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CIDADE & REGIÃO A8 CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO 1º/11/2009 Barulho tira o sossego de moradores JOVENS EXIBEM SOM AUTOMOTIVO DURANTE A NOITE NA AVENIDA RONDON PACHECO E EM OUTROS PONTOS DA CIDADE “NO TALO” LYGIA CALIL | REPÓRTER [email protected] M adrugada de sábado, região central da ci- dade. A re- portagem do CORREIO de Uberlândia acompanhou a movimentação nas prin- cipais avenidas por uma noite, para flagrar cenas de desrespeito às leis, quanto ao assunto volume de som. Um motorista de um carro utilitário branco, cuja car- roceria é completamente ocupada por alto-falantes, desfila pela avenida Ron- don Pacheco com seu som de alta potência, música eletrônica “no talo” (volume máximo, na gíria corrente). Enquanto ele passa, os alar- mes dos carros estacionados disparam, aumentando o barulho, que já era infernal. A noite é de diversão para jovens aficionados em velocidade e acessórios au- tomotivos. Mais uma noite em que o sono se tornou impossível no apartamento de um professor universitá- rio que pediu para não ter o nome publicado. Há 25 anos, ele mora no mesmo prédio e sempre sofreu com o barulho. Se na década de 80 o problema eram os “ra- chas” disputados na Ron- don Pacheco, hoje são os ex- cessos cometidos por quem tem som potente no carro. “Já vi muita gente se mu- dar do prédio por causa dis- so. Moro no 3º andar, mas nem o som da TV é possí- vel ouvir. Em fins de sema- na, ninguém dorme, pois o prédio treme, as janelas vibram”, afirmou. Segun- do ele, chamar a polícia ou a Patrulha Ambiental, não adianta. “Perdi as contas de quantas vezes já chamei. Di- zem que as ações são educa- tivas, então chegam, conver- sam e os carros abaixam o som. Depois que a patrulha vai embora, o volume volta ao máximo outra vez”, disse. A reportagem cruzou, durante a madrugada, vá- rias vezes com viaturas po- liciais que tentavam conter os jovens e seus sons auto- motivos. Também observou a ação da viatura da Patru- lha Ambiental, com dois policiais, um agente da Se- cretaria Municipal de Trân- sito e Transportes (Settran) e um agente da Secretaria de Meio Ambiente. A situ- ação descrita pelo professor universitário foi vista duas vezes. Quando as viaturas se aproximavam dos carros com som alto, imediata- mente o volume era abai- xado, por controle remoto. Ninguém foi visto sendo multado. JOVENS abrem as portas do veículo, parado na avenida Rondon Pacheco, para curtir o som em alto volume PATRULHA AMBIENTAL AMPLIARÁ ESTRUTURA Segundo o coordenador de Controle Ambiental da Secreta- ria Municipal de Meio Ambiente e diretor da Patrulha Ambien- tal, Alessandro Uchitel, a única viatura que faz ronda nas ma- drugadas dos fins de semana e os oito agentes que trabalham de plantão são suficientes para atender à demanda. “A estrutura é adequada, mas mesmo assim, vamos abrir um concurso públi- co para contratar mais agentes e atender a população com mais rapidez e eficiência. Estamos no limite”, afirmou. Ele citou mecanismos admi- nistrativos que podem ser usados para multar carros em movimento que estejam com o som alto. “Se for constatado que o carro está com o som extremamente acima do que a lei determina, ele pode ser parado. Por isso, é importante que a Polícia e a Settran estejam juntas. O carro será fiscalizado pelos três órgãos. Se estiver pa- rado com som além do permitido, ele recebe um auto de infração na hora e pode ter o carro apreendi- do”, disse. Para reclamações, o telefone da Patrulha Ambiental é 0800-940-1133. FISCALIZAÇÃO INCÔMODO À LUZ DO DIA NA AVENIDA BRASIL Na casa do analista de marketing Carlos César Muniz, o incômodo maior causado por som automo- tivo acontece durante o dia. Como sua residência fica na avenida Brasil, onde o movi- mento é intenso e há várias garagens e lojas de acessó- rios para som e carros, o pro- blema, segundo ele, é grande. “As janelas começam a tremer, os alarmes dos car- ros e casas disparam. Se for à noite, os alarmes ficam tocando até o amanhecer, quando os donos aparecem. É um inferno, porque cachor- ro late, vizinho xinga, minha mulher e meu filho recla- mam”, afirmou. Outro problema são as rachaduras que surgiram na casa, segundo ele, causadas pelo som. “Elas [as racha- duras] ficam do lado da rua, onde o som bate primeiro. Não é exagero. Eles passam com o som tão alto que treme tudo. Cada um tem o direito de ouvir o que quiser, mas eu não sou obrigado a também ouvir.” GARAGENS E LOJAS PROBLEMA PARECE ESTAR LONGE DA SOLUÇÃO Morando há quatro anos na avenida Rondon Pache- co, uma mulher que também pediu para não ser identifi- cada, disse que não vê so- lução para o problema. “O meu prédio já contratou um escritório de advocacia para ver se resolve este proble- ma. Chegamos ao extremo. Já procurei todos os promo- tores, mandei e-mail para os vereadores, procurei co- ronéis da polícia. Mas nada adianta, parece que não há vontade política”, disse. Ela afirmou que já brigou, chamou a polícia e Patrulha Ambiental, mas que a única resposta que conseguiu foi a retaliação dos jovens, que já atiraram pedras e latas de cerveja na sacada. “Eu tenho medo do que possa aconte- cer, porque eles sempre es- tão alcoolizados e ficam vio- lentos. Eu só posso contar com o mau tempo, porque DESAPONTADOS EXAGERADOS SÃO JOVENS DE ATÉ 25 ANOS Enquanto os carros in- comodavam moradores, a reportagem acompanhou um trecho de conversas em um posto lotado de jovens. “Nossa, esse aí [o motoris- ta do utilitário branco citado no início desta reportagem] investiu pesado. O som dele está estalando, olha lá. Quando eu comprar o meu Golf, vou colocar um equi- pamento parecido. Vai ser tanta corneta que ninguém vai aguentar”, afirmou um dos jovens, com aparentes 20 anos. Os outros jovens presentes no posto também não tinham outro assunto: som de carro, rodas e turbo. Daniel Vieira da Silva, 29 anos, é apaixonado por som automotivo e trabalha no setor desde os 16, mas re- conhece que há exagero na potência e uso inadequado de alguns equipamentos. O perfil dos exagerados, se- gundo ele, são homens en- tre 16 e 25 anos, bancados PERFIL pelos pais. De acordo com ele, com R$ 2 mil é possível montar um som automoti- vo que incomode as outras pessoas. “Esses [quem exagera], normalmente ficam a noite toda passando na porta de bares, postos e boates. Eles falam que é para impressio- nar mulher, mas não é isso. Na verdade, é uma compe- tição. Estão preocupados com os colegas que também têm som. É igual mulher que se veste para as outras. Tudo para se mostrar e cha- mar atenção”, disse. Quem trabalha para mon- tar o som do carro e tira di- nheiro do próprio bolso para pagar, de acordo com Da- niel, não faz arruaça. “Tenho clientes que têm até R$ 30 mil investidos no som. Mas não usam na rua e, sim, para promover festas e competi- ções.” DANIEL VIEIRA DA SILVA diz que há competição de som nas ruas MARI TOLEDO mostra prédio de onde pensa em se mudar por causa do barulho BETO OLIVEIRA só quando chove é que eles não aparecem”, afirmou. No caminho entre a Ron- don Pacheco e o hipercentro, na rua Tenente Virmondes, fica o apartamento da jor- nalista Mari Toledo. Ela tam- bém já tentou lutar contra o problema, mas desistiu – pensa, agora, em vender o imóvel onde mora há 12 anos. “As janelas trepidam, o chão treme e meus cachorros se assustam. Se pego no sono, acordo assustada e não tem como voltar a dormir. Já fui para chácara à noite inúme- ras vezes por causa do baru- lho”, afirmou ela, que já ten- tou jogar água nos carros que passam com som alto. “Nada adianta”, disse. MORADOR DA RONDON PACHECO EM FINS DE SEMANA, NINGUÉM DORME, POIS O PRÉDIO TREME, AS JANELAS VIBRAM FRASES DA SEMANA Muitas crianças que não tinham acesso à vacina, devido ao custo elevado, poderão recebê-la agora DALTRO CATANI | GERENTE DA GRS, SOBRE VACINAÇÃO CONTRA MENINGITE TIPO C FRAS Mui ta devido DALTRO PAULO AUGUSTO

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Reportagens produzidas para a editoria de Cidade.

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Page 1: Cidade

CIDADE & REGIÃOA8

CORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 1º/11/2009

Barulho tira o sossego de moradoresJOVENS EXIBEM SOM AUTOMOTIVO DURANTE A NOITE NA AVENIDA RONDON PACHECO E EM OUTROS PONTOS DA CIDADE

“NO TALO”

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

!

Madrugada de sábado, região central da ci-dade. A re-

portagem do CORREIO de Uberlândia acompanhou a movimentação nas prin-cipais avenidas por uma noite, para fl agrar cenas de desrespeito às leis, quanto ao assunto volume de som. Um motorista de um carro utilitário branco, cuja car-roceria é completamente ocupada por alto-falantes, desfi la pela avenida Ron-don Pacheco com seu som de alta potência, música eletrônica “no talo” (volume máximo, na gíria corrente). Enquanto ele passa, os alar-mes dos carros estacionados disparam, aumentando o barulho, que já era infernal.

A noite é de diversão

para jovens afi cionados em velocidade e acessórios au-tomotivos. Mais uma noite em que o sono se tornou impossível no apartamento de um professor universitá-rio que pediu para não ter o nome publicado. Há 25 anos, ele mora no mesmo prédio e sempre sofreu com o barulho. Se na década de 80 o problema eram os “ra-chas” disputados na Ron-don Pacheco, hoje são os ex-cessos cometidos por quem tem som potente no carro.

“Já vi muita gente se mu-dar do prédio por causa dis-so. Moro no 3º andar, mas nem o som da TV é possí-vel ouvir. Em fi ns de sema-na, ninguém dorme, pois o prédio treme, as janelas vibram”, afi rmou. Segun-do ele, chamar a polícia ou a Patrulha Ambiental, não adianta. “Perdi as contas de quantas vezes já chamei. Di-

zem que as ações são educa-tivas, então chegam, conver-sam e os carros abaixam o som. Depois que a patrulha vai embora, o volume volta ao máximo outra vez”, disse.

A reportagem cruzou, durante a madrugada, vá-rias vezes com viaturas po-liciais que tentavam conter os jovens e seus sons auto-motivos. Também observou a ação da viatura da Patru-lha Ambiental, com dois policiais, um agente da Se-cretaria Municipal de Trân-sito e Transportes (Settran) e um agente da Secretaria de Meio Ambiente. A situ-ação descrita pelo professor universitário foi vista duas vezes. Quando as viaturas se aproximavam dos carros com som alto, imediata-mente o volume era abai-xado, por controle remoto. Ninguém foi visto sendo multado.

JOVENS abrem as portas do veículo, parado na avenida Rondon Pacheco, para curtir o som em alto volume

PATRULHA AMBIENTAL AMPLIARÁ ESTRUTURASegundo o coordenador de

Controle Ambiental da Secreta-ria Municipal de Meio Ambiente e diretor da Patrulha Ambien-tal, Alessandro Uchitel, a única viatura que faz ronda nas ma-drugadas dos fi ns de semana e os oito agentes que trabalham de plantão são sufi cientes para atender à demanda. “A estrutura é adequada, mas mesmo assim,

vamos abrir um concurso públi-co para contratar mais agentes e atender a população com mais rapidez e efi ciência. Estamos no limite”, afi rmou.

Ele citou mecanismos admi-nistrativos que podem ser usados para multar carros em movimento que estejam com o som alto. “Se for constatado que o carro está com o som extremamente acima

do que a lei determina, ele pode ser parado. Por isso, é importante que a Polícia e a Settran estejam juntas. O carro será fiscalizado pelos três órgãos. Se estiver pa-rado com som além do permitido, ele recebe um auto de infração na hora e pode ter o carro apreendi-do”, disse. Para reclamações, o telefone da Patrulha Ambiental é 0800-940-1133.

FISCALIZAÇÃO

INCÔMODO À LUZ DO DIA NA AVENIDA BRASILNa casa do analista de

marketing Carlos César Muniz, o incômodo maior causado por som automo-tivo acontece durante o dia. Como sua residência fi ca na avenida Brasil, onde o movi-mento é intenso e há várias garagens e lojas de acessó-rios para som e carros, o pro-blema, segundo ele, é grande.

“As janelas começam a tremer, os alarmes dos car-ros e casas disparam. Se for à noite, os alarmes fi cam tocando até o amanhecer, quando os donos aparecem. É um inferno, porque cachor-ro late, vizinho xinga, minha mulher e meu fi lho recla-mam”, afi rmou.

Outro problema são as

rachaduras que surgiram na casa, segundo ele, causadas pelo som. “Elas [as racha-duras] fi cam do lado da rua, onde o som bate primeiro. Não é exagero. Eles passam com o som tão alto que treme tudo. Cada um tem o direito de ouvir o que quiser, mas eu não sou obrigado a também ouvir.”

GARAGENS E LOJAS

PROBLEMA PARECE ESTAR LONGE DA SOLUÇÃOMorando há quatro anos

na avenida Rondon Pache-co, uma mulher que também pediu para não ser identifi-cada, disse que não vê so-lução para o problema. “O meu prédio já contratou um escritório de advocacia para ver se resolve este proble-ma. Chegamos ao extremo. Já procurei todos os promo-tores, mandei e-mail para os vereadores, procurei co-ronéis da polícia. Mas nada adianta, parece que não há vontade política”, disse.

Ela afirmou que já brigou, chamou a polícia e Patrulha Ambiental, mas que a única resposta que conseguiu foi a retaliação dos jovens, que já atiraram pedras e latas de cerveja na sacada. “Eu tenho medo do que possa aconte-cer, porque eles sempre es-tão alcoolizados e ficam vio-lentos. Eu só posso contar com o mau tempo, porque

DESAPONTADOS

EXAGERADOS SÃO JOVENS DE ATÉ 25 ANOSEnquanto os carros in-

comodavam moradores, a reportagem acompanhou um trecho de conversas em um posto lotado de jovens. “Nossa, esse aí [o motoris-ta do utilitário branco citado no início desta reportagem] investiu pesado. O som dele está estalando, olha lá. Quando eu comprar o meu Golf, vou colocar um equi-pamento parecido. Vai ser tanta corneta que ninguém vai aguentar”, afi rmou um dos jovens, com aparentes 20 anos. Os outros jovens presentes no posto também não tinham outro assunto: som de carro, rodas e turbo.

Daniel Vieira da Silva, 29 anos, é apaixonado por som automotivo e trabalha no setor desde os 16, mas re-conhece que há exagero na potência e uso inadequado de alguns equipamentos. O perfi l dos exagerados, se-gundo ele, são homens en-tre 16 e 25 anos, bancados

PERFIL

pelos pais. De acordo com ele, com R$ 2 mil é possível montar um som automoti-vo que incomode as outras pessoas.

“Esses [quem exagera], normalmente fi cam a noite toda passando na porta de bares, postos e boates. Eles falam que é para impressio-nar mulher, mas não é isso. Na verdade, é uma compe-tição. Estão preocupados com os colegas que também

têm som. É igual mulher que se veste para as outras. Tudo para se mostrar e cha-mar atenção”, disse.

Quem trabalha para mon-tar o som do carro e tira di-nheiro do próprio bolso para pagar, de acordo com Da-niel, não faz arruaça. “Tenho clientes que têm até R$ 30 mil investidos no som. Mas não usam na rua e, sim, para promover festas e competi-ções.”

DANIEL VIEIRA DA SILVA diz que há competição de som nas ruas

MARI TOLEDO mostra prédio de onde pensa em se mudar por causa do barulho

BETO OLIVEIRA

só quando chove é que eles não aparecem”, afirmou.

No caminho entre a Ron-don Pacheco e o hipercentro, na rua Tenente Virmondes, fi ca o apartamento da jor-nalista Mari Toledo. Ela tam-bém já tentou lutar contra o problema, mas desistiu – pensa, agora, em vender o imóvel onde mora há 12 anos.

“As janelas trepidam, o chão treme e meus cachorros se assustam. Se pego no sono, acordo assustada e não tem como voltar a dormir. Já fui para chácara à noite inúme-ras vezes por causa do baru-lho”, afi rmou ela, que já ten-tou jogar água nos carros que passam com som alto. “Nada adianta”, disse.

MORADOR DA RONDON PACHECO

EM FINS DESEMANA,NINGUÉM DORME,POIS O PRÉDIOTREME, ASJANELAS VIBRAM

FRASES DA SEMANAMuitas crianças que não tinham acesso à vacina, devido ao custo elevado, poderão recebê-la agoraDALTRO CATANI | GERENTE DA GRS, SOBRE VACINAÇÃO CONTRA MENINGITE TIPO C

FRASMuitadevidoDALTRO

PAULO AUGUSTO

Page 2: Cidade

U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • Q U A R T A - F E I R A • 1 5 D E A B R I L D E 2 0 0 9

UBERLÂNDIA

Repartições públicas nãocumprem a lei antifumoIrregularidadessão encontradas naCâmara e no CentroAdministrativoLYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

PAULO AUGUSTO

A Lei Municipal nº 9.713, sancionada pelo prefeito de Uberlândia Odelmo Leão em 27 de dezembro de 2007, proíbe o fumo no interior de repartições públicas, inclusive nos corredo-res. Em um passeio de menos de cinco minutos pelo Centro Admi-nistrativo, porém, é possível constatar que nem na Prefeitura a legislação é cumprida: cinzei-ros estão espalhados por toda a extensão do prédio e dezenas de pessoas, entre servidores e visi-tantes, fumam nos corredores, pátios e passarelas. Não há placas que indicam que ali é um local onde o fumo é proibido nem fi scalização para punir as irregu-laridades.

A atendente Joana D’Arc Félix fuma dois cigarros, todos os dias — um na hora do almoço e outro no café. Ela trabalha no balcão do Centro Administrativo e usa os horários de folga para saciar o vício. Por detestar o cheiro de cigarros alheios, acende os seus fora do prédio da Prefeitura. Entre os servidores, Joana D’Arc Félix é uma exceção. “Todo mundo fuma onde quer. Não sei se é proibido, nunca vi uma placa indicativa. Venho para cá (área de jardins) porque sei que incomodo as ou-tras pessoas lá dentro. Ninguém é obrigado a sentir o cheiro do meu cigarro”, disse.

O projetista da Secretaria Municipal de Obras, José Eduar-do Camargo, perde, por dia, cerca de uma hora de trabalho com os dez cigarros que fuma durante o período em que fi ca na Prefeitura. Ele procura fumar em áreas ventiladas, mas, quando não dá, fuma em qualquer lugar. “É uma situação complicada, porque os fumantes também têm que ter seus direitos. Acho que proibir é até pior”, disse. Segun-do o servidor, o fumo é proibido, na Prefeitura, somente no interior das secretarias, “porque os co-

legas de trabalho não deixam”.Na Câmara Municipal, a situ-

ação é a mesma. Servidores dos gabinetes fumam no pátio cen-tral e no hall externo do Plenário, um ambiente onde não há venti-lação, nem janelas e há intenso trânsito de pessoas. “É uma falta de respeito com quem não fuma. Cigarro é veneno e, fi cando aqui, entre os que fumam, eu acabo fumando por tabela. É um espa-ço que não foi feito para isso, o local fi ca impregnado com este

cheiro horrível. Sou totalmente a favor de proibirem”, afi rmou o assistente parlamentar Wesley Ferreira, sem saber que, hoje, já é proibido.

PrefeituraProcurado pela reportagem

do CORREIO de Uberlândia, o secretário de Comunicação da Prefeitura Municipal de Uberlân-dia, Neivaldo Silva “Magoo”, reconheceu que a situação do Centro Administrativo é irregular,

mas não soube informar de quem é a responsabilidade de fi scalizar as dependências. “Den-tro das secretarias ninguém fuma, mas há esta falha nos corredores, pátio e passarelas”, afi rmou.

Sobre a falta de sinalização sobre a proibição, ele disse que está sendo feito um programa interno para que sejam afi xadas placas na extensão do prédio. “Ainda temos que preparar a li-citação.”

SÃO PAULO

Projeto depende de sançãoA discussão sobre os limi-

tes do tabagismo foi levanta-da no início deste mês, quan-do a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou, no dia 7, um projeto que bane o ci-garro de locais fechados, pú-blicos ou privados, e proíbe as atuais áreas de fumantes de ambientes coletivos.

Em todo e Estado, fumar só será permitido na rua, em casa ou no carro. O texto ainda pre-cisa ser aprovado pelo gover-nador José Serra (PSDB), que tem dez dias para sancioná-lo.

Em Belo Horizonte, um

projeto semelhante tramita na Câmara de Vereadores. A pri-meira sessão para discussão e votação havia sido marcada para ontem, mas foi adiada por tempo indeterminado.

Um dos pioneiros no cerco ao fumo foi o Rio de Janeiro. Em 2008, um decreto assina-do pelo ex-prefeito César Maia (DEM) proibiu o fumo em lo-cais fechados, públicos ou privados. Neste ano, o Sindi-cato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e similares do Rio con-seguiu na Justiça impedir a punição de infratores.

Em Uberlândia, legislações datam de 2000, 2006 e 2007

Onde é proibido fumar?• Interior de locais onde forem obrigatórios o trânsito ou a per-

manência de pessoas, como:• Repartições públicas municipais, inclusive corredores• Elevadores• Auditórios, salas de conferências e convenções• Museus, teatros, salas de projeção e exposição e bibliotecas • Supermercados• Estabelecimentos que comercializam material de fácil com-

bustão• Estabelecimentos de ensino• Hospitais e unidades de saúde

Onde é permito fumar?• Bares, restaurantes, lanchonetes e similares• Áreas externas abertas de repartições públicas

LEIS MUNICIPAIS

Regulamentação

PORTABILIDADE

Usuário já pode trocar de plano de saúde

A partir de hoje, clientes de planos de saúde individu-ais ou familiares médico, hospitalares e odontológicos insatisfeitos com a sua ope-radora poderão mudar de empresa sem perder a carên-cia. A Agência Nacional de Saúde Suplementar lançou ontem, com a presença do ministro da Saúde, José Go-mes Temporão, um guia para orientar os 7,5 milhões de consumidores que poderão se benefi ciar com as novas regras.

O diretor-presidente da ANS, Fausto Pereira dos San-tos, prometeu para o segundo semestre de 2010 estender a portabilidade para os planos coletivos por adesão (de sin-dicatos e associações de classe) com até 50 benefi ci-ários, que ficaram de fora nessa primeira etapa. Os planos coletivos com mais de 50 pessoas já desobrigam os consumidores a cumprir nova-mente prazos de carência que variam de 24 horas, para ca-sos de emergência, até 300 dias, para partos.

“Esse é o primeiro passo para estimular a competição e dar às pessoas o direito de optar por outra possibilida-de”, disse Temporão. Os pla-nos por adesão não foram incluídos por uma questão técnica, já que a ANS não possui todas as informações para poder compará-los por faixa de preço.

“A qualifi cação do siste-ma de saúde suplementar estimula a concorrência e padrões de qualidade e efi ci-ência”, afirmou o ministro, acrescentando que a portabi-lidade faz parte do conjunto de metas do Programa de Aceleração do Crescimento da área da saúde.

Para auxiliar o consumidor a encontrar planos compatí-veis com o que já possui, a ANS disponibiliza a partir de hoje, na internet, (http://www.ans.gov.br)o Guia de Planos de Saúde, um aplicativo onli-ne que tem cerca de 6 mil planos cadastrados para que o consumidor possa pesqui-sar e escolher o sistema que deseja contratar.

MULHERES/PESQUISA

Agressão preocupa mais que o câncer e a aids

CINZEIROS são encontrados nos corredores do Centro Administrativo, indicativo de permissão do fumo

Nem o câncer de mama nem a possibilidade de con-trair o vírus da aids afl ige mais a mulher brasileira do que o temor de ser agredida em casa pelo companheiro, pelos fi lhos ou pelos netos. A violên-cia doméstica está no topo das preocupações da pesqui-sa divulgada ontem pelo Ibo-pe em parceria com o Institu-to Avon.

O levantamento, denomi-nado Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil, ouviu cerca de 2 mil pessoas em todas as Regiões do País, entre os dias 13 e 17 de fevereiro. Mais da metade das entrevistados (56%) disse temer mais a agressão que aquelas doen-ças. A preocupação com o

aumento dos casos de aids ocupa o segundo lugar (51%), seguida pela violência urbana (36%) e do câncer de mama e de útero (31%).

Para a promotora de Jus-tiça e professora de Direito Penal da Pontifícia Universida-de Católica de São Paulo (PUC-SP) Eliana Vendramini, a preocupação com a agressão em casa dá a dimensão de como a mulher sofre. “A vio-lência doméstica dói mais do que uma doença física porque é uma surpresa diária e se manifesta de vários modos.” Ela disse acreditar que, mes-mo diante de uma enfermida-de, a mulher pode ter “paz de espírito” para buscar ajuda, o que não ocorre com a vítima agredida.

170 PESSOASFREQUENTAM AULASDE JUDÔ EM BAIRROSPÁGINA B2

ASSALTANTES LEVAMR$ 56 MIL EM DOISROUBOS A PESSOAS

PÁGINA B5

Page 3: Cidade

CORREIO DE UBERLÂNDIA | QUARTA-FEIRA, 20/5/2009 ECONOMIA | A5

COMBUSTÍVEIS

Preços preocupamempresas do setorConcorrência criadapor hipermercadosleva outros postosa reduzir o lucro

LYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

PREÇOS DA GASOLINA comum e do álcool são idênticos nos postos dos dois hipermercados

HIPERMERCADOS

Volumes defi nem valor

OPORTUNIDADE

Consumidores comemoram

ESTUDO

Pobreza diminui no Brasil

Enquanto os empresários se preocupam com a concorrência, é hora de o consumidor aprovei-tar. Nos postos de combustíveis dos dois hipermercados, geral-mente, há fi las de veículos e os frentistas têm de trabalhar em ritmo acelerado para atender a clientela.

O cirurgião-dentista Cláudio Oliveira aproveitou o preço para encher o tanque do carro ontem. Ele afi rmou que sempre pesqui-sa os preços e optou por um dos hipermercados. “Os dois come-

çaram a guerra e agora o preço deu uma boa abaixada. Final-mente conseguimos pagar me-nos em Uberlândia”, disse.

O juiz João Rodrigues tam-bém disse que fi ca de olho nos preços e dá preferência aos su-permercados. “Fica a dúvida ao consumidor sobre quem age errado: se são os supermerca-dos que baixam muito o preço para atrair clientes para as lojas ou se havia um cartel entre os outros postos, porque agora to-dos eles baixaram.”

FOTOS BETO OLIVEIRA

A guerra de preços entre os postos de combustível dos hiper-mercados Extra e Carrefour, em Uberlândia, benefi cia os consumi-dores, que hoje pagam cerca de R$ 0,30 a menos pelo litro da gasolina do que há dois meses — o preço médio do litro, hoje, é R$ 2,29. A situação cômoda para os consumidores gera preocupa-ção aos empresários do setor, que são obrigados a entrar na concorrência, reduzindo a mar-gem de lucro, segundo alegam.

Na avaliação do diretor regio-nal do Minaspetro, Jairo Barbosa, a concorrência das redes de hi-permercados é desleal. “É um preço agressivo, que atinge nega-tivamente o mercado. O dono de posto fica numa encruzilhada, porque se não baixa o preço, perde o cliente, e se baixa, corre o risco de fechar as portas. Com R$ 2,29, não dá para sobreviver”, disse Barbosa.

O empresário João Tavares, que administra um posto no bair-ro Roosevelt há mais de seis anos, mantém o litro da gasolina a R$ 2,34 mesmo com a variação do mercado e amarga a queda de clientela. “Ficamos praticamente sozinhos na cidade com este preço. A venda caiu muito, está difícil manter assim. Já manda-mos dois funcionários embora e não sei onde vamos parar. Sei que tem muitos donos de postos se endividando para bancar os preços dos supermercados.”

Tavares já demitiu dois funcio-nários do posto e, segundo ele, se o movimento continuar em queda, terá de dispensar pelo menos mais um. Em Uberlândia,

os 106 postos de combustíveis empregam cerca de 1,5 mil pes-soas e, de acordo com o diretor do Minaspetro, mais demissões serão inevitáveis.

De acordo com o superinten-dente do Procon em Uberlândia, Franco Cristiano Alves, em qual-quer situação de livre concorrên-cia o consumidor ganha, desde que os preços praticados não levem os concorrentes à falência.

“Quando uma empresa quebra os concorrentes, cobrando preços abaixo do custo, é confi gurado o crime de dumping. Por enquanto, ainda não percebemos esta prá-tica na cidade, mas estamos atentos ao movimento do merca-do”, afi rmou.

A dica do superintendente é que o consumidor fi que atento não só ao preço, mas também à qualidade do combustível.

As assessorias de impren-sa dos dois hipermercados de Uberlândia foram procuradas pela reportagem do CORREIO de Uberlândia e responderam sobre a concorrência praticada pelos postos de combustíveis de seus estabelecimentos.

A assessoria do grupo Pão de Açúcar, responsável pelo Extra, encaminhou nota em que explica que “a compra de grandes volumes de combus-tível diretamente com o forne-cedor — sem intermediários

— permite à rede Extra prati-car preços extremamente competitivos em todos os seus postos. A política de preços do hipermercado é a mesma para seus mais de 80 mil itens, incluindo os com-bustíveis”.

O Carrefour, também por meio de nota, afi rmou “ofere-ce preços justos e competiti-vos a seus clientes por conta das grandes negociações que faz junto aos seus fornecedo-res”.

O número de pobres caiu no Brasil durante os seis primeiros meses da crise fi nanceira interna-cional. Segundo Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), este desempenho social é inédito no Brasil, já que, nas outras grandes crises econômicas das últimas décadas, a pobreza subiu muito.

Dados apresentados por Poch-mann no 21º Fórum Nacional, no Rio de Janeiro, com base na Pes-quisa Mensal de Emprego (PME)

do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), mostram que 316 mil brasileiros saíram da condição de pobreza nas princi-pais regiões metropolitanas de outubro de 2008 a março de 2009. A linha de pobreza utilizada foi a de meio salário mínimo de renda familiar per capita.

A apresentação de Pochmann no Fórum somou-se às do ministro Planejamento, Paulo Bernardo, e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social (BNDES), Luciano Couti-nho, para compor uma vigorosa defesa da reação do governo Lula à crise. O destaque desta argu-mentação foram o aumento dos gastos públicos e a atuação dos bancos públicos para suprir o crédito para as empresas no momento em que as linhas inter-nacionais sumiram e os bancos privados nacionais se retraíram. “É a primeira vez que se continua a reduzir a pobreza, apesar da crise”, disse o presidente do Ipea.

Page 4: Cidade

CORREIO DE UBERLÂNDIA | SÁBADO, 14/2/2009B4 | CIDADE

OBRA LOCAL VALORTrincheiras Entroncamento das BRs 050 e 365 R$ 12,8 milhões

Viaduto simples BR-050 sobre rua Haia (parte superior) R$ 1,7 milhão

Viaduto pista dupla BR-452 e av. Anselmo Alves (sentido Araxá) R$ 1,5 milhão

Viaduto simples BR-452 sobre a BR-050 R$ 1,5 milhão

Viaduto pista dupla BR-050 e av. Anselmo Alves (sentido Uberaba) R$ 1,4 milhão

Total R$ 18,9 milhões

Participaram da solenidade de inauguração das obras autorida-des municipais, como o prefeito Odelmo Leão e os deputados Gil-mar Machado, Elismar Prado e Welliton Prado, executivos do De-partamento Nacional de Infra-Es-trutura de Transportes (Dnit) e empresários. A representante da Casa Civil da Presidência da Repú-blica, Deise Barreta, veio em nome da ministra-chefe, Dilma Roussef.

No palanque armado na rua Espanha, em cima das trincheiras concluídas, Deise Barreta come-morou os dois anos de Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e lembrou dos esforços do governo federal no combate à crise mundial na economia. “Obras como estas geram empre-gos e garantem o futuro do País frente às difi culdades econômi-cas”, afi rmou ela.

O deputado Gilmar Machado destacou a parceria com a Prefei-tura de Uberlândia, ao afi rmar que as obras só foram possíveis pela disponibilização da contrapartida municipal e agradeceu aos ope-rários que participaram da cons-trução das obras.

O prefeito Odelmo Leão, ao encerrar a solenidade, citou as próximas obras a ser concluídas e agradeceu o apoio dos deputa-dos e demais profi ssionais pre-sentes. “É o resultado de uma parceria, que determinará cada vez mais tranquilidade para os usuários da malha rodoviária que corta Uberlândia”, afi rmou.

COMPLEXO DE VIADUTOS

Primeira etapa de obras é inauguradaLiberação dastrincheiras vaiseparar os fl uxosurbano e rodoviário

LYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

CONCLUSÃO das obras permite integração das rodovias BR-050, BR-365 e BR-452; entrega acontece após um ano e meio do início da execução

FOTOS BETO OLIVEIRA

Após um ano e meio do início das obras, a primeira etapa do complexo de intervenções rodovi-árias da região Leste de Uberlân-dia foi concluída e inaugurada ontem. A liberação das trincheiras construídas no entroncamento das rodovias BR-050 e BR-365 e o término de viadutos sobre a avenida Anselmo Alves dos San-tos permitem que o trânsito rodo-viário siga independentemente do fl uxo urbano, nos bairros Custódio Pereira e Tibery.

As obras foram inauguradas em uma solenidade que reuniu autoridades municipais e fede-rais, empresários e representan-tes do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit).

A partir de agora, as rodo-vias BR-050 (sentido Uberlân-dia-Uberaba), BR-365 (sentido Uberlândia-Patrocínio) e BR-452 (sentido Uberlândia-Araxá) es-tão integradas, sem que seja necessário misturar os fl uxos rápidos das rodovias ao trânsito mais lento da cidade. A entrega acontece após um ano e meio do início da execução das obras e várias datas previstas para o término. O complexo custou R$ 18,9 milhões e os recursos foram captados por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, com contrapartida da Prefeitura Municipal de Uberlândia.

Segundo o supervisor do Dnit em Uberlândia, João Andréa

Molinero Júnior, a conclusão das trincheiras permite maior segu-rança para os 25 mil motoristas que passam pelo trecho por dia. “Era uma obra necessária, por-que ali há um histórico de aci-dentes preocupante. Agora, a velocidade permitida na trinchei-ra será revista, para que o trân-sito rodoviário seja mais rápido e mais importante, a seguran-ça”, disse.

Outros trechos do mesmo complexo ainda não estão pron-tos. De acordo com Molinero, um deles deverá ser concluído no próximo período de estiagem: uma alça que ligará a avenida Anselmo Alves dos Santos à BR-050, para permitir que quem chega de Uberaba possa entrar diretamente na avenida no senti-do da Prefeitura. “Assim que tiver-mos um veranico de 15 dias, ela poderá fi car pronta”, afi rmou o supervisor.

Já a ligação do aeroporto ao complexo depende da autoriza-ção da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) para começar a execução de outra passagem inferior, obra em que o trânsito de trens terá que ser interditado.

Ponte do VauDurante a inauguração das

obras, o prefeito Odelmo Leão pediu ao supervisor do Dnit, João Andréa, obras de duplicação da Ponte do Vau. Mas em entrevista ao CORREIO de Uberlândia, o su-pervisor afi rmou já ter descartado completamente esta possibilida-de. “Primeiramente, visamos à segurança. Depois, conforto e, por último, economia. Não posso atender ao pedido, porque não é seguro. A solução que pensamos é converter o tráfego de veículos leves para uma passagem por dentro do bairro Dona Zulmira”, afi rmou.

COMPLEXO

Projetos aguardam licitaçãoAs próximas etapas de

obras anunciadas pelo super-visor do Dnit em Uberlândia, João Andréa Molinero Júnior, deverão seguir separando os fl uxos rodoviários e urbanos pelos bairros da cidade que são cortados pelas rodovias BR-050 e BR-365.

Na lista das intervenções, há projetos que ainda não foram licitados. “Por causa da proporção do complexo, que é enorme, o dividimos em etapas. A primeira já foi, en-tão temos que olhar para frente. Até o fi m desde ano, boa parte da segunda etapa deverá estar concluída”, afi r-

mou Molinero.Entre as obras ainda não

iniciadas, há duas novas trincheiras, uma na avenida Marcos Freitas Costa e outra no bairro Taiaman. Também está previsto um viaduto na avenida Raulino Cotta Pa-checo com a BR-365, próxi-mo ao Terminal Rodoviário, ligando o bairro Martins ao Roosevelt.

A construção de três pas-sagens inferiores na BR-365 vai ligar o bairro Marta Helena ao Umuarama e Brasil, nas avenidas Afonso Pena e Ala-goas e na rua Claudemiro José de Souza.

PALANQUE

Representanteda Casa Civilressalta PAC

SAIBA MAIS

SOLENIDADE de inauguração teve a participação de autoridades, deputados e executivos do Dnit

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CORREIO DE UBERLÂNDIA | SEGUNDA-FEIRA, 18/5/2009 ECONOMIA | A3

ACIUB EM AÇÃO

CONTEÚDO PRODUZIDO PELA ACIUB - ASSOCIAÇÃO COMERCIAL E INDUSTRIAL DE UBERLÂNDIAwww.aciub.com.br

Contadores tiram dúvidas sobre o Simples Federal

Quase 100 pessoas lotaram a sala de reuniões da Aciub na semana passada em uma reunião promovida pelo Progra-ma Empreender para transmitir informações a contadores sobre o Simples Federal 2009. Os convidados foram o dele-gado da Receita Federal, Nilson Alves Pontes, e o auditor fi scal Valtair Soares Ferreira, que não mediram esforços para desfazer todas as dúvidas apresentadas pelos presentes à reunião. Esta foi a segunda reunião promovida pelo Programa Empreender para Contadores. A primeira foi com represen-tantes da Receita Estadual. Apoiaram a iniciativa o Sindicato dos Contabilistas de Uberlândia e o Conselho Regional de Contabilidade.

Aciub debate cultura

No recente encontro na Aciub com a presença do assessor especial da Diretoria do Museu de Artes de São Paulo, Celso Vieira, e da secretária Municipal de Cultura, Mônica Debs, foram abordados vários temas de cultura. A secretária, após a exposição de Celso Vieira sobre a importância do Masp para a cultura de São Paulo e do Brasil, explicou quatro programas que norteiam a ação da política municipal de cultura: Cidade da Música, Cultura na Comunidade, Ler com Prazer e Programa Municipal de Incentivo à Cultura. Mônica citou 18 equipamen-tos culturais da secretaria, operados por 280 servidores. O encontro fi nalizou com grande cordialidade entre diretores e visitantes e contou com a presença do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Dilson Dalpiaz Dias.

Como aumentar as vendas

Aciub-Fade promoverão, no próximo dia 25, às 19h30, no Centro de Excelência – rua Blanche Galassi, 150 – Uberlândia – a palestra “Aumentando suas vendas com criatividade”. O palestrante será Paulo Henrique Souza, consultor de marketing do Sebrae. O objetivo é transmitir informações básicas aos participantes sobre novos mercados e como enfrentar a con-corrência para aumentar as vendas com criatividade e obter maior lucro. Informações pelo telefone 3215-7766.

FOTOS DIVULGAÇÃO

TURISMO DE NEGÓCIOS

Eventos lotam redehoteleira da cidadeCongresso e festivalde música vão gerar27 mil pernoitesde 8 a 14 de junhoLYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

LEILA ALVARENGA diz que muitos turistas têm que remarcar viagens

PAULO AUGUSTO

Quem quiser visitar Uberlândia na semana de 8 a 14 de junho e ainda não reservou hospedagem terá difi culdade para encontrar vaga em hotéis da cidade, mesmo com um mês de antecedência. A rede hoteleira, composta por 4,7 mil vagas, não comporta a deman-da de público de dois eventos de grande porte marcados para o mesmo período — uma conferên-cia nacional de cirurgia dermato-lógica e um festival de música.

Juntos, segundo levantamento do Uberlândia Convention e Visi-tors Bureau (UC&VB), os dois eventos deverão gerar à rede ho-teleira da cidade 27 mil pernoites no período. Além disso, as visitas à cidade são estimuladas em função do feriado prolongado — para muitas pessoas — e do Dia dos Namorados.

Desde o ano passado, os 152 apartamentos do principal hotel da cidade estão reservados em função do congresso de dermato-logia. De acordo com a gerente do estabelecimento Leila Márcia de Alvarenga Vieira, a procura para o período tem sido grande desde o início do ano e tem se intensifi ca-do com a proximidade da data.

“Temos de encaminhar os visitan-tes que nos procuram para outros hotéis, mas restam poucas vagas. Muitos têm de remarcar as via-gens por não encontrar acomoda-ção”, disse.

Segundo o empresário do se-tor de turismo Lucas Resende, a carência de leitos em hotéis quan-do há mais de um evento de grande porte é um “problema crônico” em Uberlândia. “É péssi-mo para a imagem da cidade, porque muitos hóspedes acabam sendo acomodados em hotéis que não correspondem ao seu perfi l de exigência. Falta investimento neste setor na cidade. É uma boa oportunidade aos megainvestido-res da região, porque somos um pólo de turismo de negócios e o

retorno é garantido”, afi rmou. Segundo o recepcionista de

um hotel de médio conforto na região central de Uberlândia, Fá-bio Mota, é comum pessoas que não encontram leitos procurarem vagas em outras cidades. No hotel em que ele trabalha, os 130 apartamentos estão reservados há dois meses para a semana de 11 de junho. “Muitos que chegam aqui e não encontram lugar vão para Araguari. Outros apelam para motéis ou pousadas”, disse.

A reportagem procurou os principais hotéis da cidade vizi-nha, mas nenhum confi rmou a existência de reservas para o fe-riado. A expectativa dos gerentes é que a procura seja maior com a proximidade da data.

Outra dificuldade de quem tem Uberlândia como destino no feriadão é encontrar passagens aéreas. Pelos sites das empre-sas, ainda é possível comprá-las, mas somente as de tarifas mais altas estão disponíveis.

Namorando a distância há três anos, o casal Alessandra Pereira e Gutemberg Belomonte desistiu do avião para passar o Dia dos Namorados (12 de junho) juntos.

Ele vem de carro de São Pau-lo, onde reside, para encontrar a namorada em Uberlândia. “Vive-mos para lá e para cá, quase sempre de avião. Agora, vai ter que ser pela estrada. É mais cansativo, demora bem mais, mas, de qualquer forma, vale a pena”, disse Alessandra.

O aeroporto Tenente Coronel Aviador César Bombonato, em Uberlândia, recebe 28 voos diá-rios durante a semana. A maioria deles tem como origem Belo Horizonte (10) e São Paulo (6).

VOOS

Restam apenas passagens com tarifas altas Convention Bureau

A coordenadora executiva do Uberlândia Convention & Visi-tors (UC&VB) Bureau, Priscilla Junqueira, reconhece que mar-car mais de um evento de gran-de porte na cidade pode gerar carência de vagas na rede ho-teleira e afirmou que um dos trabalhos do UC&VB é evitar acúmulo de eventos no mesmo período.

Na avaliação da coordenado-ra, como os dois eventos a serem

realizados no período têm perfi s distintos, os hóspedes que vêm à cidade na semana do dia 11 de junho não deverão ter tantos problemas de acomodação.

De acordo com Priscilla Jun-queira, o público do festival de música é mais eclético e menos exigente do que os participantes do congresso. “Muitos vão pro-curar hospedagens alternativas, como pousadas e hotéis mais simples e até casas de parentes ou amigos”, disse.

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CIDADE & REGIÃOCORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 20/9/2009

A6

Ex-internos voltam ao mundo do vício> MAIS DE 100 DEPENDENTES FICARAM SEM ATENDIMENTO COM O FECHAMENTO DE CLÍNICAS DE RECUPERAÇÃO EM UBERLÂNDIA

DEPENDÊNCIA QUÍMICA

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

A s recentes in-tervenções em comunidades te-rapêuticas para

tratamento de dependen-tes químicos devolveram 104 internos para o con-vívio familiar e também para as ruas, onde é fácil manter o contato com as drogas. O homicídio de uma ex-interna, ocorrido na semana passada no bairro Tubalina, zona Sul de Uberlândia, aumentou a preocupação entre as fa-mílias de usuários de dro-gas e autoridades sobre o acompanhamento dos ex-internos das instituições.

Quatro clínicas foram fechadas por uma ação conjunta do Ministério Público Estadual e Vigi-lância Sanitária, iniciada em 31 de julho. Outras duas foram vistoriadas e receberam prazo para adequações. Primeira a ser fechada, a Nova Vida Casa de Recuperação foi a única acusada de torturar internos.

As outras instituições apresentavam irregulari-dades na documentação e são suspeitas de fazer internações involuntárias e não cumprir determina-ções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que regulamenta os tratamentos.

Usuária de crack, Vivia-

ne Vieira Reis, 27 anos, foi assassinada em 10 de setembro. Ela havia fica-do 19 dias internada na clínica Reviva, no bair-ro Jardim Holanda, zona Oeste de Uberlândia, que foi fechada. A mãe, que pediu para não ter o nome divulgado, afirmou que internou a filha con-tra a vontade da moça, na tentativa de protegê-la de ameaças de morte que ela recebia.

“Lá na clínica, eles [autores do homicídio] não iam entrar. Não iam nem procurar por ela lá, porque não sabiam onde ela estava. Queria que ela desse um tempo para eles esquecerem. Assim que ela saiu, foi direto com-prar drogas e foi vista. Se ela estivesse na clíni-ca, talvez ainda estivesse viva, porque ia ficar no mínimo seis meses fora de circulação”, disse.

CAPS

A mulher afirmou que a filha e a família não fo-ram procuradas por pro-fissionais do Centro de Assistência Psicossocial (CAPs), serviço da Secre-taria Municipal de Saúde, para o atendimento da fi-lha. “Ela foi simplesmen-te jogada na rua. Os in-ternos que seguissem seu rumo com suas famílias.”

CLÍNICA de recuperação fechada em agosto no Mansões Aeroporto, sob acusação de torturar internos, abrigava dezenas de dependentes

Parente de um ex-interno de 28 anos, uma mulher que não quis ser identifi cada afi rmou que a família tem enfrentado muitos problemas desde que a clínica onde ele estava interna-do foi fechada — já no primeiro dia de liberdade, ele roubou o celular da mãe. Depois, levou o botijão de gás. O parente disse que a família não foi procurada pelo CAPs.

“Ele sai e não sabemos para onde vai nem o que vai fazer. Pode estar roubando outras

pessoas, praticando crimes e nós não podemos fazer nada. Estamos perdidos, porque não temos dinheiro para interná-lo em uma clínica, cara”, disse.

Ele foi internado involunta-riamente na Nova Vida Casa de Recuperação, no bairro Man-sões Aeroporto, acusada de tor-turar internos, e pagava R$ 250 por mês, além de despesas com produtos de higiene pessoal. “Ele falava que estava apanhan-do, mas nós nunca acreditamos. Os donos já haviam alertado

que ele falaria isso para poder sair. Ele está muito revoltado”, afi rmou a mulher.

A mãe do dependente mora no bairro Santa Luzia, região Leste de Uberlândia, na com-panhia do fi lho. De acordo com um parente próximo, a mulher já foi ameaçada. “Apareceu um homem armado lá, cobran-do uma dívida. Ela tem muito medo, mas não pode fazer nada. Quem tirou ele de lá [da clínica] deveria arrumar outro lugar para ele fi car.”

EX!PACIENTE ROUBA CELULAR E BOTIJÃO DE GÁS

FAMÍLIAS

Usuário de maconha, co-caína, crack e antidepressi-vos, o ex-interno da Comu-nidade Terapêutica Reviver José Mário Alves de Souza, de 32 anos, está em trata-mento no CAPs-AD desde que a clínica foi fechada. Ele afi rmou que foi voluntário na internação e permaneceu por três meses e 18 dias na instituição.

Ele considera que o trata-mento na clínica foi bom, pois ajudou na desintoxicação no primeiro mês. “Eu tinha que ser internado de qualquer jeito. Sou a favor da inter-nação à força, mas não de medicar à toa e prender o dependente, como acontecia em várias clínicas. Onde eu estava, não havia, mas ouço relatos que assustam”, disse.

Nenhum dos companhei-ros de internação dele está em tratamento no CAPs. “Todos devem ter voltado para a droga”, disse. “Por mim, continuaria internado. Mas o tratamento aqui [no CAPs] é bom também. Tenho mais reuniões, mais médicos para me atender. Estou con-seguindo estar na rua, sem drogas.”

USUÁRIO DE DROGAS ADERE A OUTRO TRATAMENTO

INICIATIVA

O promotor Lúcio Flávio de Faria e Silva, da Promotoria Es-pecializada na Defesa da Saúde, do Defi ciente e do Idoso, afi rmou que o fechamento das clínicas de recuperação de dependentes em situação irregular, em Uberlân-dia, faz parte de um projeto de reestruturação da rede de aten-dimento à saúde mental.

Segundo ele, a ideia é criar

uma rede unifi cada, com fi chas médicas e individuais padro-nizadas, que possa integrar o atendimento. “As comunidades terapêuticas sérias podem exis-tir, mas como um braço do tra-tamento que envolve estruturas hospitalares e CAPs”, afi rmou. A abertura de um outro CAPs é necessária para a criação da rede projetada pelo promotor.

“SAÚDE MENTAL SERÁ MELHORADA”

PROMOTORIA

O coordenador da rede mu-nicipal de saúde mental, res-ponsável pela administração dos CAPs, Christiano Mendes de Lima, negou que os ex-internos e suas famílias não tenham sido procurados para atendimento nas duas instituições municipais.

“Em todas as comunidades, fi zemos reuniões, procuramos famílias e dissemos que há o atendimento. Agora, vamos co-meçar as buscas ativas, com visitas domiciliares e contatos telefônicos. Queremos um con-tato próximo com as famílias, para buscar estratégias de sen-

sibilização para tratar os depen-dentes”, disse.

Para as famílias que estão passando por problemas com os ex-internos, a sugestão do coordenador é que procurem o CAPs. “Se o usuário estiver incontrolável e não responder por si, ele pode ser internado em uma estrutura hospitalar, como a enfermaria de Psiquiatria do Hospital de Clínicas.”

De acordo com Christiano Mendes, somente um interno preferiu ser transferido para outra clínica após o fechamen-to das comunidades. Ele não

soube informar a quantidade de ex-internos que está em trata-mento nos CAPs. “As famílias que preferem encarcerar os de-pendentes a buscar outra forma de tratamento estão procurando se livrar do problema, não tratá-lo”, afi rmou.

Na avaliação dele, os depen-dentes que foram internados contra a vontade própria não estavam recebendo tratamento efetivo. “Estas instituições fo-ram formadas por ex-usuários de drogas. Ter usado não habilita ninguém a tratar. Não impossi-bilita, mas não garante nada.”

CAPS DEVE INICIAR BUSCA ATIVA POR DEPENDENTES

TRATAMENTO

INTERNA FOIASSASSINADALOGO DEPOIS DE SAIR DE CLÍNICA

› 31/7 A polícia fecha a Comunidade Terapêutica Nova Vida Casa de Recuperação, no bairro Mansões Aeroporto. O dono da instituição, a mulher dele e seis internos que trabalhavam como monitores foram presos.

› 7/8 Duas instituições são fechadas no Jardim Holanda — Instituição Terapêutica Reviva e Casa de Recuperação Reviver. Além de não ter alvará de funcionamento, elas mantinham menores e adultos juntos em cárcere privado.

› 20/8 Quarta clínica é fechada em um mês. Centro Ebenezer, nas Mansões Aeroporto, é suspeito de manter internos em cárcere privado.

› 10/9 A ex-interna Viviane Vieira Reis, 27 anos, é assassinada no bairro Tubalina.

ENTENDA O CASO

FOTOS BETO OLIVEIRA

JOSÉ MÁRIO ALVES procurou atendimento no CAPs-AD, depois que a clínica onde estava foi fechada

FRASES DA SEMANADou mais valor à vida. De que me adiantou a pressa? Estou parada há 8 mesesANÁLIA SILVÉRIA, atropelada quando atravessava fora da faixa

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U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • Q U I N T A - F E I R A • 2 1 D E M A I O D E 2 0 0 9

MEDICINA VETERINÁRIA UFU

Alunos querem volta de animais vivos em aulasApós passeata, elesinvadem Reitoria embusca de apoio pararetomar cirurgias

LYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

ESTUDANTES invadiram a Reitoria da UFU em protesto contra suspensão de aulas práticas de cirurgia

FOTOS BETO OLIVEIRA

Com tambores, apitos, carta-zes, gritos de ordem e o uso da força, cerca de 300 alunos do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlân-dia (UFU) invadiram a Reitoria da instituição na manhã de ontem. Os estudantes saíram em passeata do campus Umuarama e seguiram até o campus Santa Mônica com o objetivo de falar com o reitor, Alfredo Júlio Fernandes Neto. Por insistência, conseguiram uma reunião com o vice-reitor, Darizon Alves de Andrade. A reivindicação dos alunos é a volta do uso de animais vivos nas aulas práticas de cirurgia.

Desde o início do semestre letivo deste ano, os estudantes estão proibidos de usar animais vivos nessas aulas. Até o ano passado, as cirurgias eram reali-zadas em animais doados pelo Centro de Controle de Zoonoses. Mensalmente, eram cedidos à UFU, em média, 150 cachorros vivos, que seriam eutanasiados no CCZ por portarem doenças.

“É impossível aprender a ope-rar em um cadáver ou em um bo-neco, porque com animais vivos podem acontecer imprevistos, como uma hemorragia, por exem-plo. Como estaremos preparados para encarar este tipo de coisa depois de formados se não passa-mos por isso? A faculdade é o lu-gar de errarmos e aprendermos, para que possamos salvar os animais quando sairmos daqui”, afi rmou Fernando Melo, aluno do 7º período de Veterinária, turma que organizou a manifestação.

Desde março, os alunos ten-tam resolver a questão das cirur-

gias. Eles encaminharam relatório ao Comitê de Ética da faculdade, participaram de duas reuniões com o reitor da UFU e organizaram um abaixo-assinado com 340 as-sinaturas. Na Veterinária, hoje, são 400 alunos. “Chegamos a um ponto em que não adianta mais sentar e negociar, porque o tempo está passando, o semestre está

acabando e nós não tivemos prá-tica de cirurgia”, disse o estudante.

Durante a reunião, os alunos solicitaram a presença do procu-rador-geral da Universidade, José Humberto Nozela. Trinta minutos depois, ele atendeu ao chamado e explicou que “a procuradoria está ao lado dos alunos, mas há limitações administrativas”.

REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA

Conselho apoia reivindicaçãoCom a manifestação, os

alunos conseguiram convocar uma reunião extraordinária do conselho da faculdade de Medicina Veterinária, que decidiu, por unanimidade, assinar um documento reque-rendo o uso de animais vivos nas aulas práticas. Segundo os estudantes, o documento teria sido levado até o Minis-tério Público pelo procurador da UFU, José Humberto Noze-la, ainda na tarde de ontem.

“Conseguimos, pelo me-nos, o apoio da UFU. Agora, são questões legais, temos de esperar. Na terça-feira temos outra reunião com o procura-dor e a Reitoria para saber-mos sobre o andamento do processo. Em um dia de ma-nifestação conseguimos o que em meses de negociação nos foi negado”, afi rmou Fernando Melo, representante dos alu-nos do 7º período de Medici-na Veterinária.

ALUNOS se reúnem com conselho da faculdade de Veterinária

PASSEATA dos estudantes teve início de manhã no campus Umuarama

VETO

UFMG

Procurador se baseia em lei de 1998

Professor diz que prática é legítima

Em fevereiro do ano passado, a Procuradoria-geral da República instaurou um procedimento para verifi car supostas ilegalidades na secção de animais no Hospital Universitário. Segundo o procura-dor Cléber Eustáquio Neves, du-rante o procedimento, houve uma perícia nas instalações do Hospi-tal Universitário e nas aulas prá-ticas. O veterinário responsável pela perícia sugeriu adequações,

entre elas, a retirada dos animais vivos para cirurgia. “Houve uma constatação de que os alunos estavam trabalhando com ani-mais doentes, que poderiam transmitir patologias graves du-rante os procedimentos”, disse o procurador.

De acordo com Neves, além da recomendação de não usar os animais pela questão de saúde, há também duas leis federais que

proíbem a utilização dos animais para ensino e pesquisa. Neves citou a Lei nº 6.638, de 1979, e a Lei nº 9.605, de 1998. “Alunos e professores poderão responder criminalmente se usarem um animal vivo nestas aulas. É uma questão tormentosa, ainda esta-mos analisando a documentação e, em breve, deveremos sugerir um ajustamento de conduta para a Universidade”, afi rmou.

Em outras duas universidades do Estado – Federal de Minas Ge-rais (UFMG) e Federal de Lavras (UFLA), o uso de animais vivos nas práticas de cirurgia é permitido. Na UFMG, segundo o professor Hum-berto Pereira Oliveira, que preside o Comitê de Ética para Experimen-tação Animal (Cetea), da Escola de Veterinária, a preferência é para

equinos e bovinos da Fazenda Ex-perimental da Universidade. “Ja-mais devem ser usados cadáveres nestas aulas. Os alunos saem e vão operar animais vivos, com toda a complexidade que possa envol-ver tais práticas”, disse.

De acordo com Oliveira, contra-riando a tese do procurador Cléber Eustáquio Neves, não há impedi-

mento legal para o uso de animais vivos. “Se em todas as cirurgias os animais forem anestesiados e a cirurgia não oferecer risco para o aluno, é perfeitamente legal e ne-cessário para o aprendizado”, disse. Na manifestação, os alunos citaram a Lei nº 11.794, de 2008, que, segundo eles, garantiria a le-gitimidade das cirurgias.

SUSPEITO NO CASO DJENIFFER

É LIBERADO PÁGINA B3

TJMG MANTÉMLICITAÇÃO DOTRANSPORTEPÁGINA B2

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CIDADE & REGIÃOCORREIO DE UBERLÂNDIA • DOMINGO • 25/10/2009

A4

> REPÓRTER DO CORREIO VIU DE PERTO UM EVENTO PARA JOVENS ONDE TUDO, OU QUASE TUDO, É PERMITIDO

FESTA RAVE

No embalo do som, luzes e drogasLYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

Em uma mesma fes-ta, misture 12 ho-ras ininterruptas de música eletrônica,

milhares de jovens e drogas – licitas e ilícitas. Qual é o resultado?

Quem nunca foi a uma rave ou a um festival de mú-sica eletrônica tem ideias preconcebidas do que acon-tece nelas. A maior parte das pessoas imagina que as raves são lugares onde tudo é per-mitido, pois nada é vigiado. As ideias fazem sentido. Por-que, geralmente, as festas são tudo o que se imagina. Às vezes, até mais.

A reportagem do COR-REIO esteve em uma delas na semana passada, reali-zada na sede da Associa-ção Atlética do Banco do Brasil (AABB), e observou o comportamento dos jovens quando a vigilância é míni-ma e o ambiente favorece o

consumo excessivo de bebi-das e drogas. Para preservar os frequentadores que de-ram entrevistas sem saber que seriam usadas em repor-tagem, os nomes serão subs-tituídos por nomes fi ctícios.

Logo ao entrar na festa, o impacto da combinação das luzes dos palcos, da de-coração em tons fl úor e com motivos psicodélicos, além do som alto com batidas re-petitivas e incessantes, esti-mula os sentidos. Impressio-na mesmo quem está sóbrio. O tom é de euforia coletiva. “Isso aqui é o paraíso”, disse Gabriela, de 17 anos, na pis-ta, dançando.

Seu amigo, Gustavo, de 18, vai direto ao bar e vol-ta com cerveja e vodka – servidas, também, para a menor. “O que importa é a sensação de liberdade. Aqui, eu faço o que eu quiser, por-que sempre vai ter alguém a meu lado fazendo coisa pior. É libertador”, afi rmou o es-tudante universitário.

A organização da festa não informou a quantida-de de ingressos vendidos. O CORREIO apurou com fon-tes extraofi ciais que o pú-blico presente seria entre 6 mil a 12 mil pessoas. Como a Polícia Militar não entrou no evento, não soube esti-mar o tamanho do público. Segundo a coordenadora do Comissariado da Infância e Juventude, Marlene Carrijo, no pedido de alvará, a orga-nização da festa informou que seriam até 3 mil pessoas.

A estrutura e o nome da festa, Playground, rodam o país – passaram por Brasília (DF) e Goiânia (GO) antes de chegar a Uberlândia.

Ela caracteriza-se princi-palmente pelos brinquedos de parque de diversão – em Uberlândia, foram usados o kamikaze (que gira 180°), o interprise (que atinge 90º) e o dance crazy (que balança). “Vomitei lá dentro [do brin-quedo], mas não fui o úni-co”, disse Pedro.

CERCO AOS MENORES FOI INSUFICIENTEAntes do início da festa, por

volta das 19h30, houve con-fusão. Por decisão judicial, a entrada de menores de idade estava proibida, mas como a quantidade de ingressos ven-dida a este público foi grande, a Polícia Militar e o Comissa-riado da Infância e Juventude não conseguiram conter a multidão.

O organizador e respon-sável pela festa, Wissan Cherbech, foi conduzido à delegacia, acusado de des-

cumprir decisão judicial, mas não chegou a ser detido. A reportagem entrou em con-tato com Cherbech, marcou uma entrevista, mas ele não apareceu no local e horário combinados.

Por telefone, ele disse que não responderia a perguntas e que somente seu advoga-do, Antônio Augusto Goulart, falaria. O advogado entrou em contato com a reportagem, mas disse apenas que seu cliente não quis se pronunciar.

A revista na entrada da festa foi malfeita – não con-seguiria impedir a entrada de armas ou drogas. Bolsas não eram abertas, apenas apalpa-das rapidamente. Os homens eram tateados nos bolsos e pernas. “Em qualquer festa é assim. Os organizadores já sabem o que vai aconte-cer na pista, por isso fazem vista grossa. Bala (ecstasy), por exemplo, sempre trago na carteira. Ninguém revista mesmo”, afi rma Diego, 19.

LEI NÃO É CUMPRIDA

PSICODELISMO NÃO PODE FALTAR NO VISUAL À medida que a festa ia

acontecendo, alguns aces-sórios como óculos escuros enormes, chapéus, capas e máscaras começaram a aparecer entre o público. Até o fi m da noite, eles circulam entre os freqüentadores. “Trouxe um chapéu de bobo da corte. Emprestei para um amigo, que emprestou para outro, agora nem sei com quem está. Não vou voltar para casa com ele, mas tam-bém não me importo. É para curtir”, disse Tiago, o! ce-boy que afi rmou ter gastado todo o salário para se prepa-rar para a festa.

As roupas são bem pare-cidas. Meninas normalmen-te usam shorts, um top por baixo de blusas soltas (mui-tas vezes tiradas ao longo da noite) e botas. Os homens usam camisetas com mo-tivos psicodélicos, também tiradas na entrada da festa.

Uma brincadeira comum entre os frequentadores mais assíduos de festas rave e festivais de música eletrônica são os mala-barismos e as acrobacias. Bolas de plástico coloridas presas a fitas de cetim flúor, chamadas de “swing poi”, são o brinquedo preferido.

Elas são giradas seguindo a batida da música, enquanto o “malabarista” dança e in-venta coreografias intera-gindo com as bolinhas.

Duas acrobatas de Goiâ-nia, Maressa e Sarah, foram contratadas por R$ 150 para fazer acrobacias em tecido. “Rodamos o país, vamos em muitas festas para tra-balhar. Não é uma profissão valorizada, mas nós nos di-vertimos. Ganhamos a pas-sagem, aproveitamos a festa e, no dia seguinte, voltamos para casa. Tem muita gente de Goiânia aqui”, disse Ma-ressa.

ACESSÓRIOS

FESTA EM UBERLÂNDIA reuniu milhares de jovens, que buscam diversão longe de qualquer tipo de vigilância e regados a bebidas e drogas; combinação de luzes, substâncias consumidas e sensação de liberdade deixa os participantes extasiados

EXAGEROS dos participantes levaram a cerca de 100 atendimentos médicos ao longo da noite de festa

A ‘BALA’ DÁ A PILHA PARA DANÇAR SEM PARAR. AÍ, É FUMAR UM ‘BECK’ E DESCANSAR.MUITA GENTE ATÉ DESMAIA NESTA HORA

FOTOS EQUIPE FOTOGRAFO.COM.BR

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CIDADE & REGIÃOCORREIO DE UBERLÂNDIA • SÁBADO • 30/1/2010

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Tarifa passará para R$ 2,25 amanhã> VALES!TRANSPORTE E PASSAGENS PARA ESTUDANTES PODERÃO SER ADQUIRIDOS ATÉ ÀS 17H DE HOJE COM PREÇO ANTIGO

TRANSPORTE URBANO

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

A partir deste do-mingo, a tarifa de ônibus do trans-porte urbano em

Uberlândia vai passar de R$ 2,20 para R$ 2,25. O au-mento de 2,27% foi anun-ciado ontem pelo secretário de Trânsito e Transportes, Paulo Sérgio Ferreira. Des-de o ano passado, quando a passagem subiu 15,8%, o reajuste passou a ser anual. A Zona Azul, sistema mu-nicipal de estacionamento público, também passará por mudanças em fevereiro (leia nesta página).

Quem utiliza o transpor-te urbano duas vezes ao dia, de segunda a sexta-fei-ra, passará a gastar mais R$ 2 por mês com o aumento. Atualmente, o gasto men-sal deste usuário com a tarifa de ônibus são R$ 88. Segundo o secretário, até hoje, às 17h, será possível comprar vale-transporte e passagens para estudantes pelo preço atual.

A justifi cativa para o au-

mento é uma fórmula pre-vista no contrato de conces-são assinado pelas empresas. O cálculo leva em conta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o custo do diesel e o preço no atacado de produtos usados no transporte coletivo (veja mais nesta página). A varia-ção destes índices (1,53%) aumentou a passagem para R$ 2,23, valor arredondado para R$ 2,25.

As empresas de ônibus, segundo o secretário, en-tregaram uma planilha que previa reajuste para R$ 2,52. “Elas assinaram um documento e sabiam que as regras do jogo seriam estas. A nossa intenção é preser-var o usuário”, disse.

O presidente do sindicato das empresas de transporte de passageiros do Triângulo Mineiro (Sindett), José Luiz Rissato, confi rmou a reivin-dicação. “O nosso custo é muito superior a isso, mas não temos outra alterna-tiva, porque a prefeitura está trabalhando em cima do contrato assinado”, afi r-mou Rissato. TRANSPORTE Por dia é transportada uma média de 150 mil passageiros; por mês, montante chega a 5 milhões

BILHETE DE R$ 0,50 VAI VALER PARA MEIA HORAO sistema de cobrança

das 1,2 mil vagas públicas da Zona Azul passará por mu-danças a partir de 16 de fe-vereiro. Hoje, um bilhete de R$ 0,50 garante uma hora de permanência na vaga. Com a mudança, o mesmo bilhe-te permitirá 30 minutos de estacionamento. Ou seja, a hora passará a custar R$ 1.

De acordo com o secretá-

rio de Trânsito e Transpor-tes, Paulo Sérgio Ferreira, a mudança visa aumentar a rotatividade das vagas no Centro. “O motorista vai pensar antes de colocar a mão no bolso para ficar pa-rado mais tempo. A tendên-cia é diminuir cada vez mais as vagas públicas para ga-rantir a fluidez do trânsito e estimular os estacionamen-

tos particulares”, disse.Segundo Ferreira, um

projeto de lei do Executi-vo deverá ser encaminha-do para votação na Câmara Municipal para redução de impostos e taxas de fun-cionamento para estacio-namentos privados para incentivar a criação de mais estabelecimentos no Centro de Uberlândia.

ZONA AZUL

MUDANÇA A partir de 16 de fevereiro, os usuários vão receber dois talões, um para 30 minutos e outro para 1 hora

PMU ESTUDA DESONERAÇÃO DE IMPOSTOSDe acordo com o secretário

Paulo Sérgio Ferreira, as em-presas de transportes poderão ser desoneradas nos impostos e taxas municipais, como o Imposto Sobre Serviços (ISS) e o Custo de Gerenciamento Operacional (CGO), que, juntos, representam 10%.

“Uma pesquisa em todo o Brasil apontou que estes dois índices juntos variam de 5% a 8%. Estamos terminando os estudos e é possível que o prefeito Odelmo Leão enca-minhe um projeto de lei para diminuir estes impostos como uma contrapartida da prefeitu-ra sobre os investimentos das empresas no sistema. Só não queremos que aumente a tarifa ao usuário”, disse.

PROTESTO

A coletiva de imprensa para o anúncio da nova tarifa chegou a ser interrompida pelo protes-to de um grupo de cerca de 50 pessoas contra o aumento. Os manifestantes usaram apitos, cornetas e gritos embaixo da janela da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Set-tran) para serem ouvidos pelo secretário.

Sob chuva, eles tentaram entrar no Centro Administrati-vo para manifestar, mas foram impedidos pela segurança da prefeitura.

CONCESSIONÁRIAS

CRITÉRIOSFORMAÇÃO DO PREÇO DA TARIFA

› 50% do valor levam em consideração o INPC/IBGE › 25% do valor são referentes aos custos com combustível › 25% do valor são referentes aos custos com manutenção em

transporte

CÁLCULOFórmula que resultou o aumento da tarifa

INPC (IBGE) = + 4,11%Diesel (FGV) = -1,63%Preço de produtos (FGV) = - 0,55%

INPC + custo diesel + preço de produtos de transporte coletivo

Variação de 1,53% (R$ 2,23) => arredondada para 2,27% (R$ 2,25)

395veículos

5terminais de integração do sistema

5,6milhões de passageiros por mês

100% da frota adaptada para defi cientes

RAIO!X

FOTOS BETO OLIVEIRA

Os interessados em fazer cursos profi ssionalizantes gratuitos podem procurar, a partir de segunda-feira, as unidades do BemSocial Centro Profi ssiona-lizante dos bairros Planalto e Lagoinha. Para se inscrever em um dos cursos, é preciso ter idade mínima de 16 anos e comparecer à unidade com comprovante de endereço e renda, CPF ou carteira de identidade. Os cursos e as inscrições são gratuitos. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 12h às 22h. A unidade do Planalto é

referência no setor automotivo e oferece cursos de Mecânica Au-tomotiva, Repintura Automotiva, Funilaria e Informática Básica. Já no BemSocial Centro Profi ssiona-lizante Lagoinha as opções são: Informática Básica, Operador de Máquina, Montador de Sandália Rasteirinha, Sapataria Industrial, Salgados e Tortas, Qualifi cação em Costura Industrial, Técnicas em Bordado à Máquina, Técnicas em Pedraria, Malharia, Modela-gem, Sacolas Recicláveis/Retor-náveis e Técnicas em Bordado com Linha.

Inscrições para cursos começam dia 1º

BEMSOCIAL

O governador Aécio Neves (PSDB) disse que não chegou a discutir com o ex-presidente Itamar Franco (PPS) sua candidatura a uma vaga no Senado. Na quinta-feira, Itamar, que vinha sendo cotado como pos-sível vice numa chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse que atendeu a um apelo da Executiva Estadual do PPS e aceitou se candidatar ao cargo legislativo. “Não cheguei a falar sobre isso. Eu vi nos jornais essa manifestação, é legítima”, afi rmou Aécio, durante visita à cidade de Cláudio, no centro-oeste.

Apesar dos apelos para que aceite compor uma chapa puro san-que, o governador de Minas tem sustentado que será candidato ao Senado. Aécio elogiou a dimen-são nacional de Itamar, reiterou que o ex-presidente “tem toda a legitimidade para postular o cargo que achar mais adequado”, mas fez uma ressalva: “O momento que nós estamos vivendo agora não é ainda dessas defi nições, o momento que nós estamos vivendo é o da cons-trução de uma ampla aliança em torno do vice-governador Antonio Anastasia”, afi rmou.

Aécio considera ‘legítima’ candidatura

ITAMAR PARA O SENADO

As concessionárias assinaram um documento e sabiam que as regras do jogo seriam estasPAULO SÉRGIO | SEC. DE TRÂNSITO E TRANSPORTES

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> CONCESSIONÁRIAS E LOJAS DE MÓVEIS REGISTRARAM AUMENTO NAS VENDAS DE 15% A 40% EM MARÇO EM RELAÇÃO A FEVEREIRO

Fim do IPI não causa corrida ao comércio

CIDADE & REGIÃOCORREIO DE UBERLÂNDIA • QUINTA!FEIRA • 1/4/2010

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DESCONTOS

PAUL

O AU

GUST

O

LUCAS BARBOSA | REPÓ[email protected]

O último dia de re-dução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industria-

lizados (IPI) de veículos 0 km e de móveis e eletrodomés-ticos foi tranquilo na maior parte das lojas e concessio-nárias de Uberlândia. Mes-mo não tendo registrado um movimento tão alto quanto no sábado (27), os proprietá-rios e gerentes de estabeleci-mentos da cidade fecharam o mês de março com recor-des de vendas. As conces-sionárias tiveram alta entre 20% a 40% em comparação com fevereiro. Já as lojas de

móveis e eletrodomésticos fecharam com alta de 15% a 20%.

“Todo o período de redu-ção do IPI foi bom de ven-das, mas março foi ainda mais satisfatório. Tivemos uma alta de 20% nas ven-das”, disse Rodrigo de Frei-tas, gerente de uma conces-sionária na avenida Rondon Pacheco, bairro Lídice, re-gião central.

Em outra concessionária de veículos, na mesma ave-nida, no bairro Tibery, re-gião leste, o gerente Nilton Rezende fechou o mês com mais de 280 veículos vendi-dos. Em fevereiro, a mesma concessionária vendeu 197 carros, um aumento de mais

de 29%. Se for levado em consideração que a frota de Uberlândia é cerca de 270 mil carros, somente nesta concessionária foi vendido mais de 1% do total de veícu-los da cidade. “O período de redução do IPI foi excelente. Tivemos um crescimento muito expressivo”, afi rmou Rezende.

Guilherme Gomes, geren-te de uma concessionária na avenida João Naves de Ávila, bairro Santa Mônica, região leste, não revelou quantos veículos vendeu no mês, mas garantiu que o aumento em março foi de 40% em relação ao mês anterior. “Batemos o recorde da história da empre-sa”, afi rmou.

MARCELO GUIMARÃES fi nalizou ontem a compra de um carro 0 km para aproveitar a temporada de desconto

PREÇOS DE VEÍCULOS DEVEM SUBIR DE 3,5% A 4%Com a volta do imposto, os

preços sobem de 3,5% a 4%. Até segunda-feira passada foram emplacados 284.910 comerciais leves no país, média de 13.567 por dia útil, de acordo com os dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Au-tomotores (Fenabrave). Para

Hélvio Júnior, gerente de outra concessionária na avenida João Naves de Ávila, bairro Santa Mônica, região leste, as vendas só não foram ainda melhores, porque os estoques de algumas versões, principalmente dos carros populares, esgotaram antes do fi m do mês. “Faltou

produto, por isso não vendemos mais. Agora já estamos pensan-do em abril, mas acredito que as vendas não devem cair muito, pois o país vive um momento econômico muito bom e, além disso, as montadoras devem oferecer atrativos para as ven-das se manterem”, disse.

ALÍQUOTA CHEIA

CONSUMIDORES APROVEITARAM DESCONTO ONTEMHá três meses, o funcionário

público Marcelo Anderson Gui-marães planejava comprar um carro novo, mas somente on-tem, último dia de redução do IPI, depois de muita pesquisa e ne-gociação, ele conseguiu fi nalizar a compra de um veículo zero-quilômetro. O que mais motivou Guimarães a fechar o negócio

agora foi a redução do imposto. “Este foi o fator principal. Con-segui um desconto de 4%, o que faz uma diferença muito grande na compra”, afi rmou.

A enfermeira Silvana Apareci-da Ferreira foi ontem a uma con-cessionária de veículos na ave-nida Rondon Pacheco, no bairro Tibery, região leste, para buscar

o carro zero-quilômetro que ad-quiriu no sábado (27). Ela não pretendia comprar um veículo novo neste mês, mas mudou de ideia para aproveitar a redução do imposto. “Achei melhor comprar agora para não correr o risco de pagar mais caro depois. Acredito que valeu a pena, pois consegui um bom desconto”, afi rmou.

ÚLTIMA HORA

PROCURA POR MÓVEIS É PEQUENA NO FIM DO MÊSOntem, último dia de re-

dução do IPI, as vendas nas lojas de móveis também não estavam diferentes do nor-mal. “Foi um dia tranquilo, mas ainda apareceram algu-mas pessoas querendo apro-veitar o desconto”, afirmou

Renata Nunes, gerente de uma loja na avenida Floriano Peixoto, bairro Aparecida, região central.

Mesmo sem muito movi-mento no último dia do mês, os comerciantes de móveis também registraram aumento

nas vendas. “Foi um mês es-petacular. Que bom seria se fosse assim o ano todo. Ven-demos mais que em dezem-bro”, afirmou Leandro Bar-celos, gerente de uma loja na avenida Afonso Pena, no bair-ro Aparecida, região central.

LOJAS

> CONSTRUÇÃO DE NOVOS CONDOMÍNIOS FECHADOS, CENTROS UNIVERSITÁRIOS E UM SHOPPING VAI VALORIZAR A REGIÃO

UBERLÂNDIA

Zona sul tem novociclo de expansão

BETO OLIVEIRA

CONSTRUTORA MRV prepara a construção de mais de 2 mil apartamentos com preço médio de R$ 80 mil

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

Porta de entrada de Uberlândia e um dos princi-pais vetores de

crescimento da cidade, a zona sul terá um novo ciclo de expansão imobi-liária nos próximos anos com a construção de mais condomínios fechados, além do Uberlândia Shop-ping. Na área, ao mesmo tempo em que são cons-truídas obras de alto pa-drão de milhões de reais, outras com preços mais baixos também começam a surgir.

Segundo o vice-presi-dente de Assuntos Imo-biliários do Sindicato da Construção Civil do Tri-ângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Sinduscon/TAP), Wagner Oliveira Júnior, a área nobre será

cada vez mais valoriza-da. “A zona sul é a ‘bola da vez’, com expansão do setor de serviços na aveni-da Nicomedes Alves dos Santos, o shopping novo e centros universitários. Isto tudo demanda gente para trabalhar, que preci-sará de lugar para morar, de preferência, por perto. Um destes lugares será o Shopping Park, com a construção de 3,5 mil ca-sas populares e os outros condomínios para a classe C”, disse.

A construtora MRV prepara a construção de 2.272 apartamentos com preço médio de R$ 80 mil, todos com características para serem fi nanciados pelo programa do Gover-no Federal Minha Casa, Minha Vida. Serão três condomínios – dois na avenida Luís Fuad Abibe (prolongamento da Nico-

medes Alves dos Santos, depois do Anel Viário) e o terceiro na avenida Lin-dormira Borges do Nasci-mento (ao lado do Uber-lândia Shopping).

Segundo o diretor co-mercial da MRV, Rodrigo Colares, o público-alvo são famílias com renda entre três e seis salários mínimos. Todos os apar-tamentos terão dois quar-tos. “Investimos na zona sul porque apostamos na valorização da região, sobretudo depois que o shopping fi car pronto, em meados de 2011”, afi r-mou.

Outro empreendimen-to da construtora no local, o condomínio The Palms, reúne 524 casas em fase de acabamento, com três ou quatro quartos. “É para outro público, este com maior poder aquisiti-vo”, afi rmou Colares.

OCUPAÇÃO VAI SE ESTENDER POR 30 ANOSEm parceria com a FGR e

Realiza Empreendimentos, a Cidade Jardim Engenharia planeja a expansão imobi-liária da zona sul pelos pró-ximos 30 anos. Ela já está presente na área com dois condomínios de luxo, os Jardins Roma e Barcelona e planeja construir, na orla do rio Uberabinha, mais quatro

com o mesmo padrão. Nos próximos meses, próximo à área será lançado o condo-mínio Jardim Sul, este volta-do para a classe B.

“Como todos os lotes têm apenas um dono, fi zemos um planejamento máster. O nosso plano é ter, daqui a 10 anos, a melhor zona sul do Brasil no nosso espaço.

Tudo está sendo estudado, desde a questão do acesso e da infraestrutura da área até o perfi l dos produtos e dos interessados. As áreas mais nobres para a classe A, as mais afastadas, para a classe B”, disse Alexan-dre Morelli, presidente da construtora Cidade Jardim Engenharia.

JARDINS

UMA PERUA Escort fi cou parcialmente destruída após pegar fogo, na tarde de ontem, no bairro Roosevelt, região norte de Uberlândia. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, o motorista Adailton Pereira da Silva percebeu que havia muita fumaça no veículo e, por isso, saiu do carro antes que o mesmo fosse tomado pelo fogo. Ninguém se feriu.

ROOSEVELT

PAUL

O AU

GUST

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Dia Mundial da Saúde será comemorado no dia 7, pela prefeitura, com a ampliação do Programa Saúde Escolar, que passa a se chamar Saúde Todo Dia

Diano amque