chico buarque e zeca afonso
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CHICO BUARQUE E ZECA AFONSO
2 HOMENS, DOIS PAÍSES, UM SÓ IDEAL: LIBERDADE
“As pessoas têm medo das mudanças.
Eu tenho medo que as coisas nunca mudem”
“Traz um amigo também”
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CHICO BUARQUE: CONTRA A DITADURA NO BRASIL
A Ditadura Militar (iniciada em 1964) foi um período difícil para o Brasil, e marcante na carreira de Chico Buarque, devido à perseguição
dos censores que proibiram a execução de grande parte de suas canções. As suas canções, sempre com mensagens subliminares, ganha-
ram notoriedade.
Na sua obra, Chico Buarque aborda a realidade do Brasil, revoltado e insatisfeito
com as atitudes do governo militar, manifestando-se, artisticamente, em prol das
mudanças pelas quais o país precisava passar, e em favor da liberdade de expres-
são da sociedade brasileira.
Em 1963 Chico Buarque frequenta o curso de Arquitetura e Urbanismo da Uni-
versidade de São Paulo, onde participa de movimentos estudantis. Nesse mesmo
ano participa do musical Balanço do Orfeu com a música "Tem mais Samba", que
segundo ele, foi o ponto de partida para sua carreira.
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Em 1969 Chico participa na passeata dos cem mil1, contra a repressão do regime militar. Ameaçado pelo Regime Militar, exila-se em
Itália.. As canções Apesar de você e Cálice são proibidas pela censura brasileira.
Adota o pseudónimo de Julinho da Adelaide, estratégia adotada para enganar a censura, então implacável (Julinho da Adelaide chegou a
ter bilhete de identidade e concedeu uma entrevista a um jornal da época), com o qual compôs apenas três canções: Milagre Brasilei-
ro, Acorda amor e Jorge Maravilha.
No ano seguinte (1970), regressa ao Brasil, continuando com composições que denunciam aspetos sociais, económicos e culturais, A sua
música "Apesar de Você" vende cerca de 100 mil cópias, mas é censurada e recolhida das lojas.
Uma das canções de Chico Buarque que critica a ditadura é uma carta musicada, escrita em homenagem a Augusto Boal, que se encon-
trava exilado em Lisboa, enquanto o Brasil esteve sob o jugo da ditadura militar. A canção Meu Caro Amigo, foi lançada originalmente num
disco de título quase igual, chamado Meus Caros Amigos, em 1976. A canção é utilizada como forma de dar a conhecer a situação vivida no
país, passando a substituir a tradicional carta, que seria, de imediato, censurada (na época era a forma mais comum de se fazer ouvir):
1 No dia 26 de junho de 1968, cerca de cem mil pessoas ocuparam as ruas do centro do Rio de Janeiro e realizaram o mais importante protesto contra a ditadura mili-
tar até então. A manifestação, iniciada a partir de um ato político na Cinelândia, pretendia cobrar uma postura do governo frente aos problemas estudantis e, ao mesmo tempo, refletia o descontentamento crescente com o governo; dela participaram também intelectuais, artistas, padres e grande número de mães.
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Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita mutreta2 pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça 3
2 o Golpe Militar
3 Sofrimento quando os interesses dos militares não eram atendidos
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E a gente vai tomando que, também, sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
É pirueta4 pra cavar o ganha-pão5
4 Refere-se às artimanhas a que tinham de recorrer os socialistas para passar a sua mensagem.
5 Referência àquilo que se tornara uma rotina: a perseguição dos militares.
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© Foto de Evandro Teixeira/CPDOC-JB. Edu Lobo, Caetano Veloso e Othon
Bastos na Passeata dos Cem Mil. Rio de Janeiro, 1968.
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Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão
Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo o pessoal
Adeus
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ZECA AFONSO: CONTRA A DITADURA EM PORTUGAL
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos (Zeca Afonso) viveu entre Aveiro (onde nasceu) Angola e Moçambique (para onde foi viver a
sua família, devido à profissão de seu pai). Com 11 anos vai viver com a sua tia, em Coimbra, onde frequenta o liceu. A sua família desloca-
se para Timor e com a sua pelos Japoneses, José Afonso fica sem notícias dos pais durante três anos, até ao final da II Guerra Mundial, em
1945. Nesse mesmo ano começa a cantar serenatas como «bicho», designação da praxe de Coimbra para os estudantes liceais (José Afon-
so andava no 5.º ano do liceu).
A sua vida continuará a dividir-se entre Portugal e Moçambique. Torna-se professor de História e Português, sendo proibido de lecionar
em 1968. Continua o seu percurso como cantor, tendo publicado várias músicas. Em 1973 José Afonso continua a sua «peregrinação»,
cantando um pouco em todo o lado. Muitas dessas sessões foram proibidas pela
PIDE/DGS e, em abril é preso, ficando 20 dias em Caxias, até finais de Maio.
Na prisão política, escreve o poema «Era Um Redondo Vocábulo».
A 29 de Março de 1974, o Coliseu, em Lisboa, enche-se para ouvir José
Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria, Manuel Freire, José Bara-
ta Moura, Fernando Tordo e outros, que terminam a sessão com «Grândola, Vila http:/
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Morena». Os militares do MFA estão entre a assistência e escolhem «Grândola» para senha da Revolução (um mês depois assistir-se-á à
Revolução dos cravos).
No dia do espetáculo, a censura avisara a Casa de Imprensa, organizadora do evento, de que eram proibidas as representações de
«Venham Mais Cinco», «Menina dos Olhos Tristes», «A Morte Saiu à Rua» e «Gastão Era Perfeito». No entanto, «Grândola» foi autorizada.
Zeca Afonso foi, então, juntamente com Adriano Correia de Oliveira, um
dos mentores da canção de intervenção em Portugal e um baladei-
ro/compositor notável, que conciliou a música popular portuguesa e os
temas tradicionais com a palavra de protesto. Inspirou-se, para as suas can-
ções, no povo português, exaltando as suas vivências, os seus sofrimentos e
as suas aspirações. Foi essa a sua posição durante a ditadura fascista,
quando, pela sua música, denunciou crimes cometidos pelo governo, como
foram os casos dos assassinatos de Catarina Eufémia, em 1954, com “Can-
tar Alentejano” e de José Dias Coelho, em 1961, com “A Morte Saiu à Rua”. Denunciou, ainda, as arbitrariedades da PIDE/DGS em temas
como os “Vampiros” e “Era de Noite e Levaram”, ou o “Cavaleiro e o Anjo”; denunciou a guerra colonial com o tema “Menina dos Olhos Tris-
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tes”; a pobreza com “Menino do Bairro Negro” ou o “Tecto do Mendigo”.
Exaltou valores solidários como “Traz Outro Amigo Também” ou “O Meu
Menino é D’oiro”. Gritou a revolta em “ Redondo Vocábulo” ou a “Epigrafe
Para Arte de furtar”.
Deixa-nos em 1987, tendo pautado a sua vida pela recusa permanen-
te do caminho mais fácil, da acomodação, no combate ao fascismo de
Salazar, na denúncia dos oportunis-
tas, dos "vampiros"…
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