dela decorrente (Tabela 04).

22,6%

77,4%

Indústrias terceirizadas

Indústrais não terceirizadas

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Tabela 04 – Geração de Trabalho e Renda decorrente da Indústria Têxtil

de Jardim de Piranhas – 2014

Perfil das Empresas Trabalhadores

Formais

R. M. T. F. (*)

R$

Trabalhadores

Informais

R. M. T. I.

(**) R$

Microempresas 88 829 248 948

Empresa de Pequeno Porte 234 862 106 802

Total 322 - 354 -

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

Nota: (*) Remuneração Média dos Trabalhadores Formais.

(**) Remuneração Média dos Trabalhadores Informais.

Em 2014, ano em que foi realizada a pesquisa, a remuneração média dos

trabalhadores da indústria têxtil local apresentou-se superior ao salário mínimo vigente (R$

724,00 reais).Nas MEs, essa remuneração era 14,5% e 30,9% maior que o salário mínimo

vigente para os trabalhadores formais e informais, respectivamente. Nas EPPs, essa

remuneração correspondia a 19,06% e 10,77% do salário mínimo do ano citado para os

trabalhadores formais e informais, respectivamente. A partir desses dados, constata-se que a

remuneração média dos trabalhadores formais era mais expressiva nas EPPs, ocorrendo o

inverso com os trabalhadores informais, que nas MEs conseguiam obter maior renda.

Além dos aspectos já mencionados, torna-se importante registrar uma

particularidade que envolvem a relação trabalho e renda no âmbito da produção têxtil local:

trata-se da ocupação, conforme definido por Singer (1999, p. 14), como "atividade que

proporciona sustento a quem a exerce". Nesse sentido, há trabalhadores que não possuem

vínculo permanente com as empresas, ou seja, prestam serviços pontuais e de forma

autônoma, assumindo uma ocupação na cadeia produtiva têxtil. Os dados coletados indicaram

que existem121 pessoas que possuem ocupação decorrente da atividade industrial têxtil local

(Gráfico 04), prestando serviços as MEseas EPPs.

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Gráfico 04 – Geração de Ocupação decorrente da Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

Diversas atividades inerentes a indústria têxtil local requisitam a força de trabalho

na perspectiva de ocupações como: costuras1,amarrador de fio2, nó em tapetes3 e bordados. A

pesquisa de campo identificou que uma pessoa que presta algum destes serviços a uma

determinada empresa que compõem o perfil de MEs apresenta ganhos mensais, em média, de

R$ 372,00 reais; já aqueles que prestam serviços a uma das empresas das EPPs possuem

remuneraçãomensal, em média, de R$ 410,00 reais. É necessário destacar que as pessoas,

geralmente, prestam esses serviços a mais de uma empresa.

Quanto ao maquinário utilizado pelas empresas têxteis em Jardim de Piranhas,

sobretudo no que se refere aos teares, evidenciou-se a coexistência de diferentes tipologias,

que estão presentes no ambiente fabril independente do perfil da empresa (Tabela 05).

Tabela 05 – Teares utilizados nas MEs e EPPs em Jardim de Piranhas - 2014.

Perfil dasEmpresas

Tipos e Quantidade de Tear

Mecânico Automático Pince

Microempresas 22 343 83

E. Pequeno Porte 03 106 119

Total 25 449 202

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

1Costuras é uma das funções que compõem os acabamentos de diversos produtos da indústria têxtil de Jardim de

Piranhas. O pano de prato é um deles. 2Amarrador de fio, é a função de amarrar os fios, um por um, de urdume quando se faz necessário a substituição

do Rolo de Urdume. 3 Nó em tapetes e a função de amarrar de forma artesanal os fios do tapete para melhorar sua estética.

71,9%

28,1%

Micro Empresas

Empresas de Pequeno Porte

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Os dados coletados apontam para o predomínio,no âmbito das empresas têxteis

jardinenses,do uso dos teares automáticos (66,4%), seguidos pelos de pince (29,9%) e

mecânico (3,7%). O uso dos teares automáticos, conforme o perfil das empresas revelam o

seguinte quadro:76,4% estão emMEse 23,6% em EPPs.As MEs também são as empresas que

mais recorrem ao emprego do tear mecânico (88%), enquanto as EPPs se destacam no uso do

tear de pince (58% ).

A indústria têxtil de Jardim de Piranhas possui relações comerciais que abrangem

diferentes escalas geográficas. Dentre as empresas do setor, 53,2% tem sua produção

comercializada em escala nacional, 19,4% vendem seus produtos no âmbito da Região

Nordeste e 27,4% mantêm relações comerciais no mercado local. Neste caso, a terceirização

se apresenta como um fator decisivo para esse quadro visto que a produção derivada dessa

estratégia é comercializada para empresas do próprio município.

A produção local é bastante diversificada, envolvendocobertor\manta4 (Figura 15),

conjunto de banheiro5(Figura 16), esfregão6(Figura 17), flanela7 (Figura 18), pano de prato8

(Figura 19), pano de copa9(Figura 20), rede de dormir10 (Figura 21), saco11 (Figura 22),

tapete12 (Figura 23) e toalha13 (Figura 24).

4Cobertor/Manta: são tecidos geralmente mais grossos que servem tanto para se aquecer como também para

cobrir camas. Dimensões: 02 m x 2,20 m.

5 Conjunto de banheiros: é a junção de três peças utilizadas nos banheiros, sendo uma peça para tampa do

sanitário (peça 01: 35 cm x 45 cm) e dois tapetes, no qual um é colocado ao pé do sanitário (peça 02: 45 cm x 55

cm) e o outro na entrada do banheiro (peça 03: 45 cm x 55 cm).

6 Esfregão: utilizado para a limpeza do chão das residências. Dimensões:45 cm x 64 cm.

7 Flanela: é um tecido macio, utilizado principalmente por pessoas que possuem carro e moto, para fins de

limpeza e secagem dos mesmos, pois não os danifica devido à maciez. Dimensões: 40 cm x 60 cm. 8 Pano de prato: utilizado para secar louças, suas dimensões variam de acordo com seus fabricantes. Dimensões:

P (37 cm x 62 cm), M (41 cm x 72 cm), G (45 cm x 82 cm).

9 Pano de copa: é um tecido fino, no qual se utiliza para cobrir copos e loucas. Dimensões: 33 cm x 55 cm.

10 Rede de dormir. Dimensões: 1,45 m x 2,60 m.

11Saco: caso o tecido seja de espessura fina é utilizado para a limpeza do chão das residências, mas se possuir

espessura mais grossa, utiliza-se para armazenar ração de animais. Dimensões: 45 cm x 65 cm.

12 Tapete: é um tecido de espessura mais grossa, que se utiliza no piso, no meio das portas. Dimensões: 40 cm x

60 cm.

13 Toalha: é um tecido escamado e fofo, utilizado pelas pessoas ao sair do banho, ele absorve melhor a água

devida sua espessura ser mais grossa.

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Figura 15: Cobertor/Manta

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Figura 16: Conjunto de Banheiro

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Figura 17: Esfregão

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

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Figura 18: Flanela

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Figura 19: Pano de copa Figura 20: Pano de prato

Fonte: Arquivos do autor, 2015. Fonte: Arquivos do autor, 2015.

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Figura 21: Rede de dormir

Fonte: Arquivos do autor, 2015.

Figura 21: Saco

Fonte: Arquivos do autor, 2015.

Figura 23: Tapete

Fonte: Arquivos de autor, 2015.

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Figura 24: Toalha de banho

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

A participação desses produtos no quadro geral da indústria têxtil de Jardim de Piranhas pode

ser avaliado apartir dos dados expostos no Gráfico 05.

Gráfico 05 - Produtos da Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN, por número de empresas

fabricantes – 2014

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

Conforme o gráfico expressa, no âmbito da produção têxtil local, o pano de prato

se destaca por ser o produto que tem o maior percentual de empresas fabricantes (59,7%).

Dentre essas empresas, 48,4% tem o pano de prato como principal

0

10

20

30

40

50

60

70

Principais produtos.

Po

rcen

tagem

(%

)

Cobertor/Manta

Conjunto

Esfregão

Franela

P. de Prato

P. de Copa

Rede

Saco

Tapete

Toalha

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produto.Maisespecificamente, por ser o mais vendido, o pano de prato é o principal produto

da indústria têxtil local para 50,9% das MEs e 33,3% das EPPs.

O tipo de produto fabricado, segundo o perfil das empresas têxtis de Jardim de Piranhas,

apresenta o cenário apresentado no Quadro 02.

Quadro 02 – Produtos fabricados pelas MEs e EPPs de Jardim de Piranhas – 2014

Produtos Perfil das Empresas

Micro Empresas Empresas de Pequeno Porte

Cobertor/Manta -

Conjunto

Esfregão -

Franela

Pano de Prato

Pano de Copa -

Rede

Saco

Tapete

Toalha

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

As informações sistematizadas indicam queo elenco de produtos têxteis

jardinenses são produzidos pelas MEs. As EPPs não fabricam apenas o cobertor/manta, o

esfregão e o pano de copa.

Em decorrência da importância da indústria têxtil para a economia e a sociedade

de Jardim de Piranhas e, por conseguinte, para a sua dinâmica urbana, analisou-se a

configuração atual da cidade e produziu-se uma cartografia dessa atividade, que demonstra

alocalização dos estabelecimentos fabris.

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4INDÚSTRIA NA CIDADE: A CARTOGRAFIA DA ATIVIDADE TÊXTIL

JARDINENSE

A relação da cidade de Jardim de Piranhas com a indústria têxtil é anterior a

instalação oficial do município. Essa atividade econômica se tornou um elemento responsável

pelo desenvolvimento econômico, como também pela transformação do pacato povoado em

uma área urbana. Nas duas décadas finais do século XX, a indústria têxtil de Jardim de

Piranhas consolidou-se como a principal fonte de ocupação e renda de sua população.

Em nível local, é possível afirmar que a indústria têxtil é um agente da produção e

reprodução do espaço citadino. Na perspectiva de visualizar a geografia da indústria

jardinense, se faz necessário enveredar porsua atual configuração urbana.

4.1A CONFIGURAÇÃO ATUAL DO ESPAÇO URBANO

A cidade de Jardim de Piranhas apresenta uma configuração espacial que

compreende 09 (nove) bairros, 43 (quarenta e três) ruas e 03 (três) avenidas (Figura 25).

Figura 25: Cidade de Jardim de Piranhas/RN

Fonte: Autoria própria, 2015.

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Na organização espacial da cidade de Jardim de Piranhasé possível verificar a

existência de um núcleo central, conforme definido por Corrêa (1989, p. 40-42), como uma

“[...] área da cidade de uso mais intenso, como maior concentração de atividades econômicas,

sobretudo do setor terciário. É aí que se encontram os mais elevados preços da terra,

justificando-se assim a intensidade do uso do solo”.

Esse núcleo central da cidade (Figura 25) tem na Avenida Rio Branco sua

principal via, sendo formado ainda por fragmentos dos bairros Centro e São José. Nele se

concentram as principais atividades de serviços e comércio variados, como também da

administração pública.

No entorno do núcleo central da cidade encontram-se os demais bairros, que

atendem a distintas funções, sobretudo residenciais e fabris.

A estrutura urbana de Jardim de Piranhas é marcada pela oferta de serviços

públicos de saúde (conta com 06 Postos de Saúde da Família, 01 Casa de Exames e 01

Hospital), e de educação (possui 01 Creche e 05 escolas). Além desses serviços, há aqueles de

caráter privado, como laboratórios, escritórios de advocacia e consultoria, bancos, pousadas,

restaurantes, lanchonetes, escritórios de contabilidade, farmácias e lojas.

Marcas do passado também fazem parte do cenário urbano jardinense. Corrrêa

(1995, p. 11) coloca que o espaço urbano “é um reflexo tanto de ações que se realizam no

presente como também daquelas que se realizaram no passado e que deixaram suas marcas

impressas nas formas espaciais do presente”. Nessa perspectiva, as marcas do passado são

encontradas nos prédios históricos ainda preservados na atualidade, como a Prefeitura

Municipal (Figura 26), o Mercado Municipal (Figura 27) e o Açougue Público (Figura 28), no

qual estão presentes no núcleo central da cidade.

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49

Figura 26: Prefeitura Municipal de Jardim de Piranhas, erguida em 1956

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Figura 27: Mercado Municipal, erguido em 1951 e inaugurado em 1952

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Figura 28: Açougue Municipal, inaugurado em 1968

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

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Vestígios do passado fazem-se presente na paisagem urbana também por meio da

Igreja de Nossa Senhora dos Aflitos (Figura 29); da atual Casa da Cultura “Poeta Chico

Pedra” (Figura 30), que antes abrigava a Escola Estadual Padre João Maria.

Figura 29: Igreja de Nossa Senhora dos Aflitos, erguida em 1710

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Figura 30: Casa da Cultura “Poeta Chico Pedra”, inaugurada em 2015

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Outro elemento importante do urbano jardinense é a Praça Plínio Saldanha

(Figura 31 e 32), ponto de encontro e lazer em fins de noite e finais de semana, cuja reforma

realizada em 2014 não conservou as formas históricas de sua arquitetura, promovendo

alterações que apagaram as marcas de seus contornos originais.

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Figura 31: Antiga Praça Plínio Saldanha

Fonte: Edna Araújo.

Figura 32: Praça Plínio Saldanha, reformada em 2014

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Jardim de Piranhas possui características semelhantes as encontradas nas demais

cidades do seu entorno, todavia se diferencia pela dinâmica que a atividade industrial têxtil

produz em seu território, o que a faz destacar-se não só no cenário seridoense, mas também

norte-rio-grandense. Segundo Melo (2006, p. 73), Jardim de Piranhas possui “[...] a maior

concentração de indústrias de tecelagem em um mesmo município da Região Nordeste”.

Delineada a configuração urbana de Jardim de Piranhas, a partir de uma

representação cartográfica, efetivou-se a localização dos estabelecimentos industriais têxteis

na perspectiva de se promover uma leitura da espacialização dessa atividade.

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4.2 CARTOGRAFIA DA INDÚSTRIA TÊXTIL

A consolidação da indústria têxtilde Jardim de Piranhas, ao longo do tempo, foi

um condicionante para o seu desenvolvimento urbano, visto que a expansão da atividade

demandou também o uso do espaço. Dessa forma, áreas mais distantes do centro passaram a

ser almejadas devido o preço dos terrenos serem mais acessíveis e a melhor adequação para a

instalação dos estabelecimentos.

Muitas empresas possuem mais de um local para o desenvolvimento de alguma

etapa na fabricação dos produtos têxteis, o que resulta numa cadeia industrial complexa,

gerando uma teia de usos do espaço difícil de representar didaticamente. Tal fator foi decisivo

para que a investigação se restringisse a espacialização das áreas ondea atividade industrial se

detém a fabricação do produto e não as etapas dos seus diversos acabamentos.

A localização das empresas no espaço citadino, conforme definição em MEs e

EPPs anteriormente apresentada pode ser visualizada na Figura 33.

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Avaliando a configuração urbana de Jardim de Piranhas é possível inferir que a

indústria têxtil não possui uma área exclusiva para o desenvolvimento de suas atividades.

Essa forma dispersa de uso do solo urbanorepercutiu naorganização espacial, de modo que se

verifica a presença de unidades fabris em todos os bairros. Essa difusão das empresas pela

cidade se deu de forma desordenada, tornando difícil a coexistência entre o uso do espaço

para fins industriais e os demais usos, sobretudo, residenciais.

Apesar desse caráter de dispersão da atividade pela cidade, é possível identificar

uma maior concentração dos estabelecimentos têxteis noBairro Emboca, sendo 13 do tipo

EPPs e 02 do tipo MEs. Nos demais bairros da cidade encontra-se o seguinte quadro: Centro -

04 EPPs e 01 ME; Bairro Floresta - apenas 01 EPP; Bairro Novo Jardim - 05 EPPs e 01 ME;

Bairro Santa Cecília - 02 EPPs e 02MEs; Bairro Santa Maria - 09 EPPs e 01 ME; Bairro

Santo Amaro - 05 EPPs e 01 ME; Bairro São José - 06EPPs e 01 ME; Vila do Rio –

07MEsnão possuindo EPPs. Apenas 01 EPP não está inserida no perímetro urbano, sem

bairro.

No decurso da pesquisa também foi possível observar que a distribuição dos

estabelecimentos industriais têxteis pelo espaço citadino não foi alvo de nenhuma ação de

planejamento e gestão do território urbano. Constatou-se que, independente do perfil da

empresa, encontram-se unidades fabris em ruas com ou sem pavimentação, o que por vezes

gera dificuldades de acesso e de fluxo de pessoas, mercadorias e transportes. Nesse sentido, é

visível que não há uma efetiva intervenção do Poder Municipal no que se refere à localização

desses estabelecimentos, tanto no sentido de melhorar as condições de desenvolvimento da

atividade, quanto de mitigar ou solucionar os problemas que derivam da coexistência de usos

para fins industriais e residenciais.

Embora não seja objetivo desse trabalho, é importante registrar que esta atividade

produz diferentes tipos de problemas socioambientais, tais como poluição sonora, do ar, da

água, entre outros. Dessa forma, a dispersão dos estabelecimentos industriais pelo espaço

citadino potencializa os impactos negativos provocados pela atividade e reduz a qualidade de

vida daqueles que são obrigados a conviver com esta situação.

Urge, portanto, que a sociedade civil e o Poder público acionem os dispositivos da

legislação urbana vigente, objetivando planejar e gerir o uso do espaço de forma mais

eficiente e resolutiva, procurando definir no Plano Diretor do Município a existência de um

espaço que concentre os estabelecimentos, em uma perspectiva de distrito industrial, para que

os benefícios que são produzidos pela indústria têxtil por meio da geração de trabalho e renda

não sejam anulados pelos problemas socioambientais dela decorrentes.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em Jardim de Piranhasexiste uma forte tessitura entre o fenômeno urbano e a

atividade têxtil, que se caracteriza, a partir de sua implantação no ano de 1945, como uma das

principais fontes de emprego, trabalho e renda da população.

Considerando este aspecto, é reconhecível que,durante seis décadas de atividade, a

indústria têxtil assume relevância para a economia local. Todavia, sua importância econômica

também assume uma escala regional (Seridó) por estimular o comércio e as articulações com

diferentes localidades, tanto no território potiguar quanto em outros estados brasileiros.

Ademais, sua influência em Jardim de Piranhas, ultrapassa a esfera da economia, projetando-

se também na organização espacial da cidade, sendo um importante vetor da dinâmica urbana.

A cartografia da indústria têxtil jardinense revelou a presença de estabelecimentos em todos

os bairros da cidade, evidenciando certa concentração no Bairro da Emboca.

A indústria têxtil se consolidou ao longo do tempo, modernizou-se por meio do

uso de técnicas e tecnologiasinovadoras, chegando a atingir um mercado consumidor amplo.

Esse processo de desenvolvimento da indústria têxtil gerou particularidades no urbano

jardinense que se evidenciam como diferenciais tanto positivos, como é o caso da oferta de

trabalho e emprego e, por vezes, a aferição de rendas mais elevadas que um salário mínimo,

como negativos, sendo exemplares os problemas socioambientais que comprometem a saúde

e a qualidade de vida dos que trabalham nas fábricas ou perto delas residem.

Concluído esse esforço de analisar a relação entre cidade e indústria a partir da

realidade socioespacial existente em Jardim de Piranhas, espera-se que as informações

sistematizadas contribuampara a produção de conhecimentos sobre o local, servindo de

referência e estímulo às futuras gerações de estudiosos da Geografia e das demais ciências,

filhos do espaço citadino ou de outra localidade, que desejarem investigar sobre essa temática.

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REFERÊNCIAS

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Institui o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. Presidência da República,

Casa Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm>.

Acesso em 02 de dez. 2014.

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fontes de abastecimento de água subterrânea estado do Rio Grande do Norte: perfil do

município de Jardim de Piranhas. Recife: CPRM, 2005.3-6 p. Disponível em:

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________. Censo demográfico.Paraná: 1956. v. 01, 86 p. Disponível

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Acesso em: 02 dez. 2014.

________. Censo demográfico.Rio de Janeiro: 1970. v. 01, 156 p. Disponível

em:<http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/69/cd_1970_v1_t8_rn.pdf>. Acesso

em: 02 dez. 2014.

________. Sinopsepreliminar do censo demográfico. Rio de Janeiro: 1981. v. 01, 08 p.

Disponível

em:<http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/310/cd_1980_v1_t1_n9_rn.pdf>.

Acesso em: 02 dez. 2014.

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LIMA, Jacob Carlos. A terceirização e os trabalhadores: revisitando algumas questões.

Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, vol. 13, n. 1, 2010, p. 17-26.

MELO, Francisca Verônica Pontes da. (Org.). Tecelagem do Seridó: Na Linha do

Desenvolvimento. In: Histórias de sucesso do empreendedor potiguar. Natal:

SEBRAE/RN, 2006. 174 p.

MORAIS, Ione Rodrigues Diniz. Seridó norte-riograndense: uma geografia de resistência.

Caicó: Editora do autor. 2005. 422 p.

OLIVEIRA, O. F. D. Aspectos da indústria de redes de dormir na cidade de Jardim de

Piranhas-RN. Patos, 1990. Monografia. Fundação Francisco Mascarenhas.

PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA. CAIXA. Disponível em:

<http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/municipal/programas_habitacao/pmcmv/saiba_ma

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ROSA, Roberto. Cartografia básica. UFU - Instituto de Geografia. 2004. p. 56.

SEBRAE. Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa 2011/2012. Disponível em:

<http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/Anuario%20do%20Trabalho%2

0Na%20Micro%20e%20Pequena%20Empresa_2012.pdf>. Acesso em 02. dez. 2014.

SEBRAE. Núcleo de inteligência territorial: Jardim de Piranhas: SEBRAE, 2014.

Disponível em: <http://www.nit.sebrae.com.br/Relatorio>. Acesso em 02. dez. 2014.

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APÊNDICE

FORMULARIO APLICADOPARA CARACTERIZAÇÃO E ESPACIALIZAÇÃO DA

INDÚSTRIA TÊXTIL DE JARDIM DE PIRANHAS/RN

Período de realização das entrevistas: setembro a outubro de 2014.

DATA: ___/___/___

NOME (S) DO ENTREVISTADO (A): ___________________________________________

ENDEREÇO:___________________________nº____BAIRRO________________________

NÚMERO DO QUESTIONÁRIO: ______________________

MASCULINO

FEMININO

CONDIÇÃO DA INDÚSTRIA

1) A atual indústria é?

( ) Própria

( ) Terceirizada

2) A atual condição da indústria é?

( ) Formal

( ) Informal

3) O espaço no qual a atividade é exercida é ?

( ) Próprio

( )Alugado

4) Qual valor do aluguel ?______________________

5) Qual tamanho do espaço? ______________________

PRODUTOS FABRICADOS

Cobertor/Manta

Conjunto

Esfregão

Flanela

Pano de Copa

Pano de Prato

Rede

Saco

Tapete

Toalha

Tecido Brim

PRINCIPAL PRODUTO FABRICADO

Cobertor/Manta

Conjunto

Esfregão

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Flanela

Pano de Copa

Pano de Prato

Rede

Saco

Tapete

Toalha

Tecido Brim

GERAÇÃO DE TRABALHO

6) Quantos trabalhadores a indústria possui? ______________________

7) Quantos formais? ______________________

8) Quantos informais? ______________________

9) Ocupantes? ______________________

RENDA DOS TRABALHADORES

10) Renda média dos trabalhadores formais? ______________________

11) Renda média dos trabalhadores informais? ______________________

12) Renda média dos ocupantes? ______________________

MAQUINÁRIO

13) Quantos teares? ______________________

14) Quais modelos e quantas unidades?

Automático ______________________

Artesanal ______________________

Mecânico ______________________

Pince ______________________

15) Quantas máquinas complementares? ______________________

16) Quais modelos e quantas unidades?

Urdideira ______________________

Espoleira ______________________

Amarradeira ______________________

MERCADO CONSUMIDOR

17) Qual mercado consumidor da indústria?

Mercado Interno

Mercado Regional (NE)

Nacional

Externo

SOBRE A INDÚSTRIA

18) Possui computador?

Sim

Não

19) Possui internet?

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Sim

Não

20) Faz balanço orçamentário?

Sim

Não

21) Participa de alguma associação comunitária?

Sim

Não

COORDENADAS GEOGRÁFICAS

22) Longitude ______________________

23) Latitude ______________________

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ENTREVISTA REALIZADA PARA COMPREENDER O SURGIMENTO DA

INDÚSTRIA TÊXTIL DE JARDIM DE PIRANHAS/RN

NOME (S) DO ENTREVISTADO (A): ___________________________________________

PERGUNTAS:

1) Como surge a indústria têxtil em Jardim de Piranhas?

2) Quais os produtos no inicio do surgimento?

3) Qual a relação com o Estado da Paraíba?

4) Qual mercado consumidor nos primórdios da indústria local?

5) Qual o primeiro tear a produzir em Jardim de Piranhas?

6) Qual a sequência da alteração de tecnologia dos teares?

7) Quais inovações a modernidade das maquinas trouxeram?

8) Quantas pessoas trabalhavam ou trabalham com cada modelo de tear?