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CHARUTO 72 A fumaça invade a película por Fernando Roveri A presença do charuto na sétima arte está representada tanto em grandes nomes do cinema como em personagens que fizeram história Q uando se pensa na presença da fumaça solta pela boca dos atores e atrizes de cinema invadindo a tela, as primeiras lembran- ças são dos filmes noir da década de 40 e 50. Essa fumaça, no entanto, vinha dos cigarros. No caso dos homens, represen- tavam masculinidade e para as mulhe- res, era sinônimo de sensualidade. Já o papel do charuto na sétima arte tem outro significado, não menos importante. De policiais a comédias, o charuto teve sua representação em papéis diversificados, e talvez por isso apresentou uma versatilidade maior no cinema do que o cigarro. Nos filmes de gângsteres, por exemplo, o charuto tem papel fundamental. Os personagens que os fumam têm força representativa na trama: homens corajosos, que enfren- tam perigos e tomam sérias decisões. O eterno gângster do cinema americano, Edward G. Robinson, personificou o tipo, sempre acompanhado por um charuto. Em obras mais recentes, como Os Intocáveis e Scarface, os persona- gens também fumavam charutos. Em outro gênero cinematográfico, o faroeste, o charuto teve outro tipo de representação. Em sua maioria, os per- sonagens que os fumavam eram os mais inescrupulosos. Quando o faroeste invadiu a Itália, o charuto continuou presente. O gênero foi praticamente recriado na península, primeiramente pelas mãos do grande diretor Sergio Os irmãos Marx parte2.indd 72 3/7/07 8:36:44 PM

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CHARUTO

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A fumaça invade a película

por Fernando Roveri

A presença do charuto na sétima arte está representada tanto em grandes nomes do cinema como em personagens que fizeram história

Q uando se pensa na presença da fumaça solta pela boca dos atores e atrizes de cinema

invadindo a tela, as primeiras lembran-ças são dos filmes noir da década de 40 e 50. Essa fumaça, no entanto, vinha dos cigarros. No caso dos homens, represen-tavam masculinidade e para as mulhe-res, era sinônimo de sensualidade.

Já o papel do charuto na sétima arte tem outro significado, não menos importante. De policiais a comédias, o charuto teve sua representação em papéis diversificados, e talvez por isso apresentou uma versatilidade maior no cinema do que o cigarro. Nos filmes de gângsteres, por exemplo, o charuto tem papel fundamental. Os personagens que os fumam têm força representativa na trama: homens corajosos, que enfren-tam perigos e tomam sérias decisões. O eterno gângster do cinema americano, Edward G. Robinson, personificou o tipo, sempre acompanhado por um charuto. Em obras mais recentes, como Os Intocáveis e Scarface, os persona-gens também fumavam charutos.

Em outro gênero cinematográfico, o faroeste, o charuto teve outro tipo de representação. Em sua maioria, os per-sonagens que os fumavam eram os mais inescrupulosos. Quando o faroeste invadiu a Itália, o charuto continuou presente. O gênero foi praticamente recriado na península, primeiramente pelas mãos do grande diretor Sergio Os irmãos Marx

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Leone, ele mesmo um apreciador de charutos. Ao invés de caubóis glorifica-dos, desbravados e corajosos (quem não se lembra da eterna parceria John Ford e John Wayne em diversos filmes?), sur-giam homens rebeldes, inescrupulosos e egoístas, no verdadeiro estilo “sem lei e sem alma”. O personagem sem nome de Clint Eastwood na chamada Trilogia do Dólar passava o tempo todo com um charuto fino na boca, a expressão da rebeldia.

No caso das mulheres, é muito raro vê-las fumando charutos. Um momen-to de destaque é na comédia Vitor ou Vitória, em que a personagem de Julie Andrews finge ser homem, e então fuma charutos. No cinema europeu, em geral, não há uma presença maciça do charuto como nas películas americanas, talvez pelo estilo mais intimista da sétima arte do Velho Mundo. No entanto, há momentos marcantes, como na comédia O Homem do Rio, na qual o persona-gem principal, interpretado por Jean-Paul Belmondo, fuma charutos, em uma representação do típico bon vivant. E por falar em comédias, o grande come-diante Groucho Marx usava o charuto como forma de enriquecer os momentos cômicos dos seus personagens.

Já por trás das câmeras, quando fala-mos de produtores de cinema, há nomes notáveis que sempre apareciam acompa-nhados de um bom charuto. No baluarte de Hollywood, Jack Warner, da Warner

Orson Welles Charles Smith, Kevin Costner, Sean Conery e Andy Garcia em Os Intocáveis Clint Eastwood

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Os Charutos das CelebridadesAs celebridades do cinema têm o cos-tume de fumar grandes marcas. ADEGA mostra artistas consagrados e suas mar-cas preferidas.FRANCIS FORD COPPOLA O diretor de obras históricas do cinema como O Poderoso Chefão herdou o hábito de seu pai, Carmine, que gostava de charutos italianos, como o Toscani. Coppola seguiu o mesmo estilo. GROUCHO MARX O comediante preferia os mais encor-pados e um de seus preferidos era Dunhill 410.

DANNY DEVITO A preferência do ator é o Cohiba Corna Especial e Robustos, adquiridos na loja Davidoff, em Londres. TOM CRUISE O astro e galã de Hollywood aprecia charutos Cohiba. Anos atrás, ele pediu aos importadores londrinos Hunter & Frankau para encontrar mil Cohiba Robustos. MEL GIBSON O astro e diretor de Hollywood, que recentemente dirigiu A Paixão de Cristo e Apocalypto, fuma charutos da marca Romeo y Julieta. ARNOLD SCHWARZENEGGER O astro de Hollywood e atual governa-dor do Estado da Califórnia aprecia os charutos Bolívar coronas extra encor-pados. JACK WARNER O diretor de estúdio de Hollywood, que fundou a Warner Brothers, em 1923, era degustador. Um momento de desta-que em sua vida envolvendo o charuto ocorreu em Cannes. Enquanto fumava um Hoyo de Monterrey, em um cassi-no, ganhou 100 milhões de francos. Ele guardou o que sobrou do charuto em uma caixa de prata. ORSON WELLES A carreira do genial diretor deslanchou em 1941, com Cidadão Kane. Nessa época, Welles tinha 26 anos e já degus-tava charutos. Sua marca preferida era Por Larranaga.

Bros. Company, e Darry F. Zanuck eram verdadeiros apreciadores. Este último, inclusive, chegou a ter uma planta-ção de fumo em Cuba. No caso dos diretores, os mais notáveis eram Alfred Hitchcock e o genial Orson Welles. Roman Polanski, Francis Ford Coppola e Michael Winner, grandes diretores, também são exímios degustadores.

Vale lembrar dos atores consagrados do cinema americano que também apre-ciam charutos: Paul Newman, Robert De Niro, Pierce Brosnan, Danny De Vito, Tom Cruise, James Woods e Jack Nicholson são alguns deles. Sem dúvida, os apreciadores de charuto podem usu-fruir do momento da degustação acom-panhados de bons filmes, onde essa arte também está estampada na tela.

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