cidadania: um conceito complexo e com diferentes

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4 4 Programa Direitos Humanos Educação e Cidadania ISSN 1519-9827 NOVAMERICA Rua Dezenove de Fevereiro, 160 - Botafogo - CEP : 22280 - 030 -Rio de Janeiro - R.J. - BRASIL Tel/fax: 2542 6244 - 2295 8033 - E-mail: [email protected] - http://www.novamerica.org.br ISSN 1519-9827 NOVAMERICA Rua Dezenove de Fevereiro, 160 - Botafogo - CEP : 22280 - 030 -Rio de Janeiro - R.J. - BRASIL Tel/fax: 2542 6244 - 2295 8033 - E-mail: [email protected] - http://www.novamerica.org.br Programa Direitos Humanos Educação e Cidadania Direitos Humanos na sala de aula Compañia Visual Manteca Compañia Visual Manteca Apoio Apoio Composição Gráfica Composição Gráfica Adelia Maria Koff Adelia Maria Koff Susana Sacavino Susana Sacavino Equipe Responsável Equipe Responsável Supervisão Editorial Supervisão Editorial Editora Editora Vera Maria Candau Laura Cristina Campello do A. Mello Iliana Aida Paulo Marilena Varejão Guersola Vera Maria Candau Laura Cristina Campello do A. Mello Iliana Aida Paulo Marilena Varejão Guersola Para refletir O texto a seguir representa uma síntese de parte da introdução da pesquisa “Cidadania, Direitos Humanos e Educação”, em desenvolvimento pela equipe da Novamerica, cujo relatório final será publicado ainda em 2007. CIDADANIA: UM CONCEITO COMPLEXO E COM DIFERENTES SIGNIFICADOS Direitos Humanos Direitos Humanos na sala de aula na sala de aula Ano VIII - Nº 78 - Abril de 2007 Direitos Humanos Direitos Humanos NOVAMERICA NOVAMERICA “Educadores/as em rede: participação e cidadania.” “A luta pelos direitos humanos se dá no cotidiano, no nosso dia-a-dia, e afeta profundamente a vida de cada um de nós e de cada grupo social” As palavras participação e cidadania são inseparáveis em nosso lema. A afirmação que o segue - extraída da fundamentação do livro “Tecendo a cidadania”, (re)apresentado em “Enriquecendo a ação” - sugere a mesma inseparabilidade dos termos, em significados e concretude. É como sujeito de direitos que a nossa cidadania se realiza. É com participação (luta) cotidiana que esses direitos - e essa cidadania - são conquistados. Quanto mais participantes, maior nossa possibilidade de construção da cidadania. Quanto mais cidadãos/ãs, maior nosso comprometimento com a participação em prol da cidadania para tod@s. Relação de mão-dupla. Esta certeza nos leva destacar alguns dos direitos fundamentais dos seres humanos, para formular, ao longo do ano, as propostas desse boletim, conforme explicitado em “Sala de aula em movimento”. A gente deseja bom trabalho. Esta certeza orientará nossa escolha de textos para reflexão. Neste número, propomos uma aproximação com a complexidade de que se reveste a idéia de cidadania, a partir da explicitação de significados que esta palavra comporta. Confira na última página. A gente deseja boa reflexão! No mais, a gente se encontra... na rede. A p r e s e n t a ç ã o A equipe Participe Em julho próximo, mais uma vez publicaremos atividades desenvolvidas por professores/as em suas salas de aulas e/ou escolas. Participe do boletim. Seja co-autor/as do DDHH em sala de aula (orientação anexa). Em julho próximo, mais uma vez publicaremos atividades desenvolvidas por professores/as em suas salas de aulas e/ou escolas. Participe do boletim. Seja co-autor/as do DDHH em sala de aula (orientação anexa). Betinho Cidadania é uma palavra que todos afirmam e defendem. Representantes das mais variadas posições políticas e ideológicas incorporam nos seus discursos a sua importância e vêm apresentando propostas na ótica de reforçá-la e promovê-la, entendendo a palavra cidadania com um valor positivo. No entanto, por trás deste aparente consenso, constata-se uma dificuldade de conceituar a palavra cidadania a partir de suas múltiplas dimensões e enfoques. No presente texto, propomo-nos unicamente a caracterizar e estabelecer as distinções mais gerais entre alguns desses significados, com o objetivo de destacar a maior complexidade das reflexões em torno da idéia de cidadania. Para isso trataremos das concepções de cidadania formal, cidadania ativa, cidadania participativa, cidadania (inter)cultural e cidadania planetária. A concepção de vincula cidadania com liberdade individual e da própria sociedade e pressupõe a institucionalização dos direitos de cidadania. O sentido do exercício da cidadania traduz-se, assim, na posse de direitos legais pelos indivíduos privados. Trata-se, portanto, de uma cidadania formal e jurídica. No processo de conquistas progressivas da humanidade em termos de direitos enfatizou-se muito os avanços institucionais e legais para garantir legitimidade às próprias conquistas. O desrespeito contínuo aos direitos já firmados vem mostrando que a cidadania formal não necessariamente é efetiva. A liberdade que garante é parcial e sua igualdade não é de condições; por isso mesmo à concepção de cidadania formal se contrapõe a idéia de cidadania plena, que recupera aquele sentido de respeito integral a todos os direitos da pessoa humana e à existência de condições materiais, sociais, políticas e culturais necessárias a sua efetivação. A necessidade de garantia dessas condições supõe, portanto, a afirmação do papel do Estado na construção de políticas públicas que viabilizem a efetiva implementação dos direitos de cidadania. O conceito de é muitas vezes contraposto ao de cidadania formal e passiva. Para Maria Vitória Benevides, professora de sociologia e política da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, cidadania, hoje, significa participação. Uma participação em nível individual ou coletivo nas mais variadas áreas de atuação da sociedade e no âmbito da esfera pública. Em outras palavras, é uma não omissão em relação ao exercício do poder. Essa participação vai exigir algumas condições, entre elas, a autonomia suficiente para que o grupo ou o indivíduo, como eleitores, por exemplo, possam se organizar e refletir como irão participar de um processo de tomada de decisão. Nesse processo, como em toda forma de exercício da cidadania, a informação é indispensável. Por isso, o movimento de democratização da informação é um aspecto fundamental no caminho da cidadania ativa e participativa, pois a desinformação implica a não apropriação e a não participação do indivíduo ou do coletivo no espaço público. Para a filósofa Marilena Chauí (1981), a cidadania exige instituições, mediações e comportamentos próprios, constituindo-se na criação de espaços sociais de lutas (movimentos sociais, sindicais e populares) e na definição de instituições permanentes para a expressão política, como legislação, partidos e mecanismos de cidadania formal cidadania ativa e participativa participação popular (conselhos, orçamento participativo, consultas populares como referendos e plebiscitos e a prática da iniciativa popular legislativa). A noção de cidadania compreende os direitos e deveres civis, políticos e sociais e é no âmbito dos chamados direitos sociais que se encontram os direitos que irão caracterizar o que se considera a Os direitos culturais são aqueles direitos que o indivíduo tem em relação à cultura da sociedade da qual faz parte, que vão desde o direito à produção cultural, passando pelo direito de acesso à cultura, à informação e à comunicação até o direito à memória histórica e à diferença. Esse conjunto de direitos integra a concepção de cidadania cultural. A perspectiva da cidadania cultural se contrapõe aos fenômenos de apartheid social e cultural, presentes na nossa sociedade, colocando ênfase na interação entre pessoas e grupos pertencentes a diferentes universos culturais.. Emerge, então, a que aposta na relação entre distintos grupos sociais e étnicos. Está orientada à construção de uma sociedade democrática e plural, que articule políticas de igualdade com políticas de identidade. diz respeito à extensão da cidadania além das fronteiras tradicionais do Estado nacional. Trata-se de uma cidadania global, assentada na solidariedade, na diversidade, na democracia e nos Direitos Humanos, em escala planetária. Relaciona- se à presença do cidadão global a partir do surgimento de uma consciência política supranacional. A idéia de cidadania planetária está caracterizada pela militância transnacional especialmente exercida pelos movimentos sociais das diferentes causas: meio ambiente, direitos humanos, questões de gênero, diversidade cultural, etc. Não se trata de agir em oposição a um Estado particular, ou de atuar na relação entre Estado e sociedade. O centro é deslocado para o plano internacional buscando influenciar em múltiplas direções, inclusive na do Estado nacional de origem. A defesa dessas causas no espaço público transnacional configura uma nova arena política de construção da democracia e na configuração da sociedade civil global desafiando a configuração da cidadania tradicional. Tendo em vista os diferentes significados mencionados acima, constata-se que o termo cidadania enreda-se em um emaranhado conceitual dentro do qual situam-se questões ligadas às dimensões legal, política, social, ideológica, histórica e educacional. Assim, mesmo que, nos limites do presente texto, não possamos nos deter na história dos avanços e retrocessos da trajetória da cidadania no Brasil, um ponto fundamental deve ser enfatizado: cidadania (inter)cultural. cidadania intercultural A cidadania planetária o conceito de cidadania é uma construção histórica. E neste sentido, ser cidadão implica entender que a ordem social (as leis, os costumes, as instituições, as tradições, etc) não é natural. É uma invenção, uma criação de homens e mulheres de uma mesma sociedade. Ser cidadão é também compreender que se essa ordem não produz dignidade, pode ser mudada ou uma nova deve ser criada em seu lugar, em colaboração com os outros . 1 1 Toro, J.Bernardo. A Construção do Público: cidadania, democracia e participação. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio,2005, p.20 Datas Significativas é P o a r n ã ti , c i p e l a a m ç ã e o S é i a . u m d rac o s c c i m o n c e o p d r i n a c í p i d o s é P o a r n ã ti , c i p e l a a m ç ã e o S é i a . u m d rac o s c c i m o n c e o p d r i n a c í p i d o s p m o h u s s í e n v n e lt a , r a n a n m s f o h u r a m ar óri e m i s t r e h a l i a d a d d e , t e e m r p a p m o h u s s í e n v n e lt a , r a n a n m s f o h u r a m ar óri e m i s t r e h a l i a d a d d e , t e e m r p a d . o d e s o d a u i e t r a r o s i d p o l r i n e s c e í pios ad : i g s i d u a e r l d v a d d i e , l i e , b e r da d d . o d e s o d a u i e t r a r o s i d p o l r i n e s c e í pios ad : i g s i d u a e r l d v a d d i e , l i e , b e r da d 04 - Dia Contra a Prostituição Infantil 19 - Dia do Índio 22 - Dia da Terra 28 - Dia da Educação Outras datas, outras marcas, a mesma exigência: nossa participação cidadã. Sem ela não serão mais que registros no calendário.

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Page 1: CIDADANIA: UM CONCEITO COMPLEXO E COM DIFERENTES

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Programa Direitos HumanosEducação e Cidadania

ISSN 1519-9827 NOVAMERICA Rua Dezenove de Fevereiro, 160 - Botafogo - CEP : 22280 - 030 -Rio de Janeiro - R.J. - BRASILTel/fax: 2542 6244 - 2295 8033 - E-mail: [email protected] - http://www.novamerica.org.br

ISSN 1519-9827 NOVAMERICA Rua Dezenove de Fevereiro, 160 - Botafogo - CEP : 22280 - 030 -Rio de Janeiro - R.J. - BRASILTel/fax: 2542 6244 - 2295 8033 - E-mail: [email protected] - http://www.novamerica.org.br

Programa Direitos HumanosEducação e Cidadania

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Compañia Visual MantecaCompañia Visual Manteca

ApoioApoio

Composição GráficaComposição Gráfica

Adelia Maria KoffAdelia Maria Koff

Susana SacavinoSusana Sacavino

Equipe ResponsávelEquipe Responsável

Supervisão EditorialSupervisão Editorial

EditoraEditora

Vera Maria CandauLaura Cristina Campello do A. Mello

Iliana Aida PauloMarilena Varejão Guersola

Vera Maria CandauLaura Cristina Campello do A. Mello

Iliana Aida PauloMarilena Varejão Guersola

Para refletirO texto a seguir representa uma síntese de parte da introdução da pesquisa “Cidadania,

Direitos Humanos e Educação”, em desenvolvimento pela equipe da Novamerica, cujo relatório final serápublicado ainda em 2007.

CIDADANIA: UM CONCEITO COMPLEXO E COM DIFERENTES SIGNIFICADOS Direitos HumanosDireitos Humanosna sala de aulana sala de aula

Ano VIII - Nº 78 - Abril de 2007

Direitos HumanosDireitos Humanos

NOVAMERICANOVAMERICA

“Educadores/as em rede: participação e cidadania.”

“A luta pelos direitos humanos se dá no cotidiano, nonosso dia-a-dia, e afeta profundamente a vida de cada um de

nós e de cada grupo social”

As palavras participação e cidadania são inseparáveis em nossolema. A afirmação que o segue - extraída da fundamentação do livro“Tecendo a cidadania”, (re)apresentado em “Enriquecendo a ação” -sugere a mesma inseparabilidade dos termos, em significados econcretude. É como sujeito de direitos que a nossa cidadania serealiza. É com participação (luta) cotidiana que esses direitos - e essacidadania - são conquistados. Quanto mais participantes, maior nossapossibilidade de construção da cidadania. Quanto mais cidadãos/ãs,maior nosso comprometimento com a participação em prol da

cidadania para tod@s. Relação de mão-dupla.

Esta certeza nos leva destacar alguns dos direitos fundamentaisdos seres humanos, para formular, ao longo do ano, as propostas desseboletim, conforme explicitado em “Sala de aula em movimento”. Agente deseja bom trabalho.

Esta certeza orientará nossa escolha de textos para reflexão.Neste número, propomos uma aproximação com a complexidade deque se reveste a idéia de cidadania, a partir da explicitação designificados que esta palavra comporta. Confira na última página. A

gente deseja boa reflexão!

No mais, a gente se encontra... na rede.

Apresentação

A equipeParticipe

Em julho próximo, mais uma vezpublicaremos atividades desenvolvidas por professores/as em suassalas de aulas e/ou escolas. Participe do boletim. Seja co-autor/as

do DDHH em sala de aula (orientação anexa).

Em julho próximo, mais uma vezpublicaremos atividades desenvolvidas por professores/as em suassalas de aulas e/ou escolas. Participe do boletim. Seja co-autor/as

do DDHH em sala de aula (orientação anexa).

Betinho

Cidadania é uma palavra que todos afirmam e defendem.Representantes das mais variadas posições políticas e ideológicasincorporam nos seus discursos a sua importância e vêm apresentandopropostas na ótica de reforçá-la e promovê-la, entendendo a palavracidadania com um valor positivo. No entanto, por trás deste aparenteconsenso, constata-se uma dificuldade de conceituar a palavracidadania a partir de suas múltiplas dimensões e enfoques.

No presente texto, propomo-nos unicamente a caracterizar eestabelecer as distinções mais gerais entre alguns desses significados,com o objetivo de destacar a maior complexidade das reflexões emtorno da idéia de cidadania. Para isso trataremos das concepções decidadania formal, cidadania ativa, cidadania participativa, cidadania(inter)cultural e cidadania planetária.

A concepção de vincula cidadania comliberdade individual e da própria sociedade e pressupõe ainstitucionalização dos direitos de cidadania. O sentido do exercício dacidadania traduz-se, assim, na posse de direitos legais pelos indivíduosprivados. Trata-se, portanto, de uma cidadania formal e jurídica.

No processo de conquistas progressivas da humanidade emtermos de direitos enfatizou-se muito os avanços institucionais e legaispara garantir legitimidade às próprias conquistas. O desrespeitocontínuo aos direitos já firmados vem mostrando que a cidadaniaformal não necessariamente é efetiva. A liberdade que garante éparcial e sua igualdade não é de condições; por isso mesmo àconcepção de cidadania formal se contrapõe a idéia de cidadaniaplena, que recupera aquele sentido de respeito integral a todos osdireitos da pessoa humana e à existência de condições materiais,sociais, políticas e culturais necessárias a sua efetivação. A necessidadede garantia dessas condições supõe, portanto, a afirmação do papel doEstado na construção de políticas públicas que viabilizem a efetivaimplementação dos direitos de cidadania.

O conceito de é muitas vezescontraposto ao de cidadania formal e passiva. Para Maria VitóriaBenevides, professora de sociologia e política da Faculdade deEducação da Universidade de São Paulo, cidadania, hoje, significaparticipação. Uma participação em nível individual ou coletivo nasmais variadas áreas de atuação da sociedade e no âmbito da esferapública. Em outras palavras, é uma não omissão em relação aoexercício do poder.

Essa participação vai exigir algumas condições, entre elas, aautonomia suficiente para que o grupo ou o indivíduo, como eleitores,por exemplo, possam se organizar e refletir como irão participar de umprocesso de tomada de decisão. Nesse processo, como em toda formade exercício da cidadania, a informação é indispensável. Por isso, omovimento de democratização da informação é um aspectofundamental no caminho da cidadania ativa e participativa, pois adesinformação implica a não apropriação e a não participação doindivíduo ou do coletivo no espaço público.

Para a filósofa Marilena Chauí (1981), a cidadania exigeinstituições, mediações e comportamentos próprios, constituindo-sena criação de espaços sociais de lutas (movimentos sociais, sindicais epopulares) e na definição de instituições permanentes para aexpressão política, como legislação, partidos e mecanismos de

cidadania formal

cidadania ativa e participativa

participação popular (conselhos, orçamento participativo, consultaspopulares como referendos e plebiscitos e a prática da iniciativapopular legislativa).

A noção de cidadania compreende os direitos e deveres civis,políticos e sociais e é no âmbito dos chamados direitos sociais que seencontram os direitos que irão caracterizar o que se considera a

Os direitos culturais são aqueles direitos que o indivíduo tem emrelação à cultura da sociedade da qual faz parte, que vão desde odireito à produção cultural, passando pelo direito de acesso à cultura, àinformação e à comunicação até o direito à memória histórica e àdiferença. Esse conjunto de direitos integra a concepção de cidadaniacultural.

A perspectiva da cidadania cultural se contrapõe aos fenômenosde apartheid social e cultural, presentes na nossa sociedade,colocando ênfase na interação entre pessoas e grupos pertencentes adiferentes universos culturais.. Emerge, então, a

que aposta na relação entre distintos grupos sociais eétnicos. Está orientada à construção de uma sociedade democrática eplural, que articule políticas de igualdade com políticas de identidade.

diz respeito à extensão da cidadania alémdas fronteiras tradicionais do Estado nacional. Trata-se de umacidadania global, assentada na solidariedade, na diversidade, nademocracia e nos Direitos Humanos, em escala planetária. Relaciona-se à presença do cidadão global a partir do surgimento de umaconsciência política supranacional.

A idéia de cidadania planetária está caracterizada pela militânciatransnacional especialmente exercida pelos movimentos sociais dasdiferentes causas: meio ambiente, direitos humanos, questões degênero, diversidade cultural, etc. Não se trata de agir em oposição a umEstado particular, ou de atuar na relação entre Estado e sociedade. Ocentro é deslocado para o plano internacional buscando influenciar emmúltiplas direções, inclusive na do Estado nacional de origem. A defesadessas causas no espaço público transnacional configura uma novaarena política de construção da democracia e na configuração dasociedade civil global desafiando a configuração da cidadaniatradicional.

Tendo em vista os diferentes significados mencionados acima,constata-se que o termo cidadania enreda-se em um emaranhadoconceitual dentro do qual situam-se questões ligadas às dimensõeslegal, política, social, ideológica, histórica e educacional.

Assim, mesmo que, nos limites do presente texto, não possamos nosdeter na história dos avanços e retrocessos da trajetória da cidadaniano Brasil, um ponto fundamental deve ser enfatizado:

cidadania (inter)cultural.

cidadaniaintercultural

A cidadania planetária

o conceito decidadania é uma construção histórica. E neste sentido, ser cidadãoimplica entender que a ordem social (as leis, os costumes, asinstituições, as tradições, etc) não é natural. É uma invenção, umacriação de homens e mulheres de uma mesma sociedade. Sercidadão é também compreender que se essa ordem não produzdignidade, pode ser mudada ou uma nova deve ser criada em seulugar, em colaboração com os outros .1

1Toro, J.Bernardo. A Construção do Público: cidadania, democracia e

participação. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio,2005, p.20

Datas Significativas

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e, li e,berdad

04 - Dia Contra aProstituição Infantil

19 - Dia do Índio

22 - Dia da Terra

28 - Dia daEducação

Outras datas,outras marcas,

a mesmaexigência:

nossaparticipação

cidadã.Sem ela não serão

mais que registros nocalendário.

Page 2: CIDADANIA: UM CONCEITO COMPLEXO E COM DIFERENTES

Incluir outros itens para caracterizar as crianças: oque mais gosta de estudar, lugar preferido para passear,

ator/atriz que mais aprecia, time pelo qual torce,, e o que mais for significativo para sua turma. O último item

sugerido servirá de “gancho” para a próxima abordagem do direitoà vida, acima referida.

O quadro recomendado anteriormente pode ser substituído oucomplementado por móbiles feitos com pratos de papelão, presosuns aos outros por barbante Ou um móbile para cada criança (nomeno primeiro prato e demais itens nos pratos sucessivos) ou um paracada característica (característica no primeiro prato - cor preferida,por exemplo, e escolhas nos subseqüentes - verde, branca,vermelha...). Neste caso, é imprescindível colocar em cada escolha(gato, como animal predileto, por exemplo), o nome das criançasque com ela se identificaram. O objetivo é identidade pessoal e nãocaracterização da turma (embora esta possa/deva ser incluída). Aopção pelo móbile individual permitirá a montagem de “cortina”para “enfeitar” diversos ambientes.

Ao final da atividade pedir que cada criança faça um auto-retrato,nele destacando o que considera mais marcante, mais especial em simesma (ela poderá se retratar usando a camisa do time, brincando

de boneca, nadando na piscina, comendo churrasco, etc.).Com os retratos, compor um álbum. Que título terá?

dia mais feliz davida

O objetivo é que tod@s se reconheçam seres singulares. De igual modo reconheçam as outras pessoas. E mais:reconheçam que sua identidade é em si mesma um direito e parte de um direito maior.Em maio, destacaremos aspectos que tornam a , aproveitando para abordar alguns direitos essenciaisa ela. Nos meses subseqüentes, outros direitos estarão em foco. Aproveitamos para recomendar a utilização de doislivros da Novamerica. A (re)apresentação deles (ver Enriquecendo a ação), justifica a recomendação.

vida digna e feliz

Cara professora, caro professor, como anunciado na , o lema 2007, clamando por participaçãocidadania, cria excelente oportunidade para explorarmos os direitos fundamentais dos seres humanos, uma vez que

sem eles não há, de fato, cidadania.Neste boletim e no próximo trabalharemos o primeiro direito e bem principal de todas as pessoas, do qual

decorrem e para o qual concorrem os demais - . Nesta edição, privilegiamos a questão da identidade,que faz cada vida única, sob inspiração de um dos princípios da Declaração Universal dos Direitos da Criança:

Assim como tod@s nós.

Apresentação

acriança tem direito, desde o seu nascimento, a um nome e a uma nacionalidade.

e

o direito à vida

22

Dir

eit

os

Hu

mano

sna

sala

de

au

la

A partir da idéia de “descobrir”, ou , levantar com as crianças, se

possível em círculo (até mesmo fora da sala de aula):seus , (problematizandoqualquer indicação pejorativa, para eliminá-la),

(de cor, bicho, comida, brincadeira, e oque mais for interessante para identificá-las).

Colocar numa caixa tiras de cartolina com o nomede todas as crianças, os apelidos, e as preferências,para uma brincadeira. Cada criança pega uma tira nacaixa. Quem apanhar

um apelido, tenta lembrar o nome completo do/acolega/a, ou vice-versa;

um nome, tenta dizer alguma/s preferência/sdaquela criança;

uma preferência, tenta listar que colegas gostamdaquela mesma coisa;

Embora a brincadeira tenha jeito de jogo, estimulea cooperação, em caso de dificuldade para lembrar oque é solicitado, evitando que se estabeleça acompetição. A intenção é tornar a atividade divertida,estimulante.

Montar um quadro (em cartolina, papel pardo, ouno mural) com colunas para característicasidentificadoras: (escrever o nome completo e,se for o caso, o apelido);(utilizar tiras de papel colorido ou pintar o retângulo)

(usar desenho, foto, recorte derevista...), (usar osmesmos recursos anteriores e, no caso de grãosserem citados - arroz, feijão... - usá-los para colagem),

(além do jásugerido, pode-se recorrer a miniatura de pipas,pedaço de corda, bonequinha de papel que troca deroupa, bola-de-gude, trave de futebol de botão...).Conforme o recurso a ser usado, a montagem doquadro será feita no/s dia/s seguinte/s. Quanto maisatrativo o quadro, melhor. Lembre-se que ele poderáser utilizado para conversar sobre o tema com

crianças que tenham faltado à aula ou pararetomada com todas as crianças. E para

exposições (dos Encontros do MEDH,inclusive, vale insistir.)

quem eusou como eu sou

nomes completos apelidos

preferências

eu souminha cor preferida é

meu bicho predileto éa comida de que mais gosto é

a brincadeira de que mais gosto é

Atividade 1Atividade 1

Educação Infantil 1º cicloEnsino Fundamental

e

do

Educação Infantil 1º cicloEnsino Fundamental

e

do

Atividade 2Atividade 2

Ensino Fundamental 3ª 6ª( )à sérieEnsino Fundamental 3ª 6ª( )à série

A mesma caracterização por escolhas e preferências também é cabívelpara estas séries, com a inclusão de novas solicitações que essa faixa etária é capaz

de assumir: autor/a de literatura preferido/a, disciplina escolar com que mais seidentifica, experiência mais marcante vivida até então, sonho que acalenta,

(igualmente “gancho” para explorações futuras do ), e oque mais a própria turma sugerir.

Construir uma ficha, com os/as estudantes, que permita um registro daidentidade: nome, data/local de nascimento, responsáveis, documentos de identidade (RG,título eleitoral...), endereço, telefone, telefone celular, e-mail, escolas em que estudou, , etc. Oconfronto entre aquela caracterização e esta poderá favorecer interessante discussão sobre

, aproveitando-se a discussão para destacar o direito à identidadepessoal como expressão do direito à vida.

Solicitar que cada estudante expresse por escrito (em prosa ou verso) ou em forma gráfica,seu sentimento por se perceber pessoa singular, com identidade que a diferencia das demais.Reunir as produções em álbum ou em livro da turma. Ou, ainda, preservá-la para, junto aproduções futuras, compor o “livro da vida” daquele/a aluno/a.

colegas dos cursos de formação de professores. Vocês têm especialoportunidade nas mãos: a formação, em direitos humanos, de seus/suas alunos/as e aformação destes/as como agentes multiplicadores. Recorram, em especial os/as dePrática de Ensino/Estágio Supervisionado, às sugestões propostas para as crianças(neste boletim e no livro Sou crianças: tenho direitos) como suporte paraatividades a serem realizadas pelas/os normalistas

nsino fundamental.

Formar com os/as alunos/as um coral, para cantar canção deToquinho - Gente tem sobrenome, presente no CD abaixoindicado. Caso não possa dispor da gravação, é possível recitá-la,

em jogral. Essa atividade poderá se converter em número paraapresentação em alguma festividade e/ou culminância de

atividades sobre o .

adjetivo queatribui à própria vida

mais formal

oque nos faz ser como somos

direito à vida

Atenção

Atividade complementar(para diferentes turmas/níveis, segundo sua avaliação)

direito à vida

e estudantes do curso dePedagogia, no e

Atividade 3Atividade 3

Ensino Fundamental (7ª 8ª ) Ensino Médioe séries eEnsino Fundamental (7ª 8ª ) Ensino Médioe séries e

33

Dir

eit

os

Hu

mano

sna

sala

de

au

la

G

Todas as coisas têm nomeCasa, janela e jardim

Coisas não têm sobrenomeMas a gente sim

Todas as flores têm nomeRosa, camélia e jasmim

Flores não têm sobrenomeMas a gente sim

O Chico é BuarqueCaetano é Veloso

O Ari foi Barroso tambémTem uns que são Jorge

Tem o Jorge AmadoE outro que é o Jorge Ben

Quem tem apelidoDedé, Zacarias

Mussum e a Fafá de BelémTem sempre um nomeTem sempre um nome

E depois do nomeTem sobrenome também

Todo brinquedo tem nomeBola, boneca e patim

Brinquedos não têm sobrenomeMas a gente sim

Coisas gostosas têm nomeBolo, mingau e pudim

Doces não têm sobrenomeMas a gente sim

Renato é AragãoO que faz confusão

Carlitos é Charles ChaplinE tem o Vinicius que é de Morais

E o Tom brasileiro é Jobim

Quem tem apelidoZico, Maguila

Xuxa, Pelé e He-ManTem sempre um nomeTem sempre um nome

E depois do nomeTem sobrenome também

ENTE TEM SOBRENOME(Toquinho)

Em qualquer série/turma/nível, o que está em pauta éa identidade dos/as estudantes, expressão primeira do

. Portanto, embora a atividade favoreçaapresentação de cada um/a para o grupo (o que é positivo para ao conhecimento da turma), o foco é a identidade pessoal(traduzida, no princípio acima transcrito, em nome enacionalidade). Daí podem já decorrer explorações preliminaressobre (e de ser respeitado em suas

diferenças, de ter direitos iguais, apesar das diferenças,etc.), que oportunamente será retomado.

Recomendação geral

direito à vida

o direito de ser diferente

Para professores/as

CANDAU, Vera et alii.

Petrópolis, RJ:Vozes, 1995.

CANDAU, Vera et alii.Petrópolis, RJ: Vozes, 199

Tecendo a cidadania: oficinas pedagógicas

de direitos humanos.

Sou criança, tenho direitos: oficinas

pedagógicas de direitos humanos.

Esses livros apóiam o trabalho de educação em direitos humanos tratando, como

tais, os temas vida, alimentação, saúde, meio ambiente, moradia, escola e

participação. O primeiro, dirigido a docentes de jovens (ensino médio e séries

finais do ensino fundamental), propõe sete oficinas, uma para cada direito,

detalhando cada etapa. O segundo, para professores/as de crianças de 6 a 11

anos, sugere atividades agrupadas em quatro “encontros” para cada tema.

Conforme o caso, são fornecidos textos, referidos materiais necessários,

sugeridas atividades de enriquecimento e bibliografia, etc.

CD com canções de Toquinho e Elifas

Andreato, cantadas por Toquinho e coral infantil, todas referentes a direitos das

crianças. O disco foi feito, segundo os autores, “para ver se cantando, será

possível fazê-los mais conhecidos”. Nós apostamos no canto coletivo. E você?“Canção de todas as crianças” -

Declaração Universal dos Direitos HumanosArt. 1º

Art. 3º

- Todos os seres humanos nascem livres eiguais em dignidade e direitos e, dotados que sãode razão e consciência, devem comporta-sefraternalmente uns com os outros.- Todo indivíduo tem direito à vida, àliberdade e à segurança de sua pessoa.