cidadania e desigualdade de gÊnero

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CIDADANIA E DESIGUALDADE DE GÊNERO Prefácio- Apresentação do tema - Milena Barreto de Oliveira O presente trabalho é uma produção coletiva do grupo H, de um material paradidático para auxiliar professores na prática docente de temas transversais, feito a partir da ferramenta virtual Wiki e que compõe a avaliação final do curso de extensão “Conceitos Fundamentais em Sociologia”, realizado pela Fundação CECIERJ no primeiro semestre de 2012. O grupo foi formado com os alunos ativos do curso, listados em ordem alfabética e dividido pela equipe de tutoria em fóruns distintos que através desse espaço iniciamos o contato e as discussões a respeito da escolha de um tema que se relacionasse com os propostos pelo curso. A Sociologia é uma área muito ampla das Ciências Humanas sugerindo várias temáticas, porém o grupo logo demonstrou interesse pelos temas de cidadania e de desigualdade de gênero. Desta forma, unimos esses dois temas e os relacionamos no trabalho que foi entitulado de “Cidadania e desigualdade de gênero”. Compreendemos cidadania como o exercício pleno das funções sociais e políticas totais do indivíduo e gênero como um conceito relacionado ao papel social que o indivíduo exerce na sociedade em detrimento do seu sexo anatômiuco. As desigualdades de gênero são produzidas em todos os espaços da vida social, tanto nos públicos quanto no privado. Os movimentos sociais têm se empenhado em lutas para resguardar os direitos civis de homens e mulheres e nessa perspectiva a luta pela igualdade de gênero também é constante. O Brasil tem avançado bastante no que se refere à ampliação e exercício desses direitos, na promoção da cidadania. No entanto ainda há muitos obstáculos a serem transpassados e considerados no que se refere à igualdade, educação de qualidade, respeito e valorização dos indivíduos.

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CIDADANIA E DESIGUALDADE DE GÊNERO

Prefácio- Apresentação do tema - Milena Barreto de Oliveira

O presente trabalho é uma produção coletiva do grupo H, de um material paradidático para auxiliar professores na prática docente de temas transversais, feito a partir da ferramenta virtual Wiki e que compõe a avaliação final do curso de extensão “Conceitos Fundamentais em Sociologia”, realizado pela Fundação CECIERJ no primeiro semestre de 2012. O grupo foi formado com os alunos ativos do curso, listados em ordem alfabética e dividido pela equipe de tutoria em fóruns distintos que através desse espaço iniciamos o contato e as discussões a respeito da escolha de um tema que se relacionasse com os propostos pelo curso. A Sociologia é uma área muito ampla das Ciências Humanas sugerindo várias temáticas, porém o grupo logo demonstrou interesse pelos temas de cidadania e de desigualdade de gênero. Desta forma, unimos esses dois temas e os relacionamos no trabalho que foi entitulado de “Cidadania e desigualdade de gênero”. Compreendemos cidadania como o exercício pleno das funções sociais e políticas totais do indivíduo e gênero como um conceito relacionado ao papel social que o indivíduo exerce na sociedade em detrimento do seu sexo anatômiuco. As desigualdades de gênero são produzidas em todos os espaços da vida social, tanto nos públicos quanto no privado. Os movimentos sociais têm se empenhado em lutas para resguardar os direitos civis de homens e mulheres e nessa perspectiva a luta pela igualdade de gênero também é constante. O Brasil tem avançado bastante no que se refere à ampliação e exercício desses direitos, na promoção da cidadania. No entanto ainda há muitos obstáculos a serem transpassados e considerados no que se refere à igualdade, educação de qualidade, respeito e valorização dos indivíduos.As discussões propostas nesse material têm como objetivo motivar a reflexão coletiva e individual contribuindo para a eliminação de qualquer desigualdade e diferença. Propomos a reflexão acerca dos conceitos de gênero e cidadania. Para desenvolver melhor esses temas iremos: conceituá-los, expor o papel da família e da escola no aprendizado de gênero, mostrar que a formação da identidade da criança e do adolescente é construída socialmente, exemplificar as diferenças de gêneros nos setores públicos e privados, apontar a violência e discriminação de gênero como reflexo da desigualdade social, o surgimento de Movimentos sociais pela igualdade de gêneros, relacionar Direitos Humanos, Cidadania e gênero, sugerir propostas educativas possíveis e por fim colocar nossas considerações finais.Todo trabalho está pautado nas referências bibliográficas citadas que nos serviram de base para a construção dos nossos textos. Nosso objetivo maior é o de contribuir com os professores na discussão dos temas nas salas de aulas proporcionando o respeito dos direitos civis dos indivíduos, da igualdade de gênero, contribuindo dessa maneira para que a escola seja um espaço público de promoção da cidadania.

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Conceito de Cidadania e Gênero - Mônica Pires de Oliveira

Olhando do alto do prédio o incrível formigueiro humano que se movimento pelas ruas da cidade, mal nos lembramos que cada ponto se movimentando naquele intenso vai e vem trata-se de um ser humano, de um indivíduo, de uma pessoa, de alguém. Mas naquela massa disforme quase não dá para identificar tratar-se de homem ou mulher no ponto em

que tentamos fixar o olhar. Quem seria aquele humano que segue?...

Humanos e grupos quem veio antes?

Essa pergunta em um primeiro momento pode parecer fácil de responder, pois humanos vivem em grupos e grupos são constituídos por....humanos. Desde os tempos mais antigos o homem é um ser social. O convívio em sociedade implica em experiências,brigas, acordos, em trocas. Somos produtos da sociedade em que vivemos e a sociedade também é produto das pessoas que ali se inserem. Será então que o fato de estar vivendo em sociedade nos torna um cidadão?

Lembre-se: Cidadão não é uma cidade grande!

O que nos torna cidadão? “Cidadania é a possibilidade que todos têm de cumprir seus deveres e de exercitar seus direitos assegurados em lei. Cidadão é o indivíduo eu desfruta desses direitos assegurados pelo Estado, participando consciente e efetivamente de tudo que diz respeito à sociedade em que vive” (1) Direitos, deveres – duas palavras, uma participação. Vejamos: a noção de cidadania reúne uma idéia ativa de duas mãos, é uma avenida: um lado que vem o outro lado que vai. No convívio do indivíduo dentro do seu grupo social, uma cadeia de prerrogativas e obrigações se formam – parece chato né? Tão bom se todos as pessoas só tivessem direitos; mas é assim que funciona e para por ordem, para mediar as relações e ditar as normas que regem a sociedade temos a figura do Estado. “A dimensão normativa da cidadania configura-se concretamente em condição de igualdade de direitos civis, políticos e sociais. No, entanto, deve-se lembrar que semelhante situação resultou historicamente em vertentes paradoxais relativas à pertinência social e política dos vários grupos sociais. De um lado, o status de cidadão transformou-se em importante força inclusiva dos indivíduos na vida nacional. Contudo, também funcionou como significativa força de exclusão de uma grande parcela de pessoas da comunidade de políticas nacionais”. (2)

Para facilitarmos o entendimento de como o Estado age na vida das pessoas/indivíduos vamos usar a figura do juiz de um ringue – imaginemos sua figura como O ESTADO , ele ditará e fará valer as regras da luta e a cada round de disputa o dever ou o direito se manterá de pé, mas não significando a derrota definitiva do oponente, pois na luta diária do nosso

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dia-a-dia sempre haverá espaço para uma nova disputa na arena. É esse cenário que temos de luta cidadã de devemos inserir os direitos das minorias. Ás vezes o oponente no ringue poderá aparentar fraqueza ou esmorecimento, mas a cada treino, a cada disputa, a cada luta seu fortalecimento o agigantará. Tomemos de exemplo a questão do gênero em nossa sociedade. Hoje o cenário social atual demanda uma amplitude maior no leque de aceitação e descaracterização dos papéis pré-estabelecidos pelo senso-comum: o que é papel feminino e masculino. Em maio de 2012 a Comissão de Juristas do Senado aprovou a proposta que aumenta a quantidade de situações em que uma pessoa pode responder na justiça pela prática de atitudes discriminatórias e elas podem ser elencadas em vários motivos: gênero, identidade ou orientação sexual e até mesmo pela razão da procedência regional, que nada mais é

preconceito do local de nascimento. Veja que o Estado através da sua lei visa proteger o diferente. Nós como humanos temos a desnecessária tendência de rejeitar o diferente: a aparência física, a etnia, a classe social; mas quase sempre esquecemos que há uma diferença básica enquanto seres humanos: homem e mulher.

Surgimento do conceito de gênero. Hoje em dia por causa do surgimento do conceito gênero não usamos mais falar de guerra dos sexos ou de diferença de sexos, até mesmo por causa dos transexuais muita gente evita a rotulagem unicamente baseada no sexo das pessoas pois, após a possibilidade de mudança de sexo alguns cidadãos passaram a declarar que: o seu nascimento em um sexo não o faz necessariamente pertencente a ele ou como disse um transexual paulista: - Eu não sou homem. Eu estou em um corpo de homem. Após minha operação serei aquele a que pertence o meu pensamento. É importante saber que São Paulo é o primeiro estado brasileiro a instalar na capital um ambulatório voltado para travestis e transexuais, respeitando o direito à integridade e respeito à identidade social desta população. “A expressão "gênero" começou a ser utilizada justamente para marcar que as diferenças entre homens e mulheres não são apenas de ordem física, biológica. Como não existe natureza humana fora da cultura, a diferença sexual anatômica não pode mais ser pensada isolada do "caldo de cultura" no qual sempre está imersa. Ou seja, falar de relações de gênero é falar das características atribuídas a cada sexo pela sociedade e sua cultura. A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a construção social do que é ser homem ou ser mulher. Sexo é atributo biológico, enquanto gênero é uma construção social e histórica. A noção de gênero, portanto, aponta para a dimensão das relações sociais do feminino e do masculino.É importante enfatizar esta distinção de conceitos (biológico X cultural), porque, como não se trata de fenômeno puramente biológico, podemos constatar que ocorrem mudanças na definição do que é ser homem ou mulher ao longo da história e em diferentes regiões e culturas. Desse modo, se as relações homem X mulher são um fenômeno de ordem cultural, podem ser transformadas. E a educação desempenha importante papel nesse sentido.A compreensão do conceito de gênero possibilita identificar os valores atribuídos a homens e mulheres bem como as regras de comportamento decorrentes desses valores. Com isso, ficam mais evidentes:

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a interferência desses valores e regras no funcionamento das instituições sociais, como a escola;

a influência de todas essas questões na nossa vida cotidiana;

a possibilidade de se ter maior clareza dos processos a que estão submetidas as relações individuais e coletivas entre homens e mulheres.A perspectiva de gênero precisa, portanto, ser encarada como um dos eixos que constituem as relações sociais como um todo.O conceito de gênero também permite pensar nas diferenças sem transformá-las em desigualdades, ou seja, sem que as diferenças sejam ponto de partida para a discriminação. O fato de poder gerar um filho, por exemplo, não é razão para que as mulheres sejam consideradas superiores ou inferiores aos homens, apenas diferentes. Um exemplo concreto das mudanças ocorridas nas relações de gênero diz respeito à responsabilidade de homens e mulheres na reprodução. É claro que a gestação, parto e amamentação no seio são capacidades exclusivamente femininas. Porém, o cuidado das crianças não é exclusivo de mulheres. Essa mudança pode ser notada no cotidiano urbano com o aumento do número de pais (homens) que cuidam das crianças, ie, aliás, está representada num aspecto legal: no Brasil, além da "licença-maternidade", já existe também a "licença-paternidade". que garante uma semana para o pai cuidar dos filhos. Em alguns países europeus a legislação é mais avançada e a licença para cuidar do filho recém-nascido pode ser exercida tanto pela mãe como pelo pai da criança, ficando a cargo do casal decidir qual dos dois cuidará do bebê.” (3)

Comissão do Senado aprova projeto que criminaliza preconceito por gênero Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,comissao-do-senado-aprova-projeto-que-criminaliza-preconceito-por-genero,878042,0.htm

VASCONCELOS, Ana – Coleção Base do Saber : Sociologia/ 1ª edição – São Paulo – Rideel, 2009.

CARBONI, C. 1986. “Cittadinanza sociale e classsi: Marshall contro Marx”. Politica e Economia, vol.7, pp.67 e ss. http://www.sinteseeventos.com.br/bien/pt/papers/marciabarattoDireitosHumanosRelacoesdeGeneroeCidadania.pdf

relações de gênero: Disponível:http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=oassuntoe.interna&id_tema=8&id_subtema=7

Apostila Telecurso : Sociologia : ensino médio / Ana Cristina Loureiro Jurema, Thamy Pogrebinschi?. 1 ed.Rio de ..... Janeiro : Fundação Roberto Marinho, 2008.

Música: Pacato cidadão - Skank Disponível letra e vídeo em http://letras.mus.br/skank/72338/

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Documentario Meninas gravidez na adolescência Completo (ORIGINAL), in, ...... http://www.youtube.com/watch?v=KaVDBiZ?-bdM

Desigualdade de Gênero, in , http://www.youtube.com/watch?v=wNLb2MqKUXI

Desigualdade de Gênero, in, http://www.youtube.com/watch?v=oUhbC1rCChg&feature=related

SUGESTÃO DE VÍDEO

Filme: Tomates Verdes Fritos, (Fried Green Tomatoes, 1991 ) dirigido por Jon Avnet . carinhas memes, http://atalhodaweb.blogspot.com.br/2012/01/emoticons-dos-memes-para-o-msn_12.html

Papel da família e da escola no aprendizado de gênero - Mônica de Lima Bastos

Nós, seres humanos, nascemos e passamos nossa existência em sociedade porque necessitamos uns dos outros para viver. Família e escola são espaços sociais de construção de relações, contextos primários de socialização dos indivíduos. O processo de socialização começa na família, passa pela escola , e inclui outros caminhos, como o convívio no bairro, na igreja, os grupos profissionais ou de esportes os quais o indivíduo freqüenta. Enfim, nosso dia é pontuado por relações que não se limitam a um único espaço, mas aqui, neste trabalho, estaremos enfocando como se apresentam as ações da família e da escola nas questões de gênero e como estas devem proceder no sentido de minorar o preconceito e a discriminação. Desde o nascimento, somos educados para essa convivência social, havendo, no entanto, a diferença cultural na educação de meninos e meninas. Essa dicotomia meninas\meninas pode ser vislumbrada na cor das roupas, na organização do quarto dos bebês, desde quando se sabe o seu sexo, até o nascimento; a partir daí, nos brinquedos, nas brincadeiras, nas atividades de lazer, isso apenas para citar os exemplos mais visíveis do nosso dia a dia, e constitui o universo “masculino” e “feminino”. “... a identidade de gênero possibilita à menina e ao menino se reconhecer como pertencente ao gênero masculino ou feminino, com base nas relações sociais e culturais que se estabelecem a partir do seu nascimento.” (Diferença de gênero na escola: interiorização do masculino e do feminino, por Fabiana Cristina de Souza).Margareth Mead, antropóloga americana, nos anos 30 do século passado estudou essa questão e descobriu que não existe uma relação direta entre o sexo do corpo e a conduta social de homens e mulheres. Homens e mulheres comportam-se e reagem de maneiras diferentes aos estímulos que recebem não apenas por sua estrutura biológica, mas em

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grande parte, ao menos, isso é resultado do modo como aprenderam socialmente, resultado da influência cultural. Ou seja, as pessoas nascem pertencendo a um dos sexos, pelo processo biológico, mas só passam a pertencer ao gênero masculino ou feminino através do processo de aprendizado, a socialização.Escola e família, a depender de suas ações, poderão, através de suas práticas, reforçar ou atenuar as diferenças de gênero e suas consequências, contribuindo para estimular traços, gestos e aptidões não restritos aos atributos de um ou outro gênero. No estudo “Diferenças de Gênero na escola: interiorização do masculino e do feminino”, Fabiana Souza aborda as relações entre os envolvidos no processo de aprendizagem, educandos e educadores, na construção do conhecimento numa turma de pré-escolar, apresentando situações práticas na escola, dos estereótipos previstos para cada sexo. Um exemplo seria um elogio dado a uma menina considerada quieta e comportada, por estar cumprindo a conduta desejada; ou ainda, quando ao comentar o comportamento de uma turma, uma professora cita que todos os alunos se comportam mal, inclusive as meninas, mas que para estas o comportamento seria mais”feio”, apontando que há diferentes formas de agir “naturalmente” para meninos e meninas, reforçando os estereótipos de gênero.Através dos episódios na escola, foi possível verificar uma tensão entre igualdade e diferença do feminino e do masculino, não estando a escola “salva” das ideologias e crenças que estão enraizadas na sociedade de um modo geral.As relações escolares são relações sociais, e como tal estão imersas em simbologias, normas, valores que ultrapassam o campo objetivo da vida escolar; mas do que isso, fica claro, através dessas vivências de situações escolares, o quanto por detrás de um “modelo pedagógico” há um conteúdo abstrato que contribui para a perpetuação da diferenciação.

Em outro estudo, agora desenvolvido por Janete Leony Vitorino, intitulado “Sucesso nas meninas, fracasso nos meninos: o papel dos contextos nos distúrbios de aprendizagem e gênero” aponta que os contextos histórico, biológico, social, educacional e familiar são produtores relevantes de questões de gênero, produzindo em meninos, distúrbios de aprendizagem. Gênero, sendo um produto social, aprendido, representado, institucionalizado e transmitido ao longo de gerações, é , portanto, influenciado pelos valores sociais, políticos, econômicos e culturais de uma determinada sociedade. (VITORINO, 2010)Através das leituras foi possível concluir que família e escola, como espaços sociais, são elementos essenciais na construção e reconstrução de valores e ideais sociais, da cidadania, dos direitos e deveres, do respeito à diferença, à não discriminação e ao preconceito, à construção de dignidade e igualdade como princípio dos direitos humanos. No entanto, a prática vem demonstrar que o ideário relativo ao assunto “Gênero” ainda “carrega” alta dose de discriminação, desde os contatos mais primários e significativos como família e escola. Reflexões? e discussões tornam-se necessárias na desconstrução desses estereótipos, e a escola, como ambiente de construção do conhecimento deve contribuir para a ampliação desse debate, de crítica da ideologia do preconceito e da discriminação.FONTES:

SOUZA, Fabiana Cristina de. Diferenças de gênero na escola: interiorização do masculino e do feminino. Unesp.VITORINO, Janete Leony. Sucesso nas meninas, fracasso nos meninos: O papel dos contextos nos distúrbios de aprendizagem e gênero. 2010: www.psicologia.com.pt

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Gênero e Diversidade na escola: Formação de professoras\es em Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnicorraciais. O Aprendizado de Gênero: Socialização na família e na escola.Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009.

SUGESTÃO DE FILMES: Billy Elliot ( Inglaterra, 2000) – Menino enfrenta dificuldades por ter como sonho

de vida o balé. Cartão vermelho ( Brasil, 1994) – História de menina que gosta de jogar bola com

meninos. Acorda Raimundo... Acorda! ( Brasil, 1990) – História de família de operários.

Construção Social da identidade do adolescente e criança- Paulo Gonzales e Paula Gomes Moreira

O panorama social brasileiro transformou-se rapidamente nas últimas três décadas e a representação social tornou-se tema constante nas discussões acerca do papel do cidadão na construção e desenvolvimento sócio- político- econômico. A ruptura ocorrida no ano de 1985, após 21 anos de regime militar para uma nova ordem social incluiu o Brasil em um mundo globalizado e grande parte a sociedade despreparados para essa metamorfose. Não haviam políticas públicas especificas voltadas para a área da educação, onde a sociedade, a família, a escola e o governo estivessem unidos e definindo estratégias para melhorias na estrutura organizacional, práticas pedagógicas e na construção social. O estudo acerca de como melhorar a educação e as relações sociais de crianças e adolescentes de determinada comunidade foi um passo significativo já que até o ano de 1985 não havia a participação da família, dessa forma uma inexistência da comunidade escolar como percebemos hoje. A análise da participação de cada pessoa, sua memória e sua identidade é parte da construção dessas transformações e construção a partir do vivido e percebido.

A partir de 1996, com a aprovação da Lei Darcy Ribeiro, a nova LDB 9394/96, criou-se condições para que houvesse uma descentralização das decisões dentro da unidade escolar, uma escola com autonomia e com gestão participativa. Os desafios seriam gerir a partir da criação de comissões internas, onde cada um conhecesse bem o funcionamento da escola, contando com o apoio da comunidade escolar, para um fim comum, a prática democrática.

Para o jovem reconhecer e analisar as mudanças ocorridas na atual sociedade indubitavelmente globalizada é necessário uma estrutura educacional capaz de proporcionar tais condições. A mediação na orientação do conhecimento a partir do novo modelo de gerenciamento depende da capacitação do professor e a clareza quanto seus objetivos e conteúdos, novas metodologias e técnicas que facilitem as analises e discussões. Por isso, falar de construção e mudanças sociais deve-se antes de tudo se ter uma mudança no comportamento dos nós professores, responsáveis por parte dessa transformação e na orientação dessa construção social a partir da identidade de adolescentes e crianças, fazendo-os reconhecer que o vivido por eles é parte do processo, além de despertar o

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interesse na organização do espaço em que vivem, e na busca cooperativa no desenvolvimento sócio-escolar e familiar estruturas fundamentais e intrínsecas

O acesso as informações a partir da revolução digital viabilizou a interação de diversas representações sociais, crianças e adolescentes conhecendo e analisando o contexto plural brasileiro. A escola e a comunidades romperam barreiras.

A cultura familiar é à base da estrutura da intelectualidade do individuo. Seu desempenho inicial na sociedade dependerá das informações recebidas nesta fase. Os adultos são responsáveis pela disseminação da cultura familiar e também pelo encaminhamento da criança aos círculos escolares. As identidades da criança são o resultado dos valores transmitidos no seio familiar, e nela o jovem estrutura sua moral, percebendo os conceitos éticos, na sociedade. A importância da participação efetiva da família na formação intelectual da criança proporciona que a ela em seu espaço vivido que se aproprie de noções de direitos e deveres comuns a sociedade em que vive. A geração mais velha tem a missão de ensinar a geração mais nova os valores familiares.

O adulto tem a obrigação de encaminhar a criança e o adolescente à escola que é responsável pelo estímulo ao conhecimento específico de cada disciplina.Crianças e adolescentes precisam perceber que se encontram em um ambiente onde se pode observar, questionar e produzir conhecimento de forma natural. O sentimento de obrigação leva o aluno a um estresse e oprime o desejo de perguntar.

Nas escolas os alunos estão mais conscientes e observam os movimentos da sociedade e são capazes de contextualizar o conhecimento adquirido. Porém o comportamento do individuo em cada sociedade está ligado aos seus valores éticos e arraigados de ideologias. É importante que os professores estejam preparados para lidar com as questões sócio-familiares e que sejam capazes de perceberem as mudanças comportamentais de seus alunos, no que diz respeito aos embates ideológicos do saber adquirido e das questões sociais analisadas. O ensino das relações sociais proporciona aos alunos uma consciência critica e desenvolve o “saber pensar”. As transformações ou modificações de natureza política, econômica e social são conhecimentos essenciais na formação da personalidade e intelectualidade do jovem e da sua relação com a sociedade em que vive. No saber histórico o desenvolvimento da habilidade de pensar e produzir e tornar o aluno um cidadão, com um sentimento de inserção não somente dentro da comunidade em que vive, mas dentro da sociedade a sua volta e consciente acima de tudo da sua identidade e das suas realizações sociais, os professores deverão contar com um arsenal de informações, tendo como meta uma reflexão crítica dos conteúdos, criando espaço para a ideia, a mentalidade e o progresso dos alunos. E é a escola que oferece este ambiente propício aos debates e aos esclarecimentos das questões sociais. A educação propicia o entendimento global impedindo a visão fragmentada e deturpada das questões sociais. A educação dirigida além de ser um elemento de fortalecimento e crescimento das relações interpessoais e do aumento do intelecto do aluno conduz o mesmo à inserção na sociedade como um individuo questionador e consciente de suas tarefas.

A nova representação social demonstra o avanço da educação e torna claro o cumprimento das metas estabelecidas nas ações da escola, da família, do poder público e da sociedade,

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desde a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96. A Gestão Escolar Participativa mostrou-se eficiente na formação da produção humana, e na condição de integração social, pois age diretamente como unidade socializadora. O adolescente e criança, participantes de um modelo educacional flexível, construindo a partir de ações integradoras que possibilitam a compreensão do seu estado social, podendo compreender o porquê e como estabelecer suas relações em rede. A percepção da sua memória individual e coletiva fatores decisivos na construção, social da sua identidade.

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Diferenças de gênero no espaço público e privado - Noe Assunção

Essa divisão do espaço público e privado pode ser percebido num exemplo bem simples, quando se quer ofender uma mulher. Ela é chamada de “mulher da rua”, “vadia”, em oposição à “mulher da casa”, “mulher direita”, “de família” ou “do lar”. Esse exemplo simples envolvendo esses dois espaços casa x rua, apesar de simples é particularmente interessante para se perceber a posição dos gêneros masculino e feminino nessa divisão, onde fica evidente o mundo da produção (masculino) e o mundo da reprodução (feminino).

Discutir espaço “público” e “privado” é colocar em pauta a relação entre indivíduos e o espaço no qual estão inseridos. É pensar que esses espaços estão para além de divisões geográficas e que carregam em si simbologias e regras que definem através do mundo da casa (privado) e o mundo da rua (público) como essa sociedade pensa e vive.

Até início do século XX, antes da eclosão dos movimentos sociais , como o feminista (1960) e o sufragista , a concepção de ser mulher estava atrelada à maternidade, ao mundo

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da casa e ao casamento, com a modernização industrial e tecnológica, ocorrida na segunda metade do século XX se evidencia a nova realidade, no qual levou as mulheres ao mercado de trabalho inserindo-as no espaço público, porém permanecendo ainda a imposição de uma dupla jornada de trabalho. Essa divisão de tarefas entre o masculino e feminino chamamos de divisão sexual do trabalho.

Apesar de todo o aparato legislativo influenciando a vida das mulheres e sua crescente participação ativa no contexto político e de governança, da cidadania e mesmo dos lugares tradicionais associados ao masculino, esses ganhos ainda não são satisfatórios quando colocados frente a uma grande maioria, impunidades de crimes contra a mulher, discriminação de gênero e étnico – racial.

Atualmente a presença das mulheres no mercado de trabalho é evidente e crescente, embora acompanha esse processo a discriminação, preconceito e desigualdade quando comparadas ao homem. Muitas mulheres sustentam suas casas, filhos, as vezes até os companheiros e são reconhecidas em alguns casos como “chefes de famílias”.

Outro fenômeno interessante que influencia na desigualdade de gênero é o nível de escolaridade, cada vez mais tem crescido o ingresso de mulheres nas escolas nos níveis fundamental, médio, superior e pós graduação, certamente vinculado a sua inserção ao mundo do trabalho e busca por melhores salários, apesar da equiparação e igualdade salarial com os homens ainda seja lento e pouco percebida.

Quanto à participação político social no Brasil, as mulheres só tiveram direito ao voto em 1932, pela luta do movimento sufragista, início do século XX, liderado pela bióloga paulista Bertha Lutz. Muito se discute a necessidade da igualdade das mulheres no espaço público, uma dessas discussões transita pela Lei de Cotas, a respeito de garantir às mulheres suas representações em partidos e consequentemente nas esferas legislativa e executiva. ( HTTP://planalto.gov.br/ccivil03/Leis/L9504.htm .

De acordo com o exposto é possível perceber uma hierarquia de gênero que organiza as relações sociais entre homens e mulheres, determinando lugares, direitos, deveres de cada sexo, acesso à escola, ao mercado de trabalho e posições de chefia no lar. Porém não podemos deixar de refletir que a participação dos indivíduos e mulheres no espaço público não depende apenas de aptidões e desejos pessoais, ou habilidades de cada sexo, existe toda uma dinâmica social que opera paralelo junto a esse espaço.

É inegável que o caráter reprodutivo do corpo da mulher exerce grande influência na divisão e inserção da mesma na vida pública e na divisão do trabalho. Elas são responsáveis em gestar os filhos , pari-los, criá-los, além de manter os serviços domésticos e muitas vezes trabalhar fora de casa, enquanto o homem tradicionalmente é considerado o provedor da casa.

Podemos perceber que gênero, enquanto uma construção social do aparato biológico, poderá determinar o padrão de organização e a representação de homens e mulheres no espaço público e privado. Embora as mulheres tenham ganhado grande representação no

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espaço público a participação dos homens no espaço privado (doméstico) não tem acompanhado na mesma proporção.

Visto que o processo socializador do espaço público e suas relações sociais entre os indivíduos, a escola exerce um papel fundamental na formação de cidadãos e cidadãs na desconstrução das diferenças de gênero e desigualdades tanto no espaço público quanto no privado.

Bertha Lutz: (1894 – 1976) Lutou pelos direitos femininos durante toda sua vida. Não só conseguiu formação e postos de trabalho mais restritos aos homens, como também ergueu a bandeira de maior igualdade entre os sexos e maior penetração das mulheres na educação, no mercado de trabalho e na vida política. Teve grandes atuações dentro e fora do país. Defendeu o direito de voto, garantiu ingresso de meninas em colégios, propôs igualdade salarial, licença de três meses à gestante, redução da jornada de trabalho, entre outros feitos.

Movimento Sufragista: O movimento pelo sufrágio feminino é um movimento social, político e econômico, de caráter reformista, que tem como objetivo estender o sufrágio (o direito de votar) às mulheres.

Movimento Feminista: Movimento social e político de defesa de direitos iguais para mulheres e homens, tanto no âmbito da legislação (plano normativo e jurídico), quanto no plano da formulação de políticas públicas que ofereçam serviços e programas sociais de apoio a mulheres.

Gênero: Conceito formulado nos anos 1970 com profunda influência do pensamento feminista. Ele foi criado para distinguir a dimensão biológica da dimensão social, baseando-se no raciocínio de que há machos e fêmeas na espécie humana, no entanto, a maneira de ser homem e de ser mulher é realizada pela cultura. Assim, gênero significa que homens e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da anatomia de seus corpos.

Indivíduo: Ser apenas biológico que se distingue de pessoa, que é o indivíduo socializado e possuidor de status e papéis.

OKIN, Susan Moller. Gênero, o público e o privado. Revista dos Estudos Feministas. vol.16 no.2 Florianópolis May/Aug. 2008.

Disponível:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-26X2008000200002&script=sci_arttext

ABOIM, Sofia. Do público e do privado: uma perspectiva de gênero sobre uma dicotomia moderna. Revista dos Estudos Feministas. Vol.20 no.1 Florianópolis Jan/Apr.2012.

Disponível:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-026X2012000100006&script=sci_arttext

Page 13: CIDADANIA E DESIGUALDADE DE GÊNERO

ITABORAI, Nathalie Reis. Atravessando as fronteiras entre público e privado: relações de Gênero no trabalho e na família . (IUPERJ)

Disponível: h ttp://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/outros/gtgenero_2009/itaborai.pdf

CLAM - Centro de Sexualidade e Direitos Humanos (UERJ)

http://www.e-clam.org/publicacoes.php

SUGESTÕES DE LIVROS :

AUAD, D. Educar meninas e meninos . Relações de gênero na escola. São Paulo: Editora Contexto, 2006.

LAVINAS, Lena. “Gênero, cidadania e adolescência”. In: MADEIRA, F. R. (org.). Quem mandou nascer mulher? Estudos sobre crianças e adolescentes pobres no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos/Unicef, 1996. p.11-43.

LOURO, Guacira Louro. “Currículo, gênero e sexualidade. O´normal´, o´diferente´ e o ‘excêntrico´”. In: LOURO, G. L., NECKEL, J. F. & GOELLNER, S. V. (orgs.). Corpo, gênero e sexualidade. Petrópolis: Vozes, 2003.

MADEIRA, F. R. “A trajetória das meninas dos setores populares: escola, trabalho ou... reclusão”. In: MADEIRA, F. R. (Org.). Quem mandou nascer mulher? Estudos sobre crianças e adolescentes pobres no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos/Unicef, 1996. p.45-133.

SUGESTÕES DE WEBIBLIOGRAFIA:

Fazendo história das mulheres. Cadernos Pagu, Campinas, n.4, 1994. Disponível em: http://www.unicamp.br/pagu/cadernos4.html

HIRATA, Helena; KERGOAT, Daniele. Novas configurações da Divisão Sexual do Trabalho. In: Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v.37, n.132, p.595-609, Set/Dez 2007.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v37n32/a0537132.pdf

CLAM- Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (UERJ)-

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http://www.e-clam.org/publicacoes.php

SUGESTÕES DE VÍDEOS:

Billy Elliot – Inglaterra/França. 2000. 110min. A vida do garoto de onze anos Billy Elliot (Jamie Bell), filho de um mineiro de carvão do norte da Inglaterra, muda para sempre quando ele tropeça em uma aula de ballet durante sua lição semanal de boxe.

Romeu e Julieta. Brasil. 1995. 17min. Produção: ECOS – Comunicação em Sexualidade. De uma maneira descontraída e divertida, as fantasias, as dúvidas, os erros e os acertos da iniciação sexual na adolescência são mostrados através do namoro de Julieta e Romeu.

Vídeo Saúde da Fiocruz – http://www.cict.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=47

Possui um importante acervo de vídeos sobre a temática gênero .

Violência e discriminação de gênero, como reflexo da desigualdade- Pedro Antonio Rodrigues Neto

Muitas mulheres e homossexuais são vítimas diariamente de agressões no mundo. No caso da mulher, isto ocorre,geralmente, através de seus parceiros. Já em relação aos homossexuais, a agressão acontece pelo fato de eles teres escolhido uma orientação sexual diferente. Estas atitudes refletem uma desigualdade de gênero que precisa ser combatida na sociedade.

Os números de vítimas são alarmantes. Dados da Organização Mundial da Saúde, de 2002, apontam que entre 10% e 69% das mulheres já foram agredidas em todo o mundo pelo seu parceiro. No Brasil, estima-se que 2,1 milhões de mulheres já sofreram espancamento graves,ocorrendo uma média de 175mil mulheres agredidas por mês (Apud ROSA et al, 2008, p. 2).

A violência de gênero é “societal” e seu caráter é relacional, ou seja, é um fenômeno social produzido no contexto de relação de poder, onde o homem busca uma relação de dominância sobre o sexo oposto, que encontra na violência uma forma de resolver seus problemas.

Dentre os motivos apontados pelos homens agressores para a violência contra a mulher estão três: “ela”, porque apresentou uma atitude inadequada; “eu”, quando o homem mostrava irritação coma companheira e/ou considerava ofensa quando ela reclamava, em geral, no momento que ele estava bebendo; e, finalmente, “outros”, alguém externo ao casal como amigas ou famílias.

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Como consequências da violência doméstica para a pessoa agredida têm-se: fraturas, luxações e hematomas, até impactos psicológicos e comportamentais, como depressão, ansiedade, dependência química e farmacológica, ou, em casos mais graves, desequilíbrios que levam a suicídios (OMS, 2001). Este tipo de violência reflete um problema de saúde pública, que precisa ser cuidado pelas autoridades competentes.

A luta pelo direito das mulheres ganha força a partir dos anos 1980, com o movimento feminista e a luta em defesa dos direitos da criança e adolescentes. Este movimento foi importante para dar visibilidade à violência e promover ações contra as agressões.

Neste sentido, no Brasil, em 2006, foi criada a lei 11.340, conhecida como lei Maria da Penha, que pune os agressores de mulheres. A lei tem o objetivo de combater a violência doméstica e familiar conta à mulher, sendo considerada um marco importante para políticas públicas de proteção à mulheres.

Além da violência, a mulher também é vítima de desigualdade. Dados do IBGE apontam que as mulheres ocupam menos cargos de chefia do que os homens, apesar de elas terem uma média mais alta de anos de estudo. Segundo o PNAD, 2007, feito pelo IBGE, aponta que as mulheres ganham 66,1% dos salários dos homens com o mesmo grau de escolaridade. O que mostra o quanto a sociedade brasileira ainda é machista.

Em suma, nos dias atuais a luta contra a desigualdade é cada vez maior, mas conforme mostrado ainda há muita, que precisa ser combatida. Em relação à violência, esta precisa ser combatida, não somente às mulheres, mas a todos os grupos, pois não é admissível agressões físicas ou verbais. Assim sendo, as graves consequências provocadas pelas agressões serão evitadas.

Referências Bibliográficas

Pougy, Lilia Guimarães. Desafios políticos em tempos de Lei Maria da Penha, . Rev. katálysis, Jun 2010, vol.13, no.1, p.76-85.

Rosa, Antonio Gomes da et al. A violência conjugal contra mulher a partir da ótica do homem autor da violência. Saude soc., Set 2008, vol.17, no.3, p.152-160.

SARTI, Cynthia Andersen, BARBOSA, Rosana Machin e SUAREZ, Marcelo Mendes Violência e gênero: vítimas demarcadas .Physis, 2006, vol.16, nº.2, p.167-183.

Glossário:

IBGE :Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Lei Maria da Penha : Homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes. Biofarmacêutica brasileira que lutou para que seu agressor viesse a ser condenado. Com 67 anos etrês filhas, hoje ela é líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres , vítima emblemática da violência doméstica .

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PNAD : Pesquisa Nacional de Amostraspor Domicílios.

Movimentos sociais pela igualdade de gêneros - Oziel José da Silva

Tema bastante abordado tanto nos meios acadêmicos como nos veículos de comunicação, a celebração da igualdade de gênero no Brasil e no mundo, é algo que tem suscitado discussões apaixonadas ao mesmo tempo que levantam desafios e também reações de grupos muitas vezes radicais, tradicionalmente dominantes na sociedade.

Em vista disto, diversos setores da sociedade civil tem se organizado e enfrentado tal desafio através da mobilização de movimentos e redes de apoio a grupos historicamente excluídos e discriminados. Como exemplo e trazendo o enfoque para o tema deste tópico, teceremos algumas considerações sobre alguns grupos que empunham bandeiras pela igualdade de gênero no Brasil, principalmente visando a condição feminina e homoafetiva.

Esperamos que os links deste tópico possam de alguma forma, auxiliar os profissionais da educação a trabalhar este tema nas escolas, uma vez que atuamos com crianças, adolescentes e jovens que desde cedo aprendem, principalmente com familiares, a definir os sexos e o papel social que cada um deve representar.

Como exemplo, descrevemos a seguir, quatro movimentos sociais que lutam pela igualdade de gênero no Brasil, escolhidos devido à abrangência de sua atuação, visibilidade, seriedade e importância de suas ações.

CEDAW (Comitê para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher). Vinculado ao Observatório Brasil da Igualdade de Gênero ( www.observatoriodegenero.gov.br ) da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR) tem como objetivo:

Contribuir para a promoção da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres no Brasil, a partir de uma perspectiva não-sexista, não-racista e não-lesbofóbica/homofóbica .

Igualmente, o Instituto Promundo ( http://www.promundo.org.br/ ) é outra entidade que atua não só na defesa das mulheres como de crianças, adolescentes e jovens. Está ligado a uma rede global de organizações da sociedade civil, comprometida em: Engajar homens e meninos para a promoção da igualdade de gêneros.

Também no âmbito da promoção dos direitos e da condição feminina, merece destaque neste tópico a Marcha das vadias, evento internacional inspirado no " Slut Walk " ( http://www.slutwalktoronto.com ). Um movimento mundial criado em abril de 2011. De acordo com informações colhidas na internet, o movimento:

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Além de lutar pelo fim do julgamento da mulher pela sua sexualidade, tem também o objetivo de ratificar os direitos femininos e de acabar com a responsabilização das vítimas .

Em uma visão machista , a mulher seria a culpada pela violência que sofreu, visto que, ao andar como um “vadia”, ou seja, com poucas roupas, teria estimulado o autor do crime, isentando o abusador da culpa.

Na defesa dos direitos e dignidade dos homossexuais, uma das mais antigas organizações da sociedade civil a denunciar e combater o preconceito é o GGB (Grupo Gay da Bahia), http://www.ggb.org.br/ . Em que pese estar situado e atuar mais naquele estado do Nordeste brasileiro, o grupo se mostra presente em todo o país, acolhendo denúncias de violência, promovendo palestras e auxiliando as autoridades governamentais na elaboração de políticas públicas que visem a dignidade dos homossexuais.

Em síntese, tais associações representam ferramentas essenciais para dar voz a grupos historicamente excluídos dos debates acerca dos destinos da sociedade e de sua própria vida. Em um mundo organizado historicamente dentro de uma ótica hétero e masculina, sejam nos modelos de família, gestão governamental, profissões e religiões, o surgimento e permanência dos movimentos sociais na vida nacional, cobrando direitos, fazendo-se presente inclusive nas casas legislativas, mostra o quanto avançamos no campo da cidadania e reconhecimento da exclusão que, ao longo do tempo, foi imposta a tais grupos. No entanto, as reações, muitas vezes histéricas e violentas contra as bandeiras de tais movimentos, indicam também o longo e talvez conflituoso caminho que ainda temos por trilhar.

Vale lembrar, que o advento das mídias eletrônicas serviram e servem tanto para a difusão das idéias que pregam a igualdade de gênero como também se tornaram um canal bastante utilizado por elementos preconceituosos e racistas que, auxiliados pelo anonimato, despejam ameaças e ofensas a indivíduos que apenas desejam ter seus direitos respeitados.

Referências bibliográficas

ÁVILA, Maria Betânia. (2001), "Feminismo, cidadania e transformação social" in Textos e imagens do feminismo: mulheres construindo a igualdade. Maria Betânia Ávila (org.). Recife, SOS Corpo Gênero e Cidadania.

YANNOULAS, Silvia Cristina. Iguais mas não idênticos. Revista de Estudos Feministas. Rio de Janeiro: CIEC/ECO/UFRJ, Vol. 2, N° 3, 1994.

Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Movimentos Sociais. Movimentos sociais na contemporaneidade. São Paulo, PUCSP, 1997, n.2.

SAFFIOTI, Heleieth I. B. Violência de gênero no Brasil contemporâneo. In: SAFFIOTTI, Heleieth I.

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Artigos

Curso de gênero e diversidade na escola

Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/redediversidade/pdfs/gde.pdf

Acesso em: 25-06-2012

SILVA, Susana Veleda da. Os estudos de gênero no Brasil: Algumas considerações

Disponível em: http://www.ub.edu/geocrit/b3w-262.htm

Acesso em: 25-06-2012

FACCHINI, Regina. De cores e matizes: sujeitos, conexões e desafios no Movimento LGBT brasileiro

Disponível em: http://www.e-publicacoes.uerj.br/ojs/index.php/SexualidadSaludySociedad?/article/viewArticle/41/466

Acesso em 25-06-2012

Sugestão de vídeos

Era uma vez outra Maria - parte 1 e 2

Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=BxMLYl_ANrA?&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=wpw2GYaO-Bc&feature=relmfu

Acesso em: 25-06-2012

Vídeo contra a homofobia do Ministério da Educação

Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=W-4o5FHeaXY?&feature=related

Acesso em: 25-06-2012

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Direitos Humanos, Cidadania e gênero - Railane Antunes Pereira

A (des) naturalização de algumas manifestações de gênero nos espaços escolares- Regina Aparecida Correia Trindade

“A divisão entre os sexos parece estar ‘na ordem das coisas’, como se diz por vezes para falar do que é normal, natural, a ponto de ser inevitável: ela esta presente, ao mesmo tempo, em estado objetivado nas coisas..., em todo o mundo social, e em estado incorporado, nos corpos e nos habitus dos agentes, funcionando como sistemas de esquemas de percepção, de pensamento e de ação” (Bourdieu, 1998,p.17).

É comum, nos espaços escolares, sobretudo nos espaços ao ar livre, verificar as relações acontecerem de forma “natural” como se percebe nas fotos, isto é, por espontânea vontade do aluno ou aluna e não por alguma atividade relacionada ou dirigida pelo professor. Mas é aí que considero estar a possibilidade de “estranhar” o familiar, aquilo que nos é dado como natural, incitando a possibilidade de “naturalizar” algo tradicionalmente aceito. Como posso dizer que é natural a menina gostar de rosa e o menino de azul? A menina brincar de boneca e o menino de carrinho? Entre tantas outras indagações... No entanto, essas, entre outras considerações são naturalizadas no plano do senso comum, interiorizadas e reproduzidas muitas vezes até pelos professores.

Comecemos a refletir sobre o campo das expectativas, criadas desde quando os pais muitas vezes descobrem o sexo do filho ou filha. Se menino, muitos sonham que será jogador de futebol, namorador, pai de família, trabalhador, etc... se menina, sonham que será bonita, prendada, educada, caseira, etc. Estas relações desde quando a criança passa a existir no ventre da mãe passam desde então serem definidoras de sua educação. E como a educação é um processo cultural, posso afirmar que então, tais práticas definem as relações culturais de uma sociedade podendo ser diferentes de acordo com a cultura, influindo na formação de indivíduos, e na percepção que a sociedade tem das pessoas de sua mesma cultura.

Na escola, alguns espaços demonstram induzir para a “naturalização” de suas práticas. Por exemplo, a quadra. Normalmente um espaço desejado por ambos (meninos e meninas), mas que na sua grande maioria é usada preferencialmente pelos meninos. Ao questionar

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algumas pessoas sobre a situação, obtive de grande parte delas a justificativa de que “as meninas não tem interesse por jogos, esportes, que o negócio delas é brincadeiras menos agitadas e que os meninos são mais fortes, tem mais resistência”.

Vejamos algumas imagens:

Para elucidar esta relação do dia a dia pedi para que os alunos desenhassem as suas brincadeiras preferidas, que eles realizam tanto no espaço escolar enquanto no entorno. Segue as ilustrações:

Desenhos de meninos: Desenhos de meninas:

*

É preciso ao professor, perceber que tais práticas são naturalizadas, e que compõem a forma como o indivíduo se relaciona e é aceito pela sociedade, da mesma forma que tais práticas reafirmam ainda uma relação de constituição da conceituação de pessoa.

Por que não inverter, para provocar? Por que não em um dia convidar os meninos a fazer brincadeiras de meninas e vice versa. O que poderia acontecer? Que tipo de conclusão vocês poderiam chegar juntos? É preciso experimentar para buscar desnaturalizar uma lógica que muitas vezes se mantém como cristalizada na sociedade e que reflete na formação não só da individualidade do sujeito como na forma como ele trabalha sua estima e se relaciona com os demais.

Bibliografia:

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 33ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1995

(Coleção Primeiros Passos).

BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina revisitada. In: LINS, Daniel. A Dominação Masculina revisitada. São Paulo: Papirus, 1998.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental.

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Parâmetros Curriculares Nacionais. Apresentação dos temas transversais e

ética: ensino de 1ª a 4ª serie. Brasília: MEC/SEF, 1997 b.

. Parâmetros Curriculares Nacionais. Pluralidade cultural e orientação sexual: ensino de 1ª a 4ª serie. Brasília: MEC/SEF, 1997 c.

1 ? Gênero - Para as ciências sociais e humanas, o conceito de gênero refere-se à construção social do sexo anatômico. Ele foi criado para distinguir a dimensão biológica da dimensão social, baseando-se no raciocínio de que há machos e fêmeas na espécie humana, mas a maneira de ser homem e de ser mulher é produzida pela cultura. Assim, gênero significa que homens e mulheres são produtos da realidade social e não naturalmente determinados pelas diferenças inscritas em seus corpos. Por exemplo, o fato das mulheres, em razão da reprodução, serem tidas como mais próximas da natureza tem sido apropriado por diferentes culturas como símbolo de sua fragilidade ou de sujeição à ordem natural. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), formulados pelo MEC para o 3º e 4º ciclos do ensino fundamental: "O conceito de gênero diz respeito ao conjunto das representações sociais e culturais construídas a partir da diferença biológica dos sexos. Enquanto o sexo diz respeito ao atributo anatômico, no conceito de gênero toma-se o desenvolvimento das noções de ‘masculino’ e ‘feminino’ como construção social. O uso desse conceito permite abandonar a explicação da natureza como a responsável pela grande diferença existente entre os comportamentos e lugares ocupados por homens e mulheres na sociedade. Essa diferença historicamente tem privilegiado os homens, na medida em que a sociedade não tem oferecido as mesmas oportunidades de inserção social e exercício de cidadania a homens e mulheres. Mesmo com a grande transformação dos costumes e valores que vêm ocorrendo nas últimas décadas, ainda persistem muitas discriminações, por vezes encobertas, relacionadas ao gênero." (p.321-322)

Propostas educativas - Rafael do Nascimento Laman

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Considerações finais - Elaboração com a participação de tod@s

Este material didático é resultado de um esforço coletivo de cursistas do curso de extensão da Fundação CECIERJ – “Conceitos fundamentais de Sociologia”, sob a orientação de professores e tutores da referida instituição que visa auxiliar profissionais da educação na discussão junto aos seus educandos as temáticas de gênero, desigualdade , cidadania e tantos outros temas que perpassam por tais conceitos. Trata-se de um trabalho colaborativo on-line adaptado para uma proposta educativa envolvendo temas transversais.

A escolha do tema se faz pertinente na medida em que raramente essas temáticas são incluídas nos currículos escolares, apesar de serem consolidadas através de Leis e Resoluções. No momento em que os movimentos sociais de mulheres, indígenas, negr@s e LGBTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e trangêneros) têm avançado nas suas conquistas, uma reflexão é pensar que eles correm o perigo de trabalharem individualmente não interagindo entre si, ou seja quando discutimos a desigualdade de gênero, muitas vezes não levamos em conta a discriminação e desigualdade que sofre a mulher negra e a índia, dentro do universo das mulheres. É visível como a mulher é inferiorizada nos movimentos libertários como LGBTT, negro e tantos outros.

O presente projeto pretende apresentar aos profissionais da educação uma noção de cidadania, desigualdade de Gênero, uma valorização dos direitos humanos. A escolha dos temas a serem trabalhados neste material, parte da reflexão de que os fenômenos sociais e os atores envolvidos se relacionam entre si numa dinâmica complexa, intensa e sempre em movimento. As discussões apresentadas vêm de encontro com o que estabelece a Constituição Federal de 88 no que diz respeito a um Estado de caráter democrático, na defesa da cidadania, de respeito ao indivíduo, buscando o bem de tod@s , sem discriminação de gênero, raça, cor, idade e que tod@s sejam iguais.

A desigualdade de gênero e o respeito à cidadania depende de políticas públicas para a educação e que os grupos discriminados tenham acesso e respeito aos direitos civis dos indivíduos. São necessárias também ações que tenham como objetivo educar a sociedade sobre tais temas, visando consolidar o respeito e a valorização dos indivíduos e a escola se inseri neste trabalho enquanto lócus de formação, ensino e aprendizagem de cidadãos.

Educar para a cidadania e a desigualdade de gênero não é apenas reconhecer o diferente e os grupos envolvidos, mas discutir e pensar sobre os direitos de tod@s. A escola se estrutura num espaço público em que diferentes personalidades se encontram e se relacionam entre si , portanto deve ser um local para educar para o respeito e exercício da cidadania.

Esse projeto pretende desenvolver a capacidade dos professores de compreender, refletir e se posicionar frente à modificações políticas e culturais do povo brasileiro e de outros povos.

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“Cidadania e desigualdade de Gênero” trata-se de um projeto que debate sobre conceitos transversais que estão em construção e devem ser discutidos cotidianamente nas escolas, reconhecendo que negros e negras, índios e índias, mulheres e homossexuais, dentre outros grupos discriminados devem ser respeitados em suas identidades e diferenças, porque tal respeito é direito social, constitucional e inalienável, tanto no espaço público, quanto no privado.

Editor: Noe Assunção

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