chmyz (2004) monitoramento uma abordagem complementar ao salvamento arqueológico

17
 MONITORAMENTO, UMA ABORDAGEM COMPLEMENTAR AO SALVAMENTO ARQUEOLÓGICO* Igor Chmyz** RESUMO: Empreendimentos hidrelétricos começaram a impactar as margens de rios paranaenses no final da década de 1950, intensificando-se nas seguintes. A maior parte dessas obras de engenharia civil foi acompanhada por trabalhos de salvamento arqueológico. Em alguns trechos das áreas impactadas foram realizadas, também, pesquisas de monitoramento arqueológico. Neste artigo são comentados os resultados das observações feitas em sítios submersos durante 2, 4, 6, 18, 29 e 51 anos, em reservatórios com características diferenciadas. Palavras-chave: Monitoramento Arqueológico; Arqueologia de Salvamento; Arqueologia do Paraná. INTRODUÇÃO O monitoramento arqueológico realizado na década de 1960, em trechos paranaenses e paulistas do reservatório da UHE Salto Grande do rio Paranapanema serviu, na ocasião, para a constatação do impacto causado pelo empreendimento hidrelétrico ao patrimônio arqueológic o existente na sua área. Implantada no rio Paranapanema anteriormente à promulga- ção da Lei nº 3.924/61, como outras hidrelétricas brasileiras, a UHE Salto Grande submergiu incontáveis sítios que não receberam qualquer atendimento arqueológico. A prática do salvamento não era pensada até então. Em conseqüência do constatado na UHE Salto Grande, um sal- vamento foi executado pelo Centro de Ensino e Pesquisas Arqueológi- cas da Universidade Federal do Paraná - CEPA/UFPR, entre 1965 e 1968, em ambas as margens do rio Itararé e de um pequeno trecho do * Trabalho apresentado durante a 11ª Reunião Científica da Sociedade de Arqueologia Brasileira no Rio de Janeiro, em 2001. ** Do Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas/UFPR.  Arqueol ogia, Curiti ba, v. 8, p. 6 1-76, 2004 61 http://www.humanas.ufpr.br/portal/cepa/files/2011/05/Monitoramento-uma-abordagem-complementar-ao -Salvamento-Arqueol%C3%B3gico.pdf

Upload: thiago-trindade

Post on 03-Nov-2015

3 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

chmyz

TRANSCRIPT

  • MONITORAMENTO, UMA ABORDAGEMCOMPLEMENTAR AO SALVAMENTO

    ARQUEOLGICO*

    Igor Chmyz**

    RESUMO: Empreendimentos hidreltricos comearam a impactaras margens de rios paranaenses no final da dcada de 1950,intensificando-se nas seguintes. A maior parte dessas obras deengenharia civil foi acompanhada por trabalhos de salvamentoarqueolgico. Em alguns trechos das reas impactadas foramrealizadas, tambm, pesquisas de monitoramento arqueolgico.Neste artigo so comentados os resultados das observaesfeitas em stios submersos durante 2, 4, 6, 18, 29 e 51 anos, emreservatrios com caractersticas diferenciadas.

    Palavras-chave: Monitoramento Arqueolgico; Arqueologiade Salvamento; Arqueologia do Paran.

    INTRODUO

    O monitoramento arqueolgico realizado na dcada de 1960,em trechos paranaenses e paulistas do reservatrio da UHE SaltoGrande do rio Paranapanema serviu, na ocasio, para a constataodo impacto causado pelo empreendimento hidreltrico ao patrimnioarqueolgico existente na sua rea.

    Implantada no rio Paranapanema anteriormente promulga-o da Lei n 3.924/61, como outras hidreltricas brasileiras, a UHESalto Grande submergiu incontveis stios que no receberamqualquer atendimento arqueolgico. A prtica do salvamento no erapensada at ento.

    Em conseqncia do constatado na UHE Salto Grande, um sal-vamento foi executado pelo Centro de Ensino e Pesquisas Arqueolgi-cas da Universidade Federal do Paran - CEPA/UFPR, entre 1965 e1968, em ambas as margens do rio Itarar e de um pequeno trecho do

    * Trabalho apresentado durante a 11 Reunio Cientfica da Sociedade de ArqueologiaBrasileira no Rio de Janeiro, em 2001.** Do Centro de Estudos e Pesquisas Arqueolgicas/UFPR.

    Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004 61

    thiago.trindadeTypewriterhttp://www.humanas.ufpr.br/portal/cepa/files/2011/05/Monitoramento-uma-abordagem-complementar-ao-Salvamento-Arqueol%C3%B3gico.pdf

    thiago.trindadeTypewriter

  • rio Paranapanema, que seriam afetadas pelo reservatrio da UHEXavantes. Outros projetos de salvamento se seguiram, em espaos domesmo rio Paranapanema, do rio Paran e do rio Iguau, envolvendopores dos Estados do Paran, So Paulo, Mato Grosso do Sul eSanta Catarina. A esses enfoques de reas amplas, podem sersomados os resultantes do Programa Nacional de PesquisasArqueolgicas - PRONAPA que hoje, considerando-se a degradaoambiental seqente, caracterizam-se como de salvamento. No Paran,o Pronapa foi desenvolvido entre 1965 e 1970 e, alm dos vales fluviaisj citados, atuou em margens dos rios Tibagi, Iva e Piquiri.

    Intencionalmente, monitoramentos foram praticados em reasde hidreltricas atendidas por trabalho prvio de arqueologia. Contem-plaram trechos dos reservatrios que sofreram rebaixamentos momen-tneos devido a estiagens ou por necessidade de manuteno dasUsinas. Nos vrios casos, os remanescentes dos stios estavamsubmersos h dois ou dezoito anos. Essas abordagens permitiram aavaliao do impacto causado aos stios e ao material pela submersonas diferentes situaes, inclusive com relao s caractersticas decada reservatrio no tocante ao seu embasamento, amplitude, perfil econdies do entorno.

    Na poca do fechamento das comportas da UHE Itaipu, em1982, respondendo s queixas da populao da cidade paranaensede Guara, que teve o patrimnio natural das Sete Quedas do rioParan submerso pelo reservatrio, uma autoridade da ItaipuBinacional declarou que o desaparecimento dos saltos e, inclusive,dos stios arqueolgicos, seria temporrio, tendo em vista que ashidreltricas no so eternas. Um dia a UHE Itaipu seria desativada eas Sete Quedas (e os stios arqueolgicos) ficariam novamenteemersos.

    As pesquisas realizadas na rea brasileira da UHE Itaipu, entre1975 e 1983, revelaram grande nmero de stios. Foram estudados emritmo de salvamento e ignorava-se, diante daquela declarao, comoos remanescentes arqueolgicos seriam afetados pelo reservatrio deItaipu. J se tinha uma noo do impacto causado pelo reservatrio daUHE Salto Grande ao patrimnio arqueolgico submerso, porm oempreendimento hidreltrico da Itaipu Binacional apresentavacaractersticas diferentes daquele.

    O reservatrio da UHE Itaipu recebeu, por isso, abordagens demonitoramento nos anos de 1988 e 2000, obtendo-se importantes dadosa respeito.

    Em 1988 e 1990, monitoramentos foram executados namargem paranaense da UHE Rosana, situada no rio Paranapanema e,

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    62 Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004

  • que tambm havia sido pesquisada anteriormente. Essa abordagemfoi esclarecedora na sua faixa de segurana, mais precisamente nalinha de oscilao das guas.

    Os monitoramentos mais recentes foram praticados em reasde hidreltricas implantadas na regio metropolitana de Curitiba e, queno foram atendidas por salvamentos. Ambos desenrolaram-se em 2000e enfocaram, pontualmente, o reservatrio da UHE Capivari-Cachoeirae da Barragem do Vooroca.

    Com este texto pretende-se, alm de historiar os passos daprtica do monitoramento no Paran, trazer o tema para as considera-es da comunidade, conforme a proposta do Simpsio de Arqueolo-gia por Contrato no Brasil, junto ao XI Congresso da Sociedade deArqueologia Brasileira.

    AS PRIMEIRAS CONSTATAES

    Entre janeiro e fevereiro de 1964, em atendimento a informa-es prestadas por moradores da cidade paulista de Ourinhos,prospeces foram realizadas nas margens do rio Paranapanema peloCEPA/UFPR. Os informantes haviam alertado sobre a destruio, pelasprticas agrcolas, de vrios stios arqueolgicos da regio. Ostrabalhos desenvolvidos corroboraram o alerta pois, em curto espaode tempo, foram registrados e estudados oito stios cermicos epr-cermicos impactados pela agricultura (CHMYZ, ms-a). O outroimpacto constatado na ocasio, foi o relacionado formao doreservatrio da UHE Salto Grande (CHMYZ, 1991:157). Alguns dosstios verificados no seu entorno tinham partes de suas reas compro-metidas pelo lenol de gua (Fig. 1).

    O rebaixamento parcial do reservatrio, em conseqncia delongo perodo de estiagem, deixou mostra extensas pores dasmargens. Nos pontos percorridos, as margens apresentavam pequenadeclividade e um aspecto de solo varrido. Foi possvel acompanhar, nocaso dos stios lindeiros, a disperso das peas arqueolgicas a partirdo limite do reservatrio para baixo, na poro emersa. Outros stios,inteiramente situados na faixa do reservatrio puderam ser visualizados,uma vez que as suas evidncias expostas demarcavam as reasocupadas. A camada arqueolgica ainda existia.

    _________________________________

    1 O nmero de stios nesse espao foi ampliado durante o Programa Nacionalde Pesquisas Arqueolgicas, entre 1965/66 e o Projeto Arqueolgico Canoas, entre 1994e 1999.

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004 63

  • Figura 1. Stios registrados na rea da UHE Salto Grande (Extrada deCHMYZ - Coord., ms-b).

    A UHE Salto Grande, hoje UHE Lucas Nogueira Garcez, foi osegundo empreendimento hidreltrico de grande porte do Estado deSo Paulo. A sua construo foi iniciada em 1951, coordenada pelaComisso Construtora da Central do Salto Grande e concluda em 1958,sob a administrao da empresa Usinas Eltricas do ParanapanemaS. A. - USELPA. Com uma altura de 20m, a barragem formou um reser-vatrio com 13km de rea (CESP, 1989), sobre o territrio paranaensede Cambar e o paulista de Salto Grande.

    Durante a formao do reservatrio, o sr. Walter Graff, mora-dor da cidade de Salto Grande, realizou o salvamento de peascermicas Tupiguarani em frente ao hotel da usina. Trabalhou j dentroda gua para retirar uma urna funerria. Indignado com o descaso aopatrimnio arqueolgico, guardou o material recuperado em sua casaat a sua doao para o acervo do CEPA/UFPR, em 1965.

    Os stios observados na rea do reservatrio da UHE SaltoGrande estiveram submersos durante 6 anos e, o seu material, noapresentava maiores danos que os causados pelas prticas agrcolas

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    64 Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004

  • antes da formao do reservatrio.No entorno do reservatrio existiam extensas plantaes de

    caf que deixavam, entre as fileiras dos arbustos, o latossoloavermelhado exposto eroso.

    Os stios registrados pertenciam tradio pr-cermicaHumait e cermica Tupiguarani.

    O aprendizado proporcionado por essa experincia levou estruturao de um projeto de salvamento para a rea da UHE Xavantes,situada nos rios Itarar e Paranapanema. As obras dessa usina,comeadas em 1959, encontravam-se bastante adiantadas em 1965quando, depois de rpida tramitao pela Universidade Federal doParan e a Diretoria do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, oprojeto de salvamento foi iniciado. O seu financiamento proveio dasduas instituies federais porque a promotora do empreendimento exi-miu-se da responsabilidade. Administradas inicialmente pela USELPA,as obras continuaram sob a gide da Centrais Eltricas de So PauloS. A. - CESP que, em 1966, englobou as companhias estatais e peque-nas empresas privadas voltadas gerao e distribuio de energiano Estado de So Paulo.

    O reservatrio da UHE Xavantes comeou a ser formado em1969 entrando, a usina, a operar no ano seguinte. Ocupou uma reacom 400km, dos quais, 350km no vale do rio Itarar.

    Os resultados desse projeto, concludo em 1968, foram parci-almente divulgados (CHMYZ et alii, 1968; CHMYZ, 1967; 1977).

    OS MONITORAMENTOS EXPERIMENTAIS

    No perodo compreendido entre 1983 e 1992, com muitas in-terrupes motivadas por entraves de ordem burocrtica, as reasparanaenses das UHEs Rosana e Taquaruu foram pesquisadas atra-vs do Projeto Arqueolgico Rosana-Taquaruu (CHMYZ, 1984;CHMYZ, Coord., ms-a). Esses empreendimentos situam-se no vale dorio Paranapanema e foram iniciados em 1980. A UHE Rosana, cujoreservatrio ocupa uma rea com 220km, entrou em operao em 1987.A segunda, situada a montante, formou um reservatrio com 105,50kme entrou em operao em 1992.

    Durante os trabalhos de resgate no espao da UHE Taquaruu,monitoramentos foram realizados em alguns pontos da UHE Rosana.Essas abordagens aconteceram em 1988 e 1990, portanto dois e qua-tro anos aps a formao do seu reservatrio. Restringiram-se faixade depleo do lenol de gua, junto a stios que haviam sido

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004 65

  • identificados e estudados na poca do salvamento e, a outros pontosque no haviam revelado ocupaes.

    O reservatrio cobriu parcialmente vrios stios. Devido scaractersticas do vale inundado, com extensas vrzeas ladeando ocurso fluvial, os estabelecimentos humanos foram encontrados princi-palmente nas encostas e topos de elevaes mais afastadas. A linhade oscilao do reservatrio estendeu-se, portanto, nas pores medi-anas da maioria dos stios. O PR TR 6, por exemplo, que durante apesquisa revelou estruturas relacionadas a 16 habitaes abrangidaspor uma rea com 20.410m, teve dois teros do seu espao cobertospelas guas. A vistoria feita em 1988, junto linha de oscilao, detec-tou recipientes cermicos parcialmente expostos. Um deles estava sobuma curva de nvel agrcola (Foto 1). Tratava-se de uma urna funerriacontendo, ainda, restos sseos humanos. Outro foi localizado logoabaixo da superfcie erodida (Foto 2). A eroso fluvial na margem doreservatrio acentuada devido ocorrncia do arenito Caiu e, prtica agrcola intensiva no seu entorno.

    Foto 1. Urna funerria exposta na reado Stio PR TR 6 durante o monitora-mento efetuado na margem da UHERosana (Foto J. C. G. Chmyz - 1988).

    Foto 2. Recipiente cermico exposto nafaixa de depleo da UHE Rosana (Foto:J. E. Volcov - 1990).

    O stio PR TR 6 pertence tradio Tupiguarani e, durante oseu estudo em 1986, revelou urnas funerrias.

    Na rea do stio PR TR 12 a eroso fluvial exps, no elevadobarranco formado, as camadas arqueolgicas que foram constatadasdurante o resgate, por meio de cortes-estratigrficos. Essas camadassituavam-se entre 40 e 75cm e 220 e 250cm de profundidade, respecti-vamente. Peas roladas das camadas de ocupao permaneciam naestreita praia e dentro do reservatrio, por uma extenso de 3m (Foto 3).

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    66 Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004

  • As camadas arqueolgicas correspondem fase pr-cermicaItaguaj, que atingiu na rea do projeto, a data de 6165 a.C. (CHMYZ eCHMYZ, 1968:68).

    Quando se estruturou o Projeto Arqueolgico Canoas, em 1992,para o salvamento arqueolgico das reas paranaenses das UHEsCanoas I e Canoas II no vale do Paranapanema, salientou-se ser...necessrio, tambm, diante das atuais constataes, a realizaode um trabalho de monitoramento nas reas das usinas hidreltricasmais antigas do rio Paranapanema, procura de stios revelados pelaoscilao do nvel das guas dos seus reservatrios e de obras deusos mltiplos, para posterior salvamento (CHMYZ, ms-b). No contratocelebrado com a CESP, para os trabalhos de salvamento nas reasdas UHEs Canoas I e II, em fins de 1992 figurou, como ClusulaPrimeira, ...alm do monitoramento arqueolgico nas reas dasUsinas Hidreltricas implantadas anteriormente pela CESP ao longodo rio Paranapanema, a procura de stios revelados pela oscilaodo nvel dos seus reservatrios e de obras de usos mltiplos, paraposterior salvamento e complementao de informaes, a nvelde Bacia.

    A Companhia Energtica de So Paulo forneceu, para essaatividade programada, as cartas planialtimtricas de todos os empre-endimentos antigos, inclusive os da UHE Xavantes, que foram negadospor ocasio do projeto de salvamento. Esses monitoramentos no che-garam a ser concretizados devido, novamente, a entraves burocrticos.

    Um pouco depois do primeiro monitoramento efetuado namargem do rio Paranapanema, outro foi realizado na margem do rioParan. Em setembro de 1988, em funo de um rebaixamento do nveldo reservatrio da UHE Itaipu, foi vistoriado um trecho emerso ao ladoda cidade de Guara. O rebaixamento, resultante da necessidade demanuteno das turbinas, foi na ordem de 4,50m. Ficaram expostaspores das margens do reservatrio e parte das ilhas que formavamas Sete Quedas.

    Outro monitoramento na rea da UHE Itaipu foi desenvolvidoem princpios de 2000 e, a diminuio do volume do seu reservatrio,em torno de 6m verticais, deveu-se intensificao na gerao deenergia. O trecho selecionado, jusante dos Saltos das Sete Quedas,limitou-se entre os rios Carumbe e Tatu, por uma extenso de 5km; alargura mdia da margem percorrida foi de 1km.

    O Projeto Arqueolgico Itaipu foi implantado em 1975, quandose iniciavam as obras da usina e encerrado em 1983, um ano aps aformao do reservatrio que inundou 835km dos territrios do Parane Mato Grosso do Sul. Dele resultou centenas de stios estudados,

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004 67

  • centenas de milhares de peas resgatadas e analisadas, mais de umadezena de relatrios e artigos publicados e, a montagem de um museue uma reserva tcnica na rea da pesquisa (CHMYZ, 1987:81).

    Os monitoramentos praticados na rea da UHE Itaipu, seis edezoito anos aps o fechamento das comportas, ao contrrio dasrealizadas junto UHE Rosana contemplaram, alm da linha deoscilao do reservatrio, espaos das margens emersas e ilhas.Observou-se que, na faixa de depleo, formaram-se largas praias comdepsito de areia (Foto 4). As eroses na borda do reservatrio, devidoao latossolo avermelhado resistente, mostravam perfis baixos e quasenivelados pela areia transportada. Nas depresses, depois das praias,depositou-se espessa camada de argila, inviabilizando a visualizaodo leito (Foto 5). No topo ou flanco das colinas a eroso fluvial retiroua camada de terra que fora revolvida pela prtica agrcola, expondo omaterial arqueolgico (Fotos 6 e 7). Abaixo dessa superfciecompactada, conservou-se o restante da camada arqueolgica.

    Obstculos representados por troncos de rvores ou blocos derochas ocasionaram depresses profundas e largas, prejudicando aestratigrafia dos stios (Foto 8). Esses danos foram constatados, commais intensidade, na ilhas situadas no meio do rio e que recebiam oimpacto maior da correnteza. No extremo inferior das ilhas observou-se, tambm, um processo de sedimentao espessa; no extremosuperior, havia acentuada eroso fluvial.

    Por outro lado, o leito seco do reservatrio sofria com os fortesventos canalizados pelo vale do rio. Densas nuvens de poeira desloca-vam-se das margens desnudas, sendo sucedidas por chuvas torrenci-ais, que produziam danosos efeitos erosivos. Sujeitos s alternnciasde encharcamento e ressecamento brusco, o material arqueolgicoapresentava indcios de desagregao. A frgil cermica da tradioItarar, cujos stios haviam sido detectados anteriormente, mostrava-se danificada por esse mecanismo. O trnsito de pessoas representou,tambm, fator negativo s peas dispostas na superfcie do terreno.

    Outra forma de monitoramento havia sido praticada na reabrasileira da UHE Itaipu, desde 1986. Vistorias foram feitas nos espaosque estavam sendo destinados para praias artificiais, centro nutico,portos de areia, estaleiro, embarcadouros, alfndega, etc. Em quasetodos esses locais ocorreram stios, que foram pesquisados, antes dasua destinao final. Em um deles, o que acomodou o Centro Nuticoe Recreativo de Guara, foram encontrados 14 stios (CHMYZ eSGANZERLA, ms-a).

    No espao destinado ao Estaleiro Almirante Tamandar Ltda.,situado nas proximidades dos extintos Saltos das Sete Quedas e da

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    68 Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004

  • Foto 3. Eroso causada pela oscila-o de guas do reservatrio da UHERosana, na rea do stio PR TR 12, comdeslocamento de peas arqueolgicas(Foto: J. E. Volcov - 1990).

    Foto 4. Eroso marginal e formao depraia na faixa de depleo da UHE Itaipu(Foto: I. Chmyz - 2000).

    Foto 5. Depresso do leito do reserva-trio da UHE Itaipu, preenchida porsedimentos argilosos (Foto: R. Ceccon- 2000).

    Foto 6. Concentrao de peasarqueolgicas no topo de elevaoemersa do reservatrio da UHE Itaipu(Foto: I. Chmyz - 2000).

    Foto 7. Exposio de estruturas decombusto, na margem emersa daUHE Itaipu (Foto: I. Chmyz - 2000) .

    Foto 8. Eroso pela presena de obst-culo no leito ao reservatrio da UHEItaipu, com destruio de remanescen-tes (Foto: I. Chmyz - 1988).

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004 69

  • faixa residual do Parque Nacional das Sete Quedas, as pesquisasprvias revelaram tantos stios que a Itaipu Binacional, acatandoponderaes, considerou-o de proteo ambiental, inviabilizando oempreendimento naval. Um projeto para reconstituio de habitaoindgena, com base nos dados arqueolgicos e etno-histricos,concebido originalmente para integrar o Centro Nutico e Recreativo,foi ampliado e relocado para a rea do Estaleiro Almirante TamandarLtda. Entre os vrios stios Tupiguarani nela existentes, um, constitu-do por seis bases de habitaes, comeou a ser escavado para essepropsito. Uma das bases de habitao foi exposta completamente,sendo topografadas todas as estruturas que subsidiariam areconstituio arquitetnica; as estruturas menores detectadas, comofoges, moqum, fossas, etc., assim como o posicionamento dosartefatos serviriam para a reconstituio das funes do espao (CHMYZe SGANZERLA, ms-b).

    Esse projeto, que motivou a especializao de artista plsticolocal para a produo de rplicas cermicas para a reconstituio, seriaintegrado rota turstica. No teve continuidade devido s mudanasde enfoque da empresa geradora de energia.

    OS MONITORAMENTOS EM RESERVATRIOS ANTIGOS

    Tendo em vista que os monitoramentos realizados anteriormentepermitiram a observao do impacto causado ao patrimnio arqueol-gico submerso at dezoito anos procurou-se, para uma melhorcompreenso do processo, abordar reas de reservatrios mais antigos.

    Nos arredores de Curitiba, os empreendimentos UHE Chamine UHE Capivari-Cachoeira ofereciam condies para essa avaliao.Ambas apresentavam os reservatrios diminudos em conseqnciade estiagem prolongada e, a ltima, de forma excepcional, tambm pormotivos operacionais.

    A UHE Chamin foi a primeira usina de grande porte do Estado.Foi implantada na vertente leste da Serra do Mar pela Companhia deFora e Luz do Paran, entre 1929 e 1931. Posteriormente, para aampliao da capacidade geradora do complexo hidreltrico, foiconstruda uma barragem com 21m de altura no planalto curitibano.Sua construo transcorreu entre 1947 e 1949 e propiciou a formaodo Reservatrio do Vooroca, com cerca de 7km.

    H muito tempo planejada, a UHE Capivari-Cachoeira foiedificada entre 1961 e 1971, pela Companhia Paranaense de EnergiaEltrica - COPEL. Ocupando uma rea com 13,1km no planalto

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    70 Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004

  • curitibano, as guas do reservatrio do rio Capivari foram conduzidas,atravs de tneis no macio rochoso da serra, para as turbinas instala-das na sua vertente leste, desaguando no rio Cachoeira (HABITZREUTER,2000:163 e 226).

    Os monitoramentos que enfocaram os espaos dos dois reser-vatrios foram realizados no ano de 2000 e permitiram a observaode indcios arqueolgicos submersos h 51 e 29 anos, respectivamen-te. O nvel da Barragem do Vooroca estava pouco rebaixado maspossibilitou, em 20 de julho, a constatao dos efeitos do seureservatrio na linha de depleo e em parte das margens emersas. Asprospeces concentraram-se em um trecho da margem direita do rioTaqu, em terrenos constitudos por migmatitos, gnaisses e quartzitos.Os danos que se esperavam em um reservatrio to antigo no seconfiguraram, pelo menos no trecho percorrido. Tanto a eroso do solocomo a deposio de sedimentos foi de pequena intensidade (Foto 9). provvel que a constituio do solo, a amplitude da represa e orevestimento florstico do seu entorno, tenham contribudo decisiva-mente para isso.

    Os nicos indcios arqueolgicos foram registrados na margemde um crrego, no topo de uma colina (Fotos 10 e 11). Dispunham-seesparsamente pela superfcie do terreno e tambm para baixo, forman-do a camada. Relacionam-se tradio pr-cermica Umbu. Vestgiosda tradio cermica Itarar, que se esto revelando de forma numero-sa no planalto curitibano, no foram detectados durante a curtaabordagem. Por serem extremamente frgeis, a sua constatao nessarea, diagnosticaria com mais propriedade o real impacto da submersoprolongada (CHMYZ, ms-c).

    Na rea do reservatrio da UHE Capivari-Cachoeira, atual UHEGovernador Parigot de Souza, as prospeces restringiram-se a umtrecho da margem esquerda do rio dos Patos. Foram desenvolvidasintermitentemente, entre os meses de junho e novembro; nas trsabordagens feitas, o nvel do reservatrio foi encontrado em quotasdiferentes. A mais baixa, quando o rio dos Patos estava reduzido a umfilete de gua, aconteceu no primeiro dia das constataes (Foto 12).No ltimo, as guas j estavam cobrindo boa parte das margensanteriormente emersas e dominadas por gramneas e arbustos (Foto13).

    Formado sobre terrenos com a mesma constituio doanterior, o reservatrio da UHE Capivari-Cachoeira apresentava, notrecho observado, margens erodidas com mais intensidade. Assedimentaes eram extensas e mais espessas. O revestimentoflorstico do entorno mostrava-se comprometido com os desmatamentos.

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004 71

  • Foto 13. Espao emerso do reservat-rio da UHE Capivari-Cachoeira conten-do concentraes arqueolgicas(Foto: R. Ceccon, 2000).

    Foto 14: Cermica Itarar exposta narea do reservatrio da UHE Capivari-Cachoeira e danificada pelo pisoteio(Foto: R. Ceccon, 2000).

    Foto 9. Eroso laminar na margememersa do reservatrio da BarragemVooroca (Foto: R. Ceccon, 2000).

    Foto 10. Margem exposta no reserva-trio da Barragem Vooroca. A setaindica o local dos indcios arqueol-gicos (Foto: R. Ceccon, 2000).

    Foto 11. Indcios da tradio Umbu, narea da Barragem Vooroca (Foto:R. Ceccon, 2000).

    Foto 12. Trecho do rio dos Patosexposto durante o rebaixamento doreservatrio da UHE Capivari-Cachoeira (Foto. R. Ceccon, 2000).

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    72 Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004

  • As chuvas fortes ocorridas no interstcio, ocasionaram enxurradas quesedimen-taram os vestgios arqueolgicos visualizados anteriormente.Causaram, tambm, eroses lineares, deslocando peas na superfciee na camada (Foto 14).

    No pequeno espao percorrido, foram encontrados indciosrelativos tradio pr-cermica Umbu e tradio cermica Itarar.Alm desses vestgios da ocupao indgena, foram detectadosremanescentes da tradio Neobrasileira e, de outros mais recentesainda, os dos moradores que foram relocados da rea devido formaodo reservatrio.

    Os traos constatados superficialmente e em profundidade junto camada arqueolgica, apresentavam-se em condies razoveis deconservao. Permitiram anlises para filiao cultural e, talvez possi-bilitem datao pelo mtodo da TL. O dano maior, causado ao acervoexposto na superfcie endurecida do terreno, foi o resultante do pisoteiopor gado e por pescadores ribeirinhos (CECCON, ms).

    CONSIDERAES PARCIAIS

    Os monitoramentos efetuados em trechos dos riosParanapanema, Paran, Vooroca e Capivari, represados para gera-o de energia eltrica, permitiram uma avaliao prvia dos impactoscausado ao patrimnio arqueolgico.

    Compreenderam constataes em stios expostos aps 2, 4, 6,18, 29 e 51 anos de submerso, em reservatrios com caractersticasdiferenciadas. Na rea da UHE Rosana, o monitoramento limitou-se linha de depleo e, na da UHE Itaipu abrangeu, alm da linha deoscilao, ilhas e margens emersas, a faixa do entorno do reservatriodestinada s obras de usos mltiplos.

    Em todos os locais, mesmo naqueles no pesquisados antesda implantao das unidades geradoras, indcios arqueolgicos foramencontrados. Embora os danos que apresentavam anteriormentetenham sido acentuados pela submerso, os stios visualizados aindaencerravam potencial informativo.

    preciso que se diga que os stios atendidos durante o projetode salvamento previamente, em sua grande maioria, encontravam-seperturbados parcial ou totalmente pela agricultura e outras atividadesantrpicas. Poucos mostravam-se intactos.

    As oscilaes do nvel das guas, comum a todos os reserva-trios, em funo de estiagens prolongadas, manuteno de instala-es ou incremento de gerao, apresentaram-se como as mais danosas

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004 73

  • aos stios. Essa alternncia acentuou o mecanismo erosivo fluvial,propiciou a eroso pluvial e elica e, facilitou o trnsito de pessoas eanimais, comprometendo as evidncias arqueolgicas expostas.

    O monitoramento, apesar dos impactos negativos existentes,poder ser praticado para o resgate de parte do patrimnio arqueolgi-co submerso por barramentos implantados antes da vigncia daLei n 3.924/61 ou Resoluo n 001/86, do Conselho Nacional doMeio Ambiente.

    A possibilidade de pesquisas posteriormente formao dereservatrios demonstrada neste texto, tambm foi comprovada noespao do Aude de Corobob, no serto bahiano. Formado em 1969,submergiu o Arraial de Canudos, o reduto de Antnio Conselheiro, em1897. As suas runas foram escavadas por Paulo Zanettini e EricaRobhran-Gonzlez em 1999, aps uma submerso de 30 anos(TOLEDO, 1999:96).

    O emprego do monitoramento mostra-se valioso, ainda, para acomplementao de dados e a aferio da metodologia utilizada nosresgates de reas inundadas por barramentos.

    Em suma, o monitoramento configura-se como uma prticacomplementar aos trabalhos de salvamento e deve ser consideradacomo indispensvel na estruturao dos seus projetos.

    AGRADECIMENTOS

    Agradecimentos so externados Companhia Energtica deSo Paulo e Itaipu Binacional pelo patrocnio das pesquisas desalvamento nas hidreltricas citadas e, em especial, ltima, quecontinua concedendo facilidades para o monitoramento na rea da UHEItaipu.

    Este texto no poderia ser produzido sem a colaborao deEliane Maria Sganzerla, Joo Carlos Gomes Chmyz, Jonas Elias Volcove Roseli Santos Ceccon, companheiros dos monitoramentos emdiversas ocasies. A todos o meu reconhecimento.

    ABSTRACT: By the end of 1950, hydro electrical building beganto damage the borders of the Parans rivers. The impact goteven harder by the following years. Most part of those civilengineer buildings were followed by archaeological saving works.In some parts of the damaged areas were also done researchesof archaeological monitoring. Are commented in this article the

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    74 Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004

  • results of the observations made in underwater sites through 2,4, 6, 18, 29 and 51 years, in reservoirs which have differentcharacteristics.

    KEY WORDS: Archaeological Monitoring, Saving Archaeology,Archaeology of Paran.

    REFERNCIAS

    CECCON, Roseli S. Relatrio do monitoramento realizado na reada UHE Capivari-Cachoeira, Campina Grande do Sul, Paran. CEPA/UFPR. Curitiba, 15p. ms. 2000.

    CESP (Companhia Energtica de So Paulo). USELPA - UsinasEltricas do Paranapanema S/A. Fascculos da Histria da EnergiaEltrica em So Paulo. So Paulo, v. 3, p. 1-109. 1989.

    CHMYZ, Igor; PEROTA, Celso; MELLER Helena I.; ROCHA, Maria L.F. da. Notas sobre a arqueologia do vale do rio Itarar. Revista doCentro de Estudos e Pesquisas Arqueolgicas. Curitiba, v. 1, p. 7-23. 1986.

    _______ CHMYZ; Joo C. G. Dataes radiomtricas em reas desalvamento arqueolgico no Estado do Paran. Arqueologia. Revistado Centro de Estudos e Pesquisas Arqueolgicas. Curitiba, v. 5, p.69-77. 1986.

    CHMYZ, Igor. Dados parciais sobre a arqueologia do vale do rioParanapanema. Publicaes Avulsas do Museu Paraense EmlioGoeldi. Belm, v. 6, p. 59-78. 1967.

    _______ Pesquisas paleetnogrficas efetuadas no vale do rioParanapanema, Paran - So Paulo. Boletim de Psicologia eAntropologia. Curitiba, v. 5, p. 1-248. 1977.

    _______ Relatrio das pesquisas realizadas nas reas das UsinasHidreltricas Rosana e Taquaruu. Companhia Energtica de SoPaulo. So Paulo, 80p. 1984.

    _______ Pesquisas arqueolgicas na rea brasileira de Itaipu. IN: 2Seminrio da Itaipu Binacional sobre Meio Ambiente. ItaipuBinacional. Foz do Iguau, p. 81-87. 1987.

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004 75

  • _______ Histrico das pesquisas de salvamento arqueolgico noEstado do Paran. IN: Anais do I Simpsio de Pr-Histria do Nordeste.Clio. Srie Arqueolgica. Recife, v. 4, p. 157-160. 1991.

    CHMYZ, Igor; SGANZERLA, Eliane M. Relatrio sobre a arqueologiae etno-histria da rea do Centro Nutico e Recreativo de Guara.CEPA/UFPR, Curitiba, 12 p. ms-a (1988).

    _______ Projeto de reconstituio de aldeia indgena. CEPA/UFPR.Curitiba, 49 p. ms-b. (1990).

    CHMYZ, Igor - Coord. Relatrio de atividades do ProjetoArqueolgico Rosana-Taquaruu. Convnio CESP/FUNPAR. Curitiba,142 p. ms-a (1992).

    ________ Relatrio tcnico-cientfico do Projeto ArqueolgicoCanoas. Contrato CESP/CEPA/FUNPAR. Curitiba, 142p. ms-b (1996).

    CHMYZ, Igor. Relatrio das prospeces arqueolgicas no mdiorio Paranapanema, Paran e So Paulo. CEPA/UFPR. Curitiba, 10p.ms-a (1964).

    _______ Projeto Arqueolgico Canoas. CEPA/UFPR. Curitiba, 40p.ms-b (1992).

    _______ Relatrio do monitoramento efetuado na rea do reserva-trio do Vooroca. Tijucas do Sul, Paran. CEPA/UFPR. Curitiba, 7p.ms-c (2000).

    HABITZREUTER, Rubens R. A conquista da Serra do Mar. Curitiba:Editora Pinha Ltda., 280p. 2000.

    TOLEDO, Roberto P. de. Canudos de volta. Veja. Editora Abril. SoPaulo, (22 Set): p. 96-99. 1999.

    Monitoramento, uma abordagem complementar...

    76 Arqueologia, Curitiba, v. 8, p. 61-76, 2004