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Londrina-PR 2016 CHRISTIAN ALVES DOS SANTOS EXPANSÃO PALATINA CIRURGICAMENTE ASSISTIDA RELATO DE CASO CLÍNICO

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Londrina-PR

2016

CHRISTIAN ALVES DOS SANTOS

EXPANSÃO PALATINA CIRURGICAMENTE ASSISTIDA – RELATO

DE CASO CLÍNICO

CHRISTIAN ALVES DOS SANTOS

EXPANSÃO PALATINA CIRURGICAMENTE ASSISTIDA – RELATO

DE CASO CLÍNICO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de

Odontologia da Universidade Estadual de

Londrina.

Orientador: Prof. Rodrigo Castellazzi Sella

Londrina-PR

2016

CHRISTIAN ALVES DOS SANTOS

EXPANSÃO PALATINA CIRURGICAMENTE ASSISTIDA – RELATO

DE CASO CLÍNICO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de

Odontologia da Universidade Estadual de

Londrina.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Prof. Orientador

Universidade Estadual de Londrina

____________________________________

Prof. Componente da Banca

Universidade Estadual de Londrina

Londrina-PR, _____de ___________de _____.

Dedico esse trabalho aos meus

pais amados, e com muito

esforço e batalha puderam

proporcionar essa

oportunidade em minha vida.

AGRADECIMENTO

Dedico este trabalho às pessoas mais importantes da minha vida:

meus pais, Wanderley e Luzia, aos meus irmãos Reynold e João Phillip, minhas

primas Francyélle e Stephanie, minhas tias Marli, Maria de Lourdes e Rosilene, minha

namorada Liziane e à minha avó Geni Lopes, que sempre estiveram ao meu lado e

que confiaram no meu potencial para mais uma conquista. Só cheguei onde cheguei

por conta de estarem ao meu lado. Muito obrigado pelo carinho, atenção, apoio,

incentivo, determinação, fé e pelo amor de vocês.

Aos meus amigos Graziela, Luyne, Taila Freire, Henry e Abdo, que ao

longo de vários anos sempre proporcionaram e dividiram comigo muito carinho,

histórias, risadas e apoio aos momentos difíceis que enfrentei.

Em especial agradeço ao meu professor, orientador e amigo Rodrigo

Sella, sempre presente ao longo do curso, esclarecendo as minhas dúvidas, tendo

muita paciência, competência, confiança, conhecimento e que me recebeu de braços

abertos como o seu orientado. Sempre continue sendo essa pessoa incrível e que

todos admiram.

Não poderia deixar esquecer o agradecimento para a minha mãezinha

da odontologia, Maria de Lourdes (Nezinha), pessoa incrível, com muitas histórias de

vida para contar e que sempre esteve ao meu lado me apoiando.

"Cada acontecimento é um dom de Deus,

portanto desfrutar dos bons momentos e

aprender com os ruins

são sinais de sensatez e sabedoria"

SANTOS, C.A. Expansão Palatina Cirurgicamente Assistida – Relato de Caso

Clínico. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia),

Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina/PR, 2016.

RESUMO

A atresia maxilar é uma anomalia dentofacial que está relacionada com a diminuição

da largura do arco superior. Os sinais clínicos dos pacientes que possuem essa

anomalia incluem a mordida cruzada posterior uni ou bilateral, palato ogival e arco

dentário superior estreito com apinhamento e giroversões dentárias associadas com

a redução do perímetro do arco. A etiologia das deficiências transversais maxilares é

multifatorial e inclui fatores genéticos e ambientais. A expansão rápida das maxilas é

o procedimento terapêutico indicado para os pacientes que apresentam tal deficiência,

podendo ser corrigida ortopedicamente (durante a fase de crescimento) ou

cirurgicamente (cessado o crescimento). Assim, cada faixa etária implica em uma

forma de tratamento, conforme o grau de maturação esquelética da sutura palatina

mediana e de todo complexo sutural envolvido com estas bases ósseas. O objetivo

deste trabalho é apresentar a correção cirúrgica da atresia maxilar por meio de caso

clínico de um paciente de 22 anos de idade, sexo masculino, Padrão III, Classe III com

mordida cruzada total (posterior bilateral e anterior) com queixa principal de

desagradabilidade facial. O paciente foi submetido em uma primeira fase à expansão

rápida das maxilas assistida cirurgicamente para correção da dimensão transversal

esquelética reduzida por meio se um expansor Hyrax e subsequentemente será

descompensado ortodônticamente para realização da Cirurgia Ortognática.

Palavras-chave: Maxila, Má oclusão, Técnica de Expansão Palatina, Cirurgia

Ortognática.

SANTOS, C.A. Surgically Assisted Maxillary Expansion – Case Report. 2016. Working End of Course (Undergraduate Dentistry) - State University of Londrina - UEL, Londrina/PR, 2016.

ABSTRACT

Maxillary constriction is a dentofacial anomaly that is related to a decrease in the width

of the upper arch. Clinical signs of patients presenting with this anomaly include a

unilateral or bilateral posterior crossbite, ogival palate and narrow upper dental arch

with crowding and dental rotation associated with a reduction of the arch perimeter.

The etiology of transverse maxillary deficiencies is multifactorial and includes genetic

and environmental factors. Rapid maxillary expansion is the therapeutic procedure

indicated for patients with this deficiency, which can be corrected orthopedically (during

the growth phase) or surgically (growth ceased). Thus, each age group implies a form

of treatment, according to the degree of skeletal maturation of the medial palatine

suture and any sutural complex involved with these bone bases. The goal of his study

is to present a report of the surgical correction of maxillary constriction by means of a

clinical case of a 22 year old male, Pattern III, Class III, with a complete cross bite

(bilateral and anterior) with a main complaint of facial nuisance. The patient was

submitted in a first phase to the surgically assisted maxillary expansion for correction

of the reduced skeletal transverse dimension by means of a Hyrax expander and

subsequently will be decompensated orthodontically to perform the Orthognathic

Surgery.

Keywords: Maxilla, Malocclusion, Palatal Expansion Technique, Orthognathic

Surgery.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Paciente portador de deficiência maxilar transversal..................................16

Figura 2 - Fotografias oclusais pré-tratamento...........................................................17

Figura 3 - Telerradiografia lateral pré-tratamento.......................................................17

Figura 4 - Fotografia frontal, pós disjunção.................................................................18

Figura 5 – Fotografia oclusal superior, com o parafuso expansor estabilizado...........18

Figura 6 - Paciente com 75 dias de estabilização do parafuso expansor....................19

Figura 7 - Paciente com 8 meses de establização do parafuso expansor...................19

LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

ERM Expansão Rápida da Maxila

ERMAC Expansão Rápida da Maxila Assistida Cirurgicamente

OLFIS Osteotomia Le Fort I Segmentar

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................11

2. DESENVOLVIMENTO...........................................................................................12

2.1 Revisão de literatura............................................................................................12

2.2 Caso Clínico.........................................................................................................16

2.3 Discussão.............................................................................................................20

3. CONCLUSÕES......................................................................................................22

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................23

11

1. INTRODUÇÃO

A atresia transversal da maxila é uma anomalia dentofacial que está

relacionada com a diminuição do diâmetro do arco. Os sinais clínicos dos pacientes

que possuem essa anomalia variam desde uma mordida cruzada posterior uni ou

bilateral, até um palato ogival, arco dentário maxilar estreito, apinhamento e

giroversão dentária.

A etiologia das deficiências transversais da maxila se trata de uma

condição multifatorial, englobando fatores como hábitos bucais deletérios, que inclui

a sucção não nutritiva, respiração bucal, condições que geram a “quebra do

mecanismo do bucinador”, hereditariedade e traumatismos.

A expansão transversal das maxilas é o procedimento terapêutico

indicado para os pacientes que apresentem deficiência esquelética das maxilas em

largura e tal condição pode ser corrigida de maneira ortopédica ou cirúrgica. Cada

faixa etária implica em uma forma de tratamento, sendo a expansão ortopédica,

denominada Expansão Rápida da Maxila (E.R.M.) indicada para crianças e

adolescentes que apresentem potencial de crescimento esquelético, ou seja, até a

faixa etária dos 15 aos 17 anos de idade cronológica em média. Após esta faixa etária,

o potencial de crescimento entra em estágio de decréscimo e a ortopedia começa a

apresentar limitações. Capelozza Filho (2010) explicou que a expansão esquelética

para pacientes fora da fase de crescimento pode ser tentada até os 20 anos de idade,

para indivíduos que necessitem de até 4 mm de correção esquelética transversal.

Deste modo, com o avanço da idade e consequentemente da

maturação óssea, a forma de tratamento torna-se ortocirúrgica, denominada de

Expansão Rápida da Maxila Assistida Cirurgicamente (ERMAC) por meio de da

osteotomia Le Fort I (OLFIS) para pacientes adultos que precisem da correção da

dimensão transversal isolada do esqueleto ou para pacientes com indicação de

cirurgia ortognática para correção vertical e/ou sagital, com erro transversal do

esqueleto de mais de 4mm.

Naqueles pacientes com indicação de cirurgia ortognática para

correção vertical e/ou sagital, em que erro transversal associado seja de até 4mm,

torna-se possível a realização de uma cirurgia segmentada das maxilas

concomitantemente com o momento da correção cirúrgica do componente vertical

e/ou sagital.

12

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 REVISÃO DE LITERATURA

A atresia transversal da maxila é a anomalia que está relacionado com

a diminuição do diâmetro do arco e pode se manifestar de diversas formas de más

oclusões, como a mordida cruzada uni ou bilateral, anterior ou posterior e também

pode apresentar anterior e posterior de forma parcial ou total. Essa diminuição é

caracterizada pela discrepância entre as bases apicais. (CAPPELLETE JR, ET AL.,

2014)

Para CAPPELLETE JR (2014), a etiologia da atresia transversal da

maxila é multifatorial, que inclui fatores intrínsecos e extrínsecos. Os intrínsecos estão

relacionados com a hereditariedade, enquanto os extrínsecos englobam a obstrução

das vias respiratórias, respiração bucal, hábitos parafuncionais, como a sucção não

nutritiva, deglutição atípica, interposição lingual, e postural. BETTS (1995), traz

também a sequela de traumatismos e iatrogenias pela correção cirúrgica de fissura

como fator extrínseco. Para SILVA FILHO ET AL. (1986), dentre as funções orais, a

respiração bucal constitui como potencial fator etiológico na deterioração da oclusão

e no padrão de desenvolvimento facial.

CAPPELLETE JR ET AL. (2006) explicam o papel fundamental da

respiração, onde a passagem de ar na cavidade nasal produz uma pressão que gera

estímulo ao desenvolvimento maxilar, além de outras funções primordiais, como a

filtragem, umidificação e aquecimento do ar inspirado. Na presença de respiração

bucal, não acontece o estímulo e que tem como resultado a atresia esquelética da

maxila.

CAPPELLETE JR (2014) traz como características clínicas de

respirador bucal a face longa, palato ogival e arco maxilar em formato de “V”, mordida

aberta anterior, lábio superior curto e hipertrofia adenoamigdaliana, podendo gerar

como consequência a atresia.

WECKX (1995), KOGA (1996) e WEILER (2006) colocam também

como características clínicas de maior prevalência observadas em crianças

respiradoras bucais a hipotonia da musculatura face e da língua, que gera dificuldade

na mastigação e deglutição. Os lábios ficam constantemente abertos, levando à

desidratação da mucosa, com isso aumentando a incidência de gengivite e cáries.

13

É muito importante o tratamento precoce da mordida cruzada, pela

simples lógica dos conceitos atuais do crescimento craniofacial, onde o aumento da

maturidade esquelética dificulta a expansão maxilar, pelo simples motivo do aumento

do reforço dos pilares e maturidade das suturas craniofaciais. MELSEN em 1975,

realizou um estudo com cadáveres de crianças e adultos, que demostrou com a

passar do desenvolvimento esquelético a sutura palatina mediana passa a apresentar

mais interdigitações, conferindo maior resistência à expansão maxilar. Segundo

SCANAVINI (2006), a atresia maxilar é uma má oclusão bastante frequente,

estabelecendo de forma precoce e que não apresenta autocorreção.

KUTING e HAWERS (1969) afirmam que o tratamento realizado de

forma precoce, ainda na dentição decídua, favorece no desenvolvimento de uma

oclusão normal na dentição mista.

CAPELOZZA FILHO (2010) explicou que a expansão esquelética

para pacientes fora da fase de crescimento pode ser tentada até os 20 anos de idade,

para indivíduos que necessitem de até 4 mm de correção esquelética transversal.

ANGELL em 1860 foi o precursor da disjunção maxilar, através de um

dispositivo capaz de realizar a expansão do palato. A disjunção maxilar ou também

chamado de Expansão Rápida da Maxila (ERM ou RME) é um dos procedimentos

mais antigos na ortodontia e ortopedia. HASS (1961) reintroduziu a disjunção maxilar

em 1960, onde idealizou um aparelho disjuntor com suporte mucoso, que

proporcionou maior rigidez e estabilidade ortopédica após a expansão. Ele também

observou resultados da ERM, sendo eles o alargamento e abaixamento da maxila,

seu deslocamento para anterior e aumento da cavidade nasal.

MOSS (1968) relatou que o espaço nasal está em íntimo contato com

a sutura palatina mediana e palatina transversa, e quando realizado a disjunção

palatina, ocorre um aumento da amplitude da cavidade nasal e com isso facilitando a

passagem de ar.

Com a evolução da ortodontia e ortopedia, hoje são basicamente três

os principais disjuntores palatinos, sendo eles o Hyrax, Haas e o McNamara. Existem

também distrator palatino que tem apoio no tecido ósseo, assim poupando qualquer

esforço sobre os dentes, porém não é tão utilizado quanto os disjuntores. O disjuntor

do tipo Hyrax é composto por um expansor ortopédico dotado de quatro braços

metálicos em fio de grosso calibre, soldado a quatro bandas em geral localizadas nos

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primeiros pré-molares e nos primeiros molares, conferindo maior estabilidade. O seu

expansor ortopédico não entra em contato com a mucosa do palato. Já o disjuntor do

tipo Haas é composto por um parafuso expansor incluído em placas de acrílico

conjugadas com o sistema de bandas unidos por meio de fios de aço, semelhante ao

Hyrax. Por último, o disjuntor do tipo McNamara difere do Hyrax e Haas, além da

combinação de itens soldados e acrílico, não utiliza bandas. O seu apoio e cimentação

é através do acrílico que recobre todas as coroas dos dentes posteriores.

CAPPELLETE JR (2014)

Para CAPPELLETE JR (2014), o diagnóstico da atresia é baseada na

avaliação clínica e radiográfica. Os aspectos clínicos, como já descritos anteriormente,

por exemplo a mordida cruzada uni ou bilateral, apinhamento dentário, dentes

girovertidos, palato profundo, arco maxilar estreito, respirador bucal e corredor bucal

amplo, esse também chamado de “corredor negro”. Já na análise radiográfica, a

radiografia cefalométrica posteroanterior (PA) é a mais confiável na identificação e

avaliação da deficiência, além de possibilitar a análise do caso ao longo do tratamento,

através da sobreposição das radiografias. JACOBS et. al. (1980) afirmaram que

raramente as mordidas cruzadas envolvendo mais de dois elementos dentários não

são de natureza esquelética.

Conforme SCARTEZINI et. al. (2007), com o aumento da maturidade

esquelética, ocorre uma resistência a expansão maxilar, devido ao desenvolvimento

das áreas críticas que são representadas pelos pilares de força e suturas do esqueleto

craniofacial. As zonas de resistência são: o pilar zigomático-maxilar, o pilar canino, a

sutura palatina mediana e a sutura ptérigo-maxilar. ROCHA (2005) traz que pacientes

acima de 16 anos de idade respondem com dificuldade a tentativa de expansão

ortopédica da maxila, devido ao aumento da fusão das suturas craniofaciais.

PERSSON e THILAMDER (1977) relataram em seus estudos utilizando cadáveres

que a sinostose da sutura intermaxilar começa entre os 15 e 19 anos de idade,

aumentando significativamente com a idade, com isso gera como resultado um

aumento da resistência à expansão.

A idade para a indicação da expansão cirúrgica depende do gênero,

levando em consideração que as mulheres atingem a maturidade óssea antes dos

homens. Para PERSSON e THILAMDER (1977), os homens podem ser submetidos

após os 16 anos de idade, enquanto as mulheres por volta dos 14 e 15 anos, porém

15

sabe – se que a indicação para as mulheres não está diretamente relacionada à idade,

mas sim ao aparecimento da menarca, que pode acorrer em alguns casos mais

precocemente.

KOUDSTAAL et. al. (2005) explicam que uma vez que a maturidade

esquelética é alcançada, somente o tratamento ortodôntico não é suficiente para

promover uma abertura estável da constrição nos casos de deficiência maior de 5 mm.

Mediante a isso, nas discrepâncias transversas maiores que 5 mm a indicação do

tratamento vão depender da idade, da maturidade óssea e do tipo de discrepância

envolvida.

Com a maturação esquelética, há duas formas para efetuar expansão

maxilar, ambas cirúrgicas, sendo uma a Expansão Rápida da Maxila Assistida

Cirurgicamente (ERMAC) e a Osteotomia LeFort I segmentar (OLFIS).

BAILEY et. al. (1997) explicam que a ERMAC consiste em expandir

transversalmente a maxila através da fragilização das áreas de resistência óssea por

meio de osteotomia, com auxílio de aparelho expansor que libera força necessária à

separação dos suportes ósseos remanescentes.

ILIZAROV (1989) traz que a ativação do aparelho disjuntor deve

iniciar de 2 a 7 dias após o procedimento cirúrgico, pois é nesse período que ocorre a

proliferação capilar ao longo do gap ósseo, etapa importante para a neoformação

óssea.

Para BETTS et. al. (2000), recomendam que a ativação do aparelho

expansor seja uma taxa de 0,5 mm/dia, com ¼ de volta a cada 12 horas. Já para

GLASSMAN et. al. (1984) indicam uma ativação que varie de 0,25 mm/dia até 1

mm/dia, assim como o período de latência variando de 2 a 7 dias.

Segundo BELL et. al. (1976), a OLFIS permite a correção das

deformidades tanto verticais como transversais ou anteroposteriores, concomitante ou

não, diferente da ERMAC que permite basicamente um ganho transversal. Para

SCARTEZINI et. al. (2007), a OLFIS consiste em realizar segmentações da maxila em

dois, três ou quatro segmentos, sendo que as osteotomias com mais de quatro

segmentos não estão indicadas, por conta da morbidade no ato cirúrgico.

16

2.2 CASO CLÍNICO

Paciente R.R.S., 22 anos de idade, pardo e do gênero masculino,

Padrão III, Classe III com mordida cruzada total (posterior bilateral e anterior). O plano

de tratamento seguiu o protocolo por meio de expansão rápida da maxila assistida

cirurgicamente (ERMAC) associado ao disjuntor do tipo Hyrax. O aparelho do tipo

Hyrax é dentossuportado e construído de fios rígidos. O parafuso expansor é

posicionado o mais próximo possível do palato, para que a força se aproxime do centro

de resistência das maxilas e fixado por bandas.

A ativação desse aparelho foi realizada 2 vezes ao dia, durante 22

dias, estabelecendo expansão de, aproximadamente, 11 mm. Após o período de

ativação, houve a fixação do parafuso expansor, com controle assistido.

A correção da deformidade dento facial do paciente necessitará de

dois procedimentos cirúrgicos, o primeiro sendo a ERMAC devido a incompatibilidade

transversal dos arcos e o segundo constituído da cirurgia ortognática bimaxilar,

realizada em um segundo momento após a descompensação ortodôntica.

Figura 1- Paciente portador de deficiência maxilar transversal: A) Lateral direita, B) Lateral esquerda, C) Frontal denotando mordida cruzada total, anterior e posterior bilateral.

A B

C

17

Figura 2- Fotografias ocluais pré-tratamento A) Arco superior, B) Arco inferior.

Figura 3- Telerradiografia lateral pré-tratamento.

A B

18

Figura 4 – Fotografia frontal, pós disjunção. Destaca-se a presença do diastema entre os

incisivos centrais superiores, evidencia da disjunção esquelética.

Figura 5 - Fotografia oclusal superior, com o parafuso expansor estabilizado.

19

Figura 6 – Paciente com 75 dias de estabilização do parafuso expansor.

Figura 7 – Paciente com 8 meses de estabilização do parafuso expansor, com alinhamento

dentário e redução dos diastemas.

20

2.3 DISCUSSÃO

A idade do paciente relatado no caso clínico corresponde à faixa

etária, onde AZENHA, PEREIRA, PASTORI, TOLEDO FILHO (2008) afirmam que há

um alto índice de insucesso e a dificuldade da realização da ERM. Para PROFFIT et.

al. (1996) a expansão palatina através das técnicas ortodôntico-ortopéticas está

indicada para os pacientes em que as zonas anatômicas de resistência não

completaram a fase de maturação óssea. CAPELOZZA FILHO (2010) indica que a

ERM pode ser tentada em pacientes fora da fase de crescimento, até os 20 anos de

idade, que não necessitam de um ganho de perímetro maior que 4 mm e que não

possua doença periodontal nos dentes de suporte do aparelho.

Após a maturação óssea, a expansão maxilar necessita de

intervenção cirúrgica. A Expansão Rápida da Maxila Assistida Cirurgicamente

(ERMAC) e Osteotomia Le Fort I Segmentar (OLFIS) são os métodos cirúrgicos para

a expansão. A ERMAC é indicada para pacientes com deficiência maxilar transversal

maior que 5 mm, pois devido à idade e o desenvolvimento ósseo, não se consegue

sucesso por meio da expansão ortopédica. SCARTEZINI et. al. (2007)

Na OLFIS, toda a discrepância é corrigida no momento da cirurgia,

quando a maxila é osteotomizada, posicionada no guia cirúrgico e fixada por placas

rígidas, permitindo uma correção das deformidades tanto verticais como transversais

ou anteroposteriores, concomitante ou não, diferente da ERMAC que permite

basicamente um ganho transversal. BELL et. al. (1976) e SCARTEZINI et. al. (2007)

SCARTEZINI et. al. (2007) traz que a OLFIS corrige as discrepâncias,

porém é um procedimento muito mais difícil, que necessita de um tempo de cirúrgico

mais longo e com mais riscos, pois pode ocorrer comprometimento vascular levando

a necrose de segmentos da maxila e seus respectivos dentes. CAPPELLETE JR

(2014) descreve também que pode ocorrer reabsorção radicular externa por conta do

traumatismo do ligamento periodontal causado pela serra quando o espaço entre as

raízes não é o suficiente ou pelo calor gerado pelos instrumentos de corte.

Apesar de inúmeros tipos de aparelhos ortodônticos descritos na

literatura para a realização da expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente

(ERMAC), o aparelho de escolha no caso clínico foi do tipo Hyrax, pois facilita a

higienização, não ocorrendo irritação tecidual devido à interposição de alimentos entre

o palato e o acrílico, como pode ocorrer no disjuntor do tipo Haas. A ausência do

21

acrílico não possibilita a compressão dos vasos sanguíneos do palato, que poderia

ocasionar a sialometaplasia necrosante, devido a força que o disjuntor exerce sobre

a mucosa da região. CAPPELLETE JR (2014)

Na correção transversal permite ao profissional trabalhar com bases

ósseas transversalmente compatíveis o que, por sua vez, é de fundamental

importância para o estabelecimento da oclusão normal. CAPELOZZA FILHO (2010)

22

3. CONCLUSÕES

3.1. A Expansão Rápida da Maxila Assistida Cirurgicamente é o procedimento que

possibilita o restabelecimento da dimensão transversal maxilar adequada em

pacientes com crescimento ósseo completo e presença da atresia maxilar

3.2. A técnica cirúrgica associada ao aparelho expansor Hyrax mostrou-se efetiva no

tratamento da atresia maxilar, viabilizando a correção da mordida cruzada posterior

bilateral.

3.3. As alterações esqueléticas surgiram gradualmente e foram constatadas

clinicamente pelo aparecimento de um diastema entre os incisivos centrais superiores,

que pode sofrer redução por meio da ação das fibras transeptais remanescentes (pós-

cirurgia) que geram movimento dentário fisiológico e seu completo fechamento

normalmente ocorre por meio da movimentação dentária induzida durante o

tratamento ortodôntico subsequente.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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