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Sem Opção Veículo: O Tempo - Caderno: Economia - Seção: Não Especificado - Assunto: Comunicação e Marketing - Página: - Publicação: 09/09/19 URL Original: Cervejas industriais preparam contra-ataque às artesanais Cervejas industriais preparam contra-ataque às artesanais Nos próximos três anos, Minas receberá investimentos de R$ 2 bi nesse setor; água, energia, logística e tratamento tributário funcionam como atrativos Por RAFAELA MANSUR 09/09/19 - 03h00 Dono da marca Itaipava, o Grupo Petrópolis terá fábrica em Minas; hoje, o Estado consome o que vem de SP e Rio Foto: Grupo Petrópolis/divulgação Fábrica do Grupo Petrópolis em Uberaba já está em construção Foto: Grupo petrópolis/divulgação Terceiro Estado do país com o maior número de microcervejarias, Minas Gerais vem recebendo também investimentos de grandes empresas do setor, que contra-atacam o crescimento das artesanais com uma vantagem: o preço. Nos próximos três anos, estão previstos aportes de mais de R$ 2 bilhões por parte de cervejarias em cidades mineiras. Dona da marca Estrella Galicia, a espanhola Hijos de Rivera tem planos de investir R$ 100 milhões em Minas, na construção de uma fábrica que deve entrar em funcionamento em 2021. A empresa assinou protocolo de intenções em 2017, e a previsão inicial era de que a unidade começasse a operar em 2019, em Poços de Caldas, na região Sul. Mas, em setembro passado, a companhia desistiu de instalar a fábrica na cidade, alegando motivos “empresariais”. “O projeto continua em andamento (...) e a expectativa é confirmar, ainda neste ano, um novo local”, afirmou a empresa, em nota. A unidade terá capacidade para produzir 20 milhões de litros de bebidas por ano e deve empregar cem pessoas. O maior investimento no Estado é do Grupo Petrópolis, dono das marcas Itaipava e Crystal, que vai destinar R$ 1 bilhão à fábrica em construção em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Cerca de 1.200 pessoas já trabalham na obra. A inauguração será em julho de 2020, com capacidade para produzir 9 milhões de hectolitros de cerveja por ano. A expectativa é geração de 600 empregos diretos. Segundo o diretor de controladoria do Grupo Petrópolis, Marcelo de Sá, atributos como qualidade e abundância de água e fornecimento de energia elétrica de alta tensão foram considerados para a instalação. “Outros pontos importantes são a logística, por conta do barateamento do frete, e as questões fiscal e tributária, visto que o produto ficará mais competitivo por conta de menores taxas de impostos interestaduais”, diz. Sá diz, ainda, que Minas consome 13,8% da cerveja produzida no país e é um mercado importante para o setor. “Nossa participação só não é maior por causa da falta de capacidade de atendimento da demanda”, pontua. A cerveja vendida no Estado é produzida por unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro. Líder do mercado cervejeiro no Brasil, a Ambev também aposta em Minas: a companhia vai aplicar, nos próximos três anos, mais de R$ 700 milhões na construção da fábrica de latas e tampas em Sete Lagoas, na região Central. A unidade vai entrar em operação em 2020, gerando 350 empregos diretos e indiretos. Nos últimos cinco anos, a Ambev investiu R$ 2,2 bilhões no Estado, destinados a centros de distribuição e às operações em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, e Sete Lagoas, onde são produzidas

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Page 1: Cervejas industriais preparam contra-ataque às artesanais · bebidas como Skol e Brahma. Segundo a empresa, Minas é um Estado “estratégico”. Aporte A Cervejaria Cidade Imperial,

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Veículo: O Tempo - Caderno: Economia - Seção: Não Especificado - Assunto:Comunicação e Marketing - Página: - Publicação: 09/09/19URL Original:

Cervejas industriais preparam contra-ataque àsartesanaisCervejas industriais preparam contra-ataque àsartesanaisNos próximos três anos, Minas receberá investimentos de R$ 2 bi nessesetor; água, energia, logística e tratamento tributário funcionam comoatrativosPor RAFAELA MANSUR09/09/19 - 03h00

Dono da marca Itaipava, o Grupo Petrópolis terá fábrica em Minas; hoje, o Estado consome o que vem de SP e Rio

Foto: Grupo Petrópolis/divulgação Fábrica do Grupo Petrópolis em Uberaba já está em construção

Foto: Grupo petrópolis/divulgação

Terceiro Estado do país com o maior número de microcervejarias, Minas Gerais vem recebendo também investimentos degrandes empresas do setor, que contra-atacam o crescimento das artesanais com uma vantagem: o preço. Nos próximos trêsanos, estão previstos aportes de mais de R$ 2 bilhões por parte de cervejarias em cidades mineiras.Dona da marca Estrella Galicia, a espanhola Hijos de Rivera tem planos de investir R$ 100 milhões em Minas, na construção deuma fábrica que deve entrar em funcionamento em 2021. A empresa assinou protocolo de intenções em 2017, e a previsãoinicial era de que a unidade começasse a operar em 2019, em Poços de Caldas, na região Sul. Mas, em setembro passado, acompanhia desistiu de instalar a fábrica na cidade, alegando motivos “empresariais”.“O projeto continua em andamento (...) e a expectativa é confirmar, ainda neste ano, um novo local”, afirmou a empresa, emnota. A unidade terá capacidade para produzir 20 milhões de litros de bebidas por ano e deve empregar cem pessoas.O maior investimento no Estado é do Grupo Petrópolis, dono das marcas Itaipava e Crystal, que vai destinar R$ 1 bilhão à fábricaem construção em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Cerca de 1.200 pessoas já trabalham na obra. A inauguração será em julho de2020, com capacidade para produzir 9 milhões de hectolitros de cerveja por ano. A expectativa é geração de 600 empregosdiretos.Segundo o diretor de controladoria do Grupo Petrópolis, Marcelo de Sá, atributos como qualidade e abundância de água efornecimento de energia elétrica de alta tensão foram considerados para a instalação. “Outros pontos importantes são alogística, por conta do barateamento do frete, e as questões fiscal e tributária, visto que o produto ficará mais competitivo porconta de menores taxas de impostos interestaduais”, diz.Sá diz, ainda, que Minas consome 13,8% da cerveja produzida no país e é um mercado importante para o setor. “Nossaparticipação só não é maior por causa da falta de capacidade de atendimento da demanda”, pontua. A cerveja vendida noEstado é produzida por unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro.Líder do mercado cervejeiro no Brasil, a Ambev também aposta em Minas: a companhia vai aplicar, nos próximos três anos,mais de R$ 700 milhões na construção da fábrica de latas e tampas em Sete Lagoas, na região Central. A unidade vai entrar emoperação em 2020, gerando 350 empregos diretos e indiretos.Nos últimos cinco anos, a Ambev investiu R$ 2,2 bilhões no Estado, destinados a centros de distribuição e às operações emUberlândia, no Triângulo Mineiro, Juatuba, na região metropolitana de Belo Horizonte, e Sete Lagoas, onde são produzidas

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bebidas como Skol e Brahma. Segundo a empresa, Minas é um Estado “estratégico”.AporteA Cervejaria Cidade Imperial, de Petrópolis (RJ), também tem projeto para a ampliação de sua fábrica em Frutal, no TriânguloMineiro. Segundo o governo de Minas, serão investidos R$ 250 milhões, com 350 empregos.Estabelecimentos crescem 32% no anoO número de cervejarias em Minas Gerais cresceu 32% em 2018, para 115, em comparação com as 87 do ano anterior, deacordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Neste ano, já são 135 cervejarias.Para o presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, a concorrência entre as bebidasespeciais e as grandes empresas é injusta. “Há muito incentivo fiscal para grandes cervejarias, que ainda compram pontos devenda e exigem exclusividade. As pessoas têm interesse na artesanal, mas o preço ainda é uma barreira”, afirma.O presidente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (Sindbebidas), Mário Morais,vê com bons olhos os investimentos de grandes cervejarias em Minas, mas ressalta que são necessárias medidas que reduzam adiferença de preço entre a artesanal e a industrial. “Temos que absorver essas indústrias que, se não estivessem no Estado,estariam nos vizinhos. Nós enxergamos que existe espaço para ambas, o mercado consumidor aqui é grande”, diz.Estado tem procurado investidoresO Estado está abordando outras cervejarias para incentivá-las a investir em território mineiro, segundo o diretor presidente daAgência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Indi), Thiago Toscano.“Para as cervejarias, Minas Gerais é o melhor lugar para se investir hoje no Brasil. O principal motivo é a localização: empresasno Sul do Estado conseguem abastecer São Paulo – com custo muito mais baixo de mão de obra – e Minas Gerais, os doismaiores mercados consumidores. As que estão no Triângulo Mineiro também conseguem atender o Centro-Oeste do país e têma vantagem de estarem em cima do aquífero Guarani, com disponibilidade de água abundante”, diz. “Soma-se a isso otratamento fiscal para o setor, que é o melhor do Brasil. As cervejarias que não vieram ainda, com certeza, vão vir para oEstado”, completa.De acordo com ele, a expectativa é que Minas Gerais receba, nos próximos quatro anos, mais de R$ 100 bilhões eminvestimentos, principalmente de setores como mineração, automotivo, de fármacos e autopeças.

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