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Rio de Janeiro, outubro de 2007 Ano XIV – Nº 112 ISSN 1676-3220 R$ 10,90 A MAIOR MÍDIA DA COMUNIDADE ÍTALO-BRASILEIRA Tropa de Elite: exclusiva com roteirista Bráulio Mantovani www.comunitaitaliana.com Chame o carabiniere! Às voltas com uma polícia contaminada por agentes truculentos e corruptos, o governo brasileiro recorre ao modelo italiano de segurança pública para conter o crime Em edição bilíngüe

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Rio de Janeiro, outubro de 2007 Ano XIV – Nº 112

ISS

N 1

676-

3220

R$

10,9

0

A m A i o r m í d i A d A c o m u n i d A d e í t A l o - b r A s i l e i r A

Tropa de Elite: exclusiva com roteirista Bráulio Mantovani

www.comunitaitaliana.com

Chame o carabiniere!Às voltas com uma polícia contaminada por agentes truculentos e corruptos,o governo brasileiro recorre aomodelo italiano de segurançapública para conter o crime

Em edição bilíngüe

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fazendo seu papel.Para falar com nossos representantes, ligue (21) 2722-0181 ou escreva para

[email protected]

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EditorialLíderes e heróis .............................................................................06

Cose NostreJúri do Miss Itália 2007 “cria” o quesito bumbum para dar sua nota final às candidatas do concurso ..........................07

PolíticaComitiva do Governo do Estado do Rio volta da Itália com promessas de investimentos em setores estratégicos ................................................14

EconomiaAssociação de agricultores italianos cria projeto para estimular a produção regional e reduzir a poluição ...................................18

AtualidadeFamília briga pela herança do tenor Luciano Pavarotti, morto no mês passado, na Itália, vítima de câncer .........................20

IntervistaBráulio Mantovani, sceneggiatore di Tropa de Elite, parla della pirateria del film, che era già venduto prima della sua proiezione ....31

SaúdePesquisadores italianos acabam de criar um novo medicamento para o hipertireoidismo......................................36

CulturaRepresentantes do cinema brasileiro e italiano formalizam parceira para produções futuras ..................................46

51 56Atualidade Beppe GrilloComediante italiano mobiliza população criticando as instituições, os políticos e os empresários do país

Educação Crise escolarA exemplo do Brasil, Itália começa o ano letivo sofrendo com a falta de professores. Governo corta 11,5 mil profissionais

Moda Brasília fashionA capital federal do país começa a despontar no mundo da moda com filhos de empresários indo a Florença estudar na Polimoda

Turismo Passeio gastronômicoEmpresa de transporte lança uma novidade em Milão: jantar a bordo de um trem conhecendo a cidade

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CAPA Lição contra o crimeDois retratos distintos de uma mesma profissão: o policial militar. Enquanto no Brasil boa parte da corporação é vista com desconfiança, na Itália o carabiniere não só tem o respeito como a credibilidade da população. O país recorre às táticas italianas de combate ao crime.

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entretenimento com cultura e informaçãoeditorial

FUNDADA EM MARÇO DE 1994

Julio Vanni

COSE NOSTRE

Preferência nacional no Brasil, o bumbum feminino, quem di-ria, virou quesito de avaliação no concurso Miss Itália 2007.

O estilista argentino Guillermo Mariotto, um dos jurados, pediu às candidatas que ficassem de costas, pois, segundo ele, isso o ajudaria em sua decisão. Dito e feito. Na prova dos nove, sagrou-se campeã Silvia Battisti, de 18 anos. A festa foi transmitida pela TV Raiuno. “Se falta essa parte, não posso julgar”, justifi-cou Mariotto. Ele também criticou as candidatas que procuram se parecer com as norte-americanas que, além de emagrecer demais, acabam ficando com um bumbum flácido e cheio de estrias. Silvia, que representou a região de Veneto, nasceu em Verona. Ela tem 1,80 metro de altura e freqüenta o último ano do Liceu Esportivo (ensino médio no Brasil, com ênfase em práticas esportivas).

Ecoa Itália afora um grito de indignação diante do acúmulo de mazelas resultan-tes de um período um tanto decepcionante de pasmaceira governamental. Não se trata exatamente de um grito, mas da gargalhada sarcástica do comediante

Beppe Grillo, o principal crítico da política italiana no momento. O sucesso do artista não ocorre por acaso.

A se levar em consideração a mobilização de multidões em torno de Beppe, os filhos da bota parecem não estar nem um pouco satisfeitos com os rumos políticos do país, carente – talvez por razões históricas e sócio-culturais – de uma liderança forte, de alguém para lhes indicar um rumo, ainda que utópico. Pelo menos essa é a opinião de uma parcela pensante da população italiana.

Na falta de um líder político legítimo, os italianos se contentam em reagir com bom humor à fase de estagnação do poder público: elegem Beppe como uma espécie de messias do deboche, pelo caráter irônico da mais nova paixão nacional.

O humorista pode ter lá o seu inegável valor, como pivô de um fenômeno de massa, mas a Itália ainda pode se orgulhar de possuir não apenas um, mas uma legião de he-róis de verdade, ainda que anônimos: os seus carabinieri e os agentes da Polizia di Stato.

Os carabinieri, em especial, podem se orgulhar de sua fama internacional. E ainda podem guardar no peito um valor – baseado nos princípios da autoridade e do res-peito públicos – de dar inveja aos policiais brasileiros, por exemplo.

Policiais militares brasileiros, especialmente os do Rio de Janeiro, estão mais acostumados ao desprezo da popula-ção. Quando honestos e trabalhando de fato pela segurança da população, ainda assim não conseguem se livrar do risco da morte estúpida, da necessidade de completar o salário em bicos, e de uma terrível má fama impingida a toda a tropa por culpa de boa parte de seus pares – corrompida e deformada por uma cultura corporativa da violência.

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, marcou um gol e tanto quando decidiu buscar auxílio na Itália – em meio à missão empresarial no país europeu – pa-ra incrementar a segurança pública no estado. O governo federal brasileiro também não abre mão dessa parceria com a polícia italiana, instituição de mais prestígio em seu país do que a própria Justiça.

Mas se a imagem da polícia se mantém em alta, não se pode dizer o mesmo da educação. Difícil explicar o abrupto corte de professores da rede pública de ensino que prejudica o ano letivo e toda uma geração de estudantes. O que podem esperar do futuro jovens nascidos no primeiro mundo, mas afetados por um mal comum às crianças e adolescentes de países menos desenvolvidos, como o Brasil? Tanto estes co-mo aqueles merecem e têm o direito a uma formação digna. Afinal, serão os líderes e heróis do amanhã. Mas ainda é tempo de o poder público rever os seus conceitos, na Itália e no Brasil. Boa leitura!

DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR:Pietro Domenico Petraglia

(RJ23820JP)

DIRETOR: Julio Cezar Vanni

VICE-DIRETOR EXECUTIVO: A. Garani

PUBLICAÇãO MENSAL E PRODUÇãO:Editora Comunità Ltda.

TIRAGEM: 30.000 exemplares

ESTA EDIÇãO FOI CONCLUíDA EM:11/10/2007 às 10:00h

DISTRIBUIÇãO: Brasil e Itália

REDAÇãO E ADMINISTRAÇãO:Rua Marquês de Caxias, 31, Niterói,

Centro, RJ CEP: 24030-050Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2719-1468

E-MAIL: [email protected]

EDITORA ADJUNTA: Paula Máiran

SUBEDIÇãO: Marcus [email protected]

REDAÇãO: Aline Buaes; Bruna Cenço; Fábio Lino; Guilherme Aquino;

Nayra Garofle; Rosangela Comunale; Sílvia Souza; Valquíria Rey

REVISãO / TRADUÇãO: Cristiana Cocco

PROJETO GRáFICO E DIAGRAMAÇãO:Alberto Carvalho

CAPA: Andréa Moraes/ Marcos AlexandreAgência O Globo

COLABORADORES: Braz Maiolino; Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco Lucchesi; Domenico De Masi; Franco Urani; Fernanda Maranesi; Giuseppe Fusco; Beatriz Rassele; Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de

Castro; Ezio Maranesi; Fabio Porta

CORRESPONDENTES: Guilherme Aquino (Milão); Valquíria Rey (Roma);

Fábio Lino (Brasília)

PUBLICIDADE:Rio de Janeiro - Tel/Fax: (21) 2722-0181

[email protected]

REPRESENTANTES: Rio de Janeiro - João Ricardo Matta

Tel: (21) [email protected]

Brasília - Cláudia TherezaC3 Comunicação & Marketing

Tel: (61) 3347-5981 / (61) [email protected]

ComunitàItaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori e sprimono, nella massima libertà, personali

opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

ISSN 1676-3220

Pietro Petraglia Editor

Brasileiros crêem, italianos desconfiamOs brasileiros encabeçam um ranking das nacionalidades que

mais acreditam em publicidade. A pesquisa foi feita entre 47 países pesquisados pela consultoria Nielsen. Enquanto dois em cada três brasileiros (67%) disseram confiar em propagandas, os italianos só perdem para os dinamarqueses na relação de desconfiança. A pes-quisa, feita por internet com cerca de 24,5 mil pessoas, teve como objetivo medir a credibilidade de cada meio utilizado para fins publi-citários. Entre os italianos, 32% disseram desconfiar das peças apre-sentadas e o boca-a-boca funciona melhor que jornais e televisão.

É proibido fumar!A Itália resolveu entrar na guerra contra o fumo. Dentro da cam-

panha Ganhar Saúde, do Ministério da Saúde, o governo criou o projeto Estações sem Fumo, cujo objetivo é diminuir o índice de fu-mantes dentro da gares. O transporte ferroviário no país corresponde a 50% do tráfego nacional. A campanha abrange 82 estações. O go-verno também estuda aplicações de sanções para os transgressores.

Em iate ecológicoO empresário italiano Luciano Benetton, presidente da grife que

leva seu sobrenome, dará a volta ao mundo a bordo de seu iate ecológico. O iate de Benetton, batizado de “Tribù”, é a primei-ra embarcação que obteve o Green Star, certificado de respeito ao meio-ambiente, que até agora havia sido dado somente a navios de cruzeiro. Ele é equipado com um sistema de coleta de águas poluí-das que são tratadas e retidas durante dias.

GastadoresUm estudo da Confindus-

tria, principal entidade do empresariado italiano, re-vela que o Parlamento italiano é o que mais gasta na Europa. De acordo com o levantamen-to, o financiamento público dos partidos custa aos contri-buintes 200,8 milhões de eu-ros ao ano. O relatório mostra ainda que o custo médio do parlamentar italiano chega a 1,5 milhão de euros. A lis-ta continua com Alemanha, 861.812 euros; França, com 845.622 euros; Reino Uni-do, com 348.397; e Espanha, com 257.330 euros. Além dis-so, cada italiano gasta 16,3 euros para a manutenção da Câmara dos Deputados. A Itá-lia também ocupa a primeira posição quando o assunto é o salário dos seus parlamenta-res. Os 78 deputados ganham quase 150 mil euros por ano.

PerversãoUma pesquisa da ECPAT,

organização interna-cional de combate à prosti-tuição infantil, revelou que pelo menos 100 mil italia-nos fazem turismo sexual, colocando a Itália em quin-to lugar no ranking da enti-dade. A situação é mais gra-ve nos Estados Unidos, na Alemanha, na França e na Austrália. Segundo a ECPAT, geralmente os envolvidos são jovens, que pagam sem negociar o preço. Cubanas, quenianas e venezuelanas são os principais alvos. Mar-co Scarpati, presidente da ECPAT na Itália, diz que os italianos são responsáveis por cerca de 20% das pro-postas de prostituição in-fantil no Quênia. Eles tam-bém fazem turismo sexual na Venezuela, em Cuba, no Brasil e na Tailândia.

ArquivadoA Justiça italiana arquivou a investigação criminal sobre a morte

do ditador Benito Mussolini. Neto do “Il Duce”, Guido Mussolini questiona a versão oficial sobre a morte do avô, que teria sido execu-tado por um companheiro de partido quando fugia das forças aliadas, na Segunda Guerra Mundial. Segundo Luciano Randazzo, advogado do neto do ex-ditador, o caso pode ser levado à Justiça internacional. Guido Mussolini pensa em deixar a investigação a cargo de um fórum semelhante ao do Tribunal Criminal Internacional, em Haia. Mussolini morreu em abril de 1945 e os últimos momentos do ditador são cerca-dos de especulações.

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Nas areias de CopaA seleção italiana de beach soccer desembarca no Rio no próximo dia

30. Os jogadores vão participar do campeonato Mundial de Beach Soccer 2007, que acontece de 1º a 11 de novembro na praia de Copaca-bana. A Itália estréia na competição no dia 3. Dois dias depois, será ofere-cida uma festa no consulado da Itália do Rio para recepcionar os atletas.

Elas sonham trairSinal de alerta para os maridos italianos. Uma pesquisa feita pela

revista Grazia mostrou que 40% das mulheres gostariam de trair o parceiro. O levantamento, feito por escrito, contou com a participação de 15 mil italianas. Mais ainda. Pelo menos 55% delas admitiram já ter simulado um orgasmo. Para tranqüilizar os maridos, no entanto, a pesquisa também revela que 80% delas nunca traíram.

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Salão NacioNal do ViNho NoVo (Vi-ceNza) – Reunindo produtores pa-ra a apreciação da primeira gar-rafa do vinho novo, o encontro contribui para o desenvolvimen-to do conhecimento e comercia-lização dos vinhos. Em sua úl-tima edição, o evento recebeu 7.781 visitantes e contou com 90 expositores. O próximo Salão Nacional acontece no dia 5 de novembro, das 10h às 20h. In-formações www.vinonovello.org.Festa das tradições (sC) – Até o dia 14 de outubro, as heranças

culturais deixadas pelos povos que ajudaram a formar o que ho-je é Joinvile serão resgatadas. Literatura, artes, dança, folclore, artesanato e gastronomia alemã, suíça, norueguesa e italiana são os destaques da festa, que con-tará com apresentações do grupo Ragazzi Del Mont e o concurso Reginella. Local: Sociedade Rio da Prata, Pirabeiraba. Outras in-formações: www.promotur.com.br ou (47) 3453-2663.anita Malfatti Gravadora: UMa re-CUperação (sp) – A Casa de Do-

na Yayá (CPC / USP Rua Mayor Diogo, 353 – Bela Vista) abri-ga até dia 21 de outubro uma mostra de trabalhos no cam-po da gravura da artista Anita Malfatti. Resultado da parceria entre o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP) e o Cen-tro de Preservação Cultural, a coletânea traz impressões pós-tumas documentais de matri-zes, além de outras peculiari-dades do trabalho da artista. A visitação ocorre de domingo a sexta-feira, das 10h às 16h.

Outras informações podem ser obtidas no site http://www.usp.br/cpc/v1/ e através do telefone (11) 3106-3562.eCoMondo (riMini) – Dedicada aos temas de sustentabilidade ener-gética, a Ecomondo teve nos úl-timos anos um incremento de 70%. Os visitantes participarão de apresentações de tecnologias inovadoras no setor de energias renováveis, de workshops interna-cionais e de rodadas de negócios. De 7 a 10 de novembro. Mais in-formações: www.ecomondo.com.

na estante

agenda cultural

opinião serviço

frases“Strumentalizzare un problema

serio come l’anoressia per vendere abbigliamento? Non so come ciò possa essere accettato

o, peggio, come possa essere appoggiato”,

Alberto Contri, presidente dell’Associazione Pubblicità

Progresso, parlando della campagna di Oliviero Toscani che ha ricevuto l’avallo del Ministero

della Salute italiano.

Homenageio meu pai Henrique com esta linda foto feita em janeiro deste ano na Piazza S.Marco de Veneza, enquanto eu

morava em Firenze. Mio babbo foi até lá passar o Natal e o Ano Novo comigo e com nossa família trentina, por isso, demos um pulinho em Veneza. Os pombos fazem parte do cenário romântico que envolve a cidade, encantam crianças e fascinam milhares de turistas. Não imagino a belíssima praça sem a presença dos pom-bos. Vivam os pombos venezianos...

Aline Nardelli - Angra dos Reis, RJ - por e-mail

click do leitor

cartas

Mande sua foto comentada para esta coluna pelo e-mail: [email protected]

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“Fiquei encantada com a matéria sobre as cidadezinhas me-dievais conhecidas como Cinque Terre. As fotos mostraram

como elas são lindas, de um colorido surpreendente e de uma paisagem exuberante. É uma boa dica para quem está com viagem marcada para a Itália. Valeu mesmo!”

KátIA M. de SouzA,Santos, SP — por e-mail

“Vi scrivo per complimentarmi con Ezio Maranesi, autore di un bellissimo articolo sul voto degli italiani all’estero.

L’articolo dice, finalmente, le cose come stanno e soprattutto arri-va “dritto”, senza peli sulla lingua, all’unica conclusione possibile: quella della riforma della cittadinanza. Grazie Signor Maranesi!”

ANdReA AMAtI, São Paulo, SP — por e-mail

Diálogos sobre a Tecnologia do Cinema Brasileiro O livro de Paulo B. C. Schettino é resultado de pesquisa realizada com recur-sos da Fapesp. Refazendo o per-curso evolutivo do cinema brasi-leiro, ele recupera a história da técnica e dos profissionais que contribuíram para a construção do que poderia ter se tornado uma grande indústria. Ateliê Editorial, 396 págs.; preço sob consulta.

Cosa Nostra A história da or-ganização criminosa mais fa-mosa do mundo. A obra de Jo-hn Sickie narra com detalhes acontecimentos entorno da máfia siciliana que, durante muitos anos, com uma aura romanesca, permaneceu cer-cada de mistérios e segredos. Suas raízes se confundem com a própria formação do estado italiano. Edições 70, 485 pá-gs.; R$126.

enqueteJornal britânico diz que Hamilton exibe o mesmo

estilo de Senna. Você concorda?

Não - 61,5%

Não - 66,7%

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 25 a 28 de setembro.

Enquete apresentada no site www.comunitaitaliana.com entre os dias 22 a 24 de setembro.

Sim - 38,5%

Sim - 33,3%

“Non mi fido più di Alonso”,

Lewis Hamilton dopo la polemica iniziata dal pilota spagnolo,

in cui ha rubato informazioni segrete della Ferrari e

ha danneggiato la McLaren

nel Mondiale Costruttori.

“Mangio tutto, faccio sport e sono sana”,

Silvia Battisti, Miss Italia, riferendosi alle critiche che riceve dovuto all’essere molto magra ed essere chiamata Miss Anoressica.

“C’erano i tenori e c’era Pavarotti”,

Franco zeffirelli, regista italiano.

Anorexia é combatida com campanha chocante na Itália. Você conhece

alguém que sofre da doença?

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opinione opinione

Ezio MaranEsiFranco Urani

Motivi di orgoglio per la terra della DUCATIUn’iniziativa affascinante e sconosciuta

Perché sono orgoglioso del mio paese

Libia: l’acqua del Sahara

“Se l’Italia fosse fatta a immagine e somiglianza di questa piccola grande parte dell’Emilia, sarebbe una terra fantastica”

Nel 1870 l’accademico del-le lettere Celso Affonso dedicava ai figli un sag-gio nel quale descriveva

i motivi per cui dovevano essere orgogliosi del loro paese. “Nessun paese - scriveva Affonso - è più degno, più ricco di fondate pro-messe, più invidiabile” del Brasi-le. L’opera è un inno alla patria, ed è citata sia dai nazionalisti per esaltare i cuori, sia da colo-ro che, per scherzo, per scherno o sul serio, non si “ufanano” di tante cose storte.

Il titolo dell’opera mi tornò alla mente leggendo le ripetute vittorie della Ducati nelle cor-se di campionato del mondo di moto nella categoria più presti-giosa, la MotoGP. Se alle vitto-rie della Ducati sommiamo quelle dell’Aprilia nelle categorie mino-ri, vediamo che le moto italiane hanno il dominio tecnologico as-soluto di fronte allo strapotere economico delle case giappone-si. Abbiamo di che “ufanarci”.

Nell’immediato dopoguerra, l’industria italiana nacque e pro-sperò con prepotenza. L’industria della moto vantava varie marche: Guzzi, Gilera, Morini, MV, Laver-da, Aprilia e, più tardi, i mitici prodotti Vespa e Lambretta. Ri-cordo, con molti rimpianti, il mio Galletto Guzzi, che partiva solo “a spinta”. Queste case ebbero la loro gloria ma soffrirono un ra-pido declino di fronte all’offensi-va giapponese. Honda, Kawasaki, Yamaha, Suzuky, ecc. copiarono bene, svilupparono meglio e as-sunsero il dominio del mercato mondiale, che ancora detengono. Le marche italiane sparirono dal mercato; nel mondo sopravvisse-ro Triumph e Harley Davidson che valorizzarono il marchio dandogli caratteristiche proprie.

In Italia il gruppo Piaggio, diretto da R. Colaninno, raccolse

negli ultimi anni le nostre marche gloriose e ne rigenerò alcune. Al-la veneta Aprilia (120.000 moto vendute, 320 milioni di fatturato nel 2006) è stato dato il mandato di correre e vincere, e sta vincen-do tutto nelle classi 125 e 250. È già stata e sarà di nuovo campio-ne del mondo. Un miracolo: alla faccia dei poderosi giapponesi che le corrono appresso.

Il miracolo Ducati è anco-ra più sorprendente. L’impresa bolognese nasce nel 1926, nel 1946 produce il ciclomotore Cuc-ciolo, passa in varie mani e og-gi è interamente italiana e indi-pendente. È una piccola impresa: 1000 dipendenti, 32.000 moto vendute, 257 milioni di fattura-to nel 2006. Corre nella massima categoria, la più importante, e sta vincendo alla grande il cam-pionato del mondo, sempre alla faccia degli attoniti, poderosi giapponesi, che producono mi-lioni di moto, fatturano miliardi, investono nelle corse somme da favola e ingaggiano i migliori pi-loti, tra i quali il nostro grande Valentino Rossi, “the doctor”, in evasione fiscale secondo il fisco.

In un’epoca del mondo in cui vi sono poche cose di cui essere orgogliosi, sento orgoglio per la

Ducati. Padano della bassa, emi-liano per simpatia, riconosco nei 1000 dipendenti Ducati la mia gente. Gente che fa le Ferrari, le Maserati, le Lamborghini, gente dai gusti forti: culatello, cappel-letti, succulente lasagne, parmi-giano, aceto balsamico e lambru-sco, gente della terra di Verdi, della cultura della lirica, di fertili pianure e dolci colline.

Ducati nasce dalla forte pas-sione e dalla competenza, quasi genetica, per i motori di questa gente che vive nel fazzoletto di terra che va da Modena a Bolo-gna, e dalla fede di pochi uomini. Gli scandali e la noia stanno seppellendo la Formula 1, ma il nostro cuore batte

ancora, solo e sempre per la Fer-rari. La Ducati, rossa anch’essa, ci dà forti emozioni e vince più della Ferrari, contro avversari im-mensamente più potenti. Ma del-la Ducati si parla e si scrive poco. Non fa notizia.

Si parla male dei politici. Pro-di, alcuni giorni fa a Porta a Por-ta [programma televisivo Rai], li difese dicendo che la società ita-liana, che li ha votati, non è mi-gliore. C’è qualcosa di vero, pur-troppo, in questa affermazione, ma non posso evitare di pensare che se l’Italia fosse fatta a im-

magine e somiglianza di que-sta piccola grande parte

dell’Emilia, sa-rebbe una terra fantastica.

Le vicende della Libia sono state strettamente legate a quelle italiane dal 1911 - anno della conquista del pa-

ese che apparteneva all’immenso Impero Ottomano – fino all’inizio del 1943 quando, dopo una lunga guerra iniziata nel ‘40 con alter-ne vicende, era stata sgombrata dall’esercito italiano con gli al-lora alleati tedeschi ed occupata dalle truppe inglesi.

La Libia è molto grande ter-ritorialmente, circa 1,7 milioni di Km2, popolazione valutata a un 5 milioni di abitanti prevalentemen-te di origine arabo/berbera quasi tutti mussulmani sunniti (all’incir-ca triplicata negli ultimi 60 an-ni), concentrata sulla fascia lito-ranea mediterranea rappresentata da Tripolitania e Cirenaica, di an-tica colonizzazione romana, sede delle principali città, collegamenti stradali e modesta agricoltura.

Nel periodo di occupazione, l’Italia si era assai impegnata: militarmente nel 1911 in Tripo-litania e Cirenaica contro le for-ze turche; poi in una guerra du-ra, ingrata e poco conosciuta protrattasi per vari anni dopo il 1930, per l’occupazione dell’in-terno del paese in gran parte costituito dall’immenso deser-to del Sahara con alcune oasi e vie carovaniere, contro le bande armate delle popolazioni native, operazioni queste dirette prima dal generale Graziani e poi dal maresciallo Italo Balbo. Questo aveva anche promosso una va-sta colonizzazione agricola del-la fascia costiera con immigra-zione di famiglie italiane, specie di origine meridionale, valutabile a un 200/300.000 persone, che lavorarono intensamente per la costruzione dell’infrastruttura, irrigazione e colonizzazione dei terreni potenzialmente agibili, con inevitabili problemi di con-

vivenza con la locale popolazio-ne araba.

Quindi, come poi accaduto su più vasta scala in Etiopia, an-che in Libia l’occupazione italia-na costituì, nell’ottica fascista di allora, un serio e vano persegui-mento nell’ambito nazionale di sbocchi di lavoro per il nostro ec-cesso di popolazione, con ingenti investimenti senza ritorno per la sconfitta militare del 1943 e suc-cessivo rientro coatto di pratica-mente tutta la popolazione ita-liana lì trasferita e pagamento di pesanti indennità alla Libia.

Dal 1943 al 1951 la Libia fu occupata dai franco/inglesi, di-ventando poi uno Stato indipen-dente e monarchico fino al 1969 quando il Col. Gheddafi depose con un golpe il Re Idris, instau-rando la repubblica e la sua dit-tatura personale che dura ormai da quasi 40 anni.

Le relazioni economiche con l’Italia restarono intense per mo-tivi geografici e tradizioni, per-durando ancora qualche risenti-mento libico nei nostri confronti, nonostante le opere realizzate du-rante il periodo di colonizzazione e le indennità del post guerra.

La dittatura di Gheddafi, ric-ca di folclore e autoritarismo, creò non pochi contrasti interna-zionali per atti di terrorismo in cui fu pioniere condannati anche dall’ONU, evolvendo peraltro da alcuni anni su posizioni più mo-derate ed aperte alla collabora-zione internazionale.

Infatti in questo paese, che era considerato poverissimo, si stanno scoprendo nella zona sa-hariana ricche ed insospettate risorse che purtroppo non erano state rilevate durante l’occupa-zione italiana.

Innanzitutto, e da tempo, grandi giacimenti di petrolio e gas sparsi un po’ in tutto il terri-

torio libico, con attuale produzio-ne di 1,7 milioni di barili al gior-no (all’incirca corrispondente a quella brasiliana) e riserve finora appurate di un 40 miliardi di ba-rili. Varie multinazionali operano nel settore in accordo con il Go-verno libico e può affermarsi che tutta l’economia del paese gira attorno alle esportazioni di petro-lio e gas, consentendo un reddito pro-capite di oltre $ 6.000, assai elevato per l’Africa, che consente – nonostante le elevate spese mi-litari e probabilmente del regime – importanti investimenti nelle infrastrutture, istruzione, sanità.

La seconda iniziativa di cui solo ora si comincia a parlare è quello del GREAT MAN MADE RI-VER, e cioè il grande fiume ar-tificiale che, nel suo genere, sa-rà una delle opere più grandi del mondo.

L’iniziativa è scaturita dalla scoperta verso gli anni ‘80, nella zona dell’oasi di Kufra ai confi-ni tra Libia, Egitto e Ciad, di un immenso bacino sotterraneo di acqua fossile a grande profon-dità che si sarebbe formato tra 40.000 e 20.000 anni fa, quando il Sahara era una ricca selva tro-picale con elevata piovosità.

E’ probabile che esso abbrac-ci, oltre alla Libia, anche le zo-ne circostanti di Egitto, Ciad e Sudan, ma solo la Libia – per la stabilità della dittatura Ghedda-fi, scarsa popolazione, elevati introiti del petrolio, assenze di guerre – aveva la possibilità di buttarsi in questa impresa gran-diosa iniziata nel 1984.

Il 23 Agosto 2007 è stata inaugurata la prima tappa costi-tuita dalla perforazione di 1.300 pozzi d’acqua a grande profondità e realizzazione del GRAND OMAR MUKTAR RESERVOIR di cui è ini-ziato il riempimento, il secondo maggior lago artificiale del mon-

do con capacità di 25 milioni di m3. L’investimento, in 23 anni di lavoro, è stato di circa 14 miliar-di di dollari e il 70% delle ope-re è stato realizzato da imprese libiche.

Nella seconda tappa che ini-zia ora, si prevede la realizzazio-ne del cosiddetto grande fiume, e cioè tubature del diametro di ben 4 metri che dal lago artifi-ciale raggiungeranno, con un percorso di circa 2.000 km, varie località della Tripolitania e Cire-naica con portata di 6 milioni di m3 al giorno e previsto utilizzo agricolo per il 70%, che dovrebbe consentire l’espansione dell’area coltivata della costa libica dagli attuali 2 milioni di ettari a 12 milioni (un’area grande quanto mezzo Piemonte), con possibilità di emancipare la Libia dall’impor-tazione di alimenti e trasformarla anzi in esportatrice.

Questa seconda fase dovreb-be durare una decina d’anni e costare circa 11 miliardi di dol-lari (ma gli introiti del petrolio che ha superato quota 80 US$ al barile, potrebbero essere tali da consentire di abbreviare i tempi di realizzazione). E le riserve del bacino sotterraneo di Kufra so-no tali che si parla in Libia di un progetto in studio che si svolge-rebbe nei prossimi 50 anni, be-neficiando pure parte della sua zona desertica.

E’ probabile che il sottosuo-lo dell’immenso Sahara nasconda altri tesori d’acqua e che quin-di esistano per questo poveris-simo territorio possibilità fino-ra impensate di sviluppo, anche considerando la possibilità, per l’estrazione e pompaggio, di ri-correre all’energia solare. I pro-blemi per gli altri paesi poten-zialmente interessati sono le guerre intestine, l’esplosione della popolazione, i governi in-stabili, la mancanza di fondi. Si tratterebbe quindi di operazioni solo risolvibili con profonde revi-sioni delle politiche interne co-niugate ad ingenti investimenti internazionali.

La Libia, grazie alle sue parti-colari condizioni, ha comunque il merito di avere indicato con co-raggio e decisione una via impor-tante da perseguire. Speriamo che questa imponente operazio-ne possa continuare con succes-so, almeno fino al compimento della seconda tappa.

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marco lucchesi / artigoopinione

Fabio Porta

Il 14 ottobre si vota in Italia e all’estero per le “primarie” del Partito Democratico. Un tentativo di rispondere alla progressiva disaffezione della gente nei confronti della politica

Maometto e la montagna

Silêncio e Verdade

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Meu amigo Viorel Pîrligras, poeta e artista plástico romeno – impressionado com o que considera excessivo na imprensa literária de nossos dias – me pergunta se as coisas no Brasil ainda guardavam algum resquício de pudor, se havia ataques

e difamações em nosso meio e como reagiam os escritores. Disse-lhe de pronto que o assunto não me interessava. Que aprendi com Machado de Assis a me ater ao plano da obra e das idéias. Que não atacava ninguém e tampouco me defendia do que quer que fosse. Bastava-me o trabalho sério e consciencioso dentro dos livros. O combate de idéias, de dentro, e não o de pessoas, e além do horizonte ético e literário. Disse que no Brasil – salvo raras exceções – havíamos alcançado um estágio relevan-te. Dei a Viorel uma idéia da altura de Machado, a partir de alguns tre-chos que transcrevo abaixo e subscrevo com todas as minhas forças. “Não te envolvas em polêmicas de nenhum gênero, nem políticas, nem literárias, nem quaisquer outras; de outro modo verás que passas de honrada a desonesta, de modesta a pretensiosa, e em um abrir e fe-char de olhos perdes o que tinhas e o que eu te fiz ganhar.”

*“Estabelecei a crítica, mas a crítica fecunda e não a estéril, que nos aborrece e nos mata, que não reflete nem discute, que abate por ca-pricho ou levanta por vaidade; estabelecei a crítica pensadora since-ra, perseverante, elevada –, será esse o meio de reerguer os ânimos, promover os estímulos, guiar os estreantes, corrigir os talentos feitos;

condenai o ódio, a camaradagem e a indiferença – essas três chagas da crítica de hoje –, ponde em lugar delas, a sinceridade, a solicitude e a justiça - e só assim que teremos uma grande literatura.”

*“Para que a crítica seja mestra, é preciso que seja imparcial – armada contra a insuficiência dos seus amigos, solícita pelo mérito dos seus adversários – e neste ponto a melhor lição que eu poderia apresentar aos olhos do crítico, seria aquela expressão de Cícero, quando César mandava levantar as estátuas de Pompeu: – É levantando as estátuas de teu inimigo que consolidas as tuas próprias estátuas”.

*“O crítico deve ser independente – independente em tudo e de tudo – independente da vaidade dos autores e da vaidade própria. Não de-ve curar de inviolabilidades literárias, nem de cegas adorações; mas também deve ser independente das sugestões do orgulho, e das impo-sições do amor-próprio. A profissão do crítico deve ser uma luta cons-tante contra todas essas dependências pessoais, que desautoram os seus juízos, sem deixar de perverter a opinião.”

*“Criticados que se desforçam da crítica literária com impropérios dão logo idéia de uma imensa mediocridade - ou de uma fatuidade sem freio - ou de ambas as coisas; e para lances tais é que o talento, quan-do verdadeiro e modesto, deve reservar o silêncio do desdém: Non ra-gionar di lor, ma guarda e passa.”

Il 14 ottobre alcuni milio-ni di italiani partecipano ad un evento inedito per la già matura democrazia repub-

blicana: mi riferisco alle elezio-ni “primarie” (cioè dirette) del Segretario Nazionale del ‘Partito Democratico’ e dei componenti dell’Assemblea Costituente del nuovo soggetto politico italiano.

Si tratta di un momento par-ticolarmente importante e degno di nota, per una serie di fattori:

1- In primo luogo perché è raro in politica assistere alla na-scita di una nuova formazione che, invece di dividere i partiti già esistenti, è il risultato della ‘somma’ di organizzazioni forti e consolidate.

Il PD (Partito Democratico) nasce infatti dalla sostanziale unione delle due principali for-mazioni politiche che sostengo-no oggi il governo di centrosini-stra guidato da Romano Prodi: i Democratici di Sinistra (DS) e la Margherita.

2 – In secondo luogo per la forma scelta per dare vita al nuo-vo partito e, in particolare, al suo leader: la decisione, appun-to, di far scegliere ai militanti di base, ai simpatizzanti e non solo

agli “iscritti” la linea politica e la nuova classe dirigente.

3 – Per noi, italiani residen-ti all’estero, è giusto evidenziare un terzo elemento di novità: per la seconda volta (la prima furono le famose “primarie” che indica-rono in Prodi il candidato a Pri-mo Ministro per “L’Ulivo”) siamo chiamati da una formazione po-litica ad esprimerci su decisioni vitali e importanti per il futuro della politica italiana.

E, in questo caso, anche con la possibilità di concorrere – con propri candidati – all’elezione non solo del Segretario Nazionale ma anche dei membri dell’Assem-blea Costituente del Partito.

Tutti questi dati possono ap-parire banali, o tuttalpiù que-stioni interne alla vita di una organizzazione politica, e quin-di non di interesse generale o di dibattito pubblico.

Non credo sia cosí, e questo proprio in relazione alla progres-siva crisi di disaffezione della gente, soprattutto dei giovani, rispetto alla politica.

Un fenomeno, come sappia-mo bene, non solo italiano; qui in Brasile ne abbiamo quotidia-namente una riprova, e non cre-

do che Italia e Brasile siano casi isolati, al contrario.

Esiste in tutto il mondo una ricerca di un modo nuovo di fa-re politica, di recuperare la reale partecipazione dei cittadini alla vita delle istituzioni democrati-che; una questione di non facile soluzione e comunque vitale per il futuro della convivenza civile dei e tra i popoli.

Allo stesso tempo, quasi a fare da contraltare a questa ri-cerca, si acutizzano sempre più i fenomeni dell’antipolitica, la protesta più o meno giustifica-ta contro tutto e tutti, la rivolta morale capace sicuramente di de-legittimare ma non, con la stessa energia, di indicare nuove e pos-sibili strade da seguire.

Mi riferisco, per esempio, al-la mobilitazione causata in Italia dall’attore comico Beppe Grillo, che nel giro di poche settimane ha saputo coagulare intorno a sé un sentimento ‘trasversale’ di sfiducia e distacco dell’opinione pubblica italiana dalle istituzioni.

La gente è lontana dalla poli-tica o la politica non riesce più a stare vicino alla gente?

Il dubbio amletico mi fa ve-nire in mente recenti (ma anche

antiche) discussioni all’inter-no della comunità italiana che vive in Brasile. Quante volte, nelle nostre riunioni, abbiamo criticato o lamentato l’assen-za dei giovani dalle nostre as-sociazioni, dagli organismi di rappresentanza degli interessi degli italiani all’estero? Fino a quando, in una di queste riu-nioni, ci si è domandati se inve-ce di aspettare un’improbabile e forse ingiustificata partecipa-zione di una non ben definita “comunità giovanile” a riunioni lunghe e noiose non fosse il ca-so di andare incontro alle gio-vani generazioni incontrandole nei loro luoghi naturali di so-cializzazione: scuole, universi-tà, bar, teatri…

Non c’era bisogno di scomo-dare il solito ‘Maometto e la sua montagna’, ma quello è stato fatto e che ha funzionato: sono testimone e protagonista di al-cuni incontri all’interno del no-stro Brasile con studenti univer-sitari interessatissimi al rapporto con l’Italia e – attraverso l’Ita-lia – l’Unione Europea; incontri avvenuti presso le Facoltà uni-versitarie, in auditorium pieni di ragazzi impegnati e disposti a coinvolgersi in attività e pro-getti concreti.

È di questo che la politica ha bisogno oggi, in Italia come in Brasile.

Di un’inversione di marcia forte e decisa, di un processo di rinnovamento che sappia ‘partire dal basso’ non a parole ma con gesti e iniziative concrete.

Le “primarie” del 14 ottobre non costituiscono certo l’uni-ca risposta possibile. Si tratta però di un passo nella direzione giusta. Dieci, cento, mille pas-si nella stessa direzione possono fare la differenza.

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Antes de embarcar para a Itália, liderando a pri-meira grande missão po-lítica e comercial do Es-

tado do Rio, com cerca de 50 autoridades e empresários, o governador Sérgio Cabral sonha-va alto. Mas enfim os seus prog-nósticos se confirmaram. Cabral retornou com uma previsão de investimentos da ordem de 52 milhões de dólares para os pró-

política

Comitiva do governo do Estado que esteve em Roma e Milão volta da Europa com parcerias firmadas e previsão de investimento da ordem de 50 milhões de dólares

MarcUs alEncar, do rio, E GUilhErME aqUino, dE Milão

Missão cumprida:Itália e Rio de mãos dadas

ximos cinco anos, nos setores de petroquímica, siderurgia, metal-mecânica e de infra-estrutura. Também fechou parcerias nas áreas de transporte, educação e segurança pública.

Roma e Milão foram os pó-los das negociações durante cin-cos dias (17 a 21 de setembro). Na bagagem, um entrave capaz de prejudicar qualquer diálogo: a fama internacional de violên-

cia e corrupção no estado. Mas o governador soube contornar obstáculos como esse e obteve do governo italiano até mesmo o compromisso de colaboração pa-ra promover o avanço na segu-rança pública do Rio.

Cabral fez um balanço posi-tivo da viagem, que começou em Roma, com uma apresentação do Rio aos italianos, e terminou em Milão, onde ficou acertado, para

2008, um fórum de trabalho orga-nizado pela Federação das Indús-trias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e a Confederação das In-dústrias Italianas (Confindústria). Estas mesmas entidades uniram esforços para viabilizar a visita da comitiva fluminense à Itália.

No evento do ano que vem, será a vez de o Rio receber uma delegação de empresários italia-nos interessados em abrir negó-cios no estado. O fórum vai coin-cidir justamente com o início dos investimentos no Complexo Petroquímico de Itaboraí. A Pe-trobras espera começar a cons-trução da refinaria do complexo já no próximo ano.

— O objetivo era estreitar laços econômicos e comerciais. Hoje, escolher o Rio de Janei-ro como o destino desses inves-timentos é decidir por um local que reúne um conjunto de opor-tunidades e soluções únicas, co-mo as vantagens oferecidas em termos de logística, indústrias, serviços e belezas naturais —

avalia o governador, para quem o país oferece um panorama po-sitivo do ponto de vista econô-mico, além de uma estabilidade político-institucional.

A agenda do governador foi atribulada na Itália: fóruns com empresários e investidores na Confindústria, encontros políti-cos, entre eles com o premier Ro-mano Prodi, com o ministro do Interior, Giuliano Amato e com o procurador nacional Anti-Máfia, Emilio Ledone; participação em eventos culturais; e, claro, uma audiência com o Papa Bento XVI. Segundo Cabral, o PIB do esta-do, que representa 67% do PIB nacional, se iguala ao de países como Chile, Colômbia e Israel, o que demonstra a força econômica e a diversidade do parque indus-trial fluminense. Para ele, o anún-cio da construção do Complexo Petroquímico de Itaboraí e a re-alização de melhorias no Porto de Itaguaí fizeram com que o estado aumentasse o seu poder de atrair investimentos de capital estran-geiro. Além disso, o governador demonstra confiança no poten-cial existente em setores-chaves:

— Somos fortes no setor de petróleo e gás, na siderurgia, no setor químico-farmacêutico, na indústria naval e automobilís-tica, no setor gráfico e na in-dústria de transformação. Somos também muito desenvolvidos na área de tecnologia da informa-ção, com uma importante pro-dução de software. Além disso,

possuímos centros de pesquisa e de desenvolvimento de exce-lência nas áreas de biotecnolo-gia, energia, informática e em diversas áreas de engenharia. A mão-de-obra é extremamente qualificada.

Para embasar seus dados, Cabral lembra que a Bacia de Campos produz 85% do petróleo nacional (1,6 milhão de bar-ris/dia) e cerca de 22 milhões de metros cúbicos de gás na-tural por dia. A produção deve aumentar para 40 milhões de metros cúbicos/dia, em 2008. O governador comemora ainda o fato de que a Petrobras vai construir no Rio, até o final do próximo ano, o primeiro píer no Brasil para atracação de navios transportadores de Gás Natural Liquefeito (GNL). Isso vai ga-rantir, segundo ele, a produção de 14 milhões de metros cúbi-cos/dia do combustível.

De acordo com o governador, o Rio conta, desde 2005, com o Pólo Gás-Químico de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde se produz o gás natural pa-ra a fabricação de produtos plás-ticos. Em torno dele, já se insta-laram mais de 30 indústrias de transformação. E o estado desen-volve também iniciativas na área de energia renovável, sendo o precursor na produção de etanol, utilizado como combustível auto-motivo, e no desenvolvimento de tecnologia e implantação de plan-tas de produção de biodiesel.

— Também existem hoje no estado sete empreendimentos para a produção de energia eó-lica. Passamos por uma fase de grandes investimentos nessa área de energia — constata, ao informar que são previstos inves-timentos de mais de 50 bilhões de reais somente nesse setor.

Negócios concretosO secretário estadual de Desen-volvimento Econômico, Julio Bueno, é outro que se mostra satisfeito com os resultados da missão oficial à Itália. Ele inte-grou a delegação de cinco se-cretários de estado que realizou diversos encontros com repre-sentantes de entidades empre-sariais italianas e empresas in-teressadas em investir no Rio. Entre os resultados concretos dos contatos, que envolveram também empresários fluminen-ses, está, por exemplo, a insta-lação de uma fábrica de fogões industriais da brasileira Fal-mec (fabricante de coifas), nu-ma joint-venture com a italiana Smeg. O empreendimento, que vai demandar um investimen-to de 10 milhões de reais, abri-rá caminho para criação de um pólo metal-mecânico em Bangu, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.

Em outro setor econômico, a Ecis anunciou a intenção de investir 20 milhões de dólares em uma unidade de produção de equipamentos para o setor de petróleo – a empresa já tem a Petrobras como cliente. Para concretizar essa vontade, pediu apenas que o governo estadual a ajude na busca de um parceiro local e de um terreno adequado para as suas atividades. Dentro desse bojo, a Logan C, empre-sa de soluções de meio ambien-te para indústrias poluidoras, negociou com os italianos cinco milhões de euros em crédito de

Avaliação das rodadas de negócios

Fonte: Firjan / Sebraerj

iMportação 58%

exportação 33%

Joint-ventUre 33%

transf. de teCnoloGia 33%

representação 25%

liCença/franqUias 17%

oUtras 33%

Roma – Perspectivas Comerciais

1 - O presidente da Região do Lazio, Piero Marrazzo, recebe o governador do Rio em sua sede;

2 - Cabral e o presidente da Firjan, Eduardo Gouveia discutem idéias na Embaixada brasileira; 3 -

Acompanhado pelo bispo Santoro, Cabral é recebido pelo papa

Bento XVI; 4 - O premier Romano Prodi ficou durante uma hora com

Cabral na sede do governo; 5 - Governador conversa com Letizia

Urbani, representante da Região de Marche

Nos corredores da Cofindustria, o presidente da instituição e anfitrião, Luca Cordero di Montezemolo, acompanha o governador Sérgio Cabral, sendo observado de perto pelo presidente da Firjan, Eduardo

Eugênio Gouveia Vieira e o embaixador do Brasil em Roma, Adhemar Barradian

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política

carbono. Essa operação vai ge-rar, pelo menos, 300 empregos diretos e vai evitar que 1,5 to-nelada de lixo chegue, por dia, ao aterro sanitário de Gramacho, em Duque de Caxias.

— Foi a viagem mais produ-tiva que fiz como secretário de Desenvolvimento. Os italianos da Ecis querem vir para o país. Já têm até financiamento ban-cário aprovado. E a joint venture entre a Falmec e a Smeg vai criar 40 empregos diretos. Há nego-ciações ainda com a Prima e a Salvagine, do mesmo setor — diz o secretário.

Já a Fin, outra empresa do setor metal-mecânico, também demonstrou interesse em vir pa-ra o Rio. Seu negócio seria a fa-bricação de helicópteros. E outra que acendeu o sinal verde para o estado foi a Eni, esta do setor petrolífero. O secretário acredita que o esforço do governo do Rio em atrair novos investidores es-trangeiros e diversificar as expor-tações fluminenses foi compensa-dor, no sentido de gerar empregos e renda, incremento econômico e arrecadação fiscal. Sem falar no intercâmbio para a busca de solu-ções em políticas públicas.

Transporte Ítalo-FluminenseOs italianos também foram con-vidados pelo governador Sérgio Cabral a investir no transpor-te marítimo de passageiros no Rio. Durante palestra para um grupo de empresários italianos, na Confitarma, em Roma, o go-vernador Sérgio Cabral, ao lado do secretário estadual de Trans-porte, Júlio Lopes, garantiu que ainda este ano entrará em ope-ração a linha das barcas Rio-São

Gonçalo e pediu, sem volteios, a participação do capital italiano no projeto.

O secretário Julio Lopes con-tou que o pedido ocorreu depois de o executivo do setor naval Ro-drigues Cantiello Navalli ter reve-lado o seu interesse na expansão das linhas hidroviárias de trans-porte de passageiros. Segundo Lopes, o governador não perdeu a deixa e admitiu haver ainda a necessidade de parceiros para

poder tocar o empreendimento. A ligação por barcas entre Rio e São Gonçalo é uma novela que se arrasta desde o governo Marcello Alencar (1994 a 1998). Na épo-ca, foi criado o programa de pri-vatização dos serviços públicos estaduais, que já previa um es-tudo de viabilidade referente ao trajeto. O projeto, no entanto, jamais saiu do papel.

Durante a missão, foram tra-çadas novas estratégias para a implantação do trem de alta velocidade (TAV), popularmen-te chamado de trem-bala, entre Rio de Janeiro e São Paulo. Tan-to em Roma quanto em Milão, o governador e o secretário de Transportes buscaram acordos na tentativa de viabilizar o pro-jeto. A comitiva esteve reunida com representantes da Alstom e da Breda, empresas líderes mun-diais no mercado trens de alta velocidade.

— A visita às instalações da Alstom e da Breda foi importan-te. Pudemos conhecer as tecno-logias de ponta que hoje existem no mercado. Enquanto no Brasil estamos discutindo o primeiro trem de alta velocidade, muitos países da Europa já utilizam esse serviço. A França, por exemplo, está trocando, a partir de 2009, o atual sistema por um de altíssima velocidade, em que os trens atin-gem mais de 400 km/h. Quando assinamos a criação de um gru-po de trabalho com São Paulo, o governador José Serra disse que esse projeto era uma fatalidade histórica. E é mesmo. O trem-ba-la entre Rio e São Paulo tem que sair do papel. E não vamos abrir mão disso — defendeu Lopes.

Não será por falta de apoio e de apelo, no entanto, que o go-verno vai ficar sem o trem-bala. Em reunião com empresários do setor de transporte ferroviário, a comitiva fluminense enfatizou, inúmeras vezes, a importância que o projeto tem para estado. O governador revelou que conta agora até mesmo com o apoio do primeiro-ministro do país.

— Tive um encontro com o premier Romano Prodi que durou cerca de uma hora. Ele se mostrou particularmente interessado no projeto do trem-bala — disse o governador, e completou: — Ele demonstrou todo o interesse no projeto. Entretanto, fiz questão de esclarecer que isso passa por

um ajuste com o governo federal brasileiro, afinal a ministra Dil-ma Rousseff é a coordenadora do projeto. Expliquei ao premier que os governos do Rio e de São Pau-lo criaram um grupo de trabalho para estimular e produzir resul-tados rápidos, para tentar tirar o projeto do papel. Várias empresas européias presentes no encontro demonstraram interesse em parti-cipar do projeto — revela Cabral.

O governador e o secretário se reuniram também com repre-sentantes da Italplan, empresa italiana de engenharia que, a pe-dido do governo federal, elabo-rou o estudo de viabilidade do trem-bala brasileiro. Atualmente, o projeto está servindo de base para as análises de execução do empreendimento. Lopes ainda teve a oportunidade de experi-mentar o trem de alta velocidade Roma-Milão, numa velocidade de 200 km/h. O secretário aprovei-tou para conhecer as instalações da ferrovia.

A missão fluminense à Itália foi organizada pela Subsecreta-ria de Relações Internacionais do governo estadual, em parce-ria com Firjan, Confindustria, Câ-mara ítalo-Brasileira de Comér-cio e Indústria do Rio de Janeiro, Embaixada do Brasil em Roma, Consulado brasileiro em Milão, Embaixada da Itália em Brasília e Consulado italiano no Rio de Janeiro. A delegação governa-mental foi composta ainda pelos secretários Joaquim Levy (Fazen-da), Julio Lopes (Transportes), Eduardo Paes (Turismo, Esporte e Lazer) e Nelson Maculan (Educa-

Avaliação das rodadas de negócios

Fonte: Firjan / Sebraerj

Joint-ventUre 56%

exportação 33%

iMportação 22%

transf. de teCnoloGia 22%

representação 11%

oUtras 33%

Milão – Perspectivas Comerciais

ção), pelo presidente da Faperj, Ruy Marques, e pelos sub-secre-tários Ernesto Rubarth (Relações Internacionais) e Adriana Novis (Cerimonial).

Promessas para 2008Para o próximo ano, está prevista a vinda de uma comitiva italia-na ao Rio em retribuição à visi-ta fluminense à bota. A idéia do evento surgiu em Milão, durante encontro do governador Sérgio Cabral com o executivo Luca Cor-dero di Montezemolo, presidente da Cofindustria e da Ferrari. O vi-ce-presidente da Promos, agência especial da Câmara de Comercio de Milão, e presidente da Asso-ciação Italiana do Comercio Exte-rior, Cláudio Rotti, confirmaram o interesse dos empresários do pa-ís em relação a investimentos fu-turos na região fluminense.

— Temos uma rede sólida de contatos entre a Itália e a Amé-rica Latina. Sabemos que o Rio tem a segunda economia do Bra-sil e um papel muito importante. A esta altura, eu creio que o que estamos assistindo é uma conti-nuação do que ocorreu em Nova Friburgo (município fluminense da Região Serrana), em 2004, quando firmamos uma parceria com 12 empresas do setor de moda íntima e de praia — afir-ma Rotti.

De acordo com o empresário, ampliar as relações comerciais com Brasil é uma das priorida-des dos investidores italianos. Ele diz que a solidi-ficação da democracia e o bom momento econômico brasileiro creden-

ciam o país como opção pa-ra investimentos estrangeiros. Segundo Rotti, a Promos tem grande interesse em apoiar o desenvolvimento de países co-mo o Brasil, já que essa é uma forma de criar oportunidades de negócios para empresas ita-lianas. Rotti revela ainda que a entidade movimentou, somente em 2006, 6,27 bilhões de dóla-res no comércio bilateral.

Antes mesmo do encontro de 2008, a Promos já fecha negócios com o Brasil. Ainda neste mês, a entidade pretende por à dispo-sição dos seus clientes brasilei-ros uma linha de crédito de cerca de 100 milhões de euros. O re-curso vai servir para a aquisição de maquinários italianos. Ciente dessas negociações, o governa-dor Sérgio Cabral pretende incen-tivá-las. Segundo ele, o volume de trocas comerciais entre ambos os países deve subir para 7,5 bi-lhões de dólares neste ano.

1 - Pelas ruas de Milão, Eduardo Gouveia, Cabral e o secretário

de Desenvolvimento Júlio Bueno aproveitam um momento de

relax para saborear um gelato; 2 - Montezemolo brinca e convida Cabral para ser o próximo piloto

da escuderia Ferrari; 3 - Imprensa brasileira e italiana acompanharam

de perto a missão

Números da missãoA Firjan realizou uma pesquisa en-tre empresários e representantes de empresas brasileiros e italianos que estiveram nas recentes rodadas de negociações em Roma e Milão. Ao todo, houve 292 reuniões de negócios com o envolvimento de 185 participantes. Dos entrevista-dos, 89% consideraram o resultado da missão positivo. E 67% o avalia-ram como bom e 22% como ótimo. Outros 11% não responderam ao questionário. Em Roma, o valor de-clarado na pesquisa como a expec-tativa futura de negociações no Rio ficou em 73 milhões de euros. Em Milão, onde foi fechado um negó-cio na ordem de cinco milhões de euros (Logan C), essa expectativa foi de 10 milhões de euros.

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1 - Na Confederação dos Armadores Italianos (Confitarma), Cabral conseguiu atrair atenção dos

investidores para as vantagens oferecidas no setor pelo Estado do Rio; 2 - No Senado italiano, o vice-

presidente da Casa, Milziade Caprili fala da maior atenção da instituição

em relação ao Brasil; 3 - Vice-ministra de Educação Mariangela Bastico

elogia planos para rede pública do Rio

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Comer e beber na Itália es-tá deixando de ser o sim-ples hábito de sentar-se à mesa. O ingrediente eco-

lógico, nas mãos que adicionam aos pratos o tempero da vida, confere, aos poucos, um novo sa-bor de responsabilidade ambien-tal à comida italiana. Tal fenôme-no resulta, em grande parte, da iniciativa da Coldiretti – associa-ção que representa os agricultores italianos – de criar o Menu a KM 0, para incentivar restaurantes a preparar pratos, preferencialmen-te, com alimentos de produção local. O objetivo: diminuir a ne-cessidade de transporte da maté-ria-prima culinária, para reduzir, conseqüentemente, a emissão de gás carbônico na atmosfera.

A idéia surgiu primeiro nos Estados Unidos. Lá, a chef Alice Waters, proprietária do Chez Pa-nisse, na cidade de Berkley, in-troduziu no cardápio do restau-rante legumes, frutas e verduras produzidos pelos camponeses da região. Ou seja: se os alimentos da estação são ervilhas, batatas e maçãs, estes passam a ser in-gredientes de suas receitas.

O projeto cruzou o oceano e foi parar na mesa italiana. Em ju-lho deste ano, o restaurante Vi-tanova, em Padova, foi o primei-ro a receber o selo Menu a KM 0, concedido aqueles que utilizam

economia economia

pelo menos 15% de produtos lo-cais nos pratos.

Passaram a compor o cardápio do Vitanova vinho, azeite, frutas, verduras e a grappa, destilado tipi-camente vêneto, adquiridos dire-tamente dos produtores agrícolas da região. O queijo grana padano, servido no restaurante, por exem-plo, percorre somente 24 quilôme-tros; o vinho, 28; o repolho, 16; e o azeite, 27 quilômetros.

— Pode parecer uma provo-cação, mas essa iniciativa, além de promover o território, educa clientes e proprietários de restau-rantes a optarem por produtos da estação — afirma Franco Pasqua-li, secretário geral da Coldiretti.

A iniciativa da associação vem ganhando força e adesão no país. O circuito Menu a KM 0 já conta com 15 restaurantes, além de algumas sorveterias. Neste setor, a primeira a receber o se-lo KM foi a San Zeno, no centro de Verona. P ara preparar as suas especialidades, o estabelecimen-to tem utilizado leite, ovos e fru-tas locais, o que, em tese, aca-ba produzindo também um saber bem regional. Caso do sorvete de amoras de Valpolicella, do de castanhas das montanhas de San Zeno e do de cerejas selvagens. O selo também já foi concedido a bares de Treviso e até a um refei-tório em Rovigo.

— Para transportar um quilo de cerejas argentinas até Roma, são percorridos 13 mil quilôme-tros, o que representa uma emis-são na atmosfera de 16,2 quilos de gás carbônico. E os oito mil quilômetros de viagem feitos por um quilo de pêssegos da áfrica do Sul até a Itália lançam no ar 7,4 quilos de CO2 — revela Pasquali.

Mas nem todo mundo parece satisfeito com o Menu a KM 0. Há críticas de organismos interna-cionais, que acusam a Coldiretti da prática de protecionismo eco-nômico. Isso porque a entidade tem exercido forte papel na pro-moção do movimento chamado Made in Italy no exterior. Parte

dos italianos reclama que a no-va política renega o consumo de produtos importados. A despeito das ofensivas, a Coldiretti avança em seu projeto. O próximo passo: criar uma lei nacional para bene-ficiar, com a garantia da obriga-toriedade da compra de produtos locais, creches, escolas e hospi-tais. Tal proposta já foi assinada por 25 mil pessoas.

— O conselho da região do Vêneto demonstra grande inte-resse pela nossa proposta legis-lativa, que vem conquistando o consenso dos cidadãos e dos em-presários — sustenta o presiden-te da Coldiretti Vêneto, Giorgio Piazza.

anElisE sanchEzCorrespondente • roma

Comer, beber e viver melhor

Tão ágil quanto cara

Itália lança o Menù a KM 0, projeto que valoriza agricultura local e redução da emissão de gás carbônico

Mapa da Coldiretti com a localização dos restaurantes e os trechos percorridos pelos produtores

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Se a Previdência já era vis-ta como a grande vilã do déficit público brasileiro, o governo agora terá que

pisar no acelerador para por em prática uma reforma do setor. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados de 113 nações, fornecidos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), classifica o Brasil como o 14º país no mundo que mais gasta com previdência. A Itália lidera esse ranking. Mas não é o que parece.

Pela posição que ocupa na pesquisa, o Brasil pode ser agru-pado junto de países onde, além da população envelhecida, há o desenvolvimento avançado do bem-estar social ou daquilo que chamam de proteção social. Des-se grupo, liderado pela Itália, fa-zem parte ainda Alemanha, Fran-ça, Suíça, Bélgica e Suécia. Isso embora a realidade brasileira ain-da esteja muito distante, no que se refere à qualidade de vida, da que existe no primeiro mundo.

O Ipea mediu a parte do Pro-duto Interno Bruto (PIB) de ca-da país que é destinada à rede de pensões e aposentadorias. No Brasil, a previdência consome 11,7% do PIB. De cada dez reais produzidos no país, um se desti-na ao pagamento de benefícios. Na Itália, essa margem chega a 17,6% do PIB.

Os dados utilizados no cál-culo incluíram o pagamento das aposentadorias públicas e priva-das, por tempo de contribuição, e benefícios como a aposentado-ria rural e as pensões por idade. O estudo vai servir de base pa-ra discussões e sugestões sobre a reforma da previdência brasileira.

— É razoável imaginar que um país europeu esteja numa posição mais elevada que o Brasil, pois geralmente é uma economia com uma população muito mais velha. Mas dadas às características des-ses países, deve-se verificar se o montante do gasto não vai afetar as reservas e projeções econômi-cas. Se compararmos a razão de dependência, veremos que, na Itá-lia, há 30 pessoas com mais de 65 anos, para cada 100 pessoas, en-tre 15 e 64 anos. Já no Brasil, são 9 idosos para cada 100 pessoas, entre 15 e 64 anos — explica Mar-celo Abi-Ramia, um dos economis-tas responsáveis pelo estudo.

Para concluir que os gastos brasileiros são elevados, além da razão de dependência, os econo-mistas do Ipea analisaram vari-áveis como a relação entre apo-sentadoria e a renda per capita, a quantidade de contribuintes para o regime previdenciário, as alí-quotas de contribuição e a idade mínima para a aposentadoria.

O valor médio dos benefí-cios recebidos por aposentados e pensionistas brasileiros, em rela-ção à renda per capita do país, está acima da média dos outros países analisados. No Brasil, os benefícios representam 59,4% da renda per capita. Nos outros pa-íses, 48,5%.

Dos 113 países da amostra, o Brasil e a Itália estão entre os que não têm limites claros de ida-de mínima para aposentadoria. Embora as mudanças mais recen-tes nas regras brasileiras tenham estabelecido idade mínima para quem entra no sistema – o estu-do diz que esse fator não é posi-tivo –, não se pode afirmar ainda se o país tem idade mínima para aposentadoria. Isto porque ainda é possível se aposentar apenas pelo tempo de contribuição.

Os dados reafirmam índices apresentados por outra pesqui-sa do Ipea, realizada no início do ano. Esta revelou que as aposen-tadorias e as pensões brasileiras

representaram 70% das despesas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em 2006, recursos na ordem de 165 bilhões de reais.

Assim como o estudo recen-te de Marcelo Abi-Ramia e Ro-gério Boueri, o estudo do Ipea comprova que as atuais regras de concessão de aposentadoria e de pensões contribuem para o défi-cit previdenciário, que chegou a 42 bilhões de reais, em 2006, e tem previsão de subir para 47 bi-lhões de reais neste ano.

— Nosso objetivo é mostrar outras possibilidades e promover a discussão do tema. Em se tra-tando de reformas, Chile, Colôm-bia e Equador passaram por um processo de capitalização da pre-vidência. Nesses países, ela dei-xou de ser financiada pelo estado para ser paga de acordo com o acúmulo da contribuição da pes-soa beneficiada. Essa transição reduziu os gastos daqueles paí-ses. Mas acho difícil o Brasil fa-zer essa modificação por causa dos custos elevados — diz.

Segundo Abi-Ramia, ainda que o Brasil trocasse o regime de repartição pelo de capitalização, num espaço de 10 a 20 anos, não haveria redução de custos. A con-tribuição de quem hoje está na ativa iria para um fundo de apli-cação, fazendo o governo perder recursos da arrecadação.

— Há uma reação em cadeia no Brasil: o imposto alto cria pro-blemas para os negócios, desesti-mula a atividade econômica e ge-ra dificuldade de tocar o negócio. Por outro lado, deixa-se de cana-lizar recursos para saúde, educa-ção e outras áreas de interesse que poderiam ser prioritárias.

Trunfos brasileirosAlheia às questões mais perti-nentes à economia de recursos, a coordenadora do Instituto Nacio-nal de Assistência Social italiana no Rio de Janeiro, Rita Martire, não só enxerga pontos positivos no sistema previdenciário brasi-leiro, como diz que ele é melhor do que o italiano:

— Mas quando o tema é uma comparação entre os sistemas, são nítidos os avanços no Bra-sil. O sistema brasileiro é um dos mais rápidos do mundo. Há casos de pensões que são liberadas em 20 dias, enquanto para o mesmo caso, na Itália, demora em média um ano — diz.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que a Itália é o país que mais gasta do seu Produto Interno Bruto (PIB) com a previdência. Numa lista de 113 países, Brasil ocupa a 14ª posição

sílvia soUza

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Briga pelaherançado tenor

atualidade

Patrimônio de Luciano Pavarotti, avaliado em 200 milhões de euros, gera briga entre parentes do tenor

nayra GaroFlE

A disputa pela fortuna veio à tona depois que a imprensa italiana divulgou que o cantor havia redefinido o destino dos seus bens. No novo testamento, feito em 29 de julho, Pavarot-ti recorreu ao tabelião Luciano Buonanno, na presença de du-as testemunhas, para deixar to-dos os imóveis dos Estados Uni-dos para a sua segunda esposa, contrariando, assim, as filhas e a ex-mulher do primeiro ca-samento. A família tem negado a briga, mas o tabelião veio a público falar que foi obrigado a aceitar os termos do texto, ape-sar de ter discordado de alguns pontos.

Em 1960, Pavarotti se casou com Ardua Veroni, com quem teve três filhas, e se divorciou em 1995. Em 2003, teve a sua quarta filha com Nicoleta Mantovani, trinta anos mais nova, com quem se casou no mesmo ano. As filhas do primeiro casamento chega-ram a divulgar um comu-nicado por meio do qual reclamavam das “falsas informações e odiosos

boatos que têm circulado na Itália e em outros paí-

ses”. Em entrevista à revista italiana Diva e Donna, Buo-nanno confirmou o episódio. No documento – o chamado “testamento americano” –, Pavarotti deixa para a mulher Nicoletta todos os bens nos Es-tados Unidos.

— Eu não estava de acordo sobre vários pontos, mas me foi imposto não modificar nada — declarou o tabelião à revista.

No primeiro testamento, re-digido em 13 de junho, o tenor determinava a distribuição eqüi-tativa dos seus bens entre as quatro filhas. Não se sabe ao cer-to as razões dessa modificação. Uma amiga do cantor, inclusive, chegou a dar uma entrevista ao jornal La Stampa informando que o tenor estava cansado das recla-mações de sua última esposa e pensava até em separação. Buo-nanno afirma ter questionado Pa-varotti, antes da assinatura final, sobre os imóveis e os bens imo-biliários de seu patrimônio nor-te-americano.

— Mas em seu lugar inter-veio o advogado, afirmando que o valor dos imóveis estava em torno de 9 milhões de dólares e os outros bens em torno de 100 mil dólares. Diante desta afirma-ção, o cantor arregalou os olhos e disse que acreditava que o va-lor fosse muito maior — contou.

Talento natoVítima de câncer no pâncreas, Pavarotti, morreu aos 71 anos em casa, na sua cidade natal, Mo-dena, em 5 de setembro. O amor pelo canto veio do seu pai, um padeiro do Exército italiano, que ajudou o jovem Luciano a desco-brir a sua vocação. Sua carreira foi um exemplo de que a ópera não está reservada à elite. A in-sistência do cantor em populari-zar a música erudita recebeu crí-ticas dos puristas. Mas nem eles discutiram a força de sua voz. Pavarotti foi professor de esco-la primária durante 12 anos. Sua estréia no palco foi nos anos 60, numa apresentação solo no Co-vent Garden, em Londres.

— Vai ser muito difícil al-guém assumir esse lugar que o Pavarotti ocupou nos últimos 30 anos. Os outros tenores não têm a empatia com o público que ele tinha — afirma Heloisa Fischer, jornalista e comentarista de mú-sica clássica nas rádios CBN e Mec FM.

Os anos 70 foram de consa-gração para o tenor. Os nove dós de peito seguidos que cantou du-rante La fille du Regiment, de Ga-etano Donizetti, no Metropolitan Opera House de Nova York, em 1972, entrou para história. Nessa

ocasião, fez inúmeras aparições em TVs, aumentando sua visibili-dade. Já era considerado um dos ícones da Itália no mundo, quan-do, em 1998, teve problemas com a Agência Tributária de seu país. Não pagou devidamente os impostos e, três anos mais tarde, aceitou pagar a dívida: 2,8 mi-lhões de euros. Nos anos 90, sua popularidade aumentou ainda mais após uma turnê ao lado de José Carreras e Plácido Domin-go. O ciclo de concertos dos Três Tenores começou na abertura da Copa de 1990, na Itália, onde fo-ram vistos por cerca de 800 mi-lhões de pessoas. As vendas dos discos de ópera dispararam.

Premiado várias vezes com o Grammy, Pavarotti também fi-cou famoso por seu espírito so-lidário. O trabalho humanitário ficou mais visível em 1993. Na ocasião, ele decidiu organizar o primeiro de seus concertos bene-ficentes Pavarotti & Friends. Pas-sou a realizar eventos anuais, em colaboração com artistas pop co-mo Elton John e Bono (U2), até 2003. Ganhou o título de Embai-xador da Paz das Nações Unidas.

No Brasil, se apresentou se-te vezes. A última vez foi em 2000, quando cantou ao lado de Maria Bethânia e Gal Costa, na Bahia, como parte das comemo-rações dos 500 anos do desco-brimento. Com o trio de teno-res, também se apresentou em São Paulo. O câncer começou a lhe afetar em 2006, o que o

obrigou a cancelar vários com-promissos, entre os quais um show com Roberto Carlos, mar-cado para Belo Horizonte.

O Consulado Geral da Itália do Rio de Janeiro abriu um li-vro de condolências em razão da morte do cantor que será en-viado para a Itália. Segundo o cônsul Massimo Bellelli, muitas pessoas prestaram suas homena-gens. O governo italiano anun-ciou que os teatros Scala, em Mi-lão, e o de Modena, reeditarão, em 2008, o concurso internacio-nal de canto Luciano Pavarotti, cujo vencedor vai atuar nesses palcos. A Câmara Municipal do Rio de Janeiro também fez uma sessão solene em homenagem ao tenor. A prefeitura da cidade, por sua vez, vai construir uma praça com o nome do cantor.

Fluminense canta com o ídoloEm 1982, o concurso teve como vencedora a soprano Leila Gui-marães. Nascida em Volta Redon-da, na Região do Médio Paraíba do Estado do Rio, ela é a única artista brasileira de canto lírico detentora de um Emmy – o Os-car da TV. O prêmio foi recebido por sua atuação em La Bohéme, na Academy of Music of Philadel-phia, quando cantou ao lado de Pavarotti.

— O Pavarotti é representa-tivo não só pela arte dele, que ficará registrada para o resto de nossas vidas, mas por ter sido um incentivador de cantores novos — diz a soprano.

No dia 4 de outubro, o Con-sulado Geral da Itália do Rio de Janeiro e o Instituto Italiano de Cultura homenagearam o tenor com projeções de trechos da en-trevista que o astro deu ao jorna-lista Roberto D’ávila. Leila e seu marido, o crítico musical Marcus Góes, também estiveram presen-tes no evento.

— Fiquei muito emocionada. Achei belíssimo porque causou emoção nas pessoas. Discutiu-se

a voz , a arte dele e o ser humano que foi Pavarotti. Foi uma noite significativa e um presente mui-to bonito do Consulado italiano. A figura dele que não morrerá nunca. Por duas vezes encontrei com ele na Itália vezes. Ele era um ser humano alegre. Gostava de fazer piadas. As quatro coisas que ele amava era: música, cava-los, comida e futebol. Portanto, os assuntos dele sempre gira-vam em torno disso — revela a soprano, que morou 12 anos na Itália.

Para o crítico musical Marcus Góes, ele era o grande represen-tante da música clássica:

— Ele atraía o público, tor-nava maior as audiências dos es-petáculos nos teatros e nas are-nas. Ele, com sua capacidade de comunicação, contribuía para a divulgação de uma arte que é fá-cil de se chegar ao grande pú-blico — afirma o crítico, que diz

- 1990 – O tenor cantou, ao lado de José Carreras e Plácido Do-mingo, na abertura da Copa do Mundo, na Itália.- 1993 – Pavarotti cantou para mais de 500 mil pessoas em Nova Iorque e 300 mil em Paris.- Guinness Book – Está no livro dos recordes como o homem mais aplaudido (12 minutos), sendo obrigado a voltar ao palco 165 vezes. Ao lado dos dois tenores espanhóis, ostenta o recorde do disco de música clássica mais vendido de todos os tempos.- O cantor vendeu mais de 100 milhões de discos.

que os tenores são artigos de ex-portação da Itália.

O crítico relembra ainda que o tenor, pouco antes de morrer, disse: “Ricordati me per la mia voce”.

— Ele não queria ser lembra-do por outras coisas se não por sua voz . Ela era muito bem co-locada, muito bem emitida, den-tro de uma tradição de pronúncia emiliana, que é sua origem. Ele nasceu em Modena. Lá, há uma tradição de pronúncia aberta dos sons das vogais da língua italia-na. Isso foi se unir ao aparelho fonador dele. Dessa união, nas-ceu uma das vozes mais bem pos-tadas da história do canto lírico — avalia Marcus Góes.

do nos mais diferentes palcos por onde passou. Agora, pouco mais de um mês depois da sua morte, o público assiste a um novo es-petáculo. Só que dessa vez, ele é proporcionado pela família do cantor, que já começa a brigar pela herança de mais de 200 mi-

lhões de euros deixados pelo artista. O cantor vendeu

mais de 100 milhões de discos e era pro-prietário de vários imóveis por todo o mundo – Itá-lia, Mônaco e

Estados Uni-dos.

Considerado o maior tenor do mundo desde o desa-parecimento de Enrico Caruso, em 1921, Lucia-

no Pavarotti se popularizou por sua capacidade vocal e carisma. Arrebatou platéias no mundo to-

“Eu tenho a impressão de

que o Pavarotti vai ser um

caso único”Heloisa FiscHer,

jornalista e comentarista de música clássica

Cantor descansa após apresentação em palco italiano. Soprano Leila

Guimarães, que ganhou concurso internacional, se apresenta ao lado

de Pavarotti na peça La Bohéme, na Academy of Music of Philadelphia

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La fiNESTRaDaniele Mengacci

[email protected]

Quando le opinioni espresse in questa rubrica saranno in

edicola, il nuovo palinsesto di Rai International sarà operativo.

Frutto di un accordo tra il Governo e la Rai, il canale dedi-cato agli italiani all’estero si di-versifica e si moltiplica per rea-lizzare un desiderio di Romano Prodi: migliorare la quantità e qualità dell’informazione italiana all’estero e dare spazio a quella proveniente dall’estero in Italia.

Rai International potenziata sarà visibile anche in Italia, avrà un canale di notizie, uno dedi-cato al meglio della produzione Rai e uno di sport; diminuirà gli aspetti turistico-gastronomici e folcloristici della gestione prece-dente per offrire allo spettatore una visione dell’Italia più attuale e reale.

Il Presidente del Consiglio, a suo tempo, si era lamentato della poca quantità di notizie sull’Italia presentata dai media stranieri e, in occasione dell’ac-cordo, ha dichiarato: “La firma della convenzione, (…) rappre-senta la prima tessera di una po-litica più ampia e complessa che io voglio attuare per quanto ri-guarda il potenziamento degli strumenti dell’informazione”.

Alcune considerazioni van-no fatte, sapendo che il Potere non ama molto la stampa libera e sempre trova modo di ammansir-la, coccolarla se non minacciarla.

La prima considerazione è sulla questione della pluralità dell’informazione, che deve esse-re garantita soprattutto quando

si tratta di un media in mano al Governo, come saranno, di fatto, l’informazione, la scelta e il mo-do di proporre le notizie. Poi si attribuiranno i tre canali con cri-teri antichi, secondo le pressioni dei partiti di maggioranza. E co-me reagirà l’opposizione?

Il grande dubbio è che, come sta accadendo in Brasile con la TV Lula diretta da Franklin Mar-tins, il nostro prode Prodi tenti di avere, a spese del contribuen-te, la sua televisione personale.

In parallelo all’accordo con la Rai, il Governo ha stipulato un accordo con l’agenzia Ansa, tra-scurando altre agenzie nazionali, come Adn Kronos, o internazio-nali come Reuter, dando così un segnale di parzialità.

La stampa italiana all’este-ro, che garantisce una pluralità di informazioni, rimane la ce-nerentola dei media. Il Gover-no ha preparato in agosto un Disegno di Legge per riformare tutto il settore dell’editoria, ma poco spazio ha dato alla stam-pa estera.

Un progetto di legge dell’On. Merlo, eletto nella circoscrizione America Meridionale, propone il raddoppio dei fondi da quattro a otto milioni di euro.

La distribuzione dei contribu-ti è sempre avvenuta con il siste-ma detto “a pioggia”, eufemismo di distribuzione per criteri par-titici, una razionalizzazione del-la loro attribuzione, imponendo una certificazione della distribu-zione reale dei media che sareb-be opportuna, come lo stanzia-mento di fondi per la formazione dei giornalisti.

Come il Governo, ed il Parla-mento, decideranno di trattare la stampa estero sarà una prova dell’interesse, o della indifferen-za, della Casta verso gli elettori italiani nel mondo.

Ex-impiegato fa causa di 700mila reais all’Ambasciata italianaL’amministratore di imprese Marco Antinoro ha deciso di fa-

re causa all’Ambasciata d’Italia a Brasilia. Per oltre 28 an-ni, ha coperto una serie di funzioni all’interno dell’organo. Ma nel settembre 2005 è stato licenziato senza giusta causa. La sua sorpresa è stata ancor maggiore quando ha dovuto omologare la sua rescissione contrattuale. Nell’indennizzo, secondo lui, non constavano né il pagamento del Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), né le ferie. Senza pensarci due volte, Antinoro ha intrapreso una vertenza giudiziaria nel 2006. Agli inizi di questo mese, la giustizia ha battuto il martello a suo favore e ha calco-lato la rescissione in circa R$ 700mila. Ma l’amministratore sotto-linea: - Non ho ancora ricevuto nulla.

Malgrado la giustizia abbia dato una scadenza di 48 ore per l’adempimento della prima sentenza, finora l’ex impiegato 56en-ne non ha ancora visto un soldo. Sorrette da accordi diplomatici firmati da più di quarant’anni, molte ambasciate e organi interna-zionali non rispettano la Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), legislazione che regola in Brasile la contrattazione di lavoratori formali. Nonostante nel 1990 il Supremo Tribunal Federal (STF) ab-bia creato una giurisprudenza che permette alla giustizia del lavo-ro di aprire processi contro questi organi, la Convenzione di Vien-na garantisce ancora alle ambasciate l’immunità di esecuzione.

Secondo l’accordo firmato, i locali della missione, i mobili e altri beni in essi contenuti, così come i mezzi di trasporto, non potranno essere oggetto di indagine, requisizione, pignoramento o misura di esecuzione. In pratica, ciò significa che i lavoratori riescono pure ad avere i loro diritti riconosciuti dai tribunali, solo che l’indennizzo alla fine non viene pagato.

– Ho sempre lavorato con grande dedicazione e non sono sta-to rispettato quando sono stato mandato via – reclama.

La lite giudiziaria di Antinoro contro l’Ambasciata d’Italia du-ra già da quasi due anni. Durante il periodo in cui ci ha lavorato, ha firmato successivi contratti di lavoro, rinnovati annualmente. All’epoca del suo licenziamento la scusa è stata il taglio di costi.

– Quando sono andato a prelevare il mio FGTS, c’erano soltan-to i valori referenti al 2005. Sono andato a far valere i miei dirit-ti in tribunale. Dopo 28 anni, ti mettono in mezzo ad una strada senza nessuna spiegazione né diritti – si lamenta.

L’Ambasciata d’Italia ha informato che da dieci anni segue la legislazione del lavoro brasiliana, contrattando nuovi impiegati che ricevono i contributi. La determinazione è partita dal governo ita-liano. Però gli impiegati di più vecchia data rimarranno sotto la le-gislazione italiana. Nel caso di Marco Antinoro, la rappresentazione ha informato che è in atto un ricorso alla sentenza e che, nel caso sia condannata in ultima istanza, accetterà la decisione. (F.L.)

Agrifood: sussidi per imprese brasilianeLa Câmara de Comércio Italiana di Minas Gerais offre sussidi ad im-

prese brasiliane del settore agroalimentare per participare all’Agri-food. L’evento sarà tra il 16 e il 19 novembre, in Italia, ma gli impren-ditori interessati a ricevere i sussidi dovranno entrare in contatto con la Câmara entro il 12 ottobre, data in cui si chiudono le iscrizioni. In questa seconda edizione, produttori ed imprenditori avranno l’oppor-tunità di conoscere il Made in Italy, che consiste nell’uso e promozione di prodotti tipici italiani. Secondo la Coldiretti (organizzazione agri-cola italiana), nel 2006 il settore agroalimentare ha fatturato 110 mi-liardi di euro, il che rappresenta una crescita del 2,8% in rapporto al 2005. Il Made in Italy agroalimentare occupa il terzo posto in prodotti organici nel mondo dopo l’Australia e l’Argentina.

articolo / notizie

staMpa estera: plUralità di inforMazioni

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atualidade

Quando umcomedianteincomodamuita gente

Beppe Grillo reúne multidões e denuncia a apatia da política italiana

Ele arrasta milhões de jovens pelas praças, mobiliza elei-tores, desestabiliza a inér-cia do atual governo e põe

à prova a suposta imparcialida-de dos meios de comunicação da Itália. Não se trata de um astro do rock ou de um futuro aspirante à política. O fenômeno em ques-tão atende pelo nome de Giuse-ppe Piero Grillo, o Beppe Grillo. O comediante organizou recen-temente o evento denominado V-Day, com V de vaffanculo (pa-lavrão italiano). Milhares de pes-soas lotaram as principais praças italianas para aderir à proposta: criar um parlamento decente.

Foram recolhidas mais de 300 mil assinaturas para uma peti-ção que defende, por exemplo, a recusa da candidatura de po-líticos condenados pelo tribunal italiano e um número limitado de mandatos para os membros do Parlamento. Caso a proposta conquiste 500 mil assinaturas, assim como exige a lei italiana, poderá ser submetida a um refe-rendo popular.

anElisE sanchEzCorrespondente • roma

— A manifestação foi orga-nizada no dia 8 de setembro pa-ra lembrar que nesta data, em 1943, o rei fugia do país e a na-ção estava perdida, e até hoje nada mudou — comenta Grillo.

O êxito do V-Day gerou polê-mica. Alguns políticos e parte da imprensa chamaram Grillo de de-magogo e o acusaram de populis-mo. Outros analistas consideram, no entanto, o seu radicalismo um alarme inegável da insatisfação popular. Basta pensar que mais de 34% dos italianos declararam a intenção de votar em Grillo, ca-so ele se candidatasse.

— Isso demonstra que se an-tes eram os leitores de esquer-

da que protestavam contra um governo de direita, hoje aqueles que elegeram Romano Prodi au-mentam a voz contra o governo — comenta Paolo Mieli, diretor do Corriere della Sera.

O blog do comediante na in-ternet (http://www.beppegrillo.it) é um dos mais visitados na Itá-lia, com cerca de 200 mil acessos diários, segundo dados do site de buscas Technorati. Transformou-se em tempo recorde num pode-roso canal de comunicação para os italianos descontentes com o imobilismo e a apatia da classe política italiana.

Depois de cinco anos de go-verno Berlusconi, parte da popu-

lação esperava, com a esquerda no poder, que muitas promessas de campanha fossem cumpridas. Permanecem, no entanto, ainda pendentes: a luta contra o tra-balho precário, o reconhecimen-to da união de homossexuais, a aprovação do chamado testa-mento biológico e a menor inge-rência do Vaticano no país. Nesse contexto, Beppe Grillo e outros, como Nanni Moretti, cineasta e organizador de diversos comícios contra Silvio Berlusconi, eviden-ciam como a Itália de hoje tem sede de mudança.

Valentina Colaiori, romana de 32 anos, lamenta a dificuldade de encontrar um trabalho e confessa sua preocupação com o futuro.

— Apesar do diploma univer-sitário, é difícil ser chamada para uma vaga que não seja de está-gio não remunerado — desabafa, e prossegue: — Se um persona-gem como Grillo se auto-declara o porta-voz de pessoas como eu, não o recrimino.

Apresentador do Festival de San Remo de 1978, Grillo já era famoso quando foi considerado pela edição européia da revista Time um dos heróis de 2005 no setor da informação. Isso porque se tornou porta-voz da indigna-ção popular diante das denúncias que geraram a falência da Parma-lat, em 2003.

Beppe Grillo também repre-sentou um sério incômodo pa-ra Marco Provera, ex-presidente da Telecom Italia, durante a sua gestão na empresa. O comedian-te solicitou aos italianos que transferissem para ele o poder de suas ações minoritárias da companhia, para criar um impas-se nas negociações da empresa, ao evitar que decisões como a da venda da holding Olimpia fossem tomadas, exclusivamente, pelos acionistas majoritários.

— Venci doze causas contra a Telecom acusando a empresa de roubo e furto — diverte-se Grillo.

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Não foi à toa que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, decidiu recorrer à Itália para tentar avançar no combate à violência e ao crime organizado no estado. O Rio, ou melhor, o Brasil inteiro tem mesmo muito a aprender com o país que asfixiou a máfia com a Operação Mãos Limpas. Entre tantas lições, a principal e mais difícil de aprender talvez seja a que se refere à construção de uma imagem digna e respeitada do profissional de

segurança pública. Se no Brasil a população manifesta histórica desconfiança em relação a policiais – identificados como exemplos de ineficácia, truculência e corrupção –, na Itália esses profissionais são tratados como heróis nacionais, mais valorizados pela opinião pública do que magistrados, por exemplo.

Basta comparar a reação popular à morte de policiais em cada país para se ver o tanto que a realidade brasileira dista anos luz da italiana. Causou comoção pública em toda a Itália e ocupou as manchetes dos jornais do país a morte, em fevereiro deste ano, do inspetor de polícia Filippo Raciti, de 38 anos, vítima de bomba em conflito após um jogo de futebol em Catania, na Sicilia. Na ocasião, o Campeonato Italiano foi suspenso, em luto. O caso – por sua gravidade – levou ministros e parlamentares ao sepultamento do policial. As leis de segurança em estádios no dia seguinte ao da sua morte já haviam se tornado mais duras.

No Brasil, o assassinato de policiais é assunto banal, ainda mais em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro. Neste último estado, por exemplo, morre um policial a cada três dias, em média. Em abril, um cinegrafista amador flagrou o assassinato, com seis tiros, do soldado da Polícia Militar Guaracy de Oliveira da Costa, de 27, em tentativa de assalto, no Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio. No vídeo – exibido no www.diariodeumpm.net – aparece o policial, ferido, banhado em sangue, cambaleante, pedindo socorro pelas ruas. Ignorado por pedestres e motoristas, ele quase foi atropelado, até cair de vez numa calçada.

O Brasil tem a aprender com a Itália especialmente no que se refere ao combate à corrupção policial. Esta alcançou níveis preocupantes na década de 80 e no início da década de 90, mas atualmente se mantém sob controle, com um índice que não ultrapassa 4%, segundo dados oficiais. Enquanto isso, no Brasil...

Non è un caso che il governatore di Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, abbia deciso di ricorrere all’Italia per tentare di migliorare la lotta alla violenza e al crimine organizzato nello stato. Rio, o meglio l’intero Brasile, hanno davvero molto da imparare dal paese che ha asfissiato la mafia con l’operazione Mani Pulite. Tra le tante lezioni, la principale e più difficile da imparare forse sarà quella che si riferisce alla costruzione di un’immagine degna e

rispettata dei professionisti della pubblica sicurezza. Se in Brasile la popolazione manifesta una storica sfiducia nei poliziotti – identificati come esempio di inefficienza, truculenza e corruzione –, in Italia questi professionisti vengono trattati come eroi nazionali, più valorizzati dall’opinione pubblica dei magistrati, per esempio.

Basta paragonare la reazione popolare alla morte di poliziotti nei due paesi per vedere che la realtà brasiliana è a anni luce di distanza da quella italiana. Ha causato commozione pubblica in tutta l’Italia e ha riempito i titoli dei giornali del paese la morte, nel febbraio di quest’anno, dell’ispettore di polizia Filippo Raciti, 38, vittima di una bomba in uno scontro avutosi dopo una partita di calcio a Catania, in Sicilia. Allora, il campionato italiano è stato sospeso, in lutto. Il caso – dovuto alla sua gravità – ha portato ministri e parlamentari al funerale del poliziotto. Le leggi di sicurezza negli stati all’indomani della sua morte erano già diventate più dure.

In Brasile, l’omicidio di poliziotti è tema banale, ancor di più in metropoli come San Paolo e Rio de Janeiro. In quest’ultimo stato, ad esempio, muore un poliziotto ogni tre giorni, in media. In aprile, un videoamatore ha ripreso l’omicidio, causato da sei spari, del soldato della Polìcia Militar Guaracy de Oliveira da Costa, 27, in un tentativo di rapina, a Engenho de Dentro, zona nord di Rio. Nel video – disponibile in www.diariodeumpm.net – si vede il poliziotto ferito, immerso nel sangue, mentre barcollando chiede aiuto per la strada. Ignorato da pedoni e automobilisti, è stato quasi investito prima di cadere sul marciapiede.

Il Brasile può imparare dall’Italia specialmente ciò che riguarda la lotta contro la corruzione poliziesca, che ha raggiunto livelli preoccupanti negli anni ’80 e agli inizi degli anni ’90, ma che ora si mantiene sotto controllo, con indici che non passano il 4%, secondo dati ufficiali. Al contrario, in Brasile...

Heróis e vilões usam farda

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PaUla Máiran, anElisE sanchEz (roMa),nayra GaroFlE, alinE bUaEs E silvia soUza

Eroi e antieroi usano la divisa

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Série histórica de policiais militares mortos no estado do RJ140

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Fonte: EMG/PM1 — Trabalhado por NUNESP/ISP

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Uma corporação de respeitoNo imaginário coletivo italiano, nenhuma outra categoria pro-fissional impõe tanta autorida-de e respeito quanto a polícia. Segundo pesquisa realizada em maio deste ano pelo Istituto Pie-poli S.pA, a confiança nos poli-ciais supera aquela dedicada aos magistrados e ao próprio Parla-mento. Do universo de mil cida-dãos entrevistados, 84% decla-raram confiar na polícia e 70% afirmaram que a própria sensa-ção de segurança aumentou ou tem permanecido estável nos úl-timos meses.

Não por acaso, os programas de televisão italianos que fa-zem alusão a tais profissionais, apresentam altos índices de au-diência. Refletem a preferência nacional. Carabinieri, Distretto di Polizia, Gente di Mare, Il ma-resciallo Rocca e Don Matteo são

apenas algumas das séries prota-gonizadas por personagens que representam as mais importan-tes instituições italianas de se-gurança; a Polizia di Stato e a Arma dei Carabinieri, além das forças armadas.

O sucesso indiscutível de atores como, por exemplo, Luca Zingaretti, intérprete do comis-sário Salvo Montalbano – per-sonagem criado pelo renomado escritor siciliano Andrea Camil-leri – tornou-se tema de debate em âmbito acadêmico. “A ima-gem transmitida pelos persona-gens de tais séries televisivas contribuem com a construção de uma relação de confiança entre instituições e cidadãos”, comenta Milly Buonanno, do-cente de sociologia dos Proces-sos Culturais e Comunicativos da Universidade La Sapienza, de Roma.

A figura do policial é tão im-portante para a população que a morte do inspetor de polícia Fi-lippo Raciti durante uma partida de futebol entre os times Catania e Palermo movimentou multidões durante o seu funeral. Fenômeno de uma Itália que se recusa a se acostumar com a violência.

Fascínio sobre os jovensA Arma dei Carabinieri foi cria-da dia 9 de agosto de 1914 pelo rei Vittorio Emanuele I di Savoia e, neste ano, festeja o seu 193o aniversário. Inicialmente, a Arma contava com 805 homens, dos quais 476 a cavalo e 327 a pé, mas hoje conta com 118 mil homens.

A figura do carabiniere conti-nua a exercer fascínio sobre mi-lhares de jovens. Os homens que compõem a Arma executam pa-trulhamentos militares em solo nacional e no exterior, defendem a segurança de sedes diplomáti-cas e garantem a segurança pú-blica italiana. Cada membro assu-me um dos cinco cargos previstos (ufficiali, ispettori, sovrintenden-ti, appuntati e carabinieri) e cada cargo é subdividido em diversos níveis hierárquicos.

O percurso para se tornar um carabiniere prevê a prestação de concurso público para a Accade-mia Militare. Os requisitos in-cluem a obrigatoriedade da cida-dania italiana, idade máxima de 32 anos e estatura não inferior a 1,70 metro para homens e 1,65 metro para mulheres, e segundo grau completo.

Já a Polizia di Stato, que muitas vezes exerce funções

análogas àquelas da Arma dei Ca-rabinieri, tem cerca de 200 mil homens. O objetivo: proteger os cidadãos em setores especializa-dos (polícia rodoviária, ferroviá-ria, marítima, científica, imigra-ção e comunicações).

A carreira de carabiniere ou o ingresso na Polizia di Stato são muito disputados. A remuneração fixa de um membro da Arma va-ria de 15 mil euros anuais para um carabinieri a 23 mil euros (bruto) anuais para um tenente-coronel. Na Polizia di Stato, o salário médio é de 1.100 euros mensais, mais a indennità di rischio, soma que os-cila de acordo com o tipo de ris-co enfrentado. O valor do seguro pago à família de um carabiniere morto em serviço também varia de acordo com a causa da morte.

Cada carabiniere dispõe de um revólver Beretta modelo 92 FS, uma metralhadora Beretta modelo PM 12 S2, um fúzil Be-retta 70/90 e uma metralhadora leve FN Minimi. Em missões es-peciais, o seu armamento inclui uma metralhadora heckler & Ko-ch MPS, um fúzil Franchi SPAS 15 mil, uma carabina Maser 66 SP e um fúzil Accuracy International Mod. AWP.

Casos de assassinato de ca-rabinieri não são frequentes em solo nacional e, quando ocorrem, viram notícia.

Polícia violentaSão Paulo ainda é uma das ci-dades mais violentas do Brasil. Somente no primeiro semestre deste ano, mais de 80 pessoas morreram em confronto com po-

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Una corporazione di tutto rispettoNell’immaginario collettivo ita-liano nessun altra categoria di professionisti impone così tanta autorità e rispetto quanto la po-lizia. Secondo sondaggi fatti nel maggio di quest’anno dall’Istituto Piepoli S.p.A., la fiducia nei po-liziotti supera quella goduta dai magistrati e dallo stesso Parla-mento. Dell’universo di mille cit-tadini intervistati, l’84% dichiara di avere fiducia nella polizia, e il 70% dice che la sensazione di si-curezza è aumentata o è rimasta inalterata negli ultimi mesi.

Non è per caso che i program-mi televisivi italiani che alludono a questi professionisti presentino alti indici di audience. Rifletto-no la preferenza nazionale. Cara-binieri, Distretto di Polizia, Gen-te di Mare, Il maresciallo Rocca e Don Matteo sono soltanto alcu-ne delle fiction i cui protagonisti rappresentano le più importanti istituzioni italiane di sicurezza: la Polizia di Stato e l’Arma dei Ca-rabinieri, oltre alle Forze Armate.

L’indiscutibile successo di attori come, ad esempio, Lu-ca Zingaretti, che interpreta il commissario Salvo Montalbano – personaggio creato dal famo-so scrittore siciliano Andrea Ca-milleri – è divenuto tema di di-battiti nel mondo accademico. “L’immagine trasmessa dai per-sonaggi di queste fiction con-tribuisce alla costruzione di un rapporto di fiducia tra istituzio-ni e cittadini”, commenta Milly Buonanno, docente di Sociologia dei Processi Culturali e Comuni-cativi dell’Università La Sapien-za, di Roma.

L’immagine del poliziotto è così importante per la popola-zione che la morte dell’ispetto-re di polizia Filippo Raciti, du-rante una partita di calcio tra le squadre Catania e Palermo, ha fatto muovere intere folle duran-te il suo funerale. Fenomeno di un’Italia che si rifiuta ad abituar-si alla violenza.

Fascino sui giovaniL’Arma dei Carabinieri è stata fondata il 9 agosto 1914 da re Vittorio Emanuele I di Savoia e, quest’anno, festeggia il suo 193o anniversario. Agli inizi, l’Arma contava su 805 uomini, di cui 476 a cavallo e 327 a ter-ra, ma oggi conta su 118mila uomini.

I carabinieri continuano ad affascinare migliaia di giova-ni. Gli uomini che appartengo-no all’Arma svolgono pattuglie militari in territorio nazionale e all’estero, difendono la sicurezza delle sedi diplomatiche e garan-tiscono la sicurezza pubblica ita-liana. Ogni membro assume uno dei cinque incarichi previsti (uf-ficiali, ispettori, sovrintendenti, appuntati e carabinieri) e ogni incarico viene suddiviso in vari livelli gerarchici.

Il percorso per diventare un carabiniere prevede l’iscrizione a concorsi pubblici per l’Accade-mia Militare. I requisiti includo-no l’obbligo di essere cittadini italiani, un’età massima di 32 anni e una statura non inferio-re a 1,70 per gli uomini e 1,65 per le donne, e studi superiori completi.

Invece la Polizia di Stato, che spesso eserce funzioni analoghe a quelle dell’Arma dei Carabinie-ri, dispone di circa 200mila uo-mini. I suoi obiettivi: proteggere

i cittadini in settori specializzati (polizia stradale, ferroviaria, ma-rittima, scientifica, immigrazione e comunicazioni).

La carriera dei carabinieri o l’entrata nella Polizia di Stato so-no molto contese. La busta paga fissa di un agente dell’Arma va dai 15mila euro annuali per un carabinere a 23mila euro (lordi) annuali per un tenente-colonnel-lo. Nella Polizia di Stato, lo sti-pendio medio è di 1.100 euro al mese più l’indennità di rischio, somma che oscilla a seconda del tipo di rischio affrontato. Il va-lore assicurativo pagato alla fa-miglia in caso di morte in ser-vizio varia anch’esso secondo la causa mortis.

Ogni carabiniere dispone di un revolver Beretta modello 92 FS, una mitragliatrice Beretta modello PM 12 S2, un fucile Be-retta 70/90 e una mitragliatrice leggera FN Minimi. In missio-ni speciali, le sue armi includo-no una mitragliatrice Heckler & Koch MPS, un fucile Franchi SPAS 15mila, una carabina Maser 66

SP e un fucile Accuracy Interna-tional Modello AWP.

Casi di omicidi di carabinie-ri non sono frequenti in Italia e, quando accadono, diventano notizia.

Polizia violentaSan Paolo è ancora una delle più violente città del Brasile. Solo nel primo semestre di quest’an-no più di 80 persone sono morte in scontri con poliziotti milita-ri nella capitale. Nel 2006, que-sto numero ha sorpassato le 250 persone, specialmente come ri-sposta della polizia ad attacchi della fazione criminale Primeiro Comando da Capital (PCC).

Ricercatrice del Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV-USP), la sociologa Cristi-na Neme avvisa che la polizia di San Paolo è una delle più vio-lente del paese, perdendo solo dalla polizia di Rio de Janeiro. Gli alti tassi di morti in scontri con la polizia sono, secondo lei, uno dei problemi più seri della sicurezza pubblica, così come la

Polizia di Rio affronta protesta di abitanti dopo la morte di un

minorenne nel Morro da Mangueira Tropa de Choque di San Paolo invade la Faculdade de Direito della USP per portare via gli universitari

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Polícia do Rio enfrenta protesto de moradores após morte de um

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liciais militares na capital. Em 2006, esse número ultrapassou 250 pessoas, principalmente em resposta da polícia a ataques da facção criminosa Primeiro Co-mando da Capital (PCC).

Pesquisadora do Núcleo de Es-tudos da Violência da USP (NEV-USP), a socióloga Cristina Neme alerta para o fato de a polícia de São Paulo ser uma das mais vio-lentas do país, atrás apenas da polícia do Rio de Janeiro. As al-tas taxas de mortes em confron-tos com a polícia são, segundo ela, um dos problemas mais sé-rios de segurança pública, assim como a corrupção. Segundo da-dos oficiais, a média de policiais militares demitidos ou expulsos desde 2002 em São Paulo gira em torno de 370 policiais por ano.

— É preciso um maior con-trole das instituições policiais. Esse descontrole gera inseguran-ça na população, pelo abuso de autoridade e uso de força desne-cessário — defende.

Profissão perigoOs cerca de 23 mil PMs da ci-

dade de São Paulo, divididos en-tre oficiais e soldados, trabalham 12 horas por dia com descanso de 36 horas, e recebem salário-base bruto que varia de cinco a nove salários-mínimos. Em caso

de morte, o seguro paga à família 100 mil reais no estado de São Paulo, bem mais do que recebem viúvas e órfãos dos PMs do Rio (20 mil reais).

O número de PMs mortos vem caindo em São Paulo, exceto por um pico em 2006, quando o PCC matou pelo menos 40 policiais, tornados em alvos de ataques em seus horários de folga.

Segundo o capitão Marcel Lacerda Soffner, da Comunica-ção Social da Secretaria de Se-gurança Pública de SP, “não há como negar que esta é uma pro-fissão de risco”. Ele cita uma pesquisa que revelou ser a prin-cipal preocupação dos policiais o medo de haver problemas de comunicação em casos de ur-gência. O estado investiu mais de 200 milhões de dólares em tecnologia de comunicação via rádio digital criptografada (que impede interceptações), na aquisição de viaturas, equipa-mentos de proteção e constru-ção de hospitais.

Mas, na opinião do presiden-te da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do estado de São Paulo (Aopm), coronel Luiz Car-los dos Santos, tais investimen-tos não minimizam os riscos.

— De nada adianta fornecer viaturas, coletes à prova de bala, se o policial não tem direitos a condições básicas para viver com dignidade — afirma.

Santos explica que os PMs vi-vem, a maioria, na periferia vio-lenta, com as famílias sob per-manente ameaça, e estressados por uma jornada dupla em bicos de segurança particular.

— O policial vive sob tensão 24 horas, tanto no trabalho quan-to no bairro em que vive — reve-la o coronel, e reitera: — O go-verno precisa investir no homem, caso contrário ele não terá o po-licial que a população deseja.

Farda manchadaO governador Sérgio Cabral esta-va na Itália, quando a PM estou-rou no Rio de Janeiro a Opera-ção Duas Caras, no último 18 de setembro, para prender 56 poli-ciais envolvidos num esquema de proteção a traficantes de drogas. Foram parar na cadeia 10% dos homens do 15º Batalhão de Polí-cia Militar, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O gover-nador tratou de interpretar com otimismo mais um fato a man-char a imagem da PM do Rio:

— Nossa polícia investiga a nossa polícia. Nossos policiais militares e civis sérios e hones-tos estão trabalhando para lim-par a polícia. Eu diria que o poli-cial que está ligado ao tráfico de drogas é mais criminoso do que o próprio criminoso.

De acordo com dados da Cor-regedoria Interna, a cada 25 ho-ras um PM vai para a cadeia no Rio. Estima-se que, ao final des-te ano, dos cerca de 38 mil PMs da corporação, vão passar de 350 os presos por desvios de condu-ta. No ano passado, ocorreram 334 prisões. Em três anos, houve mais de mil.

A imagem do policial no Rio vai mal não é de hoje. Em pes-quisa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Uni-versidade Cândido Mendes (Ce-sec-Ucam), concluída em 2004, 11% dos entrevistados (2.250 pessoas) informaram ter sido ví-timas de extorsão ou de tentati-va de extorsão. Do total, 67,6% classificaram a PM como corrup-ta; 56,9%, como muito violenta e 82% como pouco eficiente no combate a crises, como as guer-ras do tráfico.

capa

Disputa policialDe acordo com o presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (Aspra), Van-derlei Ribeiro, a rivalidade entre corporações prejudica a seguran-ça pública no estado.

— Na Itália, o padrão de vi-da é alto e há uma única polícia, fardada, e um grupo de investiga-ção. Lá não existe disputa. Aqui no Rio, além de ganharmos mal, ainda disputamos espaço. Isso é ruim para a sociedade e para as corporações — reflete.

Ribeiro cita, por exemplo, a diferença entre os salários das polícias civil e militar do Rio:

— Um soldado ganha, em média, 800 reais (bruto). Um de-tetive, de última escola, ganha uma diferença a mais de cerca de 600 reais.

Segundo o presidente da As-sociação, é preciso haver um padrão federal único para as polícias.

— Não existe uma política nacional de segurança pública. Fica a critério de cada governa-

corruzione. Secondo dati ufficia-li, la media di poliziotti licenzia-ti o espulsi dal 2002 a San Pa-olo si aggira sui 370 poliziotti all’anno.

— Ci vuole un controllo mag-giore delle istituzioni pubbliche. Questa mancanza di controllo genera insicurezza alla popola-zione, dovuto agli abusi di au-torità e all’uso di forza evitabili — difende.

Professione pericoloI circa 23mila PMs di San Paolo, divisi tra ufficiali e soldati, la-vorano 12 ore al giorno con un riposo di 36 ore, e guadagnano uno stipendio lordo che va dai 5 ai 9 stipendi minimi. In caso di morte, l’assicurazione paga alla famiglia 100mila reali nello sta-to di San Paolo, molto di più di quanto ricevono vedove e orfani dei PMs di Rio (20mila reali).

Il numero di PMs morti dimi-nuisce a San Paolo, a parte un aumento nel 2006, quando il PCC ha ucciso perlomeno 40 poliziot-

ti, divenuti bersaglio di attacchi nel loro orario di riposo.

Secondo il capitano Marcel Lacerda Soffner, della Comuni-cação Social da Secretaria de Se-gurança Pública di SP, “non si può negare che questa sia una professione di rischio”. Cita una ricerca che ha rivelato che la paura di avere problemi di co-municazione in casi urgenti sia la maggior preoccupazione dei poliziotti. Lo stato ha investi-to più di 200 milioni di dollari in tecnologia di comunicazione via radio digitale criptografata (che impedisce intercettazioni), in acquisto di vetture, equipag-giamenti di protezione e costru-zione di ospedali. Ma, secondo il presidente dell’ Associação dos Oficiais da Polícia Militar dello stato di San Paolo (Aopm), co-lonnello Luiz Carlos dos Santos, questi investimenti non mini-mizzano i rischi.

— È inutile fornire vetture, giubbotti antiproiettile, se il po-liziotto non gode del diritto di

usufruire di condizioni basiche per vivere dignitosamente — af-ferma. Santos spiega che i PMs vivono, in maggior parte, nella violenta periferia, con le fami-glie sotto minaccia costante, e stressati dovuto ad una doppia giornata come guardie di sicu-rezza private.

— I poliziotti vivono sotto tensione 24 ore, tanto sul lavoro quanto nel quartiere dove vivono — rivela il colonnello, e ribadi-sce: — Il governo deve investire negli uomini, altrimenti non avrà i poliziotti che la popolazione desidera tanto.

Divisa macchiataIl governatore Sérgio Cabral era in Italia quando la PM ha dato inizio, a Rio de Janeiro, all’Ope-ração Duas Caras, il 18 settembre,

per arrestare 56 poliziotti coin-volti in uno schema di protezio-ne a narcotrafficanti. Sono finiti in galera il 10% degli uomini del 15º Batalhão de Polícia Militar, a Duque de Caxias, nella Baixa-da Fluminense. Il governatore ha subito interpretato con ottimi-smo un altro fatto che macchia l’immagine della PM di Rio:

— La nostra polizia indaga la nostra polizia. I nostri poliziotti militari e civili seri e onesti la-vorano per ripulire la polizia. Io direi che il poliziotto legato al narcotraffico è più criminale del-lo stesso criminale.

Secondo dati della Correge-doria Interna, ogni 25 ore un PM finisce in carcere a Rio. Si stima che, entro la fine di quest’anno, dei circa 38mila PMs della corpo-razione, saranno più di 350 in-

Presidente Giorgio Napolitano desfila em carro de combate da polícia durante a festa dos 193 anos da Arma. Agentes com farda de gala se

apresentam durante o evento comemorativo da corporação

Il Presidente Giorgio Napolitano sfila su di un autocarro della polizia durante la festa dei 193 anni dell’Arma. Agenti della polizia in divisa di gala

si presentano durante l’evento commemorativo della corporazione

“Diversos são os sentimentos que se passam na vida de um

PM no Rio de Janeiro, o sentimento de insegurança

e impotência, sendo este comum para todo cidadão. Ser

policial envolve os sonhos e frustrações de um jovem

que ao entrar para a corporação pensava em

fazer a diferença e, com o passar dos anos,

vê que é muito, muito difícil, mudar certas coisas”. X., de 37 anos,

oficial da Polícia Militar do Rio

“Ainda acredito

que a maioria d

os policiais seja

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de Segurança Pú

blica.

O aniversário da Arma ocorreu pelas ruas do centro de Roma.

A cavalaria montada da instituição também marcou presença na

comemoração dos 193 anos

L’anniversario dell’Arma si è avuto nelle vie del centro di Roma. Anche la cavalleria montata

dell’istituzione si è fatta presente alla commemorazione dei 193 anni

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dor. Aí, com a carência de ver-bas, o PM fica em situação vulne-rável e delicada — relata.

Como solução, Ribeiro suge-re uma mobilização social mais intensa.

— Cabe à sociedade exigir mudanças. Não basta se como-ver somente com casos de re-percussão, aqueles mais mar-cantes. A sociedade não pode ficar de braços cruzados — de-sabafa o coronel.

Cooperação à vistaA polícia do Rio de Janeiro vai re-ceber lições italianas de combate à máfia. Um acordo de coopera-ção foi assunto, em setembro, de reuniões, na Itália, do governa-dor Sérgio Cabral com o ministro do Interior, Giuliano Amato, res-ponsável pela segurança interna do país, e com o procurador na-cional Anti-Máfia, Emilio Ledo-ne durante a visita da comitiva fuminense à Itália. O secretário de Segurança Pública do Rio, Jo-sé Mariano Beltrame, planeja via-gem à Itália, neste ano, para de-talhar o acordo.

— Eles estão dispostos a traçar uma parceria. A idéia de cooperação atinge três setores: o operacional, com o Ministério do Interior e a polícia italiana; o combate ao crime, com o setor de inteligência deles; e o jurídi-co, com a Procuradoria Nacional

Anti-Máfia — explica o gover-nador, sobre a oportunidade do auxílio mútuo na repressão a cri-mes como tráfico internacional de drogas e pedofilia, assim co-mo na captura de foragidos.

Foi firmada parceria também para o treinamento de policiais e para o fornecimento de tecnolo-gia para a luta contra crimes de comum interesse.

— Estamos sempre dispostos a compartilhar estratégias e solu-ções para as nossas questões de segurança — afirma Beltrame.

O consultor da Secretaria Na-cional de Segurança, coronel Fe-lipe Dantas, lembra que Brasil e Itália sempre mantiveram acor-dos na área de segurança pública. Como exemplo, cita o contrato de extradição bilateral, de 1989, ra-tificado em 93. A Coordenadoria de Combate aos Ilícitos Transna-cionais (Cocit), do Ministério das Relações Exteriores, e a Interpol, também atua em parceria com a Itália no combate ao crime em nível nacional.

— Temos acordos de coopera-ção no campo criminal e jurídico. Isso envolve o combate ao tráfico de mulheres e de órgãos, prostitui-ção infantil e de homossexuais. O Brasil é um país que aderiu a Con-venção de Palermo, de 99, e que tratou do combate ao crime orga-nizado — afirma o coronel.

carcerati per deviazione di com-portamento. L’anno scorso, si sono avute 334 prigioni. In tre anni, più di mille.

L’immagine dei poliziot-ti a Rio va male e non da og-gi. In un sondaggio del Centro de Estudos de Segurança e Cida-dania dell’Universidade Cândido Mendes (Cesec-Ucam), conclu-sa nel 2004, l’11% degli inter-vistati (2.250 persone) hanno detto di essere stati vittime di estorsione o di un tentativo di estorsione. Del totale, il 67,6% ha accusato di corruzione la PM; il 56,9% l’ha definita molto vio-lenta e, l’82%, poco efficiente nella lotta a crisi come quella della lotta allo spaccio di stu-pefacenti.

Antagonismi polizieschiSecondo il presidente dell’Asso-ciação de Praças da Polícia Mili-tar e do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (Aspra), Vanderlei Ribeiro, la rivalità tra le corpora-zioni è deleteria per la sicurezza pubblica dello stato.

— In Italia, lo standard di vita è alto e c’è un’unica poli-zia, in divisa, e un gruppo inve-stigativo. Là non ci sono rivali-tà. Qui a Rio, oltre a guadagnare male, ci contendiamo pure lo spazio. Questo è un male per la società e per le corporazioni — riflette.

Ribeiro cita, ad esempio, la differenza tra gli stipendi dei po-liziotti civili e militari a Rio:

— Un soldato guadagna, in media, 800 reali (lordi). Un de-tective, con corso universitario, guadagna circa 600 reali in più.

Secondo il presidente dell’As-sociação, dovrebbe esserci uno standard federale unico per le polizie.

— Non esiste una politica nazionale di sicurezza pubblica. Rimane a criterio di ogni gover-natore. E allora, con la scarsezza di sussidi, il PM si trova in si-tuazione vulnerabile e delicata — riporta.

Come soluzione, Ribeiro sug-gerisce una mobilizzazione so-ciale più intensa.

— È compito della società pretendere cambiamenti. Non basta commuoversi soltanto in casi famosi, che segnano di più. La società non può restare a braccia conserte — si sfoga il colonnello.

Cooperazione all’orizzonteLa polizia di Rio de Janeiro pren-derà lezioni italiane sulla lotta alla mafia. Un accordo di coo-perazione è stato tema, in set-tembre, di riunioni, in Italia, del governatore Sérgio Cabral con il ministro degli Interni, Giuliano Amato, responsabile della sicu-rezza interna del paese, e con il procuratore nazionale Antima-fia, Emilio Ledone. Il segretario di Segurança Pública di Rio, Jo-sé Mariano Beltrame, prepara un viaggio in Italia, quest’anno, per dettagliare l’accordo.

— Loro sono disposti a trac-ciare una partnership. L’idea del-la cooperazione raggiunge tre settori: quello operativo, con il Ministero degli Interni e la po-lizia italiana; quello della lotta al crimine, con il loro settore di intelligenza; e quello giuridico, con la Procura Nazionale Anti-mafia — spiega il governato-re, parlando dell’opportunità di aiuto mutuo nella repressione ai reati come quelli del traffico internazionale di stupefacenti e pedofilia, così come nella cattu-ra di latitanti.

È stata siglata una partner-ship anche per l’addestramento di poliziotti e per il rifornimento di tecnologia per la lotta contro reati di interesse comune.

— Siamo sempre disposti a condividere strategie e soluzioni per i nostri problemi di sicurezza — afferma Beltrame.

Il consulente della Secreta-ria Nacional de Segurança, co-lonnello Felipe Dantas, ricorda che Brasile e Italia hanno sem-pre mantenuto accordi nell’area della sicurezza pubblica. Co-me esempio, cita il contratto di estradizione bilaterale, del 1989, ratificato nel ’93. Anche la Coor-denadoria de Combate aos Ilíci-tos Transnacionais (Cocit), del Ministério das Relações Exterio-res, e l’Interpol, agiscono in ac-cordo con l’Italia per la lotta ai reati a livello nazionale.

— Disponiamo di accordi di cooperazione nel campo crimina-le e giuridico. Questo coinvolge la lotta al traffico di donne e di organi, prostituzione infantile e di omosessuali. Il Brasile è un paese che ha aderito alla Con-venzione di Palermo, del ’99, che si è occupata della lotta al crimi-ne organizzato — afferma il co-lonnello.

“Na Itália, trabal

hei nas ruas, cui

dando do povo. L

á, as

mães vêm nos pedir para

conversar com

seus filhos se

eles estão em desvio

de comportamento. As pessoas

nos

ligam para bater um papo. Po

lícia e cidadãos

se dão

bem. Posso dizer que

não há coisa melhor

do que poder a

judar os outros.

Como aqui no

Brasil, a gent

e sabe que na c

orporação há caso

s de

policiais corrup

tos, isso, aliás, é

um problema do mundo”.

Marco Colbacchini

, de 33 anos,

carabiniere do

Consulado Gera

l da Itália

“O bom policial tem que ser um pouco de psicólogo,

para ouvir e tentar compreender as pessoas; sociólogo,

para saber lidar com as diferenças nos locais onde

circula e trabalha; e, matemático, para calcular os

riscos de suas ações. Isso tudo a gente

ouve no curso e no dia-a-dia aprendemos

a ser rígidos e ao mesmo tempo elásticos”Giuseppe Piccardi, 36,

chefe de segurança do Consulado da Itália no Rio

ComunitàItaliana – Tropa de Elite non ha avuto la prima. C’è una grande at-tesa perché si tratta di un

film molto vicino alla realtà bra-siliana, tanto per la questione della violenza poliziesca, quanto dovuto alla commercializzazione pirata del film. Qual è la tua opi-nione su tutto questo?Bráulio Mantovani – Quello che mi dà più fastidio nel caso di Tropa de Elite è che la copia pirata è una versione non completa. Le persone che vedono questo materiale non stanno vedendo il film come do-vrebbe essere. L’abbiamo cambiato molto nel montaggio. Ed è molto migliore della versione pirata.CI - Qual è la tua posizione sull’idea secondo cui il film, da una parte dà un’impronta di eroismo alla truculenza poliziesca e, da un’al-tra, agisce come denunciatore di questa stessa violenza?BM – Io non credo che Tropa de Elite sia un film di banditi e gen-te cattiva. Chi è l’eroe nel film? Come un tipo che tortura senza pietà, uccide senza misericordia e maltratta bambini può essere un eroe? Qualcuno può essere

Raramente un film nazionale è stato così atteso e ha causato tante polemiche come Tropa de Elite, di José Padilha. La produzione ha preso d’assalto il Brasile ancora prima della sua prima, prevista per questo mese. Prima una copia non autorizzata del film è apparsa in internet, disponibilizzata per il download a chiunque. Risultato: è andata a finire sui banchetti dei venditori ambulanti di Rio e San Paolo. Per completare, lo stesso Batalhão de Operações Especiais (Bope) di Rio ha aperto un processo in cui chiede la sospensione delle proiezioni del film, paventando un’eventuale danno all’immagine della corporazione. Richiesta negata. Alle spalle di questa confusione, un discendente di italiani: il paulista Bráulio Mantovani, 44 anni, uno degli sceneggiatori del film. In intervista a Comunità, tratta con disdegno il commercio pirata del film. Garantisce che la produzione non è diversa dalle altre in cui ha già lavorato e non è d’accordo con chi dice che il film crea uno spirito eroico del poliziotto. Laureato in Lettere presso la Pontifícia Universidade Católica (PUC) di San Paolo e con post laurea in Sceneggiatura Cinematografica conseguita presso l’Universidade de Madrid, Mantovani è stato lo sceneggiatore di un altro successo nazionale: Cidade de Deus, di Fernando Meirelles.

rosanGEla coMUnalE

L’italiano dietro le quinte di “Tropa de Elite”

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intervista

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considerato un eroe per questo? Credo sia una follia.CI – Perché credi ci sia stato tut-to questo impatto?BM – Ancor prima di qualsia-si polemica, il progetto è sem-pre stato speciale per me. Anzi, è un grande progetto. Ma credo che l’impatto del film si deva al-la maniera come il tema è stato affrontato dai suoi realizzatori, come José Padilha [regista], per esempio. Anche se non avessi fatto parte del film, Tropa de Eli-te avrebbe fatto scalpore. E sono stati loro che hanno cominciato il progetto. Battiamogli le mani!CI – Come analizzi il compor-tamento del Bope nel mezzo di questa polemica?BM – Non ho molto da dire. Il film espone una struttura violen-ta, sia per la corruzione, sia per la violenza fisica. È naturale che la polizia sia infastidita dal film.CI – Quindi pensi che il film abbia un carattere denunciatore?BM – Chissà, aiuterà a cambiare qualcosa? Forse aiuterà a discu-tere il problema. Ma risolverlo, no di sicuro.CI – In cosa credi che Tropa de Elite sia diverso dagli altri tuoi lavori?BM – Non ci sono divergenze. Ci sono differenze. Tutti sono di-versi. Ed è proprio questo che mi piace. Non ho voluto collaborare alla fiction e nemmeno al film Ci-dade dos Homens perché ho capi-to che avrei raccontato differenti versioni di una storia che avevo già raccontato. Non è invece il caso di nessuna sceneggiatura scritta dopo Cidade de Deus.CI – Ma quali sono le tue aspetta-tive per la prima del film?

BM – Spero che il film abbia suc-cesso, ma non si può mai sapere. Non esiste una formula di suc-cesso. Io sono molto orgoglioso di aver lavorato in Tropa de Elite. Sono stato molto felice di aver lavorato insieme a José Padilha. Vogliamo fare altri film insieme.CI – Oggi l’internet svolge un ruo-lo cruciale nella questione della pirateria. Cosa pensi possa es-sere fatto perché sia risolta?BM – Mancano meccanismi e stru-menti di riscossione. La pirateria causa danni economici che non attingono gli sceneggiatori.CI – Quindi per te questo è indif-ferente?BM – In generale, mi preoccupe-rò della pirateria soltanto quando gli sceneggiatori cominceranno a guadagnare per i diritti d’autore da chi proietta i film. Per legge, avremmo questo diritto. Quando questo verrà rispettato, allora comincerò a preoccuparmene.CI – Cosí come Tropa de Elite, an-che Cidade de Deus è un film che affronta la violenza tra poliziotti e narcotrafficanti. Per coinci-denza, anch’esso è piaciuto alle masse. Avresti una spiegazione per questo?BM – Cidade de Deus è stato pro-iettato fuori concorso al Festival di Cannes. Da un momento all’altro è diventato il film più commentato del festival. Le 12 interviste che Fernando aveva fissato si sono tra-sformate in più di 100. Lí ho capi-to che potevamo avere successo. Ma in quel momento non ho nean-che immaginato che avremmo po-tuto avere un successo così gran-de. È stata una grande esperienza. Ho scritto quello che volevo e co-me volevo. E ha funzionato. È un privilegio. È stato cosí positivo che se non farò mai più un film bello come questo non mi importerà. È valso per tutta la vita. CI – Hai già pensato di fare un la-voro rivolto in modo specifico al-la saga italiana in Brasile o una qualsiasi opera di questo gene-re? O per te il tema è già diventa-to un luogo comune?BM – Il tema è già stato affron-tato prima, ma ciò non significa che sia esaurito. È sempre possi-bile trovare buone storie. Secon-do me, dipende tutto dalla storia. Se un giorno troverò una buona storia di italiani in Brasile, forse potrò scriverne la sceneggiatura.CI – Qual è il tuo regista prefe-rito?

BM – Sono fan di Antonioni. Blow up e Professione: reporter sono i miei due film preferiti. È difficile spiegarlo senza ricadere in luo-ghi comuni. L’uomo era sempli-cemente geniale. Non conosco bene il cinema italiano contem-poraneo. È una mia pecca.CI – C’è chi dice che il grande ci-nema italiano non esiste più e non è neanche visto nei festival mondiali. Cosa ne pensi?BM – Purtroppo non seguo molto la cinematografia di nessun pa-ese al di fuori del Brasile. Non è per campanilismo, ma proprio per mancanza di tempo.CI – Ti sei sempre dedicato a pro-grammi educativi. Quando hai cominciato a coinvolgerti con sceneggiature per il cinema?BM – In realtà ho lavorato die-ci anni nel cinema prima di fare programmi educativi. Negli anni ‘80, ho lavorato a documentari, ho scritto mediometraggi e ho dato inizio a progetti per lungo-metraggi che non sono mai an-dati avanti. Il problema è che il mercato per gli sceneggiatori di cinema è ancora molto incipien-te in Brasile. È stato lavorando a serie educative per la TV che ho conosciuto Fernando Meirelles. E lui mi ha invitato a scrivere Cida-de de Deus. E, allo stesso tempo, il mercato per gli sceneggiatori ha cominciato ad esistere. È sta-ta una felice coincidenza.CI – Da dove viene l’ispirazione per scrivere per il cinema?BM – Io vivo di questo, quindi un buon cachet ispira sempre. Dal punto di vista creativo, ciò da cui traggo ispirazione è la diffi-coltà. Storie difficili da racconta-re mi affascinano.CI – È vero che mancano sceneg-giatori in Brasile e che questo por-ta ad un accumulo di lavori? Qual è il motivo di questa scarsezza?BM – Il fatto è che le persone contrattano sceneggiatori che hanno molta paura di rischiare. Fernando Meirelles ha corso un tremendo rischio quando mi ha chiamato. Ma pochi sono come lui. Le persone vogliono la ga-ranzia di che la sceneggiatura verrà bene e tendono a chiamare sempre le stesse persone. È que-sto che produce l’accumulo di la-voro nelle mani di pochi. Biso-gna dare opportunità ai ragazzi che stanno cominciando.CI – E quale lavoro ti ha reso più orgoglioso?

BM – Cidade de Deus. Ha rotto tutte le barriere ed ha generato un impatto nel cinema di tutto il mondo.CI – Sei discendente da italiani da parte del nonno paterno, non è vero? Il tuo cognome Mantova-ni è una variante del nome origi-nale ereditato da lui?BM – Non ho conosciuto il mio nonno paterno. Si chiamava Ga-etano Mantoan. Ma è vero, il co-gnome è stato alterato dall’im-migrazione in Brasile. È morto prima che nascessi.CI – E sei già andato in Italia a ve-dere la famiglia?BM – Ci sono stato quattro vol-te! L’adoro! Specialmente Roma e Venezia dove, tra l’altro, mia nonna materna Olga Folgarol-li ha vissuto fino ai sette anni, prima di venire in Brasile. È de-ceduta quando avevo sei anni, ma me la ricordo molto bene, eravamo molto vicini. Nessun altro nipote le si poteva avvici-nare quando c’ero io vicino. Io sono il più grande. Chi si azzar-dava ad abbracciare mia nonna, ce le prendeva! E, naturalmen-te, la pasta è ancora una delle tradizioni mantenute dalla mia famiglia.CI – Recentemente, l’Italia ha perso uno dei suoi tenori più po-polari, Luciano Pavarotti. Cosa apprezzi di più della musica ita-liana?BM – Non sono mai stato fan di Pavarotti. Ma adoro Morricone. Conosco poco l’opera. Mi piace Verdi, ma Wagner mi impressio-na di più.CI – Il popolo italiano ha una sensibilità e una grande rappre-sentatività nel mondo delle arti. Pensi di aver ereditato un qual-cosa in questo senso?BM – Non lo so, ma quando so-no andato in Italia la prima volta mi sono sentito a casa. Di soli-to mi perdo sempre. Mi perdo a San Paolo, dove sono nato e ho passato quasi tutta la mia vita. Invece a Roma e Venezia non mi perdo. Anche senza cartina. Cre-do di aver ereditato dall’Italia il gusto per i sentieri labirintici. Forse questo spiega la mia sce-neggiatura di Cidade de Deus.CI – Hai già ottenuto la cittadi-nanza?BM – Non ce l’ho. Potrei averla, ma ho sempre voluto essere brasiliano. Ora che ho un figlio, sto pensando di chiedere la cittadinanza.

“A Roma e a Venezia, non mi perdo. Anche senza cartina. Credo

di aver ereditato dall’Italia il piacere

per i sentieri labirintici. Forse

questo spiega la mia sceneggiatura del

film Cidade de Deus”

intervista

Vale supera Petrobras per la prima volta in BorsaLa Vale do Rio Doce, finalmente, ha sorpassato la Petrobras. Alla

chiusura della Bovespa dell’ultimo 28 settembre, l’industria me-tallifera valeva US$ 156,393 miliardi, mentre la statale US$ 155,619. Il risultato fa sì che la Vale sia la maggior industria dell’America Lati-na in valore di mercato – perlomeno fino ad ora. Fin dalla privatizza-zione, dieci anni fa, il suo prezzo in borsa è moltiplicato 15 volte.

Sito della polizia premiatoCamminare in nome della pace e in difesa dei diritti umani per

tutti. La Marcia della Pace, realizzata questo mese, ha riunito in Umbria circa 200mila persone. Quest’anno, l’evento ha reso omaggio a Anna Politovskaya, giornalista russa assassinata un anno fa e a Aung San Suu Kyi, leader dell’opposizione birmanese e premio Nobel per la Pace, in carcere da anni. Lungo il percorso di 24 chilometri tra la ca-pitale dell’Umbria, Perugia, e Assisi, la città di San Francesco, i par-tecipanti venuti da tutto il mondo, di tutte le confessioni e di tutti i quadri politici hanno chiesto che l’evento non sia solo simbolico, ma che sia accompagnato da azioni concrete a favore dei diritti umani. La Marcia della Pace, quest’anno organizzata da 200 associazioni e da movimenti pacifisti di 55 paesi, è trascorsa in un ambiente festivo. L’evento è stato creato nel 1961 dal filosofo pacifista Aldo Capitani.

In attesa della cittadinanzaCirca 20mila firme sono state raccolte dai Comitati degli Ita-

liani Residenti all’Estero (Comites) di tutto il Brasile, da con-siglieri del Consiglio Generale degli Italiani all’estero (CGIE) e dalle associazioni per richiedere al governo e al parlamento ita-liani risposte concrete ed urgenti al problema delle “file d’attesa” per il riconoscimento del diritto alla cittadinanza italiana. Oggi ci sono nel mondo 800mila persone in attesa, di cui 500mila solo qui in Brasile. Per averne un’idea, l’Argentina conta su 173 impie-gati distribuiti in 8 consolati. Qui, sono 98 per lo stesso numero di consolati. Ma questo divario non giustificherebbe questa situa-zione, visto che nei primi otto mesi del 2007 sono state concesse, in Brasile, soltanto 8.123 cittadinanze, contro le 22.922 concesse in Argentina. Una differenza ben superiore alla semplice propor-zione tra il numero di impiegati nei rispettivi consolati. La commissio-ne si è impegnata a seguire tutte le strade possibili per sensibilizzare il Consolato Generale a San Paolo [do-ve è maggiore l’accumulo di procedu-re in ritardo], l’Ambasciata Italiana in Brasile e tutte le istanze politico-costituzionali, per ricevere soddisfa-centi spiegazioni del motivo di una situazione non più giustificabile di fronte ad una delle maggiori colletti-vità italiane nel mondo.

notizie

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atualidade

A invasão dos piratas

Cresce venda ilegal de CDs e DVDs piratas no Brasil e na Itália

rosanGEla coMUnalE

dor. Mas não da forma ilegal. A distribuição digital se tornará a melhor coisa que já aconteceu na indústria da música — analisa.

Mesmo com o Brasil no IFPI, as autoridades têm demorado a agir. No episódio do va-zamento da cópia de Tropa de Elite, a De-legacia de Repressão aos Crimes contra a Pro-priedade Imaterial (DRCPIM), no Rio, abriu um in-quérito que, no final, apontou um dos técnicos da produção co-mo suspeito de ter feito a cópia ilegal do longa-metragem. Nada que tenha estancado a febre de vendas da versão pirateada do filme nas barracas de am-bulan-tes por todo o país.

— É evidente que a circulação de cópias piratas causa problema ao desempenho comer-cial do fil-me. Isso traz prejuízos não só ao produtor ou ao distribuidor, mas ao conjunto do cinema brasileiro e ao mercado audiovisual no país. Tropa de Elite foi um dos filmes brasileiros mais esperados do ano. Teve um investimento de recursos que o põe entre os mais caros já realizados no país, com orçamen-to de R$ 10 milhões — diz o pre-sidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel.

Crime da classe ASegundo pesquisa do Instituto Ipsos, 1,1 bilhão de arquivos fo-ram baixados de forma ilegal so-mente em 2005. No mesmo es-tudo, realizado em dez regiões metropolitanas brasileiras, cons-tatou-se que 67% dos casos de pirataria eram praticados pelas classes A e B, 59% dos envol-vidos com idades entre 15 e 24 anos. A banda larga tendo a pre-fe-rência de 69% desses grupos.

Para a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), o que prejudica a evo-lução do mercado brasileiro de música é a combinação de dois fatores: a pi-rataria física, representando mais de 40% do mercado fonográfico no Brasil, e a oferta de música gra-tuita pela internet.

— Se contabilizarmos a pira-taria digital e a física, esse nú-mero chega a 115 milhões de CDs por ano, contra 55 milhões da in-dústria legal. O Brasil é respon-sável por 1% do comércio legal de música no mundo, mas sua fa-tia no comércio ilegal é de 5% — alerta o presidente da ABPD, Paulo Rosa.

investem milhões de euros em música digital (e em filmes e jo-gos) — declara o executivo.

A Itália tem feito o dever de casa ao intensificar o combate à pirataria cibernética. As esta-tísticas nos primeiros seis meses de 2007 mostram que aumenta-ram as apreensões de CDs e DVDs falsos no país europeu. A polícia italiana, além de estourar cen-trais de masterização, conseguiu apreender cerca de 820 mil CDs e 400 mil DVDs. Segundo as au-toridades, essas ações reduziram as vendas ilegais nas ruas e afe-taram a pirataria liga-da aos sis-temas de compartilhamento de arquivos. Mas de 50 pessoas já foram denunci-adas à justiça.

Em outra operação, foram apreendidos mais de 250 mil ar-quivos compartilhados ou du-plicados. As prefeituras também entraram na briga. Expediram sanções administrati-vas ligadas à pirataria no valor de 20 milhões de euros. Na região da Campânia, o pro-blema é mais grave. A re-gião já é conhecida como a ca-pital italiana da produção e da difusão de produtos musicais ilegais. A polícia apreendeu na localidade 540 mil CDs e DVDs. Em segundo lugar está, o La-zio, com 450 mil apreensões,

e a Sicília, com 150 mil.De acordo com o diretor-ge-

ral da gravadora EMI Group, Eric Nicoli, a era digital che-gou para provocar uma completa mudança na cultura e no comportamento na indústria fonográfica.

— Não é fácil e nós deve-mos, naturalmente, lutar contra a pirataria de todas as formas. Não há dúvidas de que temos um compromisso com a inovação. E o verdadeiro foco é o consumi-

músicas (e filmes) pela internet. Não há desculpas. As pessoas de-vem entender que podem ser pe-gas, indepen-dente da rede de troca de arquivos que usam. Você pode ser um dos acusados, caso uti-lize os serviços P2P (sistema de compartilhamento) — afirma, categórico, o presidente da IFPI, John Kennedy.

O presidente da Federazio-ne dell’Industria Musicale Italia-na (Fimi), Enzo Mazza, acre-dita que esse trabalho conjunto possa ajudar a resolver o problema.

— Ninguém gosta de ações penais. Mas hoje, devido a uma oferta legítima, sempre mais aberta, é necessário atingir, com eficácia, aqueles que favorecem a difusão da pirataria, provocan-do graves danos às empresas que

A Itália e o Brasil resolve-ram unir forças no com-bate à comercialização ilegal de CDs e DVDs. Os

dois fazem parte de uma lista de 17 países que desenvolveram ações de com-bate à pirataria em parceria com a Federação Inter-nacional da Indústria Fonográfi-ca (IFPI) – órgão que representa as gravadoras de todo o mundo. No Brasil, o filme Tropa de Elite se tornou um caso emblemático, fenômeno de vendas nas bancas de camelôs três meses antes do lançamento, ocorrido em outu-bro, com as salas de cinema mais vazias do que se esperava.

— Em todas essas nações há serviços legais para a venda de

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Luxo A coleção inteira custa 150 mil euros. Trata-se de uma verdadeira obra de arte para cozinha: um tesouro em panelas, decoradas com 200 diamantes de várias medidas e alças em ouro maciço. Disponíveis em Harrods (Londres). Entre os primeiros clientes da Fissler está Giorgio Locatelli, chef da locanda londinese.

ModernidadeCom tecnologia Edgem, este Motorola A1200 é um celular que funciona com o sistema

Linux. Com display touch-screen de 2,4 polegadas, uma câmera de 2 megapixel e um viva-voz

integrado, esta novidade da Motorola também tem rádio FM

e um leitor multimídia. 349 euros www.motorola.it

Os produtos acima mencionados estão disponíveis nos mercados italiano e brasileiro.

iPodA Apple renova completamente toda a gama de leitores musicais iPod. A empresa acaba de lançar um outro, o Touch, que tem um display de nove centímetros sensível ao tato. Ele possibilita navegar na internet e fazer conexão ao site iTunes para baixar músicas. Com memória de oito gibabytes, permite armazenar 250 músicas. Custa 299 euros. Se quiser um Touch com mais espaço, há o de 16 gigabytes, por 399 euros

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SaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute

Basta um curativoA Comissão Européia homologou o uso de

um curativo para o tratamento do Mal de Alzheimer, que afeta 18 milhões de pesso-as em todo o mundo. A notícia foi dada pe-lo grupo farmacêutico suíço Novartis. O novo medicamento reduz os efeitos secundários e permite que os princípios ativos sejam trans-feridos através da pele e do sangue, de modo contínuo, durante 24 horas.

Caju para hipertensosUma pesquisa realizada pela Univer-

sidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vem mostrando que o caju pode ser um bom amigo daqueles que sofrem de pressão alta. O trabalho está sendo feito a partir da extração de uma resina (exsudato) extraída do caule do cajueiro. Passando por um processo de purifica-ção, o material acaba se transformando em goma e, a partir daí, pode ser utiliza-do para produção de alimentos voltados para o tratamento da hipertensão.

Sexo seguro?Apenas 50 % das mulheres italianas

usam métodos contraceptivos segu-ros na hora do sexo. Esses são os dados de uma recente pesquisa feita pela Socie-dade Italiana de Ginecologia e Obstetrícia (Sigo). O fator que chamou a atenção, se-gundo o relatório, diz respeito a primeira relação sexual, geralmente ocorrida entre os 17 anos. Uma em cada três adolescen-tes simplesmente ignora os preservativos. O resultado do trabalho foi apresentado na Primeira Jornada Mundial da Contracep-ção, no último dia 26. A pesquisa foi feita com 1,1mil mulheres.

Bom sinalCresce o número de pesquisas so-

bre medicamentos na Itália. No ano passado, foram cerca de 700 estu-dos referentes ao setor, representando um aumento de 20% em relação a 2005. Os dados foram revelados no VI Relató-rio Nacional da Agência Italiana Farma-cológica (Aifa). Entre os assuntos mais pesquisados estão as drogas antineo-plásicas e as imunomodulatórias, segui-das pelos medicamentos para o sistema nervoso e pelos antimicrobianos de uso sistêmicos.

A dieta do sangueQuem pensa que já ouviu tudo sobre die-

ta alimentar pode estar enganado. Des-sa vez, a novidade vem do naturopata ame-ricano Peter D’Adamo, que defende a tese de que sangue e comida determinam a possibi-lidade do desenvolvimento de doenças como o câncer, esclerose, esquizofrenia e enfarto. A base nutricional do regime é classificar os alimentos de acordo com cada tipo sangüí-neo. Quem tem sangue tipo A, segundo ele, não toleraria bem as carnes vermelhas, sen-do mais indicado um cardápio vegetariano. Já os do tipo O não poderia abrir mão das proteínas animais. O ideal, no entanto, é consultar um especialista antes de descobrir o tipo sangüíneo.

“Descoberta a doença e mantido o

tratamento, as pessoas podem

ter uma vida normal”

annunziata sonia Fusaro, endocrinologista

Pesquisadores de Firenze descobrem novo tratamento para o hipertireoidismo. Problemas na tiróide atingem 15% das populações brasileira e italiana

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Doença silenciosa

Está na corpo!A vida está estressante? Então é hora

de observar a pele. Sim, a pela, pois é por ela, primeiramente, que as tensões são descarregadas. Segundo a médica Ri-ta Viscovo, do Centro Médico Monterosa de Milão, os tecidos do corpo, assim co-mo aparelho gastrointestinal, são os que mais sofrem com os males do mundo mo-derno. De acordo com a especialista, o estresse, em sua fase crônica, aumenta a liberação do hormônio cortisol endó-geno, fazendo com que a doença cause desequilíbrio no organismo.

Cuca legalPara os amantes da cozinha oriental, uma

boa notícia: o curry, aquele condimen-to amarelado que da uma cor toda especial ao arroz, faz bem ao cérebro. A pesquisa foi divulgada no American Journal of Epdemio-logy. Segundo o estudo, a cúrcuma, um dos componentes do tempero, tem propriedade antioxidante e antiinflamatória. Os pesqui-sadores analisaram a relação entre os asiáti-cos – que têm o hábito de ingerir a especia-ria – e suas funções cognitivas. Resultado: os que consomem o curry com mais freqüên-cia receberam mais pontos quanto à capaci-dade intelectual.

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buídos em 1,70 metro. Depois de várias dietas sem resultados, e com hipertensão, foi ao cardio-logista e ele descobriu as taxas de T4 e T3 descontroladas.

— Foi aí que percebemos o motivo pelo qual nunca consegui emagrecer. Hoje controlo o hipo-tireoidismo com remédios e fa-ço exames de seis em seis meses — relata Lenilda, que enfrentou, recentemente, uma cirurgia para a retirada de um cisto do tireo-glosso (cisto fibroso localizado no pescoço): — Fiquei preocupa-da porque tomei anestesia geral, mas correu tudo bem.

Um simples exame de sangue identifica o problema em quem apresenta os sintomas. Ainda não há um motivo comprovado que ex-plique o fato de as mulheres serem as principais vítimas da tireóide. Há suspeita de que isso possa es-tar relacionado com os hormônios femininos, até porque o risco do mau funcionamento ocorre, quase sempre, depois dos 40.

Para que a tireóide funcione de forma adequada, existe uma dosagem mínima diária de iodo que deve ser consumida, cerca de 200 microgramas. Desde 1982, a população brasileira recebe su-plementação de iodo por meio do sal iodado. As necessidades de iodo para o ser humano são variáveis, dependendo da idade, sexo, estado gestacional ou pe-ríodo de lactação, calor e umi-dade regionais, além de hábitos individuais de adição de sal ao alimento.

Segundo o Instituto da Tire-óide, em São Paulo, cerca de 15% das pessoas acima de 45 sofrem de problemas na glândula no pa-ís, ou seja, cerca de 10 milhões de pessoas. De acordo com es-tudo do Policlínico Universitá-rio Agostino Gemelli di Roma, os problemas na tireóide aparecem na mesma proporção na popula-ção italiana.

ma costuma aparecer, com mais freqüência, nas mulheres. Caso de Maria Cristina Abreu, de 29 anos, que sentia o coração disparar.

— Meu coração disparava tão rápido que a sensação que eu ti-nha era a de que ia morrer — con-ta a assistente social, cujo proble-ma foi controlado com tratamento à base de iodo radioativo.

Os problemas na glândula po-dem ter inúmeras causas. Fatores genéticos e hereditários podem influenciar no funcionamento da tireóide, responsável pela produ-ção dos hormônios T4 e T3. Estes estimulam o metabolismo.

Segundo a endocrinologista Annunziata Sonia Fusaro, os sin-tomas variam de acordo com a doença. No hipotireoidismo po-dem ocorrer, por exemplo, sono-lência, inchaço, ganho de peso e até alterações menstruais.

— Depois de descoberta a doença e mantido o tratamen-

to, as pessoas podem ter uma vida normal — ga-rante a médica.

A secretária Lenil-da Lima, de 52, sempre

foi uma “mulher grando-na” como ela mesma se define. Depois de duas gestações, seu peso oscilava em torno de 80, 90 quilos, distri-

gonistas PPAR gamma – remédios utilizados no tratamento de dia-betes – inibem o crescimento ce-lular. Os PPAR-gamma bloqueiam a produção excessiva de hormô-nios desencadeada por um anti-corpo presente no sangue dos pa-cientes de hipertireoidismo.

O hipertireoidismo é a produ-ção excessiva de hormônios, já o hipotireoidismo consiste na baixa

produção ou em nenhu-ma. Toda pessoa

possui tireói-de, mas o

proble-

Sonolência, depressão, au-mento ou perda de peso, tremores. Tantos sintomas diferentes podem resultar

de um mesmo problema: o mau funcionamento de uma glândula chamada tireóide. Essa disfunção pode ser denominada como hiper-tireoidismo (doença de Graves) ou hipotireoidismo. Pesquisadores da Universidade de Firenze descobri-ram novos medicamentos para o tratamento da doença.

Os cientistas demonstraram que os anta-

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turismo

problema no Novo e no Velho mundo

Não é de hoje que as su-cessivas crises no siste-ma educacional brasileiro põem à prova, a todo o

instante, a capacidade adminis-trativa dos profissionais do setor. Estudo da Organização para a Co-operação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), deste ano, confrontou dados de 36 países e mostrou que o Brasil investe pouco e mal em educação. O Rio, por exemplo, viveu um dos seus piores momentos no primeiro se-mestre de 2007, com redução no quadro dos profissionais que dei-xou cerca de 20 mil alunos sem aulas por mais de seis meses. A carência de professores, associa-da ao preço alto dos livros, pro-

voca crise semelhante na edu-cação italiana, cujo ano letivo começou em setembro.

— Foram interrompidos pro-jetos de qualidade de ensino que já estavam implantados há anos. Isso sem contar com os cortes de docentes dedicados à edu-cação para adultos — denuncia o secretário da Federazione dei Lavoratori della Conoscenza e da Confederazione Generale Italia-na del Lavoro (FLC- CGIL), Enrico Panini.

A iniciativa de diminuir o nú-mero de professores nas escolas partiu do próprio governo italia-no. O Ministério da Economia en-trou em rota de colisão com o da Educação quando tentou dispen-

sar 19 mil profissionais no início do ano. Depois de uma queda-de-braço, foram dispensados 11,5 mil professores.

Na região da Lombardia, fo-ram extintas 350 vagas de do-centes, ao passo que houve, no mesmo período, um aumento de 16 mil estudantes. A situação é ainda pior na Sicília, no sul do país, com 1,12 mil professores a menos. O Lácio também teve uma baixa de 600 educadores, enquanto a cidade recebeu dois mil novos alunos.

A professora italiana Vicenza Di Leo, que trabalha em uma es-cola no município de Sala Consi-lina, na região da Campânia, no sul da Itália, admite o problema,

mas diz que a situação não chega a ser tão grave.

— Eu diria que é critica, mas não grave. Sempre tivemos pro-blemas com a falta de professo-res, principalmente com os tem-porários — diz Vicenza.

Na tentativa de evitar uma evasão escolar – reduzida em 1,3 % entre 2005 e 2006 – o go-verno decidiu obrigar os jovens ao estudo até os 16 anos.

— Trata-se de uma norma sensata. Há institutos que per-dem 25% dos alunos. Eles não têm como se manter — justifica o ministro da Educação, Giuse-ppe Fioroni.

Nem mesmo os livros escapam da crise educacional. Segundo da-dos da Federação dos Consumi-dores (Federconsumatori), houve um aumento de 5% no valor do material didático em relação ao ano passado. A despesa média por estudante chega a 320 euros.

Drama à brasileiraO problema da evasão na esco-la pública também é comum no Brasil. Aqui, a situação se agrava não só pela falta de professores, mas também por conta das salas superlotadas, baixos salários, di-ficuldades de acesso e violência em torno das unidades de ensi-no. Há a própria carência finan-ceira de grande parte da popu-lação, que sequer tem dinheiro para pegar um ônibus da casa para a escola. E evasão escolar se eleva a níveis graves, ligada ao alto índice de repetência.

— É o efeito dominó. O ex-cesso de alunos, por exemplo, prejudica o método de ensino do professor. O aluno, por sua vez, não consegue se concentrar. Esse é um dos motivos que leva alunos e professores a desistirem — res-salta a pedagoga Sandra Bianchi.

Para a especialista, a falta de recursos didáticos causa a des-motivação dos alunos.

— Sem material, a aula tor-na-se chata. As escolas particu-lares brasileiras, por exemplo, têm recursos. Mas por conta da pressão do vestibular, o profes-sor é obrigado a dar as aulas pa-ra cumprir o conteúdo. O mundo e a tecnologia avançaram, mas o sistema educacional, não — re-flete Sandra.

Uma das dirigentes do Sindi-cato Estadual dos Profissionais de Ensino do Rio de Janeiro (Sepe-

RJ), a professora Dayse Oliveira, recorre ao sociólogo Otávio Ianni para explicar o fenômeno educa-cional que afeta os dois países:

— Ianni dizia que isso é a “terceiromundialização” do pri-meiro mundo. É fruto da globa-lização e do projeto neoliberal. Há corte de verbas na Itália e no Brasil. Os educadores na França também entram em greve. Para minimizar o problema, só mesmo a integração dos trabalhadores.

Estudo desanimadorNo estudo da OCDE, o Brasil apa-rece em último lugar no quesi-to gasto médio por estudante. O país desembolsa apenas 1.303 dólares (2.749 reais), o que cor-responde a um décimo do valor aplicado, por exemplo, pelos Es-tados Unidos. O Chile, outro país da América do Sul a entrar na lis-ta, investe 2.864 dólares (6.043 reais). O Brasil sai da lanterna, no entanto, quando os indicado-res se referem ao nível superior. Segundo a pesquisa, são 9.019 dólares (19 mil reais) gastos por aluno ao ano. Assim, aproxima-se de nações como Espanha e Ir-landa, ficando à frente da Coréia do Sul, na ásia.

O problema da falta de inves-timentos atinge o rendimento dos alunos. Prova disso, foi o levan-tamento feito entre os 190 mil

alunos de quase seis mil escolas – públicas e privadas de todo o país – que participam do Sistema de Avaliação da Educação Bási-ca (Sa-eb). Levantamento feito entre 1995 e 2005, mostra que as notas pioraram. Basta conferir os dados referentes a disciplinas consideradas primordiais, como Língua Portuguesa e Matemática. Na primeira, em 1995, a pontua-ção média foi de 188,3, caindo a 165,1 em 2001. Dois anos de-pois, houve uma pequena recu-peração, chegando a 169,4 e, em 2005, os alunos receberam 172,3 pontos. Em Matemática, a média subiu de 177,1 para 182,4 entre 2003 e 2005. Mas o resultado ainda se mostra pior do que o de dez anos antes, quando a média alcançou 190,6.

Ao analisar os dados do Saeb, o ministro da Educação do Brasil, Fernando Haddad, revelou que o ensino médio vive “uma crise aguda”, mas ele revela otimismo ao dizer que há chances de me-lhora na qualidade do ensino em dez ou 15 anos. Segundo ele, em 2004, o governo acreditou que, caso fossem ampliadas as opor-tunidades de acesso à educação superior – através de programas como Universidade Para Todos (ProUni) e a expansão de univer-sidades federais – a qualidade do ensino médio cresceria.

— Imaginávamos que essas providências pudessem ajudar o ensino médio a dar uma no-va perspectiva para a juventude, mas os indicadores, pelo menos até 2005, demonstraram que as iniciativas não tiveram o impac-to esperado — admite.

Para o ministro, a solução é a expansão das escolas téc-nicas federais. O governo prevê aumentar o número de unidades até 2010, passando das atuais 140 para 354. Haddad defende que, no longo prazo, seja esta-belecida uma meta de criação de mil unidades federais profissio-nalizantes. Segundo ele, a manu-tenção desses estabelecimentos demandaria recursos anu

— Não podemos dar uma for-mação geral de primeiro mundo para alguns jovens e, para outros, uma formação técnica para um sistema produtivo obsoleto. Te-mos que combinar virtuosamente essas duas dimensões — conclui.

IntercâmbioCom tantos problemas em co-mum na área de educação, Brasil e Itália decidiram se unir na bus-

Ano letivo italiano começa com carência de docentes, aumento de matrículas e livros mais caros. O Brasil, por sua vez, é o último

colocado, entre 36 países, quando o assunto é investimento no setor

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“Foram interrompidos

projetos de qualidade que já

estavam sendo implementados há

anos em algumas províncias. Isso sem contar com

o corte nas vagas docentes voltados

para a educação para adultos”

enrico Panini, secretário-geral do Flc-cgil

ca de soluções. Durante a missão fluminense na Itália, houve a as-sinatura, em Milão, de projeto de intercâmbio entre a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e a Escola Politécnica de Milão. Parece pouco, mas não deixa de representar um esforço.

— A intenção é possibilitar uma estadia de seis meses, em cada país, de nossos estudantes. Temos cursos importantes, como os de desenho industrial e de en-genharia que podem interessar a eles. Por outro lado, sabemos da tradição deles em física e química — explica o secretário estadual de Educação, Nelson Maculan.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, fala sobre a crise do ensino médio e diz que solução virá em 15 anos. Estudantes italianos fazem outras atividades para suprir a falta de professores no início do ano letivo

educação

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literatura

Eventi come la Bienal di Rio hanno giustamente come obietti-vo quello di popolarizzare sempre di più l’abitudine alla lettura. Gli editori dicono che questo è il mo-mento di accattivarsi i lettori, di dar fondo a testi che incitino a lo svago e a successi internazio-nali. Le proiezioni per il fattura-to dell’evento rivelano, però, che questo si è mantenuto stabile: il valore si è praticamente mante-nuto dal 2005 al 2006, malgra-do la permanenza del pubblico nell’evento sia passata dalle tre al-le quattro ore. L’anno scorso, sono stati venduti 2,3 milioni di libri, con un fatturato di 41,5 milioni di reali. Il bilancio di quest’anno non è stato ancora reso pubblico, ma la stima è che il valore non passi di 42 milioni di reali, frutto della vendita dei libri.

— Il libro dialoga con il ci-nema, la televisione e il teatro. È un prodotto, un oggetto di con-sumo. Saper orchestrare la rete di informazioni di cui ha bisogno è vitale. Abbiamo oltre 200 ca-se editrici in un paese dove ogni persona legge 1,8 libro all’anno. Occupare una posizione privile-giata nelle centinaia di librerie diventa una battaglia — valuta Isa Pessoa, direttrice editoriale dell’Objetiva.

Il grande richiamo per il pubblico sono le conferenze, le sessioni di autografi e i lanci. Quest’anno, la biennale ha con-tato sulla partecipazione di 362 autori nazionali e internaziona-li. L’obiettivo di questa edizione della biennale è stato quello di dimostrare che, attraverso la let-tura, si può creare un ambiente culturale molto più interessante di quelli in cui i libri sono sugli scaffali, come se fossero oggetti d’arredamento.

— Abbiamo un programma culturale. La Bienal è un evento familiare per tutte le età. È una festa letteraria in cui le persone sempre più prendono coscienza dell’importanza della lettura — descrive il presidente del Sindi-cato Nacional dos Editores de Li-vros (SNEL), Paulo Rocco.

Com’era successo nell’anno dedicato specialmente all’Italia, nel 2003, la Bienal ha reso omag-gio quest’anno alle tre Americhe, sfruttando i festeggiamenti dei Jogos Pan-americanos. Con le at-trattive, duemila scuole hanno organizzato gite alla Fiera, il che

Anche se con il maggior pubblico della storia dell’evento, e cioè 640mi-la visitatori, la XIII Bienal

do Livro di quest’anno, avutasi a settembre al Riocentro, è servita anche per dimostrare che il mer-cato editoriale brasiliano e ita-liano presentano ancora un buon margine di crescita. Dati del son-daggio Retrato da Leitura no Bra-sil, realizzato dalla Câmara Brasi-leira do Livro (CBL), dimostrano che il 61% dei brasiliani adulti alfabetizzati hanno pochissimo o nessun contatto con libri. L’Asso-ciazione Italiana di Editori indica inoltre che il 40% delle famiglie del paese europeo non ha l’abitu-dine di leggere.

In Brasile, ad esempio, il li-bro è ancora visto come un pro-dotto caro e rivolto specialmente alle élite. Infatti, secondo la CBL, non è una coincidenza il fatto che l’89% dei comuni del paese non abbiano librerie e che circa 17 milioni di persone ammettano di non apprezzare la lettura. Ma malgrado questo il paese occupa l’ottavo posto nel mercato edito-riale del mondo in termini di pro-duzione e vendita.

ha fruttato la visita di 173mila studenti. Di questo totale, oltre il 40% delle persone passateci avevano tra i 15 e i 24 anni.

Richiamo ItalianoL’Italia è stata rappresentata alla Bienal anche quest’anno dall’Isti-tuto Italiano di Cultura, che ha allestito uno stand insieme alla Livraria Leonardo da Vinci. Case editrici come Record, Companhia das Letras e Rocco pubblicano anche scrittori italiani. Anzi, in quest’ultima spiccavano Valerio Massimo Manfredi, Antonio Ta-bucchi e lo psichiatra Willy Pa-sini, autore dei libri Ciúme e A auto-estima, pubblicati recente-mente dalla casa editrice.

E uno dei nomi più popolari della “women’s fiction” italiana, Sveva Casati Modignani, autrice di Desesperadamente Giulia, ap-pena lanciato qui, è la punta di lancia della Record per attrarre nuovi lettori in Brasile. La scrit-trice ha già pubblicato 14 ro-manzi, che hanno venduto circa dieci milioni di volumi.

— Dovuto alla sua cultura e produzione unici, l’Italia è già stato un paese festeggiato alla Bienal do Livro. Jorge Amado, Clarice Lispector e Paulo Coelho sono sicuramente gli autori bra-siliani preferiti dagli italiani. Lo scambio letterario tra i paesi è intenso e ci impegniamo molto per allargare questa conoscenza mutua — afferma Rocco.

Per avere dati più aggiornati del mercato brasiliano, la CBL do-vrà realizzare un nuovo sondag-gio entro la fine di quest’anno. Secondo il presidente dell’entità, Roseli Boschini, il profilo del let-tore sta cambiando.

— Continuiamo a lavorare su un universo di 26mila lettori e sulla media nazionale di 1,8 libri letti per abitante ogni anno, dati del sondaggio del 2000. Ma a Rio Grande do Sul, l’indice di lettura è di 5,5 libri all’anno. Oggi, il li-bro sembra sia più al centro del-le attenzioni che dieci anni fa. Nuove fiere e festival di lettera-tura vengono realizzate in tutto il paese, il che stimola la con-vivenza con i libri, anche senza una buona rete di biblioteche e con poche librerie — analizza.

Nelle edicoleMentre in Brasile il tentativo di far divenire i libri prodotti più

vendibili ha cominciato a pren-dere corpo negli anni ’90, l’Italia presenta una rete più solida da più tempo. Una delle maniere di commercializzare più conosciuta nello Stivale è la vendita accop-piata a giornali e riviste. Si arri-va a 40mila copie. Ma nemmeno questo dà al paese la garanzia di abituare le persone alla lettura. Tra le grandi nazioni europee, è quella che presenta il peggior indice di lettura, molto simile a quello brasiliano. Secondo l’As-sociazione Italiana di Editori, il 55,9% della popolazione con più di sette anni d’età dichiara di aver letto perlomeno un libro durante l’anno, escludendo i libri scolastici. Secondo il vice diret-tore dell’Instituto Italiano para o Comércio Exterior (ICE), Gian-ni Loreti, circa il 40% delle fa-miglie non legge. Dice anche che questi numeri sono gli stessi da 10 anni.

— Solo il 20,5% delle don-ne e il 18,2% degli uomini han-no l’abitudine di leggere. Tra i giovani, dai 6 ai 24 anni, il 70% legge più della media della popo-lazione (60,5%). Ma questi gio-vani lettori leggono da uno a tre libri all’anno al massimo. E una quota del 26,8% non legge in as-soluto — sottolinea Loreti.

Ma anche così il mercato edi-toriale italiano è il quarto mag-giore in Europa e, nel 2005, con 3,621 miliardi di euro di fattura-

Biennale da record, ma pochi lettori

In un anno di Bienal Internacional do Livro a Rio, il mercato editoriale si riscalda. Malgrado le statistiche dell’Unesco abbiano informato che il brasiliano legge in media solo 1,8 libro all’anno, secondo sondaggi della Câmara Brasileira do Livro, appena nel 2006 sono stati pubblicati 46.026 titoli, il che ha originato una produzione di 320.636.824 copie e un fatturato di oltre 2,8 miliardi di reali. Invece, in Italia, dati del 2005 provano che il segmento editoriale ha prodotto 3,621 miliardi di euro, facendola divenire il quarto miglior mercato d’Europa

sílvia soUza

to su prezzi di copertina, ha ot-tenuto il sesto posto nel ranking mondiale.

— Sono tremila case editrici che fanno parte del mercato in modo sicuro e continuo. La spesa degli italiani con i libri è quasi il doppio di ciò che spendono com-prando riviste e periodici nelle edicole. Sono 3,621 miliardi di euro contro 885 miliardi, il 79% in più, ad esempio, delle spese per l’acquisto di giornali — en-fatizza.

Loreti sottolinea inoltre che la produzione italiana è caratte-rizzata da un elevato numero di traduzioni. Ogni quattro titoli pubblicati, uno è il risultato di una traduzione straniera:

— Se da una parte l’impor-tazione dei diritti d’autore è au-mentata del 7,4% tra il 2001 e il 2007, da un’altra oggi la capa-cità di vendere su mercati inter-nazionali titoli e autori italiani è aumentata del 32,2%.

Provando che riunisce generazioni, genitori e figli si divertono con i

prodotti della biennale. Il presidente dello Snel, Paulo Rocco (a destra)

crede a buoni numeri di vendita

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musica

Se il tema è il jazz, il punto di riferimento nel mondo è… l’Ita-lia. Proprio cosí. Uno dei più sofisticati generi musicali del mondo si prende le distanze dalla sua culla di origine, il sud degli Stati Uniti, per garantire splendore agli astri italiani.

Al TIM Festival di quest’anno – dal 26 al 31 di questo mese a Rio de Janeiro, San Paolo, Curitiba e Espírito Santo –, tra i più attesi dal pubblico ci sono la cantante Roberta Gambarini e il sassofoni-sta Stefano Di Battista.

L’anno scorso, il programma del festival aveva già portato in Brasile il pianista Stefano Bollani, vin-citore quest’anno dell’European Jazz Prize. Il pro-duttore, ricercatore, giornalista e musicologo Zu-za Homem de Melo, curatore di jazz del festival, spiega il fenomeno jazzistico italiano.

— Da cinque anni a questa parte non ab-biamo più soltanto un unico nome italiano dello stile. Ci sono molti musicisti che frequentano i festival europei di jazz. Grazie a questo, le case discografiche si sono impegnate alla loro distri-buzione degli USA. Ciò ha favorito la divulgazio-ne — spiega Zuza, frequentatore di festival eu-ropei e americani.

Secondo il produttore, nel 2005 gli italiani si sono distinti, per esempio, nelle presentazioni a Montreal, in Canada.

— Questo (il successo del jazz italiano) vie-ne percepito da chi frequenta i festival in Eu-ropa e negli Stati Uniti — dice lo specialista che, l’anno scorso, ci ha tenuto ad accom-pagnare l’Umbria Jazz Festival, a Perugia.

Zuza ha anche notato che il Brasile rivolge sempre più le sue attenzioni al jazz italiano. E cita un esempio:

La nuova culla del jazz

Dopo il successo alla presentazione del pianista Stefano Bollani nella passata edizione, il TIM Festival di quest’anno consacra l’Italia nel mondo jazzistico con concerti della cantante Roberta Gambarini e del sassofonista Stefano di Battista

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— Una volta mi ha cercato una ragazza che voleva organiz-zare un festival di jazz italiano in Brasile. Ma l’idea non è anda-ta avanti. Credo per mancanza di sponsor. Ma era già stato signifi-cativo. In altri tempi questo sa-rebbe stato impossibile. Le cose sono cambiate

Il ricercatore comunque dice che la tendenza italiana per il jazz non è recente. Secondo lui, i mu-sicisti italiani dimostrano talento in questo stile fin dagli anni ’30.

— Com’è il caso del chitar-rista jazz Stéphane Grappelli, figlio di italiani. Ci sono anche il batterista di Duke Ellington, Louie Bellson. Pochi conoscono il suo vero nome: Luigi. E al fi-glio di Mussolini piaceva molto suonare jazz. Molta gente di fa-miglia italiana appartenevano al mondo del jazz già a quell’epo-ca — racconta, ricordando che il Tim Festival di quest’anno avrà una notte dedicata specialmente al jazz europeo.

Concetti e affinitàPerlomeno una cosa è diversa nell’edizione 2007 del TIM Festi-val: il programma sarà tematico, unendo gli artisti a seconda dei concetti o affinità musicali.

L’evento riunirà 26 artisti in-ternazionali e 13 nazionali, sele-zionati da un gruppo di cinque cu-ratori: Zuza Homem de Mello, Zé Nogueira, Hermano Vianna, Ronal-do Lemos e Pedro Albuquerque.

La lista include, ad esempio, la veterana Björk; le nuove ban-de rock The Killers e Arctic Mon-keys; il pianista prodigio russo Eldar, di soli 20 anni; l’avan-guardista jazz Cecil Taylor, 78; la banda di rock dell’attrice Juliette Lewis; le muse Cat Power e Feist; le rivelazioni brasiliane Ribelle e Profeto Axial; i DJ Alexandre Herchcovitch e Johnny Luxo; il DJ Marlboro; la banda della can-tante svedese Neneh Cherry.

A San Paolo, ci saranno cin-que giorni di concerti, dal 25 al 29 ottobre, nella discoteca The Week (26), nell’Auditório Ibira-puera e nell’arena Skol Anhembi. L’edizione carioca avrà luogo di nuovo alla Marina da Glória, zona sud di Rio, con presentazioni il 26 e il 27. A Vitória, dal 27 al 29, il programma andrà dal jazz a no-mi del pop. Per concludere l’even-to, le principali attrattive del fe-stival si riuniranno a Curitiba il

31, nella Pedreira Paulo Leminski. Altre informazioni sul festival nel sito www.timfestival.com.br.

Voce cristallinaIl talento italiano della cantante Roberta Gambarini è stato incen-tivato subito dopo essere sta-ta conosciuta negli Stati Uniti, culla storica del jazz. In appena due settimane in terre america-ne, per studiare al New England Conservatory, di Boston, è arri-vata al terzo posto al Thelonious Monk International Jazz Vocal Competition, em 1998. Alcuni critici la paragonano da allora alla diva Ella Fitzgerald, dovuto al timbro della sua voce e alla sua intonazione.

Roberta ha già accompagnato musicisti del livello di Roy Har-grove, Michael Brecker, Ron Car-ter, Herbie Hancock e Toots Thie-lemans, tra gli altri. Oltre alla sua tecnica, ammirata da molti, il discreto accento quando can-ta in inglese diventa uno charme in più. Secondo Victor L. Scher-mer, del sito internet specializza-to All About Jazz, Gambarini for-se “è la prima cantante a riuscire a imprimere in modo totale nel-lo scatting influenze del bebop e del post-bop, facendo con la voce ciò che Charlie Parker face-va col sax alto. In questo senso, lei è unica anche tra le maggiori cantanti di jazz, contemporanee o del passato”.

Virtuoso al saxIl sassofonista Stefano Di Batti-sta, 29, era già conosciuto gra-

zie ad un periodo passato nel se-stetto di Michel Petrucciani, un contratto con la casa discografi-ca americana Blue Note e dischi incisi accanto a musicisti come il batterista di John Coltrane, El-vin Jones.

Il virtuosismo dell’italiano si rivela tanto al sax alto quan-to al soprano. E il suo lavoro apre spazio a stili molto diversi come il bebop, il jazz rock e la bossa nova. Questa versatilità gli ha permesso di suonare con grandi strumentisti come Clau-de Nougaro e Michael Brecker, tra gli altri.

La sua storia nella musica è co-minciata a 16 anni, ma ha ricevu-to il primo premio al Conservatorio di Roma a 21 anni. Nel 1994 era già a Parigi – uno dei points euro-pei del jazz – dove ha lavorato con il batterista e compositore Aldo Romano. Più tardi, nella National Jazz Orchestra, è diventato uno dei principali solisti. Nel 1997, ha creato un suo proprio gruppo, un quintetto, e ha lanciato il suo primo album, Volare, punto di par-tenza di innumerevoli tournée.

Di Batista e Gambarini si pre-sentano a San Paolo il 26 e a Rio il 27 di questo mese.

Il sassofonista Stefano Di Battista (foto pagina anteriore) si presenterà

con il suo Quartet (sopra) a Rio e San Paolo. La cantante

Roberta Gambarini, che farà due presentazioni, viene paragonata a

Ella Fitzgerald. Zuza Homem de Mello (sotto) dice che la crescita del

jazz italiano non è una novità

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Anelise Sanchez (interina)

ROma

Sabor antigoA Fantástica Fábrica de Chocolate

existe e tem endereço: Roma. Para os amantes da guloseima, a reinaugura-ção da Società Azionaria Industria Dol-ciaria (Said) não se limitou às imagens do filme que ganhou nova adaptação, em 2005, nas mãos do cineasta Tim Burton. Fundada em 1923, a Said, que havia sido destruída com o bombardeio ocorrido em 1943, voltou a funcionar a pleno vapor. Além de ter sido transformada em museu do chocolate, já está produzindo barras de puro cacau. Os visitantes podem apre-ciar de perto as técnicas utilizadas pe-lo laboratório, consultar os livros de uma biblioteca temática e degustar algumas das mil tentações da fábrica. A pizza com chocolate amargo e os bombons de rico-ta são algumas das especialidades mais apreciadas e vendidas.

Informações: SAIDVia Tiburtina 135 (00185)39 064469204 (tel),e-mail: [email protected]

Com um investimento estimado em 5,5 milhões de euros e um exausti-vo trabalho de restauração de vin-

te meses, a prefeitura de Roma reinagurou um importante espaço público histórico da capital italiana: a charmosa Villa Torlonia, localizada no interior de um parque na Via Nomentana. O local foi residência oficial de Benito Mussolini, entre 1925 e 1943. Con-ta-se que o ditador alugou o espaço por um custo simbólico de uma lira ao mês.

Atualmente, além de sua beleza natu-ral, o parque de Villa Torlonia abriga dois museus principais: a Casina delle Civette e o Casino Nobile.

A mais imponente é a Casina delle Ci-vette (Casinha das Corujas), uma constru-ção idealizada em 1839 por Giuseppe Ja-ppelli, também tendo servido de residência para o príncipe Giovanni Torlonia. O nome atribuído ao museu deriva de sua decora-ção interna, caracterizada por oníricos vi-trais de corujas. Já o Casino Nobile possui uma estrutura famosa por ter sido decora-da por artitas das escolas de Thorvaldsen e Canova.

Outra área que marca historicamente a vila é o refúgio anti-aéreo subterrâneo, construído durante a permanência de Mus-solini no local. As surpresas, no entanto, não param por aí.

Em 1919, a vila foi alvo de uma sur-preendente descoberta: um cemitério he-braico. Por esse motivo, o atual prefeito de Roma, Walter Veltroni, anunciou para outubro de 2008 a construção do museu da Shoah.

Com a morte do príncipe Torlonia, a vi-la enfrentou um período difícil. Em 1944, foi ocupada por um comando militar anglo-americano, tendo sido comprada pela pre-feitura da capital em 1978. Hoje, ela ofere-ce aos turistas do mundo todo a chance de conhecer sua beleza.

Informações:Musei di Villa TorloniaVia Nomentana, 70Horário: de 1° de outubro ao último sába-do deste mês: 9h – 17hDo último domingo de outubro a fevereiro de 2008: 9h – 16h30

Lar de Mussolini aberto ao público

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Surpresa inesperadaPara os turistas de passagem pela capi-

tal italiana, é impensável não dedicar grande parte do próprio roteiro aos lugares mais conhecidos da cidade. Contudo, nem sempre os locais mais fascinantes são aque-les citados nos principais guias turísticos. Para quem tiver tempo, vale a pena ir a um lugar muito especial localizado no bairro de Aventino. Peça a um motorista de táxi para levá-lo até o portão da antiga Ordem de Malta, próximo à igreja de Sant’Alessio. Chegando lá, aproxime-se do olho mágico de tal portão e aprecie a vista deslumbrante da cúpula do Vaticano a sua frente. Satisfa-ção garantida.

notizie

Discendenti veneti a Minas in festaCon il supporto di Comunità, circa 300 membri dell’Asso-

ciação Vêneta Solidarietà do Vale Médio Rio Doce di Minas Gerais (Avesol) festeggiano il primo anno dell’istituzione. Riunen-do quattro generazioni di discendenti di immigranti, la festa ha avuto luogo il 2 settembre ed ha avuto come punto di partenza la messa celebrata presso la chiesa di Santa Luzia. C’è stato an-che un pranzo comunitario dove si è condiviso polenta, formaggi, vino, pane e crostoli. Canzoni italiane hanno dato il tono all’am-biente riempito dagli abitanti dei comuni di Resplender, Itueta, Santa Rita do Ituêto e Aimorés. Durante i festeggiamenti sono stati sorteggiati due abbonamenti annuali a Comunità e cinque magliette per gli associati dell’Avesol. A novembre, una delega-zione della União dos Vênetos no Mundo verrà a conoscere la Vale do Médio Rio Doce e firmerà un gemellaggio con l’Avesol.

Omaggio d’oroLa giornalista, imprenditrice di marketing, professoressa uni-

versitaria e scrittrice Silvana Selmi Dei Gontijo ha ricevuto, a settembre, la medaglia d’oro concessa annualmente dalla Camera di Commercio, Industria e Artigianato di Lucca, dal governo della Provincia e dall’Associazione Lucchesi nel Mondo. L’omaggio viene assegnato a 15 personalità che, anche se fuori dall’Italia, valoriz-zano la Toscana. Silvana ha ricevuto la medaglia dalle mani del presidente della Provincia, Stefano Bacelli.

Polizia arresta Cacciola a MonacoCondannato a 13 anni di prigione dalla Justiça Federal di Rio

per DESVIO di denaro pubblico e gestione fraudolente della sua banca, Marka, Salvatore Cacciola è stato arrestato dall’Inter-pol a Monaco il 15 settembre. La giustizia del Principato analizza la richiesta di estradizione dell’ex banchiere, che dovrà anche ser sottoposta al principe Albert II, capo dell’Esecutivo. I suoi avvo-cati hanno cercato di entrare con una richiesta di habeas corpus al Supremo Tribunal Federal, ma gli è stato negato. L’ex banchiere era stato arrestato nel luglio del 2000, ma è fuggito a Roma do-po aver goduto del beneficio di un certificato giudiziario di rila-scio firmato dal ministro Marco Aurélio Mello. Il Ministério da Ju-stiça temeva che una nuova disposizione preliminare permettesse all’ex banchiere un’altra fuga verso l’Italia, che aveva già negato l’estradizione garantita dalla sua cittadinanza italiana. Cacciola gode di doppia cittadinanza..

Nella petizione, la difesa sosteneva che, durante il suo sog-giorno in Italia, Cacciola sarebbe rimasto a disposizione della giustizia brasiliana, per mezzo del suo difensore. Per questo, se-condo la difesa, non avrebbe avuto un senso l’argomento della giustizia di Rio che ha decretato la prigione preventiva dell’ex banchiere sostenendo che era un latitante. Gli avvocati di Caccio-la affermano inoltre che si starebbero violando i principi del do-vuto processo legale e della presunta innocenza. L’habeas-corpus chiede preliminarmente la sospensione del mandato di prigione preventiva contro Cacciola, con immediata comunicazione del-la decisione all’Interpol e alle autorità del Principato di Monaco. Cacciola è accusato di aver ottenuto informazioni privilegiate e vantaggi indebiti dal Banco Central nel momento della svaluta-zione del Real, nel 1999. Con l’operazione, l’erario avrebbe subito un danno di R$ 1,5 miliardo.

Multa per chi sporca la cittàLa AMA, gruppo italiano che si occupa della raccolta dei ri-

fiuti a Roma, ha dato inizio ad una campagna di pulizia del-la città con la distribuzione di volantini sulle nuove regole. Chi non rispetterà le norme verrà multato. La punizione spazia dai 50 ai 300 euro e sarà applicata a coloro che non faranno la raccolta differenziata, non raccoglieranno le feci dei loro cani, butteranno cicche di sigarette per terra o parcheggeranno di fronte ai casso-netti. Trenta impiegati preparati dall’azienda faranno i controlli per le vie della città. Si vorrebbe arrivare ad un numero pari a 250 entro la fine dell’anno. Inoltre, sarà impiantato un servizio di rac-colta di feci animali lasciate nelle vie e sui marciapiedi.

Lusso, economia e potenzaLa nuova linea di furgoni Iveco Daily arriva questo mese ai

mercati piena di novità. Oltre ad un portabagagli più capien-te, il suo motore moderno e più potente rende possibile un consu-mo inferiore di carburante. Il design esterno è firmato dall’italiano Giorgetto Giugiaro. I nuovi veicoli Iveco sono costruiti su di un te-laio leggero e resistente. La maggioranza dei vantaggi tecnologici della gamma Iveco Daily viene dal nuovo motore a diesel high spe-ed Iveco F1C. A novembre, un’altra sopresa: la nuova gamma Iveco Stralis. Consacrata per la robustezza, il minore consumo di carbu-rante del segmento di macchine pesanti e un’eccellente produtti-vità, la nuova famiglia Stralis dell’Iveco usa ora una cabina dalle linee esterne eleganti e aerodinamiche, oltre ad un interno prati-co, lussuoso e comodo per l’autista. “Il nuovo Stralis consoliderà

la linea di macchine pesan-ti dell’Iveco come il miglior prodotto di questa categoria in Brasile, affiancando alla sua tradizionale economia di carburante la sofisticazione e la comodità della sua nuova cabina” dice l’ingegnere Re-nato Mastrobuono.D

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Giordano Iapalucci

fiRENzE

In questo inizio di autunno fiorenti-no è senza dubbio da rilevare la Mo-stra Mercato Internazionale dell’Anti-

quariato. È sicuramente la più antica in Italia e una delle più importanti del suo genere nel mondo. Nasce nel 1959 a Pa-lazzo Strozzi dall’intuito di Luigi Bellini. Per problemi logistici, ne perderà la sede nel 1997 ad appannaggio di Palazzo Cor-sini. Da quella prima edizione l’evento si

è sempre più trasformato in un fatto cul-turale che ha attirato nella capitale tosca-na ormai da anni anche i protagonisti del jet-set mondiale. Si prevedono circa 80 espositori italiani e quasi una ventina di stranieri. Novità del 2007 sarà la presenza di alcuni galleristi di livello internazionale con opere di arte moderna. Palazzo Corsini 29 settembre-7 ottobre. Dalle 10.30 alle 20.00. Ingresso 10 euro.

Bardini ProjectIl Giardino Bardini a Firenze, in cima ad

uno dei più pittoreschi angoli della città, ospita la mostra di Michele Dantini, artista e critico, autore di alcuni diari di viaggio, i cui lavori utilizzano spesso linguaggi diversi come fotografia, disegno, suoni e video-in-stallazioni. Il Bardini Project si rivolge prin-cipalmente alla costante interazione tra mon-do umano e naturale creando cammini nuovi ed originali tra architettura, arte, zoologia e botanica. Dal lunedì alla domenica dalle 8.15 alle 18.30. Info: www.tusciaelecta.it

Lucio Dalla in concertoÈ sicuramente un piacevole ritorno

quello di Lucio Dalla, dopo ormai di-versi anni di assenza dai palchi fiorentini. Saranno due serate, il 27 e il 28 novembre all’insegna di pezzi famosi del passato ma anche di quelli inediti del suo nuovo cd. Tra questi anche “Due dita sotto il cielo” dedicata all’amico e campione del moto-ciclismo mondiale Valentino Rossi. Dal-la, artista bolognese la cui passione per i motori è sempre stata grande, dedicò, or-mai qualche anno fa, una canzone anche al grande campione Ayrton Senna. Presso il Teatro Verdi di Firenze. Prezzi dai 22 ai 50 euro. Info: www.bitconcerti.it.

Festival della CreativitàA fine ottobre, presso la Fortezza da Basso di

Firenze grande appuntamento con la secon-da edizione del Festival della Creatività con la grande promozione della Regione Toscana. Il pa-linsesto sarà pieno di incontri, convegni e dibat-titi con grandi rappresentanti della cultura con-temporanea, del design e della scena musicale italiana e internazionale. Tra i temi del giorno di apertura il più dibattuto sarà: ‘Creatività e Com-petitività: il sistema Italia e il mercato globale’. Tra i grandi ospiti Derrik De Kerckhove, designer newyorkese che ha trasformato radicalmente le tecniche pubblicitarie degli ultimi anni. 40.000 m2 di superficie espositiva, 400 eventi e 1600 ar-tisti vi aspettano. www.festivaldellacreativita.it.

Argan: opere grafichePer chi fosse appassionato dell’ar-

te grafica è interessante segnala-re l’inaugurazione a Pisa, presso il Mu-seo della Grafica, una mostra, dal titolo “Segni Multipli. Opere grafiche dalla do-nazione Argan”. L’esposizione dedica i suoi spazi ai grandi protagonisti della cultura grafica contemporanea del se-condo novecento. Argan ha da sempre interpretato i temi legati alla funzione sociale ed educativa dell’arte, dal cubi-smo all’astrattismo di Ricasso, Moore e De Stijl in cui i presupposti teorici della stessa arte venivano rimessi in discus-sione. In programma fino al 28 dicembre presso Palazzo Lanfranchi di Pisa. 15.00-19.00. Ingresso libero.

XXV Mostra Antiquariato

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cinema

O cinema italiano brilhou nesta última edição do Festival do Rio, de 20 de setembro a 4 de outubro.

A co-produção ítalo-brasileira Es-tômago, de Marcos Jorge, ganhou os prêmios de melhor direção e júri popular, além de melhor ator para João Miguel. Mas a novida-de mais importante ocorreu fora da tela grande. O Instituto Luce e a Cinecittá Holding, instituições estatais italianas, e a Agência Na-cional de Cinema, assinaram um protocolo de intenções para a criação de novas parcerias cine-matográficas entre Itália e Brasil.

— Acho ótimo essa iniciativa. Com Estômago provamos ser pos-sível colocar em prática o Acordo Bilateral de Co-produção firmado entre o Brasil e a Itália nos anos 70. A co-produção é o caminho natural para o cinema brasileiro. Especialmente com a Itália, pa-ís que amo profundamente e que considero como minha segunda casa — disse o premiado Marcos Jorge, acrescentando já ter mo-rado na Itália.

A partir da parceria, cineas-tas e produtores vão poder contar com mais verbas para o desen-volvimento de projetos que serão selecionados a partir do ano que vem. Já há na pauta pelos me-nos três projetos de co-produção Brasil/Itália em discussão.

O documento final será assi-nado neste mês, no Festival de Cinema de Roma, e vai entrar em vigor em 2008 — diz o diretor do Instituto Italiano de Cultura do Rio, Rubens Piovano.

O evento exibiu mais de 300 filmes inéditos no Brasil e na maior parte do mundo. Houve oito títulos italianos distribuídos em diversas mostras, entre os quais Riparo, de Marco Puccioni (que esteve no Rio com o seu produtor, Mário Mazzarotto), Haiti Cherie, de Cláudio del Punta e A garota do lago, de Andrea Molaioli.

— Todo ano procuramos estar atentos às novidades que conside-ramos apropriadas. Sejam clássi-cos ou filmes de diretores já con-sagrados. Este ano havia películas interessantes, como La ragazza del lago, de Molaioli, Riparo, de Marco Puccioni e Haiti querido, de Clau-dio Del Punta, jovens e promisso-res diretores — afirma Piovano.

Três co-produções ítalo-bra-sileiras presentes no Festival do Rio demonstram que já há uma relação entre os dois países: Es-tômago, do brasileiro Marcos Jor-ge, que esteve na mostra Premiè-re Brasil, desta edição do Festival do Rio; Anita Garibaldi, do ita-liano Aurélio Grimaldi, rodado integralmente no Brasil, e Ob-servadores de Pássaros, do ítalo-argentino Marco Bechis, filmado também aqui.

Mercado em criseSão Paulo também brindou o cine-ma italiano. Lá, no entanto a Ter-ceira Semana de Cinema Contem-porâneo Italiano, realizada de 27 de setembro a 4 de outubro, serviu para lançar os holofotes sobre uma crise no mercado cinematográfico da Itália. Atores, diretores e sindi-calistas oriundos da bota promo-veram durante o evento um grande debate sobre o tema e revelaram preocupação, especialmente, com a falta de renovação no setor.

Do país que já exportou filmes assinados por talentos como Fede-rico Fellini, Michelangelo Antonio-ni, Pier Paolo Pasolini e Luchino

Visconti, Francesco Amato, diretor de Ma che faccio qui!, demonstrou preocupação com a crise.

— Hoje, ainda é muito com-plicado conseguir financiamentos para o cinema. É preciso investir em equipamentos e em pessoal. Do contrário, não será possível pensar em um futuro para o cine-ma italiano — desabafa.

Para o diretor, a Itália tem feito muitos filmes ruins e alguns muito bons. Entretanto, ele argu-menta que a falta de dinheiro, as carências tecnológicas e a dispu-ta por público com o cinema dos Estados Unidos, são os maiores problemas enfrentados.

O ator Antônio Catania, do elenco de Liscio, identificou a falta de divulgação das produ-ções italianas mais recentes co-mo um dos problemas.

— O cinema italiano é conheci-do muito pelos filmes mais antigos, como os de Fellini. Já os atuais são pouco divulgados — avalia.

A presidente do Sindicato dos Jornalistas Cinematográficos da Itália, Laura Delli Colli, admitiu a existência de dificuldades, mas demonstrou otimismo ao apontar sinais de que o cinema italiano começa a se recuperar:

— Há roteiristas e direto-res que estão fazendo um novo tipo de cinema, com temas que agradam mais aos jovens. É lógi-co que não vamos deixar de ter o famoso estilo de cinema italiano, mas é importante que haja essa renovação. É importante que os mais jovens venham ao cinema. No primeiro semestre do ano, a cada 20 filmes exibidos, seis eram italianos. É um número bem me-lhor do que havia tempos atrás.

Laura não descarta a exigên-cia do mercado de se criar produ-ções mais rentáveis.

— Há um desejo de fazer fil-mes mais comerciais para que a atividade seja rentável — admite.

Foram exibidos durante a mos-tra, além de Ma che ci faccio qui! (Itália, 2007), de Francesco Ama-to, e de Liscio (Itália, 2006), de Claudio Antonini: In memoria di me (Itália, 2007), de Savério Cos-tanzo; Tutte le donne della mia vi-ta (Itália, 2006), de Simona Izzo; e Last Minute Marocco (Itália, 2007), de Francesco Falaschi. Para saber mais sobre os filmes, vale vi-sitar o site da Câmara ítalo-Brasi-leira de Comércio e Indústria (Ital-cam) - www.italcam.com.br .

Salve a telona!No Festival do Rio, nasce uma parceria ítalo-brasileira para a realização de produções de filmes e documentários. Mostra de cinema em São Paulo se transforma em

oportunidade de debate sobre a crise na produção cinematográfica italiana

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A produção ítalo-brasileira Estômago arrebatou três prêmios

no Festival do Rio. A modelo e atriz italiana Elena Santarelli dar o ar da

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comportamento

Vita rappresentata nell’arte

Pronipote di italiani, Horácio Storani fa parte della troupe circense che emoziona platee a Rio

raFaEla Giordano

Con un bel vestito borde-aux, la pallina rossa sulla punta del naso e suonan-do antiche arie alla fisar-

monica, Horácio Storani entra lentamente nella pista del circo Lona do Crescer e Viver. Da so-lo in scena, dimostra abilità al-lo strumento, ma il pubblico non ha bisogno di aspettare neanche un minuto per conoscere il lato comico dell’artista 22enne, na-

to a Nova Friburgo e pronipote di italiani.

La scena è una delle tante che fanno parte di Vida de Artista, a arte de construir um espetáculo, produzione del programma del cir-co sociale Crescer e Viver, in car-tellone fino alla fine di ottobre sotto il tendone della Praça On-ze, al centro di Rio. Horácio è una delle 17 stelle dello spettacolo che riunisce danza, teatro, musica

e, è chiaro, molti numeri circensi, acrobazie, contorsionismi e giochi di prestigio. Ma l’artista si è sco-perto pagliaccio a 16 anni, un po’ per caso, quando ancora abitava con la famiglia a Nova Friburgo, sulle montagne fluminensi.

— Sono sempre stato portato per la vita di pagliaccio. Da pic-colo, mettevo in scena spettaco-lini diretti da mia madre, ma il tutto è successo soltanto quan-

do ho fatto parte di un gruppo di musica nell’adolescenza, che si dedicava alla cultura popola-re brasiliana e c’erano degli inte-granti che facevano parte di un gruppo di teatro formato da pa-gliacci – si ricorda.

La traiettoria legata alla co-micità è cominciata da quel mo-mento. Uno dei lavori realizzati dalla troupe è stato il teatro di strada. In quel momento, usare il naso rosso era già diventata una routine. Non è passato mol-to tempo e Horácio ha conosciu-to e voluto studiare alla Escola Nacional de Circo, a Rio. Prima aveva frequentato un’officina di ferie, da cui è nata la passione per il circo e la voglia di diventa-re un artista.

È entrato nella prima fase ed è stato approvato nella selezio-ne. E allora ha deciso di trasfe-rirsi a Rio. Ma aveva un proble-ma: non aveva dove abitare. Con l’aiuto di un’amica ha trovato da dormire presso uno studio me-dico. La cosa strana era che lui poteva entrare a “casa” dopo le 22.00, quando finivano le visite ai pazienti.

— Ero già completamente ap-passionato dell’arte circense. In fondo, credo di aver sempre voluto

proprio questo — ricorda.

Crescer e viverObbligato a perdere tempo pri-ma di tornare allo studio medi-co, il pagliaccio, allora, ha cre-ato l’abitudine di camminare per la città. È stato in una di que-ste passeggiate che ha trovato il tendone del progetto Crescer e Viver, situato a Praça Onze, a Cidade Nova. Ha deciso di en-trarci, presentato da Junior Pe-rim, coordinatore esecutivo del programma sociale, anche lui di-scendente da italiani di Cappel-la Maggiore, nel Veneto. Hanno chiacchierato un po’ e Junior ha chiamato Horácio per partecipa-re ad un’officina. Dopo una setti-mana di lezioni, è stato invitato a far parte della troupe di artisti che facevano le prove nei loca-li del programma. Qualche tem-po dopo, è stato presidente del gruppo che ha anche fatto pre-sentazioni non professioniste.

Ma la professionalizzazione non era lontana. Ancora nel-la troupe, Horácio ha deciso di partecipare ad un’audizione che era realizzata nel Crescer e Viver. Una delle direttrici del proget-to, Alice Viveiros de Castro, sta-va già scegliendo gli integranti del progetto sociale che avreb-bero fatto parte della produzio-ne Vida de artista. Lo spettaco-lo era atteso con perseveranza dai coordinatori del progetto. Sono stati mesi per cercare gli sponsor. Alla fine, la Petrobras ha deciso di scommettere sul gruppo e ha reso disponibili R$ 300mila.

Il clima all’audizione era di totale nervosismo. Gran parte degli artisti formati sotto il ten-done del Crescer e Viver, non so-lo di Rio de Janeiro ma anche di São Gonçalo, sono entrati nella selezione. Il fatto curioso è che, al contrario del previsto, c’era più un tifo di tutti per tutti che una lotta aggressiva tra i par-tecipanti. Alla fine, l’atteso ri-sultato. Venti nomi annunciati. E Horácio era tra loro. La scena scelta per l’audizione era stata quella della presentazione di un pagliaccio.

Vita da ArtistaPassata l’euforia del giorno della selezione, il gruppo è piombato nel lavoro, ma diversamente da come si immaginavano tutti, gli esercizi non erano sul tappeto elastico, sul trapezio o giochi di

prestigio. Cominciavano le lezio-ni di postura, comportamento e perfino esercizi per la presenta-zione di artisti. Acrobazie e gio-chi di prestigio li sapevano fare tutti, ma ci voleva ancora una ri-finitura.

— Credo che queste lezioni siano importanti perché ci fan-no sentire più sicuri. È sempre meglio poter perfezionare le no-stre tecniche. Ognuno ha un suo stile - ha spiegato. Il suoamico di palco FAusto Tenorio, 23 an-ni, altro pagliaccio della troupe, completa: — La convivenza ha reso evidenti le differenze e abbiamo dovuto imparare a af-frontare tutto questo per man-tenere l’amicizia fino alla fine delle prove.

Dei 20 integranti seleziona-ti all’inizio, al primo spettaco-lo ne sono arrivati 17. Alcune evasioni sono state dovute an-che al forte ritmo di allenamen-to. Durante le ferie scolastiche di luglio la maggior parte degli artisti frequenta la scuola, che è una delle esigenze per entrare nel programma sociale. Gli arti-sti rimangono la maggior parte del tempo sotto il tendone della Praça Onze. E così è stato duran-te sei mesi, in cui hanno impa-rato molto di più che mostrare sicurezza in scena.

— Abbiamo cominciato da un lavoro non proprio circense, che cercava di incentivare gli ar-tisti a divenire più sicuri di lo-ro, per poi entrare nella parte

tecnica propriamente detta — ha spiegato Ana Luisa Cardoso, pa-gliaccia Margarida.

Per questa parte tecnica, il Crescer e Viver ha chiamato tre professionisti esperienti: Lurian Duarte, per la parte di coreo-grafie acrobatiche ed equilibrio; Cristina Moura, per le coreogra-fie aeree e contorsioni; e Ale-xandre Souto, per le coreografie sul trampolino. Tutto lo sfor-zo è valso la pena. Al suono di una bellissima musica compo-sta da Daniel Gonzaga, figlio di Gonzaguinha, e con l’illumina-zione di Aurélio de Simoni, han-no realizzato una presentazione armoniosa e compiuta per con-quistare il pubblico. Soddisfa-cendo la troupe e, specialmen-te, i coordinatori del Crescer e Viver, lo spettacolo ha conqui-stato la platea durante le due prime settimane e la stagione è stata prorogata fino alla fine di ottobre.

— La proposta di Vida de Ar-tista è quella di tagliare il cor-done ombelicale di questi ragazzi

che non possono restare attacca-ti all’istituzione — ha detto Jú-nior Perim, dicendo inoltre che oltre a questo lo spettacolo aiuta i giovani artisti a poter intrave-dere non soltanto un futuro nel circo, teatro o musica, ma di por-tare avanti una vita, d’ora in poi, realmente dedicata all’arte.

Progetto nato da un sognoVida de Artista, a arte de constru-ir um espetáculo è soltanto una delle realizzazioni del Crescer e Viver. Il programma sociale, na-to ispirandosi al samba-enredo Um sonho possível. Crescer e Viver agora é lei, della scuola di samba Unidos do Porto da Pedra, man-tiene due unità di attività socio-culturali: una a São Gonçalo e l’altra a Rio de Janeiro. Il coordi-natore esecutivo, Junior Perim, e il coordinatore esecutivo aggiun-to, Vinicius Daumas, hanno fon-dato il Crescer e Viver e ancora oggi sono i maggiori responsabili della manutenzione del program-ma, che assiste 300 bambini bi-sognosi.

Il pagliaccio Horácio Storani durante le prove (sopra). Troupe del progetto

Crescer e Viver mette in scena lo spettacolo Vida de Artista (in alto a destra) e posa prima della

presentazione (destra). Il coordinatore esecutivo del progetto Júnior Perim

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Guilherme Aquino

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Perfume de MilãoPassear pelas ruas de Milão, é, sem dú-

vida, uma forma de apreciar a memória arquitetônica de uma época. Construções antigas e sobreviventes à Segunda Guer-ra foram incorporadas a plantas de novas obras. Nas entradas dos palácios, os estilos se diferenciam. Há portões de ferro em ar-te liberty ou colunas de pedra de granito. Estátuas e bustos de deuses gregos estão por toda parte e, para completar, magnólias exalam o seu perfume numa oferenda dos deuses aos pedestres.

Teatro FilodrammaticiAinda que esteja ao lado do impo-

nente Scala de Milão, o Teatro Filo-drammatici tem lá o seu brilho próprio. Inaugurado em 1800 como Teatro Pa-triottico, o prédio foi parcialmente des-truído durante o bombardeio de 1943, quando chegou a funcionar como cine-ma. Em 1970, foi totalmente reforma-do. Sua fachada em estilo liberty, ten-do como destaque esculturas em ferro de galhos, folhas e flores, fazem dele uma das jóias arquitetônicas da cida-de. O espaço tem capacidade para 200 espectadores. Até o dia 21 deste mês, estará em cartaz a peça musical de Lev Tolstoj, Sonata a Kreutzer. Outras infor-mações podem ser encontradas no site: www.tieffeteatro.it.

O liviero Toscani sempre foi sinô-nimo de polêmica. Desde a dé-cada de 90, quando fazia anún-

cios para a Benetton, o fotógrafo carre-ga seus trabalhos com doses cavalares de controvérsia. Na sua mais recente pro-dução, ele convidou a modelo franseca Isabelle Caro, que pesa apenas 31 quilos, para protagonizar a campanha da grife Nolita explorando a anorexia. A mode-lo luta contra a doença há 15 anos. O resultado? Bom, o Corriere della Sera se

recusou a publicar a foto, seguido da im-prensa francesa, onde não foi permitida sequer a instalação de cartazes da gri-fe. Em Milão, a campanha ganhou os ou-tdoors da cidade durante a Semana da Moda, divindo a atenção com o evento. Conclusão: a prefeitura da cidade acabou pedindo aos proprietários da Nolita que retirassem a campanha das ruas. A pu-blicidade, no entanto, ganhou apoio da ministra da Saúde, Livia Truco, que a viu como um seviço de utilidade pública.

Fome de fotos

Arte italianaDepois de vestir uma de suas salas com as

criações da estilista inglesa Vivienne Wes-twood, o Palazzo Reale resolveu abrir as portas para uma mostra sobre a pintura italiana dos úl-timos 40 anos. Artistas plásticos menos conhe-cidos, como Giafranco Ferroni, Domenico Gnoli e Renato Guttuso, estão nesse painel. Vittorio Sgarbi, curador das obras e secretário de Cultura de Milão, conseguiu reunir mais de cem quadros, que revelam um período rico, mas pouco conhe-cido, da pintura artística italiana. Mesmo para quem não tem intimidade com esses artistas, a mostra vale a pena, para se conhecer a produção dessa geração. Mais informacões: www.omun.mi-lano.it/palazzoreale/.

Click anônimoA revista National Geographic resolveu

explorar o talento fotográfico dos seus leitores italianos. Para isso, tomou uma iniciativa inusitada ao transformar ru-as e galerias do Centro de Milão em corre-dor para uma mostra itinerante. A seleção envolveu quatro temas: o mundo animal, o ser humano, reportagens e paisagens. O resultado final pode ser apreciado em 32 trabalhos. Imagens capturadas por turis-tas italianos ao redor do mundo ou pe-los próprios moradores da cidade. Um dos pontos altos da mostra é a Via San Paolo, no Centro. As fotos vão ficar em exposição durante o período do outono.

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Com a Itália como fonte de referência, Brasília desponta no cenário da moda nacional como novo pólo de grifes de luxo

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Brasília não só tem produ-zido moda com excelência como tem ainda organi-zado importantes even-

tos, caso do Capital Fashion Week (CFW) e do Brasília Fashion Fes-tival (BFF). Além do mais, a Po-limoda, renomada escola de alta costura de Florença, tornou-se destino da nova geração de filhos de empresários do setor de vestu-ário. Estes têm partido em levas, rumo à Itália, para desvendar os segredos do glamouroso negócio das grifes de luxo. De volta à ter-ra natal, semeiam uma promisso-ra era para a moda local.

— A Itália é o berço da moda e estudar em Florença foi mesmo muito proveitoso — reconhece a estilista Andréa Monteiro, que fez o curso de gestão de coleção na Polimoda.

Depois de passar mais de quatro anos na Itália e de esta-giar em diversas grifes de alta-costura durante a sua temporada na Europa, a jovem brasiliense realizou o seu primeiro desfile na terceira edição do BFF, com o te-ma Do lixo ao luxo.

— O curso na Itália foi muito bom porque aprendi a pesquisar outros materiais — conta.

Críticos e consultorias espe-cializadas já referendam o CFW como o terceiro melhor evento do gênero de moda no Brasil. Há três anos, o encontro mobiliza

um grupo cada vez mais maduro de estilistas, produtores e lojistas do Distrito Federal e do Centro-Oeste. A edição deste ano contou com a presença das atrizes Grazi Massafera e Carol Castro.

— Os investimentos que es-ses empresários fazem estudando na Itália têm fortalecido a cida-de como pólo de moda — afirma Márcia Lima, produtora executiva do evento.

Criado em 2005 para projetar os valores de Brasília e do Cen-tro-Oeste, o CFW introduz estilis-tas, marcas e modelos da região no calendário nacional da moda. Este ano, o evento trouxe mais uma novidade: o Capital Busi-ness, espaço voltado para a re-alização de negócios especifica-mente para aquele segmento.

— O espaço é importante, pois o setor movimenta em Bra-sília mais de 470 milhões de reais por ano — ressalta o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Distrito Federal (Sin-diveste), Márcio Franca, entidade que reúne fábricas e malharias.

O Quadrilátero do LuxoPor outro lado, o bairro dos Jar-dins, em São Paulo, tornou-se re-duto de consumo de luxo. Por suas ruas, em frenético vai-e-vem, cir-cula gente disposta a pagar 780 reais por um sutiã (La Perla) ou dois mil reais por uma calça jeans

(Diesel). No burburinho de grifes nacionais e internacionais, as mar-cas italianas saem na frente e di-tam as regras no espaço urbano batizado de Quadrilátero da Moda.

Paira no ar o barulhinho pro-vocado pelo roçar de um sem nú-mero de bolsas de compras com assinaturas Armani, Bulgari, Ver-sace e Roberto Cavalli nas ruas Doutor Melo Alves, Estados Uni-dos, Padre João Manuel e Alame-da Tietê. Estas formam o coração do quadrilátero, vazado pela Rua Oscar Freire, onde estão a La Per-la e a Diesel – esta famosa pelo caimento dos jeans, que emoldu-ram mulheres elegantes e desco-ladas como Fernanda Lima, Caro-lina Ferraz e Fernanda Torres.

As grifes italianas chegaram ao Brasil nos anos 90, quan-do uma política de abertura co-mercial para importações trouxe ao país as últimas novidades do mercado internacional. Segundo fontes do meio, as filiais brasi-leiras estão entre as mais rentá-veis do mundo.

La Perla, por exemplo, sinô-nimo de qualidade artesanal em lingerie da Bolonha, arrebata ce-lebridades como as top models Raika e Shirley Mallman. Quando chegou ao Brasil, há 13 anos, a grife instituiu uma nova cultura de roupas íntimas bem desenha-das e Marina Mariutti, responsá-vel pela vinda da marca ao Bra-

sil e atual gerente-administrativa do grupo, explica essa febre:

— La Perla trouxe variedade de cores, modelos e tecnologia.

Marina confirma que a loja do Brasil é uma das que mais ven-dem no mundo. Segundo ela, isso levou o fabricante a criar mode-los especialmente para as brasi-leiras, como o reggiseno carioca e o slip brasiliana.

Do fenômeno denominado Quadrilátero da Moda derivou, por exemplo, a criação do termo Die-sel Important People (DIP), mo-do peculiar com que a grife ita-liana se refere aos seus clientes VIPs. Seu tecido macio e de óti-mo acabamento, conquistou gen-te como o apresentador Luciano Huck e a DJ da MTV Didi Wagner. O preço salgado varia entre 500 a 2 mil reais. Ainda assim, a Diesel no Brasil chega a vender 90 mil peças por ano.

Fenômeno fashion no Planalto Central

moda

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Conhecido pela cura aos enfermos e pela atenção que dedicava a sua comunidade,

São Pio de Pietrelcina, venerado na Itália, terá, por iniciativa de um padre, uma capela

erguida em sua homenagem, em Niterói

sílvia soUza

Devoçãoítalo-

brasileira

É bem perto do céu, no alto do Morro do Cavalão, em Niterói, na Região Metro-politana do Estado do Rio

de Janeiro, que a fé ítalo-bra-sileira encontra um importante testemunho. Ali, por admiração e devoção ao sacerdócio, um reli-gioso, com a ajuda dos seus fiéis, dedica-se a dar início à constru-ção de uma capela em homena-gem a São Pio de Pietrelcina, mais conhecido como padre Pio, venerado santo italiano.

Longe de sentir a missão co-mo uma penitência, mas toma-do pela força de sua crença, pa-dre Carmine Pascale, coordenador da Paróquia de São Judas Tadeu – que abrange o morro –, pensa apenas em dar prosseguimento, com a obra, aos ensinamentos cristãos pregados por Pietrelcina. Foi o santo italiano quem lavrou a seguinte frase célebre: “Quero ser apenas um pobre frade que reza”.

Descendente de italianos, pa-dre Carmine, desde 2001 na pa-róquia, localizada na divisa entre os bairros de Icaraí e São Francis-co, não teve dificuldade em esco-lher o seu santo de devoção. E a iniciativa da construção da igreja partiu dele mesmo. Segundo o re-ligioso, as obras devem começar nos próximos meses. Junto da ca-pela, ainda serão construídas sa-las de catequese e um jardim.

— Padre Pio era incansável em seu trabalho. Virei devoto na primeira vez que ouvi sua his-tória. Sou filho de italianos que migraram para o Brasil. Sempre existiu essa minha relação com o país dele e toda a religiosida-de que nele se insere. Na Itália, a veneração a esse santo é mui-to grande. Há estátuas e monu-mentos nas praças de norte a sul — conta Carmine, que organizou uma peregrinação paroquial ao local onde vivia Pio, e completa:

— A viagem aconteceu em 2005. Participaram 35 membros da paróquia. Ficamos três dias na cidade e tivemos um frade como nosso guia. Passamos no quarto onde ele dormia, onde fazia suas orações, enfim, foi um momento emocionante. Trouxemos inclusi-ve uma imagem dele que será co-locada na capela.

Nascido Francesco Forgione, em 25 de maio de 1887, a exem-plo de São Francisco, padre Pio dedicou sua vida a ajudar aos po-bres. Os que viviam ao seu redor

foram testemunhas das sementes que ele espalhou: sinais da inti-midade que demonstrava ter com Deus. Ele foi o primeiro sacerdote cujo corpo apresentou os estigmas da crucificação de Jesus Cristo.

A devoção dos italianos a pa-dre Pio pode ser comparada, no Brasil, ao culto a santos como São Judas Tadeu e Santo Antô-nio. Segundo padre Carmine, por ser um santo dos nossos dias, a identificação dos fiéis com suas obras e seus feitos parece au-mentar, passados 39 anos da sua morte, ocorrida em 1968.

— Para ele, presidir a Santa Missa, dirigir almas e administrar

o sacramento da Penitência eram a razão de sua vida, sintetizada, portanto, em dois pilares: oração e caridade — explica o pároco.

Dentre o grupo que esteve na Itália, a professora aposentada Gelsa Ribeiro de Oliveira tinha um motivo especial para agrade-cer a São Pio. Segundo ela, que perdeu um filho que teve leuce-mia, foi o santo que intercedeu para que o menino não sofresse.

— Fui à Itália pedir a bên-ção para minha família. Mas mi-nha relação com São Pio vem da década de 1970. Naquela época, não havia cura para a leucemia e os médicos disseram que meu

filho teria só três meses de vida. Disseram que ele perderia cabe-lo e ficaria cego. Mas nada dis-so aconteceu, pois roguei a pa-dre Pio. Meu filho só morreu dois anos depois que a doença já ha-via sido descoberta — recorda a aposentada, que ainda pretende voltar a Pietrelcina e a Rotondo, cidades onde o padre Pio viveu.

A vida do SantoNascido de uma prole de sete irmãos, Francesco Forgione foi batizado pelos seus pais, Grazio Forgione e Maria Giuseppa De Nunzio, no dia seguinte ao seu nascimento. Ainda criança, re-comendava aos adultos que re-corressem ao seu anjo da guarda para estar mais perto de Deus. Aos 15 anos, entrando no novi-ciado, adotou o nome de “frei Pio”. Vestiu o hábito em 22 de janeiro de 1903, tendo sido or-denado padre em 10 de agosto de 1910. Acolhia em si o sofri-mento do povo que o procurava. Os casos mais urgentes e com-plicados, o frade confiava a Nos-sa Senhora. Transferido para San Giovanni Rotondo, onde perma-neceu até à morte (em 23 de se-tembro de 1968), recebeu nas mãos, nos pés e no lado do co-ração a impressão dos sinais da crucifixão de Jesus, desapareci-dos 50 anos depois, às vésperas de sua morte.

Segundo a Igreja, tortura-do e testado muitas vezes, padre Pio costumava chamar o diabo de Barba Azul. Construiu a Casa Alí-vio do Sofrimento, hospital que viria a ser referencial em toda a Europa. Entre os muitos milagres, ficou para a história a cura do pequeno Matteo Pio Colella, em San Giovanni Rotondo. Dom Luigi Orione também contava que, em 1925, sendo um dos tantos devo-tos de Santa Teresa de Lisieux, es-tava na Praça de São Pedro para as celebrações em honra da mís-tica francesa quando, inesperada-mente, lhe apareceu padre Pio. Mas segundo relato de amigos e fiéis, padre Pio nunca saiu do convento para o qual foi enviado em 1918. Pio tornou-se santo em 16 de junho de 2002, proclamado pelo pontífice João Paulo II. No Brasil, há pelo menos uma ermi-da, no Rio Grande do Sul, e uma paróquia, em Brasília, dedicadas ao Santo. A capela do Morro do Cavalão será a próxima.

Foto

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religião

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il lettore racconta

culdade de transporte, eles ainda dependiam das condições climáti-cas. Tudo era muito intenso. E aí me lembro bem do meu tio dizen-do assim: “Pois é João, é claro que depois de tanto tempo para che-gar de volta e até vender o café, o preço já não era mais aquele”.

Os dois ficavam, ali, sentados, refletindo sobre as dificuldades de se obter uma informação naquela época. Ao mesmo tempo, se sentiam felizes e vitoriosos: “Agora, nós temos o rádio”. Eles se sentiam orgulho-sos por continuar uma luta de seus pais, que deixaram sua pátria mãe, a Itália, e adotaram o Brasil como a única esperança de vida...

Hoje, fico pensando... E se eles vivessem nos dias de hoje com tan-ta tecnologia e avanço em tudo no mundo?

Não há como saber se eles se adaptariam a todas essas mudanças por que o mundo passa. Mas cer-tamente ficariam felizes em ver que grande parte dos ensinamen-tos que recebemos, ainda crianças, são seguidos até hoje.

O meu avô veio de Veneza pa-ra o Brasil no final do século 19. Aqui ele teve 16 filhos, incluindo meu pai, e se estabeleceu em Venda Nova do Imigrante (ES). Se esti-vessem vivos, veriam como a família se tornou numerosa e como se man-tém unida na preservação dos laços com as tradições italianas.

Dos costumes que eu e todos os primos adotamos, sem dúvida, o que diz respeito à religiosidade é o mais notável. Aqui, todos são batiza-dos na Igreja Católica, fizeram a primeira-comunhão e são crismados.

Ir à missa aos domingos é de lei, assim como almoçarmos juntos.

A família fica toda reunida sem televisão ligada ou celular. Se for para atender o telefone, tem que ser por um motivo muito im-portante. O almoço é sagrado e não pode ser interrompido. Gosto de cozinhar os pratos típicos da culi-nária italiana: uma boa massa, po-lenta e, claro, puína, que é um queijo tipo ricota. Adoramos sabore-ar essas receitas que herdamos de nossos antepassados, e tudo acompa-nhado com um bom vinho...

Deixei Venda Nova em 1971 pa-ra morar no Rio de Janeiro. São muitas histórias e lembranças. Ain-da recebo jornal, livros, revistas e calendários semestralmente da Comune di Salzano.

Infelizmente, ainda não ti-ve condições de visitar a terra dos meus avós. Mas em 2008 pretendo ir com meus irmãos e primos. En-quanto isso, treinamos nossa memó-ria no Encontro da Família Sca-bello (ENFASCA). Nesses dias, no segundo final de semana de ja-neiro, revivemos a nossa história celebrando uma missa. Fazemos um festival gastronômico com almoço e lanche. Tentamos passar às novas gerações a importância desse con-vívio, do aprendizado da língua, da cultura. Assim, mantemos vivo o nosso passado sem nunca abando-narmos nossas origens.

Rio de Janeiro (RJ)Madalena Scabello,

55 anos

Lá se vão muitos anos... Mas a lembrança é viva e per-manente. Quando eu era criança, meus pais sem-

pre recebiam os seus familiares em nossa casa, em Castelo, interior do Espírito Santo. Eles moravam em locais de fazendas onde não ha-via recursos como os que existiam em Castelo. Apesar de bem pequena, lembro de que lá havia comércio de tecidos, poucos médicos, etc.

Recordo-me bem que numa des-sas vezes recebemos um tio, muito querido, isso há mais ou menos uns 47 anos. Como de costume, ao cair da tarde, meu pai e ele conversa-vam sentados, e nunca mais esqueci aquele momento. Eles relembravam o tempo em que plantavam café, na década de 20 ou 30. Na época da colheita, precisavam saber da cotação no mercado. Nesse tempo, meu pai era solteiro e morava em uma fazenda em Pindobas. Para ter acesso a essa informação, era preciso sair daquela localidade e enfren-tar uma viagem até Castelo, onde meu pai veio a se casar com a mi-nha mãe.

Era uma viagem sacrificante. Tinham que levantar de madruga-da, preparar os cavalos e seguir pa-ra Castelo. O percurso era difícil e a estrada estreita cruzava as matas. A viagem demorava em média 12 horas. Eles pernoitavam na cidade e, no dia seguinte, dependendo de haver meio de transporte disponí-vel, seguiam para Cachoeiro. Tudo isso para poder ler o jornal.

Depois de checar a informa-ção, faziam o caminho de volta, com igual dificuldade. Além da difi-

em meio àS diVerSaS tecNologiaS a NoSSa diSpoSição No

muNdo coNtemporâNeo, coNSerVar em NoSSa memória o paSSado

é uma forma de perpetuar oS laçoS com aS origeNS. NeSta

edição, madaleNa Scabello NoS coNta como Seu pai João

baptiSta Scabello, filho de italiaNoS que imigraram para o

braSil NoS idoS de 1920, fazia para Se maNter iNformado e

SobreViVer da plaNtação de café. mal Sabia ele que, em pleNo

Século 21, máquiNaS fotográficaS digitaiS e e-mailS torNariam

poSSíVel acompaNhar o VíVido legado que a imigração deixou

em VeNda NoVa do imigraNte, No eSpírito SaNto.

depoimeNto à repórter

SílVia Souza

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comunità

Quando il tema è l’Italia, la gente di San Paolo e del sud rappresenta, in Bra-sile, il primo riferimento

dell’immigrazione. Comunque, il suono della tarantella che viene dal sud dello stato di Rio non la-

scia dubbi: la colonizzazione ita-liana ci ha messo radici. E in un modo molto particolare. A Por-to Real, ad esempio, la maggior parte degli oriundi si riunisce in-torno agli stessi valori e cultura, con un’origine familiare comune, dell’Emilia Romagna. A Valença, destino di immigranti delle più svariate regioni italiane, accade un fenomeno contrario.

La storia racconta che la se-conda metà del XIX secolo è sta-ta segnata dall’arrivo degli ita-liani in Brasile. La maggior parte era formata da braccianti, arti-giani e abitanti poveri delle re-gioni Trentino, Friuli e Veneto, così come della Calabria, Sicilia e Abruzzo. Nelle valigie, il sogno di un futuro migliore.

I dati storici dimostrano che l’arrivo dei ‘fratelli’ dalle nostre parti coincidono con la venuta dell’imperatrice Dona Teresa Cri-stina, principessa del Regno di Napoli, sposata con l’imperatore Dom Pedro II. In questo conte-sto, il sud fluminense diviene un porto sicuro degli immigranti ita-liani. Città come Porto Real, Va-

lença e Barra do Piraí hanno un posto d’onore in questo scenario.

— Non abbiamo rilevamenti recenti, ma si calcola qualcosa come circa trecento famiglie ita-liane da queste parti — dice Laér-cio Marassi, presidente dell’Asso-ciação Vittorio Emanuele II (Ave II) di Porto Real.

La città, ex distretto di Re-sende, presenta un’area di 51 chi-lometri quadrati. E i suoi 12mila abitanti respirano cultura italiana. Là, la maggior parte degli immi-granti provengono dalla provincia di Modena, in Emilia-Romagna. Ma ci sono anche persone venu-te dalla Calabria, dal Veneto e da Lucca, in Toscana. Dovuto a que-sta grande presenza, un gruppo di discendenti di italiani ha cre-ato, nel 1989, la Ave II, che ha cominciato a funzionare soltanto nel 1996, dopo la trasformazione della città in capoluogo di provin-cia. L’obiettivo dell’associazione è giustamente quello di riscattare e mantenere le tradizioni della cul-tura nella regione.

— Fin da quell’epoca, l’asso-ciazione ha ottenuto che il comu-ne di Porto Real firmasse un pat-to di amicizia con le città italiane Concordia sulla Cecchia e Novi di Modena. Manteniamo un gruppo di danze tipiche, formato da ado-lescenti, che si chiama “Le piccole ballerine” — rac-conta Marassi, eviden-ziando anche che la Ave II conta su di un programma di radio che, oltre a divulgare la storia della città, trasmet-te canzoni italiane.

Tutti gli anni, a giugno, la città si veste di bian-co, rosso e verde per

festeggiare la festa della cultura italiana. Marassi dice che l’evento viene realizzato dalle 160 persone che fanno parte dell’associazione. Ma si lamenta della timida parteci-pazione dei suoi integranti:

— Molte altre misure debbo-no essere adottate perché la no-stra storia sia conosciuta, amata e preservata. Degli esempi sono la creazione della Casa do Imi-grante, perché è un punto di rife-rimento, l’inserimento di corsi di italiano nelle scuole della città, il conseguimento della cittadinanza italiana da parte dei discendenti e il consolato, oltre allo sforzo in questo senso di altre istituzioni presenti nella nostra città.

A ValençaAl contrario di Porto Real, che presenta una colonizzazione più uniforme perché ha concentra-to discendenti di una stessa re-gione, Valença ha ricevuto immi-granti da diverse parti dell’Italia. Per rafforzare lo spirito comunita-rio tra gli oriundi – compromessa dalle origini diverse – il corri-spondente consolare Serafino An-timo Sevastamo sta organizzando la prima iscrizione di famiglie ita-lo-brasiliane della città.

Per sapere le loro origini, Sa-vastamo ha già registrato 360 persone.

— Faremo ricerche sui loro luo-ghi d’origine. In questo momento non ci preoccupiamo di feste o eventi legati alla cultura italiana. L’importante è far sì che queste persone sentano orgoglio di essere discendenti. Vogliamo risvegliare in loro l’interesse in questo — spiega il corrispondente consolare.

Secondo lui, l’importanza della grande colonia a Valença può essere verificata dai lavori pubblici fatti e che si stanno fa-cendo nella città:

— La collettività italiana e di oriundi a Valença differisce dalle altre colonie della regio-ne del Médio Paraíba, dato che è formata da famiglie venute da tutte le regioni italiane, non sol-tanto da un determinato comune di quel paese.

Storia secolareLa prima colonia risale al 1880, e mise le sue radici nella Fazenda Santo Antônio do Paio.

Centinaia di famiglie arrivaro-no per lavorare nelle coltivazioni di caffè. Ma dato che la domanda

era grande, molte di esse furono smistate in altre fazendas.

— Con il declinio del ciclo del caffè e con i risparmi accumulati in lunghe e dure giornate di la-voro, dei gruppi se ne andarono dalle fazendas e misero radici a Valença, aprendo piccoli negozi. Realizzavano attività come quel-le di artigiani, manovali, fabbri, calzolai, sarti, venditori ambu-lanti, lavandaie, falegnami e an-che quelle di piccoli produttori vinicoli — afferma Sevastamo.

Tra i tanti punti turistici, co-me le fazendas che raccontano la storia del Brasile del XIX secolo, Valença ospita anche il Museu Mi-litar Capitão Pitaluga. Fondato nel Primeiro Esquadrão de Cavalaria Mecanizado – Esquadrão Tenente Amaro, il museo preserva la sto-ria della Seconda Guerra Mondiale. La sua collezione è formata da do-cumenti originali e fotocopie, fo-tografie, armi, medaglie, divise e materiali ospedalieri. Fatti e ricor-di di un’epoca che segna la presen-za e la partecipazione effettiva del Brasile nella campagna in Italia e, specialmente, della Cavalaria Bra-sileira, di cui il Primeiro Esquadrão era l’unica unità dell’arma a inte-grare questo momento storico.

— Oltre al materiale che già avevamo, abbiamo ricevuto molti donativi che hanno permesso di comporre la collezione. Credo sia una maniera di preservare la sto-ria e farla vedere a coloro che lo visitano — racconta il sottote-nente Gerson Romano, spiegando che il capitano Pitaluga, oriun-do, fu il comandante che condus-se l’Unidade durante la maggior parte del periodo della guerra.

Oltre alle fazendas e al mu-seo, c’è inoltre la Casa Léa Penta-

gna. Donna all’avanguardia per la sua epoca, Léa si avvicinò all’ar-te grazie al fratello Vito, un po-eta nato. Spesso cedeva la sua casa per pranzi dell’Academia Va-lenciana de Letras, che è servita da scenario per il film “A casa as-sassinada”, del regista Paulo Cé-sar Saraceni negli anni ’70.

Oggi lo spazio apre le sue porte per conferenze, corsi, espo-sizioni, proiezioni di video e con-certi di musica classica e popola-re, oltre a ricevere turisti. Situata nel quartiere Benfica, la casa è stata ristrutturata nel 2000. La famiglia Pentagna è stata molto influente a Valença ed era pro-prietaria di molte fazendas e del-la fabbrica di tessuti Santa Rosa.

A Barra do PiraíSituata a 122 chilometri da Rio e con circa 70mila abitanti, Bar-ra do Piraí è un’altra città del sud fluminense a presentare forti lega-mi con l’Italia. Il corrispondente consolare e Secretário Municipal de Trabalho e Desenvolvimento Econômico, Roberto Monzo Filho, crede che lì vivano più di 140 fa-miglie discendenti da italiani.

— Abbiamo fatto un rileva-mento preliminare e registrato queste famiglie. Stiamo comin-ciando quest’attività per avere un’idea di questa realtà. Ciò aiu-terà a impostare i nostri progetti — dice Monzo, mettendo in ri-salto che i discendenti di italiani di Barra do Piraí sono oriundi di Campania e Calabria.

Nel 2006 è stato siglato un gemellaggio con Paola, in Italia. Ossia, Barra do Piraí e Paola so-no, oggigiorno, città sorelle.

— Il primo passo è stata la venuta di una comitiva del con-

Una “mappa” dell’Italia alsud di Rio

Immigranti arrivano a Rio nella seconda metà del XIX secolo e trasformano Porto Real, Valença e Barra do Piraí in una città con presenza massiccia di discendenti dalle più svariate regioni italiane

solato, guidata dal console ge-nerale Ernesto Massimo Bellelli. Hanno potuto constatare la pre-senza di una numerosa colonia nel nostro comune. In seguito, dopo vari contatti, l’anno scor-so abbiamo ricevuto la visita del sindaco di Paola, accompagnato da deputati e dall’ex comandan-te dei carabinieri di Paola, Elio Rocca, e allora abbiamo realiz-zato la cerimonia di firma del gemellaggio — spiega il corri-spondente consolare.

Dopo la visita della comitiva, il deputato provinciale Christia-no Almeida (PSDB), per mezzo di un progetto di legge, ha creato il Dia da Colônia Italiana, festeg-giato ufficialmente il 29 ottobre. Quest’anno sarà la prima volta che verrà organizzata una festa. Il distretto di Ipiabas sarà uno dei centri dell’evento, che già conta su di una rete di locande e risto-ranti, e inoltre offre il suo patri-monio storico.

— Attraverso la culinaria, l’architettura, la cultura e gli eventi, vogliamo dare un’identità italiana a Ipiabas, trasformando-la in una piccola Italia — rac-conta Monzo.

Fin dai tempi dell’unione di Paola e Barra do Piraí, Monzo dice che la valorizzazione della cultura italiana nel comune fluminense è aumentata sempre di più.

— C’è stata una grande ricet-tività da parte di tutti, non sol-tanto degli immigranti e discen-denti, ma anche di coloro che hanno simpatia per la cultura ita-liana. Tra il Brasile e l’Italia c’è una grande identificazione. Ab-biamo sentito che tutto ciò che è legato a questo paese piace molto ai brasiliani — rivela.

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Il corrispondente consolare Serafino Sevastamo organizza il registro di famiglie italiane a Valença. Nella città, il museo Capitão Pitalunga conserva la storia della Seconda Guerra Mondiale

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Sapori d’ItaliaalinE bUaEs

Rio de Janeiro – Jô é assíduo freqüentador de um dos italia-nos mais tradicionais de São Paulo: o Jardim de Napoli. E, diga-se de passagem, costuma sempre saborear os mesmos pratos. Entre as suas preferências estão o Polpettone, bas-

tante famoso na casa e que tem uma receita guardada a sete chaves pelos proprietários, e a Berinjela à Parmegiana.

O Jardim de Napoli fica perto da casa de Jô, no bairro de Higie-nópolis, e o humorista é velho conhecido dos funcionários do restau-rante, acostumados a lidar com as celebridades que vivem no bairro nobre da capital. O lugar também é freqüentado, por exemplo, pelo ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e pela escri-tora Maria Adelaide Amaral.

Trata-se de uma legítima casa napolitana, que desde 1949 procura manter a qualidade e o ambiente familiar. A história do restaurante é narrada em detalhes no livro Alla Napoletana, lançado recentemen-te pela Editora Boccato, e se mistura à própria história da imigração italiana em São Paulo.

A cantina foi fundada por Francesco Buonerba, ou ape-nas Don Ciccio, que criou o aclamado Polpettone alla Par-migiana, espécie de almônde-ga de carne empanada com farinha de rosca, recheada com mozzarella, al sugo, com queijo parmesão.

O prato mantém o restau-rante há anos no topo dos mais recomendados pelos crí-ticos gastronômicos de São Paulo. Os proprietários, que não divulgam a receita, deci-diram ir ainda mais longe:

— Resolvemos patentear a invenção. Foi o modo que

O piatto favorito do JôSapori d’Italia apresenta, nesta edição, um novo e especial tempero. A coluna de gastronomia de Comunità – que já garantia ao leitor a indicação das melhores casas especializadas na cozinha mediterrânea, no Brasil e na Itália –, passa a oferecer, a partir desta edição, um algo mais: as preciosas dicas de personalidades amantes da boa comida italiana de seus restaurantes e pratos preferidos. E a coluna reestréia, em seu novo formato, com um convidado de peso: o apresentador e humorista Jô Soares

SerViço: reStauraNte Jardim de Napoli

rua martiNico prado, 463. higieNópoliS, São paulo. telefoNe: (11) 3666-3022

Melanzana a Parmegiana

Ingredientes: Três berinjelas grandes; 500 gramas de queijo mus-sarela; 500 gramas de queijo parmesão ralado; 800 mililitros de molho ao sugo; 10 ovos; 1quilo de farinha de trigo.

Modo de Preparo: Cortar a berinjela em fatias, passar na farinha de trigo, depois passar no ovo batido. Fritar em óleo bem quente, depois reservar em uma peneira para escorrer o óleo. Untar uma forma retangular com o molho al sugo. Fazer camadas interca-ladas de fatias de berinjela, mussarela, molho ao sugo e queijo parmesão. Terminar a última camada com mussarela. Colocar no forno aquecido a 180 graus durante 20 minutos. Para finalizar, cobrir com molho al sugo e queijo parmesão.

Gerente da casa há quase 50 anos, Adolfo Scardovelli sugere para acom-panhar o prato o vinho tinto seco Chianti Classico Castello di Querceto.

O humorista, apresentador e escritor Jô Soares é fã das massas italianas

encontramos para conter a concorrência — explica Chico Buonerba, um dos donos do estabelecimento.

Além do Polpettone, Jô Soares também costuma comer um prato mais leve e mais simples de preparar, e que, segundo os proprietários, ele consome com muito mais freqüência: o Melanzana alla Parmeggiana.

Famosa por ditar regras de elegância e de sofisticação que se espalham pelo mun-do, Milão resolveu lançar

uma nova moda noturna. E so-bre trilhos. Imagine poder circu-lar pelos lugares mais pitorescos da cidade a bordo de um trem de 1928? Pois é isso mesmo. Por iniciativa da Azienda Traspor-ti Milanesi (ATM), empresa que administra o transporte público na capital lombarda, o ATMosfe-ra – nome dado ao transporte – já pode ser visto circulando pe-los principais pontos turísticos da cidade.

Totalmente reformado, o trem, com seus 24 lugares, tem uma decoração colonial, cujo ce-nário recria o ambiente do Orient Express, meio de ligação entre Paris Gare de L’Est e Istambul, e que serviu de inspiração para a escritora Agatha Christhie lan-çar um livro com o mesmo nome. Além de admirar os momumentos mais belos da cidade durante a noite, os passageiros ainda têm opção de jantar. O preço? Cin-

anElisE sanchEzCorrespondente • roma

Orient Express à milanesa

Empresa de transporte público lança em Milão roteiro turístico noturno sobre trilhos, em um trem-restaurante de luxo

turismo

qüenta euros. A idéia agradou tanto que os lugares disponíveis no ATMosfera foram reservados até janeiro de 2008.

Diariamente, às 20h, pontu-almente, o trem parte da Piazza Castello, esquina com o Largo Cairoli, e segue um itinerário que oferece visitas por pontos como Foro Buonaparte e o charmoso Castello Sforzesco, monumen-to construído no século XV pelo

duque Francesco Sforza que con-quistou o status de um dos sím-bolos de Milão.

Em seguida, o trem atraves-sa as vias Tivoli, e Ponte Vetero, piazzale Cadorna, via Vincenzo Monti, via Pagano, corso Sempio-ne e o Arco della Pace. A praça do cemitério momumental, a pra-ça da Repubblica, a via Turati e o Museo della Permanente, como é chamada a exposição de Belas

Artes criada em 1870, também não ficaram de fora do passeio.

Outros lugares imperdíveis que fazem parte do itinerário do trem são a Via Manzoni e o Tea-tro alla Scala, reinaugurado em 2004, o Museo Diocesano e o Na-viglio Grande, que hospeda um mercado de antiquidades.

O passeio dura cerca de duas horas e meia. O jantar, preparado pelo Gruppo Pellegrini Ristorazio-ne, pode ser elaborado com pratos à base de carnes, peixes ou com ingredientes vegetarianos. Estão incluídos aperitivos, uma entra-da, um primo piatto, um secon-do piatto, uma sobremesa, café, água e vinho para duas pessoas.

Ultimamente, os pratos mais pedidos são a mini-torta de co-gumelos perfumados com timo e polenta, lasanha ao molho bran-co e pinoli, carne de vitela com batatas crocantes ao porto, flan de chocolate amargo com peras ao gengibre, sopa de grão de bi-co com vinagre balsâmico e ca-marões. A carta de vinhos ofecere Barbera Oltrepò Pavese, o Fer-mentino Terre Fenice e Chardon-nay Mandrarossa.

As reservas podem ser agen-dadas por telefone, de terça a do-mingo, exceto feriados. Os pedi-dos devem ser feitos até às 19h30 do dia anterior, discando para o número 800-80.81-81 (válido so-mente em território italiano). Em caso de desistência, a ATM pede aos clientes que comuniquem a decisão à empresa até às 15h30 do dia anterior. O ATMosfera aceita somente o pagamento em dinhei-ro ou cartão de crédito de bandei-ras Visa, Visa Electron, American Express e Mastercard.

Luxo e requinte para conhecer e apreciar a arte milanesa

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Claudia Monteiro de Castro

La gENTE, iL pOSTO

Fonte das TartarugasRoma é a cidade das fontes. Passe-

ando pelas praças e pelas ruas, tem sempre aquele fundo sonoro do bur-

bulhar de suas águas. Algumas fontes mo-numentais, como a Fontana di Trevi, nem precisam de cartão de visita, de tanto que foram fotografadas e filmadas. Mas muitas fontes menores, jóias raras, também têm seu charme. Uma das mais graciosas fontes de Roma é a Fonte das Tartarugas. Fica na Piazza Mattei, no coração no Ghetto, bairro judeu de Roma, no centro histórico da ci-dade. Construída entre 1581 e 1588, quem desenhou o projeto foi Giacomo della Porta, autor da maioria das fontes romanas cons-truídas no século XVI.

Restaurada recentemente, a fonte está tinindo, exibindo seus vários tipos de már-more de cores diferentes: da áfrica, de Car-rara e da Turquia. Na fonte há quatro es-tátuas de bronze de quatro rapazes, todos com uma mão erguida, que tentam tocar as tartarugas que se encontram logo acima. Somente um deles “consegue” tocar a tar-

taruga. Segundo os estudiosos, trata-se de São João Batista.

Uma das lendas populares conta que An-tonio Mattei, cujo prédio tinha vista para a praça, mandou construir a fonte da noite para o dia para impressionar o futuro so-gro, que titubeava em dar a mão de sua fi-lha a Mattei, nobre, mas squattrinato, ou seja “duro”. Com o ego ferido e louco para conquistar a amada e o sogro, Mattei pro-videnciou a construção da fonte em tempo recorde. Em seguida, chamou a sua amada e seu pai para dar uma conferida no visual, e apreciar da janela a maravilhosa fonte. E disse: “Ecco cosa è capace di realizzare in poche ore uno ‘squattrinato’ Mattei”. E as-sim, o casamento foi confirmado.

Depois, Mattei mandou murar a janela, para que ninguém mais pudesse ter este pri-vilégio. A lenda é pura invenção, afinal, o prédio foi construído em 1616, quase trinta anos depois que a fonte estava pronta. Mes-mo assim, os romanos adoram contar essa história.

Existem mais tipos de macarrão no universo do que supõe nos-sa vã filosofia. Na Itália, cada região oferece uma grande va-riedade, diversos formatos, divididos em duas famílias: massa

longa, como o spaghetti e massa curta, como o penne. Mas cuidado. Os italianos não brincam em serviço. Massa é papo

sério. Não é só ir fazendo a massa e colocar qualquer molho em cima. Cada molho requer um tipo de pasta. E se a combinação for perfeita, os italianos dizem: “è la morte sua”. Assim, o molho carbonara fica ótimo com spaghetti ou rigatoni. Já para a amatriciana (molho de tomate com queijo de ovelha e bacon) o ideal é usar o buca-tini, spaghetti gordinho com furinho no meio, pois o molho entra pelo furinho, mistura-se bem e como resultado, nenhu-ma camisa sobrevive ao splish splash dessa combinação mor-tal. O cacio e pepe, simples-mente queijo de ovelha com pimenta do reino, fica bom no tonnarelli, um spaghetti mais ondulado. O orecchiette, que como o próprio nome diz tem o formato de pequenas ore-lhas, fica bom com cime di ra-pa, uma espécie de primo do

brócoli, e é um dos pratos mais típicos da região da Puglia. E assim por diante.

Quer ver italiano chiar? É só inverter as combinações e colocar o molho com a massa errada. Certa vez, no início da minha estadia em Roma, tendo na dispensa e na geladeira poucas opções (ovo, bacon, queijo e fettuccine), só me restou a alternativa de fazer fettuccine alla carbonara. O supermercado estava fechado (ou eu estava com preguiça? Não me lembro). Chamei minha grande amiga italiana, Valentina, que sempre me brindou com ensinamentos culturais, e

me iniciou nos mistérios do fo-gão para saborear minha refei-ção. Ao ver a pasta pronta ela teve um chilique. Arregalou os olhos, começou a movimentar os braços, protestar, como se eu tivesse acabado de cometer um crime. “Fettuccine com carbo-nara??!!! Que horror! Não com-bina!!!”

Na Itália, para certas coisas, até existe o jeitinho brasileiro. Mas molho e massa são coisas sagradas. Tem que segurar o im-pulso de inventar coisas mirabo-lantes. Na massa deles, ninguém bota mão.

Os italianos e as massas

Cla

udia

Mon

teiro

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Cas

tro

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